Você está na página 1de 224

No momento em que a cabeça do Dragã o de Fogo foi colocada sobre os portõ es

da Capital Imperial, já se tinham passado vá rios meses desde o terremoto e enquanto


isso, o medo no coraçã o de todos havia desaparecido lentamente.

O Dragã o de Fogo era uma força que nã o podia ser vencida pela humanidade, e
pessoas de todo o mundo o consideravam um desastre natural, muito parecido com
um terremoto. Portanto, tudo o que as pessoas podiam fazer apó s a tragédia que o
Dragã o de Fogo trazia era suspirar e murmurar: “Que infortú nio”. Eles sentiam que
foi enviado pelos deuses para atormentar a humanidade, muito parecido com
inundaçõ es e granizo. Essa atitude de aceitaçã o impotente estava profundamente
enraizada no coraçã o das pessoas.

Claro, as pessoas tentavam se proteger contra tais desastres. Assim como as


medidas poderiam ser tomadas para proteger contra inundaçõ es, muitos heró is que
tentaram matar o Dragã o apareceram. A palavra-chave foi “tentar”. Até agora,
ninguém tinha conseguido.

Esses heró is podem ter sido fracos, mas nã o faltou coragem e motivaçã o. A ú nica
coisa que eles fizeram de errado foi que eles perderam. Nã o seria exagero dizer que
eles nunca poderiam ter vencido.

E por causa disso-

Havia duas opiniõ es principais quando se tratava dos rumores dos Homens de Verde
perseguindo o Dragã o de Fogo. Alguns estavam cheios de expectativa esperançosa,
enquanto outros eram duvidosos, e uma tensã o crescente enchia o ar entre os dois
campos. Esses rumores estavam se espalhando nos países aliados ao Império, sem
falar no pró prio Império.

E assim, hoje, o símbolo de terror e desespero - a cabeça do Dragã o de Fogo -


agora adornava o portã o principal da Capital Imperial, para que todos nas ruas
pudessem ver.

Ser capaz de expulsar um Flame Dragon já era impressionante o suficiente.


Agora que a prova da morte do Dragã o estava diante de seus olhos, teve um impacto
P a g e 6 | 220
poderoso em todos que a viram. A reaçã o deles pode ser descrita como
“impressionado” ou mesmo “estupefato”, embora uma descriçã o mais objetiva possa
ser que “eles olharam com os olhos arregalados e a boca aberta”.

Normalmente, quando um exército inimigo era derrotado, um castelo era


conquistado ou quando um inimigo odiado era morto, o coraçã o das pessoas se
enchia de uma alegria feroz e elas gritavam de emoçã o. No entanto, o ser chamado de
Flame Dragon era tã o poderoso que parecia irreal que alguém pudesse realmente
matá -lo. Agora que eles viram a cabeça do Dragã o, separada de seu cadá ver, tudo o
que eles sentiram sobre isso foi confusã o.

De qualquer forma, a falta de açã o animada ou torcida pode ser devido ao choque
que tomou conta de todos. Dito isso, isso nã o significava que eles estavam
impassíveis. Sua reaçã o pode ser descrita como um “calor latente”. Por exemplo, um
incêndio florestal queimou forte e feroz, mas se deixado sozinho, iria se extinguir
rapidamente. Em contraste, os sentimentos das pessoas eram como o magma
fervente fluiria por toda parte sem ser exposto à luz do dia. Se alguém lançasse um
objeto inflamá vel dentro dele, um grande incêndio se acenderia em um instante.

As altas muralhas da cidade cercavam a Capital Imperial. A face sul das paredes
era onde ficava o portã o principal da Capital Imperial, na forma de um par de portas
duplas bem ajustadas.

O portã o sul estava entupido por aquelas pessoas que vieram ver o que estava
acontecendo. Cada local à vista estava cheio de gente, seja nas ruas ou nas janelas dos
prédios pró ximos, e algumas pessoas até subiram nos telhados para ver a cabeça do
Dragã o de Chamas.

Em todos os lugares, podia-se ver as pessoas se movendo para frente e para trá s,
a ponto de esfregar os ombros umas nas outras e pisar nos pés de seus vizinhos
enquanto se moviam. Felizmente, nã o houve perturbaçã o ou pâ nico em larga escala.
Ao olharem para a cabeça do dragã o, eles congelaram e observaram com a boca
aberta, mal ousando piscar enquanto deixavam esse fato incrível passar por eles.
Pouco depois disso, as pessoas começaram a sussurrar umas com as outras.

“Quem poderia ter feito algo incrível assim?”

“Havia um pô ster ou alguém disse alguma coisa?”

P a g e 7 | 220
Afinal, nã o havia meios de comunicaçã o de massa que pudessem informar
rapidamente as pessoas sobre os fatos. Quando as pessoas desejavam mostrar ou
declarar algo para as massas, elas tinham que colocar uma placa ou cartaz com a
mensagem desejada. Caso contrá rio, as pessoas nã o saberiam o que aconteceu ou
quem fez isso. Por exemplo, algum charlatã o pode pular e declarar “Eu fiz isso!” pois
as pessoas estavam ocupadas discutindo o assunto.

No entanto, nã o houve anú ncios ou um projeto de lei publicado. Tudo o que o


pú blico podia fazer era olhar para a vasta cabeça do Dragã o de Fogo.

Quem fez isso e que tipo de batalha massiva essa pessoa lutou para obter uma
conquista como essa? Ninguém respondeu à s dú vidas e perguntas da multidã o. Este
magnífico troféu diante deles era uma testemunha silenciosa da vitó ria monumental
que havia sido conquistada.

Aquele silêncio era mais convincente do que qualquer quantidade de palavras.

Os humanos eram uma raça que criava suas pró prias teorias, explicaçõ es e
conclusõ es, e depois procurava que as pessoas concordassem com suas descobertas.
Assim sendo, a especulaçã o começou imediatamente.

Algumas pessoas disseram: “Acho que apenas os Homens de Verde poderiam


fazer isso. O que você acha?"

No momento em que o Imperador anunciou a morte do Dragã o de Fogo, essa


notícia já estava circulando nas ruas. Um pouco antes, o imperador considerou que
isso poderia ser uma questã o de segurança nacional. A fim de fazer um julgamento
sobre esta questã o o mais rá pido possível, esta notícia correu pela cadeia de
relató rios para o Imperador. No entanto, esse método resultou na ampla circulaçã o
de rumores.

Quase todo mundo que ouviu a notícia se perguntou se seus ouvidos estavam
funcionando. Depois disso, vá rios nobres governantes enviaram emissá rios ou até
mesmo foram pessoalmente até o imperador para verificar a verdade com ele. A
cabeça do dragã o apareceu no portã o sul pela manhã e quando a autoridade má xima
do Império, o imperador Molt Sol Augustus divulgou um comunicado oficial, já era
noite.

O imperador Molt simplesmente disse: “É mesmo?” depois de ouvir o relató rio

P a g e 8 | 220
do conde Marx, o ministro-chefe de seu gabinete. Depois disso, ele deu uma ordem -
despachar tropas para dispersar a multidã o e trazer a cabeça dos portõ es da cidade
para o Palá cio Imperial.

“Sua, sua Majestade, você sabia sobre isso de antemã o?”

O conde Marx ficou surpreso com a reaçã o calma do imperador a esta notícia, daí
sua pergunta.

“Parece que os caná rios do palá cio estã o começando a ficar inquietos. Diante
disso, reuni minha determinaçã o. Nã o serei perturbado, nã o importa a situaçã o.”

A derrota das Legiõ es Imperiais, o terremoto repentino, o colapso do prédio do


Senado, todos esses eventos assustadores ocorreram recentemente, um apó s o outro.
Talvez tenha sido por causa desses eventos e da promessa de outros futuros como
esse que o imperador disse ter “resolvido”. Ainda assim, sua atitude em relaçã o à s
má s notícias foi bastante surpreendente. Portanto, o conde Marx ficou
profundamente perturbado ao se apresentar diante do imperador.

“Compreendo…”

“Mm. A notícia da morte do Flame Dragon perturbou algumas pessoas. Mas isso
nã o é em si uma coisa ruim. Ser capaz de eliminar uma entidade desastrosa como
essa é motivo de comemoraçã o.”

“Mas parece que a situaçã o nã o é tã o simples quanto você diz…”

“Eu entendo. A morte do Dragã o de Fogo é um feito que nunca foi realizado antes
e pode nunca mais ser. É uma façanha compará vel a um ú nico soldado derrotando um
exército ou tomando um castelo. Se o matador de dragõ es relatar seu nome, eles
receberã o muitos elogios e compensaçõ es, independentemente de sua origem ou
espécie. Mas essa pessoa ainda nã o se apresentou, o que nã o consigo entender. Faria
sentido se essa pessoa fosse humilde, mas entã o por que uma pessoa humilde
colocaria a cabeça da criatura em exibiçã o? É uma contradiçã o que nã o consigo
resolver.”

"De fato. Os motivos dessa pessoa sã o desconhecidos. Ainda assim, deve haver
alguma maneira de entendermos suas açõ es…

“Mas talvez eu esteja pensando demais e tentando ver algo onde nã o há nada. Se
P a g e 9 | 220
essa pessoa pretendia apenas informar o povo sobre a morte do Dragã o de Chamas...
Conde Marx, eu o encarrego de investigar quem foi a pessoa que pendurou a cabeça
do Dragã o no portã o. Se pudermos descobrir quem fez isso, mesmo que as intençõ es
dessa pessoa sejam difíceis de entender, ainda poderemos obter uma pista sobre
eles…”

O conde Marx curvou-se com um “entendido” antes de partir, com a intençã o de


investigar o mais rá pido possível. No entanto, o Imperador o chamou antes que ele
pudesse sair, e ele se voltou para o Imperador mais uma vez.

“Posso servi-lo de alguma forma?”

“Chame Piñ a para mim.”

“Piñ a-dono, você quer dizer? Pelo que sei, ela está entretendo os embaixadores
de Nihon... devo convocá -la imediatamente?”

Embora uma convocaçã o do governante mais exaltado do Império devesse ser


obedecida imediatamente, a pessoa convocada estava cumprindo um importante
dever do estado. Entã o, ela deve ser convocada ou nã o? O conde Marx estava
esperando por essa resposta.

E entã o o imperador mudou de ideia e acenou com a mã o enquanto continuava


falando.

“Ah, isso mesmo. Esta noite celebramos o regresso dos nossos conterrâ neos. Eu
deveria ter participado daquele evento, mas esqueci.”

“Sua Majestade, posso saber que assunto requer Piñ a-dono? Se a necessidade for
grande, eu poderia…”

“Deixa para lá . Vou vê-la novamente na celebraçã o esta noite. Podemos


conversar entã o.”

“Se for do agrado de Vossa Majestade, você poderia me esclarecer sobre suas
intençõ es?”

“Mhm. Na verdade, eu pretendia perguntar a ela sobre um relató rio sobre os


Homens de Verde. O relató rio afirmou que os Homens de Verde expulsaram o Dragã o

P a g e 10 | 220
de Chamas de uma aldeia. A princípio, pensei que fosse uma piada, mas, vendo as
coisas como estã o, sinto que vale a pena uma investigaçã o mais aprofundada.”

“Pela aparência das coisas, será que essas pessoas exterminaram o Dragã o de
Fogo…?”

O conde Marx parecia profundamente perturbado ao dizer isso.

“Mhm. Quem sã o esses homens de verde? De que país eles vêm? Devemos
investigar este assunto minuciosamente. Entã o, vou confiar essa tarefa a você.”

O conde Marx baixou a cabeça respeitosamente enquanto respondia:


“Entendido” em um tom adequadamente deferente. Entã o, ele murmurou as palavras
“Homens de Verde”, como se quisesse esculpi-las em seu coraçã o.

*******

Neste momento, estava para começar o almoço de boas-vindas aos embaixadores


japoneses no palá cio sul da Capital Imperial.

Foi organizado pela princesa Piñ a Co Lada. Estariam presentes vá rios ministros,
senadores importantes, figuras militares, patrícios, bem como seus cô njuges e filhas
acompanhantes.

De acordo com as prá ticas do Império, se um embaixador estrangeiro estivesse


presente, eles seriam formalmente recebidos, independentemente de suas naçõ es
estarem em guerra umas com as outras. Caso contrá rio, as conversaçõ es e
negociaçõ es subsequentes nã o seriam oficialmente reconhecidas. Por ser esta a parte
mais importante do processo, o Imperador dirigia palavras de boas-vindas aos
embaixadores visitantes, o que era, na verdade, uma garantia formal de proteçã o e
livre circulaçã o deles durante sua passagem pelo Império. Depois disso, o contingente
estrangeiro poderia começar a se misturar com os diplomatas imperiais.

E entã o, os japoneses optaram por recusar educadamente esse convite.

A razã o era porque ambos os lados já haviam lutado entre si, e o espectro do
Incidente de Ginza pairava atrá s de ambos os lados. Além disso, a devoluçã o dos
reféns ainda nã o foi concluída e o governo japonês sentiu que tratar uns aos outros
como amigos no momento atual nã o seria apropriado.
P a g e 11 | 220
Assim, a princesa Piñ a encontrou uma soluçã o que satisfez ambas as partes —
organizou um almoço em seu pró prio nome. Apó s o almoço, os convidados de ambos
os lados se deslocavam para o salã o adjacente, onde seria realizada uma festa de
boas-vindas aos presos libertados. Dessa forma, os japoneses teriam um motivo para
estar ali, para o retorno dos presos. Depois disso, o imperador aparecia pessoalmente
para receber os convidados japoneses.

Pode parecer surpreendente que a disposiçã o das pessoas em participar de um


evento pudesse mudar dependendo de como ele era chamado. Esse tipo de
pensamento pode ser considerado ridículo e sem sentido, de uma certa perspectiva.

Era por causa dessa inutilidade que os adultos precisavam de desculpas como
“exibiçã o” e “presença” para comparecer a essas ocasiõ es. No entanto, o fato de as
pessoas pensarem nessas ocasiõ es como risíveis e sem sentido era um sinal de
prosperidade. Somente uma sociedade desenvolvida e madura pode se dar ao luxo de
pensar nos eventos dessa maneira. Mesmo sem resmas de regras e regulamentos, as
pessoas podiam respeitar os limites uns dos outros e viver enquanto se entendiam.
Afinal, em uma sociedade subdesenvolvida, as pessoas zombariam desses valores,
talvez até os ignorassem completamente, e a vida nessa sociedade seria um caos.

Por exemplo, seria como um aluno na escola sendo intimidado e desprezado por
seus colegas. Pode-se imaginar o resultado final disso.

Fenô menos como esses existiam na comunidade internacional. Para viver em


paz, era preciso algo de que se orgulhar e que os outros pudessem respeitar.
Portanto, mesmo as coisas inú teis descritas acima impediriam que as sementes de
conflitos futuros fossem semeadas. Isso é diplomacia. Ao contrá rio das relaçõ es
interpessoais, nã o havia espaço para erros na diplomacia internacional.

Isso também se estendeu à s negociaçõ es de paz. Embora os objetivos de ambos


os lados fossem conciliar diferenças de opiniã o e esclarecer contradiçõ es, uma vez
que as conversas envolveriam reputaçõ es, tradiçõ es e costumes de ambos os lados,
entre outras coisas, isso tornava o processo dessas conversas muito complicado e
problemá tico.

No entanto, o trabalho de um diplomata era lidar com esses problemas e chegar


a um entendimento comum com pessoas que eram problemá ticas, mas que tinham
algo pelo qual valer a pena negociar. Para garantir que ambos os lados cheguem a um
entendimento comum, mesmo aquelas coisas inú teis mencionadas acima podem se
P a g e 12 | 220
tornar parte de um esquema.

Com isso em mente, a composiçã o do partido diplomá tico do Japã o tornou-se


ó bvia.

Por exemplo, devia haver cerca de 20 políticos entre o pessoal indo para a
Capital Imperial, bem como vá rios oficiais militares de grau coronel, bem como uma
certa vereadora chamada Shirayuri Reiko, que era representante do Japã o. Seu cargo
foi alterado de “Auxiliar do Primeiro Ministro” para “Vice-Ministra para
Contramedidas de Problemas de Regiã o Especial”.

Isso foi feito para lidar com a arrogâ ncia do Império. Essa arrogâ ncia foi melhor
expressa como “Como nenhuma outra naçã o é igual a nó s, um senador do Império é
automaticamente superior a um senador de qualquer outro país”. O fato de ela estar
presente foi uma forma de contra-ataque empregada contra os diplomatas imperiais,
que costumavam ser arrogantes e condescendentes com seus colegas estrangeiros.

O Império nã o tinha mulheres ministras. Quando uma emissá ria feminina


chegava ao Império, presumia-se que ela deveria ser algum tipo de realeza. De acordo
com a etiqueta da corte, alguém como ela estaria abaixo do Imperador e da Casa
Imperial, mas ela estaria acima de políticos e oficiais seniores. Desta vez, a delegaçã o
japonesa escolheu pessoal em desafio à s prá ticas usuais do Império. Em resposta, o
Império decidiu diminuir a qualidade de sua recepçã o - em termos de etiqueta,
vestimenta e assim por diante - dos japoneses em um grau abaixo do nível mais alto
possível. Em outras palavras, a acolhida do contingente japonês seria um pouco mais
pobre do que o padrã o mais alto do Império, a fim de preservar uma espécie de
igualdade.

Os preparativos para tudo isso podem ser atribuídos ao funcioná rio do


Ministério das Relaçõ es Exteriores, Sugawara Kouji. Atualmente, ele estava
apresentando as figuras-chave a vice-ministra Shirayuri, como se estivesse exibindo
os frutos de seus trabalhos diplomá ticos.

– Este é Lorde Cícero, membro do Senado.

“Prazer em conhecê-la, Vice Ministra-dono. Eu nã o esperava que o representante


de Nihon fosse uma mulher. Posso perguntar se há muitas mulheres ministras em sua
terra?”

P a g e 13 | 220
“Nã o, nã o sã o muitas. Mesmo no meu país, os políticos geralmente sã o homens.”

“Assim, ser capaz de manter sua posiçã o deve implicar em uma habilidade
formidá vel de sua parte.”

“Você me lisonjeia. Na verdade, eu estava um pouco preocupado em assumir esta


posiçã o.”

As palavras dela fizeram Cícero pensar na derrota anterior, e ele sorriu


amargamente.

“Parece que fomos completamente enganados. Eu estava pensando a mesma


coisa quando me encontrei com Sugawara-dono, mas parece que as pessoas de sua
naçã o sã o excessivamente humildes. Por favor, seja misericordiosa conosco na mesa
de negociaçõ es”.

Depois de terem trocado as amabilidades bá sicas mínimas, Cícero bateu em


retirada apressada. Com isso, a ofensiva diplomá tica imperial foi concluída.

De acordo com os protocolos japoneses, a vice-ministra Shirayuri Reiko usava


um vestido de noite que nã o era chique, mas também nã o era simples. De acordo com
as tradiçõ es imperiais, ela descansava em um grande sofá . “É estranho, este lugar.” ela
disse a Sugawara em um tom que poderia ser interpretado como uma reclamaçã o.

Sugawara explicou: “Nã o temos escolha a nã o ser usar a capital do inimigo como
local para negociaçõ es. Considere a velocidade de suas comunicaçõ es. Normalmente,
teríamos começado as negociaçõ es em um país neutro, mas dado que o Império usa
mensageiros a cavalo para passar mensagens, praticamente qualquer perturbaçã o
poderia ser usada por eles para atrasar o envio de um mensageiro e ganhar tempo…”

Shirayuri respondeu: “Nã o é isso que quero dizer.” embora essas ú ltimas
palavras parecessem um tanto ambíguas. Entã o ela olhou para as damas patrícias
pró ximas. A maneira como elas se vestiam como japoneses era bastante
surpreendente.

Por exemplo, a camada superior da sociedade européia foi influenciada por


filmes e programas de televisã o recentemente. Uma vez que uma cultura atingiu seu
auge e floresceu, todos os tipos de tendências estranhas e maravilhosas podem surgir.
Por exemplo, as pessoas podem usar chapéus grandes que fazem os outros
perguntarem “Nã o é pesado?”, amarrados com fitas que fazem as pessoas quererem
perguntar “Para que servem?” bem como penteados que eram vá rias vezes maiores
que a cabeça de alguém. E entã o havia designs que eram reveladores de forma nã o
natural, que mostravam as curvas do corpo, e havia até roupas que lembravam
pá ssaros tropicais…
P a g e 14 | 220
O filho davice-ministra Shirayuri frequentemente assistia anime, e essas pessoas
se pareciam com os personagens desses programas.

“Ouvi dizer que a vestimenta formal dos homens no Império era a toga romana,
entã o presumi que as roupas femininas também seriam no estilo romano ou grego...”

Na verdade, apenas a anfitriã , a princesa Piñ a, atendeu à s suas expectativas, o


que a confundiu ainda mais. Normalmente, nã o deveria haver mudanças tã o
repentinas na moda. No má ximo, deveria haver apenas pequenas variaçõ es dos
estilos bá sicos. Mas, considerando os dois estilos notavelmente diferentes diante dela,
ela estava bastante curiosa para saber o que havia causado isso.

Felizmente para Sugawara, Shirayuri estava apenas expressando suas dú vidas e


nã o pedindo uma investigaçã o adequada.

As mudanças na moda imperial foram resultados do contato com outras culturas


e, de certa forma, Sugawara foi um pouco responsá vel por isso. Dito isto, explicar a
verdadeira natureza do “Cosplay” para as damas do Império seria difícil até mesmo
para alguém como Sugawara.

******

“Sugawara-sama? As mulheres podem se tornar ministras em seu país?”

A festa de boas-vindas organizada por Piñ a foi concluída com sucesso e logo em
seguida, o pró ximo evento estava prestes a começar. No contexto japonês, seria como
uma festa depois de um casamento.

Ao contrá rio da festa de boas-vindas anterior, o ambiente do pró ximo evento foi
muito mais descontraído. As pessoas conversavam e desfrutavam de boa comida e
bebida, e sons de alegria e risadas ecoavam no ar. Como esperado, todos estavam
exaustos apó s o almoço festivo para os embaixadores do inimigo.

Em contraste com isso, o objetivo desta segunda festa era comemorar o retorno
de 15 patrícios, que haviam sido dados como mortos. Os membros da família
reunidos se perderam na folia, e era natural que a atmosfera fosse de jú bilo.

Por causa disso, o contingente japonês parecia um tanto deslocado. Os delegados se


reuniram em um canto da sala, provando a comida disposta nas mesas pró ximas e
trocando comentá rios sobre as principais figuras do Império enquanto aguardavam a
chegada do Imperador.
P a g e 15 | 220
Nesse momento, uma voz gritou em saudaçã o a Sugawara.

Sugawara estava ocupado com traduçõ es e apresentaçõ es desde o início da festa


anterior, e estava aproveitando seu tempo livre agora para recuperar o fô lego. Porém,
logo em seguida, ele se assustou com aquela voz, e teve certeza de que o dono dela
nã o deveria estar ali.

Sua cabeça começou a doer quando ele lentamente se virou para olhar a fonte da
voz. De pé sozinha estava a herdeira da Casa Tuery, Sherry-san.

Esta jovem tinha acabado de comemorar seu 12º aniversá rio há alguns dias. Ela
era alegre e aventureira, e seus grandes olhos redondos a faziam parecer adorá vel.
Esta garota inclinou a cabeça e sorriu maliciosamente para Sugawara obviamente
assustado.

No passado, Sugawara havia dado a Sherry um colar de pequenas pérolas. Aquele


colar agora adornava seu pescoço. Além disso, ela usava um vestido que cobria todo o
corpo e a fazia parecer uma flor. A maneira como ela tentava se embelezar e parecer
adulta era bastante divertida.

“Sherry-sama, nã o esta noite.”

Sugawara se virou ao dizer isso. Como membro da delegaçã o japonesa, ele usava
um smoking. Nesse momento, alguém puxou sua manga.

“Por favor, nã o seja tã o frio. Eu sei que você nã o está interessado em uma jovem
como eu, Sugawara-sama. No entanto, daqui a quatro anos, serei uma mulher de
pleno direito. Até lá , vou trabalhar duro para me tornar uma mulher que se encaixe
em você, Sugawarasama. Entã o, por favor, seja gentil comigo. Trate-o como um
investimento futuro. Entã o, a seguir... por que você nã o me apresenta à quela ministra
do seu país?”

Os olhos de Sherry brilharam em seu rosto sorridente. Ela estava confiante de


que nã o seria recusada.

Só entã o, Sugawara começou a se sentir tonto.

Mesmo que ela tivesse vindo ousadamente e falado intimamente com ele. Sugawara
nã o podia tratar essa garota com frieza, porque ela era uma conexã o valiosa com o
P a g e 16 | 220
Marquês Casel. A princípio, ele pensou que seu papel fosse o de uma babá , mas
um mal-entendido ocorreu em algum lugar e mudou algo no coraçã o dessa menina.
Como Sugawara nã o era bom em cuidar de crianças, ele decidiu aprender com o
professor Higgins em “My Fair Lady”, dando-lhe orientaçõ es sobre como falar e agir,
além de ensiná -la japonês. Talvez tenha sido isso que causou o problema.

Dito isso, para Sugawara, garotas de sua idade mudavam de ideia em um piscar
de olhos. A princípio, ele pensou que os pais de Sherry nã o levariam a sério esse tipo
de coisa, entã o ele pensou em manter uma distâ ncia respeitosa para esfriar as coisas
entre eles, o que poderia resolver o problema. No entanto, a família Tuery superou
suas expectativas. Quando Sherry revelou seus sentimentos, o Marquês Casel, que era
seu zelador, imediatamente nomeou Sugawara como candidato a seu futuro sobrinho
e começou a levá -lo a sério.

A razã o para isso era simples – consideraçõ es políticas.

No momento, a Casa Tuery nã o possuía terras ricas, nem contava com oficiais
capazes ou soldados promissores entre sua família. Para melhorar suas
circunstâ ncias atuais, eles teriam que melhorar seus laços com Nihon e fazer sua
presença ser sentida na arena diplomá tica.

O surpreendente é que essa ideia nã o foi ideia dos adultos da casa. Foi Sherry
quem listou os pró s e contras do plano por conta pró pria, a fim de convencer seu pai
a apoiar seu amor puro.

Além disso, Sugawara tinha quase 30 anos. Como diplomata de elite, valia a pena
observar seu futuro. Desde que começou a trabalhar no Ministério das Relaçõ es
Exteriores, seu objetivo sempre foi chegar aos mais altos escalõ es daquele ministério.
No entanto, a ideia ridícula de se tornar um novo genro da Casa Tuery, e que sua
futura esposa seria uma filha de 12 anos de idade de uma naçã o mais de mil anos
atrá s do Japã o, nã o era apenas inédita, mas seguraria ativamente sua carreira. Além
disso, poderia ser considerado crime, e Sugawara nã o tinha interesse em garotinhas.
Portanto, ele se recusou a ter qualquer coisa a ver com essa bagunça.

Do ponto de vista de Sugawara, teria sido muito melhor discutir os planos de


casamento com a herdeira de uma empresa de primeira classe. Claro, a aparência e os
antecedentes familiares nã o eram os ú nicos critérios. Qualquer pessoa cujo histó rico
familiar pudesse exercer grande influência no campo diplomá tico também seria
desejá vel. Por exemplo, alguém que tinha ligaçõ es com as grandes potências

P a g e 17 | 220
econô micas da Europa Ocidental e assim por diante.

De qualquer forma, Sugawara estava usando a desculpa do trabalho para evitar


Sherry, mas nã o esperava encontrá -la aqui. A casa Tuery deve ter sido algo e tanto
para trazer uma menina de 12 anos para este evento.

“Nã o, quem eu nã o deveria subestimar é essa jovem...”

Sugawara suspirou quando sentiu uma tontura tomar conta dele. Ao mesmo
tempo, ele sentiu como se estivesse sendo amarrado por alguma coisa.

Sherry aproximou-se dele e disse com uma voz que parecia um ataque de raiva:
“Nã o tenho visto você muito recentemente, tenho me sentido muito sozinha...”

“Tenho estado ocupado recentemente. Afinal, meu trabalho é minha prioridade.


Espero que você entenda.”

“Nossa, estou tã o feliz! Sempre pensei que você tratava nossas reuniõ es como
trabalho. Mas mal sabia eu que você começou a tomá -los como reuniõ es pessoais.
Estou tã o feliz em ouvir isso ~”

“Nã o, nã o, nã o é isso que eu quero dizer…”

Sugawara tentou impedir que Sherry o abraçasse, mas a garota diante dele nã o
seria impedida.

“Fico tã o feliz toda vez que vejo você. Mas isso deve ser chato para você, nã o é,
Sugawaras-sama?”

Quando Sherry disse isso, ela agarrou a mã o de Sugawara e a pressionou contra


seu peito em desenvolvimento. Agora que ela o tinha em suas mã os assim, nã o havia
escapató ria.

“Ou isso significa que você já está cansado de mim? Okaa-sama me disse que nã o
importa que tipo de sentimentos eu tivesse por um homem, eu nã o deveria cruzar a
linha final. Se nã o, ele me trataria com frieza. Sugawara-sama tem sido tã o frio
comigo, deve ser por isso, certo?”

“Nã o é desse jeito! Sherry-san, por favor, nã o diga coisas em pú blico que possam

P a g e 18 | 220
prejudicar a reputaçã o das pessoas!”

Sugawara levantou sua mã o solta e acenou freneticamente para indicar “nã o”.

“Ah, isso é maravilhoso. Posso dizer pelas suas palavras que você sabe qual é a
lendá ria linha final, Sugawara-sama. Mas o que isso significa? Okaa-sama já me
ensinou sobre isso antes, mas parece que perdi a chance de perguntar a ela sobre e
agora nã o sei nada sobre isso. Você poderia me dizer, por favor?”

Vou me certificar de ensiná -la corretamente! Sugawara gritou... em seu coraçã o,


é claro.

“Isto é apropriado? Coisas como essa nã o devem ser mencionadas na frente de


muitos ouvidos. A verdade é que os boatos sã o como o vento. Nã o se pode ver o vento,
e as pessoas tendem a inventar coisas em suas mentes para preencher o que nã o
podem ver. Agora, se pessoas grosseiras inventassem coisas em suas pró prias
cabeças e as espalhassem, isso levaria a um resultado terrível. No final, a senhora em
questã o ficará pior por isso. Por favor, entenda que estou dizendo isso porque estou
pensando em você.”

“Sim. Eu sei muito bem que você pensa em mim, Sugawara-sama.”

Sherry pareceu absorver aquela liçã o com educaçã o e sinceridade. E entã o ela
disse: “Vamos nos encontrar em particular depois e conversar, entã o. Prometa-me!”

De repente, outra onda de tontura atingiu Sugawara. Ele agarrou a cabeça e


gemeu, incapaz de rejeitar o convite de Sherry.

“Agora, por vá rias razõ es, devo saudar a vice-ministra que meu futuro marido
serve. Sugawara-sama, por favor, me apresente.”

“Quais sã o essas ‘vá rias razõ es’? Nã o vou concordar se você nã o puder explicá -
los para mim.”

Sugawara ainda estava tentando desesperadamente evitar o assunto de se tornar


genro.

“Nã o diga isso. Afinal, nã o custa nada me apresentar, certo?”

“Mas por onde devo começar?”

“De qualquer forma, por favor, olhe para lá .”


P a g e 19 | 220
Como Sherry disse, ela indicou a delegaçã o japonesa com o vice-ministro
Shirayuri.

“Como você pode ver, o povo do Império está apenas agrupado e observando os
movimentos por aqui. Isso nã o tornaria essa chance de se misturar sem sentido?
Portanto, vou dar o exemplo e depois os outros seguirã o”, disse ela.

No momento presente, os nobres reunidos cercavam os prisioneiros libertados.


Eles nã o tinham planos nem de falar com os japoneses, muito menos de entendê-los.
Um observador teria a impressã o de que nenhum dos lados tinha qualquer intençã o
de falar um com o outro. Afinal, como naçõ es em guerra, as pessoas de ambos os
lados podem muito bem ter perdido pessoas para os exércitos do outro. Do ponto de
vista dos imperiais, isso era natural. Sugawara e os outros entenderam isso, entã o
eles também sentiram que nã o havia razã o para nenhum deles tentar muito alcançar
o outro lado.

“Bem, isso nã o é um grande problema. Os delegados já falaram com pessoas


importantes do Império, nã o é?”

A festa de boas-vindas de Piñ a foi organizada justamente para isso. Depois, tudo
o que eles teriam que fazer era esperar que o imperador aparecesse, trocar gentilezas
e entã o as formalidades bá sicas das negociaçõ es de paz estariam concluídas.

E entã o, Sherry balançou o dedo indicador enquanto fazia “ch, ch, ch”.

“Como você é ingênuo, Sugawara-sama. Para nó s, o povo do Império, Nihon é


uma incó gnita. Mesmo uma garota como eu sabe que seu país tem uma cultura
notá vel e um poder militar assustador. No entanto, quanto eles sabem sobre o povo
de Nihon? Eu sei muito bem que você é um homem gentil apesar de seu exterior frio,
Sugawara-sama. Claro, isso se limita apenas ao relacionamento especial que tenho
com você. Eu nã o sei sobre o resto de seus companheiros. Além disso, a líder dos
delegados japoneses é uma mulher e de acordo com os rumores que ouvi, há motivos
para acreditar que as mulheres de Nihon sã o incrivelmente cruéis e poderosas.
Acredito que todos têm medo de abordá -la sob os efeitos desse equívoco, temendo
que qualquer coisa que façam possa levar a uma surra brutal com os punhos ou os
pés.”

Sugawara relembrou o corpo a corpo brutal na frente do imperador e a militar


que espancou o príncipe herdeiro quase até a morte com as pró prias mã os. Ele estava
P a g e 20 | 220
lá na época e lembrava-se vividamente do incidente.

“Parece que os eventos da noite do terremoto se espalharam como fogo. O povo


do Império ainda está preocupado com quanto tempo essa paz vai durar, mesmo que
seja alcançada. Você já considerou isso?”

Os humanos eram criaturas que procuravam exorcizar seu medo pela força das
armas — “Eles sã o assustadores, entã o devo derrotá -los”. Esse impulso causava uma
reaçã o em cadeia que pode levar à semeadura de conflitos futuros, como guerras civis
e afins.

O governo do Japã o estendeu um ramo de oliveira ao Império para evitar esse


tipo de coisa.

“Sendo as coisas como estã o, seus esforços nã o devem ser desperdiçados. Você
precisa trabalhar mais para alcançar um entendimento comum conosco.” essa garota
sugeriu. “Sendo assim, eu, Sherry, darei um bom exemplo. Dessa forma, nossos países
darã o um passo em direçã o ao entendimento mú tuo e isso será uma grande ajuda
para o trabalho de Sugawara-sama aqui.”

Sherry piscou ao terminar, como se perguntasse a Sugawara: “Que tal isso?”


Nesse ponto, até mesmo Sugawara teve que levar sua proposta a sério – suas palavras
definitivamente eram dignas de consideraçã o.

“Ela realmente tem apenas 12 anos?”

Em Arnus, havia uma garota que aparentava ter a mesma idade que ela, mas que
na verdade tinha mais de 900 anos. “Será que a Sherry-san é alguém assim?”
Sugawara pensou por um momento. As palavras “altiva” ou "cheia de si" nã o faziam
justiça a essa garota. Na verdade, ela era difícil de entender.

Com esses pensamentos em mente, Sugawara nã o pô de deixar de perguntar:


“Sherry-san, você foi atropelada por um caminhã o em uma vida anterior e
reencarnou com memó rias de sua vida passada?”

Depois de ouvir Sugawara, Sherry sorriu adoravelmente e disse: “Nã o tenho


ideia do que você está falando. Você está dizendo coisas estranhas, Sugawara-sama.”

Nesse ponto, Sugawara percebeu que havia sido inconscientemente afetado por Itami.
A tagarelice constante do homem deixou sua marca nele, e ele amaldiçoou sua
P a g e 21 | 220
pró pria falta de foco.

Dito isto, essa garota chamada Sherry era sá bia além de sua idade. E, na verdade,
seu otimismo e visã o eram difíceis para Sugawara lidar. No entanto, neste momento,
ele teve que separar seus sentimentos pessoais de sua avaliaçã o de sua proposta.

“Tudo bem, entendi, entã o deixe-me apresentá -la. No entanto, nã o entenda


errado; Posso ter aceitado sua proposta, mas isso nã o significa que eu aceite você.”

“Mm, eu entendo. Entendo suas verdadeiras intençõ es, Sugawara-sama. Entã o,


vou deixar o resto com você.”

Em busca de orientaçã o, Sherry estendeu a mã o para Sugawara como uma dama


patrícia.

"Será que ela realmente entende?" Sugawara tinha suas dú vidas, mas as coisas
como estã o, ele teve que pegar a mã o de Sherry, sabendo bem o que os outros ao seu
redor poderiam pensar.

“Sua Excelência, meu nome é Sherry, um membro da Casa Tuery, e tenho o


prazer de conhecê-la.” Sherry disse enquanto fazia uma mesura diante de Shirayuri.
Sugawara nã o pô de deixar de ficar impressionado com seu japonês imaculado e sua
polidez perfeita. No entanto...

“Eu recebi muito carinho de Sugawara-sama. Espero aprender muito mais coisas
interessantes com ele no futuro.”

Como Sherry disse isso corando, Todo e todos os outros homens do Ministério
das Relaçõ es Exteriores perfuraram Sugawara com seus olhares afiados. Seus olhos
pareciam perguntar: “O que você fez com essa garota?” ou “Sugawara, você está
acabado.” Eles pareciam estar se divertindo com a miséria de seu rival. As palavras de
Sherry nã o apenas desvalorizaram Sugawara aos olhos dos outros, mas também o
colocaram em uma situaçã o infernal.

“Obrigado por sua pergunta, minha adorá vel jovem. Seu japonês é muito bom.”

“Vossa Excelência é muito gentil. Afinal, só estudei frases adequadas para


saudaçõ es.”

P a g e 22 | 220
A atitude humilde de Sherry, junto com o japonês que ela aprendeu em apenas
alguns meses, refletia nas vá rias coisas que Sugawara havia ensinado a ela e o que ele
havia falado com ela. A ênfase em “coisas excitantes” era inconfundível. Shirayuri
curvou-se educadamente para Sherry depois de ouvir isso e entã o o encarou com um
olhar crítico.

“Sugawara-kun, eu acredito que você nã o foi irresponsá vel?”

“Eu me comportei com moderaçã o.”

“Isso é bom. No futuro, evite desenvolvimentos que possam levar a


consequências desagradá veis.”

"É ó bvio."

A maneira como Sherry interagiu com o contingente japonês permitiu que os


patrícios reduzissem um pouco a tensã o.

Como Sherry havia previsto, as damas patrícias começaram a se reunir em torno


de Sugawara, pedindo para serem apresentadas. Entã o, como se atraídos pelo
espetá culo, os senadores e outros dignitá rios imperiais se juntaram a eles.

Foi assim que começaram as conversaçõ es entre o contingente diplomá tico


japonês e os patrícios imperiais, que também foram o primeiro passo no processo de
paz.

Nesse momento, o clima no salã o era de paz e harmonia.

E entã o, como se apontasse para este momento, um dos partidarios atingiu o chã o
com seu bastã o, enviando um som sonoro que ressoou pela sala.

“Anunciando a chegada de Sua Majestade Imperial o Imperador Molt, Sua Alteza


Imperial o Príncipe Zorzal e Sua Alteza Imperial a Princesa Piñ a!”

******

Esta foi a primeira apariçã o pú blica de Zorzal El Caesar como príncipe herdeiro.
Dada a sua personalidade, ele pode ter sido bastante cínico com isso.

“Zorzal-sama. Posso perguntar por que você parece tã o incomodado?”


P a g e 23 | 220
Em resposta à pergunta de Tyuule, Zorzal abrandou e respondeu num tom
á spero e agitado.

“Por que eu tenho que me encontrar com os delegados do Nihon?!”

“Esta é uma atividade pú blica, e Vossa Alteza é o príncipe herdeiro, entã o...”

“Droga! Que pé no saco!”

“Perdoe-me!”

Tyuule nã o tem escolha a nã o ser correr atrá s de Zorzal, visto que seu passo era
mais curto que o dele e ela usava salto alto com o qual nã o estava acostumada. O
corredor que eles percorreram era escuro e feito de pedra, entã o era muito
escorregadio. Tyuule nã o pô de deixar de gritar quando quase tropeçou e caiu vá rias
vezes. E agora, Zorzal de repente parou e segurou-a com um braço que era só lido e
robusto como um tronco.

“Você nã o sabe andar, idiota? Além disso, eu nã o estava repreendendo você.”

“No entanto, a missã o da ú ltima vez falhou, e isso foi tudo culpa minha…”

“Os culpados foram os agentes inú teis. Você acabou de transmitir uma
mensagem, onde está a falha nisso?”

Desde que Zorzal se tornou príncipe herdeiro, sua atitude para com Tyuule
mudou lentamente.

"Recentemente, ele havia mantido Tyuule ao seu lado sem as correntes e coleira,
e até mesmo permitiu que ela usasse roupas respeitá veis. Aliá s, as roupas de Tyuule
foram modeladas de acordo com as ú ltimas tendências patrícias. Nã o havia
praticamente nenhum material nelas, e ilustravam abundantemente as curvas de seu
corpo. Pareciam projetadas para envergonhar quem as vestisse. Essas roupas justas
eram cobertas por uma tú nica comprida. Se uma pessoa japonesa estivesse presente,
poderia vê-la e pensar: "Esta deve ser uma coelhinha de alguma casa noturna de alta
classe".

Zorzal diminuiu a velocidade para que Tyuule pudesse alcançá -lo e falou

P a g e 24 | 220
baixinho.

“As travessuras terminam aqui. O mais importante é obter a aprovaçã o das


tropas. Além disso, devemos manter relaçõ es com a facçã o pró -guerra. Assim que os
derrotistas relaxarem, vamos atacá -los de uma só vez, entã o agora é a hora de
conseguirmos alguns peõ es para usarmos.”

"S-sim, eu entendo."

“Ah, que dor! Em um momento crucial como este, preciso atrapalhar suas
negociaçõ es de qualquer maneira!”

A seus olhos, o fim de uma guerra significava uma vitó ria militar, e uma vitó ria
perfeita seria a cereja do bolo. E agora a guerra terminaria sem cumprir nenhum
desses critérios. Zorzal sentiu que uma conclusã o como essa nã o combinava com o
tipo de país que ele pretendia governar.

“É claro que nã o existe exército que nã o conheça a derrota. No entanto, no


passado, o Império teve situaçõ es em que estava temporariamente em desvantagem.
Mas mesmo assim, o Império nã o superou essas dificuldades todas as vezes? Afinal, o
exército do Nihon está apenas defendendo a á rea ao redor de Arnus Hill, e eles nã o
têm como lutar no domínio do Império. Em outras palavras, o inimigo sente que
invadir o Império é um assunto complicado, e é por isso que eles estã o correndo para
falar de paz. Ninguém percebeu isso ainda?”

Qualquer um que percebese isso deveria saber que era possível travar uma
guerra contra o Nihon. No entanto, o imperador sucumbiu tã o facilmente ao pedido
de paz. Essas açõ es só beneficiariam o inimigo, declarava Zorzal.

Em pouco tempo, os dois chegaram ao final do corredor e a porta para a sala


ficava logo ali.

“Pai!”

O Imperador e Piñ a apareceram diante de seus olhos. Zorzal estava prestes a


tentar convencer o imperador, mas um de seus partidarios o aconselhou a nã o fazer
barulho. Afinal, a reuniã o estava do outro lado da porta e por mais grossa que fosse a
madeira, uma voz alta ainda soaria por ela.

P a g e 25 | 220
Zorzal resistiu ao impulso de gritar e em silêncio, mas com fervor, tentou
persuadir o imperador e Piñ a a proibir os procedimentos de paz.

Mas o imperador nã o o ouviu, nem pretendia apoiar as exigências do príncipe


herdeiro.

“Zorzal. Quando a guerra começou, ninguém poderia esperar tantos


acontecimentos inesperados. Como as coisas nã o estã o indo de acordo com nossos
desejos, é melhor para nó s encerrar as hostilidades antes que o dano se torne muito
grave.”

“O Império ainda pode lutar!”

“Mais uma razã o para acabar com isso mais cedo ou mais tarde. Uma vez que nã o
podemos mais continuar... talvez nem haja tempo para conversas.”

“O que aconteceu com o orgulho do Império?!”

Zorzal fazia o possível para manter a voz baixa, mas, mesmo assim, era quase um
grito. Ele chutou a parede e disse: “Pensar que papai era tã o covarde”.

Neste momento embaraçoso, Tyuule deu um passo à frente para limpar o ar.

“Sua Alteza, a hora está pró xima. Por favor, acalme sua raiva.”

Como Zorzal agora era o príncipe herdeiro, ele nã o podia fazer o que quisesse
como fazia no passado. Em sua posiçã o atual, ele tinha que garantir que a cerimô nia
de devoluçã o de seus prisioneiros corresse bem. Abdicar de seus deveres e estragar a
cerimô nia seria um pecado impensá vel.

Enquanto Tyuule ajudava a ajustar as roupas de Zorzal, ela secretamente olhou


para ele e percebeu que seu mau humor nã o estava mais presente em seu rosto.

Depois de algumas respiraçõ es profundas, Zorzal conseguiu se acalmar. Ele


podia estar com raiva, mas ele teve que assentir.

“Eu entendo. Farei minha parte nesta cerimô nia.”

“É como você diz, Alteza. Por favor, desejem felicidades aos prisioneiros por
retornarem ao nosso solo.” Tyuule disse aliviada.
P a g e 26 | 220
“Anunciando a chegada de Sua Majestade Imperial o Imperador Molt, Sua Alteza
Imperial o Príncipe Zorzal e Sua Alteza Imperial a Princesa Piñ a!”

Enquanto o arauto falava, as portas diante deles se abriram.

Só entã o, a luz brilhante do corredor além iluminou Tyuule.

Mas mesmo isso foi apenas por um momento fugaz. À medida que o som das
portas se fechando chegava ao longo corredor, o feixe de luz que a iluminava foi
ficando cada vez mais estreito até que as portas se fecharam. No corredor
anormalmente silencioso e escuro, Tyuule abaixou a cabeça e murmurou: “Que
homem simples.”

Entã o, ela falou, como se fosse para alguém: “Está tudo pronto?”

Quando ela terminou, uma voz distorcida veio de um canto aparentemente vazio.

“Sim, está tudo pronto. Fizemos amplas preparaçõ es, entã o, por favor, aguardem
os resultados, kihihihihi~”

“Nã o permitirei falhas como da ú ltima vez. Isso é o que acontece quando se deixa o
trabalho importante para os outros.”

“Nã o tenho desculpas para o fracasso em assassinar Noriko. É por isso que
convoquei a elite de nossa tribo, Ukushi, Kakushi e Kurume.”

Três sombras apareceram de repente no corredor escuro. “Entã o, prossiga.


Deixe-me ver o estrago que você pode causar. Tyuule sorriu maliciosamente
enquanto levantava a cabeça.

******

Os ministros, patrícios, funcioná rios, oficiais e outros saudaram Zorzal e os


outros com uma salva de palmas.

Segundo a etiqueta, o líder do país seria o primeiro, seguido por Zorzal e depois
por Piñ a. A família imperial se reuniria primeiro com os ministros e senadores, e
depois com os delegados japoneses, que eram as pessoas mais importantes neste

P a g e 27 | 220
evento. Os prisioneiros libertados foram colocados no final.

Porém, quando Zorzal chegou, foi direto para os presos, que estavam ao lado e
fora de vista. Entã o, ele começou a chamar seus nomes e a dar tapinhas no ombro
dessas pessoas confusas.

"Visconde Helm, você voltou!"

“Sua, sua Alteza. Obrigado por sua preocupaçã o."

“Você é filho do Marquês Karasta, estou correto? Você está bem?"

“Estou grato que um oficial derrotado como eu possa receber a preocupaçã o de


Vossa Alteza…”

Zorzal sorriu secretamente. Este evento era para comemorar o retorno de seus
prisioneiros, entã o ninguém tinha motivos para impedi-lo.

O imperador Molt, os assessores de Piñ a e os convidados presentes nã o


esperavam que Zorzal se comportasse mal e nã o seguisse as regras. Eles só podiam
olhar para Zorzal fazendo o que queria, incapazes de interferir.

“Sua Alteza, talvez seja hora de você voltar…” um dos assistentes sugeriu
nervosamente.

Zorzal ignorou o lembrete do ajudante. Em vez disso, ele começou a perguntar


sobre as dificuldades pelas quais esses prisioneiros haviam passado. Seus ouvidos
estavam prontos para ouvir suas queixas e por sua atitude, ele claramente se opunha
à s negociaçõ es de paz.

O Imperador olhou para suas costas e suspirou profundamente.

“Deixe-o fazer isso. Ele falará com os cativos, enquanto eu prosseguirei com os
eventos seguintes.”

Apó s as declaraçõ es do Imperador, os eventos envolvendo Zorzal tiveram que


ser cancelados.

A obstinaçã o do príncipe herdeiro fez os convidados franzirem a testa, entã o

P a g e 28 | 220
todos nã o tiveram escolha a nã o ser ignorá -lo e continuar com os procedimentos.

No entanto, a atitude de Zorzal comoveu os ex-cativos. Afinal, desde que foram


presos, passaram todos os dias sob a supervisã o de guardas que nã o falavam a língua
deles, temendo: “Serei executado hoje?” ou “Serei vendido como escravo amanhã ?”

Na verdade, eles nã o foram maltratados. O que os incomodava era o medo de


serem tratados da mesma forma que o Império tratava seus prisioneiros de guerra. Se
eles se arrependessem de suas açõ es, esses líderes imperiais presos certamente
repensariam sua conduta no futuro. No entanto, agora era tarde demais para pensar
nessas coisas. Afinal, como prisioneiros, eles nã o sabiam que sofrimento
encontrariam no futuro. Naquele clima de inquietaçã o, os passos de seus guardas
eram como o som do Grim Reaper se aproximando. Enquanto prendiam a respiraçã o
e escutavam, temiam que aqueles passos parassem do lado de fora da cela.

E agora que haviam retornado em segurança para seu país, precisavam se


preocupar se seriam aceitos por seu povo. Afinal, eles estavam manchados pela
ignomínia de terem sido feitos prisioneiros e temiam ser tratados com frieza quando
voltassem.

Por causa disso, o príncipe herdeiro desconsiderou o procedimento adequado e


foi até os prisioneiros quando deveria se encontrar com os delegados japoneses. Suas
palavras calorosas e tapinhas reconfortantes no ombro encheram seus coraçõ es de
calor.

Além disso, a preocupaçã o de Zorzal com os prisioneiros era genuína e nã o fingida.


Afinal, ele havia sido espancado e insultado como eles. Os acontecimentos da noite do
terremoto deixaram uma cicatriz indelével em seu orgulho.

Desde aquela noite, os sorrisos das empregadas quando ele passou por elas no
corredor pareciam zombaria; as palavras sussurradas dos funcioná rios que passavam
pareciam estar criticando-o.

A ú nica maneira de Zorzal preservar seu orgulho era dizer a si mesmo: “Isso foi
um estratagema para fazer papai pensar que eu era inú til”.

“Todas as coisas que causaram dor de cabeça que fiz até agora foram de
propó sito.”

P a g e 29 | 220
“Ser espancado por uma mulher foi doloroso, mas nã o há necessidade de insistir
nisso.”

Pouco tempo depois, seu trabalho á rduo foi recompensado. O imperador, que
relutava em abrir mã o de seu poder, nomeou Zorzal como seu sucessor. Isso porque
as travessuras de Zorzal faziam o imperador pensar que ele era um fantoche inú til
que dançaria em suas cordas.

No entanto, depois de se tornar o príncipe herdeiro, ele nã o poderia agir como


desejava. As feridas em seu corpo foram curadas e apó s a aplicaçã o de dentaduras
feitas de escamas de wyvern, sua aparência física foi totalmente restaurada. Zorzal
decidiu descartar seu ato anterior e deixar que outros percebessem sua verdadeira
habilidade.

E entã o, o imperador optou por desconsiderar as açõ es de Zorzal.

Normalmente, sem o príncipe herdeiro, os eventos nã o poderiam continuar, mas


o imperador simplesmente disse: “Deixe-o assim”. No final, os outros ao redor do
imperador concordaram com ele e ignoraram Zorzal.

Zorzal deu uma olhada furtiva ao seu redor e viu que o imperador estava
cumprimentando os delegados japoneses.

Este foi o momento de reconhecer formalmente o contingente japonês como


embaixadores. Depois disso, o Império poderia iniciar oficialmente as negociaçõ es à s
quais Zorzal tanto se opusera.

Nesse momento, os prisioneiros libertados imploraram a Zorzal.

“Eu deveria estar grato pela chance de retornar ao nosso país, mas nã o posso
simplesmente sentar lá e ver nosso Império preso a termos injustos.”

“Sua Alteza, nos dê uma chance de apagar nossos erros anteriores!” Eles
silenciosamente imploraram a Zorzal para lhes dar outra chance.

“Seja paciente por um tempo. A guerra ainda nã o acabou. Darei a todos uma
oportunidade de mostrar sua verdadeira força. Eu preciso de mais tempo.”

Depois de ouvi-lo, os prisioneiros olharam para Zorzal com olhos esperançosos e

P a g e 30 | 220
disseram: “Obedeceremos a você”.

Aqueles olhos eram os ú nicos voltados para ele. Normalmente, todos no tribunal
deveriam olhar para ele, o príncipe herdeiro.

“Ainda assim, por que acabou assim...?”

Zorzal cerrou os dentes quando percebeu que o imperador o havia ignorado


completamente.

******

“Falando nisso, Princesa Piñ a, você sabe sobre a cabeça do Dragã o de Chamas
que estava pendurada no portã o da cidade?”

“Eu vi com meus pró prios olhos. Verdadeiramente uma visã o de tirar o fô lego.”

“Eu também vi, mas nã o parecia tã o assustador quanto as lendas contavam.


Flame Dragon ou nã o, parece que qualquer um com um pouco de habilidade poderia
tê-lo derrubado.”

“Na verdade, eu concordo. As lendas falam de muitos heró is falhando em


subjugar o Dragã o… será que eles eram apenas fracos?”

Os jovens patrícios conversavam descontraidamente com Piñ a e compartilhavam


seus pensamentos. Em circunstâ ncias normais, a á rea de 10 ren (aproximadamente
16 metros) ao redor dela seria considerada uma á rea de perigo que todos os homens
deveriam evitar ao má ximo, mas hoje parecia especial, porque Piñ a estava cercada
por muitos meninos.

Piñ a, que estava provando comida no canto, ficou bastante surpresa com esse
desenvolvimento. Ao mesmo tempo, ela os observava silenciosamente, para ver o que
eles planejavam alcançar ao se aproximar dela.

“Sua Alteza, você parece estar de bom humor.”

Piñ a assentiu e respondeu: “Mm, estou”. A verdade é que este foi um dia de
alegria para a Princesa Imperial Piñ a Co Lada. Ela poderia finalmente se livrar do
fardo que pesava sobre seus ombros. Durante a Batalha de Itá lica, as JSDF deixaram
claro sua força e durante a visita a Tó quio, o que ela viu naquele país chamado Japã o a
fez perceber que continuar a guerra seria suicídio. Para evitar a destruiçã o do
P a g e 31 | 220
Império, ela teve que fazer tudo o que podia para acabar com a guerra com o Japã o.
Por causa disso, na maioria dos dias, Piñ a andava com uma expressã o melancó lica no
rosto.

Claro, ela também sentiu que, mesmo que o objetivo bá sico fosse trazer a paz, o
Império nã o deveria desistir e aceitar todas as condiçõ es propostas pelo outro lado.
Caso contrá rio, mesmo que o Império conseguisse seguir em frente, os meios de
subsistência do povo seriam destruídos. Quando isso acontecesse, até a Capital
Imperial se tornaria uma ruína vazia que nã o poderia suportar a habitaçã o humana.

Anteriormente, Sugawara a havia informado sobre os termos do Japã o de


maneira informal... por exemplo, uma quantia astronô mica de compensaçã o.

Se tentassem acumular dinheiro para pagar, até os países vizinhos estariam


mergulhados em uma crise econô mica, para nã o falar do pró prio Império. Portanto,
seu novo objetivo seria encontrar alguma forma de diminuir o valor a pagar.

Embora as negociaçõ es de paz tivessem começado, a situaçã o era muito mais


terrível do que travar uma batalha. O Império tinha pouquíssimas fichas que
pudessem usar como alavanca.

Mesmo assim, isso nã o era mais algo com que Piñ a tivesse que se preocupar. As
conversaçõ es de paz contariam com a presença de representantes escolhidos pelo
imperador. Isso significava que ela só precisava continuar sendo uma mediadora de
ambos os lados e manter o relacionamento que eles construíram com o Japã o até
entã o. Claro, isso incluía treinar tradutores, organizar vá rias atividades, mergulhar na
cultura japonesa e outras tarefas. Comparado a isso, os deveres que ela havia
desempenhado no passado dificilmente valiam a pena mencionar.

Enquanto pensava nisso, o alívio inundou seu coraçã o.

Os dias de preocupaçã o com o Império, depressã o durante o dia e insô nia à noite
estariam acabadas. Ela poderia passar a limpeza depois da festa para Hamilton, e
pensar nessa liberdade encheu Piñ a de relaxamento.

“Já me senti assim antes…”

Ela se sentiu da mesma forma na festa no jardim que organizou com Sugawara,
quando conseguiu convencer os senadores pró -guerra sobre a importâ ncia de
conseguir a paz.
P a g e 32 | 220
No entanto, depois que seu irmã o Zorzal invadiu de repente e soube que o conde
Marx estava trabalhando contra eles nos bastidores, ela teve que assumir o fardo que
pensava ter largado. Que tipo de esquema o Ministro do Interior, Conde Marx,
tramava? Piñ a sentiu que o que quer que fosse nã o era bom, entã o ela nã o teve
escolha a nã o ser ficar em guarda.

Depois disso, houve vá rios incidentes que ameaçaram inviabilizar o processo de


paz.

A briga diante do imperador, o pedido de libertaçã o dos japoneses sequestrados


e a destruiçã o do Senado. Houve até a tentativa de assassinato de Noriko.

Cada vez que uma dessas coisas acontecia, a barriga de Piñ a inchava, sua cabeça
doía, ela ficava tonta e enjoada, entre outras coisas, e surgiam rugas profundas em
sua testa.

No entanto, essas coisas preocupantes terminariam hoje.

“As coisas sendo o que sã o, nã o há necessidade de se preocupar. Nã o importa o


que aconteça, as negociaçõ es de paz continuarã o.”

Depois de todas as provaçõ es pelas quais passou até entã o, a cautela agora fazia
parte de sua personalidade.

Sua imaginaçã o pessimista estava finalmente começando a se unir à realidade.


Dadas as circunstâ ncias atuais, por mais que Piñ a tentasse imaginar as coisas, ela nã o
conseguia visualizar nada que pudesse perturbar a situaçã o atual.

Enquanto nada acontecer ao Pai, nã o haverá problemas.

Por causa disso, a expressã o de Piñ a era aquela que só um indivíduo de sucesso
que superou dezenas de problemas difíceis possuiria.

Nesse estado calmo e pacífico, a curva de seus lá bios e suas bochechas macias e
aveludadas transmitiam uma onda de apelo feminino que enredava as almas de todos
os homens ao seu redor.

“Ah, ela é linda demais.”

P a g e 33 | 220
"Sua Alteza. No futuro, por favor, continue nos abençoando com seu sorriso
radiante.”

Os meninos patrícios ficaram encantados com Piñ a e se reuniram para elogiar


sua graça e beleza. Sentindo-se um pouco envergonhada, Piñ a segurou o rosto com
uma das mã os, enrolando o cabelo no dedo. Nesse ponto, ela estava duplamente certa
de uma coisa - agora ela estava se sentindo muito relaxada.

“Entã o era disso que se tratava...”

Piñ a tentou o seu melhor para colocar uma aparência de graça e elegancia.

“Nã o vale a pena ter medo do Dragã o de Fogo, vocês dizem. Vou gravar essas
palavras em meu coraçã o. O Império precisa de indivíduos talentosos como vocês,
cavalheiros. No entanto, ninguém discutiu a melhor forma de aproveitar sua coragem
e habilidade. Portanto, espero que vocês, cavalheiros, se alistem voluntariamente,
liderem tropas na batalha e queimem intensamente pelo Império.”

Assim que ela terminou, as respostas gaguejadas vieram de todos ao seu redor.
"Ah, nã o, bem... sobre isso…"

“Minha família produziu geraçõ es de burocratas, entã o preciso continuar a


tradiçã o familiar.”

E todos deram meio passo para trá s.

“Ah, que decepçã o. Se vocês, cavalheiros, pudessem se alistar com a mesma


coragem que usam para perseguir garotas, eu poderia me aproximar de vocês. Você
nã o acha, Shandy?”

“Realmente, Alteza.”

A mulher chamada Shandy Kaf Marea era uma das cavaleiras que havia sido
chamada de volta à Capital junto com Bozes para traduzir durante as negociaçõ es de
paz que começariam amanhã . Ela tinha apenas 17 anos, mas seus conhecimentos
linguísticos poderiam ser usados imediatamente em seu papel de intérprete. Seu
cabelo castanho estava preso em uma trança e ela irradiava um ar de charme
elegante. Como Hamilton estava ocupado hoje, Shandy ocupou seu lugar como
assistente de Piñ a.

“As portas do Exército Imperial estarã o sempre abertas para você.”

“Mm. Atualmente, o Exército Imperial está com poucos funcioná rios, entã o as
P a g e 34 | 220
promoçõ es serã o fá ceis. Afinal, ainda estamos em guerra, entã o as chances de provar
seu valor serã o comuns.”

“Exatamente. Além disso, eles dizem que o país de Nihon nã o comercializa


escravos, portanto, se você for capturado, pode ficar tranquilo.”

“E se isso acontecer, pode ter certeza de que trabalharei para convencê-los a


libertá -lo. No entanto, isso pode levar cerca de dez anos…”

Quando ela disse isso, os jovens patrícios começaram a se lembrar de coisas


urgentes a fazer e saíram de uma maneira que parecia uma fuga. Em um instante, a
á rea ao redor de Piñ a ficou sem presença masculina.

"Hum. Você acha que “eu exagerei?

Piñ a parecia estar desprezando os meninos enquanto eles fugiam, e ela bufou de
desgosto. Ao mesmo tempo, tossiu em algo que trouxe para a garganta.

“Nã o tive o prazer de ver a língua afiada de Vossa Alteza em açã o por um tempo.
Foi uma experiência muito revigorante.”

“Faz tempo que nã o consigo desabafar com outras pessoas. Sinto-me bastante
revigorada agora.”

Mais precisamente, ela nã o tinha tempo livre para zombar das pessoas. Pode-se
imaginar as pressõ es que perseguiram Piñ a até agora.

“Mas se ninguém tivesse mencionado isso, eu nã o saberia que alguém pendurou


a cabeça do Dragã o de Fogo no portã o da cidade. É verdade?”

“De fato é. Eu tinha minhas suspeitas no começo, entã o fui verificar por mim
mesma. O Dragã o de Fogo parecia como os velhos o descreviam. A julgar por sua
aparência assustadora, tenho certeza de que é real.”

Piñ a tossiu novamente e disse baixinho: “Itami-dono, finalmente conseguiu?”

“Sua Alteza, embora eu acredite que seja adequado relaxar depois de fazer um
bom trabalho, encher a cara com bolo assim é como destruir um marco natural.”

Naturalmente, o “marco” do qual Shandy falou era algo austero, porém belo.
P a g e 35 | 220
Depois de ouvir isso, Piñ a engoliu apressadamente o bolo com um gole de vinho
e enxugou a boca com um lenço.

“Itami-dono finalmente teve sucesso? Espero que ele esteja bem…”

Desta vez, ela conseguiu falar essas palavras em voz alta. Shandy aplaudiu ao
ouvi-la.

“Tenho certeza que ele vai ficar bem.”

“Você conhece os fatos da questã o?”

“Como posso dizer isso… eu mesmo escrevi o relató rio. Eu estava em Arnus antes
de Itami-sama partir e nã o sei o que aconteceu depois disso, entã o também estava
preocupada. Mas é bom que ele tenha passado por esse teste intacto.

A expressã o alegre de Shandy era como se ela estivesse descrevendo suas


pró prias atividades.

Piñ a olhou para ela com olhos surpresos e depois disse, em um tom vagamente
reprovador e desconfiado: “Entã o você escreveu esse relató rio. Eu pensei que era
algum tipo de pró logo para um épico heroico…”

“Sua Alteza, espero que você possa me elogiar com um 'Muito bem, Shandy'.”

Nesse momento, uma onda de dor passou pela cabeça de Piñ a. O ensaio de
Shandy foi bem escrito e ficou claro que sua apreciaçã o pela arte deu um grande salto
à frente. No entanto, a objetividade era a essência de um relató rio e portanto, Piñ a
lembrou cuidadosamente a Shandy de ter mais cuidado no futuro.

“O relató rio foi muito detalhado, entã o nã o tenho dú vidas. No entanto, escrever
Tuka como um homem era demais.”

Depois disso, Shandy se encolheu e disse: “Sinto muito”.

“Embora, eu aguardo ansiosamente pelos relató rios subsequentes. Estou


bastante interessada em saber como Itami-dono lutou contra o Dragã o de Fogo.”

“De fato. Panache-nee-sama está coletando informaçõ es agora e ela retornará em


breve. Eu estou toda wakuwaku em antecipaçã o.”
P a g e 36 | 220
“Wakuwaku?”

“Sim, wakuwaku tekateka. Refere-se a um estado em que o coraçã o bate


rapidamente e a pele brilha. O significado é mais ou menos 'meu coraçã o bate
rapidamente em antecipaçã o, e minha excitaçã o é tanta que minha pele brilha com a
fina camada de suor sobre ela'.”

Shandy tocou as mã os na frente do peito enquanto relatava o termo que


aprendeu em Arnus, com uma expressã o sonhadora no rosto.

Ao ver isso, Piñ a começou a se preocupar com o estado de saú de mental de


Shandy. “O que ha errado? Você está bem?”

“Sim, estou me sentindo muito bem. Embora eu tenha partido para Arnus por
ordem de Vossa Alteza, na verdade nã o conseguia reunir a motivaçã o a princípio. No
entanto, depois de testemunhar vá rias coisas por mim mesma, comecei a sentir que
teria me oferecido voluntariamente, mesmo sem a sua ordem…”

A verdade é que Shandy recebeu ordens secretas para seduzir Itami. Como
Panache, líder dos Cavaleiros da Rosa Branca, havia sido ordenado a Arnus para aulas
de idiomas, Piñ a pretendia deixar Shandy herdar a posiçã o de Líder dos Cavaleiros da
Rosa Branca. No entanto, Panache disse teimosamente. “Eu desejo ir para Arnus com
Oneesama”. Piñ a havia lhe dado essas ordens como condiçã o para mandá -la embora.
Como resultado, Shandy estava muito interessada nas atividades de Itami.

“Haa… Vamos deixar essa missã o de lado por enquanto. Nã o aja sem minha
permissã o expressa.”

“Ehh~ Por queeeee~ Você é tã o muuuito~ sua~alteza~” Shandy fez beicinho


para Piñ a, seus lá bios franzidos como a boca de um bule de porcelana.

Isso fez Piñ a pensar no hobby de Shandy; ela gostava de adorar pessoas famosas.
Por exemplo, o campeã o de um torneio de artes marciais ou um belo ator em meio a
um mar de atrizes.

Qualquer um podia ver que uma pessoa que pudesse derrotar um Dragã o de
Fogo seria objeto de admiraçã o para uma garota como ela. Ainda assim, embora ela
pudesse ter recebido a ordem de “seduçã o”, se ela desenvolvesse sentimentos reais
por ele, isso seria ruim.

“Eu aconselho você a nã o agir de forma imprudente perto dele.” Pina alertou.

P a g e 37 | 220
“Ehhhhh~ por queeeee~?”

Algumas razõ es vieram à mente, mas para Piñ a, a mais importante - e mais
preocupante - o motivo era que ela nã o queria ofender Risa, a fonte e criadora da
“bela arte” que Piñ a tanto amava.

“Mas os dois já nã o estã o divorciados?”

“A verdade sobre o relacionamento entre um homem e uma mulher nã o pode ser


facilmente aprendida olhando para a superfície das questõ es. Nã o tenho experiência
com tais assuntos e nã o entendo completamente seus mistérios, mas posso ter
certeza de que sã o sempre confusos e problemá ticos. Shandy, mesmo que você me
dissesse 'Nã o consigo mais segurar esse sentimento', nã o o aliviaria da missã o que lhe
foi confiada. Missõ es como essas sã o difíceis de entregar para alguém em quem nã o
confio completamente.”

E se sentimentos verdadeiros realmente se desenvolvessem, Piñ a teria que


considerar a possibilidade de traiçã o.

“Uuu... isso significa que nã o poderei mais ir para Arnus?”

“De fato.”

“Eu nã o gosto disso. Eu nã o gosto nem um pouco disso. No entanto... eu entendo,


vou aguentar.”

Shandy baixou os ombros em desespero.

“Você está realmente bem?”

“Vou tentar…”

Ao terminar, ela inchou as bochechas e olhou para cima, sua infelicidade


estampada em seu rosto. Em contraste, Piñ a parou de repreendê-la e encheu a boca
com uma sobremesa que estava segurando. “Entã o, eu verei pessoalmente a cabeça
do Dragã o de Fogo. Eu acredito que foi no portã o da cidade...” ela disse enquanto se
levantava.

“Sua Alteza, você encheu a boca de novo. Suas bochechas estã o inchadas, é

P a g e 38 | 220
realmente um crime contra a natureza”.

Desta vez, a “natureza” da qual Shandy falou se referia ao seu charme e presença.
Piñ a fez sinal para Shandy esperar enquanto ela mastigava e engolia a comida
apressadamente.

“Essas sobremesas sã o um presente do Nihon, seria uma pena se eu nã o as


experimentasse. Além disso, se você quer falar sobre há bitos alimentares, você nã o
está comendo tanto quanto eu?”

“Estamos desempenhando papéis diferentes. Posso ser uma patrícia, mas como
meu status é baixo, uma pequena gafe pode ser perdoada por todos por causa da
minha fofura. No entanto, a beleza e refinamento de Vossa Alteza é um “ponto de
charme” em sua posiçã o de Princesa Imperial. Portanto, você nunca deve fazer coisas
que possam manchar a imagem de Vossa Alteza.”

"Realmente?"

“Mm, sim. E por falar na cabeça do Dragã o de Fogo, o Imperador já ordenou que
ela fosse retirada, entã o ela nã o está mais no portã o da cidade.”

“Como?... tã o rá pido?.”

“Já pode ser considerado bastante lento. Afinal, ficou lá do amanhecer ao


anoitecer, e os curiosos bloquearam as estradas.”

Graças a isso, o trâ nsito na Capital Imperial ficou paralisado o dia todo. “Entã o,
onde está a cabeça do Dragã o agora?”

“Sobre isso…”

Shandy tocou seu queixo com o dedo indicador, um olhar confuso em seu rosto,
mas um instante depois, ela se animou novamente.

“...está ali.”

Quando Piñ a olhou na direçã o que o dedo de Shandy apontava, ela chegou bem a
tempo de ver a cabeça do Dragã o de Fogo sendo carregada.

******

P a g e 39 | 220
A cabeça do Dragã o de Fogo era muito grande e muito pesada.

Foram necessá rios 20 soldados fortes para levantá -la e movê-la. Como foi parar
no telhado da torre da guarita? Ela continuou pensando sobre esse ponto. O relató rio
do Conde Marx dizia: “Embora ainda estejamos investigando, nã o descobrimos nada
significativo até agora”.

“E pensar que ninguém percebeu, apesar de estar acontecendo no portã o


principal. Que triste?” o imperador suspirou enquanto franzia as sobrancelhas.

“Entendo o desagrado de Vossa Majestade, mas considere que a Capital Imperial


é uma metró pole de mais de um milhã o de almas. As multidõ es passam pelo portã o
dia e noite. Além disso, os portõ es nunca foram fechados por mais de 200 anos. As
patrulhas só aparecem em intervalos fixos. Quando a noite cai, as pessoas se
concentram apenas no chã o sob seus pés, e nã o no que está acima deles.” Conde Marx
explicou em um tom convincente.

Há muito tempo, os portõ es da Cidade Imperial fechavam ao anoitecer, e entã o as


sentinelas olhavam ao redor com olhos cautelosos. Mas agora, carroças com
mercadorias entravam e saíam mesmo na calada da noite. Mover itens pelo portã o da
cidade nã o era novidade e nã o atrairia atençã o.”

“Sobre isso nã o tem o que fazer. No entanto, a investigaçã o deve continuar. Em


particular, os lugares frequentados pelo Dragã o de Fogo. Preste atençã o nas tribos,
assentamentos e movimentos de nossos aliados.”

“Entendido.”

Depois de dar a ordem, Molt estendeu a mã o para acariciar o queixo da cabeça do


Dragã o de Fogo. Ele bateu algumas vezes para testar sua dureza. Depois de sentir a
superfície irregular e só lida abaixo de seus dedos, ele acariciou para sentir a parede
de armadura impenetrá vel produzida por suas escamas. Seria imune a espadas ou
arcos. Seus dentes eram ainda mais impressionantes. Os menores eram do tamanho
do polegar de um homem adulto, enquanto os maiores eram tã o grossos quanto o
braço esguio de uma mulher. Parecia que as lendas de dragõ es capazes de mastigar
torres de pedra nã o eram exageradas.

O globo ocular do dragã o nã o foi encontrado em lugar nenhum, mas a ó rbita


vazia ainda era de arrepiar.

P a g e 40 | 220
Este era o sentimento adequado que um Dragã o de Fogo, portador de terror e
desespero, deveria inspirar. A cabeça em si já era tã o grande - o tamanho de seu
corpo, de ponta a ponta de asa a ponta de asa e focinho a cauda, mendigaria a
imaginaçã o. Desde os tempos antigos, as lendas do Dragã o de Chamas causaram
medo nos coraçõ es dos homens, entã o as pessoas imaginaram que fosse uma besta
além dos limites da realidade. Como se viu, a verdade sobre a besta nã o estava muito
atrá s da lenda que a cercava.

Antes que ele percebesse, havia uma multidã o de convidados reunidos para
olhar a cabeça do Dragã o.

Os curiosos ficaram tã o assustados com a aparência assustadora da enorme


cabeça dracô nica e seus dentes que seus corpos tremeram.

Nesse momento, Molt se virou e se dirigiu aos convidados que olhavam para a
cabeça.

“Senhoras e senhores, por favor, prestem atençã o. Esta é a cabeça do Dragã o de


fogo que apareceu na Capital Imperial e causou medo nos coraçõ es de muitos. No
passado, nã o apenas devastava cidades, mas também matava muitas. A vida das
pessoas era miserá vel além das palavras. No entanto, aquela criatura amaldiçoada
agora é um cadá ver. Nã o há nada a temer disso. Vamos tratar como um presente dos
deuses e celebrar este dia memorá vel!”

“Vossa Majestade, quem foi o responsá vel por isso?” um oficial perguntou. A
resposta era aquela que todos os presentes esperavam ansiosamente.

“Os fatos ainda nã o estã o claros e ouvi dizer que há pessoas espalhando mentiras
sobre isso. Nã o importa o que aconteça, nã o podemos tomar uma decisã o precipitada,
entã o acho que esse assunto nã o deve ser discutido aqui. Depois que as investigaçõ es
apropriadas forem feitas, vou me certificar de esclarecer a todos sobre o assunto.”

Apó s esse anú ncio, o imperador Molt partiu.

Entã o, como se quisesse preencher a lacuna que ele deixou, os que observavam
de longe se aproximaram, trazendo seus rostos para perto da superfície da cabeça do
Dragã o. Alguns até tocaram as lacunas entre os dentes dele e todos discutiram suas
opiniõ es sobre a cabeça.

P a g e 41 | 220
“Sua Majestade!”

Molt se virou ao ouvir a voz de Piñ a. “Oh, Piñ a, eu estava procurando por você.”
ele disse. Entã o ele saiu da multidã o, a fim de tocar o ombro de sua filha.

Piñ a perguntou ao pai: “Os Homens de Verde fizeram isso?”

"De fato. Mais cedo, quando recebi seu relató rio, mal pude acreditar, entã o
apenas folheei. Agora que penso nisso, devo agradecer pelo seu trabalho duro.”

“Por favor, nã o se culpe tanto. Nã o poderia ser evitado. O fato é que, quando
redigi o relató rio, eu mesma mal pude acreditar.”

“Entã o, você aprendeu alguma coisa nova? Devemos recompensá -los por sua
grande conquista.”

“Cinco pessoas saíram para expurgar o Dragã o de Chamas: Itami, Rory, Lelei,
Tuka e Yao. Enviei alguém para observar seus movimentos. Talvez você possa pedir a
ela mais detalhes.

Piñ a apresentou Shandy ao imperador enquanto ela se explicava. Molt parecia


particularmente interessado em um dos nomes.

“Você mencionou Rory?”

“Sim. Essa seria a Apó stola de Emroy, Rory Mercury.”

“Oh, se ela fizesse parte do grupo deles, entã o a eliminaçã o do Flame Dragon
seria algo inevitavel. Ainda assim, é difícil acreditar que alguém pudesse persuadir
um dos Apó stolos, reverenciado tanto quanto os deuses, a ajudá -lo. Talvez fosse um
capricho dela? ... Embora se for esse o caso, a gló ria irá para os deuses, e nã o para os
Homens de Verde, como dizem os rumores.”

“Isso seria incorreto. Itami Youji é um dos Homens de Verde.”

Itami? Esse nome soa familiar.”

Piñ a disse nervosamente: “Ele era ... o homem que atingiu Ani-sama, ante sua
presença.”

P a g e 42 | 220
Molt murmurou: “Entã o era ele.” com um olhar desanimado no rosto.

“Entã o os Homens de Verde sã o inimigos afinal... Entã o, e os outros?”

“Tuka é uma Elfa da Floresta Rodo, enquanto Yao é uma Elfa Negra da Floresta
Schwarz.”

Talvez ele estivesse descontente, mas o Imperador parecia cada vez mais
deprimido, murmurando: “Mais nã o-humanos”. Entã o, quando ouviu as palavras de
Shandy, ele se animou e sorriu.

“A ú ltima integrante do grupo foi Lelei La Lelena. Ela é discípula do sá bio Kato e
moradora da vila de Coda.”

“Oh, aquele Mestre Kato! Ela é humana?!”

Shandy ficou um pouco confusa com a mudança repentina na atitude do


Imperador, mas ela respondeu.

“S-sim, ela é. Ela é do povo Rurudo… ela parece ter se estabelecido na Aldeia
Coda para que possamos considerá -la uma cidadã do Império.”

O imperador assentiu, sorrindo brilhantemente enquanto murmurava: “Sim,


sim ...”

“Maravilhoso! Esta é uma notícia realmente bem-vinda. Estou aliviado em saber


que um membro do Império ajudou a matar o Dragã o de Chamas. Piñ a, encontre
aquela Lelei e convide-a aqui. Ouça bem, isso é uma ordem. Você deve realizá -la por
todos os meios necessá rios. Você entende?”

O imperador Molt ficou repentinamente feliz, como se um interruptor tivesse


sido acionado dentro dele. Entã o ele abriu os braços e anunciou a notícia que acabara
de ouvir a todos os convidados.

O inesperado foi o vigoroso aplauso que a notícia rendeu.

O clima no salã o era bastante agradá vel, mas as pessoas nã o demonstravam


tanta alegria. Isso porque as pessoas no Império nã o desejavam agradecer em voz alta
a um estranho por matar o Dragã o de Fogo. Para os membros da classe dominante,

P a g e 43 | 220
fazê-lo seria gravemente lamentá vel e prejudicial ao seu orgulho. No entanto, se eles
pudessem elogiar um membro do Império por exterminar o Dragã o, isso seria um
assunto diferente. Seria algo sobre o qual eles poderiam se orgulhar.

Neste mundo, aqueles que fizeram grandes realizaçõ es nã o apenas ganharam


grande gló ria para si mesmos, mas também seriam uma poderosa ferramenta
diplomá tica para seus países de origem. Se alguém pudesse obter a aprovaçã o de
outros países ou tribos, entã o, uma vez que essa pessoa exaltada aparecesse, até
mesmo seus compatriotas se beneficiariam da gló ria refletida nele e sua influência
dispararia.

Por exemplo, alguém assim seria como um atleta que juntou todos os tipos de
medalhas de ouro olímpicas e copas do mundo para si. Embora tal pessoa possa nã o
existir, se existisse, ele seria elogiado por todas as pessoas do mundo, que se
reuniriam para aplaudir em uníssono, “Incrível, incrível” para ele.

Começando com o Reino do Elba, muitas outras tribos e naçõ es concederam


títulos de cavaleiro ou chefias honorá rias a Itami, uma apó s a outra. Eles fariam isso
para se aproximar dele e obter benefícios da afiliaçã o com ele. Assim, suas açõ es nã o
eram apenas para elogiá -lo.

Da mesma forma, o imperador elogiaria Lelei por suas realizaçõ es. A resposta à
pergunta: “De onde vem Lelei La Lelena, pupila do Mestre Kato?” se espalharia pelo
Império e seus territó rios vizinhos como um incêndio.

E, claro, quanto mais felizes os nobres ficavam, mais chateado um certo homem
ficava.

As chamas negras do ciú me arderam ferozmente no coraçã o de Zorzal. O ó dio


fluiu por todo o seu corpo, e ele cerrou os punhos com tanta força que as unhas
ragaram sua carne e fizeram seu sangue escorrer. Ele olhou ferozmente para a cabeça
do Dragã o e para o pró prio Imperador.

“Droga... O que há de tã o bom em matar um mero Dragã o de Fogo?”

Como príncipe herdeiro, Zorzal nã o teve escolha a nã o ser suportar a ignomínia


de ser ignorado, enquanto alguém que nem estava ali recebia elogios e respeito de
todos os presentes.

Para Zorzal, isso era um pecado imperdoá vel. Era absolutamente imperdoá vel
P a g e 44 | 220
que nã o fosse ele o elogiado por todos, que nã o fosse ele que trazia vitó ria e gló ria ao
Império. Ele também nã o poderia perdoar o homem que fez aquele anú ncio. Se
pressionado, diria que foi porque o nome que anunciou nã o era Zorzal, mas Lelei La
tanto faz. Por que ele estava elogiando tã o generosamente uma estranha, mas seu
pró prio filho, de forma alguma?

Imperdoá vel. Isso é absolutamente imperdoá vel. Eu quero matar todos eles.
Aquele homem, aquela Lelei, eu quero matar todos!

Depois disso, o ó dio no coraçã o de Zorzal parecia ter se tornado uma forma de
força.

“Todos, vamos fazer um brinde em comemoraçã o a esta alegre ocasiã o!”

O imperador Molt liderou todos no brinde, enquanto o tilintar de copos ecoava


de um lado para o outro no salã o. Nesse momento, uma taça de vinho dourada caiu no
chã o.

Em seguida, um grito quebrou o sú bito silêncio.

Antes que alguém pudesse reagir, o Imperador caiu de costas, olhando para o
céu.

P a g e 45 | 220
Um HMV correu sobre as extensas planícies gramadas, sob a luz do sol radiante.

Ele levantou um rastro de poeira enquanto vagava vagarosamente pelas


planícies, acelerando em direçã o ao horizonte como se mirasse nas nuvens ao longe.

Dentro do veículo, os sons do motor se misturavam aos de um alaú de.

A musicista de alaú de era Tuka Luna Marceau, que viajava no banco de trá s. Ela
era uma garota elfa que adorava Lunaru, a deusa da mú sica.

Suas unhas - que pareciam rosas como conchas - dedilhavam as cordas do


instrumento, produzindo belas melodias que soavam como se tivessem sido feitas por
um mú sico virtuoso. Se ela tocasse no Japã o, ela seria capaz de lotar a sala de
concertos, com clientes extras se espremendo para ocupar a sala em pé. Ou pelo
menos foi assim que Itami Youji - que nã o estava familiarizado com o mundo da
mú sica - imaginou que seria ao se basear em suas memó rias de mangá s relevantes.

“Entã o, o que devo tocar a seguir?”

“Que tal algo mais animado?”

Depois de pedir uma mú sica a Tuka, Itami olhou para o reló gio, depois para um
mapa e depois para o reló gio novamente. Ele repetiu isso vá rias vezes.

“carto, Pai.”

Com isso, Tuka retomou o alaú de.

“Vamos, Tuka, você nã o pode me chamar de outra coisa que nã o seja Pai?” Itami
disse enquanto mantinha os olhos no mapa. Em parte porque ele estava ocupado com
o que estava fazendo, mas também porque estava envergonhado por ser chamado de
'Pai'.

“Nã o ~ Quero ~ Para ~. Além disso, nã o há nada para se envergonhar.

Por alguma razã o, o rosto de Tuka e as pontas de suas orelhas ficaram


vermelhas.
P a g e 46 | 220
“E, além disso, como eu poderia chamá -lo de Y-Youjy? Meus instintos me
impediriam de…”

Ela começou a resmungar. Dada a maneira como ela falava consigo mesma em
voz baixa, parecia que ela só conseguia relaxar enquanto se dirigia a ele como “Pai”.

“Afastar você de quê?”

“É ~ nada ~ nada ~”

Tuka choramingava um pouco para tentar mudar de assunto. Entã o ela começou
a tocar uma alegre melodia, como Itami havia pedido.

Pelo que ele pô de entender da letra, a mú sica era uma histó ria bem-humorada
sobre uma garota que estava apaixonada por um certo homem. A garota tentou de
tudo para chamar a atençã o do homem, mas todas as suas tentativas terminaram em
fracasso, deixando-a suspirando sem parar. No entanto, no final, o desejo da garota se
tornou realidade. Mais precisamente, seu desejo já havia sido atendido desde o início.

“Isso foi lindo. Há quanto tempo você toca este instrumento?”

Tuka parecia vagamente despreocupada com a pergunta de Itami quando ela


respondeu: “Deixe-me pensar. Acho que já faz mais de cem anos.

Quando ela disse isso, suas orelhas pontudas começaram a se contorcer para
cima e para baixo.

“Ó -mais de cem anos…”

Ele deveria ficar impressionado com isso? Ou ele deveria acenar com a cabeça,
porque era natural que ela alcançasse um padrã o como aquele depois de cem anos de
prá tica? Itami nã o sabia como responder.

“Todos os elfos sã o tã o incríveis?”

“Sim, nó s somos. Um elfo da minha idade geralmente tem seu pró prio
instrumento preferido. ”

“Ah... entendo. Entã o, e a outra Elfa?”

Itami voltou seu olhar para a Elfa Negra ao lado de Tuka.

Quando seus olhos se encontraram, Yao timidamente riu "ahaha", acenou com a
P a g e 47 | 220
cabeça e disse:

“Sim, isso mesmo.”

“E em que instrumento você é boa em Yao?”

“Posso tocar flauta… mas é só um hobby. Na verdade, nunca me apresentei para


estranhos. Claro, você nã o é um estranho e eu ficaria feliz em tocar para você. No
entanto, esse tipo de coisa é melhor sem ninguém por perto. Embora seja cedo agora,
entã o você estaria disposto a esperar por esta noite… Owwwww~”

Embora ela tivesse (desconfortavelmente) tentado esconder suas intençõ es


declarando-as de maneira indireta, era bastante ó bvio por seu tom lascivo que ela
pretendia seduzir Itami. No meio do caminho, no entanto, seu discurso terminou
repentinamente em um grito estranho.

Dado que Itami estava no assento do comandante do veículo, ele nã o tinha ideia
do que estava acontecendo. No entanto, Rory - que estava atrá s daquele assento - e
Tuka - que estava em frente a ela - pareciam balançar as pernas por algum motivo
desconhecido.

“É embaraçoso se eu nã o conseguir ajudar!”

“Como você pode chamar esse tipo de coisa de ‘ajuda’?” As garotas atiraram
umas nas outras e seus sussurros chegaram aos ouvidos de Itami.

O que elas estão fazendo? pensou Itami. Quando ele se virou e se recostou para
verificar o que estava acontecendo atrá s dele, Tuka mudou freneticamente de
assunto, como se quisesse encobrir a briga anterior.

“Pa-pai, quer dizer... meu pai Hodryur tocava cítara muito bem, e dizem que sua
mú sica poderia cativar qualquer um que a ouvisse.”

“Realmente? Entã o seu professor de mú sica era seu pró prio pai, Tuka.”

Tuka congelou ao ouvir essas palavras, e entã o continuou: “Eu nã o tive um


professor.”

“Entã o quem te ensinou?”

Tuka inclinou a cabeça, uma expressã o confusa no rosto.

P a g e 48 | 220
Para os elfos, seu talento para a mú sica era uma coisa inata, entã o eles nã o
tinham ideia do que aquela pergunta significava, e nenhuma ideia de como responder.
Tuka estava em uma situaçã o semelhante.

No entanto, Yao pareceu sentir a dificuldade de Tuka e deu-lhe uma mã o amiga.

De acordo com Yao, os elfos nã o eram uma raça que procurava pessoas
especialmente para aprender a praticar as artes. Mesmo coisas bá sicas como artes
marciais e magia espiritual eram aprendidas vendo e fazendo, e o resto era uma
questã o de devoçã o pessoal, prá tica e experiência.

“Entã o, em vez de dizer que ela nã o teve mentor, seria melhor dizer que todos ao
seu redor eram seus mentores.”

"Ah... entendo."

Por exemplo, nã o precisaríamos de um professor para aprender a falar ou para


aprender a realizar tarefas triviais do dia a dia. Normalmente, a pessoa pegava esses
fundamentos apenas vivendo o dia a dia, e Tuka estava em uma situaçã o semelhante.
Por causa disso, os Elfos nã o pensavam melhor ou pior uns dos outros por sua
proficiência em vá rias habilidades. Embora isso nã o fosse necessariamente verdade
para todos os elfos, eles geralmente viam coisas como habilidade natural como um
tó pico bastante enfadonho. Para os elfos, se alguém nã o conseguia dominar uma certa
habilidade depois de muito tempo, essa pessoa era apenas um desabrochamento
tardio; ao passo que se alguém era muito habilidoso em um determinado aspecto,
eles simplesmente diziam que ele havia investido muito tempo e esforço em seu
ofício. Na verdade, o pensamento de alguém realmente se esforçando e treinando
longas horas para superar os outros dentro de um determinado campo era algo como
“obsessã o” para os elfos, e eles pensavam mal dessas coisas.

“Se você tentar sem pensar plantar uma á rvore e forçá -la a se conformar à sua
vontade, mesmo que você tenha plantado essa á rvore em solo fértil, dado-lhe
bastante á gua e usado o poder dos espíritos nela… á rvore ainda cresceria em uma
forma nã o natural. Você nã o acha? Nó s, elfos, obedecemos à s regras da natureza –
buscamos unidade e compreensã o na natureza e almejamos viver vidas equilibradas.”

Os elfos tinham uma expectativa de vida muito maior do que os humanos e


portanto, gastavam muito tempo em tudo o que faziam. Os elfos só pegariam seus
instrumentos e tocariam se quisessem curtir sua mú sica. Apó s cerca de cem ou
duzentos anos assim, eles naturalmente se tornariam artistas magistrais.

“Entendo. Nã o é de admirar que as pessoas digam que aqueles que se destacam


em algum campo geralmente sã o esquisitos.”

P a g e 49 | 220
Para os elfos, aprender técnicas de mestres e passar técnicas pró prias eram
coisas que existiam para aquelas raças de vida curta que queriam se aprimorar. No
entanto, foi por causa da atitude dos elfos - seu há bito de fazer as coisas devagar e
completar as tarefas ao longo de centenas de anos - que a raça humana conseguiu
conquistar o mundo.

“Os humanos rejeitam os paradigmas com os quais nó s, elfos, vemos o mundo.”

Como humano, Itami coçou a cabeça e murmurou: “Bem, nã o sei o que pensar da
sua situaçã o. Eu me pergunto como Beethoven ou Mozart responderiam a você.”

“Diga, Youjy. Quem sã o essas pessoas de quem você está falando?”

Rory ergueu o corpo sobre os ombros de Itami e plantou as duas mã os ali. Ao


mesmo tempo, o cabelo preto dela caía em cascata sobre os ombros dele com um leve
farfalhar.

“No meu mundo, eles eram compositores. Eles viveram centenas de anos atrá s,
mas a mú sica que escreveram perdurou até hoje. Aparentemente, eles eram bem
excêntricos para a época”.

Se eles soubessem sobre os elfos, ficariam com ciúmes deles? No momento em que
Itami refletia sobre isso, um olhar veio do banco do motorista que parecia dizer:
“Tenho algo a dizer.”

A dona do olhar, Lelei, segurou o volante com força.

“Você…”

"Você o que?" perguntou Itami. Nesse momento, ele ouviu o som de outro motor
– claramente diferente do HMV – se aproximando. Antes que Lelei pudesse continuar,
a atençã o de Itami foi desviada.

"Oh! Está aqui, está aqui!”

Itami olhou ansiosamente para o céu e gritou pelo rá dio: “Tenho a confirmaçã o
visual da aeronave. Largue o pacote!

“Nã o precisa assinar e carimbar o pedido de entrega, mas, por favor, traga
algumas lembrancinhas! Até mais!”
P a g e 50 | 220
A voz do alto-falante do rá dio pertencia ao piloto do aviã o. Pouco depois, um
aviã o de transporte médio C-1 voou sobre eles, seus turbojatos rugindo no céu azul
claro. O som do escapamento foi tã o forte que abafou completamente a execuçã o de
Tuka.

Assim, o transporte C-1 fez uma passagem baixa sobre o solo.

Entã o, um grande caixote caiu em cima de Itami e dos outros, se soltando como
se tivesse rompido suas amarras.

“Ah! Vai quebrar se cair de um lugar tã o alto!”

"Cuidado!"

Este método violento de entrega fez Tuka e Yao exclamarem de surpresa.

P a g e 51 | 220
No entanto, o paraquedas do caixote abriu imediatamente, freando sua queda.
Seria difícil chamar aquela descida de “lenta”, mas, pelo menos, nã o parecia mais que
atingiria o solo com um impacto tremendo.

“Lelei, siga na direçã o onde o caixote caiu.”

Lelei agarrou o volante com força enquanto Itami apontava para o pá ra-quedas
caindo.

"...Entendido."

Embora Lelei parecesse oscilar entre a fala e o silêncio, no final ela assentiu
levemente e com um giro do volante, o HMV mudou seu curso.

******

Itami, o ex-comandante do 3º Recon., tinha uma nova missã o - investigar


recursos na Regiã o Especial.

Em poucas palavras, o principal objetivo dele era viajar pela regiã o especial e
procurar por quaisquer depó sitos de minério nos lugares que visitava. A equipe
dirigente o orientou a procurar locais que poderiam conter depó sitos de petró leo ou
de terras raras. No entanto, havia um problema evidente que precisava ser abordado
para cumprir essa missã o.

— Ou seja, que o pró prio Itami nã o era geó logo nem mineralogista.

Havia aqueles geó logos especialistas que podiam olhar para uma pequena rocha
e determinar se um minério estava presente ou nã o. Pessoas assim geralmente
acabavam trabalhando nas indú strias de mineraçã o ou construçã o. Em contraste,
quando Itami olhava para uma rocha, tudo o que viu foi uma pedra. Portanto, para
conduzir adequadamente a investigaçã o, eles precisavam de guias nativos para
ajudar a colher notícias dos moradores locais. Além disso, eles precisavam obter uma
compreensã o aproximada da distribuiçã o de recursos na á rea a partir desses
rumores.

“Sim entendi. No entanto, eu nã o esperava que o chefe realmente me deixasse


investigar sozinho. Isso foi bastante surpreendente.”

P a g e 51 | 220
A verdade era que o superior de Itami, Maj. Higaki, estava preocupado com ele.
Itami acabaria com depressã o depois que sua suspensã o terminasse e ele nã o tivesse
nada para fazer?

“Você ainda está dizendo isso? Nã o foi você quem fugiu para o Reino de Elba para
investigar seus recursos subterrâ neos, nã o faz muito tempo?

Isto era o que as autoridades tinham a dizer sobre Itami indo AWOL para matar o
Flame Dragon: “Durante a execuçã o de sua missã o de prospecçã o de recursos, 1LT
Itami coincidentemente encontrou uma Besta Perigosa Classe A, conhecida como
Dragã o, e a matou com a ajuda dos locais”. Esses eram os conteú dos oficiais do
relató rio pó s-açã o.

“Bem, como eu poderia fazer isso sozinho? As meninas estavam lá para ajudar
naquela época.”

“Entã o, recrute assistentes locais desta vez também. Já orçamos essas despesas.”

Higaki folheou um fichá rio e mostrou a Itami uma planilha.

Os superiores deram sua aprovaçã o depois de receber relató rios sobre a


descoberta de diamantes brutos e petró leo, de modo que o orçamento para a
prospecçã o de recursos foi bastante aumentado. Embora isso tenha sido certamente
uma surpresa inesperada, mais financiamento para essas atividades só viria se elas
pudessem continuar a mostrar resultados apropriados. Eles nã o podiam comemorar
apenas porque seu orçamento foi aumentado no momento.

O dedo de Itami traçou os nú meros na planilha e ele ficou chocado.

"Uwah... um, dez, cem, mil, dez mil, cem mil, milhõ es... realmente há tantas
despesas para pagar?"

“Esses burocratas acham que, se investirem dinheiro em um problema, obterã o


resultados. Graças a eles, enviaremos outras pessoas em missõ es de prospecçã o de
recursos além de você.”

“Mais dinheiro é bom, né? Deveríamos estar felizes que a chefia nos deu todo
esse orçamento. Porém, eu tenho uma pergunta; os locais que contratamos com
dinheiro sã o realmente confiá veis?”

P a g e 52 | 220
“Você nã o é o ú nico que se dá bem com os habitantes locais. Claro, eles nã o sã o
tã o visíveis quanto você. Além disso, os Elfos Negros que você ajudou se ofereceram
para nos ajudar.”

“Aqueles Elfos Negros? Quando eles…”

“Eles vieram enquanto você estava suspenso. Eles disseram: 'Finalmente


recuperamos nossa terra natal e ganhamos um pouco de paz, mas nossas casas foram
destruídas enquanto está vamos escondidos, entã o queríamos vir trabalhar por um
salá rio', 'Por favor, dê-nos empregos' e assim por diante. Além disso, o Reino de Elba
também enviou pessoas.”

“Eu nã o posso acreditar que o velho vovô era realmente um rei. Descobrir isso
me surpreendeu um pouco. Embora, nó s os ajudamos em sua hora de necessidade.”

“Bem, todos eles têm segundas intençõ es. No entanto, nã o teremos que nos
preocupar com eles nos traindo, pelo menos. Isso é o mais importante. Em qualquer
caso, é melhor você começar a trabalhar nesta missã o. Entendeu, Itami?”

"Sim senhor! Entendido!"

Itami prestou uma saudaçã o formal precisa e, assim que estava prestes a se virar
e sair do escritó rio de seu comandante -

"Ah, isso mesmo, espere."

Itami congelou no meio do movimento quando Higaki o chamou. Ele se virou e


perguntou: “Mais alguma coisa?”

"Eu quase esqueci de dar isso a você."

Higaki entregou a Itami um contracheque. Ele o folheou e ficou chocado. Ele até
se perguntou se havia algo errado com seus olhos.

"Um, dez, cem, mil, dez mil... uwah, isso é..."

"Você fez por merecer isso. Alguém nã o lhe deu um diamante de presente? Com
isso, seu pagamento deduzido nã o deve ser um problema, certo?”

“Sã o duas coisas diferentes, certo? E é difícil avaliar um diamante como esse.
P a g e 53 | 220
Francamente falando, até que eles verifiquem seu valor corretamente, é apenas um
enfeite.”

Depois de receber o diamante bruto, Itami o levou a uma joalheria sofisticada em


Ginza para que fosse avaliado.

Claro, porque o diamante nã o era apenas de alto grau, mas porque era enorme,
eles disseram a Itami que era impossível calcular seu valor.

Se o quebrassem em pedaços, provavelmente poderiam vendê-lo. No entanto, o


joalheiro recusou firmemente - em um tom cuidadoso e cauteloso - e disse: 'Nã o
poderíamos fazer nada tã o chocante quanto isso. Este diamante é precioso
precisamente por causa de seu grande tamanho. Se o quebrá ssemos em deferência
aos desejos do dono, seria um insulto à pedra”. No entanto, o preço que correspondia
a uma joia desse tamanho nã o poderia ser expresso por meros nú meros. Se
pressionado, ele diria que seria uma soma "astronó mica". Na verdade, nã o seria
exagero dizer que era um nú mero “radioastronô mico”.

<Nota de TL: Na astronomia, os telescópios ópticos são os tipos mais comuns


usados e podem ver uma longa distância. Os radiotelescópios podem ver ainda
mais longe do que isso. Resumindo, a pedra é realmente valiosa.>

“Tenho certeza de que nã o há ninguém neste país com poder aquisitivo para
adquirir esta joia. As pessoas que poderiam pagar provavelmente seriam sheikhs
á rabes ou magnatas financeiros judeus. Nossa empresa simplesmente nã o tem
conexõ es com grandes jogadores como esses, entã o, por favor, perdoe-nos por nã o
poder apresentar um comprador a você. No entanto, você pode tentar falar com
empresas especializadas em comércio de pedras preciosas e perguntar por aí. Nã o
podemos garantir que tipo de resposta você receberá , quando essa resposta virá ou
mesmo se você receberá uma resposta em primeiro lugar. Tudo o que posso pedir é
que você espere pacientemente.”

O joalheiro devolveu a pedra preciosa a Itami com as mã os trêmulas ao dizer


isso.

Por causa disso, as finanças de Itami ainda estavam em apuros. Nã o só ele nã o


era um milioná rio da noite para o dia (ou mais), ele estava, de fato, falido.

—Tudo isso foi por causa do que aconteceu com Itami depois de matar o Dragã o
de Fogo.
P a g e 54 | 220
“Eh…”

Itami pegou seu caderno emitido pelo JSDF e riscou metodicamente algumas
linhas de texto em suas pá ginas.

Toda vez que ele fazia isso, ele suspirava. Isso fez com que as senhoras pró ximas
concentrassem sua atençã o nele.

“Qual é o problema? Por que eata tã o taciturno?”

Rory espiou por trá s do encosto do assento e deu uma espiada no caderno de
Itami.

“O que é isso?”

“Nada, é só uma lista de compras. Como meu pagamento foi reduzido, também
tive que cortar despesas. Mas quanto mais penso nisso, menos quero desistir de
qualquer um dos itens aqui. Seria uma pena nã o comprá -los…”

Ele murmurou: “Nã o posso desistir disso, nã o posso desistir daquilo”, e entã o
abriu uma lista de doujin do mercado de doujins e alinhou ao lado do caderno. Por
causa de tudo isso, Itami era chamado de otaku. Claro, se Rory soubesse a verdade
por trá s de disso, ela provavelmente teria enfiado a cabeça por trá s, enquanto
resmungava “Nã o me preocupe com esse tipo de coisa”. Dito isso, ela nã o conseguia
ler bem os caracteres japoneses, entã o tudo o que ela disse foi: “Que pena”, e depois
voltou para o seu lugar.

Além de Itami, apenas Lelei conseguia entender os caracteres japoneses à


primeira vista. No entanto, ela estava no banco do motorista à direita de Itami, com as
mã os firmemente apertadas ao redor do volante, observando sua frente enquanto
pisava no acelerador. Portanto, ela nã o teve tempo de espiar o que estava nas mã os
de Itami.

O HMV seguia firmemente em direçã o ao norte.

Como nã o havia estradas artificiais nas planícies, eles ocasionalmente


encontravam rochas ou buracos ao longo do caminho. A motorista Lelei nã o precisou
gastar muita energia para contornar esses obstá culos, o que também mostrava o
quanto ela havia se tornado há bil em contorná -los e resolver todos os problemas que
eles tinham na estrada. Claro, parte do motivo pelo qual ela podia fazer tudo isso era
P a g e 55 | 220
por causa do avançado sistema de assistência ao motorista instalado no veículo. Mas
também se pode inverter e dizer que ninguém poderia esperar que um motorista
novato, que havia começado a aprender no dia anterior, fosse capaz de dirigir tã o
bem.

“A adaptaçã o ao ambiente é mais importante do que aprender habilidades em


um local sem regras de trâ nsito.”

O que se aprendia em uma autoescola era como dirigir com segurança,


obedecendo à s regras de trâ nsito. No entanto, em um local sem semá foros ou sinais
de trâ nsito, essas habilidades nã o eram tã o importantes.

Aliá s, Rory, Tuka e Yao também haviam experimentado sentar ao volante.


Naquele dia, Itami recebeu um lembrete sombrio de como as motoristas novatas
podiam ser assustadoras. Na verdade, ele disse as três:

“Eu nã o vou andar em nenhum veículo que vocês, garotas, estejam dirigindo.”

“Nã o importa quanto tempo demore, aquelas três nunca, nunca, em hipó tese
alguma, podem tocar num volante”, “É muito perigoso”, “Vai haver um acidente com
certeza”, “Espectadores inocentes vã o se machucar”, “De qualquer forma, está
proibido!”

Assim, Itami avaliou suas habilidades de direçã o.

Portanto, apenas Lelei - que tinha muita confiança em suas habilidades - tinha
permissã o para praticar direçã o.

“Ela está se adaptando muito bem. Porém, ela deveria estar ficando cansada
agora. Ei, venha vamos trocar comigo”, disse Itami.

Ele o fez por preocupaçã o com Lelei, mas surpreendentemente, Lelei nã o tinha
intençã o de parar.

Por alguma razã o, ela nã o prestou atençã o à s palavras de Itami e continuou


segurando o volante. Pouco depois, ela respondeu secamente:

"Nã o é necessá rio. Espero que você continue ao meu lado."

Depois disso, Itami olhou para o rosto dela por um tempo. Ele notou que ela
havia começado a usar brincos de malaquita recentemente, e seu corpo antes magro
estava começando a mostrar algumas curvas, um sinal claro de que ela estava
crescendo.

“Pode ser... você gosta de dirigir?”


P a g e 56 | 220
Lelei respondeu: “Muito.”

“Por que, por que você gosta?”

“Gosto de controlar o leme enquanto analiso rapidamente as condiçõ es do piso


da estrada e o atrito das rodas, além de prestar atençã o na mobilidade do veículo e
em suas características. Os efeitos da manipulaçã o do leme sã o instantaneamente
visíveis na forma de uma mudança física na viagem. Sinto que dirigir é um teste
pessoal de intelecto e racionalidade. O pró prio veículo é uma construçã o do intelecto
humano, e a sensaçã o de fusã o com ele é estranhamente semelhante à sensaçã o de
lançar um feitiço...”

Lelei nã o parou para respirar e continuou entregando o que parecia uma tese.

"... Entã o é divertido, hein."

Enquanto Lelei estava monologando, houve uma leve mudança em sua


expressã o. Talvez seja apropriado descrevê-lo como “um leve rubor nas bochechas”
ou “timidez”.

Até aquele momento, Lelei — que estava extremamente focada na direçã o —


parecia fazer parte do veículo, sem nenhuma mudança em sua expressã o.

Depois disso, assim que terminou de responder à pergunta de Itami, ela


acrescentou:

“Além disso, a Academy City of Londel nã o está muito à frente. Seremos capazes
de vê-lA depois de cruzar aquele cume.

Foi como Lelei disse.

Depois de cruzar o pico, um novo mundo pareceu se abrir diante dos olhos de
Itami: construçõ es de pedra, agrupadas como estrelas, espalhadas em todas as
direçõ es à sua frente.

******

“Londel é uma cidade antiga com um passado longo e distinto. A maioria das
cidades antigas se parece com essa, e todos os tipos de raças vivem aqui…”

Pelas explicaçõ es de Lelei, ele soube que Londel foi fundada há cerca de 3.000
anos, começando como uma espécie de academia particular. O Deus da Sabedoria de
duplo aspecto Elrantola - embora ainda um Semideus na época - inspirou a
P a g e 57 | 220
construçã o da academia.

A histó ria de Londel era mais longa que a do Império, o que era motivo de
orgulho para seus moradores. Embora os países vizinhos tenham subido e caído em
um ciclo interminá vel, sua reputaçã o como uma capital duradoura de sabedoria
resistiu ao teste do tempo.

Muitos sá bios e má gos se reuniram aqui, passando seus dias em estudo e


pesquisa. Ao mesmo tempo, discípulos mais jovens com sede de conhecimento
vieram de todas as partes do mundo, estudando diligentemente para alcançar seus
objetivos.

“A palavra ‘Lindon’ da ‘Lindon School’ significa ‘originá rio de Londel’.”

“Entendo…”

Lelei era um discípulo da Escola Lindon. Itami murmurou maravilhado ao saber


da origem do nome, e entã o sua atençã o foi roubada pelos pontos turísticos da cidade.

O interior da cidade era feito de tijolos secos ao sol, argamassados e rebocados.


As saliências do telhado eram feitas de uma ú nica peça só lida de material. Os espaços
entre eles eram estreitos o suficiente para que duas pessoas pudessem colocar os
braços para fora das janelas em paredes opostas e dar as mã os. Além disso, os prédios
eram tã o antigos que os exteriores originalmente brancos estavam agora sujos a
ponto de se pensar que haviam sido carbonizados. O reboco lascou as paredes,
revelando os tijolos por dentro. Atraçõ es como essas podem ser vistas por toda a
cidade. Havia marcas claras onde os pedreiros reaplicaram o gesso e portanto,
manchas de cores diferentes por toda parte nas paredes. Tudo isso tornava as partes
degradadas da parede muito mais ó bvias.

A maioria dos edifícios tinha dois ou três andares. Os raros prédios de quatro
andares se destacavam dos outros quando alcançavam o céu.

Acima da rua estreita, as pessoas penduravam roupas para secar nas janelas do
segundo e terceiro andares, e suas roupas balançavam suavemente na brisa fraca.

As pessoas na rua eram um caldeirã o cultural. Era muito parecido com o interior
de uma pequena pousada, pois ambos eram basicamente exercícios de como
amontoar o má ximo de pessoas possível em um espaço pequeno. Por causa disso, a
densidade de pessoas nas ruas havia atingido seu ponto má ximo.
P a g e 58 | 220
A estrada chamada Avenida Central tinha, na verdade, pouco mais de cinco
metros de largura. As muitas pessoas andando de um lado para o outro incluíam
bruxas com cestos na cabeça, anõ es transportando madeira, anciã os idosos
(humanos), bem como aprendizes de vá rias espécies. O HMV estava preso entre eles -
essa era a mesma ló gica de uma pessoa que deseja dirigir por uma movimentada rua
comercial à noite.

No entanto, se alguém olhasse em volta, veria carroças cheias de vegetais ou


velhos montados em cavalos que tiveram o mesmo destino que o HMV. As pessoas
nã o entendiam o conceito de fluxo de trá fego e portanto, se moviam de maneira
aleató ria e iló gica - caminhando pelo centro da estrada, entrando e saindo
casualmente dos lados, parando e conversando onde estavam... Cenas como essa
estavam por toda parte . Os vagõ es e carroças de carga maiores foram reduzidos a um
rastejamento por essas condiçõ es caó ticas.

Parecia que todos no HMV - Itami incluído - estavam acostumados a situaçõ es como
essa e todos apresentavam expressõ es de resignaçã o. Eles bocejavam e tinham uma
expressaõ de “Vamos avançar lentamente” escrita em seus rostos. No entanto, neste
momento, nã o havia sentido em bater os pés em aborrecimento. Itami, que estava
tentando se acostumar com a atmosfera local, resmungou: “Ah, que azar, chegamos na
hora do rush”, e entã o mudou seus sentimentos para um padrã o que se adaptasse
melhor à espera de um engarrafamento.

“Aqui é sempre assim. Nã o é planejado nem ló gico.”

Lelei disse essas palavras, ao mesmo tempo melancó lica e resignada, do banco
do motorista enquanto dirigia lentamente o HMV.

Na frente do HMV havia uma carroça carregada de vegetais que pareciam


abó boras.

O carroçeiro era um velho. No fundo havia um Halfling masculino e uma jovem


com orelhas de gato, que se sentavam juntos de uma maneira muito familiar,
encostados um no outro. Era uma cena que fazia as pessoas quererem sorrir, e Itami
se perguntou se aquele Halfling adulto e aquela jovem com orelhas de gato eram um
casal enquanto ele olhava para eles sem perceber. Nesse momento, os olhares de
ambos os lados se encontraram, e Itami sorriu para disfarçar seu constrangimento.

Talvez ela tenha sido afetada pelo ar de impaciência e ansiedade no veículo, mas Lelei
P a g e 59 | 220
deu uma sugestã o a todos.

“Depois de virar à direita no cruzamento à frente, haverá uma grande pousada


nã o muito longe. Se você realmente nã o aguenta esperar mais, pode ir em frente e dar
uma olhada.”

No entanto, Tuka nã o gostava da agitaçã o e do barulho das ruas. Ela rejeitou a


ideia dizendo “Vamos nos perder se andarmos em á reas estranhas”, e pontuou sua
declaraçã o pegando seu instrumento musical. Enquanto isso, o rosto de Rory dizia
"Estou tã o feliz por nã o termos que ficar presos aqui". Depois de dizer: "Entendi, irei
primeiro", ela desmontou e pediu a Yao para se juntar a ela.

“Isso será de grande ajuda.”

“Eu sei. Deixe-me escolher a pousada para nó s.”

E assim, Rory e Yao avançaram animadamente, logo desaparecendo na multidã o.


"Ela já esteve aqui antes?" Itami murmurou.

Tuka concordou e disse: “Definitivamente nã o é a primeira vez dela” enquanto


pegava seu alaú de. “Falando nisso, o que devo tocar a seguir?”

“Ah, entendi. Qual seria uma boa mú sica para se tocar... ”

Quando o HMV chegou à pousada, Tuka havia tocado cerca de dez pedidos para
Itami.

******

Rory escolheu uma pousada chamada Reader's Rest. Este era um edifício de
quatro andares, cujos dois andares inferiores eram feitos de tijolo, enquanto os dois
andares superiores eram feitos de madeira. Parecia um lugar bastante extraordiná rio.

Parados na porta principal da pousada, Rory e Yao acenaram freneticamente


para Itami e os outros enquanto gritavam “Aqui, aqui”, “Estamos bem aqui”.

Lelei as avistou de longe e guiou o veículo. O criado da pousada viu isso e saiu
correndo freneticamente. No entanto, ao fazer isso, o cabeludo Homem-Besta
percebeu que esta carroça aparentemente nã o era puxada por cavalos e inclinou a
cabeça em confusã o. Entã o, ele se dirigiu respeitosamente a Itami e aos outros dentro
P a g e 60 | 220
do veículo: “Vocês devem ser seguidores de Sua Santidade. Por favor siga-me." Com
isso, ele conduziu os pedestres pró ximos para fora do caminho e guiou o carro em
direçã o à pousada. Como a cidade era um local de encontro para muitas espécies, era
possível ver muitos humanoides mestiços em todos os lugares.

“Somos seguidores de Rory? Quando exatamente eu concordei em ser tratado


assim?” Itami resmungou. Em resposta, Lelei respondeu:

“As pousadas aqui sã o muito exigentes. Normalmente, você nã o pode ficar sem
que alguém o apresente. O que ela fez foi muito apropriado.”

“Parece um restaurante antigo de Tó quio. Ainda assim, isso significa que tudo o
que precisamos fazer é mencionar Rory para nos livrarmos de todos os problemas em
nosso caminho, certo?”

“De fato. Os residentes sã o tã o antiquados quanto esta cidade e se curvam


facilmente à fama e ao poder.”

“Mm, afinal, parece que os deuses sã o a maior autoridade neste mundo.”

Eles olharam para a á rea de estacionamento da estalagem, onde diligências e


vagõ es de carga estavam perfeitamente alinhados.

Dentro dos está bulos, eles podiam ver cavalos para puxar carroças e castrados
usados para montar. Todos estavam se servindo de forragem. Mais adiante, havia
criaturas que pareciam dinossauros. À primeira vista, pode-se pensar que a pousada
estava se preparando para montar uma filial do Jurassic Park.

“A garagem coberta é aqui..”

O Homem-Besta guiou Itami e os outros até a garagem das carroças cobertas em


tom natural, sem se preocupar em explicar os detalhes para eles.

Segundo Lelei, pousadas como essas costumavam ter dois lugares de


estacionamento - o estacionamento ao ar livre e a garagem coberta, que tinha portas
trancadas e telhado. Embora usar a garagem trancada fosse mais caro, era uma
despesa que valia a pena para os comerciantes que transportavam grandes
quantidades de carga. Em contraste, o estacionamento ao ar livre era gratuito, mas se
alguém estacionasse um vagã o de mercadorias ali, corria o risco de ladrõ es fugirem
com sua carga e claro, havia o inconveniente de estar exposto aos elementos.
P a g e 61 | 220
Seria incô modo levar as armas, muniçõ es e outros equipamentos do HMV para o
quarto deles, entã o Itami, regozijou-se com o fato de terem uma á rea fechada para
estacionar o veículo.

Depois que todos desceram, Itami rapidamente recuperou seus artigos de


higiene e outros suprimentos de uso diá rio, bem como sua arma. Depois fechou a
porta da garagem com as mã os ocupadas.

Depois disso, Lelei, Tuka e Rory - que havia surgido por trá s deles - começaram a
bater e mexer na porta e na fechadura da garagem.

"O que eles estã o fazendo?" Itami se perguntou. O criado, que estivera de lado o
tempo todo, respondeu calmamente:

“Essa é uma proteçã o de muitas camadas. Magia, magia espiritual, bem como a
maldiçã o de Sua Santidade... qualquer idiota que os tocar terá uma morte horrível.
Mesmo que sobrevivam por algum milagre, provavelmente desejarã o estar mortos.
Ohhhhh, me assusta só de pensar nisso.

Depois de perceber que elAs provavelmente estavam estabelecendo medidas


anti-roubo, Itami jurou nã o se aproximar deste lugar novamente.

******

“Bem-vinda, Santidade Rory, assim como seus seguidores. Eu sou o dono do


Repouso do Leitor, Hamal. É uma honra servir pessoalmente Vossa Santidade durante
sua estada aqui. Isso nã o é uma ostentaçã o vã , mas mesmo na antiga cidade de
Londel, o Repouso do Leitor pode ser considerado uma das mais antigas de nossas
muitas instituiçõ es histó ricas. E agora, graças ao patrocínio de Vossa Santidade, este
humilde estabelecimento pode somar mais uma marca de honra em sua longa e
distinta histó ria.”

O estalajadeiro Hamal claramente nã o era humano à primeira vista - nã o só ele


era enorme de corpo, sua pele parecia ser de cor vermelha. Depois de perguntar,
Itami descobriu que ele era um Pooka, uma espécie adepta do comércio.

Separado deles por um balcã o, o estalajadeiro entregou um registro de hó spedes


a Rory. Ao mesmo tempo, uma fada do tamanho da palma da mã o desceu ao lado do
livro, produzindo rapidamente uma caneta para eles.
P a g e 62 | 220
Rory aceitou a caneta com um “Obrigado” e entã o assinou seu nome com grandes
traços largos.

O estalajadeiro sorriu de satisfaçã o ao ler o nome de Rory.

“Rory Mercury… como esperado, a caligrafia de Vossa Santidade é impecá vel.


Nã o é uma ostentaçã o vã , mas este registro contém a assinatura do rei tirano Solmon
de Kracia.”

“Ah, que nome nostá lgico. Naquela época, eu era apenas uma sacerdotisa
estagiá ria. Essa pessoa também ficou aqui?”

"De fato. O rei Solmon passou sua juventude nesta cidade de Londel. Claro, o
nome de Vossa Santidade também se tornará um motivo de orgulho para nossa casa e
será transmitido de geraçã o em geraçã o.

Depois que Rory assinou seu nome, Lelei pegou a caneta e assinou pelos outros
quatro. Porém, durante esse tempo, o estalajadeiro continuou falando apenas com
Rory.

“Sua Santidade, posso perguntar por que você veio a este lugar?”

Todos sabiam que Londel era uma cidade de aprendizado e conhecimento, entã o
todos os santuá rios aqui eram dedicados aos deuses da sabedoria, conhecimento e
assim por diante, como o Deus da Sabedoria Elranyala. Por sua vez, era praticamente
inédito ter um Apó stolo de Emroy visitando este lugar.

“Na verdade, vim acompanhar essa garota.”

Enquanto Rory falava, ela gesticulava com os olhos para o estalajadeiro. Só entã o
ele pareceu perceber que Lelei existia e murmurou “A garota Rurudo?” Ele a olhou
dos cabelos prateados até a ponta dos pés, como se estivesse lambendo seu corpo
com o olhar. Aparentemente, os Rurudo eram uma raça muito rara de humanos,
vivendo um estilo de vida nô made sem lar fixo.

“O manto de um sá bio... Entendo, ela é uma aprendiz recém-admitida?”

Simplificando, a “admissã o” de que Hamal estava falando se referia a assinar com


um mestre para aprender seu ofício. Todos os que desejavam trilhar o caminho da
P a g e 63 | 220
academia precisavam começar aprendendo conhecimentos bá sicos dos sá bios em
suas casas. Depois disso, aprendizes notá veis viajariam para Londel em busca de
conhecimentos cada vez mais esotéricos. Mesmo assim, coisas como escolas ou
instituiçõ es educacionais organizadas nã o existiam nesta Cidade da Sabedoria. Em
seu lugar, os aprendizes procuravam professores na cidade e imploravam permissã o
para estudar com eles. A maioria dos aprendizes que vinham aqui para aprender sua
arte tinha mais ou menos a idade de Lelei. Assim, o estalajadeiro chegou à conclusã o
de que Lelei era uma “aprendiz recém-admitida”.

Rory entendeu os pensamentos do estalajadeiro e ela simplesmente sorriu sem


dizer nada.

“Bem-vinda a Londel. Vou providenciar seus quartos, que serã o os melhores da


casa, é claro. Eu rezo para que sua Santidade e seus seguidores esperem aqui por
alguns momentos.”

O estalajadeiro apitou, chamando os meninos que faziam biscates na estalagem.


Logo, Brownies, Pookas, Hobbits e jovens de vá rias espécies encheram a sala.

“Adicione outra cama ao quarto 2 no quarto andar. Arrume a sala 3 do outro lado
também. De pressa!"

“Sim, Hamal-san!”

Vá rios dos criados saíram correndo depois de receber instruçõ es para adicionar
outra cama ao quarto para três pessoas.

Outros, que nã o tinham nada em mã os, cercaram o grupo enquanto diziam:


“Deixe-nos ajudá -lo a levar sua bagagem”.

“Uwah, essa garota é muito fofa!”

“Ela é linda. Olha, o cabelo dourado dela é tã o bonito!”

“Você muito! Ela é uma convidada! Nã o seja rude com elas!”

"Sua Santidade. Por favor, permita-me pegar sua alabarda.

Um dos servos pegou a alabarda de Rory e começou a gritar “Uwaaaaah!” ao


sentir seu peso. Ao mesmo tempo, ele perdeu o equilíbrio em choque e caiu para o
lado.

P a g e 64 | 220
A alabarda caiu em direçã o à virilha de outro servo, que gritou “Aieeee!” e saltou
antes de cair de bunda no chã o. Entã o, a alabarda afiada se cravou no chã o de
madeira quase sem fazer barulho.

“Ei, vocês! Que diabos está fazendo?!"

“Desculpe, Hamal-san. Mas... é muito pesada... Por favor, por favor, siga-nos, seu
quarto é no quarto andar.”

"Um dois três!"

A alabarda foi finalmente movida pela força combinada de três pessoas, que
entã o começaram a carregá -la escada acima.

Rory deu de ombros e disse: “Meu Deus”, ao vê-los lutando, antes de subir as
escadas.

Lelei, Tuka e Yao entregaram suas bagagens aos criados da estalagem, e elas
subiram as escadas de mã os vazias. No final, apenas Itami ficou onde estava, ainda
segurando sua bagagem.

“Ah... e quanto a mim?”

Itami estava um pouco deprimido e sem palavras, visto que ninguém havia
falado com ele ou se oferecido para levar suas coisas. “Eu nã o fui esquecido, certo?”
“Eu ainda sou um convidado, certo...?”

Essas palavras resmungadas chegaram aos ouvidos do estalajadeiro. Hamal


voltou seu olhar para Itami e disse:

“Ah, isso mesmo. Um lacaio como você pode ficar na Sala 3, aquela oposta à s
outras. Estive pensando sobre isso e, embora seja apenas um depó sito,
provavelmente ainda é melhor que um lacaio esteja por perto quando for chamado.
Você nã o acha? Você deveria estar me agradecendo. Fei! Mostre a ele o caminho até
lá !”

Itami piscou e viu uma garota fada, tã o pequena que podia ficar na palma da mã o
dele, pairando no ar.

Ela fez um gesto de “venha comigo” para Itami.


P a g e 65 | 220
“Obrigado, obrigado.”

Alguém como ela nã o poderia ajudá -lo a carregar sua bagagem...

Enquanto Itami murmurava “Sala 3” para si mesmo, ele lentamente subiu as


escadas.

******

Por outro lado, Hamal - o ú nico que permaneceu no andar de baixo - olhou os
nomes no registro de hó spedes e começou a pensar: "Quem é essa garota Lelei?" e "O
que ela tem a ver com uma apó stola de Emroy, afinal?"

Qualquer um que administrasse uma pousada precisava de um par de olhos


aguçados para examinar as pessoas. Permitir tolamente que pessoas de procedência
desconhecida fiquem em uma pousada pode levá -los a nã o pagar suas contas ou, pior
ainda, a roubar.

O Repouso do Leitor estava no mercado há mil anos e mantinha suas pró prias
tradiçõ es. Cada geraçã o de seus proprietá rios ficava de olho em todos os convidados
que chegavam e ficavam instantaneamente cientes de qualquer coisa engraçada que
faziam. Foi por meio dessa prá tica que a pousada ganhou sua reputaçã o de
confiabilidade, e foi por isso que seus grandes clientes acorreram a eles. Foi por esse
motivo que o estalajadeiro Hamal fez uma verificaçã o de antecedentes de todos os
clientes que ficaram aqui, embora recentemente suas açõ es tenham ido além da linha
de simples “alerta”. Sua mente girava e girava com todos os tipos de cená rios
imaginados - eles se tornaram um hobby dele.

"Lelei La Lele... hein."

Para a maioria das pessoas, o manto do sá bio que Lelei usava parecia muito
simples. No entanto, Hamal era muito perspicaz. Ele deduziu imediatamente que suas
roupas e suas costuras eram bem-feitas e valiosas. Ainda assim, era difícil imaginar
que uma garota errante de Rurudo pudesse ser tã o extravagante. Assim, o estalageiro
decidiu flexionar sua imaginaçã o e elaborou um roteiro colorido para ela.

Por exemplo, aquela garota poderia ter chamado a atençã o de um nobre rico e se
tornado uma filha adotiva?

P a g e 66 | 220
Se as pessoas falaram muito bem dela, entã o deve ter havido algum magnata ou
nobre rico que entregou os negó cios da família e seus poderes ao filho e decidiu
encontrar significado em seus anos crepusculares por meio do ensino. Depois de
procurar por toda parte, ele encontrou uma garota talentosa e decidiu criá -la -
provavelmente uma esposa para seus netos, talvez, e ele se esforçou para educá -la
adequadamente.

Por outro lado, se houvesse fofocas maldosas sobre ela, entã o ela seria uma
jovem (criança?) concubina, e nã o uma filha adotiva. Se aquela garota realmente
estivesse em tal situaçã o, poderia haver pessoas que simpatizassem com ela ou se
ressentissem - talvez depois de se casar com sua ú ltima conquista, o velho lascivo
poderia ter morrido de ataque cardíaco ou algum outro motivo. Depois disso, seus
filhos ficariam frustrados - como eles lidariam com essa (criança?) concubina que
provavelmente era mais jovem que eles? A conclusã o mais razoá vel era que ela seria
exilada da casa, mas em troca teria permissã o para viver uma vida de liberdade. Além
disso, ela seria enviada para Londel com uma mesada generosa.

Se essa seqü ência de eventos fosse precisa, entã o ele estaria justificado em
prever que Sua Santidade teria tido pena da pobre garota e a escoltado até aqui.

“Tuka Luna Marceau e Yao Ro Ducy.”

ValValia eu a pena pensar neste par de elfas também. Afinal, Elfos e Elfos Negros
nunca se deram bem. No entanto, as duas estavam viajando juntos, entã o a razã o para
isso deve ser interessante.

“Itamy Youjy... bem, ele é apenas um lacaio de bagagem, nã o adianta pensar


muito nele.”

Suas roupas eram uma mistura desigual de verde escuro e brilhante e cobertas
de listras marrons que pareciam ser jogadas aleatoriamente.

Depois de um tempo, o som de passos desceu as escadas, e os criados que haviam


conduzido os convidados para seus quartos apareceram.

Hamal gritou para eles: “Nã o façam barulho quando caminharem!” e depois
sussurrou baixinho: “Como foi?”

Em outras palavras, quã o generosos foram os convidados?

Podia-se determinar a riqueza de um hó spede pelas gorjetas que ele dava aos
empregados.

P a g e 67 | 220
Um deles respondeu: “Eles deram gorjeta em cobre Molt”, e mostrou o dinheiro
em suas mã os para Hamal.

"Oh sério? Cada um de vocês os recebeu?”

“Cada um de nó s tem um.”

Uma parcela considerá vel das pessoas que optava por ficar no Repouso do Leitor
era da classe rica da sociedade. Mesmo assim, na maior parte do tempo, eles davam
apenas alguns finos cobres Bita cada um, o que eles consideravam um fato da vida
profissional. No entanto, qualquer um que pudesse dar grossas e pesadas moedas de
cobre Mort como gorjeta deve ser bastante generoso. Graças a essas dicas, os criados
estavam todos falando sobre essas convidadas.

“Aquela garota de cabelos prateados com olhos azuis é muito fofa!”

“Eu acho que aquela garota elfa loira é melhor.”

“Oi oi, ela é uma elfa, entã o ela provavelmente é bem velha.”

“Se for esse o caso, quem você prefere?”

“Sua Santidade, é claro.”

“Ela nã o é ainda mais velha?!”

E assim, os criados iam e vinham, o que dava início a uma animada discussã o.

Hamal pessoalmente sentiu que a garota Dark Elf era mais o seu tipo. Nessas
circunstâ ncias, sua idade real nã o era um problema. O mais importante era o apelo
sexual da mulher madura que ela possuía. Eles são meninos, e é por isso que não
conseguem apreciar os encantos dela, Hamal pensou enquanto olhava
presunçosamente para os criados.

“Oh, nó s temos clientes novamente. Há muito trabalho a fazer, pessoal, entã o


vivam!”

Hamal bateu palmas e os criados da estalagem disseram em coro “Sim, senhor”


antes de correrem para o trabalho.

Depois disso, os hó spedes que queriam ficar foram filtrados. A taxa de ocupaçã o
de hoje foi muito boa. A maioria deles parecia ser mercadores de livros que
frequentemente visitavam este lugar, ou pais que mandavam seus filhos aqui para
P a g e 68 | 220
encontrar um mestre. Hamal deu as boas-vindas a todos educadamente e pediu que
assinassem o registro de hó spedes, depois fez com que os criados conduzissem os
convidados para seus quartos. Ele repetiu essas tarefas familiares de cor,
intimamente familiarizado com cada etapa do processo.

Havia também alguns comerciantes viajantes que voltaram de sua jornada para a
Capital Imperial.

Uma vez que ele perguntou, ele descobriu que uma ponte crítica que levava à
Capital havia desabado, e agora atravessar o rio era um problema.

Nã o havia notícias de enchente do rio, entã o ninguém poderia esperar que algo
assim acontecesse. Ao ouvir mais de perto, ele ouviu as pessoas dizerem coisas como

“Parece que alguém sabotou de propó sito”.

“Mas alguém ganharia algo com isso?”

Hamal perguntou. Seus convidados responderam: “Podem haver certos


comerciantes movendo produtos para a Capital Imperial. Eles podem querer
aumentar os preços e para espalhar os rumores da destruiçã o, eles fariam isso.”

E assim, os comerciantes viajantes chegaram à estalagem um por um, embora


tenham diminuído depois que Hamal acolheu alguns deles. Entã o, o som de passos
veio da escada.

Hamal virou-se para olhar e viu que Rory e seus companheiros estavam
descendo as escadas. Ao ver isso, ele percebeu algo profundamente - que a verdade à s
vezes pode ser mais vívida do que a ficçã o. A julgar pelas gorjetas considerá veis que
os criados receberam, a trama do “vovô pervertido e sua (criança?) Concubina” pode
ser bastante plausível.

“Vamos sair por um tempo. Vamos jantar fora, entã o nã o há necessidade de


prepará -lo para nó s.”

Assim falou o homem que Hamal pensou ser seu lacaio. Ele havia trocado aquela
roupa de bobo da corte com listras coloridas por outro conjunto de roupas que
certamente parecia estranho o suficiente, mas parecia bastante estiloso. O que o
estalajadeiro nã o sabia era que Itami agora usava o uniforme de gala da JGSDF. Ao
mesmo tempo, Lelei, Rory, Tuka e Yao formavam um círculo ao seu redor. Pode-se

P a g e 69 | 220
dizer que ilustrou perfeitamente como ele estava no centro das relaçõ es entre os
cinco.

E entã o, Hamal viu algo que ele nã o esperava - a garota que ele havia tomado por
uma acó lita recém-formada usava uma tú nica branca pura, com uma trança branca
que se estendia de ombro a ombro e caía sobre o peito. Em sua mã o ela segurava um
cajado má gico que simbolizava a Escola Lindon.

Qualquer um que vivesse em Londel sabia o que essas vestimentas


representavam. Por causa disso, se ela andasse pelas estradas principais, qualquer
um que a visse imediatamente abriria caminho.

“Isso, isso é uma grande surpresa. Ah, meus olhos devem estar me enganando. Você
pretende disputar o título de Sá bio tã o jovem?”

Qualquer um que quisesse competir na prova final pelo título de Sá bio precisaria se
vestir assim. Era praticamente uma tradiçã o.

A Academia da Cidade de Londel realiza periodicamente conferências


acadêmicas. Lá , as vestes dos candidatos cujas habilidades foram reconhecidas por
seus pares permaneceriam brancas para sempre. Em contraste, aqueles que nã o
conseguissem convencer os mestres de suas habilidades seriam impiedosamente
bombardeados com potes de tinta preta. Claro, o dono do manto enegrecido
dificilmente suportaria ser observado. Além disso, o candidato reprovado nã o tinha
permissã o para trocar aquela tú nica manchada e enegrecida até que eles deixassem
Londel, entã o teriam que suportar a vergonha dos olhos condenató rios de todos ao
seu redor. Por causa disso, qualquer um que encontrasse tal destino normalmente
fugia da cidade depois de se acalmar.

Ao disputar o título de Sabio, uma parte fundamental do processo envolvia a


apresentaçã o de uma tese. De acordo com as regras, era preciso evidência e
experiência suficientes para o assunto da tese que até mesmo o professor mais antigo
acenaria em deferência.

Ao apresentar a tese, era comum alguém da plateia lançar argumentos


esfarrapados ao candidato em tom cortante, seguido de risos zombeteiros de todos os
lados. Isso muitas vezes fazia com que o autor entrasse em pâ nico e se apressasse em
sua apresentaçã o, apenas para descobrir que havia tropeçado em sua pró pria língua
no meio do caminho, ou enviado o manuscrito errado, ou bagunçado, ou
acidentalmente lançado um feitiço durante a apresentaçã o, e alguns até fugiram da
P a g e 70 | 220
apresentaçã o da conferência em lá grimas. De qualquer forma, era um procedimento
terrivelmente cruel.

Claro, mesmo que alguém falhasse durante essa provaçã o, eles nã o morreriam.
Qualquer um que pudesse suportar a vergonha de ser ridicularizado pelo pú blico
poderia desafiá -los quantas vezes quisesse. No entanto, qualquer um que pudesse
fazê-lo repetidamente em face de mú ltiplas derrotas nã o tinha nenhum senso de
vergonha ou era simplesmente insensível. Hamal sentiu que descrever a garota diante
dele como insensível ou distraída seria um erro terrível. Waiflike, talvez. Tão delicado
quanto porcelana fina. Se você manuseá-la com muita força, ela pode quebrar, não?
Isso foi o que Hamal pensou.

Além disso, ele nã o tinha ideia de quem era o mestre dela. E pensar que ele
realmente permitiria que ela fizesse uma tentativa tã o precipitada! Enquanto pensava
sobre isso, Hamal perguntou apressadamente:

“Perdoe minha intrusã o, mas posso perguntar a identidade de seu honrado


mestre?”

“Kato. Kato El Ardestan.

O estalajadeiro conhecia esse nome. Para ser preciso, todos na Academia da


Cidade de Londel conheciam esse nome. “Seria estranho se alguém nã o o conhecesse”
— tã o famoso era o dono desse nome.

O Velho Sá bio Kato. Um homem que era um má gico entre os má gicos. Entã o era
isso, ela era a discípula daquele homem.

O queixo de Hamal caiu e ele nã o conseguiu dizer nada. Apó s esta revelaçã o
surpreendente, ele viu a garota diante dele com novos olhos.

******

Lelei levou Itami e o resto da gangue para longe da pousada. Depois de percorrer
uma curta distâ ncia, eles se depararam com fileiras e mais fileiras de prédios no que
parecia ser um bairro residencial. Como agora estavam no meio da encosta de uma
montanha, eles tinham uma visã o desobstruída das ruas extensas na base da
montanha.

P a g e 71 | 220
“Aquele prédio é chamado de salã o de reuniõ es, usado para convocar
conferências e compartilhar resultados acadêmicos. E ali é a prefeitura. As cidades-
estados soberanas geralmente têm um pequeno conselho.”

Depois disso, Lelei se virou e apontou para o pico da montanha. “E entã o, a partir
deste ponto é o distrito de pesquisa.”

A á rea para a qual ela apontava era cercada por muros altos.

As paredes de tijolos pareciam estar protegendo alguma coisa. Além dos grandes
portõ es, parecia haver um ar ao redor do lugar que era hostil aos forasteiros. Seria
bastante preciso descrevê-la como a parede que cercava uma enorme mansã o.

No entanto, em uma inspeçã o mais detalhada, descobriria que nã o havia guardas


em patrulha, nem a á rea era restrita de forma alguma. Qualquer um poderia passar
pela parede e alcançar o outro lado. Lá , todos os prédios eram velhos e dilapidados,
parecendo que iriam desabar sob o pró prio peso a qualquer momento. Por causa
disso, Itami e companhia quase presumiram que aquele era o bairro dos pobres.
Embora estivessem separados apenas por uma ú nica parede, os prédios do lado de
fora ainda eram bastante apresentá veis, apesar de sua simplicidade. No entanto, este
lugar era o coraçã o da Cidade Academia Londel. Se este lugar fosse uma universidade,
seria o equivalente ao campus principal.

Os rapazes e moças pró ximos estavam vestidos de forma semelhante a Lelei.


Suas roupas eram imaculadas, sem nem um pingo de poeira, sujeira ou fuligem.
Parece que todos eles passaram longos anos como aprendizes. Quando Lelei apareceu
por trá s, a maioria deles olhou com os olhos arregalados. Depois disso, alguns
fingiram que nã o tinham visto nada, enquanto outros cuspiram e depois se
espalharam como pá ssaros. Um observador atento seria capaz de discernir as
emoçõ es sombrias e complexas dentro deles.

“Lelei, se você pode realmente se tornar um Sá bio nessa idade, provavelmente


vai levantar uma tempestade de ciú mes ao seu redor.”

Lelei manteve os olhos fixos à frente depois de ouvir as palavras de Rory e


assentiu sem emoçã o.

“Estou preparada para isso.”

Lelei estava determinada a disputar o título de Sá bio.


P a g e 72 | 220
Ela teve permissã o para fazer isso porque Mestre Kato já havia reconhecido sua
habilidade - sentiu que ela era habilidosa o suficiente para disputar esse título. Por
outro lado, as pessoas passavam cinco, à s vezes dez anos em pesquisa e estudo, mas
seus esforços eram infrutíferos. Havia muitas pessoas assim na Cidade Acadêmica de
Londel. Como essas pessoas trabalhavam na obscuridade, era natural que sentissem
ciú mes ao ver alguém tã o jovem quanto Lelei atingir o objetivo que os iludiu por
tanto tempo.

Se alguém olhasse em volta, veria vá rios jovens em vestes sujas, envolvidos em


algum tipo de debate intenso, enquanto escreviam algo no chã o em caracteres
grandes. Olhando mais longe, pode-se ver um grupo de alunos cercando os Anõ es, que
pareciam ser tutores dando uma palestra.

Itami percebeu que isso equivalia ao departamento de pesquisa de uma


universidade. No entanto, ao contrá rio das universidades japonesas, os professores e
alunos aqui nã o estavam limitados a locais fixos, mas podiam transformar até mesmo
a sombra das á rvores de ambos os lados da estrada em uma sala de aula improvisada.

“Será que alguns grandes nomes vêm aqui para palestrar também?”

“Claro. As instalaçõ es de pesquisa dos mestres sã o todas isoladas, entã o eles têm
que vir por conta pró pria.”

Uma palavra estranha chegou ao ouvido de Itami, e ele nã o pô de deixar de


perguntar: “Isolado?”

Lelei repetiu com indiferença: “Sim, isolado”.

Quando ela disse isso, um clarã o de luz irrompeu de um prédio nã o muito à


frente. Depois disso, uma enxurrada de á gua irrompeu de todos os lugares daquele
prédio que poderia ser considerado uma janela. A regiã o pró xima foi submetida a
uma inundaçã o em miniatura, e os infelizes aprendizes que estavam passando
ficaram encharcados até os ossos.

“O que diabos aconteceu! Minha equaçã o! Minha preciosa equaçã o, acabei de


formulá -la!”

“Nossa, minhas amostras estã o arruinadas!”

"Minha tese! Minha tese! Ahhhhhh - está tudo molhado agora!

P a g e 73 | 220
Ao redor deles haviam pessoas batendo no peito, batendo os pés, lamentando e
rangendo os dentes. Parecia o local de um terrível desastre.

Olhando em volta, parece que nem mesmo Yao foi poupada desse destino. Graças
a uma onda da enchente, ela agora estava pingando á gua por toda parte.

Felizmente, Yao protegeu Lelei com seu corpo, e Lelei nã o foi tocada nem por
uma gota d'á gua. Ela apressou o passo para evitar os riachos de á gua abaixo dela, e a
cada passo repetia o que acabara de dizer.

"Isolados."

Itami pensou em seu uniforme, que havia sido apanhado no spray, e refletiu
sobre o que Lelei acabara de dizer.

"É saquei."

“Será que o muro foi feito para separar os distritos por esse motivo? Entã o... será
que o Mestre Kato também estava morando na Vila Coda como uma forma de
isolamento?”

“... Se algo assim acontecesse lá , seria muito perigoso.”

“Os aldeõ es de Coda nã o se envolveriam também?”, “Seria seguro assim?” e


outras perguntas continuaram fluindo. É verdade, e é por isso que a cabana do mestre
Kato ficava a certa distância do resto da aldeia, pensou Itami. Se assim fosse, muitas
das dú vidas que eles tinham quando iam inspecionar os estragos na aldeia poderiam
ser facilmente explicadas.

"Por aqui."

Eles seguiram Lelei por um beco estreito, que parecia se ligar a outros becos
estreitos, criando um ambiente onde as pessoas poderiam se perder e se desviar
facilmente. Em pouco tempo, o grupo parou diante de um pequeno prédio. Abriram
um portã o nada imponente e subiram uma escada estreita e traiçoeira, dessas que
parecia dificilmente suportaria alguém roçar nela. Cada vez que eles subiam, a escada
rangia alto, fazendo as pessoas pensarem que iria desabar a qualquer momento.
Depois de levar isso em consideraçã o, Itami e as meninas tiveram que prosseguir
lenta e cuidadosamente enquanto subiam. Quase imediatamente, uma pequena porta
de madeira apareceu.
P a g e 74 | 220
Só havia espaço no topo da escada para acomodar Lelei e Tuka. Rory, Yao e Itami
tiveram que esperar no meio da escada. Depois disso, Lelei bateu na porta, usando
seu cajado no lugar da aldrava.

"Quem está ai? Se você está aqui para cobrar dívidas, pode economizar seu
esforço. Estou dura."

Uma voz resmungona e questionadora respondeu à s batidas repetidas. A julgar pela


rouquidã o da voz, pode-se imaginar que pertencesse a uma mulher mais velha.

“Eu sou Lelei.”

A porta se abriu no momento em que ela disse seu nome.

Dela surgiu uma velhinha (humana) de aparência fofa que parecia ter quase 70
anos.

A julgar por sua aparência, ela devia ser linda há 50 anos. Seu cabelo grisalho
estava com mechas pretas e brancas, amarrado em um coque e preso com um grampo
de cabelo. Suas costas estavam retas e parecia haver um brilho em seus olhos, pelo
qual se podia dizer que esta velha tinha vivido uma vida plena e significativa. O olhar
em seus olhos parecia resumir sua atitude perante a vida.

Naturalmente, ela usava um manto de Sá bio, embora o dela fosse um tanto


antigo.

"Bem! Bem, bem, bem! É você, Lili?”

"Nã o. É Lelei.

A velha senhora bateu levemente na cabeça com a mã o direita.

“Sim, isso mesmo, deve ser Lelei. Embora Lili pareça muito fofa também ”, disse
ela enquanto esfregava a cabeça de Lelei.

Assim que as duass se aproximaram, os outros descobriram que essa velha era
mais ou menos da mesma altura de Lelei.

“Obrigado por vir até aqui para me visitar. Tudo bem, tudo bem, nã o se
aglomerem todos em volta da porta. Infelizmente, nã o tenho nada para convidados,
P a g e 75 | 220
mas, por favor, entrem de qualquer maneira.

Depois de serem convidados a entrar na casa da velha senhora, eles olharam em


volta e descobriram que estava cheio de pergaminhos e livros, bem como inú meras
caixas de espécimes.

Todas as paredes estavam cobertas de estantes. As mesas estavam todas


cobertas por pilhas montanhosas de livros, e o chã o ao redor delas estava coberto de
pergaminhos ou cadernos que haviam caído das incontá veis pilhas de livros. Quase
nã o parecia haver espaço para se movimentar na casa. Itami e os outros
inconscientemente se espremeram nas poucas brechas que puderam encontrar,
enquanto Rory ficou logo atrá s de Itami, como se tentasse se esconder.

A velha notou a vestimenta de Lelei e perguntou:

“A julgar pela maneira como você está vestida, parece que você está competindo
pelo título de Sá bia, certo? Mas você nã o acha que é um pouco cedo para isso? Aquele
velho malandro do Kato finalmente ficou senil?”

Em resposta, Lelei apresentou uma carta escrita em pergaminho e a entregou à


velha senhora.

Ela quebrou o lacre de cera e murmurou: “Deixe-me ver o que tem aqui” e
começou a ler a carta.

“Hmmm, entendo. Ara ara, é isso mesmo…”

Quanto mais ela lia, mais exagerada se tornava sua reaçã o.

Em pouco tempo, ela terminou a carta. Entã o, ela silenciosamente olhou para
Lelei, seus olhos cheios de alegria.

“Eu nã o pensei que você seria capaz de realizar tanto. Se for esse o caso, faz
sentido você passar pra pró xima etapa. Kato pintou você com palavras brilhantes. Se
Arpeggio soubesse disso, ela ficaria com ciú mes.

“Como está o Alfie?”

"A mesma de sempra. Sem novidades. Ela parece ter saído para fazer alguma
coisa. Ela deve estar de volta em brave. ...Ara ara, isso nã o é bom, nã o posso deixar
meus convidados parados esperando. Lili, você poderia me dar uma mã o? Eu preciso
pegar algumas cadeiras para eles...”

“Meu nome é Lelei.”

P a g e 76 | 220
As duas se entreolharam enquanto procuravam cadeiras livres na sala. No
entanto, nã o importa para onde eles olhassem, tudo o que poderia ter algo colocado
em cima - fossem mesas ou cadeiras - estava ocupado por livros. Entã o, quando a
velha senhora estava prestes a estender a mã o para empurrar uma caixa de
espécimes, uma pilha de livros em uma mesa pró xima caiu como uma avalanche e, em
uma reaçã o em cadeia, a caixa de espécimes também caiu. As rochas dentro da caixa
protetora - provavelmente pedras preciosas ou minérios de algum tipo - espalharam-
se pelo chã o.

“Ah! Sensei, o que você está fazendo! Eu nã o pedi para você nã o deixar a casa
mais bagunçada do que antes?!”

Nesse momento, um grito de reclamaçã o veio do lado de fora da porta.

Uma mulher de cabelos castanhos colocou sua cesta de compras no chã o - para
ser mais preciso, ela jogou no chã o - e entrou, resmungando "Sério!" como ela fez.
Assim que entrou, ela irradiava uma aura que fez até a velhinha e a Lelei recuarem, e
aí ela começou a catar as pedras do chã o.”

"O que está errado? Você parece particularmente mal-humorada hoje, você está
constipada?

"O que, o que você está dizendo, nã o é nada disso!"

Essa mulher tinha cabelos castanhos levemente ondulados, que ela amarrou
desleixadamente com uma fita de pano.

Além disso, nã o havia sinal de maquiagem em seu rosto. O fato de ela - como
mulher - parecer tã o desleixada e malvestida poderia fazer as pessoas sentirem que
ela rejeitou qualquer tentativa de tentar parecer atraente ou feminina. No entanto,
em contraste com sua vestimenta, seu corpo era curvo e bem proporcionado, suas
linhas corporais sensuais eram visíveis mesmo através de suas roupas, a ponto de as
pessoas nã o ousarem olhar para ela diretamente.

“Mm... essa pedaço vai nessa caixa, aquele vai na outra. Um, dois, três... eh, para
onde foi aquele rutilo?”

Parece que esta mulher e a avó nã o tinham talento para limpar e arrumar, a
níveis quase fatais.

"Ara, você quer dizer isso?"

Assim que a velha estendeu a mã o para a mesa, as caixas de espécimes


meticulosamente reorganizadas caíram no chã o novamente.
P a g e 77 | 220
O silêncio encheu a sala.

A mulher de cabelos castanhos olhou para a velha. A maneira como seu corpo
tremia sugeria que ela estava tentando desesperadamente controlar suas emoçõ es.

“Sensei, deixe-me esclarecer isso. Você está no caminho agora, entã o você
poderia, por favor, sair um pouco?”

“Isso, isso mesmo… bem, está ficando tarde, entã o vou levar nossos convidados para
jantar na “Marina”. Você deveria vir também depois de arrumar isso. É raro Lili
aparecer e vocês provavelmente tem muito o que conversar.”

“Líli? De quem você está falando?"

"Nã o. Deve ser Lelei.”

"...Entendi. Eu irei assim que terminar. Mm, isso mesmo, claro que preciso ir
imediatamente. Mal posso esperar para falar com minha irmã mais nova - a irmã mais
nova que agora planeja pular o posto de Doutor e passar por cima de sua irmã mais
velha para disputar o título de Sá bia, a irmã mais nova que ignorou os sentimentos de
sua solidã o a irmã mais velha que nã o tem sorte com os homens, a irmã mais nova
que usa brincos porque quer parecer mais atraente, a irmã mais nova que
menospreza a pobre irmã mais velha embora seja pró spera, a irmã mais nova que até
trouxe elfos de volta com ela - oh sim, eu adoraria falar com ela, sobre todos os tipos
de coisas.”

Assim enquanto esta mulher estava falando, Itami notou algo raro de seu lugar
ao lado.

Uma gota de suor escorreu pela testa de Lelei e depois permaneceu em sua
bochecha…

******

Depois de passarem pelo muro ao redor do distrito de pesquisa, eles andaram


um pouco mais antes de chegar ao restaurante chamado “Marina”.

Havia três mesas simples lá dentro e um balcã o.

P a g e 78 | 220
Haviam duas ou três patronas que pareciam acó litas. Eles estavam muito
concentrados em estudar os livros em suas mã os, e um deles estava gravando sem
parar.

O ar aqui era como o de um café perto de uma faculdade feminina. Lugares como
esse eram empresas familiares, eles eram decorados de maneira aconchegante, o que
os tornava populares entre as mulheres.

“Senhora Mimoza, seja bem-vinda. Que coisa, você tem muitas pessoas com você
hoje. Sã o todos seus alunos?

Um homem de rosto vermelho que parecia o proprietá rio recebeu a velha


senhora com um sorriso brilhante.

“Nã o, nã o, eles sã o todos meus convidados. Venha, olhe, sã o todas garotas


bonitas. Que tal, você gosta delas?”

“Na verdade, elas sã o todas muito bonitas. Parece que é bom eu dar o meu
melhor hoje.” Com isso, ele voltou energicamente para a cozinha.

Mimoza sorriu de satisfaçã o enquanto o observava, entã o escolheu uma mesa e


chamou os outros.

“Venham, venham, por favor, sentem-se, todos. A comida aqui é muito boa e,
como os clientes sã o todas garotas bonitas, deve ficar ainda melhor. O mais
importante é – é barato.”

Depois de pensar um pouco, Itami juntou duas mesas para quatro pessoas e
arrumou as cadeiras em volta delas antes de se sentar. Entã o ele começou a procurar
o menu.

“Eu me pergunto que tipo de comida este restaurante serve?”

“Apenas deixe isso com o proprietá rio, eu acho.”

E assim, depois de se sentarem e recuperarem o fô lego, Mimoza sugeriu que


Lelei apresentasse os dois lados, para aproveitar bem o tempo até a comida chegar.

“Está é Mimoza La Mel. Ela é uma maga e uma Grande Sá bia, assim como uma das
anciã s da cidade de Londel.”

P a g e 79 | 220
Segundo a apresentaçã o de Lelei, esta velha senhora era a superiora de mestre
Kato, sob a tutela do mesmo mestre. A irmã mais velha de Lelei, Arpeggio, estava
aprendendo com ela. Ela também acrescentou

“Ela é altamente versada em questõ es de arqueologia” – isso parecia direcionado


a Itami.- e ela insinuou com indiferença: "Sensei Mimoza provavelmente seria vital
para a missã o de prospecçã o de recursos".

Depois disso, foi a vez de Itami e sua turma.

Lelei os apresentou na ordem em que estavam sentados, do mais distante para o


mais pró ximo. Depois que Mimoza ouviu as apresentaçõ es das duas elfas, seus olhos
brilharam e ela disse:

“Bem, ver Elfas e Elfas Negras sentadas pacificamente na mesma mesa é algo
novo. O que aconteceu para elas se darem tã o bem? Se for possível, você poderia me
contar sobre isso?”

Quando ela terminou de dizer isso, Tuka e Yao trocaram olhares e sorriram
desconfortavelmente. Nenhuma das duas esperava que alguém dissesse que elas
estavam “se dando bem”.

A verdade era que era difícil dizer que elas se davam bem, mesmo nos termos
mais amplos. As duas tinham sentimentos complexos uma pela outra… por exemplo,
Yao havia feito algo terrível a Tuka para salvar seu povo, e até agora ela ainda estava
consumida pela culpa por seus atos. Quando Tuka recuperou os sentidos, ela ficou
grata a Yao até certo ponto, mas ao mesmo tempo ela nã o podia negar que o que Yao
havia feito era realmente mau.

Mesmo assim, nenhuma delas se odiava. Assim, o fato de as duas poderem


sentar-se calmamente na mesma mesa nã o era nada para se preocupar. De qualquer
forma, depois de tudo o que aconteceu, elas estavam apenas inquietas por estarem
uma com a outra.

Depois disso, quando Lelei estava prestes a apresentar Rory—

“Já faz um tempo, Rory. Será que você veio buscar a resposta para sua pergunta?

Mimoza interrompeu Lelei, indicando que nã o havia necessidade de apresentar


Rory.

“Foi há 50 anos, quando Rory e eu está vamos viajando.”

P a g e 80 | 220
“Mimoza, você envelheceu.”

“Realmente. Você está com ciú mes? Eu sou a pró pria imagem de uma avó agora.
Ao dizer isso, a velha levantou as mã os enrugadas. Ela parecia estar exibindo um
par de tesouros valiosos. Rory parecia invejosa, até fazendo beicinho ao vê-la.

“Entã o, Lili... nã o, nã o, é a Lelei. Que tal apresentar o pró ximo?” Lelei olhou para
Itami sentado ao lado dela.

“Este cavalheiro é Itamy Youjy.”

Lelei nã o disse nada além de seu nome.

"Oh? Itamy Youjy… pronuncia-se assim, certo?”

"Prazer em conhecê-lo."

Itami levantou-se e curvou-se educadamente, depois corigiu Lelei - que seu


sobrenome era "Itami", seu nome de batismo era "Youji" e continuou:

“Ouvi dizer que você é bem versada em arqueologia, Mimoza-sensei. Portanto,


gostaria de perguntar; existem recursos ú teis ou minérios na á rea? Você conhece algo
assim?”

“Mmm, posso dizer que conheço alguns. Claro, isso depende da sua definiçã o de
‘ú til’.”

"Maravilhoso. Se for possível, gostaria que você me dissesse.”

“Mm, eu nã o me importo que você pergunte. No entanto, vamos discutir isso


mais tarde? Agora, eu só quero conversar alegremente com todos vocês. O que você
acha?"

"Está bem. Até que Lelei termine sua conferência, estarei por perto. Posso visitá -
la sempre que estiver livre.”

Depois de receber a aprovaçã o de Mimoza, Itami curvou-se educadamente em


agradecimento. Etiqueta desse tipo veio naturalmente para Itami assim que ele
entrou na sociedade. Nesse momento, Mimoza olhou para o tecido de seu uniforme
verde e perguntou:

“Essas roupas sã o bastante raras. De que país você vem?”

P a g e 81 | 220
“Eu venho do Japã o, do outro lado do Portã o em Arnus Hill.”

“Ah! Bem, isso é interessante. Ouvi dizer que um Portã o foi aberto em Arnus, mas
nã o há notícias sobre o que há do outro lado dele. Agora, diga-me, como é esse lugar?
Lelei, você esteve lá ?”

"Nó s já estivemos lá ", disse Rory com um olhar presunçoso no rosto. Mimoza se
inclinou para frente ansiosamente.

“Ah, estou com inveja. Venha, conte-me sobre sua viagem!

Lelei, Rory e Tuka se entreolharam em resposta ao pedido de Mimoza. Depois de


um tempo trocando olhares, cada uma começou a relatar os acontecimentos — Rory
falou sobre as paisagens das ruas, Tuka descreveu as roupas luxuosas que tinha visto,
enquanto Lelei mencionou vá rias livrarias japonesas em que esteve.

“Essas lojas têm uma quantidade impressionante de livros. Além disso, segundo
Pina, ali existem bibliotecas, que contêm todo tipo de livro e estã o à disposiçã o do
povo. Se eu tiver a chance de ir lá novamente, com certeza irei dar uma olhada. Acho
que deveríamos construir um em Londel também.”

Enquanto Itami os ouvia falar, uma pergunta surgiu em sua mente e ele
perguntou: “Será que vocês nã o têm bibliotecas? Aqui, nesta Cidade Acadêmica?

“Aqui nã o.”

“De acordo com registros em livros antigos, já existiram instalaçõ es como essa,
mas no final nã o seixaram de existiar.”

“Isso é assunto de muito tempo atrá s. Eles costumavam travar guerras santas
nesta regiã o, e os faná ticos de uma religiã o monoteísta queimaram o depó sito de
livros até virar cinzas”, disse Mimoza com uma expressã o triste no rosto.

Parte da razã o pela qual a cidade de Londel era conhecida como a Cidade da
Sabedoria era porque continha muitos sá bios, cada um possuindo coleçõ es de livros
impressionantes. Agora que as bibliotecas haviam desaparecido, qualquer um que
buscasse conhecimento nã o tinha escolha a nã o ser obtê-lo por conta pró pria. Nessas
condiçõ es, apenas o acú mulo egoísta de livros saciaria sua sede de conhecimento.

“Se for realmente como Lelei diz, seria ó timo. No entanto, coletar essas coisas
valiosas apresenta certas dificuldades.”

"Está bem. A imprensa facilita a produçã o de livros. Na terra de Nihon, publicar


P a g e 82 | 220
livros é comum para as pessoas de lá . Como resultado, eles têm grandes reuniõ es
chamadas Dou-Jin-Shi Mar-Kets, onde tais materiais sã o regularmente liberados para
as pessoas. Toda vez que esse lançamento acontece, inú meras pessoas se reú nem lá . É
uma visã o majestosa.”

Lelei tinha um raro olhar de excitaçã o em seu rosto ao dizer isso.

“Seria ó timo se os livros fossem baratos o suficiente para serem facilmente


acessíveis à s pessoas.”

“Esse sonho se tornará realidade um dia.”

Lelei olhou para o céu e acenou com a cabeça, como se tivesse previsto o futuro.
Mas só entã o...

"Isso é horivel!"

Houve um grande estrondo, como se alguém tivesse batido na porta com toda a
força. Todos se viraram lentamente para olhar a origem do som.

“Espere, espere um pouco, isso seria ruim. Muito mal. Há pessoas que ficariam
incomodadas com a queda do preço dos livros.”

Nesse momento, a irmã mais velha de Lelei, Arpeggio El Lelena, apareceu na


porta. Ela tinha uma expressã o de arrepiar, como se estivesse usando uma má scara
hannya em seu rosto.

P a g e 83 | 220
Era o pô r do sol.

Todos os dias, por volta dessa hora, as aulas terminavam e os alunos voltavam
para suas casas.

Ao mesmo tempo, os moradores da cidade iam se levantando aos poucos, como


se cumprissem um pacto de silêncio com os alunos. Para os comerciantes, a noite era
quando os negó cios aumentavam, e podia-se ouvir as pessoas gritando “Estamos
abrertos para negó cios!”

Para as donas de casa, o mais importante para elas ao anoitecer era correr para
casa para preparar o jantar para seus maridos e filhos, por isso frequentemente
apareciam em massa nas ruas sempre que chegava a hora.

Os pedestres nas ruas circulavam aqui e ali, excedendo em muito a densidade da


multidã o matinal. A cidade inteira era um cená rio de extraordiná ria vivacidade.

Vá rios estudantes vestidos com mantos passaram rapidamente por este cená rio,
empurrando para o lado as pessoas que os bloqueavam enquanto eles rapidamente
disparavam pela multidã o. Enquanto corriam, eles forçaram suas vozes e gritaram o
que tinham acabado de ver, como se estivessem conduzindo algum tipo de serviço
pú blico.

“É uma luta! É uma luta! Dois magos vã o lutar!”

“E as duas sã o meninas!”

“E uma delas é aquela garota genial Arpeggio!”

"O que!? Você quer dizer Iron Alfie?’

Parece que esta luta envolveu alguém que era bastante famoso nesta cidade.

“Quem é o oponente dela?”

“Ela é uma garota humana chamada Lelei. Parece ter catorze, quinze, talvez.

P a g e 84 | 220
“Nunca ouvi falar dela. Entã o, onde elas estã o lutando?”

“Bem na frente da ‘Marina’. De pressa!"

Assim que ouviram isso, algumas pessoas entraram em açã o e correram em alta
velocidade. Eles correram pelas ruas como uma debandada de touros enlouquecidos,
e o nú mero de pessoas que se juntaram a eles aumentou rapidamente à medida que
avançavam.

“Bem, entã o, aprendiz de cavaleiro Gray. Você ouviu isso?"

“Certamente Shandy-dono. Eles estã o em algum lugar perto de um restaurante


chamado 'Marina'. Embora nã o haja necessidade de pesquisar; só precisamos seguir
para onde quer que a multidã o esteja indo.”

“No entanto, isso seria uma perda de tempo e quanto mais demoramos, mais
perigosa a situaçã o pode se tornar. Nosso inimigo oculto certamente deve estar por
aqui em algum lugar.”

“Você esta certa. Qualquer coisa que seu servo pudesse ouvir nã o poderia passar
despercebido pelo inimigo.”

Os dois cavaleiros vestidos de viajantes assentiram e falaram enquanto


caminhavam pelas ruas, acompanhando a multidã o de estudantes que corria em
direçã o ao seu destino.

******

E assim, a rua que havia se tornado um campo de batalha improvisado se encheu


de alunos curiosos em um piscar de olhos. Daí resultou uma total falta de clientes
para a ‘Marina’, numa altura em que deveria estar mais movimentada. O fato era que
essa briga estava causando muitos problemas ao proprietá rio. Por outro lado, sua
alma de vendedor nã o se intimidou com essa dificuldade — em vez disso, ele decidiu
tentar a sorte vendendo salgadinhos para o pú blico, para que eles pudessem assistir e
comer ao mesmo tempo. No final, ele nã o apenas nã o teve prejuízo, mas na verdade
ganhou mais do que teria em negó cios normais.

As pessoas que estavam aqui para assistir à comoçã o estavam apostando de um


lado e esperando ansiosamente pelo início da luta do outro.

P a g e 85 | 220
Arpeggio El Lelena bateu com seu cajado má gico no chã o onde ela estava, no lado
leste da estrada.

Mestre Kato uma vez falou sobre essa mulher de 24 anos, dizendo diretamente
na cara de Lelei: “Se eu tivesse que montar alguém, prefiro montar alguém como sua
irmã mais velha - com seus peitos empinados, cintura fina e bumbum de fruta
suculenta ”. Suas curvas sensuais eram imediatamente aparentes mesmo através de
uma camada de roupa, e atraíam os olhos de todos os homens na multidã o.

No lado oeste, com seu cajado no chã o, estava Lelei La Lelena.

Se essa disputa fosse julgada pela maturidade de suas apariçõ es, seria muito
ó bvio que essa jovem de 16 anos (ela havia comemorado seu aniversá rio
recentemente) perderia. Seu corpo esquelético estava apenas começando a se
desenvolver, e foi nessa época que suas características sexuais femininas começaram
a aparecer.

As irmã s se encaravam, a cerca de dez passos de distâ ncia uma da outra, quando
de repente o vento começou a soprar, trazendo consigo um jato de poeira.

Um fardo de palha rolou pelo chã o com o vento. O clima de confronto


- como um confronto em filmes de spaghetti western - intensificou-se ainda mais.

Aliá s, esta estrada nã o era muito larga, mas ainda era suficiente para que duas
carroças puxadas por cavalos se cruzassem em direçõ es diferentes. Portanto, as
carroças e pedestres atrá s da dupla rival encontraram a estrada intransitá vel. As duas
pessoas paradas no meio dela estavam basicamente bloqueando o trá fego. Ainda
assim, talvez fosse porque eles achavam que tinham ingressos para algo bom na
primeira fila, ou se resignaram a assistir, mas nã o havia frustraçã o nos rostos dos
condutores atolados; apenas olhares de excitaçã o.

P a g e 86 | 220
Logo, haviam mais pessoas fazendo apostas. Um homem que parecia um corretor
de apostas gritou: “Probabilidade de três para um aqui!”

Parece que a arpejo levemente famosa foi a favorita a vitó ria.

O jogo era bastante popular nesta Cidade da Sabedoria. Quanto ao motivo, pode-
se dizer que nã o tinham outras formas de entretenimento. Em outras palavras, pode-
se ver isso como um costume local que também revela as atitudes dos nativos. De
certa forma, a vida para as pessoas comuns aqui era difícil, mas comparadas com as
pessoas de qualquer outra naçã o em qualquer outro mundo, elas mantinham a cabeça
erguida e aceitavam tudo como vinha.

“Essa menina é a Lelei? Nunca a vi antes.”

A multidã o ao redor da dupla começou uma discussã o silenciosa, ansiosa para


descobrir qualquer coisa sobre a garota sem nome confrontando Arpeggio.

“Ela está vestindo uma tú nica de Sabio, certo? Como é que está tã o suja?”

“Olha o cabelo dela. Alguém jogou sopa na sua cabeça, certo?”

De fato, o cabelo e a tú nica de Lelei foram tingidos de vermelho escuro por uma
sopa feita com frutas e vegetais.

Era feita fervendo carne e vegetais durante um dia e uma noite inteiros, com os
sucos da medula acrescentando sabor à medida que se dissolvia na sopa. Produzia um
caldo espesso e rico, que seria bastante difícil de tirar de suas roupas. E agora, isso fez
uma lambança em suas vestes brancas puras.

"Isso é terrível. Quem fez isso?"

“Quem mais senã o aquela genial da arpejo? Pelo menos, é o que posso concluir
disso.”

“Acho que a Arpeggio ficou brava e disse ‘como uma pirralha como você pode
tentar ser uma sá bia’ ou algo assim.”

“Uwah, sério? Entã o essa briga é por ciú mes? Cara, isso nã o é legal.”

Alfe estalou a língua ao ouvir as pessoas sussurrando coisas como essas ao seu
redor.
P a g e 87 | 220
O fato de que outros imediatamente perceberam seus motivos só a deixou mais
envergonhada.

Ainda assim, o que levou as coisas a esse ponto?

Ela havia cedido à s suas emoçõ es, e entã o... bem, este é um rá pido resumo dos
fatos.

“Entã o ela estava agindo estranha porque estava com ciú mes? Bem, isso deve ser
difícil para ela.”

Embora as pessoas silenciosamente a atacassem assim, nã o havia como evitar.


Em vez disso, nã o importava se ela estava aqui por teimosia ou orgulho, porque de
qualquer forma, ela nã o aceitaria isso calada. Ela tinha que demonstrar a diferença
entre sua força e a de Lelei de uma vez por todas.

Por isso ela teve que arregaçar as mangas e botar a mã o na massa.

Para os espectadores, parecia que ela tinha ido longe demais. Mesmo ela mesma
nã o estava orgulhosa disso. No entanto, Alfie tinha seus pró prios motivos para levar
Lelei a sério, nã o importa o custo. Certa ou errada, ela ainda tinha que devotar seu
coraçã o e alma a este acerto de contas com Lelei.

Se ela nã o fizesse isso, se ela se permitisse desaparecer silenciosamente no fluxo


do tempo, ela seria eternamente atormentada por suas emoçõ es negativas, sempre
olhando para sua irmã zinha com olhos invejosos.

Se ela fingisse ser magnâ nima e aplaudisse os feitos da irmã zinha, talvez as duas
pudessem se dar bem por mais algum tempo. No entanto, esse período de harmonia
soaria falso. Daquele momento em diante, tudo o que ela fizesse iria contradizer o que
ela realmente sentia por dentro, e haveria um muro invisível de desonestidade entre
elas. Além disso, elas nã o eram realmente parentes de sangue. Se uma suspeita de
traiçã o surgisse em seu relacionamento, as duas se virariam imediatamente uma
contra a outra. Ela tinha que evitar isso a todo custo.

Portanto, Alfie havia escolhido esse curso de açã o, para desafiar Lelei por
vontade pró pria, apesar de saber que as pessoas zombariam dela como uma garota
ciumenta.

Dito isso, como ela chegou a este ponto?

Como... como sua irmã mais nova deu um passo de gigante apó s o outro, até que
P a g e 88 | 220
ela se superou, como a irmã mais velha?

Alfie olhou para o lado, para o homem chamado Itamy que assistia à batalha, e
mordeu o lá bio.

******

Depois de arrumar o laborató rio de Mimoza. Arpeggio enfiou os pergaminhos


nã o utilizados na sacola que carregava consigo, trancou a porta e correu para o
restaurante.

Assim que chegou ao restaurante, ela abriu a porta e enfiou a cabeça para
conversar com o proprietario.

"Como vai você? A Senhora está aqui?

“Lady Mimoza já chegou com seus convidados.”

Depois de ouvir a resposta afirmativa do proprietá rio, ela orgulhosamente


entrou no restaurante, pisando no familiar piso de madeira sob seus pés. Nesse
momento, ela ouviu Mimoza e Lelei conversando. No entanto, o conteú do da conversa
fez Arpeggio pensar que seu coraçã o havia parado.

“Seria ó timo se os livros fossem baratos o suficiente para serem facilmente


acessíveis à s pessoas.”

“Esse sonho se tornará realidade um dia.”

Essas palavras a atingiram como uma bomba.

Seu choque foi tã o grande que sua mã o escorregou e a porta bateu ruidosamente.

No entanto, nã o tinha como evitar. Afinal, as coisas sobre as quais Lelei e os


outros estavam conversando claramente incluíam algumas coisas que incomodavam
Arpeggio.

“Espere, espere um pouco, isso seria ruim. Muito ruim. Há pessoas que ficariam
incomodadas com a queda do preço dos livros.”

Alfie se aproximou enquanto ela falava. Era como se ela estivesse amaldiçoando
Lelei como uma comerciante corrupta, conspirando para derrubar o mercado de
livros.
P a g e 89 | 220
“Alfie, o que você está fazendo? Pare com isso de uma vez.”

“Senhora, você deveria estar mais ciente dessas coisas! Os materiais de pesquisa
nã o sã o gratuitos! Eles custam muito dinheiro!”

“E aqui estava eu me perguntando por que você estava tã o agitada. É só isso?"

"É só isso?! Você nã o está levando isso um pouco levianamente demais? Os


grimó rios má gicos que trabalhei noite e dia e gastei tanto esforço para copiar valem
três pias, nenhuma barganha é permitida. Se o preço dos livros chegasse ao fundo do
poço, meus quatro meses de trabalho iriam pelo ralo, nã o é? Se isso realmente
acontecesse, nossa comida, nosso aluguel, nossas despesas da vida, como iríamos…
ahhhhhh!”

Certamente parecia muito estranho ter uma mulher segurando a cabeça no que
parecia ser desespero e sofrimento. O fato de ela também ser bonita tornava tudo
ainda mais cô mico. O queixo de Itami caiu enquanto observava a irmã de Lelei,
incapaz de falar. Ele também nã o estava sozinho - até mesmo Tuka, Yao e Rory
tiveram dificuldade em esconder seu choque.

Com isso, Mimoza se levantou - para proteger a reputaçã o de sua aluna, ela
sentiu que precisava esclarecer algumas das coisas subentendidas aqui.

“Peço desculpas se você se assustou. Esta minha garota é especialista em magia


baseada em minerais. No entanto, ramificar-se tã o longe no campo acarreta certas
despesas. Portanto, ela se esforçou muito para trabalhar meio período como copista,
mas, mesmo assim, nã o está ganhando muito. Entã o… quando ela ouviu algo como ‘O
preço dos livros pode cair’, ela exibiu esse… comportamento muito desconfortá vel.”

Lelei parecia que ia consolar a irmã mais velha. Ela deu um tapinha em seu
ombro e disse:

"Nã o se preocupe. O que estou falando nã o acontecerá em alguns dias. Será no


futuro.”

"No futuro?"

"Mm. No futuro. Eventualmente. Isso acontecerá um dia.”

O corpo inteiro de Arpeggio parecia mole, afundando em uma pilha no chã o.


Talvez suas travessuras de agora a tenham cansado, mas Alfie suspirou
profundamente.
P a g e 90 | 220
Lelei absorveu tudo isso e sentindo que a irmã mais velha havia se acalmado, foi
buscar um copo d'á gua para ela.

Depois de um tempo, quando ela voltou para a mesa de jantar com seu copo, ela
descobriu que seu lugar já havia sido ocupado por outra pessoa.

“Ah…”

E essa outra pessoa era Alfie.

À direita estava o Mimoza e à esquerda estava o Itami - assim se vê o quã o bem


posicionado era aquele lugar.

Embora a expressã o de Lelei permanecesse a mesma, ela olhou para as costas de


Alfie, parada enquanto o fazia. Se ela pudesse exercer força apenas olhando para
alguém, talvez Mimoza pudesse ter sido forçada a se afastar pela pressã o do olhar
dela.

Lelei silenciosamente puxou uma cadeira, encaixou-a no ú nico espaço restante


entre Alfie e Mimoza e entã o se sentou.

Alfie, que habilmente aproveitou a oportunidade anteriormente, nã o parecia


entender os sentimentos de sua irmã zinha. Ela simplesmente agarrou o copo na mã o
de Lelei com um “obrigado” e o bebeu de um só gole, o que também acalmou o arfar
de seu peito.

“Nã o me assuste. Sério agora~”

Como se estivesse bêbada, Alfie de repente se jogou na mesa e começou a reclamar.


Os olhos de todos foram para ela mais uma vez.

“Alfie, você sempre foi tã o teimosa. Você nunca foi paciente o suficiente para
terminar de ouvir o que as pessoas dizem.

“Mas, você disse ‘um dia’... quando será isso?”

“Vai demorar, mas nã o muito.”

"Eu vejo. Ouvi dizer que em Valleta as pessoas usam algo chamado composiçã o
tipográ fica para imprimir coisas. Entã o é por isso que eu disse que chegaria
P a g e 91 | 220
eventualmente. No entanto, isso significa que realmente nã o há futuro nesse tipo de
coisa? O que devo fazer a partir de agora…”

Assim que ela terminou, o homem ao lado dela perguntou, seu interesse
florescendo: “Você quer dizer, livros autorais?”

"Nã o nã o. Bem, há escrita envolvida, mas é basicamente apenas copiar os livros


valiosos escritos por grandes sá bios do passado. Claro, eles precisam ser
encadernados e iluminados, para que o tomo final pareça intrincado e informativo.
Depois de tudo isso feito, você pode levar para as prateleiras das lojas e vendê-los.”

“Essa garota nã o só tem boa caligrafia, mas também é boa em embelezar os


volumes, entã o seus trabalhos sã o bastante populares entre os ricos.”

"Ehh ~ Entã o é assim que funciona.."

Depois que Mimoza terminou, o homem murmurou suavemente em


compreensã o.

Manuscritos iluminados ficavam bem na prateleira e também sugeriam a


generosidade de seus proprietá rios, porque esses proprietá rios teriam pago um alto
preço para decorar seus quartos com tais itens. Portanto, nobres ou comerciantes
ricos que queriam fingir que eram cultos ficavam muito felizes em comprar volumes
feitos com requinte.

“Copiar um livro inteiro à mã o é muito difícil, nã o? Minha ex-esposa também


trabalhava com publicaçõ es e tinha que enfrentar sua mesa todos os dias. Estou
bastante surpreso por ela ter conseguido se manter sã depois de tudo isso.”

“Essa senhora também seria uma Sá bia?”

"De jeito nenhum. Ela é uma artista de doujin ... er, como devo colocar isso. Em
todo caso, ela desenhava para contar uma histó ria.”

"Ah... entã o ela é autora de livros ilustrados..."

Alfie olhou nervosamente para Itami de cima a baixo e entã o perguntou:

“Entã o~ embora isso possa ser um pouco intrusivo… por que vocês se
separaram? As mulheres que ficam olhando para as mesas o dia todo nã o sã o muito
P a g e 92 | 220
atraentes, nã o é?”

"Nã o é isso. Foi ela quem levantou o assunto do divó rcio. A verdade é que nã o me
importo que as mulheres façam esse tipo de trabalho, entã o acho que a razã o pela
qual ela quis terminar foi porque queria voltar ao ponto de partida. Acho que
simplesmente nos separamos em algum momento de nossas vidas.

Itami fez “ahaha” enquanto coçava a cabeça timidamente.

Depois disso, Alfie passou o braço em volta do pescoço da irmã zinha e a abraçou.

"Quem é esse homem?

“Itamy Youjy.”

"O que ele faz?"

“Ele é um soldado do outro lado do Portã o.”

“Entã o, por que um soldado do outro lado do Portã o nã o está na Capital Imperial,
mas aqui?”

Londel há muito sabia da guerra entre o Império e o país do outro lado do


Portã o. No entanto, quando se leva em consideraçã o a localizaçã o do Portã o de Arnus,
a cidade de Londel fica na direçã o completamente oposta da Capital Imperial. Havia
até uma cordilheira entre as duas cidades, completa com um riacho que fluía dos
picos gelados. Por isso, ninguém pensou que a luta viria até ali.

“Ele está em uma missã o de prospecçã o de recursos, por ordem de seu país.”

Quando essa conversa chegou aos ouvidos de Mimoza, a velha pareceu se


lembrar de algo e bateu palmas.

"Isso mesmo! Falando nisso, Itamy-san quer saber algo sobre minérios. Essa é a
especialidade de Alfie. Alfie, se nã o se importa, vá ajudá -lo.”

"Ah sim. Se você nã o se importa, eu ficaria feliz em acompanhá -lo.” Ao dizer isso,
Alfie endireitou-se na cadeira.

Naquele momento, como se esperasse por uma deixa, o dono do restaurante


entrou com a comida, aproveitando a breve pausa na conversa. Logo a mesa estreita
P a g e 93 | 220
estava cheia de tigelas cheias de ensopado e pratos cheios de comida.

“Como sempre, tudo parece delicioso.”

"Mm. Eu estava muito motivado hoje.”

Quando o dono disse isso, as senhoras da loja sorriram.

E entã o, era hora de comer. Para preencher o tempo, Mimoza resolveu trazer o
“dever de casa”

“Rory. Antes que eu me esqueça, deixe-me responder à pergunta que você me fez
da ú ltima vez. Você me perguntou - 'Por que existem tantas espécies neste mundo?' E
a resposta que posso lhe dar é - o portã o. O grande nú mero de demi-humanos neste
mundo só poderia ter sido trazido para cá quando o Portã o se abriu e permitiu que
eles passassem. Com isso em mente, nó s, humanos, deveríamos ter sido os ú ltimos
imigrantes. Historicamente falando, a humanidade seria os residentes mais jovens
deste mundo.”

Mimoza se inclinou para frente e Rory perguntou se essa era sua resposta final.

“Mm, tenho certeza. É pela mesma razã o que Arnus é vista como um lugar
sagrado no Império – nã o por razõ es religiosas, mas porque foi o lugar onde a
humanidade floresceu pela primeira vez.”

“Como esperado de você, Mimoza.”

Mimoza parecia ter ficado um pouco animada depois de ganhar a aprovaçã o de


Rory - ela curvou os braços e cerrou os punhos

“Aah, parece que a questã o foi resolvida. Eu me sinto tã o aliviado. Para pensar,
eu descobriria o que significa ser liberada nesta idade.”

“Por que você fez essa pergunta a ela?”

Em resposta à pergunta de Itami, Rory deu uma resposta séria e sincera.

“Se você comparar este mundo a uma á rvore, entã o nó s, como semideuses,
seríamos os jardineiros que cuidavam daquela á rvore. Se virmos um galho que
cresceu demais ou do lado errado, nó s o cortaremos, se necessá rio. Claro, a á rvore
P a g e 94 | 220
chamada 'O Mundo' nã o crescerá se tudo o que fizermos for podar, certo? Entã o, o
que fazemos é escolher alguns Sá bios promissores e fazer a eles uma pergunta
aparentemente irracional.”

Até Itami sabia que Rory se referia a conhecimento e tecnologia quando falava de
galhos.

“Parece como criar um bonsai.”

"Bastante. Você apara os galhos que nã o gosta e se livra das pragas que voam.
Sempre protegemos a paz deste mundo por esses meios - bem, deveríamos, mas ...”

"Você deve? Por que você diz isso?"

Mas quando Itami estava prestes a perguntar, ele viu Rory suspirar e depois
sibilar baixinho: "Hardy, sua idiota".

Em outro lugar, Lelei parecia ter suas dú vidas sobre o que Mimoza acabara de
dizer. “Nunca aprendi nada parecido antes.”

Mimoza, por sua vez, simplesmente deu de ombros e disse: “Bem, é de se


esperar”.

“Veja, essa é a direçã o em que levei minha pesquisa. Kato se concentrou em


física, entã o seu conhecimento de histó ria era apenas mediano. Teria sido estranho se
ele realmente mudasse seu foco para o estudo da histó ria.”

Logo depois disso, Alfie deu uma cotovelada nas laterais da irmã , e o olhar em seu
rosto parecia dizer: "Como eu suspeitava".

“Eu nã o disse isso antes também? — Hum, sim, mestre Kato é especialista em
magia de combate. Mas aprender apenas com um velho mestre leva a que seu
conhecimento seja desequilibrado. Ainda assim, nã o é tarde demais para você. Por
que você nã o fica aqui e se beneficia de uma educaçã o estruturada? Alfie aconselhou.

No entanto, Lelei permaneceu impassível. Ela simplesmente disse: “Se eu nã o


buscasse a tutela do Mestre Kato, nã o teria tido a chance de lutar para ser uma Sá bia”.

“Pode ser que sim, mas isso nã o importa, certo? Aqui vai um conselho para você,
esse seu manto branco pode acabar virando todas as cores do arco-íris, como um
P a g e 95 | 220
pá ssaro tropical - eles dizem que recentemente os Anciã os trouxeram corantes
líquidos para a sala de conferências, e você pode imaginar como isso acabou.”

"Está bem. Tenho confiança em minha pesquisa. Se possível, gostaria que todos
vocês vissem isso.” Com isso, Lelei retirou um pergaminho de uma bolsa que seu
manto estava cobrindo.

Ao fazer isso, vá rios funis que ela guardava dentro da bolsa cairam. Lelei moveu-
se apressadamente para pegá -los.

Ela comprou esses funis de cobre em uma mercearia japonesa. Pode-se usá -los
para encher um recipiente do tamanho de uma garrafa de vinho com líquido de um
copo grande (cerca de um litro de vinho, molho e assim por diante). Agora que as
garrafas eram comuns, funis como aquele eram muito difíceis de encontrar.

"Por que, por que você tem coisas como essas?"

Lelei deu à pergunta de Itami uma resposta inexpressiva:

“A forma e os materiais desses objetos sã o adequados para produzir o efeito


Neumann. Além disso, eles sã o baratos de fazer, entã o perdê-los nã o é uma grande
perda. O mais importante é que ninguém pensaria neles como armas.”

Assim que os dois começaram a discutir isso, Mimoza e Alfie abriram o


pergaminho de Lelei e começaram a ler.

“Esta embalagem parece terrivelmente simples…”

Alfie começou encontrando falhas no exterior do pergaminho. No entanto, quando ela


leu seu conteú do, ela ficou em silêncio.

“Bem, isso é bastante surpreendente. Se você apresentasse diretamente o


conhecimento de outro mundo como está , com certeza seria acusada de plá gio. Em
vez disso, você o usou como base e depois o fundiu com nossos sistemas má gicos. Se
você fizer isso, aqueles Anciõ es exigentes nã o podrã o dizer nada.”

Mimoza sorriu para Lelei, como se estivesse dando uma garantia.

“A conferência do pró ximo mês será bastante interessante…”

P a g e 96 | 220
Alfie disse isso, mas seu corpo havia congelado há muito tempo, suas
sobrancelhas franzidas. Pouco depois, ela murmurou:

“Ela, ela me superou. Ela completamente…”

Arpeggio juntou seus dedos indicadores e ela esfregou suas pontas uma na outra
enquanto suspirava.

“... Lelei me superou.”

“Que pena, Alfie. Mas você ainda tem muito tempo, entã o nã o desista.”

As palavras de Mimoza pretendiam confortá -la e encorajá -la. Mas para Alfie, que
se sacrificou tanto e dedicou sua vida à pesquisa para obter resultados, o choque de
ser tã o facilmente eclipsada por sua irmã mais nova nã o era algo que um simples
encorajamento pudesse resolver.

“Haa… é melhor eu nã o me incomodar com esse negó cio de pesquisa. Eu nã o


tenho nenhum talento. Quando terei a chance de brilhar? Eu também poderia me
aposentar e voltar para a aldeia para ensinar crianças.”

Alfie estava completamente deprimida.

E agora, foi a vez de Lelei dar-lhe alento.

"Nã o é assim. Obter resultados só lidos da pesquisa de magia mineral leva muito
tempo e esforço - é assim que a pesquisa nesse campo é.

"S-Sério?"

“Foi apenas por uma chance mínima que consegui testemunhar o conhecimento
do outro lado do Portã o e subindo nos ombros de gigantes, cheguei aqui. Mas todos
sabem que a pesquisa de magia mineral requer uma grande soma de dinheiro para
ser realizada. Ninguém pode negar isso.”

"É o que eu quero dizer. Sem dinheiro eu nã o posso nem comprar amostras
experimentais... Diga, Lelei, você ganhou muito dinheiro recentemente, certo?
Empreste-me um pouco!”

Antes que Alfie pudesse terminar, Lelei virou-se para a mesa de jantar e começou
P a g e 97 | 220
a servir a sopa.

“Isso é realmente delicioso.”

Ela havia ignorado completamente o pedido de Alfie.

“Oi! Nã o me diga que você nã o tem dinheiro agora!?”

“Magia mineral – mesmo que seja alquimia – é como um caldeirã o de bruxa que
derrete cada moeda jogada nele. As pessoas literalmente viram seu dinheiro virar
fumaça. Como você pode ver, esse campo de pesquisa é realmente assustador. Quem
se envolve com esse negó cio está pedindo por isso. Por causa disso, ninguém vai te
ajudar.”

“Uwaaaaaaaaaaah!”

Como se lamentasse seu infortú nio, Alfie agarrou a cabeça dela e chorou
copiosamente. Enquanto assistiam a isso, Tuka e Rory sussurraram uma para a outra:

“A irmã de Lelei é uma personagem bastante interessante.”

"Mm. Esta é a primeira vez que vejo uma mulher humana tã o apaixonada.”

De lado, Mimoza apenas suspirou exasperado, antes de entrar na conversa:

“Aquela garota se lançou na pesquisa desde que ela foi capaz de fazê-la pela
primeira vez. Ela está toda ferida, física e mentalmente. Acho que ela foi levada ao
limite.

“Falando nisso – quando você tinha a idade dela, tudo o que você fazia era
brincar e se divertir, Mimoza.”

Rory começou a contar nos dedos, para algum propó sito desconhecido. Sua mã o
direita nã o era suficiente, entã o ela continuou com a mã o esquerda.

“Rory, você poderia, por favor, nã o trazer o passado à tona?”

Parece que as açõ es de Rory conseguiram deixar as orelhas de uma velha


vermelhas de vergonha.

P a g e 98 | 220
Depois de um tempo, ao perceber que ninguém daria atençã o ao seu choro, Alfie
desistiu de repente e disse:

“Já chega! Eu poderia muito bem encontrar alguém e me casar com ele!

"Eh? Parece que ela mudou de repente”, disse Tuka.

“Que coisas interessantes ela vai dizer a seguir?” Rory respondeu, com uma
expressã o de ansiedade no rosto.

Alfie voltou a abraçar Lelei e disse:

“Fale-me sobre Itamy-san, hm?”

“Itamy Youjy. Um oficial militar do país de Nihon. Concedido o título de 'Senhor'


pelo Rei do Reino do Elba. Além disso, ele é um patriarca honorá rio da tribo Dark Elf
da Floresta Schwarz, etc.

“Um ‘Lorde’... bem, ele nã o é um de alto escalã o, mas ainda é um nobre! Como,
como está sua situaçã o financeira? Seus bens?

Desta vez, foi Yao quem respondeu.

“Devido a certas contribuiçõ es do Mestre Itamy, nossa tribo deu a ele um


diamante desse tamanho. Além disso, também sou considerada propriedade do
Mestre Itamy.”

Alfie olhou para a forma que Yao fez com as duas mã os - algo do tamanho de uma
cabeça humana - e ficou em silêncio. Ela se levantou, irradiando uma pressã o que
deixou Yao muito desconfortá vel, e perguntou:

“A, um diamante? Do tamanho de uma cabeça humana?!”

Nesse ponto, Alfie nã o pô de deixar de deixar sua imaginaçã o correr solta.

Este homem possuía uma riqueza enorme, o suficiente para ela construir um
ambiente adequado para pesquisas abastecido com todos os reagentes e
equipamentos de laborató rio de que ela poderia precisar a qualquer momento.

Eles poderiam deixar as tarefas domésticas e criar os filhos para uma empregada
P a g e 99 | 220
contratada (a silhueta de Yao veio à mente enquanto ela imaginava isso). Além disso,
se o marido dela fosse soldado, dificilmente estaria em casa devido ao trabalho. Outra
coisa é que esse homem já havia se divorciado, entã o ainda era solteiro.

Em outras palavras - ele era um bom partido!

Alfie nã o se importava muito com mais nada, desde que pudesse viver
confortavelmente. O tipo de estilo de vida que ela queria era o que as pessoas
descreviam como “Desde que meu marido traga o bacon de volta, nã o me importo de
ficar sozinha em casa”. Claro, para um homem, uma vida doméstica como essa
basicamente destruiria suas esperanças e sonhos…

No momento em que Alfie se recuperou dessas ilusõ es inebriantes dela e jogou a


cabeça para trá s, ela descobriu que seu lugar já havia sido ocupado por outra pessoa -
Lelei estava sentada lá com indiferença, praticamente encostada em Itami. Parece que
Lelei se aproveitou da posiçã o de Alfie para ocupar rapidamente o vazio que ela
deixou.

“Ei, espere um minuto. Lelei, esse é o meu lugar.”

“Era meu antes de você chegar aqui.”

“Nã o adianta falar isso agora. Me devolva."

"Nã o."

"Por que nã o? Por que você está sendo tã o difícil?”

Depois disso, Lelei agarrou a manga de Itami com força e disse:

“Já temos um tipo de relacionamento de três noites.”

As três noites em questã o (pode-se chamar de ritual, mas era mais uma tradiçã o)
referiam-se ao fato de que um casal que passou três noites dormindo juntos na
mesma cama agora estava unido. Em outras palavras, esta foi uma declaraçã o de que
“A partir de hoje, estamos casados”.

"Quem... quem, quem é?" Alfie perguntou com a voz trêmula.

“Itamy e eu.”
P a g e 100 |
220
“Aieeeee!”

Fora superada no meio acadêmico, derrotada no poder financeiro, e agora Lelei


assumira a liderança até no campo amoroso...

Nesse momento, a corda tensa amarrada ao redor do coraçã o de Alfie se esticou


ainda mais - e assim se partiu. Quando voltou a si, já havia acertado Lelei na cabeça
com a tigela de sopa.

P a g e 101 |
220
Parte dela pensou que seria ruim se Lelei se queimasse, mas uma vez que ela
pegou a tigela, tudo isso saiu pela janela - a sopa havia esfriado depois de ficar tanto
tempo ali. Sendo assim, nã o havia por que hesitar — Alfie arremessou a tigela de sopa
na cabeça de Lelei.

Seu cabelo prateado agora estava manchado de castanho-avermelhado pela sopa


de batata-doce. Além disso, a sopa pingando atingiu seus ombros e manchou suas
roupas brancas.

Todos olhavam em choque para Alfie, enquanto ela mesma percebia o que havia
feito.

Droga, fui longe demais.

Mesmo assim, ela nã o se arrependeu do que havia feito. Agora, Alfie estava se
sentindo mais relaxada do que nunca - na verdade, tudo isso era necessá rio.

Nesse momento, Lelei levantou-se, um tanto cambaleante. Ela olhou para sua
irmã mais velha, e um fogo queimou em seus olhos.

E isso nos leva aos eventos no início deste capítulo.

******

As duas magas se encararam, como duelistas esperando para atacar. Os


aprendizes ao redor deles prenderam a respiraçã o, esperando a batalha começar.

Nã o importa como você olhe para isso, ambos os lados pertenciam a Lindon -
uma das Escolas de magos de batalha. Portanto, todos aqui puderam observar as
complexidades do combate má gico durante esta batalha. Se tivessem sorte, poderiam
até observar feitiços que eram normalmente reservados como trunfos - algo que
todos esperavam ansiosamente.

No centro exato da distâ ncia entre as duas irmã s estava Rory em sua roupa preta
de sacerdotisa, que bateu a ponta de sua alabarda no chã o.

“Koff—. Vou explicar as regras que ambos os lados devem cumprir. Primeiro,
nenhuma de vocês fará nada que coloque em risco a vida da outra. Em segundo lugar,
como vocês sã o duas mulheres, nã o vã o bater na cara uma da outra. Tudo é valido
além dessas duas regras, e você pode se entregar ao conteú do de seu coraçã o. Além
disso, vou indicar as condiçõ es de perda. Um, se alguém quebrar as duas regras acima
P a g e 102 | 220
mencionadas, perdem. Dois, se alguém se render, ou se for derrubada e nã o conseguir
se levantar até dez, também perde. Além disso, ambos os lados devem se reconciliar
apó s o término da batalha. Vocês duass concordam com esses quatro pontos?”

Emroy era a Deusa da Guerra. Rory foi a Apó stola de Emroy. Lelei assentiu
silenciosamente, concordando com essas condiçõ es. Da mesma forma, Alfie acenou
com a cabeça em reconhecimento.

“Entã o, eu, Rory Mercury, Apó stola de Emroy, a Deusa da Guerra, concedo minha
sançã o à 13ª Batalha das Irmã s da Família Lelena!”

A declaraçã o de Rory foi como uma pistola de partida.

Alfie deu o primeiro passo. Houve um flash de luz de sua mã o direita e uma
pequena bola de luz voou para Lelei.

Em resposta, Lelei convocou um anel de vento em torno de seu manto branco,


evitando facilmente a bola de luz.

Logo depois disso, Alfie sacou uma arma conhecida como boleadeira.

Originalmente, boleadeiras eram armas de arremesso usadas para caçar presas.


No entanto, nas mã os de um usuá rio habilidoso, pode ser usado para todos os tipos
de ataques altamente variá veis, mostrando grande poder em curto e mé dio alcance.
Alé m disso, nã o era uma arma pesada, por isso era fá cil de carregar. Normalmente, as
boleadeiras eram feitas juntando vá rios pesos com uma corda, mas a boleadeira que
Alfie segurava era feita de três pesos ligados por correntes finas. Alé m disso, como
Alfie era uma expoente da magia mineral, ela conseguiu alterar as propriedades
físicas da arma em sua mã o - os pesos em espiral eram feitos de materiais diferentes
e fortemente encantados com magia, que liberavam luz brilhante de acordo com o
usuá rio. vai.

Ao ver isso, Itami murmurou: "Isso, isso é ..."

Mimoza assumiu que ele estava ofegando de admiraçã o e interveio para


explicar.

“Incrível, nã o é ? O foco atual da pesquisa de Alfie é o uso de minerais como meio


de contato para liberar todos os tipos de fenô menos má gicos. Normalmente, seria
necessá rio usar o 'princípio má gico' para mergulhar nos 'fenô menos' dos quais tudo
P a g e 103 | 220
brota. O princípio por trá s do uso de um meio de contato abre uma nova
possibilidade na prá tica de expressar os ‘fenô menos’ – torna-se mais rá pido e
simples. No entanto, os efeitos produzidos sã o tã o variados quanto os pró prios tipos
de materiais. Por exemplo, o aço simplesmente brilha e esquenta. Um certo tipo de
material que conhecemos pode produzir uma luz poderosa. Com madeira
especialmente tratada, pode-se até produzir uma barreira defensiva. A pesquisa de
Alfie centrou-se nessas propriedades, para descobrir o princípio fundamental que as
rege.”

No entanto, a explicaçã o de Mimoza nã o dissipou as dú vidas de Itami. Em vez


disso, ele parecia confuso e franziu a testa.

“Nã o, nã o, eu nã o quis dizer isso. O que eu queria dizer era, Lelei nã o iria se
machucar se batesse nela? Logicamente falando, é isso que deveria acontecer, certo?
Isso é... definitivamente nã o está mais no nível de uma mera briga de irmã s.

“Mas é assim que os magos sempre resolveram suas disputas uns com os outros.”

Enquanto os dois conversavam, o som do ar se estilhaçando ressoou pela rua


enquanto lâ minas de ar comprimido riscavam continuamente o ar e destroços
choviam do céu como uma monçã o. Com ondas de seus bastõ es para se defender de
um ataque, fugir e depois cortar horizontalmente, os ataques de ambos os lados
colidiram um contra o outro no meio.

“Faz apenas alguns anos, mas você cresceu bastante.”

“Esta tú nica branca nã o é para se exibir, você sabe.”

"Palavras ousadas. Vamos ver se eu nã o arranco os pontos da sua roupa."

Depois disso, ambos os lados aumentaram sua aposta - e seu poder de fogo.
Raios de luz desviados queimaram os beirais das casas pró ximas. Vá rios pedaços de
detritos de pedra se espalharam pela multidã o, o que atraiu uivos deles. O fato de
ninguém ter se ferido era um milagre, o que parecia ser uma prova de que as pessoas
que assistiam eram na verdade magos.

"Parece que elas estã o saindo do controle..."

Pedaços de pedra quebrada caíram do céu como balas, fazendo Itami se encolher
em seu uniforme.

P a g e 104 | 220
A umidade do ar cristalizou-se em pingentes de gelo, cujas pontas afiadas
brilhavam na luz enquanto voavam para frente e para trá s. Alguns deles esfaquearam
as paredes pró ximas, e seu reboco se desfez e caiu.

“A primeira coisa que os magos da Escola Lindon aprendem é a magia defensiva.


Portanto, na maioria das batalhas de feitiços, ambos os lados correm para ver quem
pode quebrar as defesas do outro primeiro. No entanto... as duas têm um poder de
ataque e defesa muito alto. Lelei cresceu tanto que mal consigo reconhecê-la.”

A verdade era que ambas haviam exercido todas as suas habilidades e a pressã o
aumentava a cada segundo.

Dito isso, todas as pessoas tinham seus limites; e em certo ponto, ambas pararam de
se mover. Elas ofegavam e a cada respiraçã o, lançavam um feitiço de ataque, antes de
erguer seus cajados pesados e usar toda a força para erguer uma barreira defensiva.

E entã o, um som como um pesado pedaço de metal atingindo outra coisa ecoou
por toda parte, levantando uma nuvem de poeira.

“Uuu, é isso que eles querem dizer com gênio? Droga...” Alfie cerrou os dentes e
deu um passo à frente.

A primeira metade desta batalha foi como um duelo entre dois cavaleiros
atacando um ao outro com toda a força. O fato de terem chegado tã o longe era uma
prova de um choque de força contra força e vontade contra vontade.

No entanto, se elas continuassem arrastando a luta assim, a diferença em suas


respectivas forças logo ficaria clara - Alfie atacava cada vez menos, enquanto ela
defendia cada vez mais.

Nesta situaçã o intensa, Itami sentiu que era hora de tentar detê-las. Com isso,
virou-se para Rory, a á rbitra, e arriscou:

“Rory, o que devemos fazer agora? Acho que a determinaçã o delas vai levar essa
luta a um está gio perigoso…”

“Você está certo, mas seria melhor esperar um pouco mais, até que a vitó ria e a
derrota sejam aparentes, antes de detê-las. Caso contrá rio, o rancor entre elas nã o
desaparecerá . Olha, mesmo nessas circunstâ ncias, Alfie ainda busca uma chance de
fazer um contra-ataque decisivo, enquanto Lelei — que está confiante na vitó ria —
P a g e 105 | 220
espera uma chance de finalizar a luta em um ú nico movimento.”

Rory tinha razã o, mas estava tudo bem?

No entanto, quando Itami estava prestes a compartilhar seus pensamentos, um


lamento veio da multidã o pró xima, claramente sem relaçã o com a batalha das irmã s.

Houve o som de uma espada balançando e...

Depois de um grito de raiva, houve um gemido de dor de alguém.

"Seu covarde! Se prepare"

A princípio, as pessoas pensaram que eram apenas dois espectadores que


brigaram porque estavam empolgados. No entanto, quando se viraram para olhar,
viram um homem com uma espada atravessada no peito caindo no chã o.

*** ***

Embora esta batalha envolvesse a troca de magia poderosa, embora deixasse


cicatrizes no chã o com buracos e marcas, embora as paredes pró ximas estivessem
perfuradas como queijo suíço, ainda era uma batalha entre irmã s que ocorreu sob os
auspícios de Rory, Apó stola de Emroy, e sua pré-condiçã o era que nã o envolvesse
tirar a vida humana. Por causa disso, todos puderam assistir com entusiasmo.

Mas agora, o chã o estava coberto de sangue fresco.

Alguém havia morrido sob os olhos de todos os presentes - um homem cujo


corpo estava encharcado de sangue cambaleou alguns passos à frente antes de cair no
chã o.

Depois disso, o rosto de todos mudou - alguns fizeram caretas, ficando pá lidos,
enquanto outros ficaram vermelhos, olhando com raiva para o assassino, e alguns
olharam para o lado, saindo furiosos para chamar os guardas.

Havia até algumas pessoas experientes nesses assuntos, que ergueram seus
cajados má gicos enquanto se moviam para o lado, prontas para capturar o assassino
com feitiços.

Havia um olhar irado no rosto de Rory quando ela perguntou:

P a g e 106 | 220
“...E pensar que você ousaria manchar o solo de um campo de batalha santificado
por eu, Rory. Exponha suas razõ es para fazê-lo, Gray Co Aldo.”

"Sim."

O assassino - Cavaleiro em Treinamento Gray, embainhou sua espada manchada


de sangue e se ajoelhou diante de Rory.

“Sua Santidade, já faz um tempo. Este aqui está honrado em encontrá -la
novamente.”

A deferência que este homem estava mostrando parecia um tanto exagerada. A


razã o pela qual ele fez isso foi devido à hostilidade de todos ao seu redor.

Para ele, a primeira coisa a fazer ao afirmar a retidã o de suas açõ es era projetar
uma imagem direta, porém humilde, de si mesmo. Foi de suma importâ ncia. Pode-se
dizer que neste lugar, era exatamente a coisa certa a fazer, e conforme ele chamava a
atençã o da platéia ao redor, eles lentamente paravam o que estavam fazendo para
assistir.

Naturalmente, a resposta de Gray foi alta o suficiente para que todos ouvissem.

"Eu entendo que Vossa Santidade está chateada com essa situaçã o, mas se me
permitir dizer algo, eu espero que todos possam sair rapidamente deste lugar.
Eliminar um assassino nã o garante que este lugar seja seguro."

As palavras de Gray provocaram comoçã o nas pessoas ao seu redor. Quando ele
disse que este lugar era “inseguro”, deu a entender que havia perigo aqui. Mas quem
estava em perigo? Que tipo de perigo era? Todos olharam em volta confusos.

As ajoelhadas Lelei e Alfie pareciam ter se recuperado dos esforços da intensa


batalha e, quando ouviram isso, nã o tiveram escolha a nã o ser levantar a cabeça.

Pouco depois de Gray aparecer, a pessoa que havia revistado o corpo e os


pertences do falecido - Shandy Kaf Marea - se aproximou de Rory e mostrou a besta
que ela acabara de encontrar.

Observando mais de perto, a besta foi puxada e uma flecha encaixada na corda.
Se fosse uma arma, pode-se dizer que ela foi carregada, o cã o foi puxado para trá s e a
segurança foi desativada. Em outras palavras, um tiro seria disparado assim que o
P a g e 107 | 220
gatilho fosse puxado. Normalmente, ninguém andaria por aí com uma arma daquele
jeitp. Por isso, pode-se inferir que o morto estava mirando em alguém com essa arma
e planejando atirar. Tudo isso deu muita credibilidade à s palavras de Gray.

Nesse momento, Lelei e Alfie se entreolharam — o que estava acontecendo? As


duass nã o tinham ideia do que estava acontecendo e entã o perguntaram a Shandy:

"O que houve com aquele homem?"

“Aquele homem estava escondido no meio da multidã o com a intençã o de matar


você, Lelei-sama.”

“Ehhhhhh?! Mas por que?!"

Quem gritou nã o foi Lelei, mas sua irmã Alfie.”

“Nã o posso explicar agora. Todos, por favor, se apressem e...”

Todos reagiram lentamente à s palavras de Gray, como se fossem incapazes de


compreender o que ele estava falando. No entanto, houve uma pessoa que entendeu
imediatamente o que estava acontecendo em um momento como este.

"Entendi. Todos, sigam-me. Rá pido, vamos sair daqui.”

Essa pessoa era Itami. Ele reuniu Lelei e Alfie e os apressou, dizendo: "vamos,
vamos, vamos", começando a andar enquanto desviava as pessoas da rua, deixando o
restaurante 'Marina' para trá s.

Gray e Shandy seguiram atrá s dele, lançando olhares atentos a todos ao seu
redor.

Ao mesmo tempo, Itami chamou Yao e disse a ela: “Volte para a pousada
primeiro e veja o que está acontecendo”.

Talvez ela tenha ficado encantada por ter recebido uma tarefa, Yao respondeu
com uma voz alegre:

"Entendido! Devo garantir que nã o haja ninguém suspeito rondando a pousada,


certo?”

P a g e 108 | 220
“Tuka, você vai com ela também. Por favor."

Nesse momento, Tuka – que ainda tinha dificuldade para entender o que estava
acontecendo – concordou imediatamente, balançando a cabeça e dizendo: "Nã o tem
jeito".

E assim, Tuka e Yao correram de volta para a pousada na frente dos outros.

Lelei e Alfie as seguiram. Atrá s delas estavam Mimoza e Itami, enquanto Rory,
Gray e Shandy lançavam olhares cautelosos ao redor.

“Diga-me, quem está de olho na Lelei? Ela é uma boa garota.”

O protesto de Mimoza fez Gray e Shandy se entreolharem.

Ambos estavam hesitantes e inseguros sobre como responder. Havia muita gente
por perto e muitos ouvidos para ouvir o que eles tinham a dizer, entã o aquele nã o era
um bom lugar para conversar. Dito isso, Itami também queria descobrir algo sobre
isso. Portanto, ele decidiu mudar de abordagem e em vez disso, fez perguntas - ele os
pressionou sobre assuntos dentro da á rea que eles poderiam explicar e evitou
perguntas difíceis de responder, tentando obter as informaçõ es de que precisava por
inferência.

“Quem te deu suas ordens? A princesa?"

"Sim", disse Shandy.

Ela vinha repetindo o mesmo conjunto de açõ es desde agora pouco - ela parou,
olhou em volta e entã o rapidamente caminhou para frente novamente. Isso tornava
sua respiraçã o rá pida e irregular, e seu cabelo castanho estava grudado na testa com
suor.

Shandy sentiu que tinha sido uma tola. Se nã o fosse por essa atribuiçã o, ela
poderia ter sido tradutora durante as conversas na capital imperial. No entanto, a
realidade era indiferente aos seus desejos e agora, ela foi forçada a realizar em um
trabalho sujo e imundo em um lugar como este.

“Sua Alteza Imperial ordena que levemos Lelei-sama para a Capital Imperial.
Além disso, Sua Alteza disse que Itami-sama e seus companheiros certamente
confiariam em Gray e em mim. E entã o, surpreendentemente, descobrimos quem
estava contratando os assassinos e vinhemos para cá a toda velocidade.”

A razã o pela qual Gray conseguiu ganhar a confiança de Itami e de seus


companheiros foi porque ele conheceu Itami e os outros durante a Batalha de Italica e

P a g e 109 | 220
foi apresentado por Shandy, que estava aprendendo japonês em Arnus.

“Entã o, quem está atrá s de Lelei… nã o, você nã o pode responder a essa pergunta
aqui. No entanto, tenho certeza de que você pode me dizer por que está tã o calado,
certo?”

“Como esperado de você, Itami-sama. Quanto a 'quem', bem ainda estamos na


fase de investigaçã o, e falar de forma imprudente só vai prejudicar nossas chances de
capturá -los.

Depois de dizer isso, ele acrescentou: "No entanto ..." e entã o começou a
esclarecer suas palavras.

“No entanto… a notícia da cabeça do Dragã o de Fogo na Capital Imperial lhe


rendeu muita fama na Capital e seus arredores, Lelei-sama. Pode-se dizer que todo
mundo sabe de você, e que ‘alguém’ está descontente com isso.”

“A cabeça do Dragã o de Fogo apareceu na Capital Imperial?”

“Você nã o sabia disso?”

“Se nã o me engano, a cabeça do Dragã o foi tomada pelos Elfos Negros. Eles
disseram algo sobre querer usar a cabeça do Dragã o como evidência e dizer ao
mundo inteiro que o Dragã o de Chamas estava morto, e deixar todos saberem que
suas vidas nã o estariam mais em perigo…”

“De fato, poderia ser usada dessa maneira.”

“E foi muito eficaz. Por causa disso, a opiniã o de todos sobre você está em um
nível sem precedentes, Lelei-sama.”

Embora Gray e Shandy tivessem feito suas explicaçõ es para Itami, ele ainda
inclinou a cabeça e murmurou, "Que estranho" em confusã o. Isso porque eles nã o
haviam dito nada sobre o motivo de apenas Lelei ser tã o popular. Se o motivo foi
porque ela matou o Flame Dragon, entã o todos aqui deveriam ser um alvo, mas a
verdade provou que essa hipó tese era falha.

E entã o, Gray parou e olhou para trá s para Lelei antes de dizer:

“É sabido que a fama nã o é só sua, Lelei-sama. No entanto, como seus


P a g e 110 | 220
companheiros sã o estrangeiros ou nã o sã o humanos, os humanos no Império reagem
de maneira muito diferente a você do que a seus outros companheiros. Eu acho que o
assunto decorre disso.

Itami ainda estava confuso. "O que?"

“É porque Lelei-sama é um cidadã o do Império e um membro da espécie


humana.”

“Meu povo é nô made e nã o chama nenhum lugar de lar. Nã o tenho intençã o de


me tornar um cidadã o imperial.”

“Os plebeus nã o se importam com essas circunstâ ncias. Nã o, nã o posso dizer isso
- talvez seja por causa dessas circunstâ ncias que as pessoas torcem por você. Digam o
que quiserem, essa foi uma tarefa que os nobres, o exército ou mesmo o imperador
nã o puderam realizar. E agora você - nem mesmo uma cidadã do Império - conseguiu
fazer isso. Sua existência é um grande incentivo para quem nã o deseja trabalhar sob o
domínio do Império.”

Itami sentiu que isso pode ser semelhante à atitude de "torcer pelo time japonês
em torneios de beisebol ou futebol no exterior". Se o time japonês vencesse, na mídia
iria ao ar todos os tipos de programas especiais girando em torno deles dia e noite.
No entanto, os membros dos outros times de beisebol nã o receberiam nenhuma
cobertura. Apenas uma pequena fraçã o dos torcedores obstinados se importaria com
esses times - em certo sentido, esse exemplo era estranhamente adequado para essa
situaçã o.

“Ei, espere um minuto. Sua explicaçã o ainda nã o me diz por que alguém iria
querer a vida de Lelei.”

Gray estava naturalmente desconfiado de alguém que estava lutando contra Lelei
há menos de cinco minutos. Ele perguntou: “Minhas desculpas, mas quem é você?”

Antes que Alfie pudesse responder, Lelei interveio e disse: “Ela é minha irmã
mais velha.”

“Entã o foi isso! Aquela sua batalha de agora a pouco foi apenas uma briga de
irmã s. Foi uma exibiçã o magnífica de rivalidade entre irmã os.”

"Isso nã o é importante. Você ainda nã o respondeu minha pergunta. Por que Lelei
P a g e 111 | 220
está sendo alvo. Falando nisso, o que é tudo isso sobre a cabeça do Dragã o de Fogo?”

"Oya, você nã o sabia?"

Gray olhou confuso para Lelei. “Eu nã o disse a ela.”

“Que surpresa. Você deveria ter contado a ela desde o começo. “ 'Nã o fiz nada de
extraordiná rio.”

“Aí está o seu problema. Lelei-sama, você e seus companheiros nã o têm ideia de
quã o impressionante foi essa façanha.”

Gray tinha uma expressã o no rosto que parecia dizer: “Nã o acredito nisso”, e
entã o balançou a cabeça. Depois disso, ele resumiu os detalhes do incidente do Flame
Dragon para Alfie.”

“Nã o muito tempo atrá s, o Dragã o de Chamas foi morto pelos esforços
combinados de sua honrada irmã e de todos os presentes.”

"O que? Nã o seja estú pido... ei, isso é verdade?

Gray nã o deu atençã o à pergunta de Alfie e continuou falando em um tom calmo


e prá tico - para ele, nã o havia tempo a perder em dissipar suas dú vidas. Ao mesmo
tempo, foi justamente pelo tom de voz de Gray que Alfie percebeu que ele estava
falando a verdade.

“Parece que ‘alguém’ sente profunda repulsa pelas realizaçõ es de Lelei-sama.


Essa pessoa trouxe vá rias razõ es para se convencer da razã o de seu preconceito: “Os
verdadeiros heró is vivos sã o uma dor de lidar”, ou “Eu nã o aguento se ela nã o for
cidadã do Império” e assim por diante… Mas nã o importa o motivo que essa pessoa
apresente, a causa raiz desse problema, a razã o pela qual eles nã o podem
simplesmente deixar para lá , é porque eles estã o com ciú mes.

"Entendo."

Itami assentiu enquanto murmurava para si mesmo. Parece que foi por isso que
Lelei foi o alvo.

“No entanto, o problema agora é que os assassinos que eles enviaram nã o sã o


amadores. O fato de Lelei-sama ter matado o Dragã o de Fogo chamou toda a atençã o
da pessoa que estava puxando as cordas, e entã o ela enviou assassinos habilidosos
P a g e 112 | 220
para realizar a missã o. Eu e Shandy-dono sozinhos nã o sã o suficientes para parar
essas pessoas. Portanto, espero que todos vocês possam nos ajudar nisso.”

"Claro. Quem diria 'nã o' para proteger as pessoas pró ximas a eles?” A pronta
resposta de Itami atraiu um olhar penetrante de Lelei.

"Maravilhoso. Eu esperava tanto de um dos lendá rios Homens de Verde. Entã o,


vamos dar as mã os e golpear profundamente esses assassinos!”

No entanto, Itami balançou a cabeça ao ouvir Gray falar, e o olhar em seu rosto
parecia dizer: “Posso desapontá -lo, desculpe por isso”.

"Ei, eu realmente pareço tã o combativo para você?"

P a g e 113 | 220
JGSDF Capital Imperial, Akusho Centro de Operaçõ es

Normalmente, apenas o pessoal permanente ocuparia o interior deste centro de


operaçõ es, mas esta semana estava cheio de gente. O interior fervilhava de calor e
atividade.

Os monitores que estavam por toda parte mostravam imagens de câ meras


escondidas. O Soldado Líder Sasagawa agarrou o aparelho sem fio enquanto falava
com todos os tipos de pessoas, enquanto o Soldado Líder Tozu e os outros colocavam
marcadores de unidade vermelhos e verdes no mapa da Capital Imperial que estava
espalhado sobre uma mesa.

Além disso, o importante pessoal de inteligência do 2º Recom. estava tentando


entender os eventos dentro da Capital Imperial, bem como colocar em uso sua rede
de inteligência meticulosamente estabelecida.

No canto do corredor estava o sargento Nishina. Ele estava deitado em uma cama
de campanha, roncando enquanto coçava a barriga durante o sono. Todos
trabalhavam dia e noite e descansavam em turnos.

“Voltamos das compras.”

A dupla Kurokawa e Kuribayashi havia retornado. Ao lado delas estava sua


ajudante, a Mulher Alada Mizari. Todas as três estavam segurando sacolas.

Assim, todos os homens agradeceram antes de se reunirem ao redor delas, e até


mesmo as pessoas que estavam dormindo pularam de suas camas. Depois disso, eles
espiaram as sacolas que roubaram de Kuribayashi, mas quando viram o que havia
dentro, um grande grito de “O quê, isso de novo?!” encheu o ar.

Os sacos continham pã o de centeio - preto e duro por ter sido assado em altas
temperaturas - carne seca e frutas secas.

“Se nã o gosta, nã o coma! Tivemos que lutar com unhas e dentes por isso!”

Kuribayashi ergueu os punhos enquanto gritava. Tozu e Sasagawa murmuraram


suas desculpas e saíram correndo.

P a g e 114 | 220
Enquanto o sargento-mor Kuwabara mastigava algo que parecia uma tâ mara
vermelha seca, ele inclinou a cabeça.

“Isso está me incomodando há algum tempo, mas de onde você tira essas coisas?
Nenhuma das lojas está aberta. Poderia ser…"

“Eu com certeza nã o invadi a casa das pessoas com esses punhos para roubá -
las!” Kuribayashi gritou de volta antes que pudesse terminar.

“Nó s os pegamos no mercado negro de Furuta.”

“Oi oi, tudo bem? Os chefs anteriores nã o caíram em desgraça com Zorzal porque
ele suspeitava que eles estavam envenenando o imperador? Está realmente certo
vender comida roubada do palá cio?”

Kuwabara bateu levemente em sua cabeça com um movimento de corte. Claro,


essa nã o era a referência usual de ser demitido de um emprego, mas da cabeça do
chef ser literalmente decepada.

“Vai ficar tudo bem porque ele tem a proteçã o de Zorzal. Além disso, nã o é como
se estivesse roubando do palá cio. Ele faz acordos com os comerciantes que negociam
com ele e os repassa.”

“Isso é graças a nó s; caso contrá rio, conseguir comida nessas ruas seria muito
difícil”, disse Mizari enquanto distribuía as raçõ es aos homens no centro de
operaçõ es.

Ela entã o subiu as escadas, e lá encontrou um dos militares que nã o tinha muito
contato com seus pares, pelo fato de estar escondido dentro desta sala ou vagando
por toda parte.

“Kenzaky, a comida está aqui. Há o suficiente para todos. "Ah... obrigado."

O sargento Kenzaki, que estava deitado na cama, aceitou a comida que Mizari lhe
ofereceu. Depois disso, ele puxou Mizari para a cama, o que a assustou.

No entanto, ela disse: "Entã o é disso que se trata, preparando-se para começar
um empreendimento"

P a g e 115 | 220
Mizari bateu levemente no braço de Kenzaki. O homem lançou-lhe um sorriso
encantador e imediatamente a soltou. Seu toque de vaivém era apenas a maneira
como eles provocavam um ao outro.

Ainda assim, ele estava aqui fugindo do trabalho e nã o ajudando os outros lá


embaixo que estavam praticamente trabalhando até a morte, entã o ela queria ver o
que ele estava fazendo aqui. Sua vida também era assim - ou ele estava dormindo
aqui ou se exercitando, ou nã o era encontrado em lugar nenhum por vá rios dias.

Quando ele voltava, muitas vezes irradiava uma intençã o assassina que a fazia
estremecer. Quando ela encontrou seu olhar entã o, ela ficou paralisada, como um
sapo sendo ameaçado como uma cobra. Pensamentos como “eu vou morrer” e “faça o
que quiser” passaram por sua cabeça durante esses momentos.

Homens como ele, que emitiam um ar espinhoso, nã o eram incomuns em


Akusho, mas nã o havia ninguém cuja presença fosse tã o afiada e cortante quanto a
dele. Isso deixou Mizari profundamente ciente das diferenças entre seus respectivos
mundos.

“Kenzaky… esta semana foi muito ruim. Que tal hoje à noite, tudo bem?”

“Sinto muito, mas é proibido. Em outra ocasiã o, talvez.”

Embora ela esperasse essa resposta, Mizari ainda se sentia um pouco


desapontada.

******

Em outro lugar, Kurokawa examinou o interior do centro de operaçõ es, com a


intençã o de se reportar ao Major Nyutabara. No entanto, ela encontrou Nyutabara
relatando a situaçã o da Capital Imperial ao Coronel Imazu em Arnus, e ele gesticulou
para Kurokawa "Obrigado, mas por favor espere um pouco."

Se ela ouvisse com atençã o, ela poderia ouvir o sotaque Kansai de Imazu através
do fone.

"Entendi. Os senadores pró -paz foram todos colocados em prisã o domiciliar.


Entã o, como está a situaçã o nas ruas?”

P a g e 116 | 220
“Faz uma semana desde que o Imperador desmoronou e nã o há sinal de que eles
vã o suspender o estado de lei marcial na Capital Imperial. Há tropas por toda parte
nas ruas, ameaçando os cidadã os. Eles podem circular durante o dia, mas como o
movimento de entrada e saída da capital é restrito, quase todas as lojas ficaram sem
estoque e fecharam. Como resultado, o nú mero de pedestres diminuiu para quase
nada. O Centro de Operaçõ es da Capital Imperial também está ficando sem raçõ es.
Por favor, nos reabasteça o mais rá pido possível.”

"O que? Deve haver raçõ es suficientes para 150 homens. Um exército marcha
sobre seu estô mago. Você tem que administrar sua comida corretamente!”

“A vice-ministra e sua comitiva consomem muito. Lembre-se, a vice-ministra,


suas criadas e criados precisam ser alimentados.”

“Se for esse o caso, parece que a comida será mais eficaz do que o dinheiro como
suborno. Os suprimentos chegarã o o mais rá pido possível. Faremos o lançamento
aéreo depois de confirmarmos a programaçã o dos transportes C-1. Além disso, como
estã o a vice-ministra e os outros?”

“Bem, enquanto eles estã o nominalmente sob confinamento, eles ainda podem
usar livremente o Palá cio de Jade, entã o o acordo diplomá tico ainda deve estar em
vigor. Acho que nã o estã o tocando neles porque sã o nossos embaixadores
estrangeiros, nã o?”

"Nã o. Esse tipo de pensamento humanitá rio nã o funcionará aqui. Idiotas sã o


chamados de idiotas porque fazem coisas idiotas que nó s nã o fazemos. Você precisa
abandonar toda a sua ló gica anterior. Esteja atento para nã o ser colocado na
defensiva e acabar em situaçõ es difíceis. Você entende?"

Depois de repreender Nyutabara por sua visã o otimista da situaçã o, Imazu


considerou as informaçõ es que obteve até agora.

“De qualquer forma, parece que o golpe de Zorzal foi um sucesso.”

"Mm. Zorzal aproveitou a doença do imperador e anunciou que dissolveria o


Senado e tomaria o poder como príncipe regente. Depois que o comando dos
exércitos do Império foi transferido para ele e vá rias legiõ es juraram lealdade, ele
colocou a Capital Imperial sob lei marcial. A maioria dos senadores pró -paz fugiu com
suas famílias”.

P a g e 117 | 220
"Entendi. O fato de terem levado suas famílias com eles implica que nã o tiveram
outra escolha a nã o ser fugir. Se a situaçã o ficar realmente perigosa, nos retiraremos
imediatamente; caso contrá rio, você terá que manter a posiçã o. Entendido?"

"Eu entendo. No entanto, há alguns membros da família dos senadores ausentes


que nã o foram levadas. Devemos protegê-las?”

“Você nã o pode agir sem pensar. Se você os ajudar sem um bom motivo, isso só
os colocará em uma situaçã o pior. Você tem que considerar a situaçã o com cuidado.”

"Entendo."

“De qualquer forma, você precisa ficar de olho nq vice-ministrq e em nossos


camaradas das Relaçõ es Exteriores. Além disso, a saú de do imperador. Se ele vive,
morre ou tem uma chance de se recuperar sã o Elementos Essenciais de Informaçã o
(EEIs), entendeu? Eu já falei tanto, mas no final cabe a vocês.”

"Senhor!"

Com isso, Nyutabara encerrou sua ligaçã o para Imazu.

"A doença do Imperador... Alguém aqui tem contatos dentro do Palá cio?"

Nyutabara gritou para o Centro de Operaçõ es, mas a ú nica pessoa que respondeu
foi Kurokawa, parada diante dele.

“Neste momento, acho que o sargento Tomita – que tem um vínculo estreito com
um dos confidentes da princesa Pina – pode ajudar.”

******

Palá cio Imperial - Ula Bianca

Atualmente, o Palá cio Imperial estava em completo caos.

Assim que o príncipe herdeiro Zorzal anunciou sua ascensã o ao poder como
príncipe regente, ele distribuiu posiçõ es-chave nos ministérios doméstico, financeiro,
agrícola, de relaçõ es exteriores e palaciano para as pessoas de sua pró pria confiança,
bem como definindo os poderes desses cargos.

P a g e 118 | 220
Era verdade que a Regência administrada pelo príncipe herdeiro tinha controle
sobre os ministérios nacionais. No entanto, reorganizá -los era algo que deveria ter
sido feito sob os auspícios do verdadeiro imperador. Zorzal fez isso porque queria
garantir que suas políticas fossem executadas. No entanto, a sú bita elevaçã o de seus
lacaios ao mesmo patamar dos atuais ministros e a tomada contundente das funçõ es
de Estado deixaram o cená rio político em ebuliçã o.

Claro, a lei nã o limitou de forma alguma os ministros que sustentaram a regência


de Zorzal. No entanto, as massas nã o seriam capazes de aceitar isso. Ainda assim, o
imperador estava doente e ninguém sabia quando sucumbiria à doença. Num futuro
pró ximo, os ministros escolhidos pelo príncipe regente podem acabar sendo seus
superiores. Se eles se opusessem publicamente e fossem censurados, poderiam estar
se colocando em uma situaçã o difícil. Em outras palavras, eles tinham que se proteger
diante de um futuro incerto. Assim, surgiu uma situaçã o desconfortá vel em que os
ministros atuais e futuros detinham um certo grau de poder.

Claro, a oposiçã o a Zorzal logo surgiu da toca. Eles argumentaram: "Por que é
permitido a um mero príncipe herdeiro o poder sobre uma naçã o?" e assim por
diante. No entanto, uma vez que o status de Zorzal como herdeiro foi legitimado e ele
começou a exibir seu poder, seus argumentos contra ele perderam força. Eles só
poderiam ficar de pé se o outro lado realmente os respeitasse, para começar. Eles
eram inú teis contra alguém cujo objetivo era atropelar a oposiçã o.

Os ministros atuais derivaram sua autoridade e poderes do Imperador. No


entanto, o imperador estava atualmente indisposto. Portanto, eles estavam
segurando sua preciosa vida como velas ao vento, incapazes de promulgar políticas.
Além disso, embora eles nã o tenham discutido a ideia de serem suprimidos por um
Zorzal ascendente no passado por princípio geral, agora eles nã o tinham escolha no
assunto.

Além disso, agora que a facçã o pró -paz estava quase toda sujeita a prisã o
domiciliar, apenas os proponentes de guerras permaneceram para decidir as
questõ es.

Resoluçõ es que beneficiaram a facçã o pró -guerra e projetos de lei que foram a
favor de Zorzal foram aprovados sem qualquer oposiçã o. Por causa disso, a maioria
dos ministros ficou frustrada diante desse caos e nã o podia fazer nada além de
esperar que o imperador se recuperasse logo.

******

Apó s o anú ncio da chegada do Príncipe Regente, as portas do Regency Hall se


abriram.

P a g e 119 | 220
Sob o olhar dos futuros ministros, burocratas e dos jovens generais que
administrariam os assuntos militares, Zorzal entrou majestosamente pelas portas
abertas.

Os ambiciosos jovens burocratas e oficiais militares vestiam-se com roupas


grandiosas costuradas com fios de ouro e prata que refletiam a pró pria grandeza do
Príncipe Regente. Eles excediam em muito os ministros atuais no campo de roupas
luxuosas e pareciam ter saído de uma pintura.

Atrá s do Príncipe Regente estava Tyuule.

Seu status ainda era de posse do Príncipe Regente. No entanto, desde a ascensã o
de Zorzal, todos viam sua sombra quando olhavam para ela. Como a pessoa mais
pró xima do brilho de Zorzal, ela refletia uma fraca luz pró pria e recebeu o tratamento
de uma imperatriz, apesar de ser tecnicamente uma escrava.

Zorzal tirou casualmente sua capa, jogando-a para Tyuule, que esperava ao seu
lado. Depois disso, ele se aproximou do assento do Príncipe Regente e ocupou-o.

Tyuule aceitou a capa, seu rosto uma má scara de neutralidade. Ela agarrou-o
para si mesma, esperando ao lado dele como uma criada obediente.

Por outro lado, Pina - que estava esperando há bastante tempo - avançou para o
trono de Zorzal e perguntou com raiva:

“Nii-sama! Por que você dispensou o marquês Casel, lorde Cícero e os outros
membros da facçã o pró -paz de seus cargos e depois os colocou em prisã o domiciliar?

Zorzal franziu as sobrancelhas em confusã o. Ele tinha um olhar de perplexidade


em seu rosto enquanto explicava:

“Prisã o domiciliar é uma palavra tã o feia. Todas essas pessoas sã o suspeitas de


terem sido compradas pelo Nihon. Portanto, eles estã o confinados em suas pró prias
casas até que as investigaçõ es sejam concluídas”.

“Ser comprado? É isso?"

"Sim. A culpa deles é bastante aparente, mesmo seguindo o que podemos ver na
superfície. Quando a investigaçã o for concluída, naturalmente teremos que aplicar a
puniçã o adequada a eles.”
P a g e 120 | 220
“E essas puniçõ es serã o decididas por meio de audiências oficiais, Ani-ue?”

“Estamos em guerra. No exército, qualquer um em nossas forças que dance ao


som da mú sica do inimigo e assim o ajude deve ser tratado. Você acha que podemos
nos dar ao luxo de criar tribunais para cada um deles? A determinaçã o é a chave para
a vitó ria.”

Ao dizer isso, o campo de visã o de Pina de repente escureceu por um momento.

De fato, a puniçã o para os militares que espalhavam falsidades e eram


corrompidos pelo inimigo era uma execuçã o sumá ria. No entanto, tudo isso só era
feito na véspera da batalha ou quando a batalha estava olhando nos olhos deles. Em
primeiro lugar, puniçõ es sumá rias nã o deveriam ser aplicadas. Por exemplo, mesmo
um oficial superior nã o poderia condenar aleatoriamente seus pró prios homens à
morte. Em muitos casos de anulaçã o do julgamento, os réus nã o foram levados a
julgamento porque “seus subordinados foram punidos”, mas porque o tribunal queria
ouvir “por que os subordinados foram punidos”. E se nã o houvesse razã o satisfató ria
para isso, o pró prio oficial superior estaria sujeito à puniçã o.

Pina olhou para o irmã o, que parecia nã o ter entendido esse princípio e que
usava o argumento de “no exército é assim que se faz” para acusar quem quisesse.
Seu corpo ficou fraco.

“Ah, Ani-ue. Até onde você vai levar isso…”

“Eu cansei disso, Pina. Enquanto meu pai está doente, cabe a mim, como príncipe
regente, administrar o governo. Já que é esse o caso, todo mundo tem que fazer o que
eu digo.”

“Ani-ue, deve haver algo errado em sua compreensã o da sucessã o de poder, nã o?


Ela vem com a responsabilidade do cargo! Nã o deve ser usada para fazer o que
quiser!"

“Ahhh, que pé no saco! Eu te proíbo de se dirigir a mim com essa atitude de


picuinhas! É esse o tom que você deveria usar comigo?

“Esse é o tom que sempre usei com o imperador.”

Zorzal ficou em silêncio com a resposta calma de Pina, e sua visã o naufragou por
um momento.

“Cheh. Bem, isso é verdade e eu aceito. No entanto, nã o vou tolerar quando me


tornar imperador.”

P a g e 121 | 220
"Entã o, você vai cortar minha cabeça?"

"Claro que nã o. Você nã o foi comprada pelo Nihon. É bom que você esteja focada
no seu trabalho.”

“No entanto, os representantes recém-nomeados, incluindo o conde Woody e o


barã o Clayton, entre outros, nem planejam examinar o tratado de paz!”

"Absurdo. Essas pessoas também esperam a paz no final. No entanto, nã o


podemos discutir a paz nessas condiçõ es. Isso é tudo."

“Você fala como se estivesse em vantagem.”

Pina fez um comentá rio mordaz para ele, mas Zorzal nã o admitia a derrota.

“Os derrotistas estã o tã o cegos por sua visã o de mundo pessimista que nã o
conseguem ver nenhuma maneira de vencer? Elmo, Mudra, Karasta!” Zorzal gritou
para as fileiras de soldados à sua frente.

Os três, à frente dos outros oficiais, avançaram diante de Zorzal e fizeram


genuflexã o diante dele.

No meio estava o Visconde Helm, à direita estava Sir Mudra e à esquerda estava o
filho do Marquês Karasta. Cada um deles recebeu o cargo de general na regência de
Zorzal. Além disso, Helm e Karasta foram dois dos prisioneiros libertados pelo Japã o
há vá rios dias.

“Entã o, devo perguntar a vocês, senhores, sobre o que está dentro de seus
coraçõ es? Fale e acabe com a tolice de Pina.”

Em resposta à pergunta de Zorzal, Helm levantou-se.

“Na verdade, é como diz a princesa Pina; combate aberto contra esse inimigo é
inú til. Sendo esse o caso, se adotarmos outra abordagem, podemos ganhar
vantagem.”

"É assim mesmo. Mas nã o há tempo para se preocupar; o que nosso Império
precisa agora é de vitó ria.”

"Eu sei. Entã o, por favor, observe enquanto eu conduzo o inimigo pelo nariz.”

"Oh? E como você fará isso?” Zorzal perguntou enquanto se inclinava para a
P a g e 122 | 220
frente.

“Vamos abraçar totalmente a ideia do mal. Eles dizem que o inimigo chamado
Nihon ama demais o povo comum. Assim, vamos reunir os Goblins e Kobolds e atacar
as cidades perto de Arnus, as aldeias e as caravanas. Vamos queimar suas fazendas,
matar seus animais e envenenar seus poços. Em todas as direçõ es, norte, sul, leste e
oeste, vamos transformar a á rea em um terreno baldio.”

“Isso nada mais é do que tá ticas de terra arrasada. Mas isso nã o vai convidar um
contra-ataque inimigo?”

"Nã o. Afinal, sã o apenas os demi-humanos que o fazem como bandidos. Eles nã o


têm nada a ver conosco, e nó s nã o sabemos nada sobre isso…”

"Entendo. No entanto, isso fará com que o exército de Nihon assedie os


saqueadores demi-humanos e bandidos. O que você vai fazer entã o? Você vai lutar?”

“Um inimigo imbatível nã o é nada para se preocupar. Se os encontrarmos, nossas


tropas podem se passar por comerciantes e acenar para eles de maneira amigá vel.
Podemos remover nossa armadura e nos misturar com os aldeõ es, ou atravessar as
fronteiras nacionais e nos infiltrar nos países vizinhos. Podemos tomar as pessoas
que encontramos nas estradas como reféns e dizer aos nossos perseguidores para
recuar se quiserem que os reféns vivam. Uma vez que eles estã o dispostos a proteger
os andarilhos sem-teto, entã o devemos reunir aqueles refugiados famintos que
perderam suas casas e mandá -los para Arnus e incentivá -los a procurar ajuda lá .
Dessa forma, podemos misturar nosso povo com esses refugiados e nos infiltrar no
inimigo.”

Zorzal ficou sem palavras depois de ouvir tudo isso.

Sua boca abriu e fechou algumas vezes, como se estivesse decidindo se falava ou
nã o. Ele pensou, está realmente certo deixá-lo fazer isso? Ele teve que dar outra olhada
no homem diante dele. Por causa disso, os outros ficaram excepcionalmente chocados
com suas palavras.

Helm era um general que conhecia os horrores de reduzir o territó rio de um


inimigo a cinzas sangrentas. Mesmo desejando as consequências regulares da guerra
convencional seria visto como uma sede de sangue por outros. Portanto, ter alguém
como ele propondo um plano tã o repreensível foi um desenvolvimento bastante
chocante.
P a g e 123 | 220
Pina ficou furiosa e com as sobrancelhas franzidas, ela desembainhou sua
espada.

“Você nã o tem vergonha, Helm? Você se atreve a se chamar de soldado


orgulhoso?!”

O visconde Helm foi um dos primeiros graduados do grupo de cavaleiros de Pina,


o que a deixou ainda mais furiosa. O fato de que um de seus ex-companheiros pudesse
realmente falar de uma tá tica como essa - nã o, chamar esses métodos deplorá veis de
tá ticas era vergonhoso por si só - era absolutamente nojento para ela.

No entanto, Helm rebateu: “Entã o, você pode derrotá -los no campo de batalha?”

“Vamos deixar isso de lado por enquanto. Estou perguntando sobre nosso
orgulho como soldados! E a reputaçã o do Império?”

“Se formos espancados, nossa reputaçã o e orgulho serã o comida para os


cachorros. Está tudo muito bem para um soldado se comportar de maneira justa e
nobre, mas eles serã o inú teis se formos derrotados no final. Devemos deixar uma
reputaçã o de honra apó s a morte? Nã o, nã o vale a pena. Nã o vale a pena de maneira
alguma. Prefiro desfrutar de uma vida gloriosa e pró spera do que a morte”.

"O que, o que aconteceu com o homem que eu conhecia?"

“Nã o havia necessidade disso no passado, entã o nã o fiz. Eu também prestei


atençã o à minha postura pú blica e reputaçã o. Mas agora que encontramos um
inimigo que nã o podemos derrotar pelos meios normais, nã o podemos mais nos dar
ao luxo de tais indulgências.”

As palavras de Helm faziam sentido. Zorzal sentiu que seria eficaz se eles se
infiltrassem no povo e lançassem ataques ao exército do Nihon. Isso tornaria seus
homens cautelosos e desconfiados. Suas represá lias certamente feririam o povo. Se
transformassem as cidades em campo de batalha, poderiam acusar os soldados
japoneses de massacrar inocentes. Se eles fizessem isso, o povo odiaria o exército do
Japã o e os veria como inimigos. O inimigo teria que vigiar constantemente suas
costas. Foi um esquema verdadeiramente brilhante.

“Lorde Helm, que tal nos disfarçarmos de inimigos e atacarmos assentamentos


por toda parte?”

Zorzal gritou "Bom!" e deu um tapa em sua coxa em resposta à sugestã o de


P a g e 124 | 220
Mudra.

Mudra era o terceiro filho de um comerciante e desde que se alistou, ganhou


fama como pilar da divisã o de logística do exército.

Devido ao seu nascimento, houve rumores feios sobre como Mudra havia
abusado de sua posiçã o para revender suprimentos oficiais. No entanto, tal coisa
nunca ocorreu, e Mudra usou seu trabalho vital no transporte de recursos materiais
para dissipar tal boato. Como tal, ele havia subido na vida e agora possuía o título de
cavaleiro.

“Mm, essa é uma boa jogada também. Vamos manchar a reputaçã o do inimigo. Já
que estamos fazendo isso, vamos atacar as pessoas dentro da cidade, com toda a
queima de casas, pilhagem de riquezas e estupro de mulheres que isso implica. Dessa
forma, suas reputaçõ es serã o pisadas na sujeira e seus nomes serã o proferidos como
maldiçõ es. Quando eles tiverem que lidar com o Império e seu povo, eles nã o terã o
uma vida tã o fá cil quanto agora.”

“Isso é exatamente certo. Além disso, podemos reabastecer nossos recursos e


despesas fazendo isso também, entã o nã o vejo desvantagens. Falando nisso, o que o
inimigo veste? Temos alguma amostra de suas roupas para que possamos duplicá -la?

“Quando eu estava em campanha na terra de Ginza, vi o que o inimigo vestia.


Depois que fui levado cativo, a imagem deles ficou marcada profundamente em meus
olhos.”

"Eu também!" Karasta gritou.

As duas primeiras pessoas foram elevadas apenas por seus sucessos, mas
Karasta alcançou sua posiçã o militar em virtude de seu nascimento.

Para alguém como ele, primogênito de um marquês, as conquistas nã o eram


muito importantes. Portanto, ele nã o ganhou a ira dos outros, embora nã o tenha
demonstrado bravura no campo de batalha. Por outro lado, qualquer sucesso que
alcançasse rapidamente seria boato de que tinha sido roubado de outra pessoa. No
entanto, ele nã o era uma pessoa completamente incapaz. Talvez fosse porque ele
tratava as pessoas ao seu redor com gentileza, mas acabou se tornando amigo das
pessoas ao seu redor, com seu excesso de confiança, ambiçã o e crueldade.

Zorzal levantou-se, com um sorriso radiante no rosto. “Helm, vá e comece sua


operaçã o.”
P a g e 125 | 220
"Entendido. Entã o, começarei nossos preparativos.”

Esse tipo de coisa nã o poderia ser considerado uma operaçã o militar. Pina
gritou: "Por favor, eu imploro, pare." Mas suas palavras foram ignoradas e
descartadas. Ela olhou para Zorzal, com lá grimas nos olhos.

"A-ani-sama, por favor, nã o faça isso!"

“Do que você está falando, Pina? Discutiremos isso mais tarde, estou ocupado
agora. Em seguida, advogado-geral Rufrus, como está o andamento do assunto que
ordenei anteriormente?”

Um jovem de cabelos brancos se adiantou entre os burocratas.

Ele era um homem magro com uma expressã o sinistra no rosto, e nã o havia
nenhuma sensaçã o de calor nele.

“Concluímos a elaboraçã o do projeto de lei especial referente à oprichnina.


Estamos quase terminando de selecionar o pessoal-chave também, entã o, assim que o
projeto for aprovado, começaremos a expurgar a facçã o pró -paz.”

(Nota TL: Oprichnina era a política russa de instituir polícia secreta, repressõ es
em massa, execuçõ es, confisco de terras, etc. Basicamente, um reinado de terror para
eliminar traidores.)

Ao ouvir essas palavras, Pina olhou para o chã o, sua expressã o ilegível. "Espere,
espere, o que você disse agora foi..."

Ela murmurou como se estivesse falando consigo mesma e arranhou o couro


cabeludo através de seu cabelo carmesim.

Ela pensou, teorizou e trabalhou por tanto tempo e finalmente achou que
poderia ficar em paz. Mas no final, todas as esperanças que ela pensou ter acumulado
desmoronaram em pó . Talvez ela pudesse se recompor uma ou duas vezes,
preparando o espírito para continuar lutando, mas se continuasse três, quatro ou
mais vezes, ela nã o podia deixar de se perguntar se estava amaldiçoada por alguma
coisa. Foi agora que ela percebeu o quã o impotente ela era nas mã os do destino.

"Por que? Por que acabou assim?”

P a g e 126 | 220
Estava claro que a fraqueza de Pina vinha de seu nervosismo com os horrores
que Zorzal logo desencadearia. O apetite do príncipe herdeiro pelo sadismo nã o
conhecia limites.

******

Depois de deixar a Regência, Pina caminhou cambaleante em direçã o ao Palá cio


Ocidental, para a residência de seu segundo irmã o Diabo.

Pina sofria de uma doença crô nica conhecida como desespero, mas ainda
conseguiu reunir os restos de coragem que lhe restavam. Percebendo que nã o
poderia parar Zorzal sozinha, ela decidiu pedir ajuda a outra pessoa.

“Ani-sama? Ani-sama, onde você está ?”

No entanto, ninguém atendeu aos chamados de Pina. Normalmente, os servos de


Diabo e suas criadas deveriam ter saído para recebê-la, mas o palá cio parecia tã o
quieto e vazio que alguém poderia pensar que ninguém jamais morou aqui.

"O que está acontecendo? Nii-sama, Diabo-niisama!”

Pina vagou pelo vasto palá cio antes de encontrar o irmã o, que arrumava a
bagagem com um criado. O jovem criado carregava uma mochila pesada nas costas.
Ele estava suando muito e tinha um olhar angustiado em seu rosto.

“Cala a boca, Pina! O que você quer?"

“Nã o é nada de especial… Nii-san, o que é isso? Você está se preparando para ir a
algum lugar?”

“Eu decidi, estou fugindo deste lugar. Já mandei meus seguidores embora. Nã o
posso levá -los comigo. Ah, certo, deixei que eles pegassem tudo de valor aqui como
recompensa por sua lealdade. É que... uma vez que você morre, tudo perde o sentido,
hahaha.”

Diabo riu com vontade enquanto contemplava seu palá cio vazio.

“Fugindo? Por favor, por favor, nã o faça algo tã o irresponsá vel! Ajude-me a parar
Zorzal nii-sama!”

P a g e 127 | 220
“Que tolice você está falando? Por que eu deveria ajudá -la a fazer algo tã o
perigoso?

“Nii-sama, você tem um assento no Senado. Além disso, você nã o sente nenhuma
responsabilidade para com este país como membro da Casa Imperial?

“Nã o estou fugindo da Capital Imperial porque estou abdicando de todas as


minhas responsabilidades. Na verdade, o oposto é verdadeiro – para cumprir meu
dever, para deter Zorzal, estou planejando pegar emprestado alguma força de outros
países…”

"Outros países? Mas se você fizer isso, isso nã o mergulhará ainda mais este país
no caos?”

A histó ria estava repleta de exemplos de perda de territó rio ou mesmo de todo o
país ao tomar emprestado o poder externo para reprimir disputas internas. Ficou
bastante claro a partir dessa mesma histó ria que nã o havia amigos em nível nacional.

“Tudo bem, entã o como você vai pará -lo? Você acha que Zorzal é o tipo de
homem que ouve palavras sozinho? Se você quiser acalmá -lo, precisará apoiar suas
palavras em uma quantidade igual de poder.

“Isso pode ser verdade, mas podemos ser capazes de muda-lo lentamente, entã o
pode ser muito cedo para fugir agora…”

"Sem chance. De acordo com minhas investigaçõ es, ele já jogou na prisã o as
pessoas que sã o pró -paz e que se opõ em a ele. Se você tentar dar um sermã o nele,
quem sabe o que vai acontecer.”

“Ele vai instituir a oprichnina. Isso é muito cruel. Temos que impedir que isso
seja feito, nã o importa o quê.

Pina mordeu os dedos enquanto dizia isso.

“Mas isso é impossível! As ú nicas pessoas que restam no Senado sã o os pró -


guerra”.

Em desespero, Pina correu para a frente e abraçou Diabo.

“Diabo-nii-sama! Pelo bem do futuro, por favor, dê uma mã o a mim e ao


Império!”
P a g e 128 | 220
“Ei, me solte, me solte! Metmes, o que há com ela?!”

Diabo agitava os braços em pâ nico. No entanto, o aperto de Pina era


surpreendentemente forte e ele nã o conseguia escapar facilmente. O rapaz que era o
servo de Diabo era igualmente impotente para desalojar as mã os da princesa, nã o
importa como Diabo o ordenasse. Perdendo o juízo, tudo o que ele pô de fazer foi
repetir: “Sua Alteza, por favor, acalme-se! Por favor acalme-se!"

"Você é tã o cruel! Você é um irmã o mais velho malvado que vai me abandonar
sem ao menos me ouvir! Como posso deixar ir se você é assim?”

"Solte! Pinha! Entã o, por que você nã o foge comigo?”

“Nã o posso abandonar meu pai em seu leito de morte!”

“Apenas me solte!”

“Você é mau. Nii-sama, me ajude, por favor!”

Diabo lutou bravamente sob o agarrã o de Pina com força total. O cabelo de Pina
estava bagunçado, mas ela nã o queria largar a cintura de Diabo. Esta nã o era uma
simples disputa de força entre os dois, entã o Diabo nã o poderia fazer algo como
deixar Pina de lado. Assim, ele nã o lutou tã o desesperadamente quanto deveria. No
final, Diabo abandonou suas tentativas de se livrar do aperto de sua irmã zinha e
estalou a língua.

"...Entendo. Eu farei como você diz. Nã o tem o que fazer...”

“Você entendeu agora?”

Pina sorriu encantada. Parecia que os dois haviam relaxado, embora ambos
estivessem cobertos de suor. Ainda assim, Pina nã o baixou a guarda e permaneceu
presa em torno de Diabo.

“No entanto, tenho certas condiçõ es.”

“Que tipo de condiçõ es?”

“Quaisquer que sejam as circunstâ ncias, você e eu somos concorrentes de Zorzal


pela sucessã o. Tentar enfrentá -lo nessas condiçõ es pode ser fatal. Nã o se esqueça
disso.”

Pina nã o queria entrar no reino onde suas vidas estariam em perigo se algum de
seus irmã os dissesse alguma coisa. No entanto, Pina olhou para o assunto com
objetividade. A perda de um pai ou irmã o era uma fatalidade inevitá vel quando
P a g e 129 | 220
competia pelo poder supremo. Eles nã o podiam ser tã o amorosos quanto irmã os
normais.

"……Eu entendo."

“De qualquer forma, temos que estar preparados para perder nossas vidas. Eu
confio que nã o preciso continuar falando sobre isso? Nã o se esqueça.”

Pina assentiu novamente, um pouco mais serena. "Eu compreendo."

"Bem, entã o, já que é assim... eu preciso de uma promessa de correspondência de


você."

Um vago sentimento de insatisfaçã o cresceu em Pina, e ela apertou Diabo pela


cintura.

“Entã o, o que você quer que eu faça?”

“Pensando bem, recebi uma có pia do relató rio de sua subordinada sobre os
matadores de dragõ es. Parecia algum tipo de épico heró ico…”

“Isso foi um erro da minha parte. Perdoe-me por nã o instruir adequadamente a


escritora sobre como fazer seu trabalho.”

“Nã o, eu senti que foi muito bem escrito. Eu estava mais interessado naquela
garota Dark Elf. Ela estava disposta a trocar seu corpo para salvar sua tribo. Para
cumprir a tarefa que lhe foi pedida, deu tudo o que pô de. Foi uma imagem
verdadeiramente poética, eu acho.”

“Ah…?”

“Entã o, você pode fazer a mesma coisa?” “

Ah?”

"Isto é, você pode se oferecer a mim do jeito que ela fez?"

"O que você quer dizer com…"

“Quer dizer, você está disposta a me servir na cama como meu travesseiro?”

Ao ouvir isso, Pina imediatamente se afastou de Diabo.

"Ah, ah, Ani-sama, o que, o que você acabou de dizer?"

P a g e 130 | 220
“Eu disse exatamente o que você. O significado deve ser muito claro. Você precisa
que eu explique mais diretamente antes de entender?

O rosto de Pina ficou tã o vermelho quanto seus cabelos ruivos e ela respondeu:

“Nii, nii-sama… nó s, nã o somos irmã o e irmã ? Bem, nó s só compartilhamos um


pai... mas, mas ainda somos irmã os ligados pelo sangue e, e... eu nã o acho que esteja
certo.

“E daí? Nã o há problema em nos tornarmos marido e mulher.”

“Nã o, nã o tem problema? Eu nã o gosto disso. Isso significa que eu teria um filho
seu, nii-sama…”

“Hmph. Entã o, depois de toda aquela conversa sobre pensar no país, isso é tudo
que você pode realmente dar de si mesma. Você fala tã o grandiosamente sobre
oferecer a vida dos outros, mas nã o ousa quebrar um tabu como esse. Este é o seu
limite.”

“Ah…”

Diabo revistou-se e reorganizou suas roupas bagunçadas. E zombou de Pina.

“Resumindo, a política é trazer alguém para o seulad e fazê-lo concordar com


você. Os seres humanos vivem cercados por todos os tipos de desejos egoístas. Você
precisa considerar todos os tipos de métodos para fazer uso desses desejos. Inflamar
paixõ es e controlar emoçõ es é uma boa habilidade para se ter. O uso de violência e
medo de Zorzal para manter seu controle sobre seu poder é claramente bastante
eficaz. Em outras palavras, as açõ es daquele homem eram mais adequadas à situaçã o
do que as suas. Você nem parou para considerar o significado de suas açõ es antes de
agir e fazer uma birra como uma criança. Esqueça, nã o se importe, desculpe por ter
assustado você. Só estava testando para ver se você tinha segundas intençõ es. Eu nã o
quis dizer nada com isso. Por favor me perdoe.”

"Espera espera!"

"O quê, mudou de ideia?"

Pina estendeu a mã o para Diabo, que a olhou de cima a baixo como se estivesse
saboreando seu corpo com os olhos. Era tudo terrivelmente exagerado, e estava claro
que ele pretendia jogar com o sentimento de repulsa e orgulho de Pina.

No entanto, Pina agarrou a manga de Diabo com as mã os trêmulas.

“Se eu fizer o que você diz, Diabo-nii… entã o você vai me ajudar a parar Zorzal-
P a g e 131 | 220
nii?”

O rosto de Pina estava coberto por seus cabelos e portanto, ilegível. No entanto,
podia-se sentir seu medo e sua convicçã o guerreando em sua voz minú scula e
trêmula.

“Pare com isso. Nã o se force a dizer algo que nã o quer.”

"... Isso significa que você vai me ajudar?"

“Bem... mesmo se você disser isso, eu nã o posso fazer algo que é impossível para
mim. Pina, falei mal. Este nã o é um problema que você pode resolver apenas
suportando um pouco de dor por um tempo. Rolar com você a noite toda, nã o, o dia e
a noite, sem uma pausa seria muito doloroso para uma garota inexperiente como
você.”

“...Tudo bem.”

“Espere, espere! Há uma grande diferença entre dizer que você pode fazer e
realmente fazê-lo!”

“Eu vou aguentar. Nã o, dizer que vou agü entar você seria desrespeitoso com
você, nii-sama. Por favor, entre em mim. Sua irmã mais nova gostaria de ser abraçada
por seu irmã o mais velho.”

Suas palavras foram claras e sua resposta foi rá pida. Esta foi a prova de que Pina
estava determinada a cruzar a linha em seu coraçã o.

Por outro lado, Diabo suava muito. O olhar em seu rosto praticamente gritava
“oh merda”. Ele começou a recuar a toda velocidade.

“Entã o… Pina, isso está indo um pouco rá pido demais. Você nã o deveria se
respeitar um pouco mais?”

"Está bem. Nii-sama, vamos nos deitar juntos!”

A expressã o de Pina era claramente desvinculada da normalidade. Ela tinha um


sorriso assustador no rosto, um sinal claro de uma mente perturbada.

“Nã o caia na depravaçã o!” Diabo gritou.

P a g e 132 | 220
No entanto, Pina - que havia cruzado aquela linha em seu coraçã o - nã o deu
atençã o à s palavras dele.

"Mm. Ainda assim, fazer nesse estado é um pouco desagradá vel. Eu gostaria de
tomar banho primeiro, e essas roupas estã o meio que atrapalhando... Nii-sama, por
favor, espere um pouco por mim.”

Pina estava murmurando coisas para si mesma, o que fez o coraçã o de Diabo
acelerar.

“Pina! Você pode me ouvir! Oi~”

Diabo deu um tapinha leve no rosto de Pina com um som patapata, mas Pina
voltou seus olhos vidrados e desfocados para Diabo.

“Entã o, eu voltarei em breve. Mas você tem que esperar por mim.” E entã o ela
fugiu para o Palá cio Ocidental.

“Bem, entã o, Diabo-sama. O que é que devemos fazer agora? Devo preparar uma
cama?” disse Metmes, o criado.

“Nã o há necessidade disso! Eu nã o quero dormir com minha irmã zinha! Estou
indo embora."

“Está tudo bem? A princesa Pina pediu para você esperar por ela.

"Está bem! Deixe-me em paz!”

"Bem, sobre isso... seu servo sente que o inferno nã o tem fú ria como uma mulher
desprezada."

“É muito melhor do que ser morto por Zorzal por emitir uma opiniã o. Vamos
indo!"

"Ah sim!"

E assim, Diabo e seu servo deixaram a Capital Imperial.

******

Em outro lugar, Pina voltou para sua suíte, reuniu suas criadas e mergulhou em
uma banheira infundida com ó leos perfumados. Ela cuidadosamente penteou o
cabelo, aplicou um pouco de maquiagem leve, colocou sua melhor calcinha sedutora e
depois se cobriu com seu melhor vestido. A partir de suas instruçõ es, as criadas
P a g e 133 | 220
adivinharam que “este deve ser um momento crítico para Sua Alteza”, e redobraram
seus esforços. Claro, havia perguntas do tipo “Quem é o sortudo?” e se espalhou como
fogo através da rede das empregadas de "quem é, quem de onde".

No entanto, todos os seus palpites ficaram aquém do alvo. O que Pina pretendia
fazer caiu na categoria “outro”. Se as empregadas soubessem a verdade,
provavelmente ficariam enojadas. Um aborteiro pode ser convocado e ela pode ser
presa em seu quarto com uma empregada leal pelo resto de seus dias. Portanto, Pina
nã o contou a ninguém sobre a pessoa em questã o. Depois de se preparar, ela deixou
sua residência.

E entã o, ela acabou abraçando os joelhos em uma cama no Palá cio Ocidental.

O relató rio de Shandy falava de uma garota Dark Elf que deu sua riqueza e seu
corpo para procurar ajuda, mas que foi rejeitada. Também pintou um quadro heró ico
de um homem que sacrificou tudo, até a vida pela amizade.

Pina tinha inveja e ciú me deles do fundo do coraçã o. Ela era uma mulher muito
afortunada, mas ainda estava muito aquém deles.

"Eu nã o valho a pena pra dormir, nii-sama?"

Consumida pelo desespero e pela fraqueza, a Princesa Imperial Pina Co Lada


começou a chorar.

******

“Sua Alteza o Príncipe Regente, já faz muito tempo. Você parece bem - disse o
homem vestido como um comerciante, que estava se curvando diante de Zorzal.”

Claramente, ele fazia refeiçõ es pesadas todos os dias, já que era tã o gordo que
seu queixo se fundia com o resto do corpo. Além disso, seus membros pareciam tã o
pequenos que faziam as pessoas sentirem que ele iria rolar se fosse empurrado.

Uma onda de frustraçã o tomou conta de Zorzal ao ver aquele corpo gordo
nojento, e ele deixou transparecer seu descontentamento em seu rosto enquanto
falava em tom irritado:

“Para o inferno com a boa aparência! Você está insinuando que estou feliz que
meu pai, o imperador, esteja doente?
P a g e 134 | 220
“Isso, nã o era minha intençã o, peço perdã o! Seu servo se desculpa humildemente
por nã o detectar a má goa de Vossa Alteza com este desenvolvimento... embora a
inauguraçã o da Regência seja realmente uma questã o de felicidade. Por favor, aceite
este presente especialmente preparado.”

"É isso. Entã o, coloque-o lá .”

O convidado enxugou o suor frio que de repente se formou em seu rosto e


colocou nervosamente uma pequena, mas pesada caixa de madeira entre a pequena
montanha de outros presentes no canto do escritó rio.

“Que visã o majestosa. Embora, quando você os empilha, nã o fica claro quem deu
qual presente?”

“Você está preocupado que seu presente meticulosamente preparado seja


esquecido? Está bem. Minha secretá ria é muito eficiente. Ela memorizou todos eles.
Tyuule, apresente-se.”

Tyuule ficou em uma posiçã o fixa no escritó rio de Zorzal e ela abaixou a cabeça.
Ela parecia taquigrafar enquanto a caneta de pena em sua mã o direita corria sobre o
pergaminho na prancheta em sua mã o esquerda.

“Esta é Tyuule-sama? Ela é tã o bonita quanto os rumores dizem. Prazer em


conhecê-la, meu nome é Maruki.”

“E este é o meu criado chefe, Nei.”

Ao lado de Tyuule estava um homem despretensioso em uma roupa elegante,


que parecia estar na casa dos quarenta ou cinquenta anos e estava ereto como uma
vareta.

“Nei-sama, tenho o prazer de conhecê-lo.”

O criado-chefe graciosamente o reconheceu com um aceno de cabeça.

“Entã o, o que você quer hoje? Duvido que esteja aqui apenas para entregar um
presente comemorativo.”

"De fato. Rezo para que Vossa Alteza, o Príncipe Regente, mostre seu favor ao
P a g e 135 | 220
Consó rcio Maruki e nos torne o fornecedor oficial de bens da Casa Imperial.”

“O quê, a notícia já vazou? Parece que seus ouvidos sã o bastante ú teis.”

“Nossos olhos e ouvidos sã o muito sensíveis. Acreditamos que Vossa Alteza


pretende renovar tudo.”

“Hm, entã o seus sentidos sã o aguçados e você também é observador. Na verdade,


pretendo começar de novo. Por isso, preciso mudar meus fornecedores um por um.
Quero pessoas novas, com atitudes novas.”

“Nó s da Câ mara de Comércio Maruki aprovamos as consideraçõ es de Vossa


Alteza. Se tivermos a sorte de receber seu imprimatur, ajudaremos as políticas de
Vossa Alteza com todas as nossas forças.”

“Sim, sim, eu sei o que você quer dizer. Por hoje é só , estou ocupada…”

“Na verdade. Mais uma vez, peço minhas sinceras desculpas por nã o ter notado.
Já desperdicei o suficiente do seu valioso tempo.”

De acordo com as instruçõ es de Zorzal, Tyuule se aproximou das portas do


escritó rio com belos passos e abriu a porta para o comerciante. Ela até sorriu para
ele. Claro, essa expressã o significava “Por favor, saia rapidamente”.

O mercador retribuiu o sorriso rígido e, nervoso, fugiu da presença de Zorzal.


Tyuule o observou sair e entã o murmurou para si mesma.

“Esse nã o é bom.”

Tyuule parecia excepcionalmente charmosa enquanto coçava a cabeça com a


mã o segurando sua caneta de pena.

"De fato. O fato de pessoas assim estarem se espalhando por toda parte é culpa
dos imperadores anteriores. No entanto, esse tipo pessoas nã o terã o permissã o para
correr livremente em meu Império. Embora ele seja muito perspicaz, nã o preciso de
suborno ou coisa parecida. Duvido que alguém como ele lide honestamente. Pessoas
assim devem ser proibidas de entrar. Entendido?"

“Entendido,” Tyuule respondeu enquanto rabiscava algo no pergaminho com um


som de karikari.

Enquanto observava os dois, o servo-chefe Nei decidiu recorrer a sua grande


P a g e 136 | 220
experiência e alertou:

“Sua Alteza, embora eu concorde totalmente com seu raciocínio, sinto que uma
mudança repentina e massiva mergulhará o palá cio no caos. Que tal um pequeno
reajuste antes? É importante classificar os assuntos em ordem de prioridade.
Cuidaremos das coisas importantes primeiro e nos preocuparemos com as menos
importantes depois, e entã o a situaçã o se resolverá . Aliviar o caos faz parte dos
deveres deste escritó rio.”

"Está bem. Caos é o que eu quero.”

"Isto... posso perguntar como colocar o palá cio no caos é benéfico?"

“Nei, você é um mero servo, entã o nã o consegue entender os pontos mais


delicados da burocracia. Pretendo bancar o bobo por um tempo e observar os
funcioná rios do tribunal. Além disso, há uma verdade que vou lhe contar.”

“Que tipo de verdade é essa?”

“Em uma vasta naçã o como o Império, os burocratas desenvolvem seus há bitos
individuais, aparência, regras e assim por diante, a ponto de serem imunes até
mesmo a mudanças na política. Os imperadores anteriores temiam tocar neste
sistema. No entanto, embora o Imperador possa decretar ou o Senado possa tomar
decisõ es, sã o essas pessoas que realmente cumprem suas ordens. Portanto, no
processo de execuçã o de suas ordens, eles levam em consideraçã o seus semelhantes e
transformam o produto final em algo que se parece com o artigo pretendido, mas que
é totalmente inú til. Ainda assim, isso só é possível com uma burocracia saudá vel. Em
uma situaçã o caó tica como esta, eles nã o terã o liberdade para modificar meus
ditames e serã o forçados a engoli-los inteiros.”

“No entanto, esses dias de pâ nico nã o levarã o a que nada de significativo seja
feito?”

“Resolver essas circunstâ ncias nã o é trabalho dos ministros?”

“Mesmo assim, na confusã o atual, a tarefa de resolver as coisas nã o será


simples.”

"Está bem. Tudo o que eles precisam fazer é resolver com cuidado o que
acontece em meio a esse caos. Quero que as coisas sejam simples e limpas, um estado
P a g e 137 | 220
de coisas eficiente e sem confusã o.”

Houve uma batida na porta. Tyuule abriu para dar as boas-vindas ao visitante. A
pessoa seguinte foi o advogado-geral Rufrus.

“O Senado rejeitou a legislaçã o especial para oprichnina que apresentei por


ordem de Vossa Alteza. As razõ es apresentadas foram que a acusaçã o de ‘desrespeitar
a autoridade imperial’ era muito vaga e também havia rumores de que ‘até mesmo a
facçã o pró -guerra poderia ser indiciada por isso’.”

"O que?! Nã o fui claro?!”

Zorzal pegou o estojo de pergaminhos e abriu a nota.

“Hm, o que fazer. Uma definiçã o excessivamente rígida levará a uma lei dura que
deixará muitas pessoas sujeitas a serem acusadas de traiçã o”.

“E pensar que isso foi motivo de disputa no Senado. Nã o podemos empurrá -la
com força?”

“Se fizermos isso, só vai aprofundar o mal-estar dos senadores. Mais importante,
há vá rios funcioná rios que estã o tentando nos forçar a negociar com Nihon para
certos itens.”

“Sim, que pena. Ainda assim, devem ser aquelas pessoas que foram compradas e
corrompidas por presentes para que pudessem interferir no processo diplomá tico.”

"Entã o o que deveríamos fazer?"

Ao ouvir Zorzal murmurando para si mesmo, Tyuule timidamente ofereceu uma


resposta:

"Sua Alteza. Que tal mudar a definiçã o de 'desrespeitar a autoridade imperial'


para um simples 'aqueles cujas açõ es impedem as políticas de sua majestade'?”

“Açõ es que impedem as políticas…?”

"Mm. Dessa forma, a maioria dos senadores nã o se oporá . Embora possa ser
rude, eles nã o podem fazer nada a respeito.”

“Interferir… no entanto, as pessoas que têm opiniõ es divergentes viverã o com


P a g e 138 | 220
medo.”

A legislaçã o oprichnina destinava-se a cobrir o comportamento traidor contra o


Império. Em outras palavras, visava a maioria dos membros da facçã o pró -paz. A
questã o agora era a definiçã o de traiçã o. Se alguém o definisse como “açõ es que
impedem a política”, isso pode levar as pessoas a serem incapazes de expressar
opiniõ es divergentes. Este foi o começo de uma ladeira escorregadia que terminou
com 'Você discordou de mim, portanto é culpado'. A sentença é a morte!'”

Claro, se ele fizesse isso, todos os seus esforços e sua opiniã o pú blica iriam por
á gua abaixo. Este era o oposto do cená rio ideal de Zorzal. O que ele imaginou foi um
Senado cujos membros aconselhassem o imperador por conta pró pria e debatessem
pelo bem-estar do país. Certamente, ele poderia fazer com que muito mais pessoas
trabalhassem castigando-as, mas tal açã o contrariava o sonho de Zorzal.

Para levar Zorzal a uma decisã o, Rufrus deu um passo à frente. “Preparamos o
rascunho do projeto de lei…”

Pensativo, Zorzal nã o questionou Rufrus e simplesmente assentiu.

“Apenas deixe aqui, me dê mais tempo para pensar. Depois disso, vamos deixar o
Senado mexer nisso novamente.”

Nesse momento, uma voz veio da porta.

"Perdoe-me por incomodá -lo durante o seu trabalho."

Zorzal disse: “Entre” e em resposta, Furuta, o chef, entrou.

“Peço desculpas por fazer você esperar pelo almoço... devo voltar mais tarde?”

“Nã o, vou comer agora. Francamente falando, já faz um tempo, entã o apenas
coloque aqui. Zorzal permitiu que Furuta colocasse o almoço em sua mesa.

Assim que Furuta entrou, Rufrus se retirou do escritó rio. No entanto, Tyuule
disse: “Por favor, espere” e o segurou. Em seguida, ela falou com Zorzal, que já havia
transferido sua atençã o para a comida:

“Sua Alteza, o advogado-geral Rufrus está bastante ocupado. Se isso continuar,


irá atrapalhá -lo na execuçã o de seus deveres”.

"Isso é verdade. Afinal, Rufrus também tem que comandar as pessoas que vã o
realizar a oprichnina. O que devo fazer sobre isso?

“Por favor, permita-me lidar com a tarefa de comunicaçã o. Dessa forma, nã o


P a g e 139 | 220
precisaremos continuar convocando Rufrus-sama.”

"É excelente. Obrigado Tyuule, você tem sido uma grande ajuda.” Zorzal assentiu
e entregou a tarefa a Tyuule.

“Entã o faremos assim. Rufrus.”

O advogado-geral respondeu: “Sim, entendido”, e retirou-se. Depois de um


tempo, Nei falou:

"Sua Alteza. O almoço deve ser feito no refeitó rio. Comer em um lugar como este
nã o combina com sua posiçã o.”

“Hmph, por que tenho que ficar mudando de lugar só para almoçar? Estou muito
ocupado."

“No entanto, comer em local apropriado melhora o sabor da comida. Além disso,
nã o compromete sua imagem e autoridade. A pessoa deve parecer digna como
governante.”

"É isso? Entã o eu vou em algum outro dia. Afinal, essa é uma ocorrência diá ria,
entã o nã o há necessidade de toda aquela pompa e circunstâ ncia. Além disso, a comida
de Furuta é gostosa mesmo se você comer aqui.”

“Meus agradecimentos, Alteza.”

O criado-chefe olhou com desaprovaçã o para o chef contratado à s pressas. Ele


parecia estar repreendendo Furuta com os olhos por nã o concordar com ele.

No entanto, Zorzal simplesmente disse: “Venha, hora de comer” e abriu a


lancheira em sua mesa.

"Oh? E o que temos aqui?

“É um sanduíche de carne assada em pã es de grã os, conhecido como


hambú rguer. É aromatizado com os temperos preferidos de Vossa Alteza e servido
com vegetais. Você o segura assim e dá grandes mordidas nele. Entã o você adiciona
os molhos de vegetais incluídos a gosto…”

Nei suspirou ao ver isso.

“Nã o é nada refinado de alguém almoçar em um local de trabalho.”

“Mas é tã o bom. Isso me serve perfeitamente. Furuta, nã o preste atençã o em seus


murmú rios e me faça mais desses. Entendido?"
P a g e 140 | 220
"Sim. Eu entendo."

Ao lado dele, Tyuule estava se servindo de um hambú rguer também. Era


adorá vel como ela dava pequenas mordidas, como um animal pequeno comeria uma
fruta.

“Pensando bem, Furuta, que tal se tornar oficialmente um chef do palá cio?
Acontece que a posiçã o de chefe de cozinha está aberta. Claro, nã o foi deixado em
aberto para você especificamente, mas honestamente nã o consigo pensar em um
homem melhor para o trabalho.”

“Estou muito grato por sua oferta. No entanto, tenho um sonho pró prio.”

“Eu sei, você quer ter seu pró prio restaurante, certo?”

Um Zorzal desanimado suspirou profundamente.

“Ainda assim, é um sonho tã o pequeno. Eu sinto vontade de repreendê-lo.”

"Isso é uma coisa muito rude de se dizer."

"Nã o, está bem. Francamente falando, acho bom que um personagem secundá rio
possa manter seu orgulho. Nã o importa, eu entendo. Vá atrá s do seu sonho. Mas antes
disso, fique ao meu lado. Todos os outros chefs empalidecem em comparaçã o com
suas habilidades. Certo?

"Sim sua Majestade."

"No entanto, você cometeu um erro grave, Furuta."

"O que, que erro eu cometi?"

“Você nã o fez o suficiente deste prato maravilhoso! Você vai precisar de muito
mais do que isso para saciar meu apetite!”

Zorzal olhou para dentro da caixa, para a pilha de hambú rgueres enquanto dizia
isso. Se isso nã o bastasse, quanto ele poderia comer?

"Eu entendo. Entã o, vou aquecer o resto agora. Deve ficar pronto em breve.”

“...Ch. Isso significa que você estava preparado para isso.”

"Sim. Eu sei que Vossa Alteza é um grande comilã o, e se eu trouxesse todos de


uma vez, os ú ltimos esfriariam. Achei melhor deixar alguns até serem necessá rios e
P a g e 141 | 220
depois servi-los quentes.”

“Ah! Realmente um sujeito notá vel, nã o importa como eu olhe para você. Eu
entendo, agora vá preparar o resto enquanto estou comendo. Isso mesmo, Tyuule, vá
com ele também e veja se Furuta realmente tem mais guardado. Além disso, algo
pode acontecer se ele estiver muito apressado.”

“Ah? Sim!"

Tyuule estava mastigando constantemente seu hambú rguer em forma de meia-


lua - acompanhado por ruídos de "om nom nom" - e ela estava claramente relutante
em deixá -lo.

"Tyuule-san, por favor, se apresse, Sua Alteza come rá pido, entã o é importante
que voltemos logo."

"S-sim!"

Zorzal tinha uma expressã o descontente no rosto, mas ria alegremente. Tyuule e
Furuta tomaram isso como um tiro de partida para eles correrem em direçã o à
cozinha do escritó rio.

Enquanto Tyuule ofegava, ela perguntou:

“Você nã o tem, você nã o tem medo de Sua Alteza? Agora mesmo, você poderia
ter morrido.”

“Nã o posso dizer que nã o estou com medo, mas…”

Furuta nã o podia fazer ou dizer nada que envolvesse mentir sobre comida. Nem
mesmo se alguém dissesse coisas que o forçassem a deixar o restaurante da família
que ele havia sido preparado para herdar, o deixassem sem-teto devido a rumores
perversos e finalmente, o obrigassem a ingressar no JSDF.

Portanto, ele sentiu que se tivesse irritado Zorzal e fosse forçado a fugir, tudo
bem. Ou melhor, ele queria irritá -lo e encerrar essa tarefa rapidamente.

Para as pessoas neste mundo, era difícil alguém correr para um lugar onde
Zorzal nã o pudesse chegar. No entanto, Furuta estava preparado para essa
eventualidade. Se ele pedisse ajuda, um helicó ptero viria buscá -lo e uma vez que ele
P a g e 142 | 220
passasse pelo Portã o, Zorzal nã o seria capaz de tocá -lo. Portanto, ele agiu sem medo,
mas isso só serviu para impressionar Tyuule, que nã o sabia de nada.

“Pensar que o sonho de alguém com tanta visã o e habilidade seria apenas abrir
seu pró prio restaurante... me desculpe, nã o quis dizer isso.”

“Acho que você nã o consegue entender isso, já que serve ao Príncipe Regente. No
entanto, para mim, um resturante é algo como meu pró prio castelo ou meu pró prio
país.”

"E você quer se tornar o rei do seu pró prio pequeno reino?"

"Sim. E as pessoas que vierem diante de mim para comer serã o meus sú ditos.”

“Como seus cidadã os devem ser afortunados. Afinal, eles têm boa comida para comer.
No entanto, você nã o acha que as pessoas sã o seres irracionais e orgulhosos? No final,
eles vã o tratá -lo com frieza. À s vezes, as pessoas mordem a mã o que as alimenta.”

“Entã o, desde que eu satisfaça o apetite de todos, nã o será um problema. Caso


contrá rio, as pessoas fugirã o para outro lugar e o restaurante será forçado a fechar”.

Isso é o que o chefe da terceira geração não entendeu. Furuta sentiu que era muito
tolo.

"Entã o você acha que é culpa do rei que seu povo o traiu?" Tyuule havia parado
por algum motivo.

Furuta pensou "o que é isso" enquanto se virava para olhar o rosto de Tyuule.

“Acho que nenhum dos lados está errado.”

Você, você realmente pensa assim... entã o você pretende ser um rei que é amado
por seu povo?”

"Isso seria legal."

Furuta estava à frente de Tyuule, que estava um pouco atrá s dele, observando
suas costas.

Tyuule ponderou que muitos dos seguidores de Zorzal usavam roupas


extravagantes, torcendo seus corpos para suportar seu peso. No entanto, o corpo de
Furuta - que nã o se esforçou para bajular os fortes - era ereto como uma vareta. Ele
P a g e 143 | 220
nã o era muito alto e estava vestido com roupas de trabalho sujas. Mesmo assim, por
que ela pensou ter visto algo como uma luz saindo de suas costas?

P a g e 144 | 220
******

Em outro lugar, Zorzal estava ocupado mastigando hambú rgueres enquanto


percorria os arquivos que o advogado-geral lhe trouxera. Ele estava assinando
documentos alterados.

“Hum? Onde está o rascunho do projeto de lei da oprichnina? Para onde foi?

Ele olhou na mesa, olhou embaixo da cesta de almoço de Furuta, mas nã o


encontrou nada. Nem estava debaixo de sua mesa. Ele procurou em todos os lugares,
mas nã o conseguiu encontrá -lo.

O servo-chefe Nei ficou intrigado com essas açõ es e perguntou: “Aconteceu


alguma coisa, Alteza?”

“Nã o, parece que Rufrus esqueceu de me dar um documento importante.”

“Ainda assim, você nã o entregou a questã o da comunicaçã o para Tyuule no


final?”

“Ah, pensando bem, eu deixei isso para ela. Tudo bem, vou passar para o pró ximo
arquivo. Segure isso."

E assim, o projeto de lei da oprichnina, nas mã os de Tyuule e sem o


conhecimento de Zorzal, foi colocado na caixa de “reproposta”.

P a g e 146 | 220
A Academia Cidade de Londel

A mortalha da noite caiu sobre o silencioso Repouso do Leitor.

Do lado de fora, ainda era possível ver duas ou três janelas iluminadas na lateral
da pousada, mas eram exceçõ es - na maioria das vezes, as janelas da pousada de
quatro andares e 40 quartos estavam escuras. Porem, isso nã o significava que os
quartos estavam desocupados. Na verdade, a maioria estavam ocupados. No entanto,
o ó leo da lamparina nã o era barato, entã o eles costumavam dormir cedo para evitar o
desperdício.

Em vez de confiar em uma luz fraca para exorcizar a noite de seus terrores, todos
preferiram fugir para o conforto do sono.

No entanto, quando alguém se virava para olhar os prédios do outro lado da rua,
suas janelas ainda estavam iluminadas.

Essas luzes pertenciam a estudiosos que estavam muito imersos em suas


pesquisas para ter tempo par dormir. Em contraste com a linha de fogo ardente que
corria pelas ruas de Akusho, elas tinham um brilho suave e delicado.

“Ah, o horizonte de uma cidade velha. Nunca vou me cansar disso, nã o importa
quantas vezes eu o veja.

Quantos dias eles tinham ficado aqui até agora?

O homem olhou para as ruas de Londel de um de seus velhos prédios


degradados.

O Repouso do Leitor estava localizado no sopé da montanha, e de lá era possível


contemplar toda a subida das encostas, até o pico da montanha.

Esse tipo de cená rio fazia parte do charme das cidades antigas. E, de fato, Londel
era uma cidade antiga com o peso da histó ria por trá s dela, entã o nã o era errado se
sentir assim. No entanto, ao contrá rio de Tó quio, Nara e outros pontos turísticos -
onde os prédios antigos eram conchas vazias, boas apenas para o turismo - os prédios
aqui estavam sendo totalmente utilizados. As luzes no horizonte noturno foram todas
colocadas em uso prá tico, e havia uma certa beleza nessa falta de ornamentaçã o falsa.

P a g e 147 | 220
A menina que estava ao lado do homem respondeu:

"De fato. Essas luzes nã o sã o como o brilho de Tó quio. Chamas fracas bruxuleiam
nos castiçais. Sob sua luz fraca, os aprendizes rabiscam freneticamente com suas
canetas. Com a chama da sabedoria para banir a ignorâ ncia das trevas, eles combinam
seu progresso individual à medida que avançam, explorando com as mã os um
territó rio desconhecido.

Um farfalhar de roupas podia ser ouvido da garota sob as cobertas. Ela estendeu
a mã o para agarrar a manga do homem. Parecia que ela estava nua sob aquele lençol
branco puro.

"Espere... o que você está fazendo?"

“Pai, você nã o deveria vir logo? Já estou preparada.”

Atrá s de Itami e Lelei estavam Tuka (que estava olhando ao redor enquanto
espiava através de uma luneta infravermelha de visã o noturna, vestindo apenas uma
camiseta), Rory (cujas bochechas estavam inchadas de aborrecimento), Yao (que
estava usando um sutiã esportivo e um par de bermudas, e tinha um olhar sem noçã o
no rosto), bem como uma Shandy ainda sonolenta em um kantoi.

(Nota TL: kantoi foram mencionados na v1; era a roupa de Lelei ao fugir da vila
de Coda)

“Sim, já estou indo. Só perguntei porque estou me esforçando muito para nã o


morrer.”

Itami estava vestido com uma camiseta verde-oliva e suas calças BDU. Ele deu
um tapinha preguiçoso no rifle pendurado em seu ombro direito, sentiu suas partes
de metal duro e a coronha de madeira lixada enquanto Lelei arrumava a cama
embaixo dela. Ela parecia diferente de como costumava estar, provavelmente porque
estava descalça, em uma blusa folgada e usando calças quentes. Ela passou a acordar
os adormecidos ao redor deles.

“Se eu mencionar o nome do meu mentor, isso deve reduzir as chances de


sermos assediados.” Essa pessoa era realmente tã o boa quanto ela imaginava?
Lelei respondeu a Itami: “Se isso acontecer, nã o vai acabar tudo?” enquanto carregava
um par de pentes colados com fita adesiva e depois cobria as partes de metal do rifle
com fita de vinil preta para que nã o houvesse som quando se tocassem. Além disso,
ele nã o colocou totalmente a alavanca de segurança em [S] depois de terminar de
carregá -la, mas deixou-a na metade do caminho para a posiçã o [F]. Dessa forma, ele
poderia mudar rapidamente das posiçõ es “seguro” para “fogo” com a ponta do dedo.
P a g e 148 | 220
Tecnicamente falando, ele deveria ter definido tudo como “seguro” para observar a
segurança adequada das armas de fogo, mas a dificuldade de preparar o rifle Type 64
era uma falha em seu design.

“Bem, seria melhor se os assassinos estivessem dispostos a desistir, mas isso é


imprová vel. Entã o nó s temos que fazer isso.”

Usando o Descanso do leitor como base de operaçõ es, Itami e os outros vagavam
pela á rea ao redor de Londel todos os dias nas ú ltimas duas semanas. Havia uma
aldeia pobre a cerca de meio dia de viagem de carro, e o Santuá rio de Belnago ficava a
cerca de dois dias de viagem.

Eles tinham muitos objetivos aqui, mas o mais importante era a prospecçã o de
recursos do Itami. Além disso, a maneira como eles saíam quase depois de chegar a
qualquer á rea também estava relacionada a se livrar dos assassinos de Lelei, entã o
eles estavam matando dois coelhos com uma cajadada só com movimentos do HMV.

Ainda assim, eles só poderiam se manter assim por um tempo.

Nã o importa o quã o longe eles corressem, ainda tinham que voltar para Londel.
A razã o pela qual Gray e Shandy conseguiram encontrar Itami e os outros aqui era
porque Panache de Arnus havia espalhado a notícia, e os assassinos obviamente
sabiam disso também.

Como Lelei disse, o fato de ela estar participando da conferência significava que,
mesmo que soubessem que os assassinos iriam atacar, eles ainda teriam que
enfrentá -lo de frente.

“Mas, se os assassinos fizerem a mesma coisa da pró xima vez…”

“Se isso acontecer, ainda teremos ganho tempo para você fazer sua apresentaçã o
na conferência, certo?”

Com isso em mente, suas condiçõ es atuais e poder de luta eram ideais para eles.

Eles tinham Itami, Rory, Tuka e Yao ali. Gray – que estava no quarto ao lado deles
– também estava presente. Este era o lugar perfeito para receber qualquer assassino.

"Eh?! Eu nã o sou contado como parte de sua força de luta? Sou mais velha que
Lelei-san. Pareço tã o pouco confiá vel?”
P a g e 149 | 220
Shandy - uma garotinha bonita e de cabelos castanhos - tentou mudar a
percepçã o dos outros sobre ela. Itami se sentia mal por tê-la junto, mas no final cedeu.

“Shh! É como Itamy-dono disse, alguém está subindo as escadas.”

“Você deveria nos contar esse tipo de coisa antes!”

"Desculpe. Eu mesmo acabei de ouvir.

Gray, que estava com o ouvido grudado na porta enquanto ouvia as pessoas do
lado de fora, deu o sinal de que alguém estava chegando. Itami e os outros se
esconderam nos vá rios cantos do quarto, como haviam combinado.

Eles se esconderam na escuridã o e prenderam a respiraçã o. Eles ouviram algo


rolando no chã o.

Parecia uma moeda que havia caído de um bolso. Os quartos da estalagem eram
grandes e havia pouco onde bater, entã o o som da moeda rolando continuou por um
longo tempo.

“…………………”

“…………”

Finalmente, o rolamento parou e o silêncio recomeçou.

Uma atmosfera de desconforto parecia se espalhar pela sala. Alguém disse: “D-
desculpe. Meu erro…"

E entã o o pedido de desculpas foi abafado por alguma coisa.

Logo, Gray conseguiu mensurar o que estava acontecendo lá fora. Ele disse: "Eles
estã o vindo, quatro deles", antes de se afastar da porta e se misturar à s sombras.

Desta vez, a sala estava verdadeiramente silenciosa.

Agora, eles podiam ver as formas de vá rias pessoas subindo silenciosamente as


escadas do Repouso do Leitor.

O nú mero deles era exatamente o que Gray disse – eram quatro.

Eles estudaram os nú meros de perto. Usavam roupas pretas que escondiam as


P a g e 150 | 220
formas de seus corpos e era impossível distinguir seu sexo.

Depois de subir a escada de madeira, avançaram em direçã o ao corredor.

Houve o som de algo raspando no corredor e as silhuetas pararam de repente.

“Shh!”

A pessoa que pressionou o dedo nos lá bios parecia estar repreendendo um de


seus subordinados. O fato de se aproximarem do alvo sem hesitar os fazia parecer
ainda mais amadores.

As sombras se aglomeraram ao redor da porta e entã o giraram silenciosamente a


maçaneta.

A porta bem conservada nã o rangeu quando aberta. As quatro formas foram


simultaneamente para as camas e desembainharam suas espadas.

“…………!”

De pé sobre os tapetes ao lado das camas, eles agarraram suas espadas e as


derrubaram com toda a força. Os sons de batidas e esfaqueamentos ecoaram pelo
quarto.

"Você fez isso?"

“Eu consegui, nó s conseguimos!”

Seus aplausos encheram a sala. No entanto, eles foram interrompidos pelo som
de algo metá lico caindo e rolando na cama.

“Que pena, pelo menos vocês tentaram.”

Essas palavras foram acompanhadas por uma explosã o de 160 decibéis de


volume e um clarã o de 6 milhõ es de candelas de intensidade. A luz encheu a
escuridã o da sala em um instante – humanos, mó veis, tudo foi engolido pela brilhante
luz branca.

As formas - que olharam diretamente para a flashbang - ficaram cegas e tontas


pelo flash e seus ouvidos zumbiram como se estivessem no coraçã o de uma
tempestade. Alguns deles ficaram no lugar, cambaleando com o choque, enquanto
outros cobriram os olhos e tatearam na tentativa de encontrar uma saída.
P a g e 151 | 220
No entanto, eles nã o podiam se mover com calma, pois estavam se afogando no
vó rtice de medo que vinha da perda da visã o e da audiçã o ao mesmo tempo.
Assustados com a escuridã o repentina, caíram no chã o e rolaram, esbarrando uns
nos outros e gritando de terror.

"Tudo bem... indo em sua direçã o." Com grande esforço, Rory grunhiu:

“Benh!”

“Banh!”

“Dosu!”

“Pesh!”

Ela empunhava sua alabarda com os olhos fechados e nocauteava os assassinos.

A fumaça persistente do flashbang subiu no ar. Itami estava preocupado que o


flashbang pudesse ter incendiado qualquer coisa inflamá vel na sala. Felizmente, o
piso de madeira e as camas estavam apenas um pouco chamuscados e nã o havia sinal
de que um incêndio havia começado.

Lelei e Tuka acenderam os candelabros da sala com magia. “Meus olhos, meus
olhos~”

Ele advertiu repetidamente o grupo para “tapar os ouvidos, virar o rosto e fechar
os olhos, nã o olhar diretamente para o flash”. No entanto, a garota de cabelos
castanhos olhou diretamente para a flashbang, e foi por isso que ela estava rolando
no chã o. Nã o havia nada que pudessem fazer a nã o ser esperar que ela se recuperasse
sozinha.

Ao lado dela, Yao estava de quatro com o bumbum para cima, fazendo uma pose
que excitaria qualquer homem enquanto ela rastejava em busca de algo.

"Para onde foi?"

"Yao, você deixou cair alguma coisa?"

“Estou procurando o amuleto da sorte que Sua Santidade me deu… ah,


encontrei!”

Ela teve que enfiar o ombro debaixo da cama e tatear com os braços longos antes
de voltar com uma moeda de 5 ienes de latã o.

P a g e 152 | 220
“Antes de receber isso, nã o achava estranho quando todo tipo de coisa ruim
acontecia comigo, como me machucar ou espirrar á gua. Ah, nas palavras de Sua
Santidade, parece ser um amuleto de boa sorte.”

Itami nã o pô de deixar de pensar, 5 ienes é muito barato para esse tipo de coisa.
No entanto, isso pode ser o que eles queriam dizer com “a fé pode mover montanhas”.
Certamente parecia real o suficiente para ela.

(Nota TL: 5 ienes é pronunciado "go-en", que soa igual a "conexõ es".
Basicamente, é um amuleto de boa sorte para Yao fazer amigos. Isso é abordado no
arco minotauro do mangá .)

“Por que nã o passa um barbante pelo buraco no centro e amarra no pescoço?”

“Ah, eu vou fazer.”

Yao agarrou a moeda de 5 ienes com força ao dizer isso. Ela parecia muito feliz.

“Tudo bem, os arredores nã o pegaram fogo. Ainda assim, quero que Tuka e Rory
fiquem de guarda e monitorem nossos arredores. Gray-san, o que você acha, eles
ainda estã o vivos?

“Nã o se preocupe, ainda estã o respirando!”

Os assassinos invasores foram nocauteados pela alabarda de Rory e agora jaziam


no chã o. Gray examinou cada um deles, amarrando suas mã os atrá s das costas com
cordas de couro.

Yao passou uma daquelas cordas pelo buraco no centro de sua moeda de 5 ienes.
Gray se sentiu um pouco deprimido; ele veio para ajudar, mas no final isso era tudo
que ele podia fazer.

“Tuka?”

Tuka observava os prédios do lado de fora, com um arco composto na mã o.

“Agora mesmo parecia que alguém se aproximava, pai.”

“Entendi, apenas fique alerta… que tipo de assassinos sã o essas pessoas? Eles
parecem meio jovens, nã o parecem?”
P a g e 153 | 220
Ao virarem um deles, descobriram uma enorme marca em seu rosto.

Era um grande hematoma onde a alabarda o atingiu no rosto. Parecia difícil para
alguém viver com uma lesã o daquelas. Ainda assim, ele parecia vagamente familiar.

Rory e Itami tiveram as mesmas dú vidas.

"Hum? Aquele garoto parece um dos garotos que trabalham nesta pousada.

“Eh?!”

Eles apressadamente foram buscar uma vela e deram uma olhada nos rostos dos
outros três.

******

Era madrugada e o dono do descanso do leitor, Hamal, estava dormindo


confortavelmente em sua cama quando foi acordado de repente.

“Ehhh~ Droga, você sabe que horas sã o?”

Pela longa experiência em receber hó spedes, disfarçou a vontade de gritar de


frustraçã o com um sorriso encantador e abriu a porta.

“Caro hó spede, posso saber do que se trata? Afinal, é meia-noite.”

Ele fez essa pergunta sem revelar o aborrecimento oculto no fundo de seu
coraçã o. No entanto, quando ele olhou atentamente para o visitante, ele viu um Dark
Elf, uma fêmea Dark Elf, que irradiava o charme de uma mulher madura.

Era no meio da noite. E agora, uma mulher tinha entrado no quarto de um


homem. Pode, pode ser? Ela estava procurando um caso de uma noite?
Desde que sua esposa havia morrido, Hamal considerava natural o ato de dormir
sozinho, entã o ele nã o podia deixar de fantasiar sobre um encontro tã o lascivo. No
entanto, as palavras que fluíram dos lá bios vermelhos pá lidos daquela mulher
fizeram as orelhas rosadas do um tanto excitado Hamal empalidecerem.

“Ehhhhh?!”

P a g e 154 | 220
A mensagem era: que os funcioná rios da pousada haviam tentado atacar seus
hó spedes.

“Ah, será que nossos meninos fizeram isso…”

Isso era tanto sua fé em seus pró prios trabalhadores quanto uma tentativa de
negar a realidade. Portanto, ele decidiu que seria melhor ver com seus pró prios olhos.

Depois de entrar no quarto de hó spedes, a visã o de seu pró prio povo no chã o
com as mã os amarradas nas costas fez Hamal cair de có coras.

"Vocês, vocês, vocês... o que vocês fizeram?"

Ele nem tinha forças para ficar com raiva.

“O que você fez?!... Estamos acabados. Esta pousada está acabada!”

Olhando em volta, parecia que seu grito havia acordado os convidados ao seu
redor, e eles estavam se movendo e espiando-os do corredor. Esconder o que
aconteceu esta noite provavelmente seria impossível. Os rumores correriam pelo
distrito comercial em um instante. Esta era a pousada preferida pelos viajantes, e eles
espalhariam a notícia por toda a cidade. Se isso acontecesse, o fluxo de clientes aqui
acabaria imediatamente. Qualquer um teria que pensar duas vezes antes de se
hospedar em uma pousada onde seus funcioná rios atacavam seus pró prios hó spedes.
Pode-se dizer que a perda de fé na capacidade de uma pousada de receber hó spedes é
sua sentença de morte.

Os meninos olharam com medo para Hamal.

Ele nã o sabia que tipo de desculpa eles dariam, mas a primeira coisa que
disseram foi: “Fomos enganados”.

"Conte-me sobre isso."

Nesse ponto, Hamal estava à beira de um colapso mental.

Era comum ficar com raiva quando as expectativas de alguém eram traídas.
Portanto, quando alguém desistisse de tudo, quando nã o esperasse nada da outra
parte, nã o haveria motivo para raiva.

Os meninos responderam:

"Nó s ouvimos-"

“―Que Sua Santidade era falsa—”


P a g e 155 | 220
“―Que ela era uma assassina cruel que planejava matar todos os mercadores
nesta pousada―”

“―E ainda que ela estava sendo perseguida por caçadores de recompensas.”

Todos ficaram tã o chocados com essas palavras que nã o conseguiram dizer nada.

Quando juntaram as palavras dos quatro, a histó ria que obtiveram foi que Rory
era falsa, que ela era uma fraudadora que planejava atingir os hó spedes desta
pousada. Além disso, ela era um alvo de recompensa.”

“Quem você acha que vai acreditar nisso?”

“O problema é que vimos o pô ster de recompensa e recebemos moedas de ouro,


entã o queríamos proteger os convidados… foi o que pensamos.”

"E vocês nem acharam estranho?"

Nã o havia como saber se um aviso de recompensa era real ou falso. Era muito
simples para alguém desenhar em um pergaminho e inventar uma histó ria. Além
disso, distribuir dinheiro sem nenhuma realizaçã o anterior era muito generoso e
muito suspeito.

“Aquela pessoa parecia saber do que estava falando e nos deu moedas de ouro,
confiou em nó s e parecia estar escondendo algum tipo de culpa, o que significava, ele
pensou…”

“Entã o vocês vã o suspeitar de uma moeda de cobre, mas aceitar uma moeda de
ouro sem contestaçã o? vocês sã o estú pidos?"

Os rapazes nã o tinham nada a dizer e baixaram a cabeça. Hamal suspirou e olhou


para o teto.

"E entã o, vocês se esgueiraram para os quartos dos hó spedes?"

“Nã o fizemos nada.”

"Sim, fomos pegos antes que pudéssemos fazer qualquer coisa."

Eles disseram isso, mas uma rá pida olhada nas camas revelou as espadas
embutidas no colchã o. Nã o havia como eles alegarem que nã o haviam feito nada. Isso
nã o foi conspiraçã o para assassinato, mas tentativa de assassinato.

Sob o olhar de Itami – que representava os outros convidados – eles tiveram


P a g e 156 | 220
dificuldade em se explicar. E, claro, o Hamal de rosto cinza parecia ainda mais
constrangido.

“Existe uma grande diferença entre dizer que você nã o conseguiu fazer nada e
nã o queria fazer nada.”

Os meninos se desculparam sinceramente ― “Desculpe-nos” ― depois que Tuka


os repreendeu.

Ao ver suas expressõ es sérias, ela pensou, eles devem ter sido bons garotos em
circunstâncias normais.

Antes disso, Gray ouvia em silêncio os criminosos tentarem se livrar dissa. Ele
disse: “Sim, isso mesmo, deve ter sido assim”, e acenou com a cabeça.

“A pessoa que usa esses métodos é chamada de Piper.”

"O flautista? Quem é esse?"

“À s vezes ele é um homem humano, ou uma garota elfa, ou mesmo uma bruxa,
mas sua verdadeira identidade é desconhecida. Esse cara é um especialista em
manipular o coraçã o humano, e ele faz coisas como transformar menininhas que nã o
fariam mal a uma mosca em assassinos que envenenam comida e bebida, ou fazer
aqueles idosos com costas duras, do tipo que têm dificuldade para andar descer as
escadas, esfaqueá -lo nas costas. A menos que você derrube o pró prio homem, os
assassinos nã o vã o parar de vir.

"Que problemá tico."

Hamal aproximou-se de Gray.

“Mas, mas como ele pode fazer pessoas comuns matarem outras? Se essas
pessoas nã o fossem mentalmente instá veis para começar, nã o tenho ideia de como
ele poderia transformá -las em assassinos.”

“De fato, matar é um tabu, mas essa linha de pensamento é como uma fechadura.
Com a chave certa, pode-se desfazer aquele cadeado no coraçã o sem muita
dificuldade. Por exemplo, nó s, cavaleiros e soldados, podemos facilmente matar
pessoas se nossos superiores o comandarem.”

O rosto de Hamal empalideceu ao ouvir isso. Se alguém considerava os


assassinos mentalmente instá veis, nã o estaria insinuando que soldados e vigias
também eram mentalmente instá veis?

P a g e 157 | 220
“Ahhh~ Peço desculpas profundamente pela minha má escolha de palavras. Peço
perdã o pelo meu descuido.”

"Nã o, nã o, se vocês sã o apenas cidadã os comuns, nã o me importarei." Gray nã o


pareceu se importar muito enquanto continuava falando.

"Proprietá rio. Você sabia que se eu matasse alguem, as leis nã o me


considerariam culpado?”

"R-Sério?"

“A lei diz que ‘um assassino deve ser punido’, mas se houver uma atenuante
adequada, a pena será reduzida adequadamente. A maneira mais fá cil de absolver
alguém da culpa por assassinato é quando alguém o faz para se proteger de ser morto
por um assassino. Existem pessoas que irã o prejudicar os outros por todos os tipos de
motivos sem sentido e da mesma forma, haverá aqueles que acreditarã o em mentiras
para proteger destemidamente a si mesmos ou a suas famílias. Qualquer um com bom
senso perceberá facilmente que existem muitas circunstâ ncias em que um homem
pode matar outro. O Piper é um assassino, entã o talvez ele tenha algum tipo de crença
e senso de justiça que o leva a fazer as pessoas se matarem. Ele silenciosamente diz a
uma garota facilmente influenciada para fazer isso por seu amante. Ele diz a um velho
que seu filho foi enganado por uma pessoa cruel. Na minha humilde opiniã o, o desejo
que esses rapazes tinham de proteger os convidados foi usado por ele… ou talvez eles
pensassem que éramos assassinos de sangue frio ou algo parecido. Em todo caso, eles
engoliram aquela pílula em particular e o fizeram porque queriam proteger os
hó spedes que estavam aqui. E entã o, depois de jogar com o senso de justiça e
profissionalismo dos meninos, eles pararam de pensar e sacaram suas espadas… pelo
menos, é o que eu acho que aconteceu.”

Ao ouvirem isso, os meninos começaram a assentir um apó s o outro. “Entã o,


diga-nos, como era o homem que mentiu para você?”

Os meninos responderam em uníssono: “Ele parecia uma pessoa amá vel e


gentil.”

“Ele era muito alto e parecia muito generoso.”

“Ele deve ter parecido um heró i quando jovem, e como um homem mais velho
ele parecia bastante digno.”

P a g e 158 | 220
“Ele era um macho humano.”

Este foi o resultado da combinaçã o do que os quatro disseram.

Cerca de dez dias atrá s, eles foram para a taverna depois de terminar o trabalho.
Depois de terem suas fortunas contadas por um adivinho viajante, eles se serviram de
bebida e de uma refeiçã o farta.

Entã o, eles ouviram alguém dizer "Com licença, vocês sã o trabalhadores do


Repouso do Leitor?" e entã o o homem que acabara de entrar os cumprimentou.

Aquele homem tinha uma aparência refinada enquanto sorria e parecia ser do
tipo que era bom com as palavras.

“Ele era intenso, mas generoso. Ele nos ofereceu bebidas, mas advertiu “nã o beba
muito quando você ainda é jovem”. Ele também prestou muita atençã o à s nossas
histó rias sobre as garotas de quem gostá vamos e com quem conversá vamos.”

Logo os rapazes terminaram de falar e o homem começou a falar.

O homem disse: “Meu trabalho nã o é do qual eu possa me orgulhar, como o seu.


O que eu faço é limpar as ruas de seu lixo e refugo…” Em outras palavras, ele
capturava criminosos e ocasionalmente, seria muito recompensado por isso.

O homem contou-lhes as coisas que tinha visto e feito.

Os meninos ouviram falar do sofrimento das vítimas que ele encontrou e


sentiram raiva ao saber dos métodos malignos dos vilõ es que ele havia visto. Eles
comemoraram quando ele contou como derrubou aqueles vilõ es, e os sinceros
agradecimentos das vítimas levaram os meninos à s lá grimas, como uma série
dramá tica.

Depois disso, toda vez que os meninos iam à taverna, bebiam e ouviam o caçador
de recompensas contar suas histó rias. E entã o, depois de se encontrarem com ele
vá rias vezes, o assunto foi para o alvo que esse caçador de recompensas estava
perseguindo – um grupo de vigaristas.

Ele falou de uma quadrilha de bandidos, que enganou muitos comerciantes e


acabou com suas fortunas, a ponto de se matarem depois de irem à falência. As
famílias que sobreviveram também passaram por muitas dificuldades.

P a g e 159 | 220
"Entã o... que métodos eles usaram para enganar as pessoas?"

“Eu nã o posso dizer isso. No entanto, todos esses comerciantes foram forçados à
falência e depois ao suicídio, enquanto suas famílias foram vendidas como escravas
para pagar suas dívidas. Portanto, nunca vou perdoar esses caras.”

“Entã o por que nã o compartilhar seus métodos? Se alguém tivesse feito isso
antes, muitas pessoas nã o teriam sido salvas?”

“Isso seria muito perigoso. Esses trapaceiros sã o sujeitos orgulhosos e culpam


outras pessoas por seus fracassos. Por exemplo, se as negociaçõ es parassem no meio
do caminho porque a outra parte percebeu um golpe e fugiu, eles caçariam e
matariam aquela pessoa porque estavam com raiva da fuga do outro lado. Portanto,
esses vigaristas sã o muito perigosos. Francamente falando, pessoas assim preferem
ganhar dinheiro em cidades mineiras como estas.”

E entã o, o homem disse:

“Agora, para salvar as pessoas que eles machucaram, eu gostaria de capturar


esses cinco antes que eles encontrem outra vítima. Se possível, gostaria de capturá -
los ilesos. No entanto, nã o posso esperar por isso. Dito isso, eles têm recompensas por
suas cabeças, entã o tudo bem se forem trazidos vivos ou mortos, desde que outra
pessoa nã o o faça.”

Aquele bando de trapaceiros era formado por quatro mulheres e um homem.

Uma delas era uma impostora da semideusa Rory. Outra era uma garota Rurudo.
Duas delas eram uma elfa e um elfa negra.

“Se pessoas assim vivem perto do Descanso do Leitor, você precisa me dizer. Eu
nã o sou pá reo para eles sozinho, mas nã o se preocupe, vou encontrar uma maneira de
mostrar a você…”

O homem tinha um olhar determinado em seu rosto enquanto falava com os


meninos.

“Na verdade, tem um monte de gente explorando as minas locais”, disseram os


meninos.

Os meninos entã o descreveram o que aconteceu depois disso, e entã o os eventos


P a g e 160 | 220
de agora aconteceram.

******

Hamal olhou para os rostos dos meninos e perguntou: “É verdade, pessoal? Foi
isso mesmo?

O que eles fizeram foi imperdoá vel. No entanto, ele nã o poderia censurá -los por
pensar assim. Afinal de contas, foi Hamal quem promoveu essa atitude deles por meio
de suas palestras diá rias.

A motivaçã o deles era a segurança dos clientes, alimentada por seu entusiasmo
juvenil. O erro foi o método que eles escolheram para fazer isso. Dessa forma, eles
foram desviados por palavras floreadas.

Hamal pressionou a cabeça no chã o e falou.

“Sua Santidade e todos os outros. Desejo suportar a puniçã o desses meninos em


seu lugar, na minha qualidade de empregador. Por favor, direcione seu
descontentamento para mim. Embora possa nã o haver futuro para o Descanso do
Leitor, espero que o mesmo nã o se aplique a esses rapazes. Eu imploro que você os
perdoe.”

“Hamal-san!”

Os meninos gritavam: “Por favor, espere”, “Por que você está fazendo isso por
nó s?” e assim por diante. O fato é que eles desejavam ser punidos por seus pró prios
erros. Eles nã o podiam permitir que seu empregador sofresse por uas falhas porque
ele nã o havia feito nada de errado. Tudo o que eles queriam era proteger a reputaçã o
do Descanso do Leitor.

"O que deveríamos fazer?"

Itami e os outros se entreolharam. Por fim, Rory sorriu amargamente e,


enquanto avançava, fez seu pronunciamento.

“Eu os perdoo. No entanto, como dono desta pousada, é melhor educá -los sobre
onde eles erraram.

Como Rory havia falado, nã o havia mais nada para os outros dizerem.

Os outros convidados – que estavam se aglomerando para assistir aos


procedimentos – acenaram com a cabeça em aprovaçã o ao julgamento de Rory. Eles
nã o estavam cientes das motivaçõ es exatas por trá s das açõ es dos meninos. Nessa
parte, tudo o que sabiam era que “O Flautista é um homem mau”, e que desprezavam
P a g e 161 | 220
seus métodos.

O pró prio Itami tinha suas dú vidas. Como era o sistema de justiça deste lugar?
Eles poderiam ser perdoados apenas porque ninguém se importava. No entanto,
realmente implorar por perdã o fez a perspectiva soar pior. De qualquer forma, era
um sistema muito problemá tico.

“Meus sinceros agradecimentos por seu perdã o.”

Seguindo o exemplo de Hamal, os meninos também baixaram a cabeça em


desculpas, embora também estivessem encantados por serem perdoados.

“É realmente desrespeitoso ter que ficar em uma pousada como esta.


Providenciarei imediatamente acomodaçõ es alternativas para vocês, mas posso saber
se há alguma pousada em particular que Vossa Santidade deseja ocupar? Tudo bem,
vamos preparar um quarto melhor para você do que este.”

Rory olhou para Lelei, comunicando algo com os olhos antes de responder:

“Nã o há necessidade disso. As pessoas que já foram enganadas uma vez tendem a
crescer, e estou ansiosa por isso. Portanto, este seria realmente o lugar mais seguro.”

A forma como os meninos olhavam para Lelei parecia dizer que nã o seriam
enganados novamente. “Portanto, vamos passar a noite aqui..”

“Eu, eu entendo. Antes de sua jornada terminar, esta pousada irá atendê-la com
seu coraçã o e alma ”, disse Hamal enquanto se curvava vá rias vezes ao sair da sala.

Depois que os meninos foram libertados de suas amarras, eles o seguiram. Ele
disse algo inaudível para eles, e entã o cutucou a nuca de um dos rapazes mais baixos.

Por fim, a porta se fechou e ele começou a explicar a situaçã o aos outros
convidados. Nã o ficou claro se Hamal pretendia esconder a verdade ou revelar tudo.

“Mas, esses meninos, eles vã o mesmo ficar bem?”

Itami inclinou a cabeça para o lado e coçou o couro cabeludo. Rory garantiu a ele
que estava tudo bem e Lelei a ajudou a explicar.

“O pró prio Gray disse que quebrar o tabu do assassinato era simples. Todos no
P a g e 162 | 220
exército sã o assim – com o treinamento apropriado, eles podem fazer todo tipo de
coisas que normalmente considerariam proibidas.”

Como Lelei mencionou isso, Rory, Tuka e Yao assentiram. Itami também
concordou; afinal, ele pró prio havia passado por um treinamento intenso, desde que a
ordem fosse dada, poderia matar pessoas, independentemente de quã o certo ou
errado fosse. No momento-chave, se esqueceria de si mesmo e agiria. Pode-se dizer
que era um reflexo natural devido aos eventos da Batalha de Nijubashi. O fato é que
se alguém lhe dissesse para fazer isso, ele o faria, entã o nã o prestou muita atençã o.

“Talvez aquele homem chamado Flautista seja há bil em encontrar essas


fraquezas psicoló gicas.”

Itami bateu na palma da mã o.

“Entendo, entã o ele traz o chuunibyou neles. Que método engenhoso.”

"Chew-nib-yo?"

“Como posso descrever… sã o pessoas que constroem suas personalidades em


torno de seus pensamentos e fantasias.”

“Nã o existe um termo assim no dicioná rio. Vou memorizar essa definiçã o para
referência futura.”

Lelei murmurou uma explicaçã o, permitindo que Itami continuasse depois de


ficar brevemente sem palavras:

“As pessoas que foram enganadas por ele vã o acabar sendo enganadas
novamente.”

Para o Flautista, eles eram vítimas raras de chuunibyou, e entã o ele poderia vir
atrá s deles mais uma vez.

Itami disse: "Entã o você quer dizer que eles podem perdoá -lo novamente?"
enquanto observava a expressã o complicada no rosto de Rory.

E assim, Rory imaginou o Flautista fazendo “kukuku” em sua mente.

Yao se sentiu miserá vel. Suas mã os estavam manchadas de culpa, e o desejo de


expiaçã o a impulsionava todos os dias. Pelo que ela sabia, poderia ter se sentido da
P a g e 163 | 220
mesma forma que os meninos.

“Entã o, devemos usar esses meninos para ver se conseguimos que o Flautista
mostre seu rosto novamente? Eu nã o tenho nenhuma ideia. O que deveríamos fazer?
Poderíamos tentar observá -los, mas nossos rostos já sã o conhecidos por ele.

“Felizmente, porque alguém nã o virou o rosto a tempo e acabou rolando no chã o,


tem uma pessoa que eles nã o vã o reconhecer aqui.”

Itami olhou para onde o dedo de Lelei apontava.

Ele viu Shandy, que estava deitada na cama e esfregando o rosto com um
travesseiro.

******

Na madrugada do dia seguinte, Itami acordou em seu quarto... um depó sito como
se percebia.

A palavra “depó sito” evocava imagens de paredes imundas e mó veis esquá lidos,
mas a sala nã o era tã o degradada. Se alguém nã o soubesse que era um depó sito,
poderia ser confundido com o quarto mais barato de um hotel de negó cios. Os mó veis
eram bá sicos — uma estrutura de cama, cabeceira e cadeiras ― mas pareciam limpos
e Itami achou que ainda era muito confortá vel. O quarto em si era grande, os mó veis
eram de alta qualidade e com um cobertor para cobri-lo, ele nã o teve problemas para
dormir.

Vá rias vigas atravessavam o teto e as janelas no telhado permitiam a entrada de


luz do lado de fora. Uma fada pequena, parecida com uma borboleta, esvoaçou no
alto.

As vigas do teto se estendiam amplamente, unindo-se aos lados inclinados do


telhado. Isso criou um grande espaço sobre sua cabeça e nã o parecia nem um pouco
apertado. Pelo menos foi assim que ele se sentiu quando acordou e viu isso pela
primeira vez enquanto sua mente ainda estava enevoada pelo sono. A ú nica coisa de
que tinha certeza era que aquele nã o era um quartel da JSDF.

Enquanto seu corpo e mente ainda estavam grogues de acordar, Itami já havia se
vestido e calçado as botas.

Ele colocou a bacia no criado mudo na cabeceira da cama, derramou á gua de uma
panela pró xima e depois a usou para lavar o rosto. Depois pegou a pistola debaixo do
travesseiro e prendeu-a no cinto, abriu a porta e saiu para o corredor.

Ele bateu na porta de frente para a dele, que dava para o quarto das meninas. No
P a g e 164 | 220
entanto, nã o houve resposta.

Elas provavelmente se levantaram e foram tomar o café da manhã . Embora os


japoneses possam permanecer dormindo apó s o nascer do sol, o povo da Regiã o
Especial normalmente começava seus dias logo apó s o nascer do sol, porque o
trabalho e as viagens eram melhores durante o dia.

Na verdade, quando desceu a longa escadaria do quarto para o primeiro andar, já


podia ver os viajantes reunidos para o café da manhã na sala de jantar.

Os viajantes que partiam pagavam suas taxas de hospedagem nos balcõ es de


serviço, enquanto os meninos da estalagem corriam transportando bagagens
enquanto os vagõ es de carga e similares partiam. O ar estava cheio de uma energia
viva. Nã o havia sinal da atmosfera “esta pousada está condenada” e dos clientes
fugindo que Hamal temia desde a noite anterior.

“Ah, bom dia, Lorde Itami!”

Essa saudaçã o enérgica veio de um dos meninos que tinha uma grande verruga
sob o olho esquerdo.

Como se isso fosse uma deixa, todos ao seu redor começaram a cumprimentar
Itami.

Nã o era apenas Hamal e os meninos, mas até os outros convidados o saldavam

Um olhar mais atento revelou que a Fada do tamanho da palma da mã o que


parecia uma borboleta tinha a cabeça abaixada enquanto pairava ao redor dele.

"Ah, ah, sim... bom dia."

Itami nã o pô de deixar de parar no meio do caminho e retribuir a saudaçã o,


apesar de se sentir terrivelmente confuso sobre tudo.

O que estava acontecendo eli?

Além disso, por que eles o chamavam de “Senhor”?

Sob o bombardeio dos olhares bem-intencionados ao seu redor, Itami fugiu para
a multidã o em frente ao refeitó rio. Entã o, ele encontrou uma brecha na massa de
pessoas e se posicionou no final da fila.

No entanto, o chef do refeitó rio gritou: “Ei, você nã o pode ficar aí parado!” e
P a g e 165 | 220
olhou para ele. Parecia que ele estava na fila no lugar errado.

"Ah sim. Desculpe, mas onde devo alinhar? Nã o há nenhuma placa dizendo 'Fim
da linha' aqui.

(Nota TL: os japoneses realmente têm placas indicando (Fim da linha) quando se
trata de longas filas.)

“Nã o, nã o é isso que eu quero dizer... você é diferente, venha aqui.”

O chef conduziu Itami e disse: “Venha cá !” e o sentou em uma mesa no centro do


refeitó rio.

Lá , ele viu Rory e Lelei tomando café da manhã , sendo servidos por uma fada do
tamanho da palma da mã o.

P a g e 166 | 220
“Ah, bom dia.”

"Dia."

Rory parecia um pouco fora de si esta manhã . Lelei estava neutra como sempre.
Tuka tinha um sorriso muito rígido no rosto. Yao estava de bruços na mesa por algum
motivo, murmurando “Que vergonha, uma vergonha eterna”.

"Entã o, qual é o problema?"

"Youjy, você está bem?"

"Bem, um monte de gente me cumprimentou calorosamente esta manhã ."

"Bom Dia pai."

“Ei, ei, Tuka, tudo bem?”

“As fadas têm me tocado a manhã toda.”

Todos foram agredidos de todos os lados por saudaçõ es, como um cerco.
Felizmente, ninguém foi rude o suficiente para se dirigir a eles enquanto comiam, mas
no lugar deles, as pessoas faziam fila para recebê-los e cumprimentá -los. Por
exemplo, o grupo onde Itami estava antes. Foi por causa deles que Itami teve a sorte
de ser conduzido até aqui.

Agora, se o grupo estivesse cheio de pessoas que interessassem ao Itami, teria


sido muito melhor. Pessoas como seiyuus, mangakas, pessoas que se encontram em
festivais de doujin, de mã os dadas com Rory e as outras. Isso o teria agradado.

“Nã o é nada emocionante. Tudo o que eles conseguiriam no final foi uma senha.”

Lelei ainda narrava os acontecimentos com sua voz neutra e sem emoçã o.
Embora ela parecesse calma por fora, havia uma onda de emoçã o em seu coraçã o que
só ela podia sentir.

“O dono do hotel deu muitas senhas para as pessoas na fila.”

"Mas por que?"

Com isso, Yao - que tinha colado o rosto contra a mesa - levantou a cabeça,
revelando suas bochechas vermelhas brilhantes.

“Os carteiros atrasados pelo colapso da ponte finalmente chegaram ontem à


noite. A cabeça do Dragã o de Fogo foi pendurada na Capital Imperial, e a notícia de
P a g e 168 | 220
como você matou o Dragã o está circulando. Além disso, a notícia do que fiz em Arnus
foi fortemente embelezada. Ah~ eu quero rastejar para um buraco em algum lugar...”

Yao corou quando ela disse isso e caiu de cara na mesa novamente.

“Também me sinto mal por isso, porque me tornei um fardo para você no
processo.”

Tuka juntou as mã os e implorou: “Desculpe, pai, desgracei o nome de nossa


família”. E entã o, as pontas de suas orelhas ficaram rosadas, e ela se deitou na mesa
também. Naturalmente, o “pai” aqui era seu pai natural, Hodryur Marceau.

“Na verdade, eu realmente nã o gosto de pessoas que participam de caças de


dragõ es por fama e fortuna.”

Rory estava claramente infeliz por ter perdido, e ela deixou claro seu
descontentamento.

O fato é que a batalha com os Young Dragons vermelhos e negros e Giselle


merecia a mesma publicidade. No entanto, a notícia disso nã o se espalhou muito
longe.

“Ainda assim, como foi que tudo isso vazou? As pessoas estã o se dirigindo a mim
como Senho. Esqueci exatamente como vim a ser um...”

Eles verificaram o conteú do dos rumores e havia pedaços de verdade misturados


a eles, embora ainda estivessem bastante distantes da realidade. Embora fosse
compreensível que os rumores tivessem sido embelezados com a imaginaçã o, o
problema agora era como isso havia acontecido em primeiro lugar. Para começar,
apenas algumas pessoas no Império deveriam saber sobre esse assunto.

“Parece que a notícia foi espalhada por alguém perto de Pina, entã o essa pessoa
já deveria estar aqui.”

“Pina nã o conhece essa pessoa, entã o, se possível, espero que possamos deixar
esse assunto de lado.”

“Como se eu pudesse deixar passar essa deturpaçã o maliciosa”, resmungou Lelei.

"Como assim?"

“Eles estã o dizendo que Lelei deu o golpe mortal no Dragã o de Fogo.”

P a g e 169 | 220
Depois de ouvir isso, Rory suspirou “Ehhhh~” para Itami.

Se alguém usasse a reaçã o de Gray como referência das reaçõ es dos cidadã os do
Império, pareceria que eles eram mais reverentes a ela do que chocados ou
consternados. Agora, quem poderia ter encorajado essa atitude, Itami se perguntou.

A resposta veio de Rory, que estava lambendo a colher de sopa de uma maneira
decididamente pouco feminina.

“As pessoas deste país sentem que estã o com problemas.”

"Eles estã o perdendo o juízo?"

"De fato. Este mundo está estagnado há muito tempo. O Império estava acima de
todas as outras naçõ es e mantinha a ordem, e o Imperador governava toda a
humanidade de maneira semelhante. Os humanos construíram relaçõ es com todas as
outras espécies, e essas relaçõ es duram muito tempo. Mais do que ninguém, a
humanidade é uma espécie que espera o amanhã . Por causa de seus sonhos, eles
podem suportar a injustiça do presente. No entanto, agora eles sentem que estã o
presos em suas posiçõ es atuais. Nã o há mais sentido para o trabalho deles e eles
perderam a motivaçã o.”

“Mmm~”

“Os antigos imperadores usaram a guerra para romper essa estase. Eles
atacaram os países ao seu redor, dominaram todos os tipos de espécies, conquistaram
novas terras, expandiram sua esfera de poder, distribuíram títulos nobres e
construíram estradas de longo alcance para declarar sua gló ria. No entanto, esse era o
limite deles... Entã o, quando o Portã o se abriu, o Imperador nã o pensou duas vezes e
ordenou um ataque. No entanto, esse ataque falhou. Uma sensaçã o de mal-estar
cresceu no coraçã o das pessoas quando perceberam que estavam à beira da derrota.”

“Entã o isso é basicamente adoraçã o de heró is?”

"De fato. Isso pode ser o suficiente para dissipar a atmosfera sufocante que paira
sobre a terra. E entã o, eles querem que aquele heró i viva perto deles. Eles extraem
grande força da presença daquele heró i, e é por isso que o povo do Império está
enlouquecendo com Lelei.”

Lelei insistiu calmamente que ela nã o era uma cidadã imperial, mas uma Rurudo.
P a g e 170 | 220
No entanto, apenas ela e as pessoas ao seu redor podiam ouvir isso. Essas palavras
nã o saíram do refeitó rio, abafadas pelas pessoas que a cumprimentavam e a
aclamavam.

Talvez ninguém se importasse mesmo que Lelei gritasse que ela nã o era do
Império. Isso acontecia porque as pessoas viam o que queriam e ignoravam o que nã o
queriam ver.

“Algumas pessoas estã o levantando altares para Lelei enquanto outras estã o
levantando facas… Eu posso adivinhar quem está fazendo isso. Diga, onde está Gray-
san?”

“Ele foi buscar o café da manhã para Shandy.”

Shandy era o á s na manga contra o Flautista, já que ninguém tinha visto seu
rosto. Assim, ela teve que se esconder em um lugar onde os meninos da estalagem
nã o a vissem. Portanto, ela os observava silenciosamente de fora, na escuridã o. Sim,
observando-os, sozinha.

Quando Itami pensou nisso, ele meio que teve pena dela.

No entanto, o fato é que Shandy estava passando a noite toda em uma taverna e
parecia estar se dando muito bem com um mensageiro a cavalo que conheceu por
acaso. Dado que ela havia exagerado nos detalhes da morte do dragã o, nã o havia
necessidade de ter pena dela. Em vez disso, era melhor nã o lhe dar atençã o.

"Bom Dia a todos. Você veio.” Este era o dono da pousada, Hamal.

“O culpado está aqui”, disse Tuka.

“Estou assim de manhã por sua causa”, acrescentou Yao.

“A ú nica culpa é a velocidade com que os rumores se espalharam. Na verdade, eu


os ajudei, mas isso foi tudo para protegê-los.”

“E por que espalhar essas histó rias fantá sticas nos protegerá ?”

Itami estava se perguntando se esse plano era realmente viá vel.

“O Flautista trabalha usando mentiras para induzir os outros a matar pessoas.


P a g e 171 | 220
Uma vez que seus rostos e situaçõ es sejam conhecidos por todos, esse método será
inú til. No mínimo, ninguém teria motivos para atacar os heró is que mataram o
Dragã o de Fogo, nã o?”

“Isso realmente vai ajudar?”

“Sua Santidade está certa em fazer essa pergunta. No entanto, os movimentos


secretos do Flautista e suas açõ es agora também estã o se espalhando, entã o será
muito difícil para ele fazer um movimento. Qualquer um que tente persuadir os
outros com palavras floreadas pode ser calado com 'Ah, você está mentindo…'”

“Isso realmente vai dar certo? E se as açõ es dos meninos forem divulgadas?”
Tuka perguntou em tom preocupado.

“Estou feliz que todos vocês entendam. Verdadeiramente, a honestidade é a


melhor arma.”

“Ou você acabou de matar dois coelhos com uma cajadada só ,” Rory murmurou.

“O quê, eu estava preparado para esta pousada fechar desde o início. Este é
apenas um sacrifício que posso fazer para expiar o que fiz.”

Olhando para fora, podia-se ver o menino com cicatrizes sendo intimidado pelos
convidados. “Nã o serei mais enganado”, ouviram-no dizer. Por causa dessas palavras,
Hamal olhou muito inquieto.

“Graças a você, talvez nã o precisemos fechar.”

“É um golpe de sorte em meio a esta calamidade.”

"De fato. Tudo isso foi por causa de sua magnanimidade, vossa Santidade.”

“Se fizermos isso, a apresentaçã o de Lelei será um sucesso?”

No entanto, o otimismo de Itami foi destruído. Gray abriu caminho para fora da
parede da humanidade.

“Ainda assim, isso é meio difícil de lidar. Se um mensageiro a cavalo pode vir aqui,
isso significa que um assassino diferente do Flautista também pode ter chegado. Se
ele se infiltrar na multidã o em busca de uma audiência com você, nossos olhos
P a g e 172 | 220
sozinhos nã o serã o capazes de encontrá -lo. Nesse ponto, precisaremos observar
nossos arredores.

Gray suspirou profundamente e entã o se sentou em uma cadeira vazia.

“Chefe, antes que algo aconteça, quero discutir algo com você.”

“Isso, isso... peço desculpas. Pode ser melhor para vocês se prepararem.”

“Nã o, agora que acabou, nã o tinha como evitar que tenha explodido tanto. Peço
desculpas por atacar durante o curso de minhas funçõ es.””

"Isso mesmo, quem seria você?"

Era natural que Hamal suspeitasse de Gray, que nã o era hó spede da estalagem.
Embora ele nã o o tivesse notado no caos da noite passada, quando o encontrou
novamente hoje, ele nã o se lembrava de alguém como ele ficando aqui.

“Este é o ajudante de uma das cavaleiras da Princesa Imperial Pina. Eu


represento o Império ao dar as boas-vindas a todos vocês na Capital Imperial.”

"Oho, um convite de Sua Alteza?"

"De fato. O fato é que o Império vê a conclusã o dessa grande tarefa como uma
ameaça à sua autoridade. Sua Alteza nos ordenou que lhe fizéssemos um convite
sincero. Nesse ponto, depois de encontrar eventos como esses, também assumimos a
tarefa de protegê-la.”

"Entã o é isso? ...Oi oi, pegue um café da manhã para este cavaleiro-sama.”

“Ok ~” responderam as Fadas na mesa.

“Ah, tudo bem. Este está hospedado em outra pousada e eu já tomei meu café da
manhã .

"Entã o, que tal uma xícara de chá ?"

"Obrigado, vou me servir de uma, entã o."

Hamal informou seus guardas quando um copo de chá foi colocado diante de
Gray. Depois que o grupo terminou o café da manhã , ele queria que este espaço se
tornasse um lugar para as pessoas contemplarem seus heró is. Olhando ao lado dos
P a g e 173 | 220
serventes, eles podiam ver a fila de pessoas com senhas crescendo cada vez mais.

Itami e os outros acharam bom que as entradas e saídas nã o estivessem


bloqueadas. Embora essa alocaçã o de espaço fosse o plano de Hamal, era muito
melhor do que ficar encurralado em uma sala cercada por pessoas animadas.

“Pessoal, ficamos felizes em conhecê-los. No entanto, o mais tardar que podemos


sair é amanhã de manhã . Agora que eu disse isso, posso dizer que terei orgulho de
vocês onde quer que vã o...”

Claro que ele nã o poderia dizer que era porque nã o gostava da atmosfera da sala
agora.

Diante do silencioso Itami e turma, Gray pegou uma xícara de chá barato como
pagamento por seus serviços de guarda antes de sorrir e perguntar:

“Entã o, a ponte já foi consertada?”

Hamal piscou, como se dissesse que nã o sabia nada sobre isso.

“Pelo menos, a ponte perto de Galif foi consertada. O mensageiro chegou um


pouco atrasado, aparentemente porque a á rea estava inundada. No entanto, nã o é
apenas Galif que foi afetado, mas também Motallan e Pylan. Levará alguns dias até
que as coisas voltem ao normal por lá . É terrível, os comerciantes da Capital estã o
entorpecidos.”

Depois de ouvir Gray, Hamal murmurou para si mesmo.

"Realmente? Quanto tempo mais teremos que esperar em Motallan e Pylan? Que
tal o viaduto em Elron?

“Hah? Nã o tenho muita certeza sobre Elron. Talvez a ponte ali tenha quebrado?

“No entanto, se alguém realmente estivesse tramando algo, duvido que


deixariam o viaduto ali. Eu estava pensando... bem, na verdade, tenho um pedido a
fazer sobre o encontro e a recepçã o.”

Gray queria sugerir que eles nã o reunissem todos no refeitó rio, mas que
esperassem no corredor e entrassem um por um. Dessa forma, seria muito mais difícil
para o inimigo permanecer invisível. Seria mais fá cil lidar com eles se a situaçã o se
degenerasse em caos.

P a g e 174 | 220
Hamal aprovou esta sugestã o.

E assim, a sessã o de cumprimentos para os heró is matadores de dragõ es foi


realizada no Reader's Rest.

*****

Era noite, logo apó s o pô r do sol.

Os quatro meninos do Reader's Rest dirigiram-se para uma taberna depois de


terminar o dia de trabalho, como de costume.

Nã o foi por terem sido demitidos, mas simplesmente porque a pousada nã o


preparava jantares, entã o eles tinham que jantar em restaurantes pró ximos.

Eles sabiam que haviam cometido um erro terrível. Este foi um erro do qual eles
nã o podiam se perdoar.

Era tarde demais para refletir sobre seus pecados. Eles juraram em seus
coraçõ es que nunca cometeriam tal erro novamente, mas nã o podiam voltar no
tempo. Depois de explicar seus crimes e aguardar as puniçõ es esperadas, eles
esperavam que a reputaçã o do Reader's Rest despencasse e que os convidados
fugissem deles. A pousada podia muito bem fechar.

No entanto, Hamal – o dono da pousada – deu um passo à frente para assumir a


culpa. E entã o Rory, Apó stola de Emroy, havia perdoado esse pecado com as palavras:
“Eu te perdô o”. Normalmente, o crime de pegar espadas e esfaqueá -las em camas que
eles achavam que poderiam conter pessoas seria punido com decapitaçã o, mas no
final eles foram poupados do cepo.

Naquela época, eles nã o sabiam se a pousada ainda sobreviveria, mas as críticas


negativas e a fuga de seus hó spedes nã o haviam acontecido. Nã o houve nenhum dos
castigos e acusaçõ es que eles esperavam. Nem mesmo uma palavra de zombaria.

Eles podiam sentir isso – essa segunda chance foi um sinal de Emroy.

Eles cresceram como seres humanos. E aprenderam algo importante como


trabalhadores de estalagem.

Claro, isso nã o era algo para se alegrar. No entanto, depois de serem libertos de
um desespero avassalador, era natural que eles quisessem fazer algo a respeito do
sinal que haviam recebido.

P a g e 175 | 220
No entanto, uma Mulher Selvagem apareceu diante deles.

Ela tinha cerca de 17 anos, com um corpo atraente. Seu cabelo castanho estava
cortado curto e ela tinha um ar enérgico sobre ela. Seus olhos brilhavam como
estrelas enquanto ela olhava para eles e sua voz era agradá vel. Ela tinha um jeito
direto de falar e nã o demonstrava medo de falar com estranhos.

Ela caminhou até eles e gritou enquanto apontava com um dedo: “Tolos ~ idiotas
~ todos vocês!”

Essa primeira declaraçã o desafiou todas as palavras.

A garota, que se autodenominava Nora, continuou falando depois de se certificar


de que eram do Reader's Rest.

“Você pensou que depois que os matadores de dragõ es os perdoaram, tudo


acabou? Que porque vocês foram enganados, vocês nã o tiveram culpa de nada?”

Os meninos nã o puderam refutar suas declaraçõ es.

Tudo o que eles puderam fazer foi balançar a cabeça lenta e relutantemente.

“Nó s entendemos isso. Portanto, decidimos nã o agir precipitadamente no


futuro”. Sua resposta moderada atraiu uma resposta fria da garota.

“O que é isso, você está sendo tã o inú til por causa daquele tal de Flautista?
Porque você o encontrou desta vez, você nã o vai fazer nada? No final, o resultado será
o mesmo.”

Graças ao Flautista, eles quase fizeram algo impensá vel. Era natural que eles
refletissem sobre seus pecados e nã o agissem precipitadamente novamente. No
entanto, isso também podia fazer parte de seu plano. Ainda assim, eles nã o tiveram
escolha a nã o ser suportar aquela Ideia ardendo em suas mentes. Por causa disso, o
líder dos meninos olhou para Nora com uma expressã o preocupada no rosto e
perguntou: “Como assim vai ser o mesmo?”

“Você se mudou porque dançou ao som do Flautista. Entã o, porque você nã o


quer ser enganado novamente, você nã o fará nada. Obviamente, o que você precisa
fazer é nã o dançar nas mã os dele. Pense um pouco por si mesmo. Você deve agir por
conta pró pria para nã o ser controlado por ele. Simples, nã o é?”
P a g e 176 | 220
Essas palavras tiveram um grande impacto. Isso os acordou de sua hesitaçã o
como se uma urna de á gua fosse despejada sobre eles.

Eles haviam sido enganados pelo Flautista uma vez, entã o cair em seus truques
novamente seria insuportá vel. Entã o, o que poderiam fazer? Como poderiam evitar
cometer os mesmos erros novamente?

“Entã o, o que devemos fazer?” os meninos perguntaram, olhando para Nora


pedindo ajuda.

“Pegue-o com suas pró prias mã os. Dessa forma, você pode apagar o erro que
cometeu em primeiro lugar.”

“Nó s nem sabemos onde ele está .”

“Nã o há garantia disso. Seu inimigo certamente se revelará em algum momento,


mesmo que por um breve instante.”

“E quando isso vai acontecer?”

“O Flautista nã o convence as pessoas a matar seus alvos? Isso significa que ele
provavelmente deveria vir pra ver se o trabalho foi concluído.”

"Realmente?"

Os meninos duvidaram da maneira como Nora os repreendeu com o dedo


erguido. Uma vez mordido, duas vezes tímido, afinal.

“Ele definitivamente virá para se certificar. Vocês sã o meninos trabalhando na


pousada, certo? As pessoas verificam se você limpou corretamente, certo?

"Isso... bem, sim, basicamente."

Os quatro se entreolharam. Depois de terminar as tarefas que seu chefe lhes deu,
eles nã o sabiam o que aconteceria depois. Eles deveriam ter terminado... mas nã o
podiam ter certeza de que estava completo. Os novos contratados podem nã o ter feito
um bom trabalho e podem nã o estar de acordo com os padrõ es. Eles tinham que
entrar e se certificar.

P a g e 177 | 220
"Certo? Assassinos funcionam da mesma maneira. O Flautista definitivamente
tentará ver se você realizou seu trabalho. Acho que ele vai voltar ao Desconso do
leitor para verificar as coisas.

Ao ouvirem isso, os meninos agarraram suas cabeças e se perguntaram o que


fazer a seguir.

“Se for esse o caso, isso significa que vamos perder a chance de pegar aquele
cara?!”

“É por isso que estou dizendo que vocês sã o idiotas.”

Os meninos cerraram os dentes quando Nora disse “idiotas, idiotas”.

“Tudo bem, entã o diga-nos por que você quer nos ajudar. Você está tentando nos
usar?”

"Nã o é o isso. Estou lhe dando uma chance de pegar o cara mau.”

"Como assim?"

“A verdade é que estou muito brava com a maneira como ele faz as coisas.
Também estou me perguntando o que posso fazer para me vingar por esses heró is.
Mas ouvi algumas notícias sobre esse tal de Flautista, entã o decidi me colocar no
lugar dele. Nã o sou igual a vocês, mas notei algumas coisas.”

"Droga, odeio admitir, mas estamos um passo atrá s de você."

“É verdade, sério… Bem, se eu tivesse que fazer isso, eu atacaria Lelei-san no dia
da apresentaçã o dela.”

"Sem chance! Se você fizer isso. ”

“Como eu estava dizendo a você, a melhor maneira de pegar aquele cara é


fingindo.”

“Uma encenaçã o?”

"Sim. A menos que trabalhemos juntos de perto, nã o seremos capazes de


enganar seus olhos. Portanto, vocês têm que conversar sobre isso com Lelei-san e os
outros. Meu plano é derrubar Leleisan e depois fingir que a esfaqueei na barriga, onde
P a g e 178 | 220
obviamente ela estará usando uma placa de bronze. As pessoas ao meu redor podem
tentar me impedir, entã o espero que você possa ajudar a interferir nisso e evitar que
as pessoas escapem.

“Mmhm.”

“Se isso acontecesse, aquele cara apareceria para verificar se Lelei-san estava
realmente morta. Nesse momento, você precisa pegá -lo. Além disso, os amigos de
Lelei-san sã o todos Dragonslayers. Você nã o acha que seria fá cil pegar o Flautista com
a ajuda deles? E vocês esqueceram o rosto dele?

"Nã o."

“Entã o nã o é simples?”

“Isso é incrível. Nó s definitivamente seremos capazes de pegá -lo dessa maneira.”

"Certo? Que tal isso? Parece bom, certo? Ou você planeja fugir, se esconder e
voltar para suas vidas normais e aceitar seus fracassos?”

Os meninos se entreolharam e assentiram vigorosamente. "Entendi. Nó s vamos


fazer."

Seus rostos eram exatamente os mesmos de quando declararam que


derrubariam aquele grupo de fraudadores.

******

Em um canto escuro da taverna, Shandy, que estava de frente para uma


cartomante, apenas viu a garota fera apertando a mã o dos meninos e disse baixinho:

“Essa pessoa nã o é boa. Nada boa.”

Aquela mulher chamada Nora pode ser um disfarce do Flautista, ou uma de suas
marionetes.

Ela usaria aqueles meninos para tornar impossível para qualquer um chegar
perto de seu alvo. A tentativa de homicídio encenada de Lelei na apresentaçã o
também foi uma artimanha. Afinal, a placa protetora nã o poderia proteger a cabeça
ou outros pontos vitais.

P a g e 179 | 220
Rory e Lelei sentiram que uma pessoa que foi enganada uma vez seria enganada
novamente.

Essas quatro pessoas eram muito gentis e confiavam nas pessoas com muita
facilidade. Ser capaz de confiar nas pessoas era uma espécie de virtude, entã o isso era
apenas tirar vantagem de sua boa natureza. No entanto, neste momento, Shandy se
perguntou se seria melhor expor isso imediatamente.

Havia pessoas que diriam que foram enganadas quando nã o era o caso. “Entã o
nos vemos mais tarde”, disseram os meninos a Nora quando ela saiu.

Quando Nora deixou a taverna para atravessar a rua, Shandy a observou da


escuridã o.

“Itami-sama, ele definitivamente checaria quem teve contato com os meninos, no


entanto…”

Ao considerar as instruçõ es de Itami, ela teve um lampejo de inspiraçã o. Talvez


seguir Nora significasse que ela poderia capturar quem a estava controlando, e talvez
Itami pudesse agradecê-la, e talvez, em algum outro lugar, ele pudesse lhe dar um
prêmio especial. A imaginaçã o de Shandy ficou fora de controle e depois de dar
algumas moedas à cartomante, ela se moveu para perseguir a mulher chamada Nora.

"Por favor, espera."

A cartomante rapidamente parou Shandy e disse:

“Alguém importante para você está preso em uma situaçã o difícil e só você pode
ajudá -la.”

A cartomante escolheu a carta que mostrava "A Imperatriz Cercada por Espadas"
e explicou a ela, mas Shandy só se importava em perseguir Nora e nã o entendeu o
significado.

"Ah, obrigado, mas estou um pouco ocupada agora."

Com isso, a mulher Shandy saiu do prédio e montou em seu cavalo. E entã o ela
desapareceu e também nã o voltou no dia seguinte.

P a g e 180 | 220
A Conferência de Londel. Esse era o título abreviado que muitos lugares usavam,
mas o nome oficial era Conselho de Exame de Grau Acadêmico de Londel.

Ele tinha uma longa histó ria, remontando a cerca de 3.000 anos ou mais.

A Cidade Academia foi originalmente fundada como um lugar para testar o valor
dos aprendizes em estudar nas bibliotecas de vá rios Sá bios que se reuniram lá para
conduzir pesquisas.

Na Regiã o Especial, onde nã o haviam bibliotecas comunais, os livros raros quase


sempre estavam sob os cuidados de vá rios Sá bios famosos. De tempos em tempos, os
poderosos e os ricos podiam reunir à força livros como esses em um só lugar, mas
essas coleçõ es seriam invariavelmente destruídas ou perdidas devido a mudanças no
governo, guerras, incêndios e assim por diante. Além disso, havia aquelas pessoas
nomeadas como bibliotecá rias que selecionavam e descartavam livros por seu
pró prio julgamento, bem como queimavam livros em nome da ordem de suas
coleçõ es. Essas ocorrências se repetiram vá rias vezes e no final, livros contendo
conhecimentos importantes desapareceram do domínio pú blico.

Desde entã o, os Sá bios resolveram nunca mais abrir mã o do controle de suas


bibliotecas. Se alguém quisesse um livro, teria de escrevê-lo sozinho ou pagaria a
alguém para escrevê-lo por um preço alto.

Como resultado, as pessoas que queriam aprofundar seu aprendizado nã o


tinham escolha a nã o ser vir aqui e bater na porta dos professores.

No entanto, se eles permitissem que qualquer pessoa entrasse e lesse esses


livros, suas valiosas bibliotecas se esgotariam em pouco tempo.

Qualquer pessoa sem o conhecimento bá sico necessá rio nã o seria capaz de


entender o conteú do dos livros, o que significava que os livros seriam inú teis para
eles. Portanto, os professores deveriam verificar se os suplicantes tinham o nível de
conhecimento necessá rio antes de permitir o acesso aos seus arquivos.

E entã o, esse teste de aprendizagem de um aprendiz tornou-se uma medida para


P a g e 181 | 220
conseguir bons alunos.

“Desta vez, finalmente terei acesso aos arquivos!”

“Ha, entã o você poderá começar adequadamente sua vida de pesquisa. Boa
sorte!"

"Huh, minha autorizaçã o de pesquisa é maior que a sua, professora."

"Isso é ó timo. Você deve ter realmente trabalhado duro. Que tal, quer pegar o
que aprendeu e trabalhar para um lorde?”

Conversas como essas foram ouvidas em Londel por mais de 2.000 anos, até
agora.

A có pia de textos raros produziu livros suficientes para que houvesse menos
necessidade de acesso a arquivos, mas, inversamente, tornou-se cada vez mais
importante mostrar os frutos dos estudos. Como resultado, houve exames rigorosos
para obter os títulos acadêmicos de “Bacharel”, “Mestre”, “Doutor” e a posiçã o mais
alta de “Sá bio”.

Os vá rios graus acadêmicos e os exames necessá rios para os obter foram os


seguintes:

O primeiro era o bacharelado. Para alcançá -lo, era necessá rio tornar-se um
aprendiz.

Por meio de vá rias conexõ es e procurando por um estudioso acima do nível de


bacharel, pode-se encontrar alguém para ensinar-lhes conhecimentos bá sicos. Depois
disso, se o futuro aluno tivesse a atitude certa, fosse sério e tivesse boas notas, ele
receberia uma recomendaçã o e receberia o direito de se ser o aluno de um Sá bio. E
assim começava a longa vida de aprendiz.

Depois disso, eles precisavam passar por uma entrevista com outros dois Sá bios
além do pró prio mestre. Se aprovados, poderiam usar oficialmente o título de
“bacharel” para si pró prios, passando a fazer parte da comunidade acadêmica.

Pessoas com esse título podiam acessar os arquivos da escola a que pertencia
seu mestre, além de ganhar o direito de dar aulas particulares de conhecimentos
bá sicos para as crianças.

O grau de Mestre exigia um exame oral envolvendo pelo menos dois outros
P a g e 182 | 220
Sá bios de diferentes escolas antes de serem autorizados a usar o título. Qualquer
pessoa com esse título tinha acesso bá sico aos arquivos de qualquer outro Sá bio.
Além dos privilégios de leitura, eles também podiam fazer perguntas diretamente a
outros Sá bios. Em outras palavras, eles poderiam começar a compilar o conhecimento
de vá rios mestres.

Além disso, eles poderiam divulgar os resultados da pesquisa e eram


reconhecidos como professores substitutos no lugar dos Sá bios por estudiosos de
nível de bacharelado e abaixo.

Aliá s, Lelei atualmente era uma Mestra.

Depois vinha o Doutorado, considerado um obstá culo na carreira do acadêmico.

Primeiro, um candidato a Doutor tinha que apresentar uma tese perante uma
banca examinadora em Londel. Em seguida, teria que obter a aprovaçã o unâ nime de
todos os examinadores.

No entanto, uma vez que alguém se tornava um Doutor, eles teriam acesso
irrestrito aos arquivos de todos os Sá bios. Além disso, eles poderiam esperar
tratamento preferencial nos tribunais de muitas naçõ es, em deferência a seus títulos.
É claro que, na verdade, ser chamado de “Excelência” era um privilégio reservado a
nobres, ministros e generais, mas alguém tã o versado em assuntos acadêmicos
quanto o primeiro grupo em seus respectivos campos poderia esperar um tratamento
de padrã o semelhante.

A irmã mais velha de Lelei, Alfie, era uma “Doutor”.

E entã o, tinha o está gio final que era Sá bio. As pessoas nesse nível poderiam
fundar seus pró prios arquivos. Isso, por sua vez, significava que os suplicantes viriam
ante deles, o que efetivamente significava que eles eram uma universidade de um
homem só . Na Regiã o Especial, os seres conhecidos como Sá bios eram pessoas que
detinham o poder e o prestígio de tal instituto.

Naturalmente, os exames para se tornar um Sá bio eram extremamente cruéis.

Para algumas pessoas, era comparado a uma execuçã o pú blica, ou talvez a um


linchamento.

Este era um obstá culo difícil de transpor, o que fazia com que muitos candidatos
em potencial se retirassem em desgraça. Por isso, muitos pararam na fase do
P a g e 183 | 220
doutorado. Por exemplo, algumas dessas pessoas eram segundos ou terceiros filhos
da nobreza sem terra que nã o podiam herdar. Pessoas assim, que entraram na
academia para ganhar a vida, muitas vezes achavam que fazer um doutorado era o
suficiente. Eles receberiam o respeito devido a eles quando voltassem para suas casas
e seriam bem tratados. Nã o havia necessidade de se sujeitar a repetidas misérias em
prol do progresso.

Porém, hoje, Lelei passou a disputar tal posiçã o. Para as pessoas que decidiram
fazer uma vida desse caminho, os títulos acadêmicos nã o eram um objetivo, mas
apenas um dos muitos passos necessá rios que deveriam ser dados na busca
incessante pelo conhecimento.

"Entendi…"

Itami e os outros assentiram depois de ouvir a histó ria da banca examinadora.

Rory, Tuka e Yao indicaram que entenderam. Normalmente, esse nã o deveria ser
o caso. Tuka e Yao foram essencialmente educadas em casa e aperfeiçoaram suas
habilidades por meio da experiência e do desenvolvimento pessoal. Rory tinha sido
educada como uma sacerdotisa em treinamento antes de se tornar uma semideusa,
mas ela deveria ter apenas uma vaga ideia do que a educaçã o organizada implicava.
Ainda assim, apó s a explicaçã o de Lelei, elas perceberam como os estudiosos eram
incríveis. Elas tinham uma imagem do tipo de força de vontade e motivaçã o
necessá ria para trilhar o caminho da academia.

Portanto, quando Lelei estava prestes a passar para o pró ximo tó pico, ela foi
interrompida por um “Eh?”

“Parece que Itami ganhou o equivalente a um diploma de bacharel No Japã o.”

Concedido, Itami o obteve de uma universidade de terceira categoria recém-


construída, mas ainda era um diploma.

"Sem chance!"

A pessoa que deixou escapar isso foi Tuka, que chamava Itami de “Pai”.

“Quando soube disso, me perguntei se deveria usar a palavra ‘bacharel’ para


traduzir o termo japonês. No entanto, depois de alguma investigaçã o, descobri que
nã o havia problema com essa traduçã o. Em conclusã o, Itami é um acadêmico com o
título de Bacharel.”

“É , Japã o é um país tã o grandioso…”

P a g e 184 | 220
O rosto de Rory estava congelado em choque, enquanto Yao segurava com força a
moeda de 5 ienes pendurada em seu pescoço. Tuka, por outro lado, continuou de
forma provocativa.

“Bem, Lelei disse isso, entã o nã o está errado… mas ainda parece estranho para
mim.”

“Fiquei tã o chocada quanto quando ouvi que Sua Santidade pretendia se tornar
uma deusa do amor…”

Lelei assentiu também.

“La – a Deusa da Sabedoria – disse uma vez, existem aquelas pessoas menores
que só entendem as coisas, aquelas no meio que cultivam sua capacidade de entender
as coisas, e os seres superiores que refinam seu intelecto.”

"O que isso significa?"

“É para ser uma crítica à quelas pessoas que se tornaram acadêmicas


memorizando fatos.”

Mesmo Itami nã o pô de deixar de sorrir inquieto ao ser descrito dessa maneira.

“De alguma forma, sinto que as pessoas estã o me tratando como um idiota.”

“Ninguém está tratando você como um idiota, pai. É apenas ... certo, é apenas
muito surpreendente. O fato é que você nunca se considerou um acadêmico, nã o é,
pai?

“Apenas me chame de homem cheio de surpresas.”

“Por causa disso, nunca pensei em aprender nada com você, pao”,

“Isso parece muito com me tratar como um idiota?”

Tuka juntou as mã os (como se estivesse em oraçã o) e mostrou a língua, dizendo:


“Por favor, nã o fique com raiva. É que a verdade escapou por acidente!”

“Ahhhh, isso é irritante!” Itami respondeu com um olhar assustador no rosto.


P a g e 185 | 220
Entã o, ele plantou as mã os nas bochechas de Tuka e as amassou.

"Você, você, o que devo fazer com essa sua boca travessa ~!"

“Ahhh, ugyu! Ireh, Ireeeeaah!

Um estranho vendo isso de lado pode pensar que Itami estava abusando de Tuka.

No entanto, ele estava usando apenas um pouquinho de força e nã o toda a sua


força. Esse fato nã o passou despercebido por Tuka, que nã o gritou nem chorou, mas
contra-atacou pressionando o rosto de Itami com as duas mã os.

“Yuu, yuuuu yuuuuhhhh!”

“Ngiiiiiiiii! Tchu, Tchuga, yed, yed go ob mehh!

“Djuu primeiro Fahja!”

Enquanto os dois apertavam e beliscavam as bochechas um do outro, seus


corpos acabavam se pressionando intimamente um contra o outro.

“Ugyuuuuuu~”

“Nuuuuuuuuu~”

Rory e Yao estavam com muita inveja de como os dois estavam brincando. “Isso
parece bom, eu quero fazer também.”

"Saquei. Entã o, terei essa reaçã o se fizer isso.”

Lelei nã o parecia estar expressando nenhuma emoçã o, mas parecia haver uma
pitada de frustraçã o ali.

“Ainda assim, isso nã o é bom. Tuka perdeu o controle.”

“Alguém deveria impedi-la.”

“Entã o, permita-me…”

Yao interrompeu enquanto dizia: "Itamy-dono, nã o seja tã o rude."

“Do mesmo jeito, você nã o deveria refletir sobre suas açõ es habituais? As açõ es
de uma pessoa experiente parecem dignas, o que é uma qualidade que lhe falta. Em
vez disso, você parece uma pessoa sem instruçã o. Era isso que o Tuka estava falando,
certo?”
P a g e 186 | 220
Tuka deu tapinhas nas bochechas inchadas com as mã os e fez beicinho.
Olhando de lado, ela estava gostando de brincar com Itami, entã o ela sentiu que elas
estavam sendo intrometidas.

No entanto, Lelei estava certa, entã o ela teve que se forçar a acenar com a cabeça.
Por outro lado, Itami massageou seu rosto e resmungou.

“Bem, você diz isso, mas nã o posso fazer algo que nã o combine com minha
personalidade.”

Até agora, ele havia sido constantemente repreendido por seus superiores por
sua maneira de falar, sua conduta pessoal e assim por diante. Ele até foi matriculado
no curso de elite de Rangers. Apesar de tudo isso, ele nã o havia mudado seus há bitos.
Nesse sentido, a atitude descontraída e a passividade de Itami eram coisas muito
fortes.

No momento em que esse clima descontraído começou a se espalhar entre eles,


Itami de repente sacou a pistola amarrada à coxa e apontou para a porta.

Rory ergueu sua alabarda, enquanto Lelei preparava seu cajado. A Tuka de mã os
vazias começou a invocar sua magia espiritual.

Pouco depois, Gray entrou, dizendo: “Peço desculpas pelo atraso.”

“. ”

Gray imediatamente parou em seu caminho, percebendo que havia pisado em


um terreno mortal. Ele levantou os braços em sinal de rendiçã o.

“Perdoe-me. Devia ter batido antes de entrar.”

“O quê, é apenas o Gray,” todos disseram enquanto liberavam a tensã o em seus


corpos. Itami guardou sua pistola também.

“Entã o, onde está Shandy? Alguma pista?

Gray balançou a cabeça com a pergunta de Itami e todos pareciam desapontados.

Lelei antecipou que o Flautista (que enganou os trabalhadores do Repouso do


Leitor) tentaria encontrá -los novamente, e assim Itami e os outros enviaram Shandy
para segui-los. No entanto, eles perderam contato com a cavaleira de cabelos
castanhos desde entã o.

Gray procurou muitas vezes antes de retornar e continuou com a voz cansada:
P a g e 187 | 220
“Faz quatro dias que perdemos contato. Embora, se isso fosse um campo de
batalha, ainda seria um pouco cedo para desistir de procurá -la...”

Dentro do grupo de cavaleiros, Shandy era a superior de Gray e também sua


colega. No entanto, para um homem como ele, que começou como um soldado
comum, sua posiçã o atual era a mais alta que poderia alcançar. Em contraste, Shandy
nasceu em uma família nobre e foi designada como o pró ximo líder dos Cavaleiros da
Rosa Branca. Muita gló ria a esperava depois disso. O fato de o experiente Gray estar
seguindo-a e guiando-a nos pontos mais delicados das coisas também foi uma ordem
de Pina. E agora Shandy tinha desaparecido. Ele nã o podia deixar de se sentir
responsá vel por isso.”

“Eu vou vasculhar a á rea mais uma vez.”

“Eu vou também…” Lelei disse, pretendendo segui-lo, mas Itami a impediu.

“Lelei, você fica aqui. Eu sei que você se sente responsá vel por ter sugerido a
ideia em primeiro lugar, mas essa responsabilidade deve ser assumida por mim, o
comandante, certo?”

Gray curvou-se ao ouvir isso.

"Só entã o. Lelei-dono, o fato de você ter deixado esse assunto para Shandy-dono
foi porque você confiou nela, estou errado? Entã o, por favor, espere aqui. É uma pena
para um cavaleiro ter a confiança nele perdida no meio do caminho.

“...”

E assim, Lelei sentou-se, como se aceitasse as palavras de Itami. Rory ergueu o


dedo indicador e perguntou:

“O motivo pelo qual viemos para Londel era pra hoje, certo?”

“A conferência nã o vai acabar hoje. Tudo o que precisamos fazer é voltar outra
hora.”

“Você diz isso, mas e o Flautista? Se isso prosseguir, ele continuará lançando
ataques contra nó s. Além disso, se o deixarmos em paz, o nú mero de sacrifícios só
aumentará .”

Os sacrifícios em questã o foram as pessoas enganadas para se tornarem


assassinas pelo Flautista.
P a g e 188 | 220
Havia muito poucas circunstâ ncias em que alguém poderia subjugar um atacante
com intençã o assassina sem prejudicá -lo. A situaçã o mudou com o tempo, localizaçã o,
pessoas e outros fatores. Embora o assunto tivesse sido resolvido com apenas alguns
hematomas nos rostos dos rapazes da estalagem, se eles nã o tivessem sido tã o
desleixados, já poderiam estar mortos.

“Desde os velhos tempos, as estratégias sã o planejadas na cabeça e


implementadas no campo de batalha com garra e força de vontade. Eu sei que você
está preocupado com Shandy-dono, mas nã o vale a pena se isso afetar você a ponto
de prejudicar seu planejamento. Espero que você possa estar preparado para manter
sua decisã o depois de tomá -la.

"Entã o. Chegamos até aqui, entã o devemos encontrar e cumprimentar o Flautista


primeiro.”

“…”

Lelei mordeu o lá bio. Ela era uma pessoa que sempre confiara em si mesma e nã o
estava acostumada a deixar que outras pessoas fizessem as coisas por ela e se
preocupar com o resultado. No entanto, depois que todos a persuadiram, ela
finalmente aceitou o ponto de vista deles.

"Hum?"

Itami observou a porta com um olhar cauteloso no rosto. Ele estendeu a mã o


para a pistola em sua coxa, pronto para sacar a qualquer momento.

Logo, todos puderam ouvir alguém correndo pelo corredor. Os passos estavam
vindo direto para este lugar.

Itami sacou sua arma 9mm e Gray desembainhou sua espada.

O grupo esperou com a respiraçã o suspensa quando a porta foi escancarada. Eles
olharam – e viram uma ofegante Shandy entrar.

"Desculpe estou atrasada!"

"Shandy, onde você esteve...?"

P a g e 189 | 220
Tuka e os outros afogaram Shandy com perguntas. No entanto, foi Gray quem
ficou mais feliz em vê-la. Ele avançou antes de Shandy e deu um tapinha em seus
ombros.

"Shandy-dono, por favor, dê seu relató rio ..."

“Ah, sim, cheguei atrasada porque estava seguindo uma mulher chamada Nora.”

“O que quer dizer com você estar atrasada? Você sumiu por quatro dias! Quatro
dias! Tem que haver um limite para o quã o tarde você pode chegar! Você deveria pelo
menos ter mantido contato conosco! Está vamos tã o preocupados!”

Tuka reclamava com as mã os na cintura, em nome de todos.

“Sinto muito por isso, Tuka, mas nã o havia tempo livre para eu me comunicar.”

“Entã o, você aprendeu isso com os meninos?”

Rory riu, como se estivesse olhando para um idiota. “Nó s já ouvimos sobre isso.”

“Aquela Nora é uma marionete do Piper, você notou?”

"Realmente?"

Itami tinha uma expressã o no rosto de uma criança cuja brincadeira falhou
enquanto coçava a nuca.

“Seria extremamente conveniente se aquela Nora fosse a Flautista. Mas o pró prio
homem provavelmente nunca apareceria.

O modus operandi do Piper era usar os outros como assassinos enquanto se


escondia em um lugar seguro. Tinha falhado uma vez, mas isso nã o significava que ele
viria atrá s dela com a espada na mã o.

“Entã o, onde está o Flautista? Você deveria tê-lo achado depois de tanto tempo,
certo? Ele é um homem ou uma mulher?”

“Ele é um homem. Ele se parece com o que os trabalhadores descreveram... mas


eu o perdi.”
P a g e 190 | 220
"O que é isso? Você nos deixou tã o preocupados e depois o perdeu?”
Tuka fez beicinho de aborrecimento.

"Desculpe. No entanto, eu o segui até a Rua Pailan. Ele fugiu enquanto eu


dormia…”

Gray deu um tapinha nos ombros de Shandy, como se a confortasse.

“Aiya, nã o podemos fazer nada, entã o. É mais surpreendente que você possa
segui-lo por um período de dois dias. Seguir alguém assim requer um grupo, fazer
isso sozinha era impossível desde o início.”

Tuka concordou com a afirmaçã o de Gray de que era bom o suficiente ter
confirmado sua aparencia.

"Você fez um bom serviço. Obrigado por seu trabalho duro."

"Está bem. Eu sou muito boa dentro da ordem de cavaleiros, sabe? Sou a melhor
em reconhecimento de longo alcance.

Depois de escolher suas palavras com cuidado, Itami falou.

“Na verdade, tudo o que você precisava fazer era verificar com que tipo de
pessoa os rapazes da pousada entraram em contato. Francamente falando, nã o havia
necessidade de persegui-lo.”

Claro, ele também estava tentando insinuar que ela nã o deveria preocupar os
outros.

"Ehhhh~ entã o, isso significa... foi uma perda de tempo?"

"Bem, na verdade nã o. Verificar a aparencia do Flautista foi uma grande


conquista. No entanto, teria sido melhor se você mantivesse contato conosco.”

"Acabei esquecendo. Ainda assim, consegui olhar para o rosto do Piper. Foi
perfeito!" Shandy cerrou o punho enquanto se gabava de seus resultados.
Itami agradeceu antes de falar com os outros.

"Tudo bem, entã o, como planejamos, vamos esperar que o Flautista apareça na
sala de conferências."

E assim, Lelei pegou seu cajado, Rory pegou sua alabarda e Tuka pegou seu arco.

P a g e 191 | 220
Itami pendurou o rifle no ombro e olhou para todos. "Estamos prontos?"

E assim, todos partiram do Repouso do Leitor. No entanto, Shandy fez um fraco


protesto.

“Ehhh~ Acabei de voltar, ainda nã o tomei café da manhã , e minhas roupas estã o
suadas. Pelo menos deixe-me trocar a roupa de baixo, estou cansado ~”

"Merda... ela está certa."

Itami estava perplexo sobre o que deveria fazer.

Se Shandy fosse uma subordinada do JSDF, ele poderia simplesmente encerrar o


assunto dizendo: “Vamos embora”.

Se fosse Tuka ou Rory, ele poderia incentivá -los dizendo: “vamos lá ”. No entanto,
Shandy era apenas uma estranha tentando ajudar. Além disso, ela passou quatro dias
trabalhando duro, entã o ele nã o queria pressioná -la demais.

Ainda assim, entre todas as pessoas aqui, apenas Shandy tinha visto o Flautista.
Sem ela, eles nã o seriam capazes de encontra-lo. Embora os rapazes da estalagem
também pudessem ajudar, francamente falando, eles seriam de pouca utilidade.

“Se nã o partirmos agora, vamos nos atrasar para a conferência.”

Depois que Yao falou, Gray deu um passo à frente, com uma expressã o severa no
rosto.

“Shandy-dono, agora é a hora de perseverar. Entendo, deve ser cansativo realizar


vá rios dias de reconhecimento e depois correr todo o caminho de volta, mas como a
batalha final está chegando, só faz sentido entrar em campo nesta condiçã o. Estou
errado, Itamy-dono?”

Itami assentiu, dizendo, “Hmm, sim”. Os militares do JSDF também receberam


treinamento mental desse tipo.

E assim, Shandy se levantou, murmurando algo como “desculpe por ser tã o


egoísta” enquanto abaixava a cabeça em desculpas. E entã o, ela continuou dizendo
que eles seguiriam o plano, apesar de seu rosto cansado. A opiniã o de Itami e dos
outros sobre ela subiu vá rios níveis.

Logo, eles chegaram ao saguã o do primeiro andar da pousada. Lá , os meninos da


estalagem se preparavam para partir.

P a g e 192 | 220
“Ah, bom dia.”

“Bem, é o dia. Entã o, siga nosso plano.Você está com a placa?”

“Vamos fazer um movimento primeiro, para ver se o Flautista aparece.”

"Boa sorte!"

O grupo ficou grato a eles, mas ao mesmo tempo os meninos os deixaram um


pouco desconfortá veis.

Dito isso, seria melhor ter a ajuda deles para pegar o Flautista se ele aparecesse
por lá . Além disso, como eles queriam ajudar, seria melhor deixá -los fazer isso. Como
tal, Itami e os outros nã o apontaram que haviam sido enganados novamente. Tudo o
que podiam fazer era observar os meninos da estalagem em silêncio enquanto eles
diziam: "Tudo bem, vamos indo."

******

O salã o do Conselho dos Examinadores ficava a uma curta distâ ncia do Repouso dos
Leitores.

Embora fosse melhor usar o HMV e sua mobilidade superior nessas


circunstâ ncias, quando eles poderiam ser atacados por assassinos a qualquer
momento, Lelei se atrasaria se eles estivessem atolados em um engarrafamento como
aconteceu alguns dias atrá s. Além disso, havia vagas limitadas para estacionar no
destino e se fossem a pé, poderiam reduzir as chances de perigo mesmo que algo
acontecesse.

Enquanto eles estavam na estrada, Itami aproveitou para fazer a Lelei uma
pergunta que ele vinha pensando há algum tempo.

Ou seja: como ela já tinha um alto grau de fluência em japonês, possuía um


laptop e havia acesso à Internet na Arnus, por que ela nã o se serviu apenas das
muitas ideias disponíveis na Internet e assim, revolucionou esse mundo?

“Lelei, estou impressionada com o quã o digna você é."Nã o plagiar as descobertas
dos outros é uma coisa, mas há algo mais que também influencia isso?."

A esse respeito, Lelei respondeu:

“Como aprendiz, a primeira coisa que aprendi com Mestre Kato foi que o
conhecimento pode afetar as pessoas de vá rias maneiras.”

Isso também poderia comparado ao desenvolvimento da astronomia.


P a g e 193 | 220
A chuva e as nuvens recuavam, as plantaçõ es amadureciam, os galhos das
á rvores se carregavam de frutas e era a época da colheita.

Com a ajuda da Deusa Mã e Terra, o deus da agricultura fez sua oferta para ser o
senhor dos céus.

Logo, o deus da agricultura alcançou a vitó ria.

Antigamente, quando as pessoas nã o tinham casa e vagavam de um lugar para


outro com um pedaço de pano esfarrapado em volta de si, a humanidade olhava para
o céu noturno estrelado e dormia de costas para a terra.

As constelaçõ es e galá xias no céu evocavam admiraçã o. E, por sua vez, eles
usaram esses fenô menos celestes como pano de fundo para histó rias estranhas e
fantá sticas. Logo, os contos das estrelas ficaram ligados à s estaçõ es. Uma vez que
desenvolveram uma agricultura adequada, as histó rias da humanidade tornaram-se
mais complexas e detalhadas.

Por exemplo, eles disseram que o bondoso deus da agricultura estava no céu
durante a época de plantio.

No entanto, o deus da chuva torrencial apareceu ao lado dele e eles travaram


uma intensa batalha nos céus. Em meio ao estrondo do trovã o e das tempestades de
ventoa que varreriam tudo, o bondoso deus da agricultura foi derrotado e forçado a
fugir para o oeste.

E entã o, o deus da chuva governou o trono celestial por um tempo.

Acontece que era a estaçã o das chuvas. Os dias sem sol se arrastavam. No
entanto, tenha que ser suportado, porque era apenas por um curto período de tempo.

Assim, os humanos tentaram entender a ligaçã o entre a astronomia e as estaçõ es


inventando mitos.

No entanto, os Sá bios trabalharam incessantemente para entender o movimento


das estrelas e os princípios pelos quais elas operavam.

O fruto de muitas observaçõ es meticulosas resultou na criaçã o do calendá rio. E


entã o, o campo emergente da astronomia tornou-se um campo de estudo separado
P a g e 194 | 220
por conta pró pria, ocupando um lugar importante no mundo da ciência. E entã o,
cerca de 2.500 anos atrá s, eles descobriram um fato importante. Esse fato ― de que o
mundo era redondo ― derrubou todas as hipó teses do passado.

Os deuses deste mundo nã o falaram sobre como o mundo e todas as coisas


dentro dele foram criadas. Eles simplesmente esperaram silenciosamente que esses
mistérios fossem desvendados. Portanto, as pessoas simpló rias acreditavam que o sol
apareceu repentinamente sobre uma Terra plana, e os Sá bios do passado usaram essa
suposiçã o como base para sua compreensã o do mundo.

Por exemplo, o equador estava diretamente sob o caminho da viagem do sol,


entã o era natural que esses lugares fossem mais quentes, enquanto se viajava mais
longe do sol quanto mais ao norte se ia, e assim as terras lá eram mais frias. Além
disso, o â ngulo formado entre a terra e o sol era menor.

E assim, os Sá bios responderam à s perguntas feitas sobre o mundo dessa


maneira.

Entã o, em algum momento, o astrô nomo Passol teve a ideia de pegar as técnicas
de triangulaçã o usadas na criaçã o de mapas e aplicá -las ao problema de medir a
distâ ncia exata entre a Terra e o Sol. Ele enviou seus discípulos a sete locais
diferentes no norte e no sul, e na mesma hora do mesmo dia, eles mediram o â ngulo
entre a terra e o sol.

As conclusõ es foram bastante surpreendentes.

Depois de compilar as mediçõ es dos sete locais, a distâ ncia da Terra ao Sol ainda
nã o pô de ser calculada.

A princípio, ele achou que havia algum tipo de engano, entã o decidiu aumentar o
nú mero de pontos de mediçã o de sete para 14. No entanto, o nú mero de variaçõ es só
aumentava com o nú mero de leituras que fazia. Quanto mais distante o ponto de
mediçã o, maior a discrepâ ncia nas leituras.

Ele passou vá rios meses refletindo sobre esses resultados. No final, ele se
deparou com uma possibilidade terrível. Quanto mais ele avançava para fazer suas
mediçõ es, mais distorcida ficava a Terra... o que significava que a superfície da Terra
era uma curva gigantesca que, quando estendida indefinidamente, acabaria se
encontrando em algum lugar. E assim nasceu sua teoria da Terra redonda.

P a g e 195 | 220
As pessoas ficaram chocadas e com medo depois de ouvirem Passol apresentar
cautelosamente seus pensamentos.

Se eles aceitassem suas palavras, isso implicaria que a terra esférica estava
flutuando nos céus sem nenhum suporte. As massas simpló rias acharam muito difícil
acreditar nisso. Além disso, se a Terra fosse realmente redonda, entã o as pessoas nas
bordas – nã o, nã o apenas as pessoas, todos os prédios, plantas e animais –
deslizariam para os lados. Na verdade, a terra nã o tinha nada para sustentá -la, entã o
ela também cairia. Se eles estavam caindo no momento, o que havia pela frente? Na
verdade, para onde eles estavam caindo?!

O povo imaginou tudo no horizonte caindo, seguido de cenas de destruiçã o.

Eles imaginaram a terra se despedaçando, como se uma fruta fosse esmagada


contra o chã o. Os salõ es da academia de Londel foram cercados por pessoas
empunhando enxadas e pá s.

As pessoas ficaram furiosas com a teoria da Terra ser redonda e exigiram que os
acadêmicos declarassem que suas mediçõ es e evidências estavam erradas. Embora
Passol e seus amigos nã o fossem os culpados, as pessoas acreditavam erroneamente
que suas descobertas destruiriam o mundo.

O conhecimento pode mudar a visã o de mundo de uma pessoa. Se nã o fosse


tratado adequadamente, levaria a um clamor pú blico maciço. Os Sá bios descobriram
imediatamente que isso poderia acontecer na hora e no lugar certos.

A multidã o gritou com raiva e bateu nas portas da sala de conferências, tentando
quebrá -las.

Em meio a essa tempestade de raiva, os Sá bios continuaram apresentando os


detalhes de suas descobertas sem distorcê-las, apesar de seu medo. Esta foi a
determinaçã o dos Sá bios. Portanto, eles anunciaram ao pú blico:

“Embora o mundo seja uma esfera, ele nã o cairá em lugar nenhum. Isso porque a
terra onde vivemos é o centro do mundo. Abaixo de nó s, existe algo como uma
semente no centro deste mundo esférico. Portanto, a terra nã o se moverá e nunca
vacilará . Todos podem viver em paz na superfície de nossa Mã e Terra.”

Isso era uma mentira. Eles haviam inventado tudo de cabeça, sem um pingo de
P a g e 196 | 220
evidência pra apoiar.

Os Sá bios – que foram obrigados a usar a espada da sabedoria para erradicar a


escuridã o da ignorâ ncia – agora jogaram areia nos olhos das pessoas. No entanto,
para as pessoas da época, suas mentiras eram mais importantes que a verdade. Havia
um ditado que dizia que um sapo em um poço nã o sabia a largura do oceano, mas o
sapo nunca poderia sobreviver naquele oceano de qualquer maneira. Afogar-se-ia nas
suas vastas á guas. Simplesmente nã o poderia crescer fisicamente o suficiente para
sobreviver ao tamanho do mundo. Portanto, o povo optou por se manter na escuridã o
do poço. Em outras palavras, as pessoas queriam ouvir mentiras. Isso era um
progresso para eles.

Saber que a terra em que viviam era o centro de tudo fazia com que se sentissem
seres que governavam o mundo. Essa linha de pensamento satisfez seu orgulho e
permitiu que escapassem da crueldade da realidade.

“Eu tremi de medo quando li aquela tese no meio da noite.”

A jovem Lelei muitas vezes se imaginou fazendo aquela grande descoberta e


depois sendo afogada nos gritos de uma multidã o enfurecida e sendo espancada com
porretes.

“Um Sá bio deve considerar o que suas invençõ es e descobertas podem dar ao
povo. Desejo apresentar como fazer explosõ es com magia. Portanto, mesmo que seja
de longo alcance, ainda tem seus limites. Dessa forma, satisfiz meus pró prios desejos.
No entanto, nã o devemos nos aventurar além disso. Eu entendo que a teoria foi
originalmente planejada para ser colocada em prá tica com pó lvora. Como conheço a
eficá cia da pó lvora, posso imaginar como seria o uso dela. No entanto, também sei o
que acontece quando a pó lvora é usada para o mal, e isso me assusta. Afinal, o JSDF
luta com pó lvora. Além disso, enquanto o Portã o de Arnus permanecer aberto, mais
cedo ou mais tarde, as pessoas aprenderã o como fazer pó lvora e como usá -la. Mesmo
assim, nã o consigo fazer isso.”

Depois que Lelei terminou, ela encolheu os ombros, murmurando algo sobre
“você pode me desprezar por ser fraca, se quiser”.

Claro, Itami nã o iria tratá -la dessa maneira. Assim que dominassem a pó lvora, a
humanidade naturalmente buscaria maior poder. Itami poderia facilmente imaginar o
ponto final dessa busca.

Rory e Tuka, que estavam ouvindo quietas, sorriram e assentiram, dizendo que
as coisas estavam bem do jeito que estavam.

P a g e 197 | 220
“Porque, um dia você vai querer pesquisar sobre o assunto também, Lelei...”

Essas palavras soaram como se estivessem tentando afastar algo problemá tico e
se desculpar ao mesmo tempo. Para Itami, ele estava bastante interessado no que
aconteceria se Lelei explicasse como fazer pó lvora, mas depois de ver o sorriso
perverso de Rory – completamente em desacordo com suas palavras gentis, ele nã o
ousou prosseguir no assunto.

******

A sala de conferências já estava lotada de aprendizes, mesmo antes do início da


conferência.

Eles abriram caminho entre os onipresentes sá bios e aprendizes até chegarem à


entrada da sala de conferências, onde Mimoza e a irmã mais velha adotiva de Lelei,
Arpeggio, esperavam.

“Você está atrasada, Lelei!”

Parecia que as duas estavam esperando por Lelei.

Os aprendizes pró ximos pareciam ter se acalmado e começaram a olhar em


volta, provavelmente porque ouviram a voz de Arpeggio. E entã o, sussurros de “Entã o
esse é a lendá ria…” e “Ela é tã o jovem” e assim por diante começaram a flutuar.

“Parece que a reputaçã o de Lelei a precede.”

“Bem, isso é de se esperar, certo? Seria estranho se alguém almejando o manto


de sabio em uma idade tã o jovem nã o se tornasse o assunto da cidade.”

Quando Arpeggio disse isso, ela pegou um punhado do manto branco puro de
Lelei.

"Huh, entã o você conseguiu arrumar a tempo."

“Por sua causa, tivemos que fazer outro.” Mimoza riu como se tivesse pregado
uma peça.

“A notícia de Lelei matando o Dragã o de Chamas se espalhou por toda parte.


Alfie, tudo o que você faz é dizer coisas ruins. Você nã o estava agindo com orgulho e
P a g e 198 | 220
tudo até agora por causa dela?”

“Mimoza-roshi! Eu nã o disse para você nã o falar sobre isso?!”

“Ara, há algo errado? Entã o, seria melhor dizer que você tirou a tú nica que tanto
entesourou e guardou por tanto tempo porque temia que a tú nica de Lelei nã o fosse
feita a tempo? Ou talvez eu deva dizer que você queimou o ó leo da meia-noite para
encurtar o manto para ela?”

Quando eles olharam, eles viram Arpeggio com o rosto vermelho escondendo
algo nas costas. Essa deve ter sido a coisa preciosa de que Mimoza estava falando.

“Rô , roshi! Isso nã o é apenas revelar tudo?”

“Ara, desculpe por isso. Simplesmente escapou. Nossa, a língua fica tã o solta
quando você envelhece.”

“Entã o, quando você tiver idade suficiente, poderá dizer o que quiser?! Eu já te
disse antes ... nem mesmo se você fizer isso parecer fofo! É um crime premeditado,
nã o importa como você olhe!”

O rosto de Arpeggio ficou vermelho enquanto ela protestava.

No entanto, sua professora simplesmente aceitou, nã o prestando atençã o


enquanto ela ria. E entã o, a voz de Arpeggio ficou mais alta em resposta.

Isso continuou por um tempo, mas Arpeggio nã o desistiu, até que um elfo magro
se levantou e cutucou o ombro de Arpeggio.

“Alfie-san, Alfie-san. Todo mundo está assistindo. Talvez seja melhor parar por
aqui.”

“Quer calar a boca, Flat!”

"Ah sim…"

Depois dessa repreensã o impiedosa, o elfo masculino só conseguiu abaixar a


cabeça taciturnamente.

Arpeggio se afastou do elfo masculino e se voltou para Mimoza. Ela entã o


começou a falar sem parar sobre a importancia de uma irmã mais velha e manter a
ordem adequada da família e assim por diante.
P a g e 199 | 220
Por outro lado, a atençã o de Itami foi para o elfo masculino que Arpeggio
rejeitou.

"Quem é aquele cara?" “Entã o há elfos entre os aprendizes” e “Qual é a relaçã o


dele com Alfie?” Perguntas como essas borbulhavam na mente de Itami. Claro,
Arpeggio nã o deu atençã o a ele, mas pelo menos, ele era alguém que ela permitia
tocar em seu ombro.

“Ah, meu nome é Flat El Coda. Prazer em conhecê-lo."

Ele deve ter percebido que todos estavam olhando para ele, entã o o elfo começou
a se apresentar.

“Você é Lelei-san? Prazer em conhecê-la. Eu ouvi muito sobre você de Alfie-san.


Ser capaz de se apresentar aos Sá bios no exame em uma idade tã o jovem é um feito
incrível. Quando eu tinha 16 anos, ainda estava vagando em minha aldeia natal...
também, como eu disse, a notícia da morte do Dragã o de fogo também começou a se
espalhar. É o assunto da cidade. Pelo que sabemos, pode ser o assunto do continente.
Se for verdade, entã o você deve ser uma verdadeira heró ina. Eu tiro meu chapéu para
você."

“Bem, o boato sobre o Dragã o de fogo é um tanto falsificado, entã o permita-me


corrigi-lo a respeito disso. Aqueles que lutaram contra o Dragã o foram Itami e Yao
aqui, bem como os falecidos Crow, Meto, Ban, Fan, Nokk, Kom, Seimy e Nayu. Tuka foi
quem deu o golpe final. Tudo o que fiz foi fazer chover ataques nele.”

Tuka acrescentou: “Eu, eu só acordei no final”, e abaixou o rosto avermelhado.

Yao chorou quando Lelei recitou os nomes de seus amigos caídos sem perder
nenhum.

“Vocês sã o todos incríveis. Tuka-san, Yao-san, obrigado pelo que fizeram. Como
um companheiro Elfo, estou orgulhoso de você. Como tudo que posso fazer é ser um
pesquisador, só posso lhe dar meu respeito.”

“E por pesquisador ele quer dizer...?”

Lelei olhou para Itami enquanto respondia.

P a g e 200 | 220
“Geralmente significa um Sá bio que nã o usa magia.”

Quando ela disse isso, Flat fez “hahaha” para preencher o silêncio.

“Bem, nã o é que eu nã o possa usá -la, mas eu escolho nã o. Elfos só podem usar
magia espiritual. No entanto, nã o é certo experimentar e analisar a magia espiritual.”

“A magia é apenas uma ferramenta. Acredito que existam muitos Sá bios que nã o
usam magia, mas que ainda assim deixaram muitas grandes realizaçõ es para trá s.”

“Ainda assim, o nú mero de campos em que você pode realizar pesquisas é


limitado. Também há limites para os métodos que se pode usar para observar e
analisar”.

“Perdoe-me, mas qual é a sua especialidade?”

Flat respondeu: “Astronomia”.

"Uwah!"

Tendo acabado de ouvir as provaçõ es e dificuldades do desenvolvimento da


astronomia, Itami começou a sentir pena dele. Ao ver isso, Flat tinha uma expressã o
preocupada no rosto, como se tivesse feito algo errado. Lelei percebeu, e sentiu que
deveria explicar a reaçã o de Itami, entã o disse:

“Eu contei a ele sobre a histó ria da astronomia, em particular, a Teoria da Terra
Redonda de Passol…”

No meio disso, Flat riu de si mesmo. Ele parecia ter entendido alguma coisa.

"Está bem. Recentemente, nã o houve nenhum desenvolvimento que me levasse a


ser espancado por todos os lados.”

"Ser espancado?"

"Mm. Este campo ocasionalmente requer que a pessoa coloque a pró pria vida em
risco. Ainda assim, estou confiante de que posso convencer a todos.”

Flats cerrou os punhos quando começou a falar sobre os ú ltimos


desenvolvimentos da astronomia.

Depois de Passol, houve outros assuntos que poderiam abalar o mundo da


astronomia. Uma delas foi a “Teoria Heliocêntrica” de Mochrie.
P a g e 201 | 220
Com os avanços na observaçã o dos céus, eles aprenderam que havia muitos tipos
de corpos celestes que brilhavam intensamente no céu noturno. Entre eles havia uma
classe de estrelas que podiam se mover e que deslumbravam aqueles que as olhavam,
chamadas planetas.

Os resultados de sua observaçã o revelaram quatro desses “planetas” no céu; uma


vermelha, uma amarela, uma azul e uma branca. Assim como o sol e a lua, eles foram
confirmados como corpos celestes que orbitavam a Terra, que era o centro do
universo. No entanto, essa explicaçã o nã o poderia explicar satisfatoriamente as
estranhezas na forma como os planetas se moviam.

À s vezes, eles observaram os planetas na parte sul do céu movendo-se do oeste


para o leste. No entanto, em outras ocasiõ es, eles os viram se movendo do leste para o
oeste, ao contrá rio. Essa mudança foi mais ó bvia nos planetas vermelhos e amarelos,
mas os planetas azuis e brancos também mostraram variaçõ es semelhantes. Tudo
isso foi aprendido ao estudar centenas de anos de registros observacionais.

Era assim que os astrô nomos da época explicavam aquele fenô meno:

Todos os planetas estavam suspensos em uma esfera transparente, o que


explicava como eles tinham tantas formas diferentes de girar em torno da Terra.
Além disso, isso também explicaria por que os planetas foram vistos se movendo ao
contrá rio, ou por que suas posiçõ es mudaram no céu.

Na verdade, os equipamentos e técnicas de observaçã o naquela época eram de


baixo nível, entã o eles nã o podiam detalhar esse problema. Eles o descartaram como
um grau aceitá vel de erro.

No entanto, com a tecnologia de observaçã o aprimorada, eles nã o podiam aceitar


esses fenô menos difíceis de explicar. Portanto, o astrô nomo Mochrie criou um novo
paradigma para ver o mundo.

No final, o que ele criou foi a “Teoria Heliocêntrica”.

“O mundo em que vivemos é semelhante aos outros quatro planetas, orbitando ao


redor do sol. Essa teoria explica adequadamente a razão pela qual os outros planetas
parecem se mover para trás de tempos em tempos. Em outras palavras, este é o
resultado da rotação do nosso planeta em torno do sol alcançando e superando a de

P a g e 202 | 220
outros planetas”.

Claro, essa linha de pensamento gerou uma enorme comoçã o.

A terra nã o se movia. A terra nã o podia se mover. Este era um fato que estava
firmemente enraizado nos coraçõ es dos homens desde o nascimento da Teoria da
Terra Redonda. Além disso, nã o eram apenas as pessoas, mas muitos Sá bios que
duvidavam da veracidade da teoria de Mochrie.

Se a terra se moveu, entã o por que a lua nã o foi deixada para trá s?

Além disso, se a Terra girava em torno do Sol, por que as estrelas no céu nã o
mudavam de posiçã o ou aparência? Todas essas questõ es e outras ainda estavam
presentes na Teoria Heliocêntrica.

Para responder a essas perguntas, Mochrie passou a entrar em mais detalhes.

“Um princípio invisível, invisível a olho nu, liga a terra à lua. Assim, a lua sempre
seguirá a terra.”

No entanto, muitos pesquisadores responderam imediatamente com: “Vocês,


usuá rios de magia, saltam imediatamente para algum princípio invisível sempre que
encontram algo que nã o podem explicar” e assim por diante, enquanto os usuá rios de
magia disseram: “Os princípios invisíveis normalmente nã o podem afetar as leis de
física. Eles só podem fazer isso dentro de um campo delimitado específico gerado
pelo princípio má gico.” No final, eles argumentaram que essa teoria nã o era
conclusiva.

******

As conferências acadêmicas japonesas – por exemplo, aquelas relacionadas a


assuntos médicos – eram patrocinadas por empresas farmacêuticas e afins, e eram
realizadas em locais de alta classe, como hotéis. Os participantes usariam cartõ es de
identificaçã o (com os nomes dos patrocinadores neles), pagariam uma taxa mínima
de participaçã o, o que lhes permitiria participar de vá rias reuniõ es dentro da
conferência, e café da manhã e chá também seriam preparados para eles. Havia
também um tipo de reuniã o chamada almoço seminá rio, que exigia que seus
participantes participassem de reuniõ es de certas empresas farmacêuticas sobre seus
produtos, mas servia um almoço grá tis para quem participasse. Além disso, também é
possível desfrutar de um luxuoso buffet de jantar pagando uma taxa nominal.

No entanto, essas conferências patrocinadas eram poucas e distantes entre si. A


maioria delas funcionava com as escassas taxas cobradas de seus participantes e
P a g e 203 | 220
estava preocupada com a quantidade alarmantemente pequena de fundos disponíveis
para o evento. Portanto, eram assuntos muito espartanos.

As conferências acadêmicas em Londel eram invariavelmente do tipo silencioso.

A sala de conferências era um prédio muito antigo e seus pilares estavam


começando a rachar. A recepçã o e demais funçõ es da conferência ficaram a cargo dos
aprendizes. Parecia um festival escolar.

Depois de choramingar o conteú do de seu coraçã o, Arpeggio perguntou a Flat: "O


que você planeja fazer hoje?"

Ao que ele respondeu: “Pretendo apresentar os resultados de minha pesquisa”.

“Tem a ver com a Teoria Heliocêntrica?”

"Nã o. Estou apenas relatando observaçõ es hoje.”

"Isso é bom…"

“Ainda assim, encontrei algo interessante. Todos vã o se surpreender!” O elfo


bateu em um manuscrito enrolado enquanto dizia isso.

“Bem, será bom se você entregar seu relató rio com sucesso. Boa sorte."

Mimoza sorriu e observou como Arpeggio o repreendeu com notas de resignaçã o


em sua voz. Arpeggio parecia estar tentando nã o dizer alguma coisa.

Sentindo os olhos de sua professora sobre ela, Arpeggio protestou:

“O que foi, roshi?”

"Oh nada. Bem, isso o deixaria com raiva.

Arpeggio parecia que estava prestes a ter um ataque de raiva quando Mimoza
disse isso, mas depois que Lelei perguntou "O quê?" do lado, Mimoza decidiu divulgar
tudo.
“Flat pediu Alfie em casamento. Os dois têm esse tipo de relacionamento.”

P a g e 204 | 220
E entã o, esta senhora idosa torceu as mã os e gritou: “Kyaaa ~” Rory e Tuka
estremeceram ao ouvir aquele som totalmente inadequado vindo dela.

Aliá s, aparências à parte, Mimoza ainda era a mais nova das três.

“Rô , roshi! Eu já rejeitei! É um relacionamento irrelevante! Por que eu tenho que


me casar com esse elfo estú pido? Eu nem o vejo como um homem, sério! Espere,
roshi, você está ouvindo? Este é a sua discípula falando, oi!”

“...Esse tipo de relacionamento. Entendi?"

Apesar do tom brincalhã o de Mimoza, Itami e os outros entenderam


completamente.

“Pessoas que estã o enviando relató rios de rotina, por favor, venham por aqui~”

Com isso, Flat sorriu desconfortavelmente e se dirigiu naquela direçã o. Além


disso, outra voz ecoou de outra direçã o.

“Aqueles que vã o perante a banca examinadora pra Doutorado e Sabio, por favor,
reú nam-se aqui.”

E assim, doze a treze estudiosos se dirigiram na direçã o daquele som. Além de


Lelei, apenas três outras pessoas, todos homens, usavam vestes brancas.

Olhando por cima, eles podiam ver a equipe explicando algo para os estudiosos
reunidos.

Para evitar atrapalhar, Itami manteve distâ ncia deles, mantendo-se alerta
enquanto o fazia. Tuka, Rory e Yao se dispersaram, enquanto Gray e Shandy também
se dispersaram, observando os arredores com olhos cautelosos.

“Vou dizer oi para aquele vovô na á rea de descanso~”

Com isso, Mimoza saiu, deixando Arpeggio sozinha. Por causa disso, ela nã o
parava de olhar furtivamente para Itami. Veria que ela estava muito atenta ao ser que
desfrutou do privilégio de ser reivindicado como “meu” por sua irmã zinha.

Tã o bem. Itami a chamou, querendo saber mais sobre a conferência.

P a g e 205 | 220
“Arpejo-san. Existe um nú mero fixo de pessoas que podem passar na banca
examinadora de graduaçã o?”

Arpeggio pareceu relaxar um pouco ao ser abordada por Itami e se aproximou


dele.

"Nã o, nã o tem. À s vezes todo mundo passa. À s vezes ninguém faz. Por que você
pergunta?"

“Você já ouviu falar de um assassino chamado Flautista?”

“Mm, aquele mirando na Lelei, certo? Mas um assassino que manipula os outros
realmente se mostraria?”

Enquanto conversavam, os olhos de Itami ainda estavam nos estudiosos ao redor


de Lelei.

No momento, a equipe estava fazendo com que todos tirassem palitos. Pode ser
para determinar a ordem em que eles fizeram suas apresentaçõ es.

“É apenas boato, mas se ele pode manipular as pessoas apenas com suas
palavras, ele deve ser incrível. Ele seria um vigarista espetacular.”

“Nã o acho que sejam apenas palavras. Palavras bonitas por si só nã o podem
fazer uma pessoa fazer isso.”

"Entã o isso significa que ter uma das pessoas aqui como o assassino seria
impossível?"

"Nã o é possível. Todo mundo lá é um estudioso digno de se tornar um Doutor ou


um Sá bio. Talvez a magia de controle da mente funcionasse neles, mas nã o tanto. No
má ximo, só poderia intensificar suas emoçõ es como alegria, raiva ou tristeza.”

Itami murmurou: “Magia, hein…” Ele estava com Lelei há muito tempo, mas ainda
era um amador nessa á rea.

Portanto, ele começou a listar as possibilidades, que nã o envolviam o uso de


magia.

Se houvesse apenas um nú mero fixo de vagas… o Flautista poderia dizer aos que
estã o à beira da aprovaçã o “vá matar aquela pessoa que está interferindo”. Na
verdade, ele nã o precisaria dizer ao acadêmico para fazer isso pessoalmente.
Membros da família e amantes serviriam, desde que agissem precipitadamente pelas
pessoas que amavam. Isso pode até ser uma abordagem melhor.

P a g e 206 | 220
“Bem, se houvesse um nú mero fixo de passes, isso certamente seria uma
possibilidade.”

Isso tocou um acorde com o arpejo. Afinal, ela mesma havia desafiado Lelei para
um duelo enquanto era tomada por ciú mes. Ainda assim, isso foi apenas no nível de
uma briga. Ela nã o faria algo vergonhoso como começar uma briga com um estranho
cujo rosto ela nã o gostava, para nã o falar de realmente matá -los.

“Ainda assim, a Banca Examinadora baseia sua decisã o inteiramente na


apresentaçã o do candidato. Nã o é afetado pela presença ou ausência de outros.
Portanto, nã o há necessidade de se preocupar com isso”, disse Arpeggio.

Enquanto conversavam, a visã o de Itami de repente iluminou um homem vestido


de branco que parecia estar na casa dos cinquenta. Ele parecia querer dar um passo à
frente, mas acabou recuando. Ele parecia desconfiado e parecia que seria o ú ltimo a
fazer sua apresentaçã o hoje.

Nesse momento, a imaginaçã o de Itami disparou. Enquanto ele era preguiçoso


por natureza, ele nã o se conteve quando se tratava de imaginar coisas. Ele relembrou
o conteú do de todos os mangá s, light novels, fanfictions e outras obras 2D que havia
lido até entã o. Com todas as reviravoltas na histó ria deles em mente, sobrepostos ao
bom senso e ao incomum, ele começou a desconstruir a situaçã o diante dele. E entã o,
ele acrescentou uma pitada dos resultados de seu treinamento antiterrorista a gosto.

Em primeiro lugar, ele assumiu que os métodos do Flautista incluem aqueles que
seriam familiares para as pessoas do Japã o e deste lado do Portã o.

Em outras palavras, ele mentiria ou causaria um mal-entendido para fazer com


que seu alvo se sentisse perseguido ou queimasse com raiva justificada. Se alvo do
Flatista começasse a sentir fortemente sobre ua mira, ele acrescentaria algum tipo de
comentá rio destruidor de sanidade e empurraria a marca para frente. Este era um
método comum usado por ditaduras, terroristas extremistas ou grupos religiosos
radicais para inflamar as emoçõ es das pessoas. As pessoas agiam de acordo com suas
emoçõ es, que agiam como um filtro para as informaçõ es que guardavam ou
desconsideravam, portanto incitar suas emoçõ es era o primeiro passo. Claro, a magia
também poderia fazer o mesmo.

“Entã o, que tal isso? Você pode ver partes de sua pesquisa no conteú do da
pesquisa de outra pessoa. Por exemplo, se essa pessoa fosse Flat-san, e ele fosse
primeiro, e o que ele apresentasse soasse melhor…”

P a g e 207 | 220
“...De fato, isso pode fazer as pessoas se sentirem assassinas. Mas eles nã o os
matariam. Se fosse eu, daria uma boa surra neles.

Uma boa surra, hein. Itami pestanejou.

“Entã o, que tal isso? A valiosa pesquisa que você acumulou ao longo de meses e
anos foi roubada por alguém que você odeia. Você sabe quem pegou e que eles vã o
apresentá -lo como seu. E entã o eles estã o parados em silêncio na sua frente...”

“Se fosse eu, definitivamente, absolutamente o mataria. Ninguém aceitaria isso


calado!”

Arpeggio empurrou o peito para a frente e disse isso, sem qualquer hesitaçã o.
Esta foi a prova de quanto os estudiosos valorizavam a encarnaçã o do suor, sangue e
labuta.

Portanto, Itami imediatamente sacou sua pistola e apontou para o homem de


cinquenta anos que estava atrá s de Lelei.

“Tudo bem, pare aí mesmo. Você veio até aqui, mas seria melhor se nã o se
mexesse. Você nã o gostaria de encurtar ainda mais seus anos crepusculares, nã o é?
Há muitas outras coisas felizes esperando por você na vida. Nó s provavelmente…"

P a g e 208 | 220
Foi um aviso desajeitado, mas firme. Ainda assim, o corpo do homem enrijeceu.
Provavelmente havia um certo grau de culpa em seu choque. Como tal, a faca que ele
segurava caiu de sua mã o, girando no chã o de pedra.

“Eu, isso, nã o é minha culpa! É aquela pequena atrevida que roubou minha
pesquisa!” De repente, todos os olhos se concentraram no homem que soltou aquela
desculpa.

“... De qualquer forma, como uma garotinha como aquela poderia produzir a
pesquisa necessá ria para o exame de um Sá bio?! Ela deve ter roubado minha
pesquisa! É por causa de pessoas assim que pesquisadores honestos como eu têm
tanta dificuldade! As conferências de agora estã o podres!”

Itami disse: “Você provavelmente deveria falar sobre isso em outro lugar” e
entregou o resto nas mã os de Gray. “Ele foi apenas enganado, entã o, por favor, ouça
com atençã o a histó ria dele. Yao, vá ajudar Gray-san.”

"Entendido."

Assim, Gray e Yao levaram o homem embora.

“Eu só estava tentando proteger minha pesquisa! Eu odeio mulheres!”

******

Os sons vindos de tã o longe pareciam lamentá veis. De qualquer forma, aquele


homem havia sido enganado.

Sob o olhar da equipe da conferência e de muitos tutores, Lelei revelou o


conteú do de seu relató rio à quele homem e confirmou que eles cobriam campos
completamente diferentes. O homem entendeu que havia sido deliberadamente
enganado.

Parece que o homem foi reprovado no exame do Sá bio muitas vezes, entã o ele
estava cheio de determinaçã o para passar. Além disso, ele se ressentia de seus
pró prios longos anos de pesquisa. E ele nã o gostava de mulheres. Portanto, ele havia
sido escolhido como marca pelo Flautista.

Foi um esquema bastante engenhoso.

Em primeiro lugar, um ladrã o invadiu seu laborató rio. Quando ele estava prestes
P a g e 210 | 220
a dar um suspiro de alívio por nada ter sido roubado, alguém veio e gentilmente
disse: “Eles roubaram sua pesquisa”, e assim o Flautista começou a trabalhar. Esse
homem gentil achou vá rias evidências que provavam que sua pesquisa havia sido
roubada (provavelmente espionada quando ele entrou sorrateiramente no
laborató rio). Depois disso, quando ele entendeu o bá sico da pesquisa que havia sido
roubada, ele disse: “Há uma mulher que quer apresentar sua pesquisa como dela”.

“Se eu reclamasse que outra pessoa roubou a pesquisa, isso nã o seria o fim das
coisas?”

Ele respondeu calmamente, mas entã o ouviu a resposta: “Nã o é o primeiro a


chegar, o primeiro a servir ao apresentar pesquisas em conferências? Tudo o que ela
teria a dizer é que ela coincidentemente decidiu cobrir o mesmo tó pico e você seria o
ú nico que estava acabado,” e entã o ele viu tudo vermelho. Depois disso, ele ignorou
todas as pequenas contradiçõ es e pequenos detalhes que, de outra forma, teria
percebido.

“Sua ú nica esperança é o sorteio no pró prio dia para decidir quem apresenta em
qual ordem. Se você puder se apresentar para aquela garota, você pode mudar as
coisas, e tudo ficará bem. Entã o é melhor você rezar para que a equipe nã o tenha sido
comprada.”

O truque foi que o Flautista nã o mergulhou o homem em desespero absoluto. Ao


deixar-lhe um punhado de esperança e depois envenená -lo com dú vidas, seu intenso
mal-estar o faria desafiar seu melhor julgamento. Além disso, ele habilmente jogou
com o ressentimento e as dificuldades do homem em sua vida cotidiana, bem como
sua insatisfaçã o com as conferências acadêmicas. Quando sua ú ltima esperança de
tirar a sorte nã o deu certo, isso o fez pensar que tudo isso fazia parte de uma
conspiraçã o contra ele.

“Aquela ladra, aquela mulher miserá vel! Se eu nã o lidar com ela rapidamente,
minhas chances na conferência estã o condenadas!”

E assim, sua raiva justificada e sua frustraçã o pessoal se misturaram e o levaram


à açã o, a ponto de ele segurar a faca com força dentro de seu manto.

Quando chegou a essa parte, Itami pensou: O quê, você não poderia parar para ter
certeza?

No entanto, as pessoas movidas pela emoçã o provavelmente seriam tã o


imprudentes a esse ponto. Talvez por isso os crimes passionais nã o pudessem ser
completamente erradicados.

P a g e 211 | 220
O homem, que sabia que tinha feito algo imperdoá vel, disse que desistiria desta
conferência e tentaria novamente na pró xima, e entã o voltou para casa. Embora ele
estivesse segurando uma faca e parado perto de Lelei, ele nã o havia feito mais nada,
entã o ele nã o era culpado de nada. No entanto, suas costas pareciam ter sido cobertas
com fuligem quando ele partiu sem vida.

(Nota TL: Esta parece ser uma referência a uma linha de Hayate, o Mordomo de
Combate: 背中煤けてるぜ, dito enquanto jogava cartas)

******

A conferência começou depois que a pessoa responsá vel pela conferência os


cumprimentou.

As palestras e dissertaçõ es sobre novas descobertas e descobertas fantá sticas


vieram uma apó s a outra.

A partir daí, começaram as provas de doutorado, com o candidato cercado pela


banca examinadora por todos os lados. Essa era uma tradiçã o transmitida ao longo
dos tempos e portanto, a apresentaçã o do Flat El Coda foi marcada antes da vez de
Lelei.

Durante o exame de colaçã o do Sage diante dele, vá rios frascos de tinta voaram
pelo ar, tingindo o orador de vermelho, amarelo, verde e outras cores antes que ele
corresse com as mã os e os pés. Talvez fosse porque ele havia testemunhado
pessoalmente aquela visã o patética, mas o elfo alto e magro se encolheu e tremeu
atrá s do palco.

Itami sentiu algum tipo de empatia implícita por ele quando viu o homem
naquele estado, entã o Itami, que acompanhava Lelei nos bastidores, decidiu se dirigir
a ele, a fim de ajudar a aliviar a tensã o que o estava amarrando.

“Eu ouvi de um dos meus companheiros que os elfos nã o têm mentores. Existem
outros Elfos como você, Flat-san?”

“Nã o, nã o há ninguém como eu. Eu sou apenas uma pessoa estranha. Nã o preciso
de diploma, mas quando falo de certas coisas, ter diploma é mais convincente.”

Flat parecia ter relaxado um pouco.

No entanto, Lelei nã o parecia nada bem. Ela parecia ainda mais pá lida do que
antes aos olhos de Itami. Ele pensou nela como uma garota de pele clara em
circunstâ ncias normais, mas de alguma forma ela conseguiu perder ainda mais cor do
que antes. Bem, quando ele pensava em alguém muito pá lido, provavelmente ainda
P a g e 212 | 220
teria o vermelho do sangue sob a pele para lhes dar um pouco de calor. Porém, a
tensã o de ser obrigada a apresentar logo a fez parecer uma boneca de porcelana
branca.

Itami olhou para a barulhenta sala de conferências.

Tuka e Gray estavam em ambos os lados do palco, enquanto a equipe de Yao e


Rory observava a multidã o. Ao olhar pelo corredor, descobriu que os garotos do
Reader's Rest estavam verificando a plateia para ver qual deles era o Flautista. Eles
foram completamente enganados pelas palavras daquela mulher Nora, entã o eles
tinham certeza de que o inimigo estava na plateia. Em contraste, Shandy estava se
escondendo. Ela sentiu que o inimigo iria atacá -los por trá s, entã o decidiu ficar em
alerta em outro lugar.

No entanto, uma situaçã o preocupante havia surgido.

Os orientadores que faziam o exame já estavam apalpando e segurando os


tinteiros que jogariam se a apresentaçã o fosse ruim. Isso o fez se perguntar se este
era um exame real e rigoroso, dado o ar de brincadeira com que o faziam.

Do ponto de vista da segurança, era impossível descartar a possibilidade de os


frascos de tinta conterem algo perigoso (além disso, os frascos de tinta jogados eram
quase sempre perigosos).

Se jogassem as garrafas, precisariam puxar Lelei de volta. "Está bem. Os


mentores nã o vã o jogá -los.”

Isso foi o que Lelei concluiu. Era muito difícil suprimir o mal-estar de alguém
com força de vontade e colocar uma fachada confiante. Portanto, Itami deu um
tapinha nas costas confiá veis de Lelei.

“Se você conseguir, será bom para mim também. Estou contando com você."

No entanto, Flat voltou para eles, com uma expressã o desanimada no rosto.

“Lelei-san, você está tã o confiante… estou prestes a fugir por causa dos meus
nervos.”

“Você nã o está sendo examinado, apenas presente de forma descontraída.”

“... Bem, você diz isso, mas minha personalidade nã o me deixa fazer isso.”

“Você nã o será capaz de conquistar o coraçã o de Nee-san assim. Trabalhe mais."


P a g e 213 | 220
"Ah sim…"

Flat acenou sinceramente para sua futura cunhada e, depois que a equipe que
havia terminado a limpeza lhe deu o sinal, ele subiu no palco.

******

Quando o elfo cabisbaixo mostrou seu rosto, os Sá bios presentes se perguntaram


que tipo de especulaçã o infundada os astrô nomos iriam apresentar novamente e
ficaram em alerta.

No passado, ele tentou afirmar que “o nú cleo do mundo gira em torno do sol” ou
alguma outra bobagem na tentativa de corrigir as falhas da teoria heliocêntrica.

Claro, todos os presentes gritaram com ele, e tudo o que ele pô de fazer foi
abaixar a cabeça.

Ele também apresentou a teoria de que o coraçã o do sol sã o as nuvens e o nú cleo


da terra está vivo e girando, e foi criticado pela irresponsabilidade de suas palavras.
Ainda assim, apesar dos muitos olhares hostis dirigidos a ele, Flat El Coda fez sua
apresentaçã o de meia hora, que equivalia a “fulano de tal existiu, portanto a terra está
distorcida”.

Os Sá bios presentes ficaram tensos no início porque pensaram que tinha algo a
ver com a Teoria Heliocêntrica, e depois relaxaram. No entanto, a maioria deles tinha
expressõ es confusas em seus rostos, como se dissessem “O que esse sujeito está
falando?” Mesmo que ele dissesse que o mundo estava distorcido, eles nã o
conseguiam entender o que ele estava tentando dizer.

"Aquele idiota."

Até a pessoa que melhor o entendia, Arpeggio, resmungou como se estivesse


cuspindo alguma coisa.

“Como é do conhecimento de todos, venho conduzindo incessantemente


pesquisas sobre a infundada Teoria Heliocêntrica. Portanto, tenho observado
continuamente os corpos celestes. Porém, recentemente, confundi as coordenadas do
objeto que estava observando com as de outro corpo celeste. Confundi o Planeta
Branco com a estrela Vulpeculae.

P a g e 214 | 220
Ao ouvirem isso, os Sá bios soltaram um suspiro coletivo.

Um estudioso especializado em astronomia nã o faria algo como confundir um


corpo celeste com outro. Isso pode até ir tã o longe a ponto de questionar cada coisa
que ele apresentou.

“No entanto, o motivo foi porque os Vulpeculae passaram por alguns


movimentos inexplicá veis. Por favor, observe.

O, Flat esboçou os resultados de suas observaçõ es no quadro-negro atrá s dele


com um pedaço de giz.

Ele mostrou que na mesma época de cada mês (no 5º mês, no 6º mês…), a Estrela
da Raposa Celestial estava mudando lentamente sua posiçã o em relaçã o à Ursa Maior.

Este foi um fenô meno natural que acompanhou a mudança das estaçõ es.

A estaçã o chuvosa tinha seu pró prio céu, a estaçã o seca também tinha seu
pró prio céu. Mas ao longo do 7º, 8º, 9º, 10º meses, com o passar do tempo, outras
anormalidades começaram a aparecer. Como ele se movia em uma direçã o diferente
daquela em que deveria ter ido, ele acidentalmente o confundiu com o Planeta
Branco.

“E assim, quando percebi que havia confundido os dois corpos celestes, procurei
imediatamente o Planeta Branco original. E foi isso que encontrei.”

Ele esboçou os movimentos do Planeta Branco, que viajou em uma direçã o


anormal, assim como Vulpeculae.

Embora os planetas recebessem esse nome porque se moviam de maneiras


hipnotizantes, suas ó rbitas haviam sido claramente mapeadas ao longo de longos
anos de estudo. Nã o importa o que aconteça, eles nã o poderiam ter se desviado tanto
de seus caminhos.

(Nota: em japonês, os planetas sã o chamados 惑星 “Wakusei” e o


mesmerismo/confusã o de que eles falam é 迷惑 “Meiwaku” .)

“Ao pensar nisso, decidi registrar as atividades de todos os corpos celestes


pró ximos e, depois de observar como eles se moviam ao longo dos meses, cheguei à
minha conclusã o”, afirmou Flat. Se os corpos celestes fossem como um pedaço de
P a g e 215 | 220
pano, o pano agora estava amassado e pressionado.

Quando as ó rbitas das estrelas entrassem nas rugas do pano, elas seriam
afetadas pelas distorçõ es e deslocadas para a direçã o sudoeste e depois de passar por
essas rugas, retomariam suas ó rbitas normais. Em outras palavras, parte do céu foi
distorcida. Era isso que Flat queria dizer com “o mundo está distorcido”.

“Nã o encontrei nenhum exemplo desse tipo de comportamento nos exemplos


histó ricos que pude acessar. Além disso, esse fenô meno de distorçã o parece estar
crescendo e se expandindo a cada dia que passa. Atualmente, só pode ser descoberto
por meio de observaçã o cuidadosa, mas em pouco tempo você poderá ver as
constelaçõ es familiares do céu do sudoeste se agrupando.”

Claro, ele foi questionado pela plená ria.

“Será que seu equipamento de observaçã o está muito velho ou quebrado?”

“Falando honestamente, eles sã o bastante antigos, porque nã o posso comprar


novos instrumentos. No entanto, eu nã o acho que eles sã o a razã o para esses
resultados. Acredito que seja algo mais esotérico do que isso.”

“Poderia ter sido algum tipo de miragem?”

Miragens eram fenô menos que ocorriam em desertos e no mar, onde cidades e
ilhas distantes pareciam surgir no horizonte. Todos sabiam dessas coisas e pesquisas
foram feitas sobre elas.

"Por vá rios meses?"

Miragens eram causadas pelo clima. A diferença de temperatura entre a terra ou


o mar e o ar fazia com que a luz se dobrasse, entã o eles sabiam que miragens nã o
apareceriam no céu. Da mesma forma, essa teoria nã o era muito persuasiva, mesmo
se você considerasse os efeitos do clima e das nuvens.

“Ao pensar no que eles poderiam pressagiar, realizei vá rias formas de


investigaçã o e entã o, a terra tremeu. Sinto que todas essas ocorrências devem estar
ligadas de alguma forma. Espero que todos prestem atençã o ao céu noturno. Se
pudermos explicar esses fenô menos, sinto que poderemos nos aproximar dos
segredos das forças fundamentais do mundo. Assim termino meu relató rio…”

E depois que ele terminou, Flat voltou aos bastidores.

P a g e 216 | 220
Sua saída foi marcada pelo som de palmas. Grande parte do pú blico ficou aliviado
com sua apresentaçã o calma e meticulosa. Como resultado, nenhum deles sabia que a
ideia que ele havia apresentado, de que “o mundo está distorcido”, logo traria uma
tremenda reviravolta.

“Certo... finalmente é a sua vez, Lelei.”

Quando Itami disse isso, Lelei nã o respirou fundo, ou persuadiu-se a ser corajosa
na frente de seu pú blico, mas simplesmente subiu no palco sem mais delongas.

Nesse momento, uma mulher se levantou da plateia e caminhou em direçã o ao


palco. “Cheh… se você pudesse ter esperado até o final da apresentaçã o.”

Itami pegou sua pistola e fiz o sinal. Os meninos observando responderam com o
sinal de "é ela", entã o parecia que essa mulher era Nora.

Nora estava segurando uma pequena adaga na mã o, mas parecia que tudo estava
exatamente como planejado.

Os meninos da pousada acreditaram que era apenas uma encenaçã o e que Lelei
nã o faria mal. Itami, por outro lado, sentiu que tentaria matar Lelei como parte de seu
ato.

“Todo mundo vê Lelei como uma heroína, entã o se ela está sendo marcada para
assassinato porque alguém tem rancor contra ela, entã o seria melhor para o
assassino atacar antes que ela ganhasse o título de Sabia.”

Enquanto Itami resmungava para si mesmo, Lelei esperou no palco que Nora se
aproximasse dela.

Para Itami, a mulher parecia estar agindo de acordo com o plano. Ela estava se
aproximando do palco e estava prestes a desferir um ataque direto. Entã o ele tinha
que chegar lá antes que ela fizesse sua jogada.

No entanto, Nora zombou e entã o se agachou para fazer um movimento que ele
nã o esperava. Ela pulou enquanto ainda estava a alguma distâ ncia de Lelei. Itami
havia subestimado a habilidade atlética das raças de Beastmen.

"Cheh, caramba!"

Itami preparou sua pistola.

Tuka, Yao e Shandy correram para proteger Lelei, mas como foram pegas de
surpresa, chegaram uma fraçã o de segundo atrasadas. A lâ mina cruel se aproximou
da indefesa Lelei.
P a g e 217 | 220
Desta forma, seu plano teria falhado. Mas, na verdade, teria conseguido.

No entanto, o maior erro de cá lculo de Nora foi a cidade de Londel. O fato de que
Lelei estava sendo alvo de assassinato agora era o assunto da cidade.

Em outras palavras, quando Nora começou a atacar Lelei, a pergunta que todos
tinham em seus coraçõ es ― “Oi, oi, é isso que eles disseram que aconteceria?” ―
enquanto olhavam desconfiados para Nora a duvida foi sanada. E se ela estivesse lá ...
se ela fizesse algum movimento em falso em uma sala de conferência cheia de
magos...

De todas as direçõ es, bolas de luz, flechas de vento, fragmentos de pedra guiados
magicamente, pedregulhos, chakrams e até adagas lançadas choveram sobre Nora. E
entã o, antes que alguém percebesse, o corpo quebrado da mulher desabou no chã o.

Os meninos do descanso do leitor correram nervosos para Nora, para levá -la aos
médicos.

Por outro lado, Itami e os outros ficaram congelados em estado de choque. Isso
logo se tornou uma depressã o quando eles perceberam como haviam falhado com ela.

E entã o, os magos que os cercavam perceberam a verdade inabalá vel, que até
mesmo Itami poderia ter morrido em um instante.

“... Como posso dizer isso, mas nã o foi um pouco exagerado?”

Pode-se comparar isso a um pervertido entrando sorrateiramente em um show


para uma pegadinha, e depois de diblar os guardas e se aproximar do palco, ele se
virou e descobriu que todos na platéia eram policiais, de tã o assustador que era.
Mesmo assim, pelo menos eles poderiam parar de se preocupar com o assassinato de
Lelei. Se alguém que nã o fosse o Flautista tivesse entrado furtivamente na sala de
conferências, provavelmente nã o faria sua jogada depois disso.

"Bem, deve estar tudo bem, entã o."

Itami se recompô s e voltou aos bastidores.

Tuka e Yao, que haviam saído correndo para cobrir Lelei, voltaram aos seus
lugares de origem para nã o atrapalhar a apresentaçã o.
P a g e 218 | 220
Shandy, que veio um pouco mais tarde, ergueu a mã o como se para animar Lelei.
E entã o, quando a mã o desceu, ela enfiou uma espada curta no peito de Lelei.

"Eh?"

P a g e 219 | 220

Você também pode gostar