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Nacionalização de produto para monitoramento de grupos geradores: produto


plataforma para o setor elétrico

Conference Paper · August 2015

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S.L. Avila
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Nacionalização de produto para monitoramento
de grupos geradores: produto plataforma para o
setor elétrico
Fabrizio Leal Freitas1, Mauro Pacheco Ferreira1, Tiago Kaoru Matsuo1, Bruno de Borba1, João Eduar-
do Rosa da Fonseca1, Luciano Pedrassani Costa Neves1, Marcelo Buzzatti2 e Sérgio Luciano Ávila3.

 aplicação de sistemas de monitoração online, diagnóstico de


Resumo – Eventos como o apagão de 2001 e a crise energéti- falhas e prognóstico da vida útil[1].
ca iniciada em 2012 impulsionaram no setor o uso de grupos O mercado de monitoramento de grupos geradores (a die-
motor-gerador (GMG) como fonte de energia independente. sel, gás natural, dentre outros combustíveis) é pulverizado de
Entretanto, embora este parque continue crescendo, não exis-
soluções importadas com diversas limitações: algumas são
tem no mercado tecnologias 100% nacionais para a melhoria da
produtividade e confiabilidade na operação de grupos gerado- caras e compatíveis somente com GMGs de uma marca es-
res. O projeto SMGer-GMG preenche esta lacuna ao desenvol- pecífica. Outras têm custo mais acessível, mas configuram
ver uma solução com hardware e software inovadores para solução de simples telemetria – pouca memória e sem inteli-
monitoração remota de ativos de geração distribuídos. As ca- gência local – que não atendem as necessidades dos clientes
racterísticas técnicas e funcionalidades da solução alcançada de maneira completa e efetiva. Em outros casos existem
ampliaram a aplicabilidade do escopo original do projeto para
a monitoração de aproveitamentos baseados em energia eólica,
produtos que, embora pareçam nacionais, configuram uma
solar, biomassa, entre outras fontes renováveis utilizadas em integração ou adaptação de componentes importados e pro-
Geração Distribuída. A tecnologia alcançada implica em bene- jetados para outros fins, com domínio da tecnologia pulveri-
fícios para a otimização da gestão de ativos de geração, análises zado em múltiplas empresas (uma domina o hardware, outra
de desempenho de novas fontes energéticas, auditoria de con- o software e uma terceira a infraestrutura de datacenter, por
tratos e estudos de estabilidade do sistema elétrico descentrali- exemplo). Estes produtos compõem soluções ineficazes para
zado.
o monitoramento remoto de ativos de geração. O SMGer-
Palavras-chave – geração distribuída, gestão de ativos, gru- GMG desenvolvido neste projeto, por outro lado, é uma
pos geradores, monitoramento, nacionalização. solução nacional com incentivo fiscal (Lei nº 8.248/1991),
de custo efetivo, de domínio tecnológico centralizado e pro-
jetada especificamente para o monitoramento de grupos mo-
I. INTRODUÇÃO
tor-gerador. A ideia central do projeto foi miniaturizar a
A gestão de ativos lida com a maximização da disponibi- tecnologia já empregada pela AQTech para grandes usinas
lidade e vida útil de máquinas e equipamentos. No processo para atender às exigências de geradores de pequeno porte,
de geração de energia, a principal preocupação das equipes avançado o estado-da-arte sobre o monitoramento de ativos.
de manutenção são os geradores de energia elétrica, máqui- Em outro contexto, no setor elétrico foram observadas
nas rotativas que exigem altos investimentos. Para viabilizar tendências que catalisaram a motivação do projeto. Em pri-
a adoção de políticas de manutenção preditiva é primordial a meiro lugar, eventos como o apagão de 2001 e a crise ener-
gética iniciada em 2012 impulsionaram no setor o uso de
Este trabalho foi desenvolvido no âmbito do Programa de Pesquisa e grupos motor-gerador como fonte de energia independente
Desenvolvimento Tecnológico do Setor de Energia Elétrica regulado pela das concessionárias[2]. As estimativas indicam aproxima-
ANEEL e consta dos Anais do VIII Congresso de Inovação Tecnológica em
damente 200 mil grupos geradores no Brasil atualmente,
Energia Elétrica (VIII CITENEL), realizado na Costa do Sauípe/BA, no
período de 17 a 19 de agosto de 2015. Projeto PD-2934-0010/2012. Título: tornando o mercado atrativo em termos de volume quando
“Nacionalização de produto para monitoramento de grupos geradores”. comparado com o setor elétrico onde há poucos geradores
Entidades financiadoras: CDSA/CGTF, Entidade executora: AQTech En- de grande porte.
genharia e Instrumentação S.A., com investimento total de R$
2.719.900,00 para execução do projeto. A segunda tendência é o aumento da aplicação de ativos
1
Fabrizio Leal Freitas (fabrizio@aqtech.com.br), Mauro Pacheco Ferreira de geração baseados em energias renováveis (eólica, solar,
(mauro@aqtech.com.br), Tiago Kaoru Matsuo (tiago@aqtech.com.br), biomassa, entre outras) conectadas on-grid, ou seja, em Ge-
Bruno de Borba (bruno@aqtech.com.br), João Eduardo R. da Fonseca ração Distribuída (GD). Algumas características destes a-
(joao@aqtech.com.br) e Luciano P. Costa Neves (luciano@aqtech.com.br)
trabalham na AQTech Engenharia e Instrumentação S.A.
proveitamentos, tal como potência reduzida, descentraliza-
2
Marcelo Buzzatti (mbuzzatti.anima@endesabr.com.br) trabalha na
ção geográfica, demanda de alta disponibilidade e incipiên-
ENDESA Geração Brasil. cia da tecnologia empregada, demandam por soluções de
3
Sérgio Luciano Ávila (sergio.avila@ifsc.edu.br) trabalha no Instituto monitoramento remoto cujas funcionalidades são similares
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina. às de grupos geradores.
II. METODOLOGIA DA PESQUISA meta, iii)Identificação de aplicações piloto, iv)Esboço dos
O projeto foi executado e coordenado por representantes cenários de aplicação, v)Definição de serviços associados ao
das empresas ENDESA e AQTech e contou com atividades produto, vi)Elaboração de contratos p/ piloto, vii)Avaliação
de pesquisa cooperada com o Departamento Acadêmico de das implantações piloto e viii)Acompanhamento dos pilotos
Eletrotécnica do IFSC (Instituto Federal de Educação, Ciên- junto ao cliente.
cia e Tecnologia de Santa Catarina) e com o Departamento • Fase B – Projeto de hardware: fase de desenvolvi-
de Ciências Tecnológicas e Ciências Exatas da Unisul (Uni- mento técnico do hardware do produto, composta pelas eta-
versidade do Sul de Santa Catarina). Também envolveu par- pas: i)Análise de componentes p/ compra, ii)Aquisição de
ticipação de engenheiros e técnicos de empresas parceiras, equipamentos, iii)Validação de conjunto protótipo,
fornecedoras e clientes potenciais do produto que reuniram iv)Definição do processo produtivo, v)Validação de lote
esforços e conhecimento da área de geração para o desen- protótipo, vi)Aplicação piloto, vii)Validação do produto,
volvimento cooperado. viii)Prototipação virtual,ix) Projeto mecânico, x)Projeto
O acompanhamento foi feito através de reuniões realiza- elétrico, xi)Prototipação física e xii)Fabricação de conjunto
das ao longo de toda a execução do projeto, com a participa- protótipo.
ção de representantes das entidades envolvidas. Nas reuni- • Fase C – Projeto de software: Incluiu as atividades de
ões, quando pertinente, foram elaborados registros do estado desenvolvimento dos componentes de software necessários
atual do andamento do projeto, os desvios cronológicos, para o produto. Contemplou as etapas: i)Especificação de
financeiros e funcionais em relação ao planejamento, as a- software, ii)Definição arquitetural, iii)Implementação do
ções a serem encaminhadas e seus respectivos responsáveis, componente embarcado, iv)Implementação do componente
bem como as pendências de projeto ainda não resolvidas, WEB, v)Integração de software, vi)Ajustes e manutenção de
para elaboração dos relatórios de acompanhamento exigidos. software, vii)Documentação do projeto e viii)Documentação
Para dar suporte à gestão do projeto, a metodologia se- do produto.
guida baseou-se no modelo proposto pelo Project Manage-
ment Institute (PMI), A guide to the project management III. ARQUITETURA DA SOLUÇÃO
body of knowledge (PMBOK). O PMBOK relaciona nove
A arquitetura típica da solução (fig.1), baseada do know-
áreas de conhecimento utilizadas na pratica da gerência de
how da AQTech em monitoramento de UHEs e PCHs[4], é
projetos: Gerência de Integração; Gerência do Escopo; Ge-
composta por unidade de aquisição de dados com software
rência do Tempo; Gerência do Custo; Gerência da Qualida-
embarcado, modem celular/satélite e datacenter com softwa-
de; Gerência dos Recursos Humanos; Gerência das Comuni-
re de coleta, base de dados e servidor web.
cações; Gerência de Riscos; Gerência de Aquisição.
O desenvolvimento e integração de hardware seguiram
princípios do QRPD - Quality Rapid Product Development
(desenvolvimento rápido de produtos com qualidade). O
enfoque principal está no uso da prototipação como técnica
de antecipação de problemas e de refinamento das caracte-
rísticas construtivas e funcionais dos equipamentos.
No contexto mais abrangente de desenvolvimento de pro-
duto, a equipe de projeto tomou como base o modelo de
referência do Processo de Desenvolvimento de Produto
(PDP), proposto como um processo estratégico de negócio
empresarial. O PDP no projeto seguiu uma abordagem sim-
plificada para aplicação em empresas de menor porte, fo-
cando uma orientação a artefatos de projeto (foco em resul-
tados) e modelagem em Stage-Gates, sistemáticas que propi-
ciam uma melhor gestão de projetos de desenvolvimento[3].
A utilização do PDP resultou no planejamento em 30 eta-
pas, que foram agrupadas em três fases distintas executadas
simultaneamente, que são apresentadas a seguir:
• Fase A – Desenvolvimento de produto e mercado:
Englobou as atividades de alinhamento do projeto de inova-
ção com as necessidades dos clientes do produto e exigên- Figura 1. Arquitetura da solução de monitoramento SMGer-GMG
cias do mercado. Durante esta fase foi aplicada também a A unidade de aquisição de dados lê os sinais de sensores
metodologia Business Model Canvas, utilizada como ferra- do GMG através de entradas analógicas e digitais ou do CLP
menta de avaliação do portfólio de produtos e apoio à deci- (Controlador Lógico Programável) por meio de portas seri-
são em relação ao modelo de negócio inovador do produto ais (protocolo Modbus RTU). Estes dados são processados,
SMGer-GMG, focado em serviço ao invés de baseado na armazenados localmente e coletados pelo datacenter através
venda do hardware. As etapas inclusas nesta fase foram: de um protocolo de comunicação otimizado. Tipicamente o
i)Benchmarking de produtos, ii)Definição da especificação-
canal de comunicação utiliza um modem (celular ou satéli- Ainda na fase A do projeto, a partir do momento em que
te), mas também é possível utilizar uma rede com conexão à os protótipos foram instalados nos potenciais clientes, foram
internet. As informações coletadas são interpretadas, arma- executadas as etapas de Acompanhamento dos pilotos junto
zenadas em banco de dados e disponibilizadas através de um ao cliente, em que o monitoramento foi observado e avalia-
servidor web. Os usuários obtêm as informações utilizando do, e a Avaliação das implantações piloto, em que a quali-
um navegador (browser) web, que são disponibilizadas na dade e desempenho do protótipo foram analisados.
forma de mapa geográfico, SCADA web, gráficos de ten- A originalidade do projeto e os diferenciais de mercado
dências, eventos e indicadores. São disponibilizados também podem ser evidenciados pela criação de um produto nacional
registros de alta velocidade acessíveis localmente para o que atenda de forma eficaz as exigências do monitoramento
diagnóstico detalhado de falhas pela equipe de manutenção. de grupos geradores e suas particularidades, com o objetivo
de preencher as lacunas observadas no mercado ao estabele-
cer um produto nacional com qualidade “classe mundial”.
IV. DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO E MERCADO
Estas características, não atendidas em sua totalidade pelos
Na Fase A – Desenvolvimento de produto e mercado, o produtos existentes no início do projeto, são as seguintes:
projeto iniciou com o benchmarking de produtos, que con- • Processamento dedicado e de alto desempenho: as so-
sistiu na investigação e análise comparativa de produtos si- luções de monitoramento de grupos geradores devem ter
milares e/ou concorrentes disponíveis no mercado. Em se- processamento que permita a execução local de funções a-
guida foi definida a especificação-meta do produto, que en- vançadas (cálculo de indicadores, diagnóstico de falhas,
globou o levantamento da “voz do cliente” e a transforma- simulações enxutas e dedicadas) em depender do servidor
ção destas necessidades subjetivas em requisitos de enge- remoto;
nharia mensuráveis. A etapa Identificação de aplicações pi- • Armazenamento de longa duração: o sistema de moni-
loto foi realizada em paralelo, onde foram encontradas em- toramento deve guardar os dados por longos períodos, o que
presas potenciais para a implantação dos protótipos, conver- evita a perda de dados nos casos em que a comunicação fica
gindo nas etapas de Esboço dos cenários de aplicação (em indisponível por períodos de tempo estendidos;
que as implantações piloto foram planejadas formalmente • Velocidade de aquisição em kHz: o hardware do siste-
em termos técnicos), Elaboração de contratos p/ piloto (em ma de monitoramento deve permitir a aquisição de sinais em
que a minuta de contrato de comodato foi elaborada) e a taxas acima de 1000 amostras por segundo, o que permite a
Definição de serviços associados ao produto. oscilografia de tensões e correntes de saída do gerador (mais
A utilização da técnica Business Model Canvas nesta fase de 16 pontos por ciclo de 60 Hz) e o diagnóstico de falhas
foi primordial para a formalização do modelo de negócio mais exato;
inovador baseado em SaaS (Software as a Service – software • Sincronismo de tempo absoluto: O sistema de monito-
como serviço). Durante o desenvolvimento o Canvas do ramento deve ter uma referência de tempo absoluto robusta
projeto foi elaborado e revisado, mapeando os seguintes para evitar que o relógio do sistema atrase. Atrasos no reló-
aspectos relativos ao produto SMGer-GMG: segmentos de gio implicam em problemas de sincronismo que inviabilizam
clientes, proposições de valor, canais, relacionamento com o as funções vitais de monitoramento remoto;
cliente, fluxos de receita, recursos chave, atividades chave, • Comunicação remota flexível e redundante: grupos ge-
parcerias chave e estrutura de custo[3,7,8,9]. radores são aplicados a diferentes contextos (ponta, emer-
A definição do modelo de negócio baseado em SaaS para gência, etc.), o que implica que o equipamento deve ter fle-
o monitoramento de grupos motor-gerador foi inovador para xibilidade em relação ao canal de comunicação. É preciso
a AQTech, porque implicou em quebras de paradigmas em ser compatível com rede local ethernet, modem celular e via
relação ao modelo utilizado pela empresa, em geral baseado satélite, muitas vezes de forma redundante;
na venda de produtos. Modelos de negócio embasado na • Programabilidade em alto nível: O software embarcado
venda de produtos – em que o cliente compra o equipamento deverá permitir a programação e parametrização de funcio-
e sem gerar um compromisso posterior, recorrente, em ser- nalidades em modelo aceito em nível de engenharia, tal co-
viços – em geral sofrem de um limitador: receitas eventuais mo na forma de modelagem por diagramas de blocos. Deve-
que agem como um “teto” que impede a ampliação e cresci- se evitar a necessidade de conhecimento em linguagens de
mento da empresa, ou seja, falta a escalabilidade. Já mode- programação;
los de receita recorrente propiciam um “offset” constante nas • Robustez e facilidade de manutenção: O hardware de
receitas, suportando melhor a operação e potencializando o monitoramento deve ser robusto para evitar indisponibilida-
crescimento com os picos de receitas de produtos e grandes des, em conformidade com ensaios de tipo padronizado por
projetos. normas internacionais. Em caso de problemas, deve ser fácil
Desta forma, no contexto de serviço conforme preconiza- de consertar e substituir (possuir conectores de encaixe rápi-
do pelas regras ANEEL para a fase de Desenvolvimento do, por exemplo);
Experimental da cadeia de inovação, um dos resultados do • Expansibilidade: o sistema deve permitir a expansão
projeto SMGer-GMG é a própria definição de um modelo de fácil de canais para se adaptar a contextos de aplicação a-
negócio baseado em SaaS. Para a AQTech, o alcance deste vançados e/ou com redundância de monitoramento. Este
resultado foi um fator de ganhos expressivos de competitivi- requisito implica que o hardware deve permitir a sincroniza-
dade para perante seu mercado. ção da aquisição de dados (clock do conversor A/D) e a in-
tegração do monitoramento de forma modular; funcionam como sistemas de monitoramento remoto. Tipi-
• Implantação em rede corporativa: A infraestrutura de camente são modems ou acessórios opcionais que são de-
servidores em datacenter deve permitir tanto a operação em pendentes do CLP para funcionar;
Cloud como em Private Cloud, permitindo a implantação na 4. Solução do tipo “4-proprietária de fabricantes de grupo
rede corporativa do cliente; gerador”: Engloba os sistemas projetados por fabricantes de
• Ferramentas de TI corporativas e homologadas: Toda a grupos geradores. Tipicamente são difíceis de instalar, não
infraestrutura de servidores em datacenter deve ser montada são aplicáveis a outras marcas e tem preço alto.
com base em ferramentas de TI (Tecnologia de Informação) A tabela I compara o SMGer-GMG, o resultado deste pro-
corporativas e homologadas em aplicações do setor elétrico jeto, e as soluções existentes no mercado para o monitora-
e industrial; mento de grupos geradores. Dentre as soluções o SMGer-
• Know-how em monitoramento de geradores: A equipe GMG é a única que atende a todos os requisitos identifica-
técnica do fornecedor deve ter experiência e excelência em dos para este segmento de aplicação.
monitoramento de geração de energia elétrica, com compro- Tabela I. Comparativo entre as soluções de mercado e o SMGer-GMG
vada atuação no setor elétrico brasileiro, histórico de publi- Critério Solução do tipo... SMGer-
cação técnico-científica em eventos relevantes da área e de “1” “2” “3” “4” GMG
execução de projetos de pesquisa e desenvolvimento; Processamento dedi- Não Não Não Sim Sim
• Domínio tecnológico centralizado: As tecnologias utili- cado e de alto desem-
zadas nos componentes e camadas do sistema (firmware, penho
Armazenamento de Não Não Não Sim Sim
sistema operacional, software embarcado, protocolo de co-
longa duração
municação, infraestrutura de servidor em datacenter e plata- Velocidade de aquisi- Não Sim Não Sim Sim
forma web) devem estar sob o domínio de uma equipe cen- ção em kHz
tralizada, de modo a permitir a adaptação, evolução e audi- Sincronismo de tempo Não Não Não Não Sim
toria da solução em conjunto com os clientes; absoluto
• Tecnologia nacional: O sistema deve ser composto de Comunicação remota Não Sim Sim Sim Sim
tecnologias desenvolvidas em território nacional por uma flexível e redundante
Programabilidade em Não Não Sim Não Sim
equipe de projeto com pesquisadores brasileiros, de prefe-
alto nível
rência com o reconhecimento do Processo Produtivo Básico Robustez e facilidade Sim Sim Não Não Sim
(PPB) homologado por portaria interministerial do Ministé- de manutenção
rio da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCT); Expansibilidade Não Sim Não Não Sim
• Compatível com vários grupos geradores: O sistema Implantação em rede Não Não Não Não Sim
deve ser compatível com grupos geradores de várias marcas, corporativa
modelos, capacidades, tanto automatizados quanto não- Ferramentas de TI Não Não Não Não Sim
homologadas
automatizados;
Know-how em moni- Não Não Sim Sim Sim
• Tamanho reduzido: As dimensões do equipamento de- toramento de gerado-
vem ser reduzidas para possibilitar a instalação dentro da res
carenagem do grupo gerador, que tipicamente tem espaço Domínio tecnológico Não Não Sim Não Sim
limitado; centralizado
• Custo efetivo: o investimento no produto deve ser fac- Tecnologia nacional Não Não Não Não Sim
tível e sustentável para o monitoramento de ativos de gera- Compatível com vá- Sim Sim Não Não Sim
rios grupos geradores
ção de potência e preços reduzidos.
Tamanho reduzido Sim Sim Sim Não Sim
Conforme demonstrado, a originalidade do projeto se ba- Custo efetivo Sim Sim Sim Não Sim
seou no fato de que não existem soluções nacionais específi-
cas para monitoramento remoto de grupos geradores que
atendam a todos estes requisitos. As aplicações existentes no V. PROJETO DE HARDWARE
país são baseadas em produtos que não cumprem estas ne- O componente-chave da solução de monitoramento é o
cessidades de maneira completa e efetiva. Estes sistemas protótipo SMGer-GMG, uma unidade de aquisição de dados
concorrentes se encaixam em uma das classificações abaixo: autônoma, robusta e com flexibilidade de aplicação. O pro-
1. Solução do tipo “1-rastreador veicular”: São soluções jeto deste hardware foi pautado em uma extensa investiga-
projetadas para rastreamento de frotas (carros e caminhões) ção por produtos importados e similares existentes no mer-
e adaptadas para monitoramento de geradores. Tipicamente cado. Optou-se por desenvolver uma unidade com processa-
são soluções chinesas com hardware fraco e preço muito dor RISC 32 bits embarcado em lógica programável
baixo; (FPGA), 128MB de memória RAM, 16MB de memória Fla-
2. Solução do tipo “2-datalogger industrial genérico”: São sh, Micro SD Card até 32GB, 8 entradas analógicas, 4 en-
sistemas de telemetria projetados para aplicações industriais tradas digitais, 2 saídas digitais, 1 porta serial RS485, 2 por-
diversas e que são adaptados para o monitoramento de gru- tas seriais RS232, 1 porta LAN ethernet, watchdog, RTC
pos geradores; (Real Time Clock), 1 porta de sincronismo e 1 porta IRIG-
3. Solução do tipo “3-proprietária de fabricantes de CLP”: B.
São soluções que, integradas aos CLPs de grupos geradores, As principais etapas do projeto de hardware foram a pro-
totipação virtual, projeto elétrico, projeto mecânico e proto- Dentro do FPGA é embarcado um firmware em RTL (Re-
tipação real (física). al Time Logic). Este firmware controla todas as funções do
hardware em baixo nível e implementa o NIOS II da Altera,
A. Prototipação virtual
um processador RISC 32 bits em lógica programável (soft
A construção de um modelo virtual do SMGer-GMG em processor). Este processador, integrado com a memória
Solidworks (ferramenta CAD) foi uma das etapas iniciais do DDR3 e a memória Flash do hardware, compõe a plataforma
projeto (fig.2). O objetivo foi a avaliação de concepções e de execução para o sistema operacional uClinux (microC
antecipação de potenciais problemas construtivos e funcio- Linux). A lógica programável FPGA utilizada (diagrama de
nais que gerariam retrabalho caso a prototipação inicial fos- blocos do firmware RTL) é ilustrada na figura 4.
se física.

Figura 2. Protótipo virtual


Figura 4. Diagrama de blocos do firmware FPGA
B. Projeto elétrico
O projeto elétrico consistiu na elaboração da arquitetura
A partir do diagrama de blocos do hardware, foi realizada
de hardware (diagrama de blocos), esquemáticos de circuitos
a escolha de circuitos integrados, elaboração do esquemático
elétricos, definição e testes de componentes eletrônicos, la-
eletroeletrônico e do layout em Placa de Circuitos Impressos
yout de placa de circuito impresso, programação do firmwa-
(PCI) (fig.5).
re FPGA, testes dos circuitos em protótipo.
A arquitetura do hardware SMGer-GMG tem como ele-
mento central um FPGA (Field-Programmable Gate Array).
FPGAs são componentes de lógica programável que se dife-
renciam de circuitos integrados convencionais por possuírem
programabilidade em nível de hardware, o que permite a
evolução gradativa do produto sem a necessidade de “voltar
para a prancheta”. Além da flexibilidade de evolução, carac-
terísticas como longevidade da tecnologia e potencial de
novas funcionalidades (como paralelismo e encriptação)
respaldaram a escolha da lógica programável para o projeto.
O FPGA utilizado, modelo Cyclone V da Altera, controla Figura 5. Layout da placa de circuito impresso
todos os componentes do hardware como o RTC, RS-232,
RS-485, LAN, entradas analógicas (Conversor A/D), entra- Na fase de projeto elétrico, existem dois pontos importan-
das digitais, saídas digitais, LEDs, Sync (sincronismo), en- tes a ressaltar. O primeiro foi o estreito acoplamento entre o
trada IRIG-B, Watchdog, cartão micro SD e memória desenvolvimento do hardware e o levantamento de necessi-
DDR3, conforme diagrama da figura 3. dades dos usuários, o que permitiu a incorporação de carac-
terísticas do produto que agregam valor ao cliente. O segun-
do foi a parceria com a empresa Macnica DHW (distribuido-
ra de semicondutores e design house). A interação entre a
Macnica DHW – proficiente em desenvolvimento de hard-
ware – e a equipe do projeto da AQTech – especializada no
projeto de sistemas de monitoramento de geradores – permi-
tiu a integração das melhores práticas de ambos os campos
de conhecimento que se traduziu em funcionalidades inova-
doras para o produto SMGer-GMG. Essa sinergia resultou
em ganhos para os envolvidos e resultou no fortalecimento
para a indústria nacional.
Figura 3. Diagrama de blocos do hardware
C. Projeto Mecânico O software embarcado agrega características inteligentes
Nesta etapa a solução virtual prototipada foi detalhada em de aquisição de dados integradas ao cálculo por diagramas
termos de dimensões físicas, materiais utilizados e aspectos de blocos. As principais inovações incorporadas no projeto
ergonômicos e estéticos do produto. Para acondicionamento foram a otimização de código para execução em uma plata-
da PCI foi projetado um gabinete em alumínio com pintura forma de hardware enxuta e a implementação de um proto-
eletrostática, com dimensões 105x135x35mm. colo otimizado de comunicação compatível com restrições
de banda e instabilidades de conexão.
D. Prototipação física No contexto da plataforma de processamento, a equipe de
Com o projeto de hardware concretizado, a etapa subse- projeto de software teve que lidar com limitação de capaci-
quente foi a prototipação física da solução. A fabricação em dade de sistemas embarcados enxutos – no projeto inicial-
baixa escala de 40 unidades do protótipo (fig.6) serviu para mente ARM e, posteriormente, NIOS II em FPGA da Altera.
a verificação de funcionalidades e testes de validação em Os requisitos destas tecnologias, restritivos quando compa-
laboratório e em campo (aplicações piloto). rados com a plataforma de processadores x86 e x64 utiliza-
das até então pela AQTech, demandaram investigações e
aprendizado pela equipe de projeto. O desafio foi concreti-
zar o software embarcado em um ponto ótimo considerando
o trade-off entre leveza para ser executado em plataforma de
hardware embarcada e robustez para as funções críticas em
desempenho, sem perder as características inteligentes de
cálculo por diagramas de blocos [5].
Em termos de protocolo de comunicação, as restrições de
banda de comunicação de modems celular e via satélite exi-
giram que o protocolo de comunicação do software embar-
cado com o datacenter fosse extremamente otimizado, o que
demandou um esforço grande de desenvolvimento de soft-
Figura 6. Protótipo físico funcional
ware. Além da limitação de banda, estes canais de comuni-
cação também apresentam muita instabilidade, o que exige
VI. PROJETO DE SOFTWARE verificações adicionais de entrega de pacotes. O protocolo
No desenvolvimento dos componentes de software desta- que foi desenvolvido no software embarcado do SMGer-
cam-se os seguintes itens como principais: i) software em- GMG visa minimizar ao máximo a quantidade de dados tra-
barcado otimizado, que comanda as funções do hardware e fegados, sem perder funcionalidades avançadas do sistema,
implementa um protocolo de comunicação com o datacenter, tal como o sincronismo de tempo absoluto. O novo protoco-
ii) sistema web para acesso remoto das informações de mo- lo de comunicação foi implementado na camada de aplica-
nitoramento dos geradores. ção, designada a sétima camada do modelo OSI normatizado
pela ISO/IEC 7498.
A. Software embarcado otimizado para aquisição de dados Estas funcionalidades são inovadoras para a AQTech, já
e monitoramento de grupos motor-gerador que na monitoração de grandes usinas, mercado original da
A plataforma de hardware prototipada serve como base empresa, as plataformas de processamento não são tão restri-
para a execução do software embarcado da AQTech. Este tas em desempenho e os gargalos de comunicação não são
software, programado em linguagem C++ em ambiente Mi- tão estreitos como na monitoração remota de grupos gerado-
crosoft Visual Studio, é executado sobre o sistema operacio- res.
nal MicroC Linux e controla as funções de forma integrada
ao firmware FPGA. A figura 8 mostra o diagrama de classes
B. Software web para monitoramento de grupos motor-
do software embarcado.
gerador
O sistema web, nomeado “SMGer-GMG WEB”, foi pro-
gramado com as linguagens C# e JavaScript em ambiente
Microsoft Visual Studio e é executado no datacenter, com
base em servidor Web IIS 8 da Microsoft e utilizando os
frameworks ASP.NET MVC 5 e Bootstrap 3 para HTML,
CSS e Interfaceamento JSON (JavaScript Object Notation).
Para armazenamento das informações no datacenter foi es-
truturado um ambiente baseado na ferramenta comercial
SQL Server 2012 R2 da Microsoft.
A plataforma de software web (fig.8) agrega funcionali-
dades de monitoramento remoto para grupos geradores que
são acessíveis através de navegadores padrão, como Chrome
(Google), Firefox (Mozilla) e Internet Explorer (Microsoft).
Figura 7. Diagrama de classes do software embarcado
das mais baixas como firmware e software embarcado até o
layout e aplicação web. Em compensação, tais características
trazem como benefício os diferencia do produto no mercado.

VII. TESTES E VALIDAÇÃO EM LABORATÓRIO

A. Testes funcionais
A verificação das funcionalidades do protótipo SMGer-
GMG desenvolvido do projeto de P&D foi inicialmente exe-
cutada nas instalações laboratoriais da AQTech (fig. 11), de
modo a validar o cumprimento dos requisitos, características
e funções especificados no escopo do projeto. Os escopos de
testes realizados foram os seguintes: Alimentação; Proces-
samento; Comunicação ethernet; Comunicação serial
Figura 8. Tela do sistema WEB
RS485; Comunicação serial RS232 simples (RX/TX); Ar-
mazenamento; Entradas analógicas; Entradas digitais; Sin-
As funcionalidades inclusas no software em ambiente web
cronismo por IRIG; Sincronismo com SYNC; Sincronismo
desenvolvido são: localização georeferenciada, lista de ge-
por NTP; Comunicação serial RS 232 completa (com con-
radores organizada hierarquicamente, display do gráfico
trole de fluxo); Sinalização com LEDs; Análise visual.
inicial de monitoramento, Interface de sistema supervisório
(fig.9), visualização dos gráficos de monitoramento com
mecanismo de busca/pesquisa (fig.10), função de análise
com cruzamento de sinais, exportação de gráficos para rela-
tórios, lista de eventos com mecanismo de busca/pesquisa,
tabela de tendências com mecanismo de busca/pesquisa,
dados estáticos das aplicações.

Figura 11. Ambiente de testes funcionais do protótipo

B. Ensaios em laboratórios externos


A verificação de funcionalidade incluiu também a execu-
ção de ensaios normatizados, que foram realizados em labo-
ratórios acreditados pelo INMETRO. O objetivo destes en-
saios foi reproduzir condições ambientais adversas que po-
dem ocorrer em campo e observar a robustez do protótipo
SMGer-GMG. Os ensaios de tipo realizados foram:
Figura 9. Tela de supervisório do sistema WEB • Ensaios de compatibilidade eletromagnética no
MAGLAB da UFSC em Florianópolis, SC:
o Imunidade a RF Conduzida (IEC 61000-4-6);
o Imunidade a RF Radiada (IEC 61000-4-3);
o Imunidade a Campos Magnéticos na Frequência da
Rede (IEC 61000-4-8);
o Imunidade a Interrupções e Variações de Tensão
(DIPS) (IEC 61000-4-11);
o Imunidade a Transientes Elétricos Rápidos
(EFT/BURST) (IEC 61000-4-4);
o Imunidade a Surtos (SURGE) (IEC 61000-4-5);
o Imunidade a Descarga Eletrostática (ESD) (IEC
61000-4-2).
• Ensaios de calor no LACTEC em Curitiba, SC:
o Calor seco a 85ºC (IEC 60068-2-2);
Figura 10. Gráfico do sistema WEB
o Calor úmido a 55ºC (IEC 60068-2-30);
• Ensaios de vibração (IEC 60068-2-6) no LACTEC em
Nesta etapa os principais desafios foram a necessidade de Curitiba, SC (fig. 12):
aprendizado e domínio de múltiplas tecnologias para concre- • Ensaios de choque mecânico (IEC 60068-2-7) no IPT em
tização da plataforma integrada de software, desde as cama- São Paulo, SP.
ódica por parte do cliente puderam ser cobrados fora da ga-
rantia. Para os integradores, o acesso aos gráficos das variá-
veis (fig. 14) nas ocorrências de falha e o sequenciamento de
eventos permitiram a identificação da causa-raiz e o aciona-
mento dos responsáveis (fabricante do componente ou clien-
te).

Figura 12. Setup dos ensaios de vibração

VIII. TESTES E VALIDAÇÃO EM CAMPO (APLICAÇÕES PILOTO)


Para validação prática do produto, o projeto previu a im-
plantação de dez aplicações piloto em geradores instalados e
operando em campo em condições reais. Foram realizadas
implantações piloto em grupos geradores como originalmen- Figura 14. Gráficos de monitoramento remoto do grupo gerador
te planejado, alem de aproveitar esta fase para explorar ou-
tras aplicações que não haviam sido planejadas, tais como: Para os locadores de grupos geradores, o sistema de loca-
geradores eólicos, geradores solares, medição hidrológica e lização geográfica (fig. 15) permitiu o conhecimento em
finalmente, em usinas hidroelétricas (UHE e PCHs). Estas tempo real da posição GPS do ativo. Esta característica e
aplicações representaram desafios adicionais ao projeto, demais funcionalidades do sistema permitiram a auditoria do
entretanto resultaram em uma significativa ampliação do contrato de locação em termos de tempo e calendário de
escopo do produto final. operação, quantidade de energia gerada, cumprimento das
manutenções periódicas e localização do GMG, reduzindo
A. Aplicação piloto em grupos geradores
custos e contribuindo para a extensão da vida útil do ativo
A etapa de validação em campo englobou a monitoração em locação.
de GMG a diesel de diversas capacidades instalados em fa-
bricantes, integradores, locadores e clientes finais (fig. 13).
As unidades de aquisição de dados foram instaladas em
campo, permitindo a validação de todos os componentes de
hardware e software de forma integrada, além de viabilizar
os benefícios do produto SMGer-GMG para usuários e cli-
entes finais.

Figura 15. Tela de geolocalização e monitoramento do sistema WEB

Um dos aspectos relevantes da aplicação piloto foi obser-


var que, muitas vezes, a monitoração do SMGer-GMG foi
mais precisa e detalhada do que os dados do próprio contro-
lador do GMG. Em um dos casos, por exemplo, foi possível
identificar acréscimos no horímetro na casa de minutos, en-
quanto o controlador só adiciona ao seu contador horas in-
teiras. O monitoramento com o SMGer-GMG, então, possi-
bilitou uma análise detalhada que seria impossível utilizando
Figura 13. Ambiente de testes funcionais do protótipo somente os dados do CLP do grupo gerador, agregando
maior confiabilidade na gestão do ativo.
Para os fabricantes de GMG, o sistema de monitoramento
resultante do P&D permitiu a verificação prévia de proble- B. Aplicação piloto em geradores eólicos
mas e a redução de custos durante o período de garantia e A aplicação do resultado do projeto na Endesa Geração
nos contratos de manutenção terceirizada. Problemas recor- foi alcançado com a implantação do SMGer-GMG para o
rentes, tal como a falta de combustível, puderam ser verifi- monitoramento de geração eólicos em Búzios, RJ. O objeto
cados antecipadamente, evitando o deslocamento de técnicos de monitoração da aplicação piloto foi uma planta com três
até o local sem necessidade, reduzindo custos de manuten- geradores eólicos de fabricação Enersud, cada um com ca-
ção. Falhas e efeitos causados por falta de manutenção peri- pacidade de 1,5 kW (fig. 16), conectados on-grid na rede de
distribuição de energia da AMPLA (concessionária do grupo Esta aplicação piloto caracterizou uma ampliação do es-
Endesa)[6]. copo original do projeto, contribuindo para o aprendizado da
equipe em relação à geração eólica distribuída. Os desafios
decorrentes desta experiência foram a adaptação do condi-
cionamento de sinais, integração de sensores, acondiciona-
mento de componentes em quadro de pequeno porte e refi-
namento da solução de comunicação remota, cálculo de in-
dicadores no software embarcado e de funcionalidades do
sistema web.
C. Aplicação piloto em geradores solares
A expansão da aplicabilidade do SMGer-GMG para mo-
nitoramento de geração distribuída foi estendida através da
Figura 16. Geradores eólicos monitorados aplicação piloto em geradores solares instalados no IFSC[6]
Os objetivos desta aplicação piloto foram o levantamento em Florianópolis, SC e na UNISUL em Palhoça, SC (fig.
da curva de velocidade do vento versus potência gerada e a 18).
análise da velocidade do vento versus velocidade da pá da
turbina. Para isso as variáveis monitoradas foram a tensão da
rede BT (baixa tensão), as correntes dos geradores, a veloci-
dade do vento no local, a potência entregue na rede pelos
geradores, as velocidade das pás dos geradores e o Tip-
Speed Ratio dos geradores. As potências dos geradores fo-
ram calculadas a partir das tensões e correntes medidas em
canais analógicos após condicionamento de sinais. A veloci-
dade do vento no local foi medida a partir do sinal pulsante
de um anemômetro. As variáveis Tip-Speed Ratio foram Figura 18. Geradores solares monitorados
calculadas pelo quociente entre as velocidades das pás (sinal Nestas aplicações piloto o SMGer-GMG monitorou sinais
originado de sensores óticos instalados nos geradores) e a de tensão e corrente dos painéis solares, tensão e corrente
velocidade do vento. Todos os cálculos são realizados em das baterias, tensão e corrente de saída do inversor, tensão
tempo real pelo SMGer-GMG, transferidos via conexão da rede da concessionária e temperatura ambiente. As
GPRS para o datacenter AQTech e disponibilizados remo- leituras destes dados foram armazenadas localmente nos
tamente pelo sistema WEB. protótipos, transferidas remotamente para o banco de dados
O monitoramento em caráter piloto possibilitou a avalia- no datacenter e disponibilizadas em sistema web para a
ção da solução de geração eólica empregada no local e de- análise das informações por parte dos usuários.
senvolvida em outro P&D ANEEL entre Enersud e AMPLA. A monitoração piloto permitiu a análise remota das
Por exemplo, a partir dos dados monitorados foi possível variáveis envolvidas no processo de geração solar através de
traçar as curvas de velocidade do vento versus velocidade da gráficos de tendências, o que tornou possível, por exemplo,
pá da turbina e velocidade do vento versus potência (fig. determinar o pico máximo de potência gerada pelos painéis
17). solares em comparação com a sua capacidade nominal
agrupada, analisar o rendimento do inversor e verificar a
“saúde” do banco de baterias
D. Aplicação piloto em medição hidrológica
A aplicabilidade no setor elétrico ainda foi comprovada
com a implantação do protótipo SMGer-GMG em caráter
piloto para o monitoramento hidrológico, com o objetivo de
atender às medições previstas na resolução conjunta nº 3 da
ANA (Agência Nacional de Águas) e ANEEL de
03/10/2010.
A aplicação piloto em questão foi realizada na empresa
Vetorlog, parceira da AQTech, em Curitiba/PR e consistiu
na instalação do protótipo de forma integrada com uma esta-
Figura 17. Geradores eólicos monitorados ção hidrométrica (fig. 19). O monitoramento englobou a
A monitoração permitiu, além da gestão dos ativos, avali- tensão e corrente de alimentação do protótipo e sinais de
ar a energia entre pelos geradores à rede de BT. O acesso dois sensores: um sensor de nível e um pluviômetro.
aos dados de tensão, corrente, frequência e potência ativa e
reativa e é de importância para estudos de estabilidade do
sistema elétrico.
Figura 19. Estação hidrométrica

Esta aplicação piloto possibilitou a avaliação da tecnolo-


gia para o monitoramento de ativos que não são diretamente
de geração, mas que compõem funções indiretas que são
extremamente relevantes para a função geração (neste caso,
hidroelétrica). Esta característica da tecnologia implica em
flexibilidade que agrega diferenciais competitivos, permitin-
do o seu uso como uma plataforma adaptável de monitora-
mento, expandido o mercado potencial do SMGer-GMG.
E. Aplicação piloto em UHE e PCHs
As características inovadoras alcançadas pelo produto Figura 20. Protótipos SMGer-GMG instalados em UHE e PCHs
SMGer-GMG ainda permitiram a expansão de sua aplicação O aspecto construtivo dos painéis de monitoramento de
piloto para o monitoramento em 1 UHE e 3 PCHs, em for- vibrações com o SMGer-GMG se destaca como uma abor-
necimento de painéis para monitoramento de vibrações pela dagem inovadora que representa uma alternativa de solução
AQTech. extremamente competitiva em preço e com grande flexibili-
O escopo da aplicação envolve a medição de sinais de dade para expansão da solução em outros modelos de moni-
proxímetros axiais e radiais instalados nos mancais das uni- toramento, tanto de vibrações quanto de outras grandezas
dades geradoras, abrangendo a supervisão e alarme de faixas envolvidas e relevantes no processo de geração de energia.
de níveis de vibração conforme as normas ISO 10816-5 e A implantação do resultado do projeto de P&D em UHE e
ISO 7919-5 (tabela II), registros temporais de deslocamento, PCHs representa a expansão da aplicabilidade inicialmente
velocidade e aceleração, decomposição espectral (FFT) e definida no escopo original do projeto, ampliando também
traçado de orbitais, além de registros históricos de tendên- os benefícios dentro do setor elétrico brasileiro.
cias e de sequenciais de eventos em supervisório SCADA Os desafios enfrentados nesta aplicação são decorrentes
integrado. Tais componentes de software, além de nacionais da aplicação em usinas hidroelétricas, ambiente com altos
e de atendimento avançado das necessidades de monitora- graus de exigência em termos de robustez, qualidade e con-
mento de vibrações, representaram uma redução de custos fiabilidade. Entre os aspectos considerados a isolação elétri-
expressiva na solução. ca, expansão de canais com sincronismo de conversão ana-
Tabela II. Níveis de monitoração conforme ISO 10816-5 e ISO 7919-5 lógica-digital entre módulos, manutenibilidade da solução,
taxa de aquisição de dados e integração de registros de si-
nais.
Para a AQTech, em termos de negócio, o uso do SMGer-
GMG como interface de aquisição de dados, um dos com-
ponentes de seus sistemas de monitoramento para UHEs e
PCHs, agrega diferenciais competitivos em temos de funcio-
No total são monitoradas nove unidades geradoras hidroe-
nalidade e redução de custos, chegando em alguns casos a
létricas: 3 geradores de eixo vertical em UHE, 2 geradores
1/6 do custo dos componentes. Este cenário implica na subs-
de eixo vertical e 4 geradores de eixo horizontal em PCHs.
tituição de componentes importados e contribui para o cres-
As aplicações do SMGer-GMG nestas usinas estão ilustra-
cimento e competitividade da AQTech e, consequentemente,
das na figura 22.
fortalece a indústria brasileira.

IX. RESULTADOS

A. Produtos principais
O projeto é classificado na fase de desenvolvimento expe-
rimental da cadeia de inovação. Os resultados alcançados
incluem protótipo de equipamento, software, serviço e im-  Artigo técnico-científico intitulado “Otimização de soft-
plantação de projeto piloto: ware multiplataforma e crítico em desempenho para mo-
 Protótipo de hardware para monitoramento de grupos nitoração de geradores” submetido ao Congresso Rio
motor-gerador; Automação 2015 em 27/11/2014;
 Software embarcado otimizado para aquisição de dados e  Artigo intitulado “Desenvolvimento tecnológico em gera-
monitoramento de grupos motor-gerador; ção distribuída: gerenciamento e monitoração de uma
 Software web para monitoramento de grupos motor- microgeração solar” submetido à revista E-Tech FIESC,
gerador; em 25/11/2014.
 Serviços de monitoramento de grupos motor-gerador (Sa- Capacitação tecnológica - Apoio à infraestrutura:
aS – Software as a Service); Disponibilização de materiais permanentes e equipamen-
 Implantação de 10 projetos pilotos de monitoramento de tos em laboratórios do Instituto Federal de Educação, Ciên-
geradores. cia e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC) e da Universida-
de do Sul de Santa Catarina (UNISUL).
B. Produtos secundários ou adicionais A relevância socioambiental do projeto está embasada nos
Capacitação profissional: seguintes impactos decorrentes da aplicação do protótipo
 Trabalho de Conclusão de Charlise Martins da Silva, inti- SMGer-GMG no mercado:
tulado “A geração distribuída e o uso de grupos gerado-  Possibilidade de impactos ambientais positivos (água, ar
res” no Curso de Graduação em Engenharia Elétrica - ou solo):
Telemática da Unisul, para obtenção do título de Enge- o Melhorar a operação de grupos geradores:
nheiro Eletricista;  Ganhos de eficiência energética;
 Trabalho de Conclusão de Wellington Renan Holler, inti-  Potencial redução dos níveis de emissão de ga-
tulado “Proposta de melhoria no Processo de Desenvol- ses pelo motor a combustão;
vimento de Produtos de uma pequena empresa de base  Reduzir o consumo de óleo evitando trocas des-
tecnológica” no curso de Engenharia de Produção Elétri- necessárias;
ca da UFSC; o A monitoração de grupos geradores possibilita a au-
 Trabalho de Conclusão de Eric Marques Fortunato, intitu- ditoria de emissões de carbono.
lado “Validação de eletrônica para monitoramento de ge-  Possibilidade de diversificação da matriz energética:
rador” no Curso Superior Tecnólogo em Sistemas Ele- o Abertura de oportunidades de aplicação e P&D em
trônicos do IFSC; visita à CERPALO (Cooperativa de Eletricidade de
 Dissertação de mestrado de Rafael Zamprogna, intitulada Paulo Lopes):
“Desenvolvimento de inteligência preditiva para diag-  Estudos de perdas em ramais de distribuição de
nóstico embarcado através da monitoração permanente 5 a 10 km;
de GMGs” no Programa de Pós Graduação em Mecatrô-  Monitoramento de religadores;
nica do IFSC;  Monitoramento e pesquisa de fontes de mini e
 Dissertação de mestrado de Tiago Kaoru Matsuo, intitula- microgeração (painel solar, gerador eólico,
da “Método de análise de vibrações em máquinas rotati- dente outros) on grid nos clientes CERPALO.
vas no processo de geração de energia elétrica, validado  Implantação de modelo de monitoramento no
em banca de testes e simulações de defeitos e falhas me- COD – Centro de Operação da Distribuição.
cânicas” no Programa de Pós Graduação em Mecatrônica o Disponibilização de dados de monitoramento de ge-
do IFSC. ração distribuída possibilita o estudo de viabilidade
Capacitação tecnológica - Produção técnico-científica: econômica de fontes renováveis;
 Artigo intitulado “Monitoramento da Geração Distribuída:  Possibilidade de desenvolvimento de nova atividade so-
Um P&D focado no mercado” no III Energy Show, Flo- cioeconômica:
rianópolis, SC, em 24/04/2013; o Desenvolvimento de serviços de monitoramento de
 Artigo técnico-científico intitulado “Monitoração remota grupos geradores, abrindo oportunidades de traba-
de ativos: experiências de aplicações piloto em geradores lho para novos operadores, técnicos de campo e
de energia”, apresentando no VI ENAM – Encontro Na- empresas terceiras.
cional de Máquinas Rotativas em Taubaté, SP, em  Possibilidade de impactos na segurança ou na qualidade
05/08/2014; de vida da comunidade:
 Artigo técnico-científico intitulado “Processo de Desen- o Maior controle do uso de grupos motor-gerador em
volvimento de Produto: aplicação em um projeto de situações de geração de ponta, geração de emergên-
P&D dentro do programa ANEEL”, apresentado no cia, usinas (agrupamentos de GMGs) e geração iso-
XXIV Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e lada;
Incubadoras de Empresas em Belém, PA, em o A monitoração de geração contribui para a redução
24/09/2014; da indisponibilidade da energia elétrica para a co-
 Artigo intitulado “Macnica DHW e AQTech desenvolvem munidade.
hardware nacional para monitoramento de grupos gera-  Possibilidade de criar renda para os clientes e auxiliar na
dores” e publicado pela Macnica DHW em 12/11/2014; diminuição da pobreza:
o A monitoração dos grupos geradores evita o aplicações piloto, agradecemos aos representantes das insti-
roubo de combustível e minimiza o uso inadequado tuições de ensino IFSC (Instituto Federal de Educação, Ci-
(fora de cláusulas de contrato). ência e Tecnologia de Santa Catarina) e Unisul (Universida-
A transferência e difusão tecnológica do projeto ocorre- de do Sul de Santa Catarina); das empresas Macnica DHW,
ram através dos seguintes eventos de divulgação científica: Reason Tecnologia, Motormac Distribuidora, Ampla Ener-
1. Palestra “Inovação na empresa – da ideia ao produto” gia e Serviços, Enersud, Stemac Grupos Geradores, condo-
inserida no evento “Aula Magna do curso de Engenharia mínio Max&Flora Center, Corrêa Materiais Elétricos, Vetor-
Elétrica” e realizada em 19/03/2013 na UNISUL Pedra log, Neoenergia; e do CCOMGEX (Centro de Comunicação
Branca; e Guerra Eletrônica do Exército).
2. Workshop “Monitoramento de Geradores & Geração
Distribuída”, realizado em 26/09/2013 na UFSC;
XII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
3. Workshop “Energias renováveis para a sustentabilida-
de: Qual o papel da geração distribuída?”, realizado em [1] F.L. Freitas, M.P. Ferreira et al., “Monitoração permanente de gerado-
02/10/2013 na UNISUL Pedra Branca; res: Abordagem para o diagnóstico preditivo” apresentado no Semi-
4. Workshop “Energias renováveis para a sustentabilida- nário do Estado da Arte em Sistema de Monitoramento Aplicados a
Maquinas Rotativas, Brasília, DF, 2008.
de: Qual o papel da geração distribuída?”, realizado em
[2] M.S. Crestani. “Dificuldades e oportunidades da crise”. Revista Ele-
12/11/2013 no IFSC Florianópolis; tricidade Moderna, São Paulo, ano 43, n.490, p.6, já. 2015.
5. Workshop de apresentação do SMGer-GMG realizado [3] F.L. Freitas, M.P. Ferreira et al, “Processo de Desenvolvimento de
em 26/06/2014 no IFSC Florianópolis; Produto: aplicação em um projeto de P&D dentro do programa
ANEEL” apresentado no XXIV Seminário Nacional de Parques Tec-
6. Palestra “Engenharia Elétrica: Um mundo de oportuni- nológicos e Incubadoras de Empresas em Belém, PA, 2014.
dades como ferramenta de inovação!” inserida no evento [4] M.P. Ferreira, F.L. Freitas et al., “Monitoramento da função geração:
“Aula Magna do curso de Engenharia Elétrica” e realizada Aplicação de modernas técnicas e instrumentos em PCHs e UHEs”
apresentado na VII Conferência de Centrais Hidrelétricas, CERPCH,
em 13/08/2014 na UNISUL Tubarão; São Paulo, SP, 2011.
7. Palestra “Desenvolvimento Tecnológico em Geração [5] B. Borba, F.L. Freitas, M.P. Ferreira, T.K. Matsuo. “Otimização de
Distribuída: Gerenciamento e Monitoração de uma Microge- software multiplataforma e crítico em desempenho para monitoração
de geradores”. Congresso Rio Automação. 2015;
ração Solar” apresentada em 15/10/2014 na Semana Nacio- [6] F.L. Freitas, M.P. Ferreira, T.K. Matsuo, “Monitoração remota de
nal de Ciência e Tecnologia (SNCT); ativos: experiências de aplicações piloto em geradores de energia”,
8. Pôster “Inovação tecnológica em geração distribuída: apresentado no VI ENAM – Encontro Nacional de Máquinas Rotati-
inteligência no monitoramento e controle de uma instalação vas, Taubaté, SP, 2014.
[7] M. Cusumano. “Cloud Computing and SaaS as New Computing
elétrica com alimentação por painéis solares e pela Platforms. Technology Strategy and Management”. Comunications of
CELESC” apresentado em 04/09/14 no 4º SEPEI em Gas- the ACM, Abril de 2010. Vol. 53, número 4.
par, SC; [8] A. Ely. “5 Steps To Secure SaaS. Information” Week. 7 de março de
2011.
9. Participação no 4º Encontro de Pesquisa e Desenvol- [9] Osterwalder, A; Pigneur, Y; Smith, A. Business Model Generation: A
vimento e Eficiência Energética da ENDESA BRASIL em Handbook for Visionaries, Game Changers, and Challengers. John
18/11/2014 com stand para divulgação do projeto e protóti- Wiley & Sons, New Jersey. 2010.
po SMGer-GMG em Búzios, RJ.

X. CONCLUSÕES
Os resultados do projeto concretizaram uma solução to-
talmente nacional, com domínio tecnológico completo e
baixo custo, concretizando a independência de tecnologia
estrangeira para o monitoramento de geradores. O SMGer-
GMG se estabelece como um produto plataforma para o
setor elétrico brasileiro, com aplicabilidade em grupos mo-
tor-gerador, geradores eólicos, solares e hidroelétricas de
qualquer porte.
As informações a respeito do gerador fornecidas pelo
SMGer-GMG possibilitam a programação de intervenção de
manutenção, auditoria de contratos (de entrega de energia,
de O&M terceirizada ou mesmo de locação do GMG), análi-
ses de desempenho de soluções inovadoras de geração e
estudos de estabilidade do sistema elétrico em sistemas on-
grid.

XI. AGRADECIMENTOS
Pelas contribuições para o desenvolvimento do projeto e

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