Você está na página 1de 210

Residência Médica nos EUA.............................................................................................

6
Siglas ................................................................................................................................................. 8
Passo a Passo .......................................................................................................................... 10
Burocracia Completa ......................................................................................................... 15
Pathways ...................................................................................................................................... 21
Quanto Custa o Processo? ............................................................................................ 23
Anki e Estratégia de estudos por questões......................................................... 27
Step 1 - Experiência durante a faculdade ......................................................... 29
Step 1 - Experiência depois de formado ............................................................. 34
Step 2ck – Experiência durante faculdade ........................................................ 35
Step 2ck antes do Step 1 (após formada) ......................................................... 43
Cronogramas de Estudos................................................................................................. 49
Step 3 ............................................................................................................................................ 54
Dia da Prova ............................................................................................................................ 58
Como fazer networking? .................................................................................................... 60
Como Conseguir Estágios Clínicos nos Estados Unidos e Custos ....... 62
Observership............................................................................................................................. 70
Observership virtual ............................................................................................................. 73
Externship..................................................................................................................................... 78
Como se destacar nos Estágios.................................................................................. 79
Como se destacar no Observership? ...................................................................... 82
Como pedir a carta de recomendação? ............................................................ 83
Modelo de Carta de Recomendação ................................................................... 85
Modelo de e-mail para Clerkship .............................................................................. 88
Modelo de e-mail para Observership .................................................................... 89
Inglês Médico ........................................................................................................................... 90
OET (Occupational English Test) ............................................................................ 114
Pesquisa e Research Fellowship ............................................................................... 123
Publicação de Artigos Científicos.......................................................................... 129
MSPE (Medical Student Performance Evaluation) ...................................... 136
Entendendo o ERAS® ...................................................................................................... 145
A ENTREVISTA PARA RESIDÊNCIA MÉDICA NOS EUA ............................... 153
Letter of Interest (LOI) ..................................................................................................... 169
NRMP ........................................................................................................................................... 171
Couple´s Match ...................................................................................................................175
SOAP e Pós-SOAP ............................................................................................................. 182
Visto J1........................................................................................................................................ 186
Visto H1B .................................................................................................................................. 188
Vistos - Greencard E2B .................................................................................................. 189
Não dei Match, e agora? Como fortalecer a application para dar
match na segunda tentativa. ...................................................................................... 191
Residência Medica nos EUA e no Mundo ......................................................... 194
Sanidade Mental e Organização .......................................................................... 199
Mentorias..................................................................................................................................202
O match para especialistas e para psiquiatria ............................................ 206
Por Mariana Gromisch

Você só pode praticar medicina nos EUA se passar em todas as provas


do USMLE, receber seu ECFMG Certificate, aplicar para os programas de
residência e ser aceito por um deles. Mesmo se você já for um especialista
e tiver feito residência médica no Brasil ou outro país do mundo você
precisa refazer sua residência médica nos EUA.
Existem algumas raras exceções em que médicos muito renomados podem
ser contratados por algum hospital para trabalhar apenas naquela
instituição. Mesmo assim todos precisam fazer e passar nas provas do
USMLE.

Vale a pena fazer a Residência Médica nos EUA?

Isso é uma decisão muito individual. Existem vários prós e contras de se


especializar aqui.

Prós: Você vai receber um treinamento com foco no aprendizado do


residente.
Na maioria das vezes terá acesso a tecnologia de ponta e laboratórios
equipados para desenvolvimento de pesquisa.
Em geral, centros universitários estão comprometidos em treinar os futuros
líderes daquela especialidade. Você pode ter a oportunidade de discutir
casos com os criadores dos protocolos utilizados no mundo todo e
autores de livros referência na sua especialidade.

Contras: Carga de trabalho teoricamente maior. O máximo de horas


trabalhadas permitido aqui são 80 horas e no Brasil são 60h. Mas como
na prática a teoria pode ser outra, não baseie sua decisão nisso. Os
hospitais nos EUA são proibidos de extrapolar essa carga horária e os
programas tendem a cumprir com essa regra.
Processo extremamente caro. Vou passar os gastos gerais em detalhes
adiante.
Distância da família que fica no Brasil. Isso é algo válido de ser lembrado.
Você terá em média de 20 a 30 dias de férias por ano para visitar seus
amigos e familiares, portanto durante o restante do ano você terá a sua
saudade como companheira.

Burocracias: Como residente e médico nos EUA você vai lidar com
preenchimento de chart, documentação de procedimento, alta, etc. bem
acima da média. Uma das causas de burnout de muitos psicólogos por
aqui.

Waiver: Se você vier com visto J1 e não quiser retornar ao Brasil terá que
solicitar um Waiver - mudar-se para uma localidade que atenda uma
porcentagem de Medicaid, Medicare por 3 anos. Em algumas
especialidades pode ser mais difícil encontrar uma vaga de emprego em
locais que oferecem Waiver.
Por Mariana Gromisch. Instagram: @manigromisch

Vou te falar sobre o processo de modo geral para facilitar seu


entendimento e não ficar perdido com o tanto de nomenclaturas e fases
que englobam o USMLE.

USMLE - United States Medical Licensing Examination


O processo engloba as provas do Steps. Passar nessas provas (Step 1 e
Step 2 ck) é um requisito para validação da graduação médica dos
estudantes de medicina do mundo todo, inclusive dos americanos que
fizeram faculdade nos EUA.

ECFMG - Educational Committee for Foreign Medical Graduates


A Instituição responsável que regulamenta a validação da graduação de
médicos e estudantes de medicina formados no exterior.
Tudo que você precisar em termos burocráticos vai passar por essa
instituição antes e durante a residência. Eles são responsáveis pela
verificação dos documentos, cobranças de taxa e fornecimento de visto
J1 para o médico formado no exterior.

NBME - National Board of Medical Examiners


Instituição que aplica as provas dos Steps (a type of Board exam). Eles
possuem simulados oficiais no seu website para os estudantes terem uma
ideia de qual será sua nota na prova real.

IWA - Interactive Web Applications


Plataforma do ECFMG onde você preenche documentos necessários
durante o processo e faz as inscrições para as provas

OASIS - Online Application Status Information System


Plataforma do ECFMG onde você acompanha o status dos documentos
que você deu upload no IWA e recebe o resultado das suas provas dos
steps
EMSWP - ECFMG Medical School Web Portal
Plataforma online onde sua faculdade se comunica e submete formulários
solicitados pelo ECFMG como a verificação de Status (Form 183) e
Credentials (Form 327-A).
É primordial que sua instituição seja cadastrada nessa plataforma porque
facilita e agiliza muito o processo de verificação desses documentos como
seu diploma e histórico escolar.

ERAS - Electronic Residency Application System


Plataforma para aplicação aos programas de residência médica nos EUA
onde todos os aplicantes preenchem informações do seu currículo e faz
upload de documentos como cartas de recomendação.
Os programas enviam convites de entrevista ou rejeição por essa e outras
plataformas.

NRMP: National Residency Matching Program


Plataforma onde paga para submeter a ranking list, ordem de preferência
dos programas que entrevistamos.
Eles são os responsáveis por fornecer o resultado do Match e todo ano
fazem uma coleção de dados dos aplicantes que deram match como
número de artigos publicados, experiência de trabalho voluntário, média
da nota dos steps de quem deu match ou não e compara os resultados
entre aplicante americanos e IMG.

Formulários

FORM 186 - Verificação da sua Identidade: feito por você e autenticado


online através do Notary Cam
FORM 183 - Verificação de Status: feito por sua faculdade
FORM 327-A - Verificação de Credentials (diploma e histórico escolar
traduzido): pode ser submetida pelo aplicativo, mas sua faculdade precisa
verificar a autenticidade da documentação enviada através do site ou
deste formulário
Por Mariana Gromisch. Instagram: @manigromisch

1. Burocracia

Para iniciar o processo das inscrições para as provas dos Steps sua
faculdade precisa ser credenciada pelo ECFMG.
Atualmente o critério de credenciamento é através do Sponsor Notes.
Verificar se sua Instituição está cadastrada no WebPortal para facilitar o
envio de documentos e comunicação entre sua Universidade e o ECFMG.
Checar na secretaria da sua faculdade quem 'é responsável por assinar
todos os documentos do ECFMG

2. USMLE Step 1

8 horas de prova com 7 blocos de 38 a 40 questões e 1h de intervalo


(se incluir os 15min de tutorial).
Conteúdo cobrado? Conhecimento do Ciclo básico aplicado à prática
clínica. Envolve muita memorização de conteúdo e preparo intensivo
Onde posso fazer? Centros do Prometric
Onde está localizado o Prometric? algumas cidades do Brasil e outros
países do mundo

3. USMLE Step 2ck

9 horas de prova com 8 blocos de 38 a 40 questões e 1h de intervalo


(se incluir os 15min de tutorial).
Conteúdo cobrado? Conhecimento clínico de diagnóstico, tratamento e
bastante foco em conduta. Principal pergunta “what is the best next step?”.
Onde posso fazer? Centros do Prometric

4. OET - Occupational English Test

Prova que avalia sua proficiência na língua inglesa nas modalidades


Speaking, Listening, Reading e Writing, baseado em vocabulário médico.
Seu conhecimento médico não será avaliado nesta prova.
5. ECFMG Certificate

Após ser aprovado nas três provas listadas acima você receberá este
certificado que é necessário para você iniciar sua residência médica nos
EUA.

6. Cartas de Recomendação

Você precisará de no mínimo 3 cartas de recomendação, de preferência


de médicos que atuam nos EUA, para aplicar para residência médica nos
EUA.

A melhor forma de conseguir uma carta de recomendação forte que te


avalie bem e tenha credibilidade seria fazendo estágios práticos (hands
on) durante o último ano de faculdade de medicina - os chamados
Clerkships.

Outras modalidades de estágio podem ser feitas por médicos já formados:


Observership e Externship. Medical Students também podem fazer
Observership.

7. Currículo

Inclui várias atividades realizadas durante a faculdade e depois de


formado. Vale ressaltar aqui a publicação de artigos científicos de alto
impacto como autor ou coautor.

Haverá neste e-book um capítulo especial explicando como publicar mais


artigos científicos internacionais e indexados no PubMed.

8. ERAS

Essa plataforma é onde você irá submeter sua documentação e pagar as


taxas de aplicação para os programas de residência médica do seu
interesse. O acesso a ela abre em julho.

Você pode aplicar para mais de uma especialidade, porém o currículo


anexado a todos os hospitais é sempre o mesmo. Outros documentos
como carta de recomendação e personal statement você pode mudar de
acordo com a especialidade que estiver aplicando.

Documentação necessária inclui:

-Cartas de Recomendação submetidas pelo autor da carta


-Currículo
-Personal Statement: é uma carta onde você vai escrever quem é você,
porque você quer entrar naquele programa de residência e de uma forma
geral deixar em evidência seus diferenciais que devem chamar a atenção
de quem a lê para decidir se vai te convidar ou não para uma
entrevista. É um documento que deve ser redigido de forma impecável.
-MSPE: avaliação do diretor da sua faculdade em relação a sua
Performance Academia durante a faculdade. Neste e-book tem um
modelo para sua faculdade seguir.
-Foto: fixada no ERAS e disponibilizada aos programas de residência que
você está entrevistando. Sua residência de escolha em geral utiliza essa
foto no painel de apresentação dos residentes, então utilize uma foto bem
profissional em um background neutro.

9. Entrevistas

As instituições avaliam sua documentação e notas dos steps na plataforma


do ERAS e decidem se te convidam para um entrevista ou não. Elas
acontecem de setembro/outubro a fevereiro.

Esse é um momento para ambas as partes se conhecerem. Você é


entrevistado por diversos médicos e residentes da instituição.

Este ano todas as entrevistas aconteceram via zoom, mas pode voltar a
ser o método presencial em 2021. Temos também um jantar ou happy hour
(que esse ano também foi virtual) pré-entrevista que acontece todo ano
onde temos a oportunidade de conhecer os residentes.

Foi uma das partes que eu mais amei do processo: recebi vários mimos,
cartões e presentes. Esses encontros me deixaram mais animada ainda
para fazer minha residência médica nos EUA, pois além de ter a
oportunidade de conhecer pessoas incríveis, pude saber em mais detalhes
como são os hospitais, estrutura de ensino e benefícios do treinamento em
cada lugar.

Não posso deixar de comentar que me senti super valorizada como


pessoa e profissional, pois não só eu estava demonstrando interesse nos
programas de residência, mas os programas também mostravam real
interesse em me ter como residente deles.

10. Ranking list

Você paga para fazer o ranking list na plataforma do NMRP.

Se você aplicar para até 20 programas paga-se uma taxa fixa, a partir do
21º você começa a pagar uma taxa extra para ranquear os programas
que você entrevistou. Você faz o ranking na sua ordem de preferência de
match.

11. Match

O tão sonhado resultado da residência médica nos EUA acontece todos


os anos em março e a residência começa em meados de junho a começo
de julho.

O algoritmo do Match vai analisar o ranking list dos candidatos e das


instituições e fazer uma combinação dos dados, através de um programa
de computador, de forma que cada candidato de match em apenas
UMA opção.

Todos os candidatos recebem esse resultado no mesmo dia e ao mesmo


tempo. Em geral, na segunda-feira recebemos um e-mail falando se demos
Match ou não e na sexta-feira recebemos um e-mail informando onde
demos match. Esses vão ser os 4 dias de espera mais longos da sua vida!

Não é como no Brasil que você passa em vários programas de residência


e depois decide em qual você quer fazer. Nos EUA, você dá Match em
apenas UMA instituição.

O match da preferência pela ordem de ranking dos candidatos e não dos


programas.
12. SOAP

As pessoas que não deram match têm apenas algumas horas para
aplicarem para vagas de residência que não foram preenchidas pelo
Match. Entre a segunda-feira e a sexta-feira da semana do match estes
candidatos recebem ligações de programas de residência oferecendo
entrevistas a eles, e de modo geral na sexta-feira do Matchday eles
também descobrem se conseguiram uma vaga de residência pelo SOAP.

Adendo: existe ainda o pós-SOAP. Algumas vagas remanescentes serão


preenchidas depois da semana do match. Em geral os programas de
residência que não preencherem suas vagas mesmo com o SOAP
continuam procurando candidatos e lançam essas informações em vários
websites. Vai ter um capítulo só falando disso nesse e-book.
Por Mariana Gromisch. Instagram: @manigromisch

1. Sponsor Note

Se você iniciar o processo de cadastramento no ECFMG até o ano de


2024 esse é o processo que você irá seguir. Independentemente se você
se formar depois de 2024, o fator determinante será você iniciar o
processo antes de 2024.

1. Entre no site: www.wdoms.org


2. Search the World Directory
3. Preencha o país e nome da sua cidade para encontrar todas as
instituições cadastradas na sua cidade e procure o nome da sua
Instituição
4. Clique na aba “Sponsor Note” e veja se sua instituição está listada pelo
ECFMG e se está “current”.

Obs: tem um vídeo disso no meu curso para a plataforma do Med Skill
listando exatamente essas mesmas informações com a gravação de tela
do meu computador.

Se você iniciar o preenchimento do formulário 186 após 2024 sua


faculdade precisa ser acreditada pelo SAEME.
Confira quais instituições acreditadas pelo SAEME aqui:
www.saeme.org.br/portugues/escolas-acreditadas-pelo-saeme

2. Cadastramento da sua faculdade no Web Portal

EWSWP - ECFMG Medical School Web Portal

Plataforma online onde sua faculdade se comunica e submete formulários


solicitados pelo ECFMG como a Verificação de Status (Form 183) e
Credentials (Form 327-A).
É primordial que sua instituição seja cadastrada nessa plataforma porque
facilita e agiliza muito o processo de verificação desses documentos como
seu diploma e histórico escolar.
Sua Instituição pode solicitar esse cadastramento de forma Gratuita
diretamente com o ECFMG pelo e-mail: emswpadmin@ecfmg.org

Se sua faculdade não fizer esse cadastro ela terá que enviar toda essa
documentação assinada via correio, o que pode atrasar muito o processo
de verificação dos seus documentos. Fora o gasto com os correios. Na
maioria das vezes a faculdade solicita que você arque com esses custos.
Pergunte na sua secretaria quem na sua faculdade é o responsável pelas
assinaturas dos documentos. Se eles não souberem essa informação,
alguém da sua faculdade pode ligar no ECFMG ou enviar um e-mail
institucional solicitando essa informação.

Às vezes o responsável por assinar esses documentos pode ter mudado,


então sua faculdade precisará cadastrar a assinatura de outra pessoa.

Atenção: Todo documento que sua faculdade preencher precisa ser


assinado e carimbado exatamente como está no cadastro do portal do
ECFMG!

3. Emitir seu ECFMG ID

Website: https://secure2.ecfmg.org/emain.asp?app=oasis

If you have never been issued a USMLE/ECFMG Identification Number and


want to request one, click https://secure2.ecfmg.org/emain.asp?app=oasis

Preencha suas informações pessoais usando seu passaporte (o mesmo


documento que você vai utilizar para todas as provas). Em alguns dias
você receberá um e-mail do ECFMG com sua ID.

Obs: Caso você mude de “last name” após seu casamento (aconteceu
comigo), e não queira dor de cabeça ou atraso na sua documentação,
preencha todos seus documentos do ECFMG e cadastro para as provas
dos Steps com seu nome de solteira que consta no seu passaporte.

A não ser que você já tenha atualizado seu nome de casada no seu
passaporte. Nesse caso escreva o nome de casada em todos os
documentos.
4. Form 186 - Identification form (U$150)

Website: https://secure2.ecfmg.org/emain.asp?app=iwa

If you have a USMLE/ECFMG Identification Number, but you are a first-time


user of ECFMG On-line Services, click here to establish an account.
Após submeter sua Application para o ECFMG Certification e preencher as
informações do site você irá receber um e-mail com o Form 186.

5. Notarycam (U$50)

Website: https://app.notarycam.com/company/overview?name=ecfmg-cert

Esse cartório online funciona todos os dias da semana por 24h.


Faça upload dos documentos solicitados: passaporte, USMLE ID e
formulário 186 em .pdf (sem assinar ou preencher).
Você terá um encontro por webcam com um oficial eles irão tirar uma foto
sua e verificarão a veracidade da sua identidade e seu Form 186
(Certification of Identification Form).

Pronto! Agora você pode entrar no site do ECFMG On-line Services e fazer
sua inscrição para a prova dos steps.

6. Inscrição para as provas


Website: https://secure2.ecfmg.org/emain.asp?app=iwa

Resumo: Para marcar o Step 1 e Step 2 ck você precisa submeter seu


diploma (se já for formado), sua faculdade preenche e assina o form 183,
você recebe o scheduling permit e marca a prova no site do Prometric.

Você precisará entrar nesse site, pagar a prova e escolher seu Eligibility
Period para fazer sua inscrição! Portanto, faça sua inscrição para a prova
somente quando você estiver estudando de verdade, pois conheço
várias pessoas que se animaram para fazer a prova, mas tiveram
imprevistos no caminho e precisaram adiar o eligibility period mais de uma
vez, ou seja, acabaram pagando a prova duas vezes! (lá se foram mais de
Mil dólares)
Recomendo fazer sua inscrição para as provas 6 meses antes da sua data
de prova devido ao tempo que pode levar para sua faculdade
preencher todas as documentações exigidas pelo ECFMG. Se você fez
transferência de créditos precisa documentar isso.

Sua faculdade irá preencher o form 183 e enviar via correios ou pelo
Web Portal. Após o ECFMG receber essa documentação você recebe o
Scheduling permit para marcar sua prova no site do Prometric.

Se seu eligibility period está agendado para setembro-outubro-novembro,


o ECFMG dá o prazo até o dia 25 do primeiro mês do seu eligibility
period para receber toda a documentação da sua faculdade. Se não
ficar pronta a tempo, o ECFMG estende seu eligibility period começando
no mês seguinte, sem custo.

Vou citar alguns detalhes do preenchimento desses documentos. A maioria


das partes são autoexplicativas, mas vou deixar registrado aqui algumas
dúvidas que recebi de vocês na caixinha do Instagram.

O que é Eligibility Period?

Um período de 3 meses que você escolhe para fazer a sua prova. Ou


seja, assim que você se inscrever para a prova você precisa pagar e já
saber em quais meses você quer realizá-la.

Dica: Eu recomendo você marcar seu eligibility period começando no mês


que você pretende fazer a prova porque se você precisar estender esse
período você terá mais 6 meses para realizar a prova sem precisar pagar
outra prova!

Por exemplo: eu queria fazer minha prova em dezembro e marquei eligibility


period para dez-jan-feb. Acabei precisando estender meu eligibility period
e poderia fazer a prova em Mar-Apr-May.

Importante: Você poderá estender o seu eligibility period apenas UMA


vez.

· Como faço para estender meu eligibility period?


No site acima do IWA tem um documento para fazer essa solicitação,
porém sua faculdade deve confirmar novamente seu status com o ECFMG
pelo WebPortal ou via correios enviando o Form 183.

Precisei enviar tudo de novo por papel e demorou mais de um mês nesse
processo, então lembre-se disso caso você precise adiar sua prova. Você
precisará também ligar no Prometric e pagar uma taxa de reagendamento.

Dica extra: Sua faculdade pode deixar uma etiqueta pronta de envio por
correios com o endereço do ECFMG para que você possa fazer o
pagamento dos correios e agilizar esse processo. O destinatário precisa
ser o endereço da sua faculdade! Endereço para envio da
documentação de papel:

ECFMG
3624 Market Street, 4th Floor
Philadelphia, PA zip code: 19104-2685
USA

7. Verificação de Credentials

Última parte da documentação para emissão do seu ECFMG Certificate


será a verificação do seu diploma traduzido em inglês que você pode
submeter pelo aplicativo MyECFMG App na sessão Upload Credentials.

Se sua Instituição está cadastrada no Webportal, ela receberá um e-mail


do ECFMG para confirmar seu diploma e solicitar o anexo do seu histórico
escolar original e traduzido em inglês.

Dica: Faça a tradução juramentada dos seus documentos e deixe uma


cópia com a sua faculdade para que eles possam enviar pelo endereço
de e-mail institucional. Caso eles não enviem a tradução dos documentos
o ECFMG irá fazer a tradução pela empresa deles e te enviar a conta
para pagar. Essa empresa Straker Translations tem um custo bem acima da
média, uma página pode custar U$200.

Dica extra: Dentre as regras exigidas no site do ECFMG a tradução dos


seus documentos pode ser feita e assinada por um oficial da sua
faculdade de medicina (ex: o Dean). Ou seja, essa assinatura pode
substituir um serviço de tradução juramentada. Para que ela seja válida
precisa dizer que a tradução está correta e conter o título profissional e
um selo ou carimbo.

Se sua instituição não está cadastrada no Webportal ela receberá o


Form 327-A via correios para ser preenchido por sua faculdade e
enviado de volta pelo correio. Um amigo meu teve esse documento
extraviado e demorou 4 meses para ter seu diploma verificado.

Dica: Para evitar esse transtorno ligue para o ECFMG para verificar o
status do seu processo e confirmar o recebimento dos seus documentos.
Por Mariana Gromisch. Instagram: @manigromisch

Após o cancelamento definitivo da prova prática (falecido Step 2CS), o


ECFMG instituiu as Pathways como método de comprovação da fluência
na língua inglesa e habilidades clínicas dos candidatos IMG.
São 6 Pathways. Para todas essas Pathways o aplicante não pode ter
sido sujeito a ação disciplinar infringindo regras éticas do ECFMG e
precisa ter feito e passado no Step 1 e 2Ck em até duas tentativas e
pagar uma taxa de U$900.

A maioria dos brasileiros vai se enquadrar na Pathway 1


Você só precisa se informar sobre isso ao final do processo, então se não
chegou nessa fase ainda, pule essa parte.

Vou listar as Pathways que se aplicam aos médicos brasileiros.

Pathway 1: Already Licensed to Practice Medicine in Another


Country

É para médicos que podem praticar independentemente no seu país de


origem e têm ou tiveram uma licença profissional válida a partir de 2015.
Caso comprove que você tem um CRM ou teve um CRM ativo nos últimos
anos, isso é suficiente. Não precisa estar válido no momento da aplicação.

Dica: O CRM ou CFM precisam enviar as certidões éticas negativas e


comprovação que você tem ou teve sua licença ativa no Brasil. Pelo CFM
esse processo tem um custo de R$100 e pode demorar um pouco mais.
Sugiro entrar em contato com alguém do seu CRM para enviar um e-mail
para o ECFMG enviando essa carta em português e em inglês.

E-mail para envio: licensure@ecfmg.org

Dica extra: Alguns colegas que cancelaram a inscrição no CRM devido à


mudança de país antes de 2015 reativaram a inscrição no CRM e deu
tudo certo. Então, todos brasileiros podem aplicar por essa pathway se
esperar aplicar para a residência médica depois de formados.
Pathway 3: Medical School Accredited by Agency Recognized by
World Federation for Medical Education (WFME)

Apenas pessoas que se formaram na faculdade de medicina após primeiro


de janeiro de 2018 podem aplicar para essa Pathway.

As faculdades de medicina que são reconhecidas pela WFME podem


atestar as habilidades clínicas do estudante através de documentos que
serão solicitados pelo ECFMG.
Faculdades que participam dessa pathway estão no website do ECFMG:
https://www.ecfmg.org/certification-requirements-2022-match/pathway-
schools.php

Pathway 6 - Evaluation of Clinical Patient Encounters by Licensed


Physicians

Aplicantes que não se encaixam nas outras pathways ou que fizeram o


Step 2CS, mas foram reprovados, só podem aplicar por essa pathway.

ECFMG fornecerá detalhes dessa pathway em breve.


Por Rafaella Litvin
Por Mariana Gromisch

Step 1

Pathoma - Indispensável. Aulas por vídeos do Dr Sattar onde ele explica


todo o conteúdo de patologia básica. Ele envia a apostila pelos correios
e você pode acompanhar o conteúdo dos slides no vídeo.
Estude os primeiros 3 capítulos mais de uma vez, são os mais importantes
para a prova.
Como utilizá-lo? Acompanhe a aula com a apostila e anote todas as
informações extras. Após as aulas responda os flashcards correspondentes
da matéria que estudou no Anki.
Se você está totalmente perdido por qual matéria começar a estudar
para o Step 1 eu começaria por aqui e assistiria todas as aulas perto da
prova como revisão final.

UWorld - Indispensável. O melhor banco de questões para o step 1. Se


você tiver mais de um ano para estudar, comece com outro banco de
questões (AMBOSS ou USMLE-RX) e faça o UW por último. Se você tiver
menos de 6 meses comece pelo UW para você ter tempo suficiente para
fazê-lo 2 vezes.

Como utilizá-lo? Coloque uma meta de questões por dia e siga!


Primeira passada: Tutor, Untimed, by Subject. Marque todas as questões
que não tiver certeza da resposta.
Marked: Tutor, Timed, by Subject
Incorrects: Timed, Random. Após terminar as incorretas reset o banco de
questões
Segunda passada: Timed, Random.

Anki Flashcards - Indispensável. Primeiro: baixe os Flashcards do Anking


https://www.reddit.com/r/medicalschoolanki/comments/lgxm1y/anking
_overhaul_step_1_v9_step_2_v4_release/

Suspenda todos os cards.


1. Após estudar uma matéria específica Unsuspend os cards pela aba
de pesquisa e resolva aqueles cards.
2. Revise todos os dias TODOS os cards de revisão antes de fazer
new cards (colocaria no máximo 100 novos/dia).

First Aid - Indispensável para revisão do conteúdo após sua primeira


passada do UWorld. Não comece por esse material! Não anote tudo que
falta no UW aqui. Comece a fazer anotações apenas na sua segunda
passada.

Sketchy Pharm e Micro - Indispensável. Te ajuda a memorizar todo o


conteúdo de microbiologia e farmacologia. Eu estudei para o step 2 ck
sem ele e quando fui para o Step 1 e descobri essa maravilha percebi
quanto sofrimento eu poderia ter evitado se tivesse utilizado para o Step 2
também.

Como utilizar? Assista aos vídeos sem anotar NADA. Após terminar o vídeo
feche os olhos e tente relembrar todos os detalhes da cena na sua
cabeça. Abra os olhos e confira se esqueceu de algum detalhe da cena.
Faça os flashcards do Anking ao final de cada cena para reforçar a
memorização.

Vídeo Aulas - Boards and Beyond: assista apenas aulas de assuntos que
você não entender pela explicação do UW. Ele vem com um banco de
2000 questões. Se puder faça todas as questões dele também.

Podcast: Dr. Goljan - tem no spotify


Escute todas as aulas dele quantas vezes conseguir. Coloque no carro
quando estiver dirigindo ou resolvendo outras funções do dia-a-dia.
Eu limpava a casa e tomava banho escutando Goljan. (sofrência e
desespero real oficial)

Existem inúmeros outros materiais disponíveis, mas não reinvente a roda ou


tente abraçar o mundo. Isso aqui parece pouco, mas já é MUITA coisa. Se
você souber TUDO o que tem nesses materiais você consegue tirar mais
que 245 na sua prova! O difícil é saber tudo o que tem neles. (o choro 'é
livre)

Step 2ck

Question Banks
UW
AMBOSS
Flashcards Anki

Livros? Nenhum! Faça seus próprios flashcards do que você não souber ou
não entender pela explicação do UW.

Estudei apenas por questões e flashcards. Procurei assuntos aleatórios em


explicações de vídeos do Youtube.

Podcasts: Divine Interventions (ele 'é muito prolixo, mas quando estiver
dirigindo vale a pena escutar)
Por Laila Folchini

- Uma alternativa de flashcards ao Anki: Serão muitas horas de estudo com


o computador sendo seu maior aliado. Muito tempo de tela. Por esse
motivo, você deve pensar se o Anki é o método de flashcards mais
adequado para você. Caso decida ter um flashcards ou caderno que
você possa levar com você pra cima e pra baixo, e principalmente, que
possa usá-lo para desacelerar e fazer uma revisão mais leve antes de
dormir, o flashcards em papel pode ser a melhor alternativa.

Aqui vai então uma dica de flashcards em caderno, que os americanos


chamam de “smart book”. Em cada página do seu caderno, divida em
duas colunas. Na coluna da esquerda coloque suas perguntas. Na coluna
da direita suas respostas. Tampe com a mão a coluna das respostas para
tentar responder sem olhar. Faça as perguntas mais bobas do mundo se
precisar, porque esse material é apenas para seu benefício. Faça o
máximo de perguntas que puder. Compre outros 2 ou 3 cadernos se
precisar de mais páginas. Chame algum amigo pra ler suas perguntas pra
você e assim continue estudando em algum momento de descontração. E
inclua estudos de flashcards ao menos uma hora por dia começando pelo
dia que você iniciar a usar o UWorld. Esse tempo de dedicação ao Anki
ou flashcards deve aumentar próximo a data da sua prova. Muitas
perguntas e respostas sairão desse banco de questões.

Estratégia de estudo por questões para o step 1: “Stick to your


prediction”

Todos buscam por uma estratégia perfeita para responder as questões e


no fim vemos que não existe uma única estratégia para o step 1, mas sim a
que mais funciona pra você. E o mais importante de tudo, e talvez o mais
difícil, é usar a técnica que você escolheu para todas as questões. Se
você escolheu ler a pergunta primeiro porque erra menos assim, não há
motivos para deixar de fazer isso em TODAS as questões. Então a regra
número um é pratique sua técnica e não deixar para fazer apenas na hora
da prova.
Dito isso, tente usar a estratégia de “stick to your prediction” para o step 1.
Ela nada mais é do que ter uma suposição de resposta certa antes de ler
as alternativas. E ao ler as alternativas comparativamente, certifique- se
que sua resposta é a correta. Essa estratégia fica mais fácil na segunda
passada no UWorld, já que exige bastante conhecimento para se ter uma
“prediction” de resposta certa. Mas praticar desde o início ajuda a
aprender e usar esse método.
A ordem adequada de leitura da questão aqui então seria a pergunta
primeiro, depois o corpo da questão. Não leia as alternativas de
respostas até que você tenha uma suposição. E aí sim você deve “stick with
your prediction” a não ser que encontre uma resposta que te convença ser
melhor que a sua.
Perceba que normalmente a informação ouro da questão está na frase
que antecede a pergunta. Isso é importante você notar, tanto pra cuidar
como para não cansar de ler o corpo da questão, tanto pra te ajudar
caso seu tempo esteja mais corrido que o planejado.
Por último, mas não menos importante, esteja ciente que toda informação
não está na questão para te confundir. Toda informação está detalhada
no corpo da questão para te ajudar na resposta certa. Essa é a regra de
como funcionam as questões do Step 1.
Por Matheus Simonato
Há uma série de se preparar para a maratona de provas que é o USMLE.
Para se obter um bom resultado, no entanto, é importante que a sua
preparação tenha fundações sólidas. Neste texto, pretendo explicar a
forma que eu utilizei para construir esse arcabouço que deu suporte para
obter meus bons resultados. Os meus foram os seguintes:

Step 1 (2016): 272


Step 2 CK (2018): 276
Step 2 CS (Deus o tenha, 2020): Pass

Certamente, foram notas excelentes. Eu acredito que eu tenho uma


facilidade especial para provas de múltipla escolha e que este tipo de
avaliação privilegia a minha forma de atuar. No entanto, eu também
acredito que qualquer um possa obter resultados suficientemente bons
caso se prepare de maneira consistente e sistemática para essas
avaliações.

O Step 1 é a primeira prova das três que integram o conjunto do USMLE. É


uma prova focada nos conteúdos essencialmente pré-clínicos, que os
estudantes americanos aprendem nos dois primeiros anos de faculdade.
No Brasil, a matéria do Step 1 é ensinada nos quatro primeiros anos de
uma faculdade de modelo tradicional. É importante lembrar que, a partir
do ano que vem, o Step 1 se tornará uma prova pass/fail. Isso é resultado
de uma pressão de muitos anos da parte dos estudantes americanos,
numa tentativa de aliviar o estresse envolvido na preparação. É fato
público e notório que o Step 1 se tornou algo que era muito distante da
sua intenção original, uma corrida armamentista para ver quem conseguia
as notas mais altas utilizando um grande número de materiais. Pode até ser
um pouco de síndrome de Estocolmo, mas no meu caso acredito que
estudar para esta prova foi um passo muito importante para a minha
formação como médico, independentemente dos benefícios objetivos que
ela trouxe para minha carreira. Construir uma boa compreensão das
bases da medicina terá efeitos positivos na sua parte clínica, no que toca
em mecanismos de ação, fisiopatologia, fisiologia, anatomia, etc. Ademais,
o Step 1 serve como base para as outras provas, não só no conteúdo,
mas na forma de responder às questões. Assim, estimulo você, leitor, a se
dedicar bastante no seu estudo para o Step 1, mesmo com uma pressão
menor em relação às notas. É um remédio amargo, mas importante.

Agora, como você deve se preparar? Visando manter esse texto atual
para os próximos anos, não pretendo aqui falar especificamente deste ou
daquele material. Alguns dos materiais que eu usei em 2016 não são mais
populares, e outros que não existiam naquele tempo hoje são muito
comuns. Assim, o mais importante é frisar os princípios de uma boa
preparação, e os materiais você pode escolher de acordo com o que for
mais relevante na sua situação.

Muito da minha preparação veio da época do vestibular. Basicamente, o


que eu percebi na época é que muitos dos colegas gastavam horas
utilizando técnicas de estudo ineficientes e obtinham resultados
insuficientes. Fazer resumo, grifar, mapa mental, sei lá o que mais. Estas
coisas podem ter o seu lugar na sua preparação, mas elas representam um
estilo de estudo mais passivo. É essencial que o seu estudo inclua
modalidades ativas de estudo, que estimulem você a demonstrar de
maneira objetiva o seu conhecimento. As formas ativas mais comumente
usadas são os flashcards e as questões. Assim como quem está praticando
para a Copa do Mundo treina bater falta e não apenas lê livros do
Roberto Carlos, é essencial que você pratique o que será cobrado no dia
da sua prova.

Eu não fiz um cronograma estruturado na época da minha preparação. Eu


sou uma pessoa naturalmente organizada e tinha na minha cabeça o que
eu deveria estudar a cada mês e quão rápido eu precisava completar
cada matéria. Vale lembrar que eu me preparei tanto para o Step 1
quanto para o Step 2 CK durante a faculdade, então eu tinha a
flexibilidade de tempo para estudar, não tinha família para cuidar e
obrigação de trazer dinheiro para casa. Por outro lado, eu também tinha
mais limitações em relação aos materiais que poderia comprar e outras
restrições orçamentárias. Cada um tem as suas dificuldades e facilidades.
Evite usar as suas como muleta para impedir que você faça alguma coisa.
Dividi a minha preparação em duas partes principais. Na primeira, o
objetivo era construir o conhecimento. Nesta primeira fase, o uso de
materiais de estudo passivo eram mais relevantes. Na época, fiz o uso de
materiais como os vídeos do Kaplan de 2010 (estou revelando a idade),
Crush Step 1, Pathoma, Clinical Micro Made Simple, livros da série BRS
para alguns tópicos específicos, entre outros. Hoje, existem outros materiais,
como o Sketchy Micro e Sketchy Pharm, que muitos estudantes usam. É
fundamental que você tenha fontes confiáveis para ler num primeiro
momento o conteúdo. Por, mesmo nesta fase inicial de construção de
conhecimento eu já lancei mão de questões para garantir que eu estava
retendo o conteúdo. Para exemplificar, vou utilizar a matéria de
cardiologia como exemplo. Como estava no quarto ano, já tinha
estudado anatomia e fisiologia cardíaca no primeiro, segundo e terceiro
anos, e tinha algum domínio da matéria. Assim, começava revisando com o
capítulo de cardiologia do Crush Step 1. Depois, via os vídeos do Kaplan
de farmacologia cardíaca e também os vídeos de patologia do Pathoma.
Completando essa primeira passagem extensa pela matéria, completava
com as questões de cardiologia do USMLERx (um banco mais fraco) no
modo tutor e untimed. Assim que completava uma matéria, seguia para a
próxima. Este sistema pode ser aplicado em todas as matérias do Step 1,
incluindo bioquímica, imunologia e etc que devem ser estudadas
separadamente. Farmacologia, anatomia, fisiologia e patologia devem ser
estudadas por bloco (isto é, ver toda a
farmacologia/anatomia/fisiologia/patologia do coração, depois a do
pulmão, depois a de endócrino, etc).

Quando completei todas as matérias do ciclo básico pelo sistema acima


(o que levou por volta de 6-7 meses), passei para a segunda fase da
preparação. Nesta segunda fase, foquei apenas na revisão do que eu
havia aprendido na primeira fase. Meu objetivo informal era que nada
completamente novo em termos de conteúdo aparecesse neste período.
Assim, larguei todos os métodos passivos de estudo e foquei apenas nos
métodos ativos. Aqui, iniciei o uso do Anki. O Anki é um aplicativo que
gerencia decks de flashcards. Você pode tanto utilizar decks preparados
por outras pessoas ou criar seus próprios flashcards. Na minha preparação,
fiz uso do Brosencephalon, que foi o pioneiro neste tipo de material para
o Step 1. Hoje existem outros mais atualizados, como o Lightyear, Zanki e
AnKing. Mais do que as questões, usar o Anki é a parte mais dolorosa da
preparação ao meu ver. Adicionar 80 novos cards por dia e mais 350
revisões dos dias anteriores é muito pesado e uma tarefa sisifiana. No
entanto, é uma excelente forma de reter o conteúdo. Eu utilizei tanto para
o Step 1 e para o Step 2 CK, acumulando mais de 150 mil revisões no
total. Isso foi o suficiente para eu nunca mais utilizar Anki na minha vida, mas
acredito que o investimento de sangue, suor e lágrimas tenha valido a
pena. Não fiz uso do Anki na primeira fase porque eu acredito que não é
possível revisar aquilo que não se viu uma primeira vez. Eu até tentei, mas o
Anki não é o lugar certo para ser introduzido a um conteúdo.

Juntamente com o Anki, fiz muitas questões. Para notas acima de 260
(relevante agora para o Step 2 CK), acho que as chances aumentam
muito quando se faz três bancos. Além do USMLERx na primeira fase,
completei o Kaplan Qbank e o UWorld na segunda fase. Hoje existe o
Amboss, que poderia ser usado para substituir o Kaplan. O UWorld acaba
sendo o padrão ouro para responder questões, mas o Amboss tem uma
biblioteca de conteúdo de excelente qualidade (estou usando para o
Step 3) que pode adicionar bastante na sua preparação.

Também acho importante fazer questões da mesma maneira que a prova


cobra. Jogo é jogo e treino é treino, mas fazer o treino ficar ao menos
parecido com o jogo ajuda bastante. Assim, completei tanto o Kaplan
quanto o UWorld na modalidade random timed, sempre 40 questões por
bloco. Com a experiência, você acaba ganhando uma heurística muito
boa sobre quanto tempo você pode gastar em cada questão, e
gerenciamento de tempo é uma das características mais importantes para
se ter sucesso. Outra coisa que ajuda é sempre ler primeiro a última linha
da questão e as alternativas para saber o que está sendo perguntado.
Muitas perguntas não vão cobrar o diagnóstico de um paciente ou a
droga que deve ser utilizada, mas sim o mecanismo de ação do
medicamento ou o gene envolvido. Então se você sabe o que a pergunta
quer, você ganha tempo para focar no que é importante.

Outras dicas são fazer uso da ferramenta de highlight, porque facilita para
reler rapidamente os pontos principais de uma questão antes de marcar a
resposta, e também fazer um esforço para decorar os valores de
normalidade dos exames. Com o tempo você acaba tendo uma noção
boa do que é normal e não precisa perder tempo checando a referência.
Além disso, eu recomendo que se leia todas as explicações de todas as
perguntas, mesmo que seja uma coisa repetida. A repetição ajuda na
fixação. Finalmente, é importante focar sempre nos princípios básicos que
ajudam a resolver várias questões. Estes são os pontos mais high-yield que
existem. Um bom conhecimento de fisiologia e farmacologia é algo que vai
te garantir muitos acertos, porque estes princípios se repetem de diferentes
maneiras e é o seu papel saber manipulá-los para chegar à resposta que
o examinador deseja.

Não sei se tem muito mais o que eu possa falar. Para se ter sucesso em
qualquer coisa na vida, deve-se investir o tempo e o esforço com um
comprometimento inabalável com a excelência. Se você tem o desejo de
ser excelente acima de qualquer outra coisa e não cortar caminho, você
vai se dar bem. Isto vale para o USMLE também. Quanto mais
independente você for, maior a chance de você conseguir um resultado
como eu consegui. Não espere as coisas mastigadas ou que alguém te
venda um segredo. Não existe segredo nenhum. Os USMLEs não são o
tipo de problema que você pode simplesmente jogar dinheiro nele para
resolver. Cada pontinho nessas provas vale ouro. Boa sorte e tudo de bom
no seu caminho!
Por Laila Folchini

Depois de formado, o primeiro desafio é voltar ao ritmo de estudos. E mais


difícil ainda, alcançar o ritmo de estudos que o step 1 exige, Para isso o
mais importante é primeiramente organizar o seu cronograma e entender
que tudo valerá a pena no final. Você talvez queira desistir do processo
algumas vezes durante essa caminhada. Mas novamente repito: Tudo
valerá a pena!
Dê atenção ao step 1 antes de tudo. Não menospreze essa etapa de
forma alguma. Se você estiver preocupado com observership ou formas de
melhorar seu currículo nesse momento, existe a chance de você estar
menosprezando o step 1. Esse step exigirá 100% de dedicação. Depois
do step 1 você faz todo resto. Esse gap de tempo dedicado somente ao
step 1 depois de formado, ou red flag, é comum entre todos os IMGs
(International Medical Graduate – médicos de fora dos EUA).
Para iniciar a desenhar seu cronograma você primeiro irá definir então o
seu material de estudo. Para isso leia diferentes depoimentos de colegas.
Uma sugestão seria fazer um bloco de questões do UWorld 8AM-9AM
(timed e random), revisão e formação de ANKI/flashcards até 12PM.
Estudo de um sistema pelo livro First Aid de 1PM até 4PM, comece pelo
sistema mais fácil pra você. De 5PM a 7PM escolha revisão de duas
matérias que exigem memorização e que você terá que estudar
constantemente independente do sistema que está revisando naquela
semana. Por exemplo, uma hora microbiologia e uma hora farmacologia.
Por fim, às 8pm você faz uma hora de revisão de Anki/flashcards.
Há vídeos que auxiliam a parte de memorização. Porém, não há
necessidade de assistir vídeo aulas. Nem para melhora do seu inglês. O
próprio treinamento com resolução de questões te ensinará muito sobre
inglês. Assista apenas aulas em vídeo quando você encontra dificuldade
em compreender a matéria usando somente a leitura do First Aid e a
revisão de questões.
Por Matheus Simonato
Experiência – Step 2 CK
Nota: 276

Estou feliz de poder compartilhar minha experiência de estudos para o


Step 2 CK. No meu entender, uma experiência sobre o Step 2 tem um
pouco menos de valor que a sobre o Step 1 para as outras pessoas. O
aluno que está fazendo o CK já passou pelo martírio do 1 e
provavelmente já aprendeu sobre como estudar com o enfoque
americano. De qualquer forma, o CK tem suas particularidades que podem
deixar qualquer um perdido. Vou começar falando justamente sobre elas.

A minha ideia em relação ao CK foi que eu teria de aprender a matéria


do internato de alguma forma. O mais conveniente seria adquirir esse
conhecimento, obrigatório para formação do médico, de uma maneira
que fosse adequada para ter um bom desempenho no segundo board. A
linha geral é ter uma formação generalista com um working knowledge em
todas as áreas de especialização cobradas na prova.

Eu achei o preparo para o Step 2 CK mais difícil, em alguns aspectos, do


que o preparo para o Step 1. O primeiro motivo foi devido à restrição de
tempo. Eu iniciei os meus estudos para o CK durante o internato, o que é
algo certamente mais desafiador do que estudar durante os outros anos
da faculdade. A minha faculdade é menos exigente no quinto ano, em
comparação ao sexto, No sexto, o período que temos de passar no
hospital é relativamente longo. Em geral, eu chegava mais tarde em casa e
costumava estar mais cansado. Além disso, não existiam tantos momentos
no dia com tranquilidade o suficiente para se estudar. Há mais
flexibilidade para faltas durante os primeiros anos de faculdade,
diferentemente dos últimos dois. Minha preparação para o CK demorou
efetivamente mais do que a do Step 1 justamente por esse motivo: 17
meses para o CK versus 10 meses (com 5 ou 6 meses iniciais de
adaptação de estudos) para o Step 1.
O segundo motivo é algo que muita gente reclama e, acredito eu, com
razão. Os materiais para o CK simplesmente não são tão bons quanto os
do Step 1. A realidade é que o grande gargalo dos USMLEs é o Step 1 e
é nessa prova que as empresas investem a maior parte do seu esforço de
board review. A maior parte do esforço das pessoas está lá e muitos
acham que o CK não merece tanta dedicação. Para o pessoal mais
velho, com mais experiência clínica, eu concordo. No meu caso, e no caso
de quem é estudante sem experiência, o CK exige tanto esforço quanto
ou até mais.

Aqui vale um adendo: a média do CK sobe bastante em relação ao Step


1. Numericamente, você tem que pontuar 10 pontos a mais no CK para ter
o mesmo percentil que no Step 1. Até onde eu sei, os programas de
residência esperam um aumento, ao menos numérico absoluto, na sua nota
em relação ao Step 1. É uma oportunidade também para quem não teve
uma nota tão boa na primeira prova de se recuperar. Vários programas se
atentam a isso.

Portanto, decidir o método de estudo foi algo mais complicado. O Step 2


não tem um gold standard para preparação como tem o Step 1 no First
Aid. A maior parte dos americanos sugere ir bem nos shelves (provas feitas
pelo NBME que são administradas no final de cada estágio), mas como
não passamos por essas provas isto acaba não sendo uma opção.

Usei então uma série de materiais até encontrar o que foi melhor para mim.
Assim como no Step 1, dividi o meu estudo em duas fases: uma fase inicial
de aprendizado, quando tive uma primeira exposição à matéria, e uma
fase final de revisão e preparação efetiva para a prova. Eu acho que
essa é a forma mais efetiva de se ter sucesso e reduzir ao máximo o número
de gaps no seu conhecimento (inevitável que se tenham alguns muitos, mas
quanto menos melhor).

A fase inicial foi de março até outubro/novembro de 2017. Depois que


acabei o Step 1 em outubro de 2016, fiquei cinco meses sem estudar
para recuperar as sinapses. Foi a melhor coisa para apaziguar a
ansiedade de começar um novo ciclo de estudos. O princípio geral desta
primeira fase de estudos foi ler a matéria pela primeira vez em algum tipo
de textbook/review book e fazer questões ao final da leitura. Entendendo
a matéria pela primeira vez, é muito mais garantido que a fase de revisão
será efetiva.

Usei os seguintes materiais, por estágio:

· ObGyn - Case Files for Obstetrics and Gynecology: é um livro de


560 páginas que dá casos clínicos e faz sua discussão a partir desses
casos. É uma opção excelente para quem não tem lá grande afinco por
esta área da medicina, como é o meu caso. Se eu não me engano, eu li
este livro inteiro ou quase inteiro durante o meu estágio de obstetrícia no
início de 2017. Ele não é tão aprofundado quanto o Blueprints (que é
insuportável), então fica a recomendação.

· Peds - First Aid for Step 2 CK: achei o First Aid do Step 2 um livro muito
melhor que o do Step 1 pro aprendizado geral. O texto é curto, mas
corrido, o que facilita bastante. Não li esse livro inteiro, só o capítulo de
Pediatria e gostei bastante. Foi a única fonte que usei para Peds, que
também não é minha especialidade favorita. Este livro não é uma
unanimidade e, por sinal, muita gente odeia

Tem um viés no meu caso, que foram os estágios de pediatria da minha


faculdade. Foram muito bons e altamente high yield (acho que acertei
umas três ou quatro questões da prova por coisas que havia aprendido
durante os estágios e que não estão em lugar nenhum). Fica aí o meu
abraço e consideração aos amigos da Pediatria da Escola Paulista de
Medicina.

Uma recomendação adicional é decorar o calendário vacinal americano.


Ele é mais fácil que o brasileiro e não muda todo ano. Caiu na minha
prova uma questão que ficava muito mais fácil se você simplesmente
soubesse o calendário. Já esqueci, graças a Deus.

· IM – Step Up to Medicine: a melhor fonte disparada para IM no Step 2.


Li inteiro também ao longo do quinto ano. É relativamente atualizado e
tem o nível de detalhe adequado para um bom interno (se é que isso
existe). O livro também tem um capítulo excepcional de medicina de família
que trata sobre prescrição de estatinas, protocolos de screening, e outras
coisas que despencam no CK. 5 estrelas e vale o investimento de tempo
em sua leitura.
· Surgery – Surgery: A Case Based Clinical Review (De Virgilio): minha
adaptação com cirurgia foi um pouco mais traumática. Todas as outras
fontes são muito ruins nesta matéria. Muitos alunos usam um livro de revisão
de um autor chamado Pestana, mas eu pessoalmente não gostei por ser
meio corrido e sem nenhum detalhe para ajudar a entender o contexto.
Comecei a ler o De Virgilio durante a minha fase de revisão, por perceber
minha fraqueza nessa área específica. O livro é sensacional. Li os primeiros
quarenta e pouco capítulos (acabei não lendo a parte de trauma, mais
por falta de tempo mesmo). Ele começa com um caso clínico, e depois o
destrincha em detalhes. Chega até a trazer algumas áreas controversas
sobre o manejo. É bem atualizado. Também valeu o tempo investido. A
desvantagem é que é um livro bem longo, mas Surgery foi minha nota mais
alta tanto na prova quanto no UWorld (junto com IM), em grande parte
devido a este livro.

· Psych: Fui no conhecimento de mundo mesmo. É essencialmente a mesma


coisa do Step 1. Eu já tinha bastante familiaridade com Psych desde a
primeira prova, então foi algo que eu praticamente não estudei além das
questões de revisão. No Step 1, usei o First Aid for the Psychiatry Clerkship e
achei aproveitável. A versão mais nova já está atualizada para o DSM-V.

· Geral – OnlineMedEd: sou fã de carteirinha do Dr. Dustyn Williams. Assisti


o OME inteiro e acho que ajuda demais na hora de estabelecer um
framework para entender a matéria. Lembro daquela linda e reluzente
careca suavemente me dizendo o que fazer sempre que preciso pensar
sobre os diagnósticos diferenciais de uma hiponatremia. Tenho certeza
que você também vai se lembrar com muito carinho.

· ACLS: Graças aos esforços valorosos dos professores da Escola, ainda


temos garantido o ACLS para todos os nossos alunos. Ajuda demais pra
responder as questões de arritmia e saber quando ir pro farmacológico e
quando ir pro choque. Nem todas as faculdades oferecem o curso. Se
puder fazer antes da prova, recomendo que o faça. Fica aqui também a
minha apreciação aos docentes da Escola.

· Questões – USMLERx: como em time que está ganhando não se mexe,


usei a mesma sequência de bancos de questão do Step 1. Fiz o Rx entre
março e novembro de 2017 por matéria (subject) com tempo. Fazia
blocos de 40 questões para já me acostumar com o tempo. É um Qbank
bem fraquinho, tem bastante coisa errada e inconsistente. Recomendo
mesmo assim para ir se adaptando e já pegando o que é essencial de se
saber na primeira fase de aprendizado.

Comecei a segunda fase de estudo na transição entre o quinto e sexto


ano. Meu plano foi realizar o Kaplan em três meses e o UWorld também em
três meses. Acabou demorando um pouco mais do que isso, mas nada que
prejudicasse o processo. Além disso, também utilizei o Anki.

· Kaplan Qbank: de longe, o Qbank mais estupidamente difícil que existe.


Bem pior que o UWorld e o Kaplan do Step 1. Valeu pela experiência de
fazer mais questões, mas era extremamente frustrante pelos detalhes que
eram cobrados nas questões, além das doenças extremamente raras. No
entanto, havia uma pérola aqui e acolá. Vale a pena fazer se você tiver
tempo e tiver se planejado para fazê-lo. Na minha prova, tive algumas
questões sem noção cuja resposta estava no Kaplan. Foi produtivo, então.

· UWorld: Como de costume, é o padrão ouro em termos de questões de


USMLE. Muitas questões do UW caíram quase que verbatim na prova. Eu fiz
uma vez só. Não vejo necessidade de fazer uma nova passagem,
principalmente se você completou os outros bancos. Recomendo que se
leia todas as explicações, mesmo as que você acertou. Eu demorava
entre 3 e 4 horas para ler as explicações de um bloco de 40 questões.
Contratei 6 meses e usei por 4. Fiz tanto o Kaplan quanto o UWorld na
modalidade random timed. É a melhor forma de se preparar, já que a
prova é toda misturada mesmo e você nunca tem toda a certeza sobre
qual matéria está sendo cobrada em cada questão.

· Anki: Continua uma ferramenta excepcional para a preparação. Usei


decks prontos, como havia feito para o Step 1. Combinei o deck do
Brosencephalon (tem aproximadamente metade do número de cards do
equivalente do Step 1) com um outro que achei no Reddit com
informações do De Virgilio para cirurgia. Além disso, criei meus próprios
cards. Recomendo adicionar cards com as recomendações A e B do
USPSTF e com o calendário vacinal americano. Também adicionei cards
com questões erradas ou nas que tinha dúvida. O Anki foi, de longe, a
parte mais difícil da preparação do Step 1 e do CK. É uma tortura. Você
tem que se submeter àquilo todos os dias para funcionar. Mas o seu
esforço não será em vão e funciona muito bem.

Como disse anteriormente, achei o CK mais difícil que o Step 1 em muitos


sentidos. A preparação é mais complexa e exige mais senso crítico. No
Step 1, o que o Pathoma/UW/FA falam é a lei. No Step 2, ninguém sabe
direito o que cai. Precisa-se de um pouco de feeling pra saber o que vale
gastar tempo estudando. É meio que sem limite o nível de detalhe que
algumas questões buscam. Você tem só que aceitar esse fato da vida e
dar o seu melhor.

Algumas pessoas recomendam utilizar o UpToDate na preparação. Eu


acho que nem sempre ajuda. UTD é bem prolixo e vai em muito detalhe.
Nem sempre o NBME está sabendo sobre o último trial que você
encontrou lá. Eu usei muito pouco e não sei se acrescenta muito na
preparação. Nível de evidência D, então cada um faz o que quer.

A prova é uma maratona. Foram precisamente 8 horas e 53 minutos. Tive


316 questões, com dois blocos de 38 questões e seis com 40. Foi uma
prova desafiadora, com várias questões dificílimas. No entanto, o nível
geral é consistente com o que se aprende no UW. Não tive nenhum
grande desespero e só tive um bloco que achei particularmente difícil. Os
outros estavam alinhados com o que estava esperando.

Já vi muita gente reclamando sobre tempo limitado para ler as questões. Eu


não tive dificuldade, com exceção de um bloco em que terminei em cima
da hora. Os outros terminei com 3 a 5 minutos de vantagem. Dou crédito a
ter sempre feito questões na modalidade timed. Acho essencial ter quase
que um arco reflexo para saber quando se está demorando demais em
uma questão. Não dá tempo de fazer uma pausa entre todos os blocos,
como dava no Step 1. Eu tive de fazer um bloco seguido do outro por
causa da demora do processo de sair e entrar na sala (assinar papel,
passar digital, mostrar passaporte, ser revistado, etc).

Além disso, o CK tem duas modalidades especiais de questões que não


existem no Step 1: questões de abstract e questões de drug advertisement.
As questões de abstract têm um, veja só, abstract de algum paper famoso
de um bom journal. Em geral, as questões estão relacionadas com a
aplicação de uma pesquisa na vida real (mais precisamente, se você
deve aplicar ou não aquele achado ao paciente que está na sua frente).
O UW tem pouquíssimas questões de abstract. Vale a pena se familiarizar
com o formato nas Free 120s.

A outra modalidade de questão é a de propaganda. Propaganda de


remédio é um elemento tragicômico da cultura americana. Entre um
episódio e outro de The Office, você pode ser facilmente surpreendido
com uma propaganda do mais novo blá-blá-blá zumab contra doença
de Crohn (Ask your doctor if Zazizezumab is right for you). É algo do dia a
dia mesmo. A prova tem questões com propagandas simuladas de
remédios, exigindo a interpretação de intervalos de confiança, critérios de
inclusão e exclusão e aplicabilidade do que é dito na propaganda em
um caso clínico. São questões bem interessantes, com um bom número no
UW.

Os blocos com questões de abstract ou propaganda são mais curtos,


com 38 questões apenas, para dar tempo de ler tudo. Ambas as
modalidades especiais de questões favorecem quem tem um background
de pesquisa e estatística. Se você tem, sua vida fica mais tranquila. Se não
tem, também não é o fim do mundo.

Em relação aos simulados, é de conhecimento geral que os NBMEs não


são preditivos e têm questões bizarras. Visando economizar na
preparação, acabei fazendo apenas os dois UWSAs. Dá pra comprá-los
com um desconto junto com a compra do UW. O UWSA 1 acertou a nota
da minha prova.

Concluindo, a preparação e o Step 2 CK não são brincadeira. É uma


prova exigente, mas justa. Acho que estou saindo do meu internato com
uma formação bastante completa graças a essa prova.

Estou à disposição para responder dúvidas de preparação.

Stats:
· USMLE-Rx: 86% (se eu me lembro corretamente, timed by subject)
· Kaplan Qbank: 78% (random, timed)
· UWorld: 88.8% (random, timed)
· UWSA 1: 276
· UWSA 2: 273
· Free 120: 90%
Por Mariana Gromisch
Tive uma estratégia de estudos um pouco diferente e só encontrei um
depoimento aqui no grupo de alguém que fez algo semelhante, então
espero que minha experiência ajude alguém que esteja pensando em
fazer o step 2ck antes do step 1.

Materiais de estudo:
1) Recurso número 1: UWorld 2 vezes + repasse nas erradas. First
Pass 70%. Second 87%
2) OnlineMeded notes (Psychiatry and ObGyn)
3) Vídeos aleatórios no YouTube de algum assunto que eu estava
boiando
4) Flashcards Anki (Zanki - link pra baixar
https://www.reddit.com/r/medicalschoolanki/comments/8g27fp/zanki_st
ep_2/)
5) Reddit: r/medicalschool
6) Zanking – Youtube
7) AMBOSS (1 vez, sem refazer as erradas) 80% (esse bank é bem
mais difícil que UW)

Por que eu estudei pro Step 2ck antes?

Primeiro: Eu já era médica. Me formei em 2017, e achei que meu


conhecimento de clínica e experiência de trabalho poderiam me ajudar
com o Step 2ck.
Segundo: Em 2016 eu comecei a estudar pro step 1 durante as minhas
férias (ganhei o First Aid 2015 de Natal do meu namorado) e achei que
poderia fazer a prova logo, porém não tive como comprar os outros
materiais de estudo (aka: aulas, UWorld) e não tive como pagar a prova.
Estudei por um mês mais ou menos num ritmo bem lento e desisti por
questões financeiras e porque achei tudo MUITO difícil. Não acreditei na
minha capacidade! (lição: SEMPRE acreditem em vocês!)
Terceiro: Eu tinha um apego muito grande a concepção de que eu
TINHA que fazer cursinho pra passar nessa prova, e fui adiando pra
situação ideal chegar (ela nunca chega, já vou te adiantando).
Pensei “Vou me formar e trabalhar um monte pra poder fazer o KAPLAN em
NY e só assim vou conseguir ir bem nessa prova”. Eu tinha feito 2 anos de
cursinho pra passar no vestibular de medicina da UFMS e não me
considerava uma super autodidata.
Conhecia 2 pessoas da minha faculdade que tinham feito os Steps e
entrado na residência nos EUA e os 2 tinham feito Kaplan. Pensei “Se ele
fez, eu também tenho que fazer” (lição: não se compare a ninguém, nem a
mim! Cada um tem sua trajetória.)
Quarto: Sabia que eu tinha muito a aprender sobre técnicas de estudo e
que eu iria errar muito até acertar, então eu decidi começar pelo Step
que eu achava melhor, 2ck, porque não tinha bioquímica (meu pesadelo).

O que eu fiz?

Trabalhei MUITO no Brasil por um ano e meio. Morei com uma tia pra
poder economizar com aluguel, etc e guardei o máximo de dinheiro que
consegui (dei uma gastada boa também com férias e tal porque mereço
né, e minha tia Eliane sempre me apoiou nisso). (lição: Cerque-se de
pessoas que querem o seu sucesso e o seu bem. Esse processo não é fácil,
o que você menos precisa é ouvir críticas de quem no fundo deseja que
você desista.)
Mudei pros EUA pra casar com meu gringo magia (te ensino como
conquistar o seu no meu Instagram) e continuei participando em uma
pesquisa voluntaria que me rendeu publicação de 2 artigos científicos.
Fiquei me debatendo um tempão se eu deveria ou não fazer essas provas
mesmo, se não era melhor ser dona-de-casa e mãe (foi o que mais ouvi) e
percebi que eu não ia ser feliz assim. Tive que superar todos os meus
MEDOS e decidi encarar essas provas.

Tempo de Estudo: 6 meses + 3 meses de remarcações e cancelamentos


devido ao COVID-19.

Como estudei?

- Decidi não usar livro NENHUM porque sempre ouvi dizer que o melhor
método de estudos era o UWorld.
- UWORLD: comecei a passos lentos de tartaruga, era um sofrimento pra
fazer 10 questões por dia. Aos poucos consegui ir aumentando o número
de questões por dia e aprendendo mais e mais.
Fiz a primeira passada no modo TUTOR/UNTIMED por MATÉRIA.
Por quê? Achei muito bom já saber de cara qual era a resposta e lembrar
o raciocínio que usei pra responder aquela questão. Se você não sabe
nada de nada, não compensa fazer MIXED/TIMED. No começo você está
aprendendo ainda e o UW é uma ferramenta de aprendizado e não de
assessment.
Foi tombo atrás de tombo, choro atrás de choro, e aos poucos fui
progredindo.
Ordem de matérias: Cardiology, OBGyn, Psychiatry, Pediatrics, Neurology,
Surgery, restante de Internal Medicine (por matéria). – Hoje faria diferente:
começaria por todas de IM, depois Neurology, Peds, ObGyn, Surgery.

- Flashcards: Fui fazendo flashcards a mão até que descobri o


maravilhoso/perfeito/sem defeitos ANKI. Façam ele desde o começo!
Baixem um deck pronto no reddit – já comecem a seguir o subreddit
r/medicalschool e leiam TUDO. Tem muita dica valiosa por lá.
Baixei os flashcards do Zanki e fui fazendo por matéria como eu estava
fazendo no UW.
Fazia uma média de 100 novos por dia e as reviews.
P.S.: tiveram muitos dias que eu não fiz os cards acumulados e daí virou
uma confusão e super overwhelming manter os cards em dia, então parti
pra outra estratégia.
Aprendi a filtrar meus cards e fazer só de coisa que eu estava errando, ao
invés de fazer de absolutamente tudo do Zanki.
- Assistam a TODOS os vídeos do Zanking no Youtube e aprendam a
fazer seus cards e todas as técnicas de estudo que ele ensina lá.

- Self-assessments:

Dez/ 2019 UWSA1: 246 – me senti A FODA (3 meses de estudos intensos


media 8h/dia, tinha terminado a primeira passada no UW e as incorretas),
fui lá e marquei a prova pra janeiro. Pensei “vou resetar o UW, revisar em um
mês e daí vai ser suficiente para subir mais 10 pontos” (que iludida!) que
era meu objetivo tirar > 250.
Janeiro/2020 UWSA2: 222 – CHOREI/ MORRI/ Pensei em largar TUDO.
Precisei pedir extension do meu Eligibility period (Dez-Feb) porque vi que
talvez precisasse fazer a prova em março.
Me recompus e pedi opinião de um monte de gente daqui e me falaram
pra ler o arquivo do UWNotes (um ser humano que merece ser
canonizado fez um documento de mais de 1000 páginas com todo o
conteúdo do UW escrito). Não tenho mais esse arquivo, mas deve ter no
reddit.
Augusto me indicou o Board Basics (livro que o pessoal usa pra estudar
pra prova de Boards de Internal Medicine), e parece ser ótimo!
Porém, eu não consegui ler esse arquivo e nem o livro.
Aí veio a minha salvação: me dedicar muito aos Flashcards! O criador do
ANKI também merece ser canonizado. (lição: Encontre qual o melhor
método de estudos para VOCÊ, e não do seu amigo, vizinho, parente.)
Fevereiro/2020 NBME 6: 224 – CHOREI/MORRI/Pensei em largar TUDO.
(já deu pra perceber que eu sou exagerada, né?!) Joguei os livros pra
cima, mas voltei lá rapidinho pra catar.
Não tinha mais dinheiro, não sabia mais o que fazer… Ai continuei com os
Flashcards e fé em Deus.
Fevereiro/2020 (3 semanas depois mais ou menos) – NBME 7: 237 (já
fiquei mais feliz um pouco) Planejei terminar a segunda passada do UW e
já fazer a prova, estava só esperando receber a extensão do meu
Eligibility Period. Eu já tinha uma viagem programada para NY pro meu
aniversário em março e queria fazer a prova antes da viagem.
01/Março/2020 – NBME 8: 238 Fiquei super chateada, mas pelo menos
não chorei. Achei que tinha dado o meu melhor e a nota ia ser da
vontade de Deus. Encontrei uma tabela no Reddit que converte a nota
esperada da prova em comparação com os seus NBME e tinha dado
que eu ia tirar >250. Então fiquei confiante e marquei a prova para a
primeira data que tinha - dia 17 de março, em outro Estado a 3h de
viagem de carro de onde eu moro. Teria que ser depois do meu
aniversário, mas já não aguentava mais estudar mesmo. Fui viajar feliz.
12 de março – meu aniversário (por favor, não se esqueçam de vir me
dar parabéns nesse dia – amo meu aniversário). Estava em NY sem saber
que estávamos no meio de uma PANDEMIA, foi anunciado bem nesse dia.
Eu estava totalmente alienada das notícias do mundo, só focada em steps
que nem sabia nada de Coronavírus.
15 de marco – Free 120: 88%

Viajei no dia seguinte para fazer a prova. Dormi super mal a noite, tive
insônia, foi horrível. Acordei, tomei um coquetel de remédio para prevenir
dor, diarreia, cólica, náusea. Preparei minhas comidinhas e fui pra fazer a
prova. Chego lá encontro um Cartaz na Porta “CLOSED”.
Recebi um e-mail do Prometric na noite anterior, quando eu já estava
dormindo, informando que a prova tinha sido cancelada por conta da
pandemia.
CHOREI nas 3 horas de viagem de volta pra casa falando pro meu marido
que eu não aguentava mais. Mas como tudo que tá ruim tem sim como
piorar eu fui infectada com Coronavírus. Fiquei uma semana de cama com
febre, dor no corpo, e 2 meses tossindo. Até hoje ainda tenho dispneia
aos esforços...

Pra resumir a tragédia: Minha prova foi cancelada e remarcada 5 VEZES!


Todas as vezes quase sem aviso prévio. Foram 3 meses nessa. Eu
começava um novo dedicated, recebia e-mail que foi cancelado de
novo. Quase surtei. Tive BURN OUT. Precisei fazer terapia e tratamento
médico para ansiedade devido a tudo isso.
Mandei e-mail pro AMBOSS me inscrevendo pro scholarship que eles
estavam oferecendo e ganhei acesso ao Question Bank deles por 3
meses. Consegui fazer uma passada só sem refazer as erradas.
Refiz o UWSA2 – 292 (que foi meu pior pesadelo) pra ver se eu aprendi
mesmo a matéria e se eu lembrava de alguma coisa – lembrava sim de
algumas questões, e outras eu não lembrava, mas percebi que aprendi
mesmo o conteúdo.
NBME 7 279 – refiz também esse porque já fazia quase 6 meses que eu
tinha feito
Junho 2020 – marquei a prova, foi cancelada 3 dias antes, mandei e-mail
pro Prometric falando que não tinha condição nenhuma mais de esperar e
eles conseguiram manter minha prova. (lição: às vezes dar de louca resolve
seus problemas)
Uma pessoa me falou algo e, então, não consegui dormir a noite…tive
pesadelos, foi horrível. Nem sei quantas horas eu consegui dormir aquela
noite, mas foi bem pouco porque tive MUITA NÁUSEA durante as primeiras
5 horas de prova, tendo que usar máscara o tempo todo. Eu só queria
terminar logo às 9h de prova. Eu acabava todos os blocos com 10min de
antecedência e acrescentava aquele tempo aos meus intervalos pra eu
conseguir descansar mais, então acabei tendo 1:30h de intervalo ao invés
de 1h.

Sai da prova sentindo que tinha ido bem, mas sem ter uma boa noção
porque eu tinha passado muito mal na prova.
Resultado: 257.

Tudo fica de lição! E eu aprendi tanto esse ano. Me ferrei tanto nessa vida
que se eu contar cada coisa que eu já passei da até pra escrever um
livro.
Abri meu IG pessoal e conto lá um pouco das lições que aprendi, dicas
de estudos, como ser mais produtiva e como conquistar o gringo dos seus
sonhos pra não perder o bom humor. Lá vocês vão escutar umas verdades
que precisam para encarar a vida de cabeça erguida (aka Chicoaching
= chicote + coaching) e nunca desistirem dos seus sonhos!
Por Rafaella Litvin
Por Ana David

Então você chegou até aqui!


What a journey!
Agora, com o seu ECFMG certificate em mãos, você finalmente poderá
fazer o step 3 e dizer ADEUS às provas do USMLE.

O Step 3 é necessário para que o profissional possa ter uma licença


médica sem restrições (unrestricted medical license) e poder atuar de forma
autônoma após a residência.
Além disso, o Step 3 é um dos critérios de elegibilidade para quem precisa
do visto H1-B.

Quem pode fazer?


American Medical Graduates (AMGs) após conclusão da Medical School
e International Medical Graduates (IMGs) após receberem ECFMG
certificate.

Quando fazer?
Embora o step 3 não seja necessário para o match, alguns programas
podem valorizar o feitio dessa prova para seleção de International
Medical Graduates - IMGs. O Programa de Psiquiatria da UMass em
Worcester-MA, por exemplo, especifica em seu website que só aceita
applications de IMGs que já tenham feito o Step 3, mesmo se não
precisarem de visto H1-B.
Por outro lado, durante a residência, você irá acumular experiência e
prática médica que podem facilitar seu desempenho na prova, caso
prefira fazê-la depois.
A decisão é pessoal e depende da sua disponibilidade e motivação,
porém muitos programas orientam que o Step 3 seja feito no final do
primeiro ano de residência e muitos estados exigem que ele seja feito
antes do terceiro ano de residência.

Onde fazer?
O Step 3 só poderá ser realizado nos Prometrics dos Estados Unidos.
Estrutura da prova
A prova é realizada em dois dias, os quais você pode agendar com o
intervalo de sua escolha. Há pessoas que preferem fazer em dias seguidos
(back-to-back), porém o senso comum é você colocar pelo menos um dia
de descanso entre as provas.
O primeiro dia de prova é similar aos outros steps, com 6 blocos com 38-
39 questões/60 minutos, totalizando, com intervalos, 7 horas de prova . No
segundo dia, além das questões de múltipla escolha (6 blocos com 30
questões/45 minutos), você fará também 13 Computer based case
simulation (CCS cases), totalizando, com intervalos, 9 horas de prova.
Qual a nota de passe?
O “passing score” do Step 3 é 198.

A nota do Step 3 é importante?


A resposta mais simples é: Não! A tendência é pensar no step 3 em termos
de pass x fail. Dito isso, há quem diga que um bom score no step 3 possa
ser um diferencial para aqueles que queiram aplicar para fellowship.

Quanto tempo devo me preparar?


Esse é mais um quesito peculiar dessa prova. O tempo de preparação vai
depender da sua disponibilidade e o momento em que você irá fazer a
prova. Se fizer durante a residência, provavelmente você não irá estudar
mais do que 1 mês. Como dito antes, você contará com sua experiência
do dia a dia e focará seus estudos em áreas deficientes e prática de
questões e CCS cases. Porém, caso decida fazer a prova antes da
residência começar e caso tenha mais tempo, não será necessário mais do
que 3 meses de estudo.

Quais materiais devo usar?


Mais uma vez o question bank do Uworld é item indispensável para sua
preparação. Uma passada no bank é suficiente e muitos candidatos até
não completam a primeira passada.
Há quem goste, como eu, de usar um livro de base para revisar teoria. Não
há um consenso sobre o livro ideal, mas algumas opções seriam: Master the
Boards (Dr. Conrad Fisher), First Aid for Step 3, Quick Review do Online
MedEd, White Coat Companion.
Já para a preparação para o CCS, é aconselhável que você adquira um
simulador para o CCS cases (https://www.ccscases.com/). Esse simulador
oferece um score após a realização de cada caso, fornecendo um
feedback mais personalizado do que o genérico do UW.

Sugestão de cronograma de estudos – 2 meses


Por Mariana Gromisch

Onde? Prometric
Eles oferecem lápis, papel e fone de ouvido com isolamento de som que
não é tão bom assim.

O que levar?
Lanches e Almoço
Casaco sem bolsos
Calça sem bolsos
Roupa confortável
Tampão de ouvido para isolar som
Passaporte
Scheduling Permit

Preparo Mental:
Higiene do sono no mínimo uma semana antes da prova. Durma e acorde
no mesmo horário e comece a fazer questões pela manhã no horário que
começa sua prova. Um dia antes da prova descanse e não estude!
Acorde bem cedo (2 horas antes do horário de costume) e faça um
exercício físico para você ficar fisicamente cansada. Saia para passear.
Volte para casa cedo e arrume sua mochila com todos os documentos,
lanches e água.

Durante a prova, lembre-se que 2 blocos são experimentais! Então se você


encontrar uma questão não tem ideia da resposta, nem estresse com isso
porque pode ser experimental. Finja que tudo que você não sabe é
experimental, marque e vá para a próxima questão.

Como fazer os intervalos?


Primeiro bloco
Intervalo in seat - 3 min
Segundo Bloco
Intervalo - 10 min
Terceiro Bloco
Intervalo - 5 min
Quarto Bloco
Intervalo - 20 min (almoço)
Quinto Bloco
5min
Sexto Bloco
10min
Sétimo Bloco
Por Mariana Gromisch

Você pode conhecer uma Very Important Person de várias formas:

1) Congressos
2) Curso presencial ou on-line ministrado por essa pessoa
3) Por algum professor da sua Universidade que tenha contatos sérios nos
EUA
4) Participando de reuniões do ClubHouse: sempre tem umas talks muito
legais por lá com um pessoal muito influente
5) Participando de Podcasts: CPSolvers (o preferido dos US-med students),
The Curbsiders, Cardionerds, The intern at Work. Essas são as mais
populares e você pode participar delas enviando e-mail pedindo pra
apresentar e discutir um caso clínico – essa é uma ótima chance de
impressionar um attending e já ganhar um contato forte ali.
6) LinkedIn: Muitos profissionais médicos que trabalham nos EUA têm seu
contato nessa plataforma. Às vezes acontecem reuniões por lá – uma
amiga minha entrou numa reunião por curiosidade e teve a sorte de
conhecer apenas um dos diretores da sociedade americana de
Gastrologia que ofereceu a ela uma oportunidade de pesquisa.

Se você não tiver nenhum desses privilégios vai ter que ser a base da
raça. Ou seja, mandando MUITOS e-mails solicitando essa oportunidade.

Se o mundo não abriu as portas pra você, você mesmo vai ter que fazer
isso e trabalhar muito para provar o seu valor. A sua motivação pessoal vai
ser sua melhor amiga nesse processo, mas já te adianto uma coisa: ser uma
pessoa esforçada é algo muito valorizado nos EUA é a razão principal de
eu ter chegado até aqui.

Adendo: Por Alana Almeida e Álvaro Teixeira

Sempre se apresente ao time quando chegar a algum lugar novo, seja


enfermaria, ambulatório ou bloco cirúrgico. Tenha em mente um “30-second
elevator pitch” (um exemplo
https://www.youtube.com/watch?v=Lb0Yz_5ZYzI), pois a qualquer momento
você pode encontrar alguém que te forneça alguma oportunidade.
Se apresente ao PD durante o observership: agende uma reunião e tenha
um CV atualizado e prepare uma resposta para “Tell me about yourself”. É
uma oportunidade para o programa já se familiarizar com você para ser
lembrado durante a interview season.
Por Matheus Simonato e Mariana Gromisch

Esta é uma das coisas mais perguntadas pelo pessoal que deseja fazer
residência fora e meu objetivo com este texto é dar uma luz em relação
aos motivos que levam as pessoas a fazer estágios clínicos (também
conhecidos como clerkships, ou clerks) nos Estados Unidos e o que se
deve fazer, em linha geral, para consegui-los.

Em primeiro lugar, qual o motivo para se fazer um eletivo nos Estados


Unidos? De início, a experiência educacional é muito valiosa. Você terá a
oportunidade de estagiar em algumas das instituições mais famosas e
reconhecidas do mundo. Estes estágios são muito práticos. A expectativa
é que o aluno se comporte o mais próximo de um residente quanto
possível. Você será responsável por tirar uma história, pedir exames,
interpretá-los, prescrever, pedir interconsultas, conversar com outras
especialidades, alterar seu plano de acordo com as novas informações
que vão sendo adquiridas, explicar seu plano para o paciente e familiares,
e assim por diante. Tudo obviamente é feito com supervisão, mas conforme
o seu attending percebe as suas capacidades, a tendência é que você
ganhe cada vez mais autonomia. É um grau de liberdade que não
estamos acostumados no Brasil e que possivelmente ajuda muito na
transição para a residência.

Também é uma oportunidade para você entender como funciona o


sistema médico americano. Você terá a chance de participar de uma
equipe realmente multidisciplinar, e também conviverá com profissionais que
ou não existem no Brasil ou com os quais temos pouca interação: nurse
practitioners/physician assistants, farmacêuticos, assistentes sociais,
capelania hospitalar, terapia ocupacional/fisioterapia, clinical assistants,
entre outros. Você usará prontuários eletrônicos 100% implantados, o que
te permite ter acesso a praticamente toda a documentação disponível
sobre o seu paciente (adeus a ter de ler hieróglifo em prontuário de
papel).

Finalmente, os estágios clínicos são um dos grandes requisitos para se


obter uma vaga de residência nos Estados Unidos. Através de
experiências práticas é que se obtêm as cartas de recomendação,
provavelmente a coisa mais importante nesse processo todo. Não estou
dizendo aqui que clerkships são obrigatórios para matchear (todos os
anos pessoas "matcheiam" sem clerks), mas tenho certeza de que ajuda e
muito. Grande parte dos programas de residência exige que seus
candidatos tenham um mínimo de United States Clinical Experience (USCE)
e, em geral, observerships ou pesquisa não entram nessa conta. Vale
lembrar que os programas têm a prerrogativa de ignorar o seu próprio
requerimento, mas é a exceção. Por experiência de acompanhar os relatos
do match e falar com muita gente que passou pelo processo, a falta de
experiência clínica tende a ser um problema, principalmente quando o
aluno não compensa de outra maneira (pesquisa de qualidade, por
exemplo).

Os clerks têm algumas dificuldades associadas. A primeira delas é o preço.


Levando em conta a situação e instabilidade do nosso país, é muito caro
realizar esses estágios. Eu consegui com a ajuda de amigos e familiares
que reconheceram a importância do projeto para a minha carreira.

Um clerkship custa por volta de 3000-3500 dólares por mês, considerando


um tuition baixo. A seguir, um exemplo real e pessoal com uma projeção
média de gastos para um mês de estágio.

Descrição Valor Mensal USD

Voo Brasil - EUA 1200

Taxa de Aplicação 350

Quarto - Airbnb 1050

Passe Ilimitado de Ônibus 42

Gasto Médio com Comida Mensal 300

Seguro Saúde 75

TOTAL 3017
Claro que alguns destes gastos são diluídos se o tempo que você planeja
ficar nos Estados Unidos aumenta (como a passagem, por exemplo). Outra
coisa que vale mencionar é o tuition. Os clerkships são, para muitas
faculdades, uma fonte de renda. Assim, alguns lugares cobram valores
absurdos e impraticáveis (na casa de 4000-5000 dólares por mês). Eu
não apliquei para lugares assim. Por outro lado, existem alguns hospitais
que praticam valores mais razoáveis (alguns exemplos são a Mayo Clinic, a
Cleveland Clinic e o Memorial Sloan Kettering, que cobram todos menos
de 400 dólares por mês) ou que não cobram nada (o único que me vem
em mente é o National Institutes of Health). Essencialmente, eu só apliquei
para os quatro hospitais acima, que era o que eu podia pagar com a
verba que acumulei. Pela questão financeira, estes hospitais citados acima
costumam ser muito concorridos. Os mais caros também têm a sua
concorrência, mas alguns nem chegam a pedir currículo. Vale ressaltar que
o número de instituições que oferecem clerks diminui todos os anos.

Outra questão, que está intimamente ligada à questão financeira, é sobre


quando se pode realizar esse tipo de estágio. 99.9% das vezes, estes
estágios são limitados a alunos do sexto ano. Alunos do quinto em geral
não podem fazê-los porque não completaram as core clerkships (certo
número de estágios de clínica, cirurgia, GO e pediatria que praticamente
todos os hospitais exigem). Médicos formados também não podem realizá-
los, já que não possuem licença para praticar nos Estados Unidos. Assim, o
período do sexto ano é absolutamente crítico para os clerkships, exigindo
um planejamento completo, já que o aluno não terá outra oportunidade
semelhante em nenhum outro momento de sua carreira.

Finalmente, a dificuldade mais manejável, na minha opinião, é o tempo.


Muitos sexto-anistas possuem datas restritas em relação a tempo de
eletivo. Idealmente, sugiro que você tente conseguir uma data de eletivo
mais próxima do final do ano quanto possível (foi o que eu fiz, meu eletivo
"oficial" ficou marcado para o último mês de aulas). Se você não o
conseguir, também não é o fim do mundo. A melhor dica é trancar o curso
para ter o tempo que for necessário para realizar os estágios (eu tinha 1
mês oficial, tranquei por mais dois meses para conseguir realizar a
quantidade que queria). Ajuda ter um bom relacionamento com a
administração da sua faculdade. No meu caso, a Escola me ajudou
bastante e não colocou absolutamente nenhum empecilho nesse estágio
da minha formação (sou bastante grato em relação a isso, por sinal).
Como conseguir?

Os sites das Instituições disponibilizam formulários de aplicação informando


toda a documentação necessária e pré-requisitos para aplicação para
Clerkship ou Observership. A maioria deles são pagos e exigem nota do
Step 1.

Como encontrar essas informações?

Google: “Medical Elective International Medical Student + nome da


universidade que você quer”

As exigências para cada estágio variam em relação a cada programa. A


seguir, algumas das mais importantes:

· Step 1: diria que esta é a principal exigência para os clerkships. Se


você gostaria de realizar um eletivo, a minha sugestão é que você
tenha a nota disponível o quanto antes. A grande maioria dos
estágios "baratos" exige a nota (o único dos supracitados que não
exige, mas considera na sua seleção, é o NIH). Vale lembrar que a
nota é muitas vezes utilizada como critério de seleção, então
também recomenda-se 120% de esforço neste quesito. Os estágios
mais caros, como Harvard, acabam muitas vezes por não exigir o
Step 1.

· Step 2: Nenhum estágio exigiu o Step 2 CK, mas sugiro que este
seja feito antes de embarcar por dois motivos. Em primeiro lugar, ele
garante que você tenha um conhecimento geral suficiente para
atuar no hospital, formule um diagnóstico diferencial, estabeleça um
plano básico e seja capaz de entender o mínimo da literatura sobre
qualquer doença. Em segundo lugar, é uma coisa a menos para
você se preocupar. Não recomendo ter de estudar durante o clerk.
Os estágios são muito exigentes e trabalhosos. Idealmente, você
deve ter o foco 100% em ter uma boa performance no hospital, sem
ter de se preocupar com boards.

· CV completo: os programas de clerkship estão muitas vezes


interessados em procurar potenciais residentes. Assim, os critérios de
seleção muitas vezes envolvem avaliação curricular. Eles estão
interessados em pesquisa, atividades extracurriculares, trabalho
voluntário e qualquer outra coisa que demonstre que você tem
interesses além de simplesmente cumprir as tarefas da faculdade. O
grau de exigência varia também para cada programa. Eles também
querem saber o grau de alinhamento entre a sua carreira até o
momento do application, o estágio para o qual você aplicou, e
seus planos futuros.

· Personal statement: dois programas exigiram. É uma oportunidade


de contar um pouco da sua história e por qual motivo você quer
realizar este estágio. Existem várias dicas sobre como escrever um
bom PS, mas em linhas gerais, deve ser algo até uma página que
trace um perfil que junte toda a sua application. Se você é um cara
envolvido com pesquisa, o seu PS deve demonstrar porque ser
pesquisador é importante para você. Se o seu interesse é em global
health, espera-se que você explique como este estágio te ajuda a
chegar ao seu objetivo. Em resumo, fale sobre as experiências
significativas da sua vida contextualizando a sua application.

· TOEFL: nem todos os programas exigem (alguns já aceitam o Step


1 como evidência de proficiência). Alguns também aceitam TOEFL
vencido. O mais exigente com o TOEFL para mim foi o NIH, que
claramente não aceita nenhum aluno com nota abaixo de 28 no
Speaking. Se você não conhece bem a prova, sugiro que tente se
preparar para garantir uma boa pontuação.

· Cartas de recomendação: todos os programas exigem pelo


menos uma (alguns duas) carta de recomendação de algum
professor que teve contato com você durante a graduação. Dê
preferência a professores que foram seus preceptores em estágios
clínicos e que conhecem a sua capacidade. A carta precisa ser
redigida com bom inglês e deve pontuar exemplos da sua
capacidade, melhor ainda se puder compará-lo com seus colegas
("aluno entre os melhores 10/20/30% com que já trabalhei"). Sugere-
se que seja um professor interessado no seu desenvolvimento
profissional e que vá escrever coisas positivas a seu respeito.

· Carta do diretor (dean's letter): esta é uma carta relativamente


padronizada que informa o programa de clerkships que você é
um aluno que tem um bom desempenho na faculdade ("good standing"),
sua nota em relação aos seus colegas, entre outras coisas. Os
requerimentos sobre o que tem de estar escrito nesta carta variam para
cada programa (atente-se muito a isso, porque lhe será cobrado).

· Histórico escolar: os estágios exigirão este documento com tradução


juramentada. Nada muito difícil de conseguir. Só cuidado com o que
estará escrito na tradução (muitos tradutores juramentados simplesmente
não sabem utilizar os termos médicos necessários, e escrevem coisas que
não fazem sentido para um americano, como aconteceu comigo).

Algumas Instituições não possuem um processo formal de oferta de


estágios. Para isso o único jeito de conseguir vai ser por contato direto
com alguém que trabalha nesta Instituição ou alguém que conheça
alguém que trabalha lá. O famoso Q.I (Quem indica).

Atenção: Atualmente muitas instituições apenas aceitam alunos de


faculdades cadastradas no VSLO.

Como conseguir estágio Gratuito?

Para conseguir estágios gratuitos sem ter o Step 1 você precisa conhecer
uma pessoa disposta a te dar essa oportunidade.

Outra forma é enviando MUITOS e-mails até ter a sorte de encontrar


alguém de bom coração que tenha o poder de ofertar isso dentro da
Instituição. E quando eu digo muitos e-mails, são muitos mesmo! Pode-se
estimar no mínimo uns 200.

Para quem?

Para pessoas de alto cargo dentro das Universidades ou algum attending


(physician) diretor de algum estágio, professor assistente, secretários que
respondem os e-mails dessas pessoas.

Como encontrar os e-mails?

Tenho um Reels no Instagram @manigromisch gravando a tela do meu


computador explicando onde encontrar essa informação.
Google: Nome da Especialidade + Medical Elective + Nome
da Instituição ou Nome da Especialidade + Residency + Nome da
Instituição

Procure por Faculty: aparecerá o nome dos profissionais e professores


desses hospitais e o e-mail deles.
Quando você não encontrar o e-mail copie e cole no Google o nome
da pessoa que você encontrou no site da Instituição. Normalmente você
encontra uma página aleatória com essa informação.
Você pode também pesquisar pelo nome da pessoa no YouTube pra ver
se ela tem algum canal de ensino lá ou já deu alguma palestra –
principalmente nas TED Talks.
Outra forma de encontrar o contato é digitando o nome da pessoa no
LinkedIn.

Pronto, agora que você sabe como ser o um ótimo stalker da área médica
pesquise tudo sobre os interesses profissionais dessa pessoa. Você terá
maiores chances de ser aceito por alguém que tenha interesses em comum
com os seus para que os dois possam se ajudar.

Escreva um e-mail bem específico de acordo com suas intenções e deixe


isso claro de início. É importante ressaltar como ou qual trabalho da
pessoa chamou mais a sua atenção, principalmente se você quiser fazer
pesquisa com ela. Isso demonstra que você tem interesse suficiente para ler
os artigos científicos dela.

No e-mail vale ressaltar as suas strenghts e como você pode ajudar essa
pessoa no trabalho dela, ou qual seu objetivo profissional.

Se você ainda é estudante de medicina provavelmente não tem tanta


coisa que você seja expert que vai acrescentar na vida do Chair de
Anestesiologia da Yale por exemplo, certo? Mas a sua boa vontade e
disposição em aprender conta muito!

Sempre seja honesto em relação às suas qualidades e capacidades. Não


invente que você sabe algo que não sabe. Uma vez que você quebra a
confiança de alguém no meio acadêmico/profissional suas chances de
sucesso nos EUA acabaram.
Dicas extras: Adicione seu Currículo, uma carta de Recomendação em
inglês de um professor médico e tente anexar sua MSPE – documento
preenchido por sua faculdade e assinado pelo Diretor. Na minha
experiência pessoal isso pode adicionar credibilidade ao seu e-mail.

Se você puder anexe o resultado de uma prova de proficiência em Inglês


pra provar que você é fluente no idioma. A maioria dos estágios vai pedir
sua nota do TOEFL, então já se adiante.

Não peça para a pessoa te dizer o que precisa fazer para aplicar para
esse estágio. Demonstre que você já leu TODAS as informações do
website e se adiantou em relação a isso. Pega muito mal pedir uma
informação que você encontra facilmente dando um Google.

Em linhas gerais, uma linha do tempo para quem deseja aplicar para o final
do ano seguinte:

· Janeiro de 20XX: realizar TOEFL, obter vacinas e documentos.


Requerimentos vacinais variam de programa para programa, mas em
geral deve-se obter um PPD/Quantiferon (válido por um ano),
vacinas para sarampo, caxumba, rubéola, hepatite B, Tdap recente
(no Brasil só é oferecido para grávida, tive de explicar para as
médicas do centro de vacinação e elas me ajudaram a conseguir),
catapora e gripe. Um programa específico exigiu vacinação para
poliomielite. Obter tradução de um histórico que demonstre que
você está no sexto ano.
· Março de 20XX: início das applications. Deve-se utilizar a marca
de seis meses de antecedência como alvo para enviar todos os
documentos. Alguns hospitais utilizam um sistema totalmente
informatizado, outros exigem envio via Correios (sugiro utilizar serviço
de parcel, utilizei a DHL que causou alguns problemas inicialmente
mas que foram resolvidos relativamente rápido).
· Abril até Junho de 20XX: respostas sobre sua application.
Comprar passagem, seguro de saúde, seguro de má-prática
médica, agendar hospedagem.
· Setembro/Outubro de 20XX: boa viagem!
Por Alana Almeida e Álvaro Teixeira

1.1. Como conseguir um Observership?

Devido ao aumento de candidatos e concorrência do USMLE, a cada


ano se torna mais competitivo conseguir um observership. Talvez o método
mais eficaz seja olhar nos sites das instituições que possuem programas
sólidos de observership, por exemplo o Harrington Program da UMiami ou
Global Observer da Cleveland Clinic. Outro método é mandar centenas
de e-mails para os programas ao redor dos EUA e, com muita sorte, talvez
seja possível conseguir alguma vaga. Se sua faculdade tiver convênio
direto com alguma instituição, aproveite a oportunidade. Abaixo
detalharei o processo seletivo do Harrington. Note que até o momento
que fizemos este e-book, os observerships estavam suspensos.

Harrington Program – Umiami

Documentos necessários: Foto recente, passaporte, TOEFL mínimo 79 ou já


ter passado em qualquer Step, entrevista pessoal com um professor
voluntário do Brasil (eles oferecem uma lista), uma carta de recomendação
da sua universidade, CV, histórico acadêmico, diploma (se formado), uma
redação* sobre seus planos futuros e taxa de U$D'75.00. O conteúdo da
redação pouco importa, mas é IMPRETERÍVEL mostrar sua vontade de
retornar ao Brasil após a residência nos EUA. Por exemplo: "My professional
goal is to (...) and ultimately use these skills to improve clinical and scientific
development in my home country”.
1.2. Objetivo

Primeiro, o aprendizado em si, ajudar na decisão de fazer residência nos


EUA e ter experiência internacional.
Além disso, garantir suas LORs. Todos os attendings sabem disso, e não se
engane: você será avaliado 100% do tempo em vários quesitos que
detalharei abaixo.

Ser conhecido no serviço e formar networking é também imprescindível. Pra


isso, tente manter contato com os residentes e attendings mesmo após o
término do estágio.

1.3. Critérios de avaliação do Harrington Program


Abaixo estão os critérios de avaliação do Harrington, mas que podem ser
extrapolados para qualquer observer. Se dedique ao máximo em todos os
critérios e seu destaque virá naturalmente.

1.4. Como pedir uma LOR?

Os attendings já estão esperando que você peça a carta de


recomendação, mas é importante ter um método formal para pedir a carta.
Não peça por e-mail, no corredor ou na enfermaria. Se possível, agende
uma reunião nos últimos dias do estágio com o preceptor, agradeça pela
oportunidade e pelo aprendizado, peça feedback (“there is always room
for improvement”) e depois a LOR.
É importante ressaltar que existem casos em que o attending prometa
escrever a LOR e depois não responda mais e-mails. Então, além de
manter contato com quem vai escrever suas cartas, tenha sempre um plano
B caso aquela carta não seja escrita.
Por Alana Pinheiro
Com o advento da pandemia da COVID-19, muitos clerkships e
observerships foram cancelados. Nessa situação, diversas oportunidades
de experiências online surgiram na forma de observerships virtuais.

Esses observerships virtuais passaram a ser disponibilizados diretamente por


instituições americanas ou através de empresas privadas em pactuação
com clínicas e hospitais. Infelizmente, os valores não são menores do que
observeships presenciais, e atualmente custam – em média - de 1000 a
4000 dólares por 4 semanas. Normalmente vão durar de 3 a 6 horas por
dia, em dias de semana.

Existem algumas diferenças óbvias entre um observership presencial e um


virtual. Em um cenário virtual, há menor contato com o paciente. Não é
possível também a participação em exame físico (o que geralmente já é
menos comum em observers, mesmo presenciais) e rotineiramente são
reduzidas as chances de participação na anamnese do paciente.

Apesar disso, muitas são as possibilidades em um estágio por telemedicina.


Você pode:
- Discutir casos clínicos diversos e artigos científicos
- Interpretar junto da equipe resultados de exames laboratoriais e de
imagem
- Acompanhar consultas médicas e procedimentos
- Com a permissão do attending, pode fazer perguntas ao paciente
durante a anamnese. Há a possibilidade também de ver achados de
exame físico
- Auxiliar na construção de planos terapêuticos, incluindo propor
medicamentos e orientações aos pacientes

1. Requisitos

Os requisitos variam de acordo com o local mas em geral incluem:


- Seguro de malpractice
- Envio de currículo e/ou carta de intenção

- Comprovação do envio de proficiência (geralmente TOEFL)

Alguns locais podem solicitar cartas de recomendação e também pedir


que o aplicante comprove ter boa velocidade de conexão de internet
para realização da experiência. Outro requisito pode ser a realização do
curso online do HIPPA (Health Insurance Portability and Accountability Act).

Como em todo o processo, o pagamento usualmente é realizado com


cartão de crédito.

2. Dicas gerais

Ainda que seja um estágio via on-line, é importante demonstrar o mesmo


profissionalismo de uma experiência presencial. Alguns locais podem
requisitar uso de jaleco, outros não. Cheque isso diretamente com a
instituição.
Primeiramente:

- Seja pontual! Esteja preparado e pronto para a chamada de vídeo


pelo menos meia hora antes do horário de início
- Antes de iniciar a ligação em vídeo, se certifique de que sua internet está
funcionando bem, seus dispositivos carregados e de que sua câmera e
microfone estão adequados
- Recomendo um fone de ouvido discreto para melhor escuta de áudio e
participação
- Organize o local: seja no escritório, ou no quarto, é importante que não
haja bagunça ou muitas distrações visuais evidentes
- Esteja em cenário com boa iluminação, com um background simples,
organizado e de cores não muito escuras

É muito importante estar vestido de forma adequada. A forma como você


se porta e é visto faz a diferença. Como regras gerais:
- Evitar uso de joias chamativas ou em excesso
- Uso de roupa que seja confortável ao médico/aluno, preferencialmente
business casual (homens idealmente com camisa social, se possível uso de
gravata; para mulheres, camisa social, blusa ou suéter discretos) – lembre
que você irá passar horas sentado em frente ao seu computador!

Como em um observership presencial, é importante que o aluno se faça


presente:
- Evite desligar sua câmera
- Mantenha seu microfone no mudo a não ser que queira falar algo ou seja
perguntado
- Coloque seu celular no mudo ou em modo vibração, evite usar durante o
estágio
- Se divide sua casa e apartamento com outras pessoas, explique que
precisa de silêncio e concentração naquela parte do dia e peça
compreensão deles

Quando se sentir à vontade, discuta o caso clínico em questão,


além disso:

- Comente sobre algum artigo ou pesquisa que leu

- Esteja atento, não faça perguntas já respondidas ou discutidas


- Seja gentil com o attending e com seus colegas, evite ao máximo
interromper o outro e tenha paciência
- Estude os conteúdos discutidos! Se precisar, retorne ao assunto do dia
anterior e tire suas dúvidas com o professor, isso demonstra interesse da
sua parte.

Por fim, lembre-se de ter água e algum snack por perto. Em algum momento
você provavelmente terá um intervalo para comer algo e os observerships
costumam durar diversas horas. Não há problema em beber água durante
o vídeo.

Se precisar pedir carta de recomendação, lembre-se de contatar


educadamente o attending com antecedência, preferencialmente via e-
mail ou mesmo diretamente por chamada de vídeo, quando estiverem a
sós.
É sua chance de brilhar! Se faça presente!
Por Alana Pinheiro

Externship são estágios hands-on, normalmente em private practices no


regime ambulatorial, para quem já se formou e não pode realizar um
clerkship.

Esse estágio é conseguido através de empresas, como a AMO


opportunities, ACE, Medclerkships, MD2B… O valor de quatro semanas é
variável, normalmente entre 2000 - 4000 dólares. Outra forma de
conseguir externiship, seria via networking ou mandando inúmeros e-mails
para attendings. Essa forma é bem mais difícil de acontecer.

Assim como em qualquer estágio nos EUA, o objetivo da externship é


conseguir uma excelente LOR. Por serem estágios pagos, os programas
podem ter a impressão que você “pagou” pela LOR. Então, é necessário
avaliar bem as informações do local que a empresa te transmite para
escolher o melhor possível. Se possível, dê prioridade para externiships
oferecidas em locais acadêmicos. Eu, particularmente, não tive uma
experiência muito boa em questão de aprendizado no meu externship, mas
ganhei uma LOR excelente que me ajudou a dar Match.

O método para se destacar ou pedir LOR é o mesmo dos observerships.


Por Mariana Gromisch

Tente fazer as provas do Steps antes dos estágios para que você chegue
mais preparado em termos de conhecimento.
Ainda assim você terá que aprender muitas coisas que não são ensinadas
nas provas.
A rotina no hospital dos EUA pode ser bem diferente do seu hospital do
Brasil. Toda a história e procedimentos são documentados em prontuários
online.
Os rounds (corrida de leito) acontecem todos os dias e muitas vezes
podem durar muitas horas. Nesse momento você precisa estar bem
preparado para apresentar os casos dos seus pacientes e responder
inúmeras perguntas.
Dedique-se a aprender Inglês Médico e todas as siglas mais utilizadas na
especialidade que você vai estagiar, com antecedência.

Dicas importantes:

 Sempre seja pontual: seja o primeiro a chegar e o último a sair.


 Antes de ir embora certifique-se se não tem alguém precisando de
ajuda.
 Leve pequenos snacks que caibam no bolso do seu jaleco (ex:
barrinha de cereal, fruta) para comer em pequenos intervalos dos
rounds
 Seja proativo e ofereça para fazer serviços não relacionados a
medicina também como por exemplo buscar um papel, fazer alguma
ligação para conferir algum resultado de exame.
 Saiba tudo sobre seus pacientes: faça um ótimo exame físico,
anamnese e estude os casos clínicos dos seus pacientes
 Pratique muito a apresentação dos casos para que seja o mais
fluido possível.
 Tenha um caderninho para anotações durante os rounds de todas
suas dúvidas, coisas que aprendeu ou temas para estudar depois
 Não use seu celular para fazer as anotações.
 Voluntarie-se para apresentar algum assunto que as pessoas ficaram
em dúvida durante os Rounds, ou que surtiu interesse geral. Educar o
time ajuda a todos aprenderem algo e muitas vezes os
residentes e attendings estão sobrecarregados e não tem tempo
para fazer isso.
 Se você precisar fazer uma apresentação oral para ser avaliada
peça feedback de outros residentes. Eles podem avaliar sua
performance e sugerir melhorias.
 Todos os dias peça feedback da sua performance no estágio. De
preferência da pessoa com quem você mais teve contato naquele
dia. Em geral, a faculdade de medicina disponibiliza uma avaliação
que precisa ser preenchida pelos residentes e médicos que
trabalham com você todos os dias. O feedback é o momento ideal
para você focar na sua melhoria.
 Você não precisa chegar ao estágio sabendo tudo. Mas, esforce-
se para até o fim dele melhorar muito sua performance inicial. Sua
evolução e esforço contam muito.
 Seja proativo e ajude a todos, mas não atrapalhe as pessoas
tentando fazer algo que você não sabe como, pois isso pode
atrasar o rendimento da equipe.
 Seja gentil com todas as pessoas. Isso não significa ser puxa-saco,
apenas ser educado e respeitar a todos. Nos EUA as pessoas
tendem a ser mais reservadas e fofocas ou conversas paralelas não
são bem vistas.
 Nunca fale mal de ninguém. Se você foi maltratado por alguém ou
houve algum mal entendido, tente conversar diretamente com a
pessoa para resolver o problema. As pessoas tendem a ser
extremamente educadas umas com as outras, então observe o
ambiente a sua volta e não se envolva em drama.

Dress Code:

Use um jaleco apropriado (a maioria dos medical students usam um jaleco


mais curto - pergunte onde você pode adquirir um). Roupas sempre limpas
e passadas.
Na maioria dos estágios você pode usar Scrubs e tênis confortável
(pergunte isso para o attending ou secretário antes de começar seu
estágio)
Nos dias de Clínica as pessoas tendem a usar roupa formal: Não pode
usar calça jeans!
Mulheres: podem usar vestido ou saia no joelho, mas recomendo usar uma
calça de alfaiataria para não errar. Sapato fechado com salto baixo.
Homens: camisa de botão, gravata, calça, sapato e meia social.
Evite ser super fashionista. (As pessoas tendem a usar cores neutras (azul
marinho, cinza e preto) - meu espírito blogueira sofre nesse momento, mas
vida que segue)
Por Alana Almeida e Álvaro Teixeira

O observership é seu momento de brilhar, então tente se esforçar ao


máximo em todos os quesitos! Começando pela maneira profissional de se
vestir: com jaleco passado, homens com camisa, gravata, calça social
(nunca use jeans!) e sapato e mulheres com blusa social e calça social. O
básico é cuidar dos seus pacientes, saber tudo sobre eles e apresentar a
história clínica de maneira coerente, além de estudar em casa os casos do
dia. Você pode ir além: por exemplo, se voluntariar para apresentar um
artigo.

Estar sempre pronto para ajudar o residente ou o attending e ter iniciativa


pra tudo também são chave! Não seja reclamão e seja o primeiro a
chegar e o último a ir embora. Seu conhecimento no início do estágio
pode até fazer você se destacar, mas tenho a impressão de que o mais
importante é seu desenvolvimento e crescimento ao decorrer do estágio,
sua vontade legítima de aprender e humildade. E, claro, hard-working,
hard-working, hard-working!

Uma dica: se houver algum caso bem interessante, você pode se


voluntariar para fazer um Poster com o residente para apresentar em um
congresso americano. Desse modo, você vai manter o networking e é um
ponto a mais para o CV.
Por Mariana Gromisch

No início do estágio converse com o diretor ou diretora e fale quais são


suas intenções com o estágio (ex: deseja ter mais exposição hands-on a
essa especialidade porque pretende aplicar para residência médica nos
EUA).

Eu não recomendo a pedir a carta nesse momento inicial. Espere a


avaliação dos estágios para você saber sua performance e assim pedir
uma Strong letter of recommendation.

É muito importante receber Honors na sua rotation se quiser uma carta de


recomendação forte. Um High Pass pode ser suficiente ou não. Alguns
estágios não tem nota, somente pass ou fail. Nesses casos você pode ter
uma noção da sua performance baseado nos feedbacks que recebeu
durante o estágio.

Em alguns locais, ao final do estágio, você receberá uma carta do diretor


ou diretora comentando o resumo da sua performance baseado em todas
as avaliações que os residentes e attendings fizeram ao longo do mês.
Guarde essas avaliações para encaminhar ao escritor da carta quando
ele (a) for escrevê-la.

Ao final do seu estágio marque um meeting com o (a) attending para falar
sobre seus objetivos de carreira e pedir sua carta de recomendação.
Mantenha contato regular (de 6 em 6 meses pelo menos) com o (a)
attending por e-mail até a época da sua application para não se
esquecerem de você.

Na época da sua application, ao abrir seu ERAS, envie o número


correspondente ao escritor da carta para ele (a) fazer o upload - waived
(de forma que você não veja a carta, pois assim ela terá mais
credibilidade).
Por Aryanna Sousa e José Eduardo E. Lima

Este material representa única e exclusivamente a opinião dos


autores, sem qualquer relação com suas instituições de ensino e/ou
empregadores.

Comentários gerais:

Uma carta de recomendação forte tem, em média, 4 parágrafos. O


tamanho da carta dá uma ideia do quão forte ela é. Cartas com bem
menos de uma página podem ser vistas como red flags por serem muito
pequenas e genéricas. Porém, a carta também não deve ser muito longa.
O ideal é que a LoR preencha uma página inteira ou, no máximo, ocupe
uma pequena porção de uma segunda página.

A carta deve incluir descrições precisas e detalhadas do profissionalismo e


conhecimento do candidato, com riqueza de exemplos práticos e
aspectos pessoais de sua personalidade. Quanto mais específico e mais
pessoal o exemplo, melhor é a impressão e a indicação. Caso o
candidato tenha apresentado algum ponto fraco ou dificuldade no
trabalho ou rodízio, o autor da carta deve descrever de uma forma mais
positiva, sempre enfatizando a resiliência e mostrando como o problema/
fraqueza foram superados com louvor.

Se possível, o autor deve incluir algum dado estatístico, como “Ms. Silva is
among the top 5% medical of students I have worked with.” ou “Ms. Silva is
the best medical student I have ever met”.

De preferência, o autor deve colocar uma assinatura real (não eletrônica),


e incluir cabeçalho da instituição com endereço e contato de onde
trabalha e sua posição no local (credenciais profissionais).

Por fim, é altamente recomendável que ao solicitar a carta de


recomendação, você forneça ao autor seu personal statement e curriculum
vitae atualizados, para que ele/ela possa reforçar aspectos positivos e
por fim, a sua narrativa. Quanto mais consistente sua história, evidente nos
mais diversos documentos da aplicação, mais forte sua applicaton.
Os bons escritores de cartas de recomendação sabem disso e estarão
dispostos a te ajudar.

A seguir temos um exemplo genérico de uma carta considerada


“forte”, criada apenas para fins ilustrativos, com base em outros
modelos disponíveis.

Residency
It is myProgram at Beautiful
pleasure to writeUniversity
this letter in support of Ms. Ana Torres for your
1234residency
University program.
Street I have 20 years of experience in Hepatology and a very
Greatstrong
City, Massachusetts
background 54321
in Basic Science research. I worked closely with Ms.
June Torres
05th, 2021
during her clerkship electives in my department. As is evident from her
CV, Ms. Torres has excelled throughout her career with many notable
Dear Program Director,
accomplishments, which I will not repeat here. She stood out for her clinical
abilities, leadership capacity, and patient advocacy. I have observed Ms.
It is my pleasure to write this letter in support of Ms. Ana Torres for your residency program. I
haveTorres
20 yearsin of
both the inpatient
experience and outpatient
in Hepatology settingsbackground
and a very strong and overseen
in Basicher
Science
clerkship performance.
research. I worked closely with Ms. Torres during her clerkship electives in my department. As is
evident from her CV, Ms. Torres has excelled throughout her career with many notable
Ms. Torre's excellence
accomplishments, goesrepeat
which I will not beyond here. her
She outstanding
stood out forperformance in
her clinical abilities,
standardized
leadership capacity,exams, including
and patient her USMLE
advocacy. I have Scores.
observedShe
Ms. isTorres
absolutely
in both the
committed
inpatient to patients
and outpatient settingsand
andvery friendly
overseen with herperformance.
her clerkship colleagues. Ana was
remembered for her energetic personality and politeness with patients and
Ms. Torre'
staff.sShe
excellence goes beyond
always anticipated her outstanding
people' performance
s needs before in standardized
they asked for help. Ms.exams,
including her USMLE Scores. She is absolutely committed to patients and very friendly with
her colleagues. Ana was remembered for her energetic personality and politeness with
patients and staff. She always anticipated people's needs before they asked for help. Ms.
Torres demonstrated a very solid preparation and background knowledge. On multiple
occasions, Ms. Torres was very knowledgeable in listing relevant differential diagnoses and
suggesting proper assessments. She knew particular information on the field, for example, how
to stage liver diseases. She also presented medical cases with professionalism and
confidence and stood out for the high-quality and detailed medical histories and progress
notes.
Moreover, Ms. Torres has made advocacy a crucial part of her medical education. The fact
that she speaks English and Portuguese is incredibly helpful in this aspect. When she
discovered that a series of pamphlets about cirrhosis were available in English only, Ms.
Torres communicated with the head of GI about the lack of Portuguese-language
informational materials. She volunteered to translate the pamphlet to Brazilian-Portuguese to
address the issue. Her leadership in addressing cultural discrepancies in care has prompted
several positive responses, especially during the procedures. Ms. Torres raised the awareness
that colonoscopy is still taboo in some Latino communities, and the topic should be given
special attention. She wrote a brief educational material, with the help of other medical
students, to explain to Latino patients the importance of this exam in colon cancer
screening.

Ms. Torres is in the top 5% of medical students I have worked with for the last 20 years. Her
commitment, dedication, willingness to learn, and well-rounded approach to patient care,
make her a stellar candidate for residency. I give her my highest recommendation for your
program. Please do not hesitate to contact me should you have any further questions.

Sincerely yours,

Johnson Pandemics, M.D.

Caso esteja procurando por mais dicas e modelos de cartas, você


pode encontrar nos links abaixo.

https://www.med.illinois.edu/facultydev/letterofref/SAMPLE%20STRONG%
20ERAS%20LOR%205-05.pdf

https://sc.edu/study/colleges_schools/medicine_greenville/internal/doc
uments/recommendation_letters.pdf

https://med.ucf.edu/media/2012/05/Writing-Letters-of-
Recommendation.pdf
Por Mariana Gromisch

Dear Dr. (Last name),

I am a sixth-year medical student at the (name of your University), in Brazil. I


am writing you regarding the opportunity to participate in a clerkship at
(name of the Institution) this summer. I am interested in pursuing an (Specialty)
elective, and it would be an honor to receive tutelage from you and your
team.

I am very impressed by (details of the learning opportunities at the clerkship


you are pursuing or the physician’s work)

I am currently preparing to apply for residency in the US and studying for my


board exams, and I believe this experience will provide me with an amazing
learning opportunity to further develop my clinical skills.

I have included my CV and a letter of recommendation from (include


information about LOR writer). Please let me know if you require any further
information.

I look forward to hearing from you,

Sincerely,

Mariana
Por Mariana Gromisch

Dear Dr. (Last name),

I am a practicing physician in Brazil and I am writing to you regarding an


opportunity to do an observership at your practice (name of the place).

I am impressed by your work in (describe what this work is) which aligns with
my professional interests.

(Talk briefly about your career and previous work experience/ how you can
contribute with the team). It would be an honor to work with you and your
team.

I am currently preparing to apply for a residency position in the US and I


believe this opportunity will help further my academic and professional
development.

I have included my CV and a letter of recommendation from (include


information about LOR writer). Please let me know if you require any further
information.

Sincerely,

Mariana
Por Stephanie Coelin

Common drugs and their actions


medicamentos comuns e suas ações
CATEGORY ACTIONS/APPLICA GENERIC BRAND
(CATEGORIA) TIONS (AÇÕES, NAME (NOME NAME
APLICAÇÕES) GENÉRICO) (NOME DA
MARCA)
Adrenergics Mimic the action of Epinephrine Bronkaid
(sympathomimetics) the sympathetic Phenylephrine Neo-
Adrenérgicos nervous system; used Pseudoephedrin Synephrine
(simpatomiméticos) to treat: e Sudaged
 Bronchospasm dopamine Intropin
s
 Allergic
reactions
 Hypotension
Mimetizam a ação
do sistema nervoso
simpático. Usados
para tratar:
 Broncoespasm
os
 Reações
alérgicas
 Hipotensão
Analgesics Alleviate pain
Analgésicos Aliviar a dor

 Narcotics Decrease pain Codeine -


Narcóticos sensation in central Morphine -
nervous system; Meperidine Demerol
chronic use may lead Oxycodone OxyContin,
to physical Hydrocodone Percocet
dependence Vicodin,
Diminuem a Lortab
sensação de dor no
sistema nervoso Aspirin (ASA;
central; uso crônico acetylsalicylic
pode levar à acid) -
dependência física Acetaminophen
 Nonnarcotic (APAP) Tylenol
s Act perypherally to Ibuprofen Motrin; Advil
Não- inhibit Celecoxib (Cox- Celebrex
narcóticos prostaglandins; they 2 inhibitor)
may also be anti-
inflammatory and
antipyretic
Agem
perifericamente
inibindo as
prostaglandinas;
podem também ser
antiinflamatórios e
antipiréticos.
Anesthetics Reduce or eliminate Local:
Anestésicos sensation.  Lidocaine Xylocaine
Reduzir ou aliviar a  Bupivacai Marcaine
sensibilidade. ne

General: -
 Nitrous
Versed
oxide Pentothal
 Midazola
m
 thiopental
Anticoagulants Prevent coagulation Heparin -
Anticoagulantes and formation of Warfarin Coumadin
blood clots Apixaban Eliquis
Previnem a
coagulação e
formação de
coágulos
sanguíneos
Anticonvulsants Suppress or reduce Phenobarbital -
Anticonvulsivantes the number and/or Phenytoin Dilantin
intensity of seizures Carbamazepine Tegretol
Suprimem ou Valproic acid Depakene
reduzem o número
e/ou intensidade de
convulsões
Antidiabetics Prevent or alleviate Insulin Humulin
Antidiabéticos diabetes Glyburide (injected)
Previnem ou tratam a Linagliptin Diabeta
diabetes Glipizide Tradjenta
Metformin Glucotrol
Glucophag
e
Antiemetics Relieve symptoms of Ondansetron Zofran
Antieméticos nausea and prevent Dimenhydrinate Dramamine
vomiting (emesis) Prochlorperazine Compazine
Aliviam os sintomas Scopolamine TRANSDEM
de náusea e Promethazine -SCOP
previnem o vômito Phenergan
(êmese)
Antihistamines Prevent responses Diphenhydramin Benadryl
Anti-histamínicos mediated by e Allegra
histamine: allergic Fexofenadine Claritin
and inflammatory Loratadine Zyrtec
reactions Cetirizine
Previnem respostas
mediadas pela
histamina: reações
alérgicas e
inflamatórias
Antihypertensives Lower blood Amlodipine Norvasc
Anti-hipertensivos pressure by reducing Atenolol Tenormin
cardiac output, Clonidine Catapres
dilating vessels, or Prazosin Minipress
promoting excretion Minoxidil Loniten
of water by the Captopril Capoten
kidneys. Enalapril Vasotec
Reduzem a pressão Lisinopril Zestril,
arterial por meio da Losartan privinil
redução do débito Valsartan Cozaar
cardíaco, dilatação Diovan
de veias ou
promoção da
excreção de água
pelos rins.
Anti-inflammatory Counteract
drugs inflammation and
Drogas anti- swelling
inflamatórias Neutralizam a
inflamação e o
edema
Dexamethasone Decadron
Cortisone Cortone
 Corticosteroi Hormones from the Prednisone Deltasone
ds cortex of the adrenal Hydrocortisone Hydrocorto
Corticosteroi gland; used for ne
des allergy, respiratory  Cort
and blood diseases, Fluticasone ef
injury and  Solu-
malignancy; suppress corte
the immune system f
Hormônios do córtex Flonase
das adrenais;
usados para Aspirin
alergias, doenças Ibuprofen
respiratórias e Indomethacin
sanguíneas, lesões e Naproxen
malignidades; Celecoxib
suprimem o sistema -
imune Motrin, Advil
Indocin
Reduce inflammation Naprosyn,
 Nonsteroidal Aleve
anti- and pain by
interfering with Celebrex
inflammatory
drugs synthesis of
(NSAIDs) prostaglandins; also
Anti- are antipyretic
inflamatórios Reduzem a
não inflamação e a dor
esteroidais interferindo na
(AINES) síntese das
prostaglandinas;
também são
antipiréticos
Antiinfective Kill or prevent the
agents growth of infectious
Antimicrobianos organisms
Matam ou previnem
o crescimento de
microorganismos
infecciosos

Effective against Amoxicilina Polymox


bacteria Penicilina V Pen-Vee K
 Antibacterial Erythromycin Erythrocin
s Efetivos contra as Vancomycin Vancocin
Antibióticos bactérias Gentamicina Garamycin
Cephalexin Keflex
Tetracycline Achromycin
Ciprofloxacin Cipro
Isoniazid -

Fungizone
Amphotericin B Monistat
Miconazole Nilstat
Nystatin
Yodoxin
 Antifungals Effective against Iodoquinol Atabrine
fungi (amebae)
Antifúngicos
Efetivos contra os Quinacrine
fungos Zovirax
Relenza
Acyclovir Retrovir
 Antiparasitics Effective against Zanamivir Crixivan
Antiparasitári parasites – protozoa, (influenza)
os worms Zidovudine (HIV)
Efetivos contra Indinavir (HIV
parazitas – protease
protozoários, vermes inhibitor)
 Antivirals
Antivirais Effective against
viruses
Efetivos contra vírus
Antineoplastics Destroy cancer cells; Cyclophosphami Cytoxan
Antineoplásicos they are toxic for all de Adriamycin
cells, but have Doxorubicin -
greater effect on Methotrexate Oncovin
cells that are actively Vincristine Nolvadex
growing and dividing Tamoxifen
Destroem células
cancerosas; são
tóxicos para todas
as células, mas têm
um maior efeito em
células que estão
crescendo
ativamente e se
dividindo
Cardiac drugs Act on the heart
Drogas cardíacas Agem no coração

Correct or prevent Quinidine Quinidex


 Antiarrhythmic abnormalitites of Lidocain Xylocain
s heart rhythm Digoxin Lanoxin
Antiarrítmicos Corrigem ou
previnem
anormalidades do
ritmo do coração Propranolol Inderal
Metoprolol Toprol-XL
Inhibit sympathetic Atenolol Tenormin
nervous system;
 Beta- reduce rate and
blockers force of heart
Beta- contractions
bloqueador Inibem o sistema
es nervosa simpático; Diltiazem Cardizem
reduzem o ritmo e a Nifedipine Procardia
força das Verapamil Veralan,
contrações do Calan
coração

Dilate coronary
arteries, slow heart
rate, reduce Lovastatin
 Calcium- contractions Pravastatin Mevacor
channel Dilatam as artérias Atorvastatin Pravachol
blockers do coração, Simvastatin Lipitor
Bloqueador lentificam o ritmo do Zocor
es de canal coração, reduzem
de cálcio as contrações do
coração

Lower cholesterol in
Nitroglycerin
patients with high
Isosorbide Nitrostat
serum levels that
Isordil
 Hypolipidemi cannot be
cs controlled with diet
Hipolipidêmi alone;
cos Reduzem o
colesterol em
pacientes com níveis
séricos altos que
não podem ser
controlados apenas
com a dieta;

Dilate coronary
arteries and reduce
heart’s workload by
 Nitrates lowering blood
Nitratos pressure and
reducing venous
return
Dilatam as artérias
coronárias e
reduzem o trabalho
do coração por
meio da redução
da PA e da
redução do retorno
venoso
CNS stimulants Stimulate the central Methylophenida Ritalin
Estimulantes do nervous system te Adderall
SNC Estimulam o sistema Amphetamine Dexedrine
nervoso central
Diuretics Promote excretion of Furosemide Lasix
Diuréticos water, sodium and Ethacrynic acid Edecrin
other electrolytes by Manitol Osmitrol
the kidneys; used to Hydrochlorothiaz hydroDIURIL
reduce edema and ide (HCTZ) Dyazide
blood pressure; loop Triamterene +
diuretics act on the HCTZ
kidney tubules
Promovem a
excreção de água,
sódio e outros
eletrólitos pelos rins;
usados para reduzir
o edema e a
pressão arterial;
diuréticos de alça
agem nos túbulos
renais
Gastrointestinal Act on the digestive
drugs tract
Drogas Agem no trato
gastrinstestinais grastrintestinal
Diphenoxylate + Lomotil
Treat or prevent atropine Imodium
diarrhea by reducing Loperamide Kaopectat
 Antidiarrheals intestinal motility or Attapulgite e
Antidiarreico absorbing irritants
s Tratam ou previnem
a diarreia por meio
da redução da
motilidade intestinal
ou absorvendo Famotidine Pepcid
substâncias Ranitidine Zantac
irritativas

Decrease stomach
 Histamine H2 acid secretion by
antagonists interfering with the
Antagonistas action of histamine
de at H2 receptors, used
receptores to treat ulcers and
H2 other gastrointestinal
problems
Diminuem a
secreção gástrica
ácida por meio da Bisacodyl Dulcolax
intervenção na Lactulose Constilac,
ação da histamina Docusate Chronulac
nos receptores H2, Psyllium Colace,
usadas para tratar Surfak
úlceras e outros Metamucil
problemas
gastrintestinais Esomeprazole
 Laxatives Lansoprazole
Laxativos Promote elimination Omeprazole Nexium
from the large Prevacid
Prilosec
intestine; types
include:
 Stimulants
 Hyperosmotic
 Stool softeners
 Proton-pump  Bulk-forming
inhibitors agents
Inibidores de
bomba de Reduce stomach
prótons acidity by blocking
transport of
hydrogen ions into
the stomach
Reduz a acidez do
estômago,
bloqueando o
transporte de íons
de hidrogênio para
o estômago
Muscle relaxants Depress nervous Baclofen Lioresal
Relaxants system stimulation of Carisoprodol Soma
musculares skeletal muscles; used Methocarbamol Robaxin
to control muscle
spasms and pain
Diminui a
estimulação do
sistema nervoso dos
músculos
esqueléticos; usado
para controlar
espasmos musculares
e dor
Psychotropics Affect the mind,
Psicotrópicos altering mental
activity, mental state
or behavior
Afeta a mente,
alterando a
atividade mental, o
estado mental ou o Lorazepam Ativan
 Antianxiety comportamento Chlordiazepoxid Librium
agents e Valium
Agentes Reduce anxiety; Diazepam Atarax
ansiolíticos tranquilizers; Hydroxyzine Xanax
anxiolytic agents Alprazolam Buspar
Reduzem a Buspirone
ansiedade; Elavil
tranquilizantes; Amitriptyline Tofranil
agentes ansiolíticos Imipramine Prozac
Fluoxetine Paxil
 Antidepressa Paroxetine Zoloft
nts Relieve depression Sertraline
Antidepressiv by raising brain levels Thorazine
os of neurotransmitters
Aliviam a depressão Chlorpromazine Haldol
aumentando o nível Haloperidol Risperdal
cerebral de Risperidone Zyprexa
neurotransmissores Olanzapine

Act on nervous
 Antipsychotic system to relieve
s symptoms of
Antipsicótico psychoses
s Atua no sistema
nervoso
aliviando os
sintomas de psicoses
Respiratory drugs Act on the
Drogas respiratory system
respiratórias Agem no sistema
respiratório Dextromethorph Benylin DM
an
 Antitussives Suppress coughing Flovent
Antitussígeno Suprimem a tosse Fluticasone Singulair
s Montelukast Proventil
Used for prevention Albuterol Alupent
of asthma attacks Metaproterenol Spiriva
 Asthma and chronic Tiotropium
maintenance treatment of asthma;
Medicament prevent or eliminate
os par spasm of the bronchi
manejo da by relaxing bronquial
asma smooth muscle; used
to treat asthma
attacks and
bronchitis
Usado para
prevenção de
ataques de asma e Robitussin
tratamento crônico Guaifenesin
de asma; prevenem
ou eliminam o
espasmo dos
brônquios relaxando
o músculo liso
brônquico; usado Mucomyst
 Expectorants para tratar ataques Acetylcysteine
de asma e bronquite
Expectorant
es Induce productive
coughing to
eliminate respiratory
secretions
Induzem a tosse
produtiva para
eliminar secreções
 Mucolytics respiratórias
Mucolíticos
Loosen mucus to
promote its
elimination
Diminuem a
espessura do muco
para promover sua
eliminação
Sedatives/hypnot Induce relaxation Fenobarbital -
ics and sleep; lower Zolpidem Ambien
Sedativos/hipnótic (sedative) doses
os promote relaxation
leading to sleep;
higher (hypnotic)
doses induce sleep;
also used as
antianxiety agents
Induzem o
relaxamento e o
sono; doses mais
baixas (sedativas)
promovem
relaxamento que
leva ao sono; doses
mais altas
(hipnóticas) induzem
o sono; também
usados como
agentes ansiolíticos

Common Medical Terms Related to Disease


termos médicos comuns relacionados a doença
TERMO (inglês) TERMO SIGNIFICADO
(português)
Acute Agudo/a Tendo, na maioria das vezes,
sintomas intensos, e um curso
breve
Chronic Crônico/a Uma condição que se
desenvolve devagar e persiste
ao longo do tempo
Benign Benigno/a Brando ou não-canceroso
Malignant Maligno/a Nocivo ou canceroso
Degeneration Degeneração Deterioração gradual de
células normais e/ou funções de
determinado sistema
Degenerative Doença Qualquer doença na qual haja
disease degenerativa a deterioração de uma
estrutura ou função de um
determinado tecido ou sistema
Etiology Etiologia Causa de uma doença
Diagnosis Diagnóstico Determinação da presença de
uma doença baseado em uma
avaliação de sintomas, sinais e
resultados de exames
Exacerbation Exacerbação Aumento em severidade de uma
doença com agravamento de
sintomas
Remission Remissão Um período no qual os sintomas
ou sinais cessam ou diminuem
Febrile Febril Relacionado a febre
(temperatura elevada); na
maioria das vezes usado na
descrição do estado do
paciente
Gross “grosseiro”; “muito Grande; visível a olho nu
visível”; “em
grande
quantidade”
Idiopathic Idiopático Uma condição que ocorre sem
uma causa claramente
identificada
Localized Localizado/a Limitado a uma parte ou área
definida
Systemic Sistêmico/a Relacionado ao corpo inteiro
ao invés de apenas uma parte
ou área
Malaise Mal-estar Um sentimento de indisposição,
muitas vezes a primeira
indicação de doença
Marked “acentuado” Significante
Equivocal Equivocado Vago, questionável
Morbitity Morbidade Conjunto de causas capazes
de produzir uma doença
Mortality Mortalidade O estado de estar sujeito à
morte
Mortality rate Taxa de Razão do número total de
mortalidade mortes em relação ao número
total de pessoas em uma dada
população
Prognosis Prognóstico Presciência; predição do
provável resultado de uma
doença baseado no estado
geral de saúde do paciente
juntamente ao conhecimento
do curso usual da doença
Progressive Progressivo/a O avanço de uma condição,
como sinais e sintomas
aumentando em severidade
Prophylaxis Profilaxia Um processo ou medida que
previne doenças
Recurrent Recorrente Que ocorre novamente;
descreve o retorno de sintomas
e sinais depois de um período
de quiescência (inatividade)
Sequela Sequela Um transtorno ou condição
depois, e usuamente resultando
de uma doença ou lesão
prévia
Sign Sinal Evidência objetiva de uma
doença que pode ser vista ou
avaliada por um examinador
Symptom Sintoma Evidência subjetiva de uma
doença que é percebida pelo
paciente e muitas vezes
descrita pelas palavras dele/a
Syndrome Síndrome Combinação de sintomas e
sinais que dão um panorama
geral e distinto indicando uma
doença ou condição particular
Noncontributory “não contributivo” Não está envolvido ou
relacionado à condição ou ao
resultado
Unremarkable Insignificante “indigno de nota”

Abbreviations frequently used to get a patient’s history


abreviações/siglas frequentemente usadas para fazer uma anamnese
SIGLA SIGNIFICADO EXPLICAÇÃO
H & P History and Physical Documentação da história e do
exame físico do paciente
Hx History Registo de informações subjetivas
em relação ao histórico médico
do paciente, incluindo doenças
e lesões passadas, cirurgias,
condições genéticas e hábitos
de vida
CC Chief Complaint Queixa principal
c/o complains of Descrição do paciente sobre o
que o/a trouxe ao consultório ou
ao hospital; usualmente é breve e
muitas vezes é documentado nas
próprias palavras do paciente e
entre aspas
HPI History of Present Illness HDA (História da Doença Atual);
(PI) (Present Illness) amplificação da queixa principal,
com o registro da duração e da
severidade da condição,
sintomas associados, frequência,
localização, etc.
Sx Symptom Evidência subjetiva (do paciente)
que indica uma anormalidade
PMH Past Medical History (Past Registro de informações sobre o
(PH) History) passado do paciente, doenças
que iniciaram ou que ocorreram
na infância, incluindo cirurgias,
lesões, defeitos físicos,
medicamentos, histórico vacinal e
alergias
UCHD Usual Chialdhood Uma abreviação usada pra
Diseases registrar que o paciente teve as
doenças “usuais” ou comumente
contraídas durante a infância
(como sarampo, caxumba,
catapora – measles, chickenpox,
mumps, respectively!)
NKA No known allergies Sem alergias conhecidas
NKDA No known drug Sem alergias a medicamentos
allergies conhecidas
FH Family history Histórico familiar; estado de
saúde dos familiares mais
próximos
A&W Alive and Well Significa que determinado familiar
or or está vivo e em bom estado de
L&W Living and Well saúde
Ex.: father, age 92, L&W (pai, 92
anos, vivo e em boas condições
de saúde)
SH Social History É um registro dos interesses
recreativos do paciente, seus
hobbies e uso de tabaco ou
drogas, incluindo o álcool
OH Occupational History É um registro dos hábitos de
trabalho que podem envolver
riscos relacionados ao trabalho
ROS Review Of Systems (Systems Uma documentação da resposta
(SR) Review) do paciente a questões
organizadas em uma revisão
crânio-caudal das funções de
todos os sistemas do corpo,
detectando sintomas que podem
não ter sido mencionados nos
outros momentos da anamnese

PE Physical Examination Documentação do exame físico


do paciente, incluindo registros
de achados positivos e
negativos
HEENT Head, Eyes, Ears, Cabeça, olhos, orelhas, nariz e
Nose, Throat garganta

NAD No Acute Disease Ausência de doença aguda


A&O Aware and Alerta e orientado
oriented
PEERLA Pupils Equal, Pupilas isocóricas, redondas e
Round, and fotorreagentes
Reactive to Light
and
Accommodation
WNL Within Normal Limits Dentro dos limites normais
EOMI Extraocular Movimentos extraoculares
movements intact intactos (sem problemas)
SOB Shortness Of Dificuldade para respirar;
Breath dispneia
RRR Regular Rate and Ritmo cardíaco regular
Rhythm
VS Vital signs Sinais vitais
T Temperature Temperatura
P Pulse Pulso
R Respiração Frequência respiratória
BP Blood pressure Pressão arterial
Ht Height Altura
Wt Weight Peso
WDWN Well-developed and Bem desenvolvido e bem nutrido
well-nourished
GEN General Estado geral
appearance
Dx Diagnosis Diagnóstico
IMP Impression “Impressão”; é a opinião inicial do
médico ao examinar um paciente
ou após uma consulta
A Assessment Avaliação; identificação de uma
doença ou condição após
avaliação da história do
paciente, sintomas, sinais e
resultados de testes de
laboratório e procedimentos
diagnósticos
R/O Rule Out Usado para indicar um
diagnóstico diferencial quando
um ou mais diagnósticos são
suspeitos; cada diagnóstico
possível é analisado, e então
eliminado ou aceito depois da
realização de exames
complementares
Ex.: R/O pancreatites; R/O
gastroenteritis � isso significa que
qualquer um desses dois
diagnósticos é possível, porém
mais exames/avaliações mais
detalhados/as são necessários
para eliminar uma ou as duas
possibilidades
P Plan (recommendation; Alinhamento do plano de
disposition) tratamento planejado para
solucionar a queixa do paciente,
que inclui instruções ao paciente,
orientações em relação aos
medicamentos prescritos, exames
diagnósticos ou terapias
complementares

Progress notes
prontuário médico
As “progress notes” são basicamente a documentação do progresso em
relação a cada condição apresentada pelo paciente e são organizadas
usando o formato SOAP:

SIGLA SIGNIFICADO EXPLICAÇÃO


S Subjective Aquilo que o paciente descreve
O Objective Informações observáveis e adquiridas pelo
médico, por exemplo: resultados de exames e
achados do exame físico
A Assesment Hipóteses diagnósticas/impressões que o médico
possa formular acerca do problema apresentado
P Plan Recomendações do médico e prescrição
medicamentosa
Existem algumas abreviações comumente utilizadas no preenchimento das
progress notes, além daquelas já citadas que auxiliam no preenchimento
da anamnese. São elas:

SIGLA INGLÊS PORTUGUÊS


o/n Over night Durante a noite
Ex.: no acute events o/n (ausência de eventos
agudos durante a noite)
AM ante meridiem Antes de meio-dia
(Latin)
PM post meridiem Após o meio-dia
(Latin)
y.o Years old Usado para assinalar a idade. Ex: 18 y.o (18
anos de idade)
# Number or pound Se antes de um número, significa “número” Ex.:
#8 (número 8)
Se depois de um número, significa “libra” Ex.:
180# (180 libras – medida de peso)
L Left Esquerdo
R Right Direito
pt Patient Paciente
Tr / Treatment Tratamento
Tx
BRP Bathroom Privilégios relacionados ao uso do banheiro
privileges
CP Chest Pain Dor torácica
ETOH Ethyl Alcohol Álcool etílico
UOP Urinary output Débito urinário
GU Genitourinary Sistema geniturinário
GI Gastrointestinal Sistema gastrintestinal
CV Cardiovascular Sistema cardiovascular
ABD Abdômen Exame abdominal
CBC Complete blood Hemograma completo
count
WBC White blood count Leucograma
RBC Red blood count Análise da série vermelha do hemograma
Hgb Hemoglobin Hemoglobina
Hct Hematocrit hematócrito

Frequentemente, dentro da progress note, é mencionado alguma “medical


care facility” (que é um local de cuidados do paciente, dentro de um
hospital), e também são usadas siglas para se referir a esses locais, como:

SIGLA INGLÊS PORTUGUÊS


CCU Cardiac Care Unit Unidade de tratamento cardíaco
ECU Emergency Care Unit Unidade de tratamento de
emergências
ER Emergency Room Sala de emergência
ICU Intensive Care unit UTI (Unidade de Tratamento
Intensivo)
IP Inpatient Paciente internado
OP Outpatient Paciente em tratamento
ambulatorial
OR Operating Room Sala de Cirurgia
PACU Postanesthetic Care Unit Unidade de cuidados pós-
anestesia
PAR Postanesthetic Recovery Recuperação pós-anestesia
Post- Postoperative (after Paciente pós-operatório
op surgery)
Pre-op Preoperative (before Paciente pré-operatório
surgery)
RTC Return To Clinic Retornar à clínica
RTO Return To Office Retornar ao consultório

Agora que você já conhece todas essas siglas, vamos tentar compreender
a história de uma paciente e, posteriormente, sua progress note? ☺ Nesse
exercício, vou te desafiar a relembrar várias siglas! Let’s do it!

E aí, como se saiu?


Agora, vamos ver essa paciente novamente, daqui a uma semana, e
poderemos fazer as suas “progress notes”...

Dicas extras:
 Alguns serviços indicam que você coloque um “+” em frente aos
sintomas que são “positivos”, para facilitar a interpretação das outras
pessoas com acesso ao prontuário;
 Sempre fazer a revisão de sistemas e o exame físico no sentido
crânio-caudal

Referência:
CANFIELD, Marjorie. Medical Terminology: The Language of Health Care,
2nd edition. Lippincot Willia ms & Wilkins, 2006.
Por Alana Pinheiro Alves, Internal Medicine resident

O OET (Occupational English Test), assim como o Step 1 e Step 2 CK, é


um dos testes necessários para se adentrar uma residência médica nos
EUA, e deve ser feito por aqueles que pretendem aplicar para a
residência médica no próximo ciclo (2022-2023). Para international
medical graduates (IMGs) – médicos formados no exterior, mesmo aqueles
com cidadania americana -, é considerado o último passo para conquista
do ECFMG certificate.
Esse teste substitui o antigo Step 2 CS. O Step 2 CS foi definitivamente
suspenso em Janeiro de 2021 pelo NBME (National Board of Medical
Examiners). Essa prova prática era pré-requisito para obtenção do ECFMG
certificate e residência nos EUA, com a função de avaliar habilidades
clínicas e de comunicação em um cenário prático. Para aqueles que
reprovaram o Step 2 CS uma ou mais vezes, o ECFMG recomenda (pelo
menos até a publicação deste e-book), que não realizem o OET mas sim
aguardem mais informações para participarem de via alternativa de
obtenção do ECFMG certificate.
Não há certeza de que o OET será válido e pré-requisito para aplicação
à residência após esse ciclo.
1. O que é o OET e como é organizado?
O OET não é um teste utilizado para avaliar habilidades clínicas per se,
mas é importante ferramenta na avaliação de proficiência em inglês em
cenários de saúde. Deve ser feito mesmo por aqueles que estudaram em
faculdades ensinadas em língua inglesa fora dos EUA.
É um teste de inglês voltado para profissões da saúde (que incluem
medicina, enfermagem, medicina veterinária, fisioterapia, entre outras). Ele
foi estabelecido nos anos 80 na Austrália e desde 2013 é organizado e
mantido pelo Cambridge Assessment English (que também é responsável
por fornecer o IELTS, por exemplo).
O teste é dividido em quatro partes, que são habilidades diferentes a
serem testadas:
- Listening (escuta)
- Writing (escrita)
- Speaking (linguagem falada)
- Reading (leitura e interpretação de texto)

Essas sessões serão explicadas de forma detalhada nos próximos tópicos.


A duração total é de cerca de 3 horas e 20 minutos.
Normalmente o speaking é feito separadamente (dias ou horas antes do
restante do teste), e listening, reading e writing juntos, um após o outro,
nessa sequência.

2. Preço e locais de realização de teste


O OET, atualmente, custa 587 dólares australianos.
O teste pode ser oferecido das seguintes formas:
- OET paper: teste em papel, realizado em diversos test centers ao redor
do mundo
- OET computer: mesmo conteúdo do OET paper, só que feito em
computador, em diversos test centers ao redor do mundo

No Brasil, em 2021, o teste está sendo oferecido nas seguintes


localidades:
- OET Paper: Juiz de Fora, São Paulo
- OET Computer: Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro

Você deve aplicar para o teste no site oficial:


https://www.occupationalenglishtest.org/

Para aplicar, clique em “book” na página inicial. Escolha qual modalidade


de teste será realizada e então crie um login para dar seguimento à
inscrição no teste. O pagamento é preferencialmente feito com cartão de
crédito (lembre-se de ativar o uso internacional do seu cartão junto do seu
banco).

É importante lembrar que é somente após receber o resultado final do


teste que você deverá ir ao portal no site do OET, onde consta seu
resultado, e selecionar a opção de enviar sua nota ao ECFMG. Os
resultados costumam ser liberados 14 dias após o teste.
Para enviar seu score ao ECFMG, faça login no site e, no seu dashboard,
clique na seta para baixo ao lado de “display invoice”, e então em
“Manage Verifier Access”. Em seguida adicione o ECFMG.

Figura 1. Resultados do OET vistos no dashboard pessoal no site oficial.

Figura 2. Seleção de instituição para recebimento de score OET no


dashboard pessoal

3. Como é pontuado e qual score necessário para aprovação?

Para ser aprovado na prova conforme requisito do ECFMG, o médico


deve ter uma pontuação de 350 ou mais (scores B ou A) em cada uma
das quatro bandas testadas. Se em uma das bandas o score for menor
que 350, será necessário refazer o teste como um todo. As notas do OET
são divididas da seguinte forma, conforme o website:

Pontuação OET Descrição da seção do OET Score


no OET score equivalente
no IELTS
500
490 Se comunica de forma fluente e
480 A efetiva com pacientes e outros 8.0-9.0
470 profissionais de saúde. Mostra
460 entendimento completo de todo
450 tipo da linguagem escrita ou
falada.
440
430
420 7.5
410 Se comunica de forma efetiva com
400 B pacientes e outros profissionais de
saúde usando registro, tom e léxico
390 apropriados, com hesitações e
380 inacurácias ocasionais. Mostra bom
370 entendimento numa variedade de 7.0
360 contextos clínicos
350
340
330
320 C+ Pode manter interação em um 6.5
310 ambiente relevante de saúde
300 apesar de erros e lapsos
ocasionais, e segue linguagem
290 falada padrão normalmente
280 encontrada em seu campo de
270 especialização 6.0
260 C
250
240
230 5.5
210
200
190
180 Pode manter alguma interação e
170 entende informações factuais
160 D diretas em seu campo de
150 especialização, mas pode pedir
140 clarificação. Erros e inacurácias
130 frequentes e uso excessivo ou
120 incorreto de linguagem técnica Menos de 5.5
pode causar prejuízos à
comunicação
90 Pode realizar interações simples em
80 tópicos familiares e entender a ideia
70 principal em mensagens simples e
60 E curtas, considerando que possa
50 pedir clarificação. Alta densidade
40 de erros e uso excessivo ou
30 incorreto de linguagem técnica
20 pode causar prejuízo e interrupções
0 significativos à comunicação
Tabela 1. OET Scores e seu significado. Versão original disponível em:
https://www.occupationalenglishtest.org/test-information/results-assessment/

3. Listening
O listening serve para analisar a capacidade de ouvir e compreender a
língua inglesa falada num cenário de saúde. Nessa sessão, uma gravação
de voz é iniciada e dura até o fim do listening, com pequenas pausas
entre questões. À medida que se ouve a gravação, se respondem as
questões. Normalmente a um tempo de alguns segundos para que o
aplicante leia a questão e suas opções de respostas antes de começar a
ouvir o áudio.
São 42 questões no total, divididas em 3 partes.

São 2 diálogos, cada um com cerca de 5 minutos, em que um


profissional de saúde conversa com um paciente (não é
necessariamente um médico, pode ser qualquer uma das profissões
Parte da saúde). Você tem que preencher as lacunas vazias (doze para
A cada diálogo) com as palavras e termos que ouviu no áudio. É um
exercício de “complete”.

São 6 questões de múltipla escolha com somente uma alternativa


Parte correta. Os áudios são curtos, cerca de 1 minuto. Um áudio para
B cada questão.
São 2 áudios de cerca de 5 minutos, em que se discute algum
tópico de saúde. Para cada áudio, 6 questões de múltipla
Parte escolha com somente uma alternativa correta.
C

No final, há dois minutos para que o candidato releia suas respostas e


confira seu caderno de provas. O listening dura cerca de 30 a 35 minutos
como um todo.

5. Reading
O Reading sucede o listening. Serve para avaliar habilidades de leitura e
interpretação de texto na língua inglesa em cenários da saúde.
É composto de 42 questões e assim como o listening também é dividido
em partes A, B e C.

São 4 pequenos textos sobre o mesmo tema, seguidos de 20


questões. As primeiras questões dão alguma frase simples e pedem
que você responda em qual texto (A, B, C ou D) se encontram
Parte essas informações. Posteriormente, as questões fazem perguntas a
A serem respondidas ou completadas com palavras ou pequenas
frases.

Tempo: 15 minutos

Parte Seis pequenos textos, geralmente um parágrafo. Para cada texto,


B uma questão de múltipla escolha com somente uma alternativa
correta.

São 2 textos grandes, cada um com 8 questões de múltipla


escolha. Costuma ser a parte mais difícil da sessão Reading.
Parte
C Tempo: 45 minutos, inclusas as partes B e C
No final, há dois minutos para que o candidato releia suas respostas e
confira seu caderno de provas. O tempo total do Reading é de uma hora.
6. Writing
O writing costuma ser a última sessão realizada. É utilizado para avaliação
de habilidades de escrita no cenário profissional de saúde. São entregues
anotações e dados clínicos referentes a um paciente, e o candidato
deve então escrever um texto entre 180-200 palavras.
O tipo mais comum de tarefa solicitada é a escrita de referral letters
(cartas de referência) de um médico a outro. No entanto, discharge letters
(carta de alta médica) e transfer letters (carta de transferência) também
podem ser solicitadas.
São 5 minutos iniciais para leitura das notes, em que não se pode grifar e
escrever nada. Após os cinco minutos, são disponibilizados 40 minutos
para a confecção do texto. A prova disponibiliza papéis de rascunho
suficientes.
Importante lembrar que as palavras no cabeçalho do texto não estão
inclusas na contagem final de palavras. O writing costuma ser a sessão que
mais amedronta e reprova quem realiza o OET, portanto, é considerada a
habilidade que mais requer atenção e treinamento do candidato.

7. Speaking
O speaking é realizado separadamente, enquanto listening, reading e
writing são realizados juntos (na sequência anterior).
Essa seção analisa a capacidade de comunicação pela fala em cenários
de saúde. Normalmente o speaking é realizado horas antes do restante
do teste ou mesmo dias antes ou após. No caso do paper-based test, é
geralmente feito no mesmo dia. Quando é computer-based, comumente é
marcado para outra data.
O speaking tem duas conversações. Nesta situação, o candidato deve
atuar como médico e conversar com um paciente sobre determinada
situação. São fornecidas algumas informações iniciais sobre o paciente e
os objetivos que devem ser cumpridos pelo candidato, o que deve ser
perguntado, orientado.
Lembre-se: essa sessão não quer testar seus conhecimentos médicos! Se
deseja saber se você é capaz de manter uma conversação básica com o
paciente, dar orientações, fazer perguntas, mostrar empatia e esclarecer
dúvidas – tudo conforme a tarefa e objetivos dados no teste.

8. O dia do teste

Assim como recomendado para os outros exames, é ideal que haja sono e
alimentação adequados no dia anterior e do teste. O horário correto do
teste é informado ao candidato via e-mail. Recomenda-se chegar com
pelo menos uma hora de antecedência.

Quando chegar ao local, o candidato precisa apresentar seu documento


de identificação e terá uma fotografia feita no local.

É necessário que leve ao test center:


- Passaporte ou outro documento de identificação utilizado durante
aplicação pro teste
- Lápis (número 2B – preste atenção a esta regra do regulamento; não se
pode usar caneta. Para todas as sessões será utilizado lápis)

Também se pode levar borracha e apontador e uma garrafa de água


transparente (sem etiqueta).

Seu celular e outros itens eletrônicos não devem ser levados (idealmente).
Mas caso precise levar esses itens, assim como sua mochila, eles
normalmente são guardados no próprio test center. Geralmente ficam
armazenados pelos próprios funcionários do local (em um armário ou outra
área designada) quando o teste está sendo realizado.

Vale lembrar que durante a realização do listening, não é permitido sair


para ir ao banheiro. Durante as partes B e C do Reading e durante o
writing, no entanto, é possível (desde que não seja nos primeiros ou últimos
dez minutos dessas sessões).

9. Por onde estudar? Como encontrar modelos de provas?


O site oficial do OET oferece amostras gratuitas de seus testes para
estudo, além de trazer muitas outras informações. Basta visitar o site
https://www.occupationalenglishtest.org/, e na página inicial clicar em
“Prepare” e em seguida em “OET Free Samples”. No YouTube também há
vídeos oficiais do OET mostrando exemplos de testes e como realizar a
prova.

Muitos cursos e aulas preparatórias existem, especialmente com foco no


writing e speaking. Como dica pessoal, recomendo que para o speaking,
haja preparação com professor de inglês que tenha conhecimento do
teste, usando os samples do site oficial. Para o writing, vale a pena
contratar serviço de correção de redação entre os tantos disponíveis na
web.
Por Ilana Setton e Priscila Rodrigues Armijo

1. Por que fazer pesquisa nos EUA?

Você deve decidir por pesquisa caso tenha interesse numa carreira e/ou
experiência na área científica ou caso aplique para especialidades
competitivas onde a pesquisa poderá ser importante.
Fazer pesquisa nem sempre vai gerar uma publicação, principalmente
como primeiro autor, em grandes revistas científicas. Entretanto, você
poderá apresentar trabalhos em congressos internacionais, participar de
estudos multicêntricos e alguns locais permitem observar consultas, exames,
procedimentos e cirurgias. Além disso, seu mentor de pesquisa pode te
ajudar muito através de networking com outras instituições, escrevendo
cartas de recomendação e até mesmo pela possibilidade de ter um
mentor ou orientador que te ajude durante o processo do MATCH!

Mas por que os programas valorizam pesquisa? É importante ressaltar que


os programas de residência querem formar médicos! Pesquisa, educação e
saúde pública são resultados secundários para muitos programas. A
verdade é que “scholarly activity” durante a residência é considerada na
avaliação dos programas de residência, ou seja, são uma medida de
quão bom um determinado programa é.

2. Como conseguir pesquisa nos EUA?

Existem várias formas de conseguir pesquisa nos EUA: voluntária, research


fellow, clinical research fellow, postdoc e faculty. Alguns hospitais e
universidades pagam uma bolsa de pesquisa com valores que são
variáveis. Outros te contratam como full-time employee (empregado),
enquanto outros locais não têm bolsa e você pode precisar comprovar um
determinado valor financeiro para se sustentar no período.

De forma geral, essas oportunidades aparecem através de muita


persistência e paciência (e contatos)!

Primeiro, reflita na área de pesquisa (Field) e tipo de pesquisa (basic,


translational, clinical) que você mais gosta ou tem afinidade. O ideal
é tentar algo na área que você vai aplicar, para mostrar interesse e
comprometimento com a especialidade. Mas se a única oportunidade for
fazer pesquisa em outra área, não desperdice; faça e pense em como
você aplicar a experiência que você ganhou durante a pesquisa na
especialidade que você fará a residência. No final, o importante é saber
contar a sua história de forma que faça sentido e justifique suas
experiências.

Depois de definir uma área e tipo de pesquisa, procure por médicos que
publicam e fazem pesquisa nessas áreas. Você encontrará essas
informações através de contatos de professores na sua universidade,
USMLE Brasil, PubMed, Scopus, sites de Universidades e lista de speakers
em congressos. O ideal seria pedir para que seu mentor na universidade
brasileira te coloque em contato com algum professor dos EUA. Se você
não tiver esses contatos, utilize o grupo USMLE Brasil! Muitos aqui
fizeram/fazem pesquisa e tem excelentes contatos e oportunidades para
te ajudar. Caso isso também não seja possível, mande e-mails para os
professores que você encontrou através das outras plataformas. Devido a
política das universidades, vagas para vínculos empregatícios (clinical
research fellow, postdoc e faculty) precisam ser postados antes da
contratação; portanto, você pode encontrar oportunidades nos sites de
empregos dessas universidades. Assim como tudo na vida, espere receber
muito “não” e até mesmo resposta nenhuma, mas mantenha a persistência!
Proatividade e resiliência são fundamentais durante sua jornada para
conseguir residência nos EUA.

3. Vínculos de pesquisa.

a. Voluntariado.
Essa forma é a mais “fácil”. Você pode fazer pesquisa como voluntário
estando no Brasil ou nos EUA. Para pesquisa voluntária nos EUA, você só
precisa do visto B1/B2 e não precisa de um visto de pesquisa/trabalho.
STEPs e pesquisas prévias também não são necessários. Se você ainda
não se formou, essa é uma ótima forma de criar um networking sem sair do
Brasil. Você pode trabalhar em coleta de dados e escrever artigos
durante a faculdade e aproveitar para apresentar os trabalhos em
congressos. Claro que o melhor é estar nos EUA fazendo pesquisa
justamente para ganhar a experiência de estar no serviço e fazer mais
contatos.
b. Research Fellowship.
O research fellowship é uma oportunidade de pesquisa internacional para
estudantes ou médicos nos EUA. A duração depende do programa e
departamento onde você realizará a pesquisa. Normalmente o tempo
mínimo é de 6 meses e em alguns locais você consegue renovar por mais
tempo. Esse fellow pode ser pago ou voluntário. Para oportunidades
pagas, você é contratado como employee (empregado), logo, você
precisará de um visto de pesquisa (J1 ou H1B).

As documentações necessárias para um research fellow são basicamente:


carta de recomendação, TOEFL e curriculum. Os STEPS não são
necessários, mas eu recomendo se possível, já ter realizado pelo menos o
STEP 1 para facilitar a sua experiência.

c. Clinical Research Fellowship.


O clinical research fellowship é bem parecido com o research fellow, com a
diferença de que você terá obrigações clínicas. Essa é uma excelente
oportunidade de conciliar pesquisa e clinical hands-on. Entretanto, você
obrigatoriamente precisará de um J1 clinical ou H1B clinical. Essa
oportunidade é paga, e você será considerado um employee
(empregado).

d. Postdoctoral Research
O postdoc é muito bem-visto como experiência nos EUA. Para conseguir
um postdoc nos EUA, os alunos americanos precisam de um PhD. No
entanto, o MD brasileiro é equivalente ao PhD americano. Portanto, os
médicos formados no Brasil conseguem aplicar para essa vaga nos EUA
mesmo sem ter um PhD. O postdoc pode ser voluntário (visto B1/B2) ou
assalariado (J1 scholar ou H1B research). O salário-mínimo é de 40k ao
ano, mas pode ser equivalente ao de um House Officer I em algumas
universidades.

e. Research Faculty
Para ser professor nos EUA, você pode ser um attending (médico) ou
pesquisador. Existem vários níveis de faculty, por ordem de menor para
maior: Instructor, Assistant Professor, Associate Professor, e Professor.
Geralmente, você entra no primeiro nível (Instructor). Você pode tentar uma
vaga de Instructor caso você tenha experiência de postdoc ou tenha
um background muito grande de pesquisa. É importante ressaltar que esse
é um caminho não tradicional, já que o objetivo é fazer a residência
médica primeiro e depois virar professor, e não ao contrário. Além disso,
quanto mais tempo fazendo pesquisa, mais longe da prática médica você
estará, e isso é considerado uma Red Flag muito importante durante o
processo do MATCH. De qualquer forma, é uma alternativa caso você
precise mudar para os EUA e não tenha como se sustentar enquanto faz
as provas, por exemplo.

4. Tipos de visto durante pesquisa

De forma geral, existem dois vistos para pesquisa: J1 e H1B.


O visto J1 pode ser “clinical” ou de “research scholar”. Se sua oportunidade
de pesquisa não envolver clinical hands-on, você aplica para o research
scholar. Se tiver hands-on (clinical research fellow), você precisa de J1
clinical. O J1 de research scholar é válido por 5 anos, enquanto o J1
clínico é válido por 7 anos. É importante ressaltar que o J1 clinical é o
mesmo da residência. Logo, se você optar por um clinical research fellow,
seu tempo limite de 7 anos começa a contar e você terá menos tempo de
J1 para a residência. Portanto, se você quiser uma residência de cirurgia
por exemplo, você tem que considerar os 5 anos de residência + o tempo
de fellowship após residência talvez já usem o total de 7 anos. Você
também não terá a opção de voltar para um J1 research scholar depois
de conseguir um J1 clinical.
Outro ponto importante é que muitas vezes o J1 Scholar vem com a
requisição de dois anos após o vencimento do visto de retorno ao Brasil
(Section 212). Para J1 Scholar, você pode pedir um waiver (carta dos
Departamentos Brasileiros e do Estado Americano) que permite você
revogar essa necessidade de voltar para o Brasil e te permite aplicar para
outro visto nos EUA. Brevemente, se você tiver um J1 Scholar com Section
212 e entrar numa residência, seu visto muda de J1 Scholar para J1 clinical
e essa necessidade transfere automaticamente para o seu J1 clinical. Daí,
você precisará de um waiver diferente que será discutido em outros
capítulos deste e-book.
A única diferença entre J1 Scholar e H1B de research, é que o H1B é
pago (sponsored) pela universidade, enquanto o J1 é pago por você.
Além de que o H1B também é considerado visto de migração, te dando
um caminho alternativo para greencard. Lembre que se você conseguir um
H1B para pesquisa, muito provavelmente precisará de um H1B para
residência. O caviat é que caso você consiga um clinical hands-on
(clinical research fellow), você precisa de um H1B clínico, que também
conta contra seu tempo de residência, e você precisa do STEP 3.

Para seus dependentes (cônjuge e filhos) você pode ter o J2 ou H2B. O J2


poderá trabalhar após uma solicitação de autorização de trabalho ao
governo americano, que pode demorar até 1 ano para sair.

5. Como se destacar durante o research?

- Pontualidade: nos EUA não existe espaço para profissional que não é
pontual. Chegue cedo para realizar seu trabalho, incluindo os rounds e
grand rounds, os attendees podem não te observar num auditório, mas
se você se atrasar a chance de ser negativamente notado será muito
maior.
- Vestuário: Use roupas formais, sapatos fechados, barba aparada,
acessórios discretos. Você não deve querer ser lembrado por usar um
jaleco amassado ou pelo seu tênis colorido.
- Proatividade: SEMPRE preste atenção no que está acontecendo no
serviço e nas demandas, assim você poderá ver a necessidade e
chegar com soluções, respostas e projetos para problemas. Por exemplo,
se você está num serviço onde existe uma referência para um tratamento
de doença ou procedimento e não existe um banco de dados sobre
esse assunto, se ofereça para criar e coletar as informações.
- Paciência: Saiba esperar o momento adequado para discutir uma
proposta de trabalho com o seu mentor. Eles estão normalmente
sobrecarregados e vão apreciar a sua sensibilidade.
- Estude: Leia artigos e se atualize para entender melhor o projeto que
você está fazendo. Além disso, com o conhecimento de um tema surgem
as ideias e hipóteses que podem originar outros projetos.
- Prazos: Responda e-mails o mais rápido possível e finalize seus trabalhos
antes do deadline. Os orientadores levam tempo para corrigir, não
deixe para enviar seu trabalho no fim de semana da véspera do prazo
final de submissão. Atenção que ocasionalmente você terá que enviar
e-mails para lembrar do trabalho e coloque a data do prazo, é normal
eles esquecerem pela sobrecarga de trabalho.
- Oportunidades de liderança: aproveite para participar de boards e
comitês de sociedades da sua especialidade ou na universidade que
você está. Por exemplo, se voluntarie para o research committee da
associação de internal medicine ou participe da Associação de
Postdocs caso você consiga um postdoc.

6. Considerações finais:

Tenha interesse e se dedique em todos os seus projetos. Mas tenha


cuidado para não aceitar tudo que for oferecido a você. Nos EUA, a
cultura é de que se você atinge e/ou supera as expectativas colocadas
em você, as pessoas aumentaram essas expectativas.
Não comece um research só pelo networking ou cartas, quando fazemos
algo que não gostamos fica perceptível que você está lá somente por
interesse, ao invés do aprendizado, e você será extremamente infeliz.
Aproveite a experiência para se enriquecer culturalmente, já que você terá
contato com culturas e religiões diferentes. Aprender com as pessoas que
estão ao seu lado e trocar experiências é fantástico, não perca essa
oportunidade.
Não tenha medo de falar suas limitações em um assunto, os orientadores
irão te ajudar, ensinar ou dar soluções para resolver os problemas. Se você
estiver sobrecarregado explique a ele, não aceite o que não dará conta.
Peça feedback do seu trabalho, onde pode melhorar e o que poderia
fazer diferente; e melhore nessas áreas.
Saiba discutir e explicar sobre sua pesquisa. Isso pode ser um ótimo tópico
de discussão durante a entrevista para residência, ou uma red flag caso
você não consiga elaborar no que trabalhou.
Finalmente, qualidade é maior que quantidade. O principal é mostrar que
você tem capacidade de começar e terminar algo de qualidade. Não
adianta trabalhar em 10 projetos que só resultem em 1 abstract ou
apresentar 15 abstracts que não resultaram em nenhuma publicação. Os
Program Directors prestarão atenção nisso.
POR QUE E COMO PUBLICAR ARTIGOS CIENTÍFICOS

Stephan Altmayer, Matheus Simonato, Fabio Y. Moraes

É inquestionável a importância de publicações científicas, particularmente


aquelas indexadas no PubMed, em diversas etapas da carreira médica.
Durante a faculdade, as publicações ajudam os estudantes a competirem
por oportunidades de pesquisa e de estágio nos Estados Unidos (tanto
observership, quanto clerkship). Depois de formado, as publicações
contam muitos pontos para conseguir entrevistas para vagas de residência
e são frequentemente assunto durante as entrevistas. E não termina por aí!
O ciclo continua para conseguir o seu fellowship dos sonhos e depois
para subir a ladeira da carreira acadêmica como professor.

Reconhecemos que conseguir publicar um artigo no Brasil não é fácil, pois


em muitas universidades há um número limitado de vagas de iniciação
científica comparado à quantidade de estudantes disputando por essas
vagas. Muitos estudantes desistem por aí, alegando que "não há vagas de
iniciação científica na minha faculdade". No entanto, há muitas maneiras
de se envolver com pesquisa, dispondo ou não de dados originais
(aqueles coletados retrospectivamente ou prospectivamente por você ou
seu grupo de pesquisa). Nosso objetivo é mostrar para vocês que há
outras maneiras para se publicar um artigo indexado além do tradicional
caminho das pedras de conseguir um edital de iniciação científica. Não
há motivos para desistir aí se você não conseguiu um edital.
A figura acima resume alguns dos possíveis caminhos para se publicar um
artigo indexado, separados quanto à disponibilidade de dados originais.
As modalidades de artigos dependem de cada revista, portanto cabe a
você consultar quais são os tipos de artigos aceitos pelo jornal que você
quer publicar. Segue no link abaixo os tipos de artigos aceitos no Lancet,
que são diferentes daqueles aceitos na Circulation.

https://www.nejm.org/author-center/article-types
https://www.ahajournals.org/circ/article-types
Os três autores desse artigo já exploraram praticamente todas essas
maneiras para ter um artigo publicado. Esperamos que fique claro que,
apesar de ser importante se associar a um grupo de pesquisa que
produza dados especialmente no início da carreira para ganhar
experiência, não é necessário dispor de dados originais para se publicar
um artigo. Por exemplo, revisões literárias ou sistemáticas são relativamente
fáceis de serem feitas e se tiverem alta qualidade podem ter um número
alto de citações no longo prazo. Eventualmente, dispomos de poucos
dados originais que não teriam conteúdo suficiente para ser publicado
como um artigo original padrão (2500-3000 palavras), mesmo assim
podem ser aproveitados para um "brief report" ou uma "research letter".

Agora vamos dar uma breve descrição com exemplos dessas modalidades
de artigos demonstrados na figura. Sugerimos que após ler a descrição de
cada categoria de artigo, você leia a referência citada, que são artigos
publicados pelos autores deste guia, para entender os pontos
abordados. Primeiro vamos falar dos tipos de artigo que você não
precisa de dados para publicar.

1. Carta ao editor (Letter to the Editor): em geral é um artigo curto de


até 300-500 palavras que faz uma crítica construtiva ou um
questionamento a algum paper recentemente publicado. Se você leu um
artigo e não concorda com a análise feita ou com a conclusão dos
autores, você pode escrever uma carta e utilizar referências da literatura
para suportar seus argumentos. No exemplo abaixo, escrevemos uma carta
a um artigo pois não concordamos com a análise feita, já que os autores
do artigo utilizaram dados não ajustados a fatores de confusão para
obter suas conclusões.

Simonato M, Altmayer S. Letter by Simonato and Altmayer Regarding Article,


"Dog Ownership and Survival: A Systematic Review and Meta-Analysis". Circ
Cardiovasc Qual Outcomes. 2020 Oct;13(10):e006368. doi:
10.1161/CIRCOUTCOMES.119.006368. Epub 2020 Oct 20. PMID:
33079588.

https://www.ahajournals.org/doi/10.1161/CIRCOUTCOMES.119.006368?url
_ver=Z39.88-
2003&rfr_id=ori:rid:crossref.org&rfr_dat=cr_pub%20%200pubmed
2. Comentário ou Editorial: revistas podem ter diferentes “nomes” para
essas categorias de artigo. Em geral os comentários são uma perspectiva
de um grupo de autores sobre um tópico, que é escrito de uma maneira
mais livre e acessível, utilizando dados da literatura para embasar os
argumentos. Os editoriais na maior parte das vezes são artigos escritos por
convite do editor sobre um artigo ou um grupo de artigos recentemente
publicado na revista, dando uma perspectiva de um especialista sobre
como o artigo pode impactar a área ou ser aplicado. No exemplo
abaixo, o Dr. Fábio fala sobre o atual cenário e perspectivas futuras do
treinamento de oncologistas na América Latina. O aluno menos experiente
pode se associar a um professor mais famoso para ser um co-autor neste
tipo de publicação.

Duma N, Moraes FY. Oncology training in Latin America: are we ready for
2040? Lancet Oncol. 2020 Oct;21(10):1267-1268. doi: 10.1016/S1470-
2045(20)30158-3. PMID: 33002435.

https://www.thelancet.com/journals/lanonc/article/PIIS1470-
2045(20)30158-3/fulltext

3. Revisão literária (“state-of-the-art review”): nessa modalidade de


artigo, os autores fazem uma revisão extensa de toda a literatura para
resumir os achados em um paper que pode ser utilizado como consulta e
até mesmo como referência para aprendizado de um tópico de medicina.
A vantagem é que você utiliza apenas artigos já disponíveis na literatura
(ou seja, não precisa dos seus próprios dados) e se a revisão for bem
escrita e publicada, pode gerar um alto número de citações. Existem
revistas que publicam apenas essa modalidade de artigo, como a
Radiographics, que publica revisões de tópicos de radiologia e guias
para o radiologista. No exemplo abaixo, fizemos uma revisão sobre alguns
métodos automatizados de quantificação de lesões pulmonares malignas.

Hochhegger B, Zanon M, Altmayer S, et al. Advances in Imaging and


Automated Quantification of Malignant Pulmonary Diseases: A State-of-the-
Art Review. Lung. 2018 Dec;196(6):633-642. doi: 10.1007/s00408-018-
0156-0. Epub 2018 Oct 9. PMID: 30302536.

https://link.springer.com/article/10.1007/s00408-018-0156-0
4. Revisão sistemática ± meta-análise: diferentemente da revisão
literária que é mais livre, a revisão sistemática tem uma metodologia
padronizada visando uma maior organização e uma redução dos vieses
na seleção dos artigos que serão incluídos. A metodologia em geral
envolve uma questão de pesquisa bem definida (idealmente estratégia
PICO), critérios de inclusão e exclusão, definição da estratégia e termos
de busca, análise dos critérios dos estudos, entre outras características
mais “sistemáticas” comparadas a uma revisão literária. Meta-análise é o
processo de “combinação” dos dados analisados quando possível para
chegar a uma medida sumária. Por exemplo, posso fazer uma revisão
sistemática da eficácia de Cloroquina para COVID-19 e decidir fazer a
meta-análise desses dados para chegar a uma estatística sumária de qual
a eficácia da cloroquina baseado nesses estudos incluídos. Às vezes os
dados são tão diversos e medidos de uma forma diferente que não é
possível fazer uma meta-análise, então acabamos fazendo apenas a
parte da revisão sistemática e deixamos os dados em uma forma narrativa
para ser interpretado pelo leitor. Algo importante e cada vez mais exigido
é que revisões sistemáticas e meta-análises sejam registradas
prospectivamente (ou seja, antes da coleção dos dados) em uma
plataforma como o registro PRÓSPERO.

No exemplo abaixo deixo uma meta-análise recente onde comparamos a


acurácia diagnóstica da RM de corpo inteiro com a do PET-CT para o
estadiamento de metástases em câncer de pulmão.

Basso Dias A, Zanon M, Altmayer S, et al. Fluorine 18-FDG PET/CT and


Diffusion-weighted MRI for Malignant versus Benign Pulmonary Lesions: A
Meta-Analysis. Radiology. 2019 Feb;290(2):525-534. doi:
10.1148/radiol.2018181159. Epub 2018 Nov 27. PMID: 30480492.

https://pubs.rsna.org/doi/10.1148/radiol.2018181159

Como podemos ver, há uma diversidade de oportunidades para se


escrever um artigo científico sem precisar ter dados originais. Portanto,
não ter uma pesquisa em andamento não é justificativa para não escrever
um artigo. Você pode escolher um tópico que domina e tem interesse para
fazer uma revisão literária ou até mesmo revisão sistemática se há alguma
questão na literatura que ainda não é clara e uma revisão profunda das
evidências poderia ajudar a esclarecer esse ponto. Agora vamos
discutir os tipos de artigo em que é necessário haver dados para serem
escritos:

5. Relato ou séries de casos: escrever um relato de caso é uma das


maneiras mais simples de começar a publicar, pois só é necessário um ou
uma série de casos e revisão da literatura que seja pertinente ao seu caso.
O desafio está em encontrar um caso que seja interessante de ser
publicado (ou seja, aceito para publicação). Algumas revistas nos últimos
anos não têm aceitado relatos de caso; outras, têm aceitado apenas
como “research letter” ou “letter to the editor”. Algumas revistas mais
prestigiadas aceitam relatos de casos apenas com convite ou tem alguma
parceria para a publicação de relatos, como o NEJM tem com o MGH. Na
referência abaixo coloco um relato de caso de gêmeos fusionados
publicado como “letter to the editor” na Radiologia Brasileira, uma das
minhas primeiras publicações como estudante.

Rosa RF, Targa LV, Altmayer SP, Lliguin KL, Denardin D, da Cunha AC. Pre-
and postnatal findings of a dicephalus tetrabrachius-dipus conjoined twins
with a diaphragmatic hernia. Radiol Bras. 2015 Jan-Feb;48(1):61-2. doi:
10.1590/0100-3984.2013.0021. PMID: 25798012; PMCID: PMC4366033.

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4366033/

6. Artigos curtos (short report, research letter): Quando seus dados


são limitados, uma possibilidade de publicação está na research letter.
Estas cartas consistem numa pequena publicação, com um número menor
de palavras e sem a estrutura tradicional de um artigo (introdução,
método, resultado, discussão), enunciando resumidamente os achados de
uma pesquisa. Muitas vezes os journals limitam o número de figuras e
tabelas neste tipo de publicação. Apesar da estrutura não ser tão rígida
quando comparada a um artigo padrão, também é essencial neste tipo
de trabalho delinear os métodos utilizados para obter aquele resultado.
Os short reports também são uma forma de publicar seu trabalho em uma
revista com impacto mais alto, já que uma revista grande pode não ter
espaço para publicar seu trabalho como um artigo original mas pode em
alguns casos aceitá-lo como um short report. Abaixo, um exemplo de short
report publicado na Structural Heart descrevendo um registro de pacientes
com COVID-19 e doença valvar cardíaca.
Dvir D, Simonato M, Amat-Santos I, et al. Severe Valvular Heart Disease and
COVID-19: Results from the Multicenter International Valve Disease Registry.
Struct Hear. 2021; Available from:
https://doi.org/10.1080/24748706.2021.1908646

https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/24748706.2021.1908646

7. Artigo padrão: Finalmente, a forma mais tradicional de publicar é o


artigo padrão, também conhecido como artigo original (original research).
Este tipo de artigo é tipicamente estruturado em Introdução, Métodos,
Resultados, Discussão e Conclusão, em uma faixa de 3000 a 5000
palavras. Estes artigos também devem ter um resumo de 250-300 palavras.
O artigo padrão é o formato, mas dentro dele existem diferentes tipos de
estudos que podem ser realizados: estudos randomizados, estudos
observacionais prospectivos, estudos observacionais retrospectivos, entre
outros. Dentre os tipos de artigos, este acaba tendo um prestígio maior se
publicado por um estudante, já que demonstra a capacidade de
transformar uma ideia em uma nova contribuição à literatura. Na minha
experiência em pesquisa clínica com registros retrospectivos, um artigo
original demora pelo menos seis meses a um ano para ser feito, e depois
mais seis meses para ser publicado devido ao período de revisão.
Trabalhos de bancada demoram muito mais. Dificilmente um estudante
liderará um artigo original sem que o tenha escrito e participado
substancialmente na sua criação. Tendo isto em mente, eu recomendo
para o estudante que está interessado em liderar um artigo original que
aprenda, aos poucos, todo o processo envolvido na produção de um
paper. Desde o desenho da ideia e do estudo, até a estatística e o
gerenciamento dos dados, a montagem das figuras, e o processo de
escrever desde a introdução até o ponto final da conclusão. Isto significa
que o seu primeiro paper original provavelmente não será como primeiro
autor, mas isto não deve te desanimar de participar. Primeiro porque
qualquer publicação de trabalho original como estudante tem um peso.
Segundo porque todas estas experiências, se aproveitadas corretamente,
vão te dar a capacidade necessária para executar todas as funções
exigidas na criação de um novo trabalho. Abaixo, um exemplo de original
research publicado no Circulation descrevendo os resultados de um
registro multicêntrico.
Simonato M, Whisenant B, Ribeiro HB, Webb JG, et al. Transcatheter Mitral
Valve Replacement After Surgical Repair or Replacement: Comprehensive
Midterm Evaluation of Valve-in-Valve and Valve-in-Ring Implantation From
the VIVID Registry. Circulation. 2021 Jan 12;143(2):104-116. doi:
10.1161/CIRCULATIONAHA.120.049088. Epub 2020 Sep 25. PMID:
32975133.

https://www.ahajournals.org/doi/10.1161/CIRCULATIONAHA.120.049088?ur
l_ver=Z39.88-
2003&rfr_id=ori:rid:crossref.org&rfr_dat=cr_pub%20%200pubmed
Por Aryanna Musme de Araujo e Sousa

De acordo com o guia da Association of American Medical Colleges


(AAMC, 2016), o MSPE é um sumário de avaliação da performance do
estudante de medicina, assinado pelo diretor da faculdade ou
representante da instituição mediante o ECFMG. A informação contida no
documento deve ser concisa e distribuída por tópicos que permitam a fácil
localização e leitura.

O MSPE não tem como objetivo advogar pelo estudante, mas sim
descrever sua performance durante os principais rodízios clínicos de
maneira honesta, mostrando seus atributos, experiências, destaques
acadêmicos e premiações. De preferência, se possível, a descrição da
performance deve ser comparativa a dos demais colegas de turma.

O MSPE é a mesma coisa que Dean’s Letter?

O termo “Dean’s Letter” é usado como sinônimo de MSPE de maneira


errônea. A Dean’s Letter foi um documento precursor do MSPE nos anos ’90
e consistia em uma carta escrita pelo diretor da faculdade de medicina
recomendando o aluno para os programas de residência. A Dean’s Letter
atualmente é usada em uma situação especial. É comum que os
candidatos internacionais utilizem uma carta do diretor da sua faculdade
como uma das cartas de recomendação submetidas na ERAS application,
principalmente na impossibilidade de todas as cartas serem americanas.
Atualmente, o AAMC e o ERAS não mais recomendam a Dean’s Letter
como um documento substituto do MSPE. É fortemente recomendado que
o MSPE seja feito conforme as instruções descritas no site da AAMC, que
podem ser encontradas em: https://www.aamc.org/media/23311/download

Qual a importância do MSPE?

É muito comum ouvir que o MSPE não tem importância, principalmente para
candidatos estrangeiros, uma vez que a faculdade onde o IMG
graduou não tem peso na aplicação. Porém, com a mudança do Step 1
para pass/fail, outros fatores como cartas de recomendação, experiência
clínica nos Estados Unidos e currículo terão cada vez mais notoriedade.
Com aumento da concorrência e aplicações cada vez mais fortes, é
imprescindível que o/a candidato (a) internacional faça o seu melhor para
submeter um MSPE o mais próximo possível dos moldes do documento
fornecido pelas faculdades de medicina americanas. Não tem como saber
o peso do MSPE na aplicação de candidatos estrangeiros
especificamente, mas segundo os reports de 2020 do NRMP (National
Resident Matching Program), o MSPE foi o quinto critério de maior
importância para os programas de residência na hora do ranqueamento
para o match.

Fonte: https://mk0nrmp3oyqui6wqfm.kinstacdn.com/wp-
content/uploads/2020/08/2020-PD-Survey.pdf

Solicitando o MSPE para a sua faculdade

No caso de a faculdade emitir algum documento de avaliação da


performance do/a aluno (a) em comparação com seus colegas de turma,
o/a candidato (a) deve conversar com o diretor da faculdade ou
responsável sobre a possibilidade de adaptar o documento existente
para que o mesmo fique o mais próximo do formato final do MSPE. Caso a
faculdade não emita semelhante avaliação, na grande maioria dos casos
o próprio aluno/a se encarregará de escrever o MSPE, com consentimento
e ajuda da faculdade. Nesse caso, dois cenários são mais comuns.

Em um primeiro caso, o aluno/a já sabia com antecedência que aplicaria


para a residência nos EUA antes de iniciar o ciclo clínico (internato). Aqui,
uma alternativa seria conversar com o chefe de cada rodízio sobre a
necessidade do MSPE e pedir uma pequena avaliação da sua
performance ao final do estágio (e claro, autorização para traduzir a
mesma para o inglês). Em um segundo cenário, a pessoa decidiu revalidar
o diploma tarde durante a graduação, ou depois de formado (a). Nesse
caso, a melhor saída seria o candidato/a entrar em contato com a
faculdade, e pedir autorização para escrever o próprio MSPE (ou fazê-lo
em conjunto com a faculdade). Não é o ideal, mas é comum o/a aluno (a)
descrever todas as etapas do MSPE sozinho (a), e solicitar junto à
faculdade os gráficos comparando as suas notas com as dos colegas de
turma para anexar ao documento.

Três situações adversas podem acontecer: 1) A faculdade pode não


fornecer os gráficos com as notas comparativas. Nesse caso, apenas
coloque a nota que tirou em cada rodízio junto à descrição da
performance 2) A faculdade pode se negar a fazer ou a ajudar na
confecção/ submissão do MSPE. Nesse caso, não haveria upload do
documento, porque o aluno não pode submeter um MSPE que não foi
aprovado e autorizado pela faculdade de origem. Os programas de
residência verão uma mensagem gerada pelo ERAS falando que o
documento não foi submetido e para entrar em contato com o/a
candidato (a) para maiores informações 3) O MSPE foi assinado e
aprovado pela faculdade, mas a instituição não tem acesso ao ECFMG
Medical School Web Portal (EMSWP) ERAS program para submeter o
documento. Nesse caso, o próprio candidato vai fazer o upload do
documento no ECFMG’s On-line Applicant Status and Information System
(OASIS), ou via alternativas, como explicado mais adiante.

Quando pedir o MSPE para a faculdade?

O quanto antes melhor. Pode levar meses para a faculdade entregar os


gráficos comparativos das notas em cada rodízio. Uma sugestão seria
pedir os gráficos (ou abordar qualquer assunto relevante ao MSPE) o mais
cedo possível no ano de aplicação, ou antes. Um exemplo de timeline
seria entrar em contato com a faculdade na metade ou final de janeiro,
após recesso de fim de ano. As faculdades podem levar cerca de 3-4
meses para enviarem os gráficos. Nesse meio tempo, o candidato deve já
deixar pronta a descrição de todos os outros elementos do MSPE,
incluindo correção gramatical. Quando a faculdade enviar os gráficos, o
candidato apenas formatará o documento conforme os modelos
mostrados mais adiante, e o enviará de volta para a faculdade fazer o
upload no ERAS. Com essa timeline, o MSPE vai estar no sistema ERAS entre
final de junho e julho. A aplicação será submetida na segunda quinzena
de setembro, geralmente. Não esqueça que o MSPE é apenas um dos
documentos da aplicação. Cartas de recomendação e Personal
Statement demandam muito tempo para ficarem prontos. Programe-se com
antecedência.
Quem deve fazer o upload do MSPE no ERAS?

Depois do MSPE feito, o diretor ou o responsável da faculdade de


medicina junto ao ERAS vai assinar o documento e aqui duas situações
são possíveis. Se faculdade participa do ECFMG Medical School Web
Portal (EMSWP) ERAS program, o candidato (a) não precisa fazer mais
nada. A faculdade vai dar upload do MSPE no portal e em 3-5 dias úteis,
o MSPE aparecerá como “uploaded” no sistema ERAS do/a candidato
(a). Se a faculdade não participa do portal, o candidato fará o upload
do MSPE (formato PDF) de 3 formas:

1) Pelo “ECFMG’s On-line Applicant Status and Information System


(OASIS”), em:
https://secure2.ecfmg.org/emain.asp?app=oásis
(Clicar em “ERAS Support Services”, na aba da esquerda)

Fonte:https://www.ecfmg.org/eras/applicants-documents-
submission.html

2) Pelo ECFMG Credentials Upload Tool

https://uploadcredentials.ecfmg.org

3) Pelo aplicativo MyECFMG app (segundo o site do ECFMG essa


alternativa ainda é válida para quem já possui o aplicativo, mas o mesmo
não está mais disponível para download na Apple Store ou Google Play)

Fonte: https://www.ecfmg.org/resources/myecfmg-mobile-app.html

Formato e Conteúdo do MSPE (links com o template e exemplos mais


adiante)

O MSPE deve conter no máximo sete páginas, com espaçamento único, e


fonte número 12. O limite de sete páginas não inclui a sessão final,
“Medical School Information”. Porém, é recomendado que o documento
não ultrapasse sete páginas totais. O inglês deve estar absolutamente
impecável, sem erros gramaticais e com vocabulário adequado. Não
pense duas vezes antes de pedir uma avaliação e correção profissionais,
caso não conheça ninguém nativo e a par do processo para ajudar na
revisão do documento.

O MSPE contém seis partes: Identifying Information, Noteworthy


Characteristics, Academic History, Academic Progress, Summary e
Medical School Information. De preferência, o MSPE deve ser feito em
um documento oficial da faculdade, em página timbrada com símbolo e
cabeçalho da instituição.

Parte 1: Identifying Information

Fazer um breve parágrafo em texto corrido descrevendo:

· Nome completo do candidato/a e atual situação acadêmica


(dizer se é estudante do sexto ano ou ex-aluno/a da instituição).
· Nome oficial da faculdade de medicina e onde a mesma se
localiza (cidade e país).

Parte 2: Noteworthy Characteristics

Essa seção inclui informações para ajudar os programas de residência a


selecionar candidatos com base em diferentes experiências e
backgrounds. O Dean da faculdade deve descrever 3 características
pessoais e/ou acadêmicas pelas quais o/a aluno(a) se destacou durante
a faculdade. Essas características devem ser apresentadas em forma de
itens (bullet points). Cada característica deve ser descrita em no máximo
duas sentenças, de maneira concisa. Tópicos como barreiras ou desafios
superados com louvor pelo estudante durante a graduação são bem-
vindos aqui. Aproveite o espaço para falar de características que não
foram citadas em outros momentos no ERAS application ou no personal
statement. Uma dica aqui, é perguntar ao seu mentor na faculdade, ou a
colegas mais próximos, sobre três características que se destacam em
você.

Parte 3: Academic History

Esse item do MSPE é feito em forma de tabela (que pode ser copiada do
template* no link ao final desta seção) contendo:
· Mês e ano da matrícula na faculdade e data da graduação do/a
estudante.
· Justificativa de qualquer interrupção durante a graduação
(trancamento de matrícula por qualquer motivo, incluindo
intercâmbio ou “research-year”).
· Informações de graduações anteriores ou futuras em programas
combinados (MD-PhD, MD-MPH, MD-MSc).
· Justificativa de qualquer evento que tenha levado o/a aluno (a) a
repetir o ano ou necessitar de exame de recuperação para passar
em alguma matéria na faculdade.
· Descrição de qualquer punição ou suspensão sofrida pelo aluno
ou qualquer evento relevante de má conduta.

Caso não tenha nada a declarar em algum dos itens acima, coloque
apenas N/A (not applicable).

Parte 4: Academic Progress

Essa seção contém 3 partes: Professional Performance, Preclinical Courses,


e Clinical Courses and Elective Rotations. A performance nos eletivos
(clerkships) realizados fora do Brasil deve ser incluída neste último item,
caso os créditos tenham sido aprovados e aproveitados na faculdade de
medicina de origem. Aqui será relatada toda a performance acadêmica
do estudante e seus atributos profissionais, tanto no ciclo pré-clínico/
cadeiras básicas, como no internato.

Professional Performance: Deve conter uma definição do que a


faculdade considera uma conduta de excelência em ética e
profissionalismo por parte do/a aluno (a). O parágrafo deve conter uma
frase descrevendo que o/a estudante sempre atendeu todas as
expectativas de excelência em conduta profissional e ética, de acordo
com as normas da faculdade, se assim o for. Qualquer honraria ou elogios
por profissionalismo do/a aluno (a) devem ser comentados nessa seção,
bem como qualquer desvio de conduta, explicando como o problema foi
remediado.

Preclinical Courses: A descrição do ciclo básico e pré-clínico pode


ser feita em um parágrafo, de maneira mais abrangente, falando do
aproveitamento do/a aluno (a) no geral nessa primeira fase da
graduação. Deve citar pontos fortes, utilizando adjetivos que valorizem
o/a candidato (a). Cite brevemente o sistema de notas adotado pela
instituição e se o/a aluno (a) obteve sucesso ao completar os cursos
desse ciclo (por exemplo: “para ser aprovado/a nas matérias do ciclo
básico e pré-clínico, o/a estudante deve ter uma média mínima de 7, de
10 pontos possíveis. O aluno X foi aprovado em todas as matérias, sem
necessidade de exames de recuperação”).

Observação: O MSPE não é uma carta de recomendação. Também não


se deve mentir sobre fatos que obviamente não se confirmam no histórico
escolar. Falar brevemente que o/a aluno (a) teve dificuldade em
determinada matéria e que recuperou muito bem depois, dá veracidade
ao documento (ainda mais se no histórico está óbvio que a pessoa não
passou “de primeira” naquela matéria). Esse nível de sinceridade é
obrigatório nos MSPEs feitos pelas faculdades americanas. No caso de
MSPEs de candidatos IMGs, esses dados negativos são geralmente
omitidos, até porque esse documento acaba tendo menos peso na
aplicação, quando comparado com candidatos americanos.

Clinical Courses and Elective Rotations: Aqui será descrita a


performance do/a aluno (a) em cada um dos grandes rodízios do
internato e eletivos. Salvo algumas pequenas variações, os principais
rodízios abordados são: Clínica Médica, Cirurgia Geral, Pediatria,
Ginecologia e Obstetrícia, Medicina da Família, e rodízios eletivos,
incluindo clerkships. Nos MSPEs americanos é comum encontrar descrição
dos rodízios de Psiquiatria e Neurologia, mas não há necessidade de
incluí-los, caso tenham sido feitos no ciclo pré-clínico e/ou se o documento
já estiver muito extenso. Explique, se possível, como a avaliação de notas é
feita naquele rodízio (% de nota teórica e % de nota em avaliação
prática). Descreva a performance, usando adjetivos de impacto (excellent,
outstanding, bright, brilliant, fantastic, etc.) e citando algum momento de
destaque (algum diagnóstico difícil, apresentação, publicação que o/a
estudante tenha realizado). Preste especial atenção nos adjetivos usados.
Por exemplo, “very good” pode parecer realmente muito bom em
português, mas em inglês é quase sinônimo de ruim, por incrível que pareça.
As descrições do MSPE e cartas de recomendação são geralmente
infladas e exageradas. Isso é normal e esperado. Se a nota não foi muito
boa, cabe mencionar algum aspecto a ser melhorado como justificativa,
mas de forma que não soe muito negativo. Coloque a nota final do
rodízio, FAIL, PASS, HIGH PASS, HONORS, junto ao nome do rodízio ou ao
final da descrição.

Observação sobre os gráficos: O gráfico mostrando a nota do/a


estudante no rodízio em comparação com a nota dos colegas de turma,
deve vir no corpo do MSPE, ao lado da descrição da performance (e
não em um apêndice ao final do documento, como era feito antigamente).
O gráfico deve conter legenda e mostrar claramente os percentis de nota
considerado Fail, Pass, High Pass, Honors (ou qualquer outra classificação
de notas preferida pela faculdade). Veja os links com os modelos ao final
desta seção.

Parte 5: Summary

No “Summary” é descrito um resumo final da performance do aluno como


um todo, abrangendo ciclo básico, pré-clínico e internato, de acordo com
o critério de notas da faculdade. Geralmente mencionam-se algumas
posições de destaque do aluno, algum serviço prestado à comunidade,
ou honraria recebida na graduação. Aqui cabe mencionar novamente
que o/a estudante sempre seguiu conduta acadêmica exemplar, se for o
caso, ou destacar algum ponto de superação durante a graduação. Ao
final, ao estudante é dada uma nota final, mencionando a posição geral
no ranking de notas em relação aos colegas de turma, se aplicável. Um
exemplo seria: “o aluno X obteve performance classificada como
excelente, tendo ficado entre os 10% melhores da sua turma”. É
imprescindível descrever o critério de distribuição dos quartis/percentis de
nota, no caso de a faculdade ranquear os alunos.

Parte 6: Medical School Information

Essa parte é um breve texto descrevendo características gerais da


faculdade de medicina. Por exemplo, mencione se a instituição é pública,
particular, filantrópica, como as notas são dadas (média mínima para
considerar o/ a estudante aprovado/a), a duração do curso de medicina
e como os ciclos são divididos e a duração. Deixe claro que a faculdade
confeccionou o MSPE (ainda que não o tenha feito), e diga que o aluno
teve acesso ao documento para sugestões (mas não houve interferência
direta ou edição de conteúdo). Também deixe claro que a faculdade
não utiliza método de ranqueamento, se for o caso, e que o mesmo
foi feito especialmente para a confecção do presente documento.
Mencione se a faculdade considera a nota dos steps como critério de
avaliação (geralmente não é o caso das faculdades brasileiras). No fim,
deixe o site da faculdade para maiores informações. O diretor ou o
responsável que representa a faculdade mediante o ECFMG vai assinar o
documento e submeter no sistema ECFMG-ERAS (ver acima: “Quem deve
fazer o upload do MSPE no ERAS?”)

TEMPLATE E EXEMPLOS ATUAIS DE MSPEs

· *Link do MSPE template oficial do AAMC

https://www.aamc.org/professional-development/affinity-
groups/gsa/medical-student-performance-evaluation

· Links com exemplos de MPSE no modelo mais atualizado (repare


que alguns são mais elaborados que outros. Apenas faça o melhor
para seguir o formato geral)

https://www.feinberg.northwestern.edu/md-education/docs/current-
students/Sample-MSPE-2017.pdf

https://depts.washington.edu/fammed/wp-content/uploads/2017/10/MSPE-
Example-File-2018.pdf

https://meded.ucsf.edu/sites/meded.ucsf.edu/files/inline-files/Bridges-
sample1-MSPE-Class%20of%202022-extension0304.pdf

https://meded.ucsf.edu/sites/meded.ucsf.edu/files/inline-files/Bridges-
sample2-MSPE-Class%20of%202022-no%20extension0304.pdf
Por José Eduardo E. Lima, Aryanna Sousa, Vitor Abrantes

Este material representa única e exclusivamente a opinião dos


autores, sem qualquer relação com suas instituições de ensino e/ou
empregadores.

· ERAS - Visão Geral

O Electronic Residency Application Service® (ERAS®) é a plataforma


utilizada para o envio dos documentos da sua inscrição para os
programas de residência. Na plataforma, existem pontos que merecem
atenção durante o preenchimento. Neste capítulo, falaremos desses
pontos, da linha do tempo e também sobre a melhor forma de lidar com
cada item, em especial, no preenchimento dos dados do curriculum vitae.

O ERAS® armazenará não somente seus scores (score report), cartas de


recomendação, MSPE e personal statement. No ERAS®, você também
deverá preencher dados pessoais, endereço de residência e opções de
visto, para ficar em alguns exemplos. É importante que você preencha
todas as informações com os dados mais atualizados, especialmente o
endereço. Os programas podem enviar cartas e kits de onboarding
durante a temporada de entrevistas e, durante a temporada 2020-2021,
alguns programas chegaram a enviar cartas de agradecimento ou itens
importantes mesmo para quem residia no Brasil.

Por falar em score report, suas notas deverão ser liberadas pelo ECFMG
para que fiquem disponíveis no ERAS®. Isso é solicitado dentro do próprio
ERAS®, sendo cobrada uma taxa de $80 uma única vez. Também
devemos lembrar da foto que fica na plataforma, que é enviada por meio
do OASIS, no site do ECFMG. Lembre-se de utilizar uma foto profissional e
se possível, pague um serviço profissional para isso. Vale o investimento, já
que essa foto poderá ser utilizada por muito tempo, inclusive durante a
residência.

Outro ponto que merece atenção é a fase de certificar & submeter (certify
& submit) sua inscrição no ERAS®. A partir do momento em que o sistema
está aberto, você tem liberdade para editar e salvar o que já fez,
podendo retornar mais tarde para continuar o preenchimento. Isso é
possível até você certificar e submeter sua inscrição, quando então novas
edições não serão mais possíveis, salvo na parte de dados pessoais.
Quando você faz esse processo, portanto, você atesta que sua inscrição
está pronta. Isso significa que os programas receberam sua inscrição? Não,
esse passo é a aplicação em si (apply).

Aplicar (apply) é o que de fato envia sua inscrição para os programas de


interesse. O melhor momento para aplicar é antes da data na qual os
programas têm autorização para acessar as inscrições. Essa data costuma
ser em setembro, porém, na temporada pandêmica de 2021-2021 isso
aconteceu no dia 21 de outubro. Neste ano de 2021, a programação é
de que isso ocorra em 29 de setembro. Portanto, é altamente
recomendado que você envie sua inscrição (certify & submit + apply) até
a noite do dia 28 de setembro, já que o acesso é liberado em geral na
manhã do dia seguinte. Recomendamos ainda que você não deixe para
submeter na última hora, já que o servidor do ERAS® pode ficar
sobrecarregado. Confira o calendário da temporada no site da AAMC.

https://students-residents.aamc.org/eras-tools-and-worksheets-residency-
applicants/eras-2022-residency-timeline-imgs

A recomendação para enviar com antecedência ocorre porque nem


todos os programas passam a temporada revisando inscrições dos
candidatos. Com isso, você corre o risco de que programas nem olhem
seus documentos caso deixe para se inscrever após esse prazo ou de
última hora. Mesmo que ainda falte alguma prova (ex: OET) ou seu ECFMG
Certificate esteja para chegar, a recomendação é que você submeta a
inscrição incompleta e notifique os programas por e-mail assim que a
pendência estiver resolvida. Tudo para que sua aplicação entre no ciclo
de trabalho dos revisores e você tenha maiores chances de receber
convites de entrevista. Na temporada 2020-2021, com os atrasos
causados pela pandemia, a grande maioria dos brasileiros estava
aguardando resultados das provas e liberação do ECFMG certificate
nessa época. Não deixamos de receber convites, felizmente.

Temos ainda casos de quem aplicou mais tarde e também teve sucesso,
mas novamente, o risco é maior e diminuem as chances de que cheguem
convites. Por isso, faça o possível para aplicar no prazo.
Como você deve ter percebido, o processo de certificar e submeter +
aplicar é fundamental. Para você entender cada etapa, deixamos a dica
desse vídeo que esclarece como conferir esses passos e ter certeza de
que a sua inscrição foi de fato enviada.

https://www.youtube.com/watch?v=717ZuHIrx70

Agora que você já teve uma visão geral, vamos falar do preenchimento
do curriculum vitae.

· Work Experience - O que é importante

No ERAS application, o grande tópico “Experience” está dividido em três


subitens: Work Experience, Volunteer Experience e Research
Experience. Não há regra que defina se devemos escrever em tópicos/
bullet points ou em parágrafos com texto corrido nessa parte da
aplicação. Se escolher bullet points, faça de forma concisa e clara. Entre
os revisores, há um consenso sobre a preferência por descrições em forma
de parágrafo (e não tópicos), porque permite dar mais substância e
melhor fluxo de ideias. Porém, tente ser breve nas descrições. Os
examinadores têm muitas aplicações para revisar e você não quer que a
sua seja cansativa de ler.

Revise incansavelmente o vocabulário e a gramática. O inglês deve ser


impecável e profissional. Experiências profissionais e de voluntariado que
ocorreram antes, durante, ou depois da faculdade de medicina, são bem-
vindas desde que tenham sido relevantes. Para aqueles que revalidarem o
diploma depois de formado/a, essa seção é a oportunidade de mostrar o
que você estava fazendo profissionalmente e justificar “gaps” antes da
residência. Não há necessidade de provar nenhuma informação por
meio de certificado. Aqui, parte-se do princípio de boa fé, o qual
você deve respeitar. Vamos comentar alguns pontos importantes de
cada uma dessas partes.

1) Work Experience (tanto posições pagas quanto não pagas)

O que é considerado work experience:


· Posições de trabalho clínico (hospitais onde trabalhou como plantonista,
hospitalista, emergencista, especialista, etc.)

· Posições de “teaching” (se ministrou cursos, monitoria, aula em


faculdade/escola, se foi instrutor de algum curso, etc). Experiências fora da
área de medicina são válidas, caso julgue que pode trazer destaque ou
te diferenciar de alguma maneira positiva.

· Rodízios clínicos realizados fora da sua faculdade, principalmente


os feitos nos Estados Unidos (clerkships e observerships).

Que informação sobre a work experience é colocada no ERAS?

· Organization and Location: por exemplo, o nome do hospital onde


trabalhou, a cidade, o estado e o país.

· Position: o nome do cargo ou posição

· Dates: o período quando trabalhou: de “mês/ano” até “mês/ano

· Supervisor: nome do chefe ou do attending responsável, no caso dos


rodízios

· Average hours/week: número de horas que trabalhou por semana na


posição

· Description: descreve de maneira concisa o que você fazia na posição.


No caso de trabalho clínico, fale brevemente sobre o tipo de serviço, se
era inpatient ou outpatient, os tipos de pacientes mais frequentes, se era
um serviço especializado em alguma área, a carga horária, a média do
número de pacientes que via (cuidado aqui: se via um número absurdo de
pacientes em um plantão, isso pode ter uma repercussão negativa.
Coloque um número razoável de pacientes/hora). No caso da descrição
de rodízios, coloque o tipo de serviço, mencione o que fazia durante o
dia (quantos pacientes evoluiu, se tirava história e fazia exame físico, se
ajudava em traduções durante as consultas, se apresentava os casos, se
apresentou algum tópico de teoria, se fazia notes e em qual sistema de
electronic medical records, etc.)
· Reason for leaving: não conte história aqui. Seja direto/a. A maioria das
vezes a gente sai de um lugar porque o contrato acabou ou o rodízio
chegou ao fim. Simples assim. É adequado descrever “Successfully finished
the clinical rotation / work experience”.

Os mesmos tipos de informação (organization, location, position, dates...)


serão perguntados nos itens “Volunteer” e “Research” Experience. Então
vamos comentar apenas alguns aspectos gerais desses itens.

2) Volunteer Experience

Fale sobre experiências relevantes de voluntariado, dentro ou fora do


ambiente acadêmico da faculdade. Geralmente o voluntariado é uma
posição não paga em que você presta um serviço a um lugar, pessoa, ou
comunidade, causando um impacto positivo. As atividades voluntárias não
precisam ser dentro da medicina (são exemplos fora da área médica:
contação de histórias para crianças e idosos, aulas de reforço para
crianças carentes, voluntariado em centros culturais, bibliotecas, ginásios
de esportes, representação estudantil etc.).

Na hora de descrever a experiência, fale sobre seu papel no voluntariado,


sobre o papel da organização/supervisor, e o resultado do seu trabalho
(como você impactou de maneira positiva o lugar, serviço, pessoa, ou
comunidade que ajudou).

3) Research Experience

Essa é uma parte muito importante da aplicação. Uma descrição bem feita
das experiências de pesquisa pode de alguma maneira ajudar a
compensar um número pequeno ou falta de publicações. Porém, é
recomendado que o/a candidato(a) faça o seu melhor para obter um
resultado concreto de sua pesquisa (publicação de artigo, capítulo de
livro, abstract, pôster em congresso internacional, etc.).

A posição de pesquisa pode ser paga ou não. No caso de ser uma


volunteer position, prefira colocar a experiência de pesquisa em “Research
Experience”, e não em “Volunteer Experience”. São válidas posições em
pesquisa clínica, básica, epidemiológica, em saúde pública, área
tecnológica, etc. Na hora de descrever fale sobre os seguintes tópicos:

· Proposta da pesquisa: “o projeto x tem objetivo de...”

· Seu papel no grupo de pesquisa, seu papel e sua contribuição no


projeto: “Minhas responsabilidades no projeto eram...”

· Cite quem foi seu mentor e sobre a organização onde trabalhou:


“trabalhei diretamente com Dr. Z, chefe do Departamento de Oncologia
da Universidade Y...”

· Fale o resultado da sua pesquisa (parcial ou final): “a pesquisa está em


andamento e os resultados parciais foram ...” ou “atualmente o manuscrito
está em andamento e concluímos que…” ou “essa experiência gerou uma
publicação no jornal tal, no ano tal”.

Como descrever seus awards

De forma prática, a maneira ideal e correta de descrever Honors and


Awards no ERAS inclui o nome do award, quem concedeu o prêmio, e em
seguida o ano em que foi concedido entre parênteses. E importante
também descrever brevemente (em 4-5 palavras) o motivo pelo qual o
prêmio foi concedido, por exemplo:

Academic Excellence Award, UFMG, Brazil (2018). Awarded to the


student with the highest overall GPA in the class.

Caso tenha sido uma bolsa de estudos, e você tenha sido aprovado em
um processo seletivo, é importante incluir essa informação entre parênteses
ao final do nome do award:

Leonardo DaVinci research scholarship (merit award), sponsored by


the National Funding Agency for Research, Brazil (2019).

No caso de prêmio para projeto de extensão:

Community Outreach Award for the project “Healthcare at the park”,


Dean of Extension, UFMG, Brazil (2017).
Nessa seção, não se deve incluir nada além disso, já que suas atividades
e conquistas obtidas durante o período em que você usufruiu do prêmio
estarão descritas na seção Work, Volunteer ou Research Experience de
sua aplicação.

Como descrever seus hobbies and interests

A parte de hobbies do MyEras cumpre duas funções principais: a primeira


e mais importante é que essa seção pode servir como uma ótima forma de
quebrar o gelo e iniciar a conversa entre o aplicante e entrevistador; e a
segunda é transmitir aos programas a ideia de quem é o candidato, seus
interesses, traços da sua personalidade e subjetividade. Devem demonstrar
também que o candidato é capaz de ao mesmo tempo manter em sua
rotina uma atividade que lhe traga prazer e desempenhar suas atividades
acadêmicas e profissionais com excelência.

Sendo assim, é importante selecionar hobbies que saltem aos olhos de


quem lê. Tente evitar o lugar comum (cooking, traveling, reading, etc.) e
priorize interesses únicos e descreva-os de forma que demonstre ou “prove”
sua participação. Utilize exemplos ou situações específicas, e esteja
preparado para conversar sobre o assunto com detalhes e entusiasmo
durante a entrevista. Além disso, pense na imagem que você deseja
transmitir a seu respeito. As atividades selecionadas e a maneira como
você as descreve no ERAS e também fala a respeito durante a entrevista,
devem idealmente evidenciar características que os programas procuram
identificar, por exemplo: persistência, liderança, trabalho em equipe etc.

Algumas atividades que nós brasileiros comumente participamos durante a


faculdade de medicina podem e devem estar presentes nessa seção da
aplicação. Por exemplo: participação em charangas ou times esportivos, e
até mesmo atividades que você já não participa há algum tempo, mas que
fizeram parte do seu dia-a-dia e tiveram um impacto importante na sua
trajetória. O importante é saber construir uma narrativa e transmitir
intencionalmente ao leitor a ideia de quem é você por meio das atividades
selecionadas.

Caso opte por um dos hobbies mais comumente presentes nas aplicações,
apresente-os de maneira que traga subjetividade e desperte interesse do
leitor. Por exemplo, se viajar é parte importante da sua história e isto
demonstra traços da sua personalidade que você gostaria de evidenciar
ao programa, não deixe de incluí-lo. Entretanto, escreva algo que induza o
entrevistador a te fazer perguntas, por exemplo: “Travelling: traveled to 22
countries so far, including backpacking trips to Morocco and Iceland”.
Nesse caso, ao ler a descrição, o entrevistador pode se interessar pela
viagem ao Marrocos ou à Islândia, e iniciar a partir daí a conversa. Melhor
ainda seria se o entrevistador já tivesse visitado esses lugares e quisesse
compartilhar parte da sua experiência. Se você é um leitor ávido e gostaria
que o programa soubesse disso, inclua na descrição o seu gênero e autor
favorito, e o último livro que você leu. Novamente, essas informações
podem ser excelentes fontes de conversa.

Em resumo, ao descrever seus hobbies, você deve se imaginar tendo uma


conversa animada com o entrevistador, que transmita empolgação e
descontração, e seja capaz de demonstrar ao programa as características
que você gostaria de evidenciar. Deve ser descrito de forma direta, com
detalhes ou exemplos, e preferencialmente em tópicos. Tente incluir entre
duas a quatro atividades que se complementam ao construir sua imagem.
Por Bruno B. Lima e José Eduardo E. Lima

Este material representa única e exclusivamente a opinião dos


autores, sem qualquer relação com suas instituições de ensino e/ou
empregadores.

Neste capítulo, condensamos as experiências de cada um com os


processos de entrevista. Tanto da perspectiva do entrevistado como da
perspectiva do avaliador, no caso do Bruno, que teve oportunidade de
ser entrevistador em comitês de seleção para residência de medicina
interna na Universidade de Pittsburgh e de cardiologia na Universidade
Emory em Atlanta.

Aqui discutiremos desde os princípios gerais de entrevistas, até partes mais


específicas inerentes ao USMLE. Boa leitura!

Como se preparar para as entrevistas?


Nesses tempos em que aplicativos de namoro estão em voga, essa
sensação de receber um convite na sua caixa de mensagens é muito
parecida com a de “dar match” no Tinder.

Portanto, assim como em um encontro com a sua paquera, uma boa


preparação para as entrevistas do programa é essencial para causar a
melhor impressão possível. Estar cansado, desorganizado, vestido de
maneira inadequada ou chateado com problemas de viagem – ou de
internet, nos tempos de pandemia – só vai te prejudicar.

As entrevistas de residência desempenham um papel crucial no sucesso do


Match. Cada entrevista é uma forma do diretor de programa, do corpo
docente e dos residentes conhecê-lo pessoalmente. Seu desempenho no
dia da entrevista é um fator significativo para determinar sua colocação
na lista de classificação do programa.

É importante enfatizar que a entrevista avalia o candidato tanto de forma


objetiva como subjetiva. Boas notas nas provas, currículo e suas
qualificações te ajudaram a entrar na porta dos selecionados para
entrevistas. No entanto, a partir daqui, não basta apenas marcar
presença: o jogo começa de novo. Por isso, a entrevista pode ser tanto
um fator que fortalece muito o candidato, ou que enfraquece o mesmo.

Em uma pesquisa recente, mais de 89% dos diretores de programa


consideraram habilidades interpessoais, interações com professores e
residentes no dia da entrevista um componente-chave (1). Juntos, esses
foram considerados elementos mais importantes na classificação dos
candidatos do que as pontuações do USMLE, pesquisa, atividades
extracurriculares, declarações pessoais ou comunicações pós-entrevista,
apenas para citar alguns.

Agendando as entrevistas
Em tempos fora de pandemia, os convites costumam ser enviados a partir
de setembro e as entrevistas são conduzidas de outubro a janeiro, com a
maioria (> 60%) ocorrendo em novembro e dezembro (1). O planejamento
adequado é crucial para garantir que você tenha disponibilidade para
comparecer às entrevistas desejadas.

Na temporada 2020-2021, em que ocorreram entrevistas virtuais em razão


da pandemia, o prazo final para envio das applications antes da
avaliação dos programas ficou para a última semana de outubro. Com
isso, boa parte das entrevistas aconteceu de novembro até o fim de
janeiro. Todo esse contexto permitiu a alguns candidatos concentrar
entrevistas em certas semanas e até mesmo entrevistar em um número maior
de lugares, já que houve apenas fase virtual na grande maioria dos
programas.

Muitos diretores de programa irão te dizer que a data de sua entrevista é


irrelevante. Contudo, uma estratégia altamente recomendada é começar
sempre que possível entrevistando em 2-3 programas que não estão no
topo da sua preferência para que adquira experiência. O período de
novembro até o fim de dezembro, em geral, corresponderá com o pico de
sua performance, quando você já adquiriu experiência suficiente, mas
ainda demonstra entusiasmo. Essa é a época ideal para agendar os
programas no topo da sua lista de preferências. Em janeiro, é a época de
pico de inverno e depois de ter entrevistado em mais de 10 programas,
vem naturalmente o cansaço e a falta de entusiasmo pode prejudicar seu
desempenho.

Etiqueta e comunicação na hora do agendamento


Os convites para entrevista ocorrem por meio de um sistema de
agendamento (Thalamus, ERAS Interview Scheduler e Interview Broker) ou
são enviados diretamente do próprio programa por e-mail. Portanto,
sincronize seu e-mail com seu celular ou até mesmo crie uma conta de e-
mail separada especificamente para entrevistas para garantir que você
não deixe passar nenhuma oferta. Também não se esqueça de verificar
rotineiramente suas pastas de lixo eletrônico ou spam para o caso de
alguns convites serem acidentalmente encaminhados para lá. Algumas
outras dicas importantes:

1. Responda prontamente os convites para entrevistas: Alguns


programas infelizmente podem enviar mais convites do que vagas de
entrevista disponíveis (isso é atípico, mas algo a ter em conta), por isso
responder prontamente é crítico para evitar esse tipo de situação. Ao
garantir uma vaga, também pode haver a opção de escolher entre manhã
ou tarde. Depois de agendados, os programas enviarão um e-mail com a
confirmação da data e hora da entrevista. Se você estiver usando vários
sites ou aplicativos para agendar entrevistas, também pode ser vantajoso
usar um calendário para manter o controle de todas as datas.

Fique atento ao fuso horário de cada local de entrevista e qual


horário a plataforma de agendamento está utilizando. Na
temporada 2020-2021, houve colegas que por pouco não
perderam seus compromissos.

2. Seja profissional se precisar cancelar. Alguns cancelamentos são


necessários por causa de viagens ou restrições financeiras, e às vezes os
candidatos cancelam as entrevistas depois de acharem que já
entrevistaram em locais o suficiente. Não importa o motivo, o aviso
prévio é obrigatório! Tente cancelar com antecedência suficiente para
permitir que o programa encontre outro candidato para ocupar o seu
lugar. Geralmente, os cancelamentos não devem ser feitos com menos de 2
semanas da data da entrevista, e um mês ou mais de antecedência é o
ideal.
Não recebi convite de um programa que quero muito. Como
manifestar interesse?

Em qualquer comunicação com os programas, é preciso ter muita cautela.


Os e-mails devem ser perfeitos do ponto de vista gramatical, possuindo
conteúdo apropriado. Do contrário, em vez de ajudar, essas mensagens
podem te tirar de vez da disputa. Respeitando esses princípios, existe a
possibilidade de enviar e-mail de interesse (“letter of interest”) para o
programa desejado.

Nesse e-mail, você deverá citar aspectos bastante específicos do


programa, cidade e/ou vida pessoal que justifiquem o motivo pelo qual
você possui um interesse especial no programa. É de se esperar que você
conheça o trabalho de algum professor ou que tenha algo muito particular
que te atrai à cidade do programa. Ademais, você pode ter um significant
other, família ou amigos que vivem na região, com quem você gostaria de
morar ou estar perto. Todos esses fatores contam, já que mostram
comprometimento com o local.

Não se trata de algo obrigatório, mas caso você decida por fazer, a
época recomendada para envio desses e-mails é em cerca de 1 mês
após início do envio dos convites por parte dos programas. Portanto, em
uma fase inicial/intermediária da temporada de entrevistas.

Quantas entrevistas eu devo marcar?

Não há uma resposta universal para quantas entrevistas garantirão o seu


match, mas os dados do National Resident Matching Program (NRMP)
podem orientá-lo. Seu sucesso no Match depende de quantos programas
você coloca no seu rank, lembrando que você só deve ranquear um
programa se tiver sido entrevistado.

As taxas de match dependem da especialidade. No entanto, de forma


geral, para graduandos de escolas de medicina americanas (AMGs), a
probabilidade de Match é de cerca de 80% para quem entrevista e
ranqueia pelo menos 6-7 programas e torna-se maior que 95% para quem
ranqueia mais de 11-12 programas. Já para estudantes internacionais
(IMGs), são necessários mais de 10 programas para que se chegue a uma
probabilidade de 80% de se conseguir o Match, dependendo da
especialidade (2, 3).

Apesar desses dados, 11-12 é um número bastante seguro de entrevistas


para IMGs brasileiros. Atingir esse número de entrevistas para
especialidades IMG-Friendly como internal medicine (IM), neurology, family
medicine (FM), pathology e pediatrics é totalmente factível para
candidatos recém-formados (menos de 3 anos de graduação) com notas
competitivas e experiência clínica nos EUA com boas cartas de
recomendação. Nesses casos, é recomendável que se envie a application
para pelo menos 70 programas.

Por outro lado, para candidatos mais velhos, que tenham escores abaixo
da média, ou que estejam aplicando para especialidades mais
competitivas (fora da lista de especialidades IMG-Friendly) é
recomendável que se envie a application para a maior quantidade
possível de programas comumente chegando a mais do que 150 (é
importante lembrar que há um custo de 26 dólares por programa).

Manejando custos do processo de entrevistas

Entrevistar é caro! Mesmo nas entrevistas virtuais durante a pandemia,


pagar a application continua sendo necessário. Ademais, também é
necessário investir em bons equipamentos (webcam, internet, laptop). Nas
entrevistas presenciais, os custos sobem, com viagem e hospedagem. Existe
ainda uma tendência crescente por parte dos candidatos em aplicar ano
após ano para um número maior de programas, chamada por muitos de
“application fever”, o que por consequência também aumenta os custos.
Estima-se que a despesa média para passar 2-3 meses e fazer 10-15
entrevistas contando passagens aéreas, hospedagens, alimentação possa
ultrapassar 15-20 mil dólares.

Embora alguns desses custos sejam inevitáveis, existem algumas


maneiras de reduzir suas despesas durante a entrevista:

· Use cartões de crédito internacionais com programas de vantagens - e


aprenda as complexidades desses programas (e.g. seguro para aluguel
de carro, milhas, etc);
· Quando possível, fique com residentes brasileiros na cidade em que você
está entrevistando. O Bruno recebeu diversas vezes entrevistados que
passam alguns dias no sofá-cama. A comunidade brasileira cada vez mais
se ajuda nessas horas;

· Existem várias opções de hostel que são bem mais baratas que hotéis;

· Planeje suas entrevistas para maximizar seu dinheiro em viagens de forma


que as entrevistas estejam agrupadas geograficamente e
cronologicamente;

· Considere cancelar programas que estão muito baixo no seu ranking;

· Considere alugar um carro popular e dirigir em vez de voar.

Infelizmente, o processo de inscrição e entrevista é caro, mas é um


investimento importante em sua carreira. Antecipar esses custos permitirá
que você faça um orçamento adequado e um planejamento cuidadoso,
evitando estresses adicionais.

Apresentando-se ao programa

Quando você finalmente visita um programa, deixe de ser apenas um


pedaço de papel. Porém, você pode agora não ser nada além de um
aperto de mão. Um terno. Um penteado. Uma forma de falar. Embora esta
afirmação possa ser deliberadamente exagerada, a verdade é que você
será julgado por sua aparência.

Indivíduos que entrevistam e julgam outros como ganha-pão (diretores de


programas, por exemplo) costumam formar primeiras impressões muito fortes.
Tipicamente, esses indivíduos são flexíveis e essas impressões são mutáveis,
mas essas primeiras impressões não deixam de ser importantes.

Desse modo, apresente-se como alguém que é confiante (mas não


arrogante), entusiástico (mas não incapaz de conter seu entusiasmo) e
equilibrado (mas não indiferente). Você provavelmente não faria uma
palestra na frente de milhares de pessoas sem ensaiá-la primeiro. Sua
entrevista é igualmente importante e deve ser tratada dessa forma.
Navegando o jantar pré-entrevista

Dependendo do programa, é bem provável que você receba convites


para jantar no dia anterior à entrevista. Os programas universitários tendem
a oferecer jantares pré-entrevista com mais frequência.

Embora digam que é opcional, os programas vêm muito favoravelmente os


candidatos que participam do jantar pré-entrevista. Portanto, não perca o
jantar só porque não quer perder tempo ou esforço. Quem não é visto,
não é lembrado.

Durante a temporada 2020-2021, os jantares continuaram acontecendo,


porém de forma virtual. Alguns programas chegaram a presentear
candidatos com cupons para aplicativos (DoorDash, GrubHub, UberEats),
porém nenhum deles funcionou no Brasil, infelizmente. Mesmo online, as
dicas e cuidados relacionados ao jantar presencial continuam valendo.

Os pontos principais dos jantares pré-entrevista são os seguintes:

· Passar uma boa impressão e amigável no jantar pode ajudá-lo a ter


melhores entrevistas no dia seguinte, especialmente se você encontrar
residentes na noite anterior, que irão entrevistá-lo;

· Conversar com os atuais residentes pode te fornecer detalhes internos


sobre o programa que você pode incluir em sua conversa com os
entrevistadores no dia seguinte;

· Seja gentil com absolutamente todos que estiverem ao seu redor, desde
os outros candidatos até auxiliares administrativos do programa (program
coordinator, assistants, etc). Todos estão, direta ou indiretamente,
avaliando a sua pessoa.

· Um mau desempenho em que você é rude ou faz uma declaração


ofensiva prejudicará totalmente suas chances de obter uma posição no
programa.

Abaixo, seguem algumas dicas importantes para ajudar a causar a melhor


impressão possível e, mais importante, ensinar como evitar gafes que
acontecem todos os anos!
1. Saiba que estará sendo avaliado no jantar pré-entrevista
Os programas podem dizer que os jantares pré-entrevista são
descontraídos e não avaliativos, porém isso não é verdade! Você será
avaliado por indivíduos associados ao programa, como os residentes
atuais (incluindo residentes chefes) com base em seu comportamento e
interações durante o jantar. Novamente, você não deve ir para o jantar e
de forma descuidada pensar que todo mundo é seu melhor amigo.

2. Esteja preparado para “small talk” com os residentes


Não vai ser na mesma intensidade da entrevista, então você só precisa
responder educadamente com alguma emoção e entusiasmo em sua voz.
As perguntas normalmente são bem básicas, como:
· Tell me where you are from.
· Do you have any siblings?
· What did you study in college/med school?
· How do you like this city/location?
· What are your hobbies? (Lembra-se da seção de hobbies no
ERAS? Ela é um excelente puxador de conversa).

3. Tenha algumas perguntas na manga


Nesse cenário, você terá a oportunidade de perguntar aos residentes de
uma forma mais informal o que eles acham do programa. É importante
coletar essas informações, pois você pode não ter a chance de fazer
essas perguntas no dia formal da entrevista. Algumas das perguntas que
fazia nos jantares pré-entrevista, mas NÃO durante nossas entrevistas com
professores, incluem:
· What is the culture like at the program?
· Are resident concerns heard and taken seriously?
· Do you feel like you have opportunities to get mentors?
· Does the program support research?
· Does the program support resident goals in regards to applying to
Fellowships?

Essas perguntas mostram que você está engajado e refletiu profundamente


sobre o programa. Os residentes NÃO ficarão ofendidos em responder a
essas perguntas - eles provavelmente fizeram as mesmas perguntas que
você fez durante a entrevista. Observe como essas perguntas não são
negativas ou inflamatórias. Por outro lado, não faça uma pergunta como
esta (que já ouvi candidatos fazerem):
· I heard this program is malignant, is that true?

Você não quer ser chato e colocar o residente em uma situação


constrangedora!

4. Gafes e situações constrangedoras a serem evitadas

No final, o jantar pré-entrevista dificilmente fará com que você


corresponda à residência dos seus sonhos. Você não terá uma
classificação elevada porque foi muito amigável no jantar. No entanto, já
presenciei várias vezes que quando os candidatos baixam a guarda e
agem de forma não profissional, os residentes ou professores presentes no
jantar perceberão isso e passarão adiante. E quando se trata de
classificar os candidatos, qualquer declaração negativa sobre você no
jantar prejudicará muito suas chances de Match. Aqui estão algumas gafes
que você deve evitar:
· Beber muito álcool - fique dentro de seus limites;
· Comer muita comida - se os pratos estiverem sendo passados,
certifique-se de pegar uma pequena porção para que todos
possam comer um pouco;
· Ser rude com os garçons ou garçonetes de qualquer maneira;
· Dominar a conversa sobre outros candidatos - comportamentos
como interromper ou falar sobre outros serão notados;
· Vangloriar-se de suas realizações de forma muito agressiva - não
há problema algum em falar sobre sua pesquisa, mas evite
afirmações como “I publish all the time” ou “I have treated hundreds
of those patients back at home”;
· Falar sobre o programa como sendo ‘fácil’, ‘um backup’ ou ‘maligno’;
· Evitar qualquer conversa agressiva envolvendo religião, gênero,
questões raciais ou política;

Basicamente, você tem que ser a pessoa mais educada e agradável


possível. Você quer ser fácil de interagir e evitar tópicos altamente
controversos. Você quer que as pessoas que encontrar saiam do jantar
pensando: “Maria was very nice to talk to last night. She would be very
good to work with on a late call night.”
Treinando para a entrevista (“Mock Interviews”)

Quando você começar a “Interview Season”, vai querer estar em boa


forma. Entrevistas reais consomem tempo e exigem muito esforço para serem
preparadas. Portanto, nunca trate uma entrevista real como uma sessão
prática, mesmo que não seja um de seus programas preferidos.

Para praticar um pouco antes do “real deal”, marque uma “mock interview”
ou entrevista simulada de preferência com seu mentor ou algum dos
professores americanos que vão escrever sua carta. Na comunidade
brasileira também temos colegas que auxiliam oferecendo mock interviews,
voluntariamente ou como serviço. Vale a pena investir tempo e energia
nesses treinos.

Vista-se como você se vestiria durante uma entrevista real. Aperte sua mão.
Fale como faria durante uma entrevista. Faça essa pessoa fazer
propriamente as perguntas que você mais teme. Pense em como você está
sentado. Suas pernas devem ser cruzadas? Você está curvado e parece
muito relaxado ou muito tenso na cadeira? Sua camisa está fora da sua
calça? Sua cadeira está voltada para o lado do entrevistador. Sua
cadeira está voltada para uma direção diferente? Você está fazendo
contato visual? Interessa ao seu entrevistador quando você fala sobre
você, seu passado, sua educação, seu trabalho, seus interesses e suas
paixões? Você sabe como dar ao entrevistador uma visão panorâmica do
tópico e sabe quando parar?

É sempre melhor fazer o entrevistador querer mais (e pedir) do que deixá-lo


esperando o momento em que você parará de falar. Se você está
pensando em como discutir o seu serviço comunitário, seu trabalho de
pesquisa ou seu papel de liderança em uma liga acadêmica, imagine
como você discutiria se estivesse sentado ao lado de alguém em um bar
ou se conhecesse alguém em uma festa.

É verdade que, se você fez pesquisas de biologia molecular, você deve


ser capaz de discutir as etapas específicas executadas ao preparar um
gel ou usar um anticorpo específico, mas não é isso que seu entrevistador
quer ouvir a princípio. Qual foi o significado do seu trabalho? O que tudo
isso significa? Comece por aí e peça ao entrevistador que peça mais.
Agora que seu pé está na porta, certifique-se de estar usando os sapatos
certos!

O que fazer no dia anterior à entrevista?


Antes da viagem para sua entrevista, você vai querer estar o mais
confiante e preparado possível! Portanto, é importante planejar sua
chegada para a tarde antes do dia de sua entrevista e assim terá tempo
suficiente para os necessários preparativos de última hora.

Estude o programa. Revise o material enviado por e-mail e o site do


programa. Revise sua application e tente antecipar as perguntas da
entrevista. Esta etapa é especialmente importante se sua application tiver
pontos específicos do seu currículo que queira discutir.

É importante ainda preparar um bom número de perguntas para o dia da


entrevista. Há perguntas que devem ser feitas a todos os programas, outras
são específicas ao programa da entrevista. 15 é um número que oferece
uma margem de segurança boa, já que há programas que fazem mais
estações de entrevista do que outros. Os números variam, mas temos
notícia de programas que realizaram até 7 entrevistas de 20 minutos cada,
com cada candidato.

Itinerário. Reveja o itinerário da entrevista, se o programa enviou para


você. Em seguida, oriente-se na cidade e no campus, localize as salas do
programa em relação à sua hospedagem e providencie o transporte se
você não estiver à distância que der para ir à pé. Em seguida, verifique
novamente seu guarda-roupa e sua pasta; certifique-se de que nada está
faltando ou danificado. Em geral, os programas fornecem os nomes dos
entrevistadores, com o horário do encontro com cada um no itinerário. Essa
é uma excelente oportunidade para saber mais sobre quem é o
entrevistador e buscar interesses em comum, pesquisando no site do
programa ou mesmo no PubMed.

Como é um dia típico de entrevista?

Independentemente da especialidade que você escolher, os dias de


entrevista costumam seguir a mesma cronologia. Cada segmento da visita
representa uma oportunidade diferente de aprender mais sobre o
programa, bem como mais uma chance de causar uma impressão positiva
para os membros do comitê.

Recepção: Na manhã do dia da entrevista, você e seus colegas


candidatos se reunirão em uma sala de conferências, onde (normalmente)
receberão uma pasta contendo um itinerário dos eventos do dia, um
crachá, um folheto sobre o programa de treinamento; e muitas vezes “call
schedule”, um resumo do salário e dos benefícios, uma lista dos residentes e
programações típicas das diferentes “rotations” oferecidas durante a
residência. Dê prioridade à programação do dia; leia com atenção,
fazendo anotações mentais de horários e locais para suas entrevistas. Leia
o resto do pacote a seu critério! No dia da entrevista, panfletos em cores
bonitinhas quase sempre são inúteis. Guarde para depois. Depois que
todos estiverem reunidos, você pode ser recebido pelo diretor do
programa ou pelo chefe do departamento que deve fazer um discurso
falando sobre a filosofia do programa. Ao ouvir, você começa a se
perguntar se a “filosofia” deste programa específico é compatível com sua
perspectiva e objetivos.

Tour pelo hospital: A maioria das visitas do programa inclui um tour pelas
instalações, conduzido por um residente ou interno. Em programas com
vários locais de treinamento, você geralmente fará um tour em apenas um
hospital do sistema, então não se esqueça de fazer perguntas sobre os
outros locais.

Morning rounds e Conferences: Cada roteiro de entrevista deve permitir


que você veja os residentes em ação, seja nos rounds ou em conferências.
Caso contrário, você simplesmente não conseguirá ter uma imagem
completa. Os rounds e conferências permitem que você avalie o
entusiasmo dos residentes, o conhecimento exibido e a qualidade da
interação entre os residentes, a equipe e o corpo docente.

Almoço da entrevista: Os almoços de entrevista variam de uma refeição


que você compra no refeitório do hospital a uma refeição comprada de
um restaurante chique fora do hospital. Em qualquer caso, coma alimentos
leves. Se você estiver estufado, sua concentração irá se dissipar à medida
que seu corpo se concentrar em digerir uma refeição pesada. Como no
jantar da noite anterior, use o almoço como uma oportunidade para
aprender mais sobre o programa com residentes que almoçam com
você e sobre programas dos outros candidatos. Evite alimentos com
molho que podem respingar na sua roupa e estragar seu dia!

O que os programas de residência estão procurando?

A melhor resposta para essa pergunta é: depende! É um programa


acadêmico, com grande foco em pesquisa? Ou um programa comunitário,
mais assistencial?

Perceba que há programas acadêmicos com maior foco em assistência


do que outros. Da mesma forma, também existem programas comunitários
com oportunidades para pesquisa (em geral, os afiliados a universidades).
Cada programa tem a sua particularidade e procura por um perfil de
candidato, para que o “fit” seja o melhor possível.

Como princípio geral, destacam-se candidatos com boas notas, cartas de


recomendação fortes, personal statement coerente e currículo organizado,
que sejam capazes de expressar sua jornada de forma clara durante a
entrevista. Notas nas provas são importantes na avaliação inicial, já que
alguns programas filtram as inscrições com base em notas de corte (1).
Lembre-se de que programas avaliam o candidato de forma holística, no
entanto, a nota é importante para que você seja notado e seus
documentos entrem na pilha dos que serão revisados, levando ao convite
para entrevista.

Em programas acadêmicos e nos mais prestigiados, candidatos que


tenham experiência com projetos de pesquisa, especialmente aqueles que
publicaram e demonstram um ciclo de trabalho consistente, podem se
destacar mais. No entanto, é errado pensar que experiência em pesquisa
seja uma obrigatoriedade para o match. Pode haver programas
acadêmicos que por outros motivos não relacionados a publicações se
interessem por um candidato. Ademais, nos programas comunitários, outras
experiências podem ter peso maior na hora do programa decidir sua lista
dos candidatos. Novamente: você é avaliado de forma holística. Por isso,
dedique energia em todas as partes da sua application para que você
seja um candidato equilibrado.

Comunicação Pós Entrevista


Esta é uma etapa que divide opiniões todos os anos. Existe a crença por
parte da maioria dos candidatos de que não manter comunicação com
os programas após as entrevistas ou não receber e-mails do programa
demonstrando interesse seriam pontos negativos. Porém, essa visão está
equivocada.

Cada vez mais, os programas são explícitos quanto às preferências. Há


programas que orientam enviar e-mails somente caso haja dúvidas,
dizendo abertamente que não há necessidade de envio de notas de
agradecimento (“thank you notes”) ou que não irão comunicar-se com o
candidato. Outros programas deixam a critério do candidato enviar notas
de agradecimento por e-mail ou mesmo em cartões físicos.

Diante da possibilidade de enviar e-mails de agradecimento ou e-mails de


interesse ao programa (“letter of interest”), vale repetir: o candidato que
decidir iniciar a comunicação deverá escrever com grande cuidado, com
atenção à gramática e ao conteúdo. Pequenos erros ou e-mails
inapropriados podem passar uma impressão negativa e, por
consequência, diminuir suas chances de match no programa, em vez de
ajudar.

Por isso, além de respeitar a etiqueta indicada pelo programa, tome


cuidado com quaisquer comunicações e respeite as regras gerais do
Match quanto ao tipo de informação que você incluirá/solicitará nos e-
mails.

Love letters: No período após a entrevista, há programas que podem te


enviar e-mails dizendo que te amaram e que você é um candidato forte,
ou mesmo, estará “ranked to match”, o que significa que caso esse
programa seja ranqueado como a sua primeira opção, o match é certo. A
orientação é cautela ao interpretar esses e-mails. Muitas dessas
mensagens possuem elogios genéricos e na prática, são uma forma de
demonstrar educação e cortesia por parte do programa. Mesmo nos
casos em que houve manifestação de “ranked to match”, que é algo
bastante enfático, já houve relatos de colegas brasileiros que ranquearam
o programa em #1 e não entraram na primeira escolha, infelizmente.

E-mails para o programa #1: Há candidatos que manifestam sua escolha


#1 na lista para o programa escolhido. Essa prática é aceitável, já
que por livre e espontânea vontade o candidato revela sua opção, sem
qualquer coação por parte do programa. O efeito prático disso é
bastante discutível, mas há quem defenda a prática como forma de
marcar presença e tentar fazer o programa subir seu nome na lista. Em
geral, esses e-mails são enviados do meio para o fim da temporada de
entrevistas, mas não muito tarde, já que há programas que começam a
fechar as listas de preferência já no fim de janeiro. Se decidir por fazer, seja
honesto e envie para SOMENTE UM PROGRAMA. Há diretores de
programas que conversam e isso pode ser muito mal visto caso tenha sido
feito para mais de um local.

Take Home Messages

· Responda e-mails dos programas com agilidade. Você não quer


correr o risco de perder sua vaga de entrevista;

· Faça seu planejamento financeiro. O processo de entrevistas envolve


grandes despesas com viagem, hospedagem e alimentação. Mesmo no
caso de entrevistas virtuais, há investimentos necessários;

· Faça treinos no espelho e mock interviews A prática leva à perfeição,


por isso, repita inúmeras vezes seus treinos;
· Prepare-se com antecedência. A entrevista não é somente estar
presente e envolve estudos prévios, tanto sobre o programa quanto
sobre os entrevistadores, além da preparação de perguntas;
· Cuidado com a comunicação após entrevistas. Não crie
expectativas com base em elogios feitos por programas e tenha
muita cautela ao redigir e-mails e enviar notas de agradecimento
e/ou de interesse.

Bibliografia
1- Results of the 2020 NRMP Program Director Survey https://staging-
nrmp.kinsta.cloud/wp-content/uploads/2020/08/2020-PD-Survey.pdf
2- Charting Outcomes in the Match: Senior Students of U.S. MD Medical
Schools https://staging-nrmp.kinsta.cloud/wp-
content/uploads/2020/07/Charting-Outcomes-in-the-Match-2020_MD-
Senior_final.pdf
3- Charting Outcomes in the Match: International Medical Graduates
https://mk0nrmp3oyqui6wqfm.kinstacdn.com/wp-
content/uploads/2020/07/Charting-Outcomes-in-the-Match-
2020_IMG_final.pdf
Por Alana Almeida e Álvaro Teixeira

Durante a season, você pode mandar uma Letter of Interest para os


programas solicitando uma entrevista. Nesse e-mail, você fala porque você
seria um ótimo match para aquele programa e porque você gostaria de
ser um residente lá, citando pontos específicos. Existem alguns programas
que não gostam da LOI, por isso o ideal é esperar o mid-season para
mandar. Esse e-mail seria a última tentativa de conseguir uma IV, o não
você já tem.

Exemplo de LOI:

“Dear Dr. __________,

My name is _________. I am a Brazilian MD, ECFMG certified. I am


writing this e-mail to express my strong interest in your Pediatric
Residency Program at __________.
I am particularly drawn to the didactics of the program, the curriculum
with the 4-week blocks, the mentorship and leadership opportunities
and the experience that is diverse and inclusive.
I believe I would be a perfect fit for your program. I have always been
very hard-working, a team player, and enthusiastic; and I believe my
background would add a lot to your program.
On my Personal Statement, CV and MSPE you can learn more about
my journey as a top medical student and my commitment to
pediatrics.

(AAMC ID: ___________)


Step Scores:
Step 1: ___
Step 2 CK: ___
OET: ___
ECFMG Certified

I would be honored to be considered for an interview.


Best regards,
___________”

No último ano, o Twitter se transformou em um site com grandes informações


para o match de pediatria. Sigam @futurepedsres.
Por último, saiba por que você está indo aos EUA. Tome seu tempo para
tomar essa decisão mas mergulhe de cabeça! Saiba que o USMLE não
pode ser um plano B, para conseguir a vaga você tem que se dedicar ao
máximo em tudo! Steps, observerships, personal statement, interviews, etc.
Por Eduardo Henrique Ribeiro e Aryanna Sousa

O que é o NRMP?

O National Resident Matching Program (NRMP) é um órgão sem fins


lucrativos que gerencia o processo de Match dos programas de
residência e fellowship nos Estados Unidos. O NRMP atua
independentemente do sistema ERAS. Os candidatos aplicam para a
residência pelo sistema ERAS, mas submetem a lista com o ranking dos
programas no sistema NRMP.

Após a submissão da aplicação no sistema ERAS, o(a) candidato(a) vai


passar pelo processo de entrevista nos programas de residência onde for
chamado(a). Para participar do processo de Match, os aplicantes devem
fazer um cadastro no site do NRMP, em um sistema chamado R3
(Registration, Ranking, and Results).

A página do NRMP pode ser encontrada em


https://www.nrmp.org/about-nrmp/

Clique em “LOGIN/REGISTER” para criar uma conta ou vá diretamente em


https://r3.nrmp.org/viewLoginPage

O que é necessário para criar o cadastro do NRMP e obter o NRMP


ID?

O NRMP ID não é necessário para a submissão da ERAS application, mas


os candidatos que participarem do Match (e necessitam da NRMP ID)
DEVEM ter uma AAMC ID, que por sua vez é necessária para o cadastro
no sistema ERAS.

O passo a passo do cadastro para participação no Match da


residência médica pode ser encontrado em:
https://mk0nrmp3oyqui6wqfm.kinstacdn.com/wp-
content/uploads/2017/09/Registering_for_MRM-App.pdf
O passo a passo do cadastro para participação no Match de
fellowship pode ser encontrado em:
https://mk0nrmp3oyqui6wqfm.kinstacdn.com/wp-
content/uploads/2017/06/Registering_for_SMS_Match-App.pdf

Para o registro no NRMP você vai precisar do seguinte:

 USMLE ID (no caso de estudantes ou graduados em escolas


médicas americanas)
 ECFMG ID (para candidatos internacionais/ IMGs)
 AOA ID e NBOME ID (no caso de estudantes/ graduados em
escolas médicas osteopáticas – DOs).

Observação: após cadastro no site do NRMP, não deixe de atualizar


sua aplicação do ERAS, colocando o NRMP ID, para facilitar os
programas de residência a acharem o seu “ranking list” com a ordem dos
programas de residência na ordem de sua preferência.

Quanto custa pra submeter a lista com o ranking dos programas?

- O registro do NRMP para participação no Match custa $85,00 (oitenta


e cinco dólares). Será cobrado $50,00 (cinquenta dólares) adicionais,
caso o cadastro seja feito depois do dia 31 de janeiro. Essa taxa inclui o
valor dos 20 primeiros programas da lista de ranking.

- Para cada programa adicional ranqueado, acima dos 20 primeiros, o


aplicante pagará 30 dólares adicionais por programa. Cada candidato
(a) pode ranquear o máximo de 30 programas.

Mais informações sobre taxas de submissão do ranking list em


https://www.nrmp.org/match-fees/

Como criar um Ranking Order List (ROL) dos programas de


residência no NRMP?

 Registre-se no site do NRMP conforme explicado acima


 Clique na aba “My Rank Order List”
 Adicione os programas de residência onde você entrevistou e
gostaria de ranquear (inclua somente os lugares onde você
realmente assumiria o compromisso de fazer residência)
 Se você sabe o NRMP code do programa de residência (que é
diferente do ACGME code), entre esse número no espaço
designado e clique “Add and Save” pra salvar o programa na sua
lista.
 Caso não saiba o NRMP code, clique em “Find and Add Programs”,
próximo da aba “Primary Rank Order List”. Você verá o nome,
especialidade e local do programa. Quando achar, selecione em
“Add”, próximo do nome do programa. Depois é só clicar no botão
“Add Selected Program to ROL and Save”.

Observação: Você pode mudar a ordem do ranking, arrastando os


nomes dos mesmos para cima ou para baixo, quantas vezes quiser, antes
de “CERTIFY” a sua lista. Geralmente as pessoas mudam a ordem várias
vezes, durante vários dias, antes de certificar e submeter o ranking.

 Durante os dias em que você estiver preparando o seu ROL, a sua


lista apresentará o status de RANKING.
 Depois que adicionar todos os programas na sua ROL, e tiver
certeza da ordem do ranking que deseja, você clicará no botão
CERTIFY LIST. A partir desse momento a sua lista passará a ter o
status de CERTIFIED. Isso significa que se você não mexer mais na
lista, aquela será a versão final dela.
 Depois de certificar sua ROL, você pagará qualquer taxa adicional,
caso tenha ranqueado mais de 20 programas.
 Se o prazo máximo de submissão ainda não expirou, você ainda
poderá modificar o ranking, mas caso o faça, você deverá Re-
certify a lista para atualizá-la no sistema.

Link para todo o processo, incluindo como criar a ROL:


https://www.youtube.com/watch?v=Ob-QLRnk_CY

Como funciona o algoritmo do Match via sistema NRMP?


O NRMP usa um algoritmo matemático para colocar os candidatos nas
posições de residência e fellowship de maneira justa, favorecendo a
preferência dos candidatos pelos programas, seguindo a ordem do
ranking list. Em linhas gerais, o candidato deve montar o ranking dos
programas numerando os mesmos pela ordem de preferência (e não
baseado na ordem dos lugares onde acha que vai ter mais chances de
match). Os programas também vão ranquear os candidatos na ordem de
preferência deles.

O algoritmo do NRMP então cruzará os dados da lista do candidato com


a dos programas, dando preferência para a lista do candidato.
Então, se o programa que o aplicante ranqueou em primeiro, também
ranqueou o candidato em uma posição alta o suficiente, a pessoa vai dar
Match na sua primeira opção. Caso o candidato não tenha dado match
na primeira opção, o algoritmo faz o mesmo processo com o programa
que o candidato ranqueou em segundo lugar, e assim por diante. Pode
acontecer de o candidato dar match na sua última opção ou
simplesmente não dar match, caso nenhum programa tenha ranqueado
essa pessoa em uma posição suficientemente alta.

Observação: não ranqueie programas onde você não tenha


entrevistado ou programas onde você entrevistou, mas tem certeza de que
não quer fazer residência naquele local, por qualquer motivo que seja.
Apenas ranqueie lugares para onde você gostaria de ir. Uma vez dando
Match o candidato é obrigado a assumir a posição, do contrário
sofrerá penalidade.

O vídeo ilustrando todo o processo de como funciona o algoritmo do


Match pode ser encontrado em: https://www.nrmp.org/matching-algorithm/

Dicas Gerais sobre o NRMP

 Guarde seu login e senha em um lugar seguro


 Use o mesmo nome para os cadastros do ECFMG/ AAMC/ NRMP
para facilitar sua identificação por parte dos programas
 Use um e-mail pessoal, e não institucional, para o processo já que a
sua faculdade pode desabilitar a sua conta após a formatura.
Por Rafaella Litvin

Casais podem optar por participar do Match em conjunto, esse é o


chamado Couples Match. Participar do Couples Match adiciona uma
camada a mais de complexidade no processo de Application e Ranking
dos programas, mas é uma opção fantástica para casais que não querem
acabar fazendo residência em cidades diferentes.

Aqui vou tentar responder as principais dúvidas que eu tinha antes de


participar do Couples Match, e algumas dicas de como aproveitar ao
máximo essa opção no Match.

Fãs DO COUPLE'S MATCH

1. Quem pode participar do Couple's Match?

Quaisquer duas pessoas que queiram maximizar as suas chances de ficar


juntas durante a residência. O Couple's Match NÃO é exclusivo para
casais, não é necessário ser casado nem nada do tipo, basta as duas
pessoas concordarem em participar. Duas amigas, por exemplo, podem
participar do Couple's Match se quiserem fazer residência/morar juntas.
Embora isso não seja super comum, não existem restrições.

IMPORTANTE: Participantes de especialidades diferentes podem


participar do Couple's Match, contanto que as duas especialidades
participem do Main Residency Match. Algumas especialidades tem seus
próprios Matchs separados, como Oftalmologia. Nesse caso, NÃO é
possível participar do Couple's Match.

2. Como funciona o Couple's Match?

Primeiro é importante entender como funciona o Match tradicional (ver


capítulos anteriores). A diferença no Couple's Match é que as listas de
programas (ranking) no NRMP dos integrantes do "couple" são pareadas
na hora da análise do algoritmo. Existe uma taxa para participar (é claro),
e também existem taxas na hora de ranquear os programas caso
ultrapassem certo número.

Esses vídeos do NRMP explicam bem como fica o algoritmo:


https://www.nrmp.org/couples-match-videos/.

Um exemplo:

Digamos que duas participantes decidam fazer parte do Couple's Match.


Essa decisão só precisa ser feita no momento de criar a Ranking List no
NRMP, embora seja preferível decidir antes de começar a Application,
porque isso pode determinar estratégias de escolha de
programas/entrevistas/etc. (mais sobre isso nas dicas abaixo). De qualquer
maneira, no momento da Ranking List, as participantes (Maria e Julia, no
nosso exemplo) haviam conseguido 3 entrevistas cada uma.

Maria foi entrevistada no hospital A em NYC, B também em NY e C em


Boston.

Júlia foi entrevistada no hospital A em NYC, C em Boston e D também em


Boston.

As listas pareadas das duas ficaram assim:

Maria Júlia
1 Hospital A - NYC Hospital A - NYC
2 Hospital B - NYC Hospital A - NYC
3 Hospital C - Boston Hospital C - Boston
4 Hospital C - Boston Hospital D - Boston
5 Hospital A - NYC Hospital C - Boston
6 Hospital A - NYC Hospital D - Boston
7 Hospital B - NYC Hospital C - Boston
8 Hospital B - NYC Hospital D - Boston
9 Hospital C - Boston Hospital A - NYC
10 Hospital A - NYC No Match
11 Hospital B - NYC No Match
12 Hospital C - Boston No Match
13 No Match Hospital A - NYC
14 No Match Hospital C - Boston
15 No Match Hospital D - Boston

Na hora de analisar essas listas, o algoritmo vê apenas os COMBOS e


não as listas individuais. Assim, se Maria entra nas vagas do Hospital A, mas
Júlia não, NENHUMA DAS DUAS dá Match nessa opção e o algoritmo
pula pra próxima. Nesse exemplo, a próxima opção (número 2) também
colocaria Júlia no Hospital A, mas ela não ficou dentro das vagas para
esse hospital, então o algoritmo pularia para a opção número 3. Se as
duas participantes entram nas vagas do Hospital C, o algoritmo para por
aí e as duas dão match na mesma cidade (yay!).

PORÉM, isso pode não acontecer! Veja que nessa lista, TODAS as
combinações possíveis foram colocadas, incluindo opções em cidades
DIFERENTES e opções em que só uma das participantes da MATCH. A lista
vai "descendo" até que chegue a um COMBO em que as duas
participantes dão MATCH (ou apenas uma das duas, quando se inclui a
opção NO MATCH -- mais sobre isso abaixo).

3. O Couple’s Match diminui a minha chance de dar MATCH?

Depende. Se você inclui na lista TODAS as combinações possíveis de


programas, incluindo a possibilidade de que só uma das participantes dê
match, isso NÃO altera as chances de cada uma individualmente dar
Match. PORÉM, isso afeta SIM a chance de dar match em uma das suas
primeiras opções.

Usando o exemplo acima, fica fácil ver o por que. Para que Maria desse
match na sua primeira opção, seria necessário que Júlia desse Match lá
também. O Match envolve milhares de variáveis, e até quando as
duas participantes estão aplicando para a MESMA especialidade e tem
CVs parecidos, isso não garante que um programa vá "gostar" igualmente
das duas. Assim, uma das participantes pode ser ranqueada alto, ou até
"ranked to match" mas se a outra não o for, NENHUMA das duas dá Match
na primeira opção.

Essa parte é muito importante de entender! A decisão de participar do


Couple’s Match afeta SIM o programa onde você e sua/seu partner vão
parar, só não mudam as chances TOTAIS de entrar na residência
(considerando que você incluiu todas as combinações possíveis) - por isso
deve ser MUITO conversada.

4. O Couple’s Match aumenta a minha chance de dar Match?

Essa informação não está disponível. Pelas estatísticas do NRMP, os


Couple’s parecem dar match numa taxa levemente mais alta do que os
aplicantes tradicionais, mas isso não parece ser estatisticamente
significativo. O que eu posso dizer por experiência própria é que o
Couple’s Match afeta bastante a dinâmica durante o período de
entrevistas e isso pode sim acabar afetando o Match -- no nosso caso,
muitas das entrevistas que tivemos (pelo menos 7) foram oferecidas após a
outra pessoa ter tido a sua entrevista naquele serviço e mencionado o
Couple’s Match (mais sobre isso nas dicas abaixo).

5. O que é a opção NO MATCH?

Para garantir as chances de Match de cada participante, o NRMP


oferece a possibilidade de inclusão de um "programa" a mais chamado
No Match. Ele pode ser incluído na lista para possibilitar que uma das
participantes dê Match caso a outra acabe não conseguindo o Match
em nenhum dos hospitais onde foi entrevistada. Em geral, esses combos
são colocados no final da Rank List de cada participante (a ordem de
quem coloca os "No Match" primeiro NÃO importa, já que só se chega
nessa parte da lista se uma das participantes não deu match).

6. Como organizar a Rank List?

Essa é a fonte de todo o desespero e exaustão do Couple’s Match.


Organizar a Rank List é MUITO difícil. Não porque o site é ruim de
mexer (apesar de não ser dos melhores) ou porque você não lembra mais
da análise combinatória da escola, mas porque montar a Rank List
demanda MUITA conversa, muitas decisões e muita reflexão.

No exemplo da Maria e da Julia, cada uma teve 3 entrevistas, algumas


delas nos mesmo hospitais, o que gerou 15 combos. Os critérios usados
para ordenar foram 1) ficar na mesma cidade, 2) ficar em cidades
diferentes e as duas dando Match, 3) só uma dando Match, sempre
levando em conta preferências de programas. Parece simples, mas quando
o número de entrevistas é maior, as decisões vão ficando cada vez menos
lógicas e cada vez mais complicadas.

Por isso, queria deixar algumas dicas gerais para quem está pensando em
participar do Couple’s Match.

DICAS

1. Defina as suas prioridades!

O período de entrevistas é estressante e imprevisível. Pode ser que uma


das pessoas do Couple receba mais entrevistas do que estava
esperando, em lugares que não pensou que seria chamada. Pode ser que
a outra não seja chamada para alguns desses lugares, mesmo depois de
tentar de tudo (dica sobre isso abaixo).

Por isso, é importante ter MUITA claro quais são as prioridades das
participantes, antes de pensar em montar a Rank List.

Se a prioridade é ficar junto, mas o casal considera a possibilidade de


ficar separado, vale a pena incluir as combinações em cidades diferentes
depois das opções nas mesmas cidades, talvez priorizando cidades mais
próximas ou de fácil acesso por avião.

Se ficar separado não é uma hipótese, não faz sentido incluir essas
combinações, e aí seriam incluídas apenas as opções NO MATCH depois
das combinações de mesma cidade.

Agora se a prioridade é dar Match naquele programa mais concorrido, e


o casal está disposto a ficar separado para isso, pode ser melhor
NÃO participar do Couple’s Match, ou criar uma lista que mescla
programas distantes mais concorridos/prestigiados no topo, programas
menos prestigiados nas mesmas cidades no meio e as demais
combinações abaixo.

As possibilidades são infinitas e só quem tem como decidir o melhor pra


você é você mesmo.

Experiência própria: nós priorizamos ficar juntos, mesmo que isso


significasse "abrir mão" de programas top 10 ou Ivy League, mas incluímos
TODAS as opções ordenando por proximidade e preferência. Demos
match no nosso Rank #11 (de 300), juntos na mesma cidade em
especialidades diferentes e hospitais diferentes (bem próximos)! Não me
arrependo nem um pouco das decisões que tomamos e não trocaria essa
oportunidade de morar junto com meu parceiro de vida por um programa
mais prestigiado e concorrido em outro lugar. Mas eu sei que isso é
resultado de MUITA reflexão sobre todas as possibilidades (e muita
terapia) e um entendimento profundo do que era importante pra gente.

2. Seja estratégico nas applications.

Existe uma questão de probabilidades no Match que não pode ser


ignorada. Isso vai desde incluir programas com histórico de IMGs para
aplicar, ou melhor ainda, com histórico de brasileiros e também tem que
influenciar na escolha dentro do Couple’s Match.

Se não houver limitação geográfica, vale priorizar cidades grandes com


muitos programas, aumentando assim a chance de que as duas pessoas
sejam chamadas pra mesma cidade.

É bom pensar em aplicar para TODOS (ou quase todos) os programas na


região metropolitana de cidades como NYC (13 programas de IM),
Chicago (14 programas de IM), Boston (cerca de 14 programas de IM), e
focando em regiões - o leste do país tem a maior concentração de
programas. Vai ser bem melhor ter uma entrevista em um programa menos
concorrido te garantindo mais um ranking na mesma cidade do que ficar
pensando depois que poderia ter aplicado mais amplamente e aumentar
suas chances de ficar junto.
3. Se aproveite do Couple’s Match.

Já ouvi gente falar pra não informar os programas que se está


participando do Couple’s Match para prevenir que eles levem isso em
conta na hora de te ranquear. Pra mim isso não faz muito sentido. Coloque
no seu ERAS, fale sobre isso na entrevista e seja honesto. Se o objetivo é
dar Match no mesmo lugar, não há porque esconder isso.

Nós mandávamos e-mails sempre que um dos dois conseguia uma


entrevista, informando o nosso programa de interesse que o outro tinha
sido chamado no dele. Isso não nos rendeu entrevistas, mas não custava
muito.

O que funcionou mesmo foi falar do Couple’s Match durante a entrevista, e


continuar entrando em contato depois. Em um programa, meu parceiro foi
convidado para entrevistar no programa de Anestesio do hospital 3h
depois de eu terminar minha entrevista em IM. Em outro, eu liguei no
programa em que ele havia entrevistado e falei que continuava
interessada e que ele tinha gostado bastante do programa dele, uma
hora depois recebi o convite da entrevista. Vale tudo no Couple’s Match!
(com noção, é claro, saiba a hora de parar)

4. Esteja preparada para gastar dinheiro com isso.

Essa é simples, mas eu queria ter sabido antes para me programar melhor.
No NRMP existem cobranças extras quando se passa de um número
determinado de programas ranqueados e/ou de rankings. Para programas
são 20 e para rankings são 100. Acima disso, ele te cobra taxas, que vão
subindo com o número total de opções. No nosso caso, além da taxa de
$45 por pessoa para participar do Couple’s Match, pagamos $200 cada
para poder ranquear 300 combos e sentir a segurança de ter incluído
todas as opções.

Minha conclusão depois de tudo isso é que foi difícil mas valeu a pena! O
Couple’s Match acabou me colocando em um programa onde eu não
esperava ir parar, mas exatamente na vida que eu sempre sonhei em ter -
uma vida que tem como parte importantíssima viver junto com a pessoa
que eu amo (clichê mas real). Se ainda restaram dúvidas, pode me mandar
um e-mail (rafalitvin@gmail.com), vou ficar feliz em ajudar! Boa sorte!
Por Isadora Linford

[Match - Post-SOAP] - Prelim General Surgery.

Como consegui uma vaga de prelim no Post-SOAP?

Step 1:241 Step 2 CK: 249 Step 2 CS: 1st pass Step 3: 237
Anos de pesquisa: Zero.
Cartas americanas: Zero.
Cartas brasileiras: 4.
Ano de formatura: 2017.
Contatos no programa: Zero, não conhecia ninguém no programa e nem
na cidade. Também não tenho parente nenhum no sistema medico
americano.
Artigos publicados: três (em revistas simples, porém internacionais).
Observerships: Zero.
Clerkship: 1 mês em uma clinica pediátrica em Las Vegas, que não me
rendeu carta (O medico disse que ia me dar, e depois nunca mais me
respondeu). E sinceramente eu quase nem escrevi no meu CV que fiz, mas
no final decidi colocar e ninguém nunca me perguntou nada sobre isso.
**Tenho Green card. - Faz muita diferença.

Eu não terminei minhas provas a tempo de aplicar em setembro pro Match,


como normalmente as pessoas fazem.

Eu apliquei no inicio de Novembro-2019 (muito tarde), eu sabia que as


chances eram extremamente baixas de dar certo, mas apliquei uns 40
programas assim mesmo, sendo eles: Radiologia, preliminary de Internal
medicine, preliminary de general surgery e transitional year.
Mandei e-mail pra todos os programas que apliquei justificando meu
atraso, e consegui 1 entrevista de radiologia em Syracuse, NY.

Não consegui match! Nem SOAP! Apliquei 45 preliminaries no soap e não


tive nem 1 entrevista. Conversei com alguns residentes e eles disseram que
era normal, que o Soap é extremamente difícil pra IMG, e a maioria dos
programas nem olha sua aplicação. Minha dica é não desanime por
causa do soap.

Post-soap: Depois que acaba o soap, você pode mandar e-mail pros
programas que ainda tiverem vagas e tentar a sorte. Tem poucas vagas,
porem elas vão surgindo aqui e ali, tem que ficar de olho. Eu olhava
TODOS os dias nos seguintes sites:
1- Unmatched MD: https://www.unmatchedmd.com/...
2 - SwapAresident: https://www.residentswap.org/login.php?originalURL...&
3 - Soap reddit thread (esse não é site de vaga, mas direto alguém posta
vaga lá, eu ficava lendo os comentários mais recentes).
https://www.reddit.com/.../fjm0fo/official_soap_thread_2020/

Existem outros sites pagos, mas não usei, já tinha gastado dinheiro demais
ate chegar nesse ponto e já estava sem esperança pra investir mais. Mas,
se você tem dinheiro vai fundo!

Eu já tinha um e-mail pronto com todos os meus scores, CV, school records,
MSPE, Ecfmg certification, letters of recommendation, personal statement,
publications, eras application e green card.

Então, eu esperava essas vagas abrirem, e mandava esse e-mail pros


programas (em todos os e-mails existentes pra aquele programa), o titulo
do e-mail era "OPEN PGY1 POSITION", pra chamar atenção, porque eles
devem receber e-mail demais. Não ligava nem mandava fax, porque
geralmente eles avisam pra não fazer isso nos próprios sites.
E fiz isso desde o final do match. Não tenho nem ideia de quantos e-mails
mandei... Perdi a conta. Eu aplicava tudo que aparecia pela frente,
porque eu sabia que a chance de conseguir algo era tão baixa, que eu
nem pensava muito sobre isso...aplicar era fácil pra mim, gastava 5 minutos
e era de graça, então porque não né? Eu dava uma adaptada no meu
personal statement pra cada especialidade que eu aplicava, bem básico
mesmo.

E fui bastante ignorada. Normal...Porém, nessa loucura toda, consegui 2


entrevistas: Uma em pathology - UMKC (não me deram a vaga) e outra em
general surgery preliminary - UB (Buffalo,NY - match).

Acho que eu não consegui a vaga de patologia porque eles perceberam


que patologia era meu plano B, já que eu não apliquei pra pato no
match normal.

Já minha entrevista pro preliminary de cirurgia eu fui extremamente bem!


Afinal, era meu Plano A (eu apliquei pra preliminary no match normal), meu
sonho era fazer um preliminary pra poder aplicar radiologia no próximo
match (e eu falei e justifiquei isso na entrevista), porque eu sabia que com
o meu CV radiologia não ia dar direto.

Eu me dediquei bastante pra me preparar pra entrevista do preliminary,


pesquisei tudo do programa e da cidade. Sabia as respostas ensaiadas
na ponta da língua pras perguntas mais comuns. Por exemplo, as básicas:
Me fale de você; Porque um preliminary? Porque radiologia? Porque esse
programa? Qual o seu maior defeito? Qual sua maior qualidade? Quais
perguntas você tem pra mim? Porque você não deu match antes? O que
você fez desde que formou na faculdade? Etc.
Anyways...no final consegui o preliminary que eu queria! Com muito esforço
e muita oração.
Foi um match milagroso no final do segundo tempo.
É extremamente difícil, mas nada é impossível!
Dei match em advanced de Radiologia em 2021.
Por Juliana Guerra
Uma das opções de visto para você fazer residência nos Estados Unidos
é o J1. Esse visto é o mais fácil de conseguir, pois é patrocinado pelo
ECFMG, o que significa que os programas não necessitam arcar com os
custos dele e apenas precisam designar uma pessoa (chamada de TPL)
para ser responsável pelo envio da documentação para o ECFMG.
Apenas no ultimo ano, mais de 12,000 IMGs estavam nos EUA com este
visto.

O J1 tem algumas vantagens, por exemplo:


 É um visto amplamente disponível e aceito por grande parte dos
programas de residência americanos.
 Tem um custo relativamente baixo para o aplicante
 Permite que o cônjuge, que recebe o visto J2, solicite Social Security
Number e work permit, ou seja, tenha autorização de trabalho e possa
trabalhar na área em que desejar.

Entretanto, o J1 tem uma grande desvantagem:


 Você não pode aplicar diretamente do J1 pro Green card.
 Além disso, tem outras desvantagens: o visto necessita ser renovado
uma vez por ano, se você sair dos EUA (se você ficar nos EUA, não
precisa renovar o visto, basta ter o DS-2019 válido); se o seu cônjuge
tiver o work permit, ele deve ser renovado e pago ($410) anualmente.

Pra você transicionar para o green card, você tem 2 opções:


1. Retornar ao seu país de origem por 2 anos
2. Aplicar pra um waiver, que permite que você fique nos Estados Unidos,
desde que você trabalhe durante 3 anos em uma área chamada de
Underserved Área, ou seja, uma região que tenha carência de
médicos.

Grande parte das pessoas acaba optando por ficar nos EUA depois do
final da residência e, assim, aplica para o waiver. Financeiramente, essa
opção é muito superior a de voltar para o Brasil, já que o salário pago
durante o waiver é excelente (mais de $200 mil dólares anuais e,
dependendo da especialidade e região, há ofertas pagando até
$500 mil dólares anuais). O que muita gente não sabe é que as
underserved áreas não precisam ser em cidades minúsculas, isoladas e no
meio do nada! Podem ser em bairros de cidades grandes (em Miami,
Boston e NY, por exemplo, há vagas disponíveis). De uma forma geral, é
tranquilo conseguir uma vaga de waiver, principalmente para
especialidades mais generalistas, como clínica médica (internal medicine)
e cirurgia geral. Entretanto, para áreas como patologia, pode ser difícil
conseguir e algumas pessoas acabam tendo que retornar para o Brasil
por 2 anos, ao final da residência.

Uma das dúvidas mais frequentes sobre a questão imigratória é sobre a


aplicação para o visto, que acontece da seguinte forma:
Depois que você dá match, o seu programa dá início ao processo para
aplicação para o visto e você necessita aprovar e pagar uma taxa do
ECFMG, que custa $360. O programa vai te orientando e solicitando os
documentos necessários para o visto, que incluem, por exemplo,
passaporte, documentos dos seus dependentes (passaporte e certidão
de casamento ou nascimento), seu currículo vitae, statement of need
(documento fornecido pelo governo brasileiro/Ministério da Saúde), cópia
do I-94 (documento online que mostra suas entradas em solo americano),
ECFMG certificate, dentre outros.
Outra taxa que deve ser paga é o Sevis (I-901), que custa $220.

Depois de completar e submeter a aplicação, o ECFMG leva entre 4 a 6


semanas para avaliar e aprova-la . Se você tiver dependentes, como
cônjuge e/ou filhos, a aplicação para o visto deles (J2) se dará na mesma
altura em que você aplicar para o seu visto e será aprovado juntamente
com o seu.

Em seguida, depois de aprovado o visto, eles enviam o DS-2019, que é o


documento mais importante, que permite sua permanência nos EUA. Com
esse documento, você já pode agendar seu horário no consulado, para
conseguir o stamp, que custa $160 por pessoa.
Com o stamp, você já pode entrar nos EUA, desde que seja um mês antes
da data de inicio do seu programa de residência!
Por Felipe Betalini

O H1B é um visto de trabalho que dura no máximo 6 anos. Como este visto
é da categoria de trabalho – ao invés de intercâmbio como o J1 – há a
necessidade do Step3 pra ser aprovado. Por lei, a instituição é obrigada
a arcar com as despesas do visto, ao invés da ECFMG, por isso e por
maior chance de atraso, de forma geral, as instituições preferem oferecer o
visto J1.

Do ponto de vista do candidato, o visto H1B é muito mais vantajoso. O


fator mais importante é que o visto H1B é compatível com dual intent, ou
seja, compatível com a aplicação pra residência permanente (Green
Card, ou GC). Portanto, quem tem o H1B pode aplicar pro GC
independente do empregador (self petition por pesquisa mesmo durante o
treinamento), ou através do empregador, sem precisar ficar restrito a locais
que oferecem o waiver do home country requirement. Além da transição
mais natural pro GC, o H1B também é compatível com plantões extras
remunerados durante a residência, algo ilegal dentro das regras do J1.

A principal desvantagem do visto H1B é o fato do visto do cônjuge (o H4)


não autorizar o trabalho do mesmo, diferente do cônjuge do J1 (o J2), que
pode trabalhar. Ainda assim, importante lembrar que, durante
o waiver necessário depois do J1, é feito no visto H1B, o que de qualquer
forma teria impacto na carreira do cônjuge.

Pra quem faz a residência no H1B, é fácil mudar pro J1 durante o fellow
caso julgue a melhor opção baseado nas escolhas dos programas. O
inverso não é possível, uma vez com J1, tem que fazer o waiver, mesmo se
casar com cidadão americano.

No final de contas, o visto H1B acaba sendo bem mais vantajoso pros
candidatos principalmente tem uma transição mais natural pro GC sem a
necessidade do waiver. Pra quem é casado, pode valer a pena a
discussão com o cônjuge sobre J2 versus H4. Além disso, muitos programas
bons não oferecem o H1B, mas as vezes abrem exceção aos candidatos
mais competitivos.
Por Ilana
São muitos tipos de vistos para aplicar para o green card, e dentre todas
as possibilidades, o mais comum é o visto EB2. A elegibilidade para o visto
EB2 national interest waiver, ocorre quando você é um (a) médico (a) com
diploma avançado ou você demonstra habilidades excepcionais no seu
campo de atuação.

Critérios para habilidades excepcionais- Necessário atender pelo


menos 3 dos 7 critérios abaixo:

1- Histórico acadêmico, diploma ou equivalente da sua


universidade
2-Carta de recomendação com pelo menos 10 anos de experiência
na sua ocupação
3-Licença para praticar medicina ou certificado (CRM)
4-Evidência que você tem um salário acima da média nacional
5-Ser membro de alguma associação profissional
6-Reconhecimento das suas conquistas e contribuições na medicina
por colegas, governos e entidades profissionais
7-Outras evidências comparáveis

Juntamente com os critérios acima, para o National Interest Waiver você


deverá demonstrar:
 Que a sua proposta tenha mérito substancial e importância nacional
 Você está bem posicionado para avançar na sua proposta
 Será benéfico para os USA, dispensando uma oferta de emprego

Os critérios acima são avaliados subjetivamente pela imigração. O que


significa que às vezes você pode atender algum critério sem saber.
Recomendo que inicialmente procurem um escritório de advocacia para
avaliação e orientação sobre a sua aplicação.

Meu objetivo é esclarecer que esse processo não é tão complicado


como aparenta mas sim burocrático.
O planejamento é essencial para o custo, tempo para preparar o
processo e finalmente, o tempo para receber seu green card.
Agora em termos práticos, como vocês podem se tornar elegíveis?
Agora sim as minhas dicas.

1- Torne se membro das sociedades nacionais e internacionais da sua


especialidade

2- Seja um membro ativo, tente dar palestras, aulas, julgar trabalhos, avaliar
provas e participar de bancas examinadoras

3- Apresente trabalhos orais em congressos nacionais e internacionais

4- Publique artigos científicos

5- Reportagem em TV, jornal e revista sobre você e seu trabalho

6- Premiações de trabalhos

7- Homenagens e moções

8- Escrever capítulos de livros

Algumas dúvidas:

 O processo pode ser acompanhado no site da USCIS, lá existe a


média de cada formulário para ser aprovado
 Se você estiver dos USA, juntamente com aplicação do green card
você poderá solicitar o Work permit com documento de viagem
(combo card). Assim, poderá trabalhar nos USA e sair do país até ter
sua aprovação do green card.

Boa sorte e estou à disposição para as dúvidas!


Por Juliana guerra
E se eu aplicar e não der match?

Essa é uma dúvida muito comum. Eu passei por essa situação e isso
acontece com muito mais gente do que se imagina.
Como vocês sabem, quando você aplica pra residência, ou seja, envia
seus documentos para os programas avaliarem, há chances de eles não
chamem você para uma entrevista, mas mesmo que você seja entrevistado,
ainda assim, é possível que os programas não ranqueiem você e você não
consiga vaga em nenhum programa de residência.
O Match é em março e nessa altura você recebe o e-mail informando se
você conseguiu a vaga. Caso você não tenha conseguido, você tem a
opção de aplicar para o SOAP que é o processo de “repescagem”.
Entretanto, é muito difícil, especialmente para nós, IMGs, conseguir uma
vaga nessa etapa.
Depois disso, se você realmente não der match, você tem que enxugar as
lágrimas, avaliar criticamente a sua aplicação e buscar pelos erros que
levaram a esse desfecho insatisfatório.

Alguns fatores que comumente contribuem para que isso aconteça, são os
seguintes:
 Relacionados ao aplicante:
1. Não reconhecer suas red flags ou os pontos fracos da sua aplicação
e, assim, não melhorá-los,
2. Não se atentar aos detalhes da aplicação relacionados ao currículo e
PS, deixando a aplicação confusa, sem destacar os seus pontos
positivos ou contendo erros gramaticais
3. Não ter contatos (attendings e residentes) pra apoiar a sua aplicação
e advogar a seu favor
4. Não valorizar devidamente o peso de uma strong LOR e o valor de um
estágio em um programa em que você teria chance de entrar como
residente.
 Relacionados aos programas:
1. Usar a estratégia errada na escolha dos programas, escolhendo
apenas programas famosos e com ótima reputação e, logo,
extremamente competitivos mesmo para os americanos
2. Aplicar pra poucos programas, diminuindo a chance de conseguir uma
entrevista e causar uma boa impressão, ou ranquear poucos programas
e correr o risco de eles não terem ranqueado você.

A boa noticia é que você sempre pode aplicar novamente no ano


seguinte. Mas, pra isso, você deve corrigir todos os erros que culminaram
no seu unmatch. Não aplique com uma application igual a anterior!

Sempre tente melhorar, sempre busque se tornar mais atrativo!


As estratégias que eu indico usar, para se preparar para a segunda
aplicação, se você tem red flags (notas baixas, fails, muitos anos de
formado, etc) ou se você esta aplicando para uma especialidade muito
competitiva são:
 Se dedicar a fazer research nos EUA, pois isso não só enriquece o seu
currículo com papers, posteres e abstracts, mas principalmente é uma
oportunidade para você fazer networking e de conseguir cartas fortes.
 Fazer estágios em hospitais com programa de residência IMG friendly
em momentos estratégicos, por exemplo, durante a interview season, pra
eles te conhecerem e já te convidarem pra entrevista.
 Reformular o seu personal statement, deixando interessante e,
principalmente, sem erros gramaticais.
 Reformular o seu currículo, deixando claro, destacando os pontos altos
da sua trajetória e evitando ao máximo os erros gramaticais.

Além disso, a escolha dos programas é outro fator que eu considero muito
importante! Pra internal medicine, por exemplo, há por volta de 500
programas e, obviamente, você não vai aplicar pra todos! Você tem que
selecionar os programas e, pra isso, eu recomendo usar o FREIDA. Nesse
site, você pode filtrar, por exemplo, por visa status, pois muitos programas
não aceitam ou patrocinam vistos e aplicar pra eles seria perder tempo e
dinheiro (não se esqueça de que você paga pra cada programa que for
aplicar). Além disso, você também deve olhar, no site do programa, o
eligibility criteria que eles usam, pra ver se você enquadra e também
checar quem são os residentes (se há IMGs/ brasileiros, por exemplo).
Também recomendo aplicar amplamente, pra mais de 100 programas,
para aumentar suas chances de conseguir entrevista. Na altura da
application, contate os seus mentores, os attendings e os residentes com
quem você rodou, peça o apoio deles pra conseguir entrevista!

Os programas não tem como saber se você já aplicou antes, a não ser
que você tenha sido entrevistado pelo programa anteriormente ou que
eles se lembrem do seu nome por algum motivo, mas eles podem suspeitar,
se, por exemplo, as suas LORs tiverem uma data do passado (sempre
peça pra quem escreveu datar novamente com o ano da aplicação),
e/ou se você já tiver o ECFMG certificate há alguns anos.

Receber um e-mail dizendo que você não deu match é muito ruim, mas não
é o fim do mundo! Foque aonde você já chegou e faça todo o
necessário para sempre melhorar e tentar novamente!
Não se esqueça, everything happens for a reason!
Por Luana Moury

Por que será que, comparado com outros países, uma grande maioria de
brasileiros ainda escolhe os EUA para revalidar o seu diploma médico?
Será que seria pelo “american dream?”.

Bom, vamos comparar então os EUA com alguns países, começando pelo
Brasil. A medicina nos EUA valoriza bem mais a pesquisa e médicos que
querem seguir caminhos acadêmicos, o que acaba sendo um forte atrativo
para os pesquisadores. Mas vamos começar falando de um dos fatores
MAIS perguntados que é o salário. E sim, médico ganha bem no Brasil, é
inclusive um dos países que em termos de salário se destaca nesse sentido.
Mas seguindo dados e uma média salarial, A Federação Nacional dos
Médicos (Fenam) recomenda um salário mínimo de R$ 14.134 para 20
horas semanais. O profissional pode fazer bem mais dependendo da sua
especialidade, região e carga horária de trabalho. Mas é uma queixa de
muitos a “falta de tempo” para aproveitar o dinheiro, já que o trabalho
muitas vezes é cansativo e até frustrante.

Nos EUA, possui uma média salarial de $200.000-300.000 dólares


americanos (em torno de 1,6 milhão/ano), além de vantagens como um
ambiente de trabalho mais favorável, uma medicina mais baseada em
evidências, investimento maior em tecnologia, ensino e ciência. E lógico,
durante a residência médica a carga horária de trabalho também será
pesada, assim como no Brasil, porém após ela cada pessoa poderá fazer
o seu próprio horário e encontrar trabalhos que estejam de acordo com o
seu estilo de vida. A valorização do médico é maior e também a
quantidade de médicos imigrantes.
Os Estados Unidos possuem cerca de 35.000 vagas de residência
médica por ano, que nem conseguiriam ser preenchidas pelos próprios
americanos e por isso é bastante comum eles terem imigrantes. Então
partimos para o segundo tópico importante da nossa conversa que é a
recepção e valorização dos médicos brasileiros e se existe algum
preconceito. A resposta é que via de regra não, já que eles próprios
precisam de médicos ali e estão bastante acostumados com profissionais
de saúde de outros locais.
Por que será que não observamos tantos médicos brasileiros indo para o
Canadá na mesma proporção que podemos ver nos EUA? A resposta é
simples: o Canadá possui e torno de 3.500 vagas de residência médica
por ano, ou seja, até para os próprios canadenses acaba sendo bem
mais difícil. Impossível? Claro que não, tanto que podemos ver alguns
médicos brasileiros que estão fazendo ou fizeram a residência médica por
lá, mas de fato mais concorrido. Além do fato da quantidade de vagas,
até então, para fazer a residência médica no Canada é necessário um
visto de PR (residente permanente). E como conseguir isso? Existe maneiras
diferentes, até casando com uma pessoa canadense. Mas a forma mais
comum que os médicos conseguem é através de uma porta de entrada
que acaba sendo o research ou clinical fellow. Lembrando que o clinical
fellow só pode fazer quem já possui uma especialidade médica enquanto
o research até recém formados podem fazer. Após uma média de 2 anos
naquela vaga e país, você aplica para o seu visto de PR.

E se você chegou nesse ponto do E-Book e pesou: “mas é muito difícil,


tantas provas, estágios, investimento financeiro... Será que existe algo mais
fácil ou país mais simples de revalidar?”
“Será que existe algum país que eu possa aproveitar a minha
residência médica que já fiz no Brasil?” SIM! Existe sim!

Não estamos aqui querendo dizer que os EUA é seu pote de ouro no final
do arco-íris. Estamos mostrando essa possibilidade e só você poderá dizer
se vale a pena ou não.
Na Europa por exemplo, que tiver passaporte europeu pode revalidar na
Espanha sem nenhuma prova médica, no máximo uma de proficiência em
espanhol, que os brasileiros acabam tendo uma facilidade. Mas tenha em
mente que o salário é bem menor, em torno de 4.500 euros/mês. Pode
trabalhar sem residência médica como um médico generalista então já é
também outro ponto para levar em consideração dependendo do seu
estilo de vida. Em relação a sua especialidade dificilmente conseguirá
aproveitá-la ou então pode tentar um processo bastante burocrático que
alguns casos raros já conseguiram.

Temos também países como a França, bastante visado pelos brasileiros,


mas infelizmente não podem fazer residência médica por lá pois só pode
quem tem diploma de medicina de uma universidade da União Europeia
ou está no último ano de medicina na França. Porém uma boa notícia
para quem pensa na terra do croissant: você pode fazer uma prova (PAE)
para revalidar o seu diploma de base e sua especialidade ao mesmo
tempo. Não é fácil mas é possível e um caminho para quem quer atuar
como médico por lá, então teria que realmente fazer a residência médica
no Brasil.

Outro país bastante interessante e com um dos maiores salários para


médicos da Europa é a Alemanha. Oferece muitas vantagens nesse
sentido se compararmos com outros países, como por exemplo ser possível
revalidar a residência médica realizada no Brasil. Mas lógico, precisa sim
saber Alemão. E não, não é uma língua fácil mas é possível de aprender.
Assim como a Alemanha, na Áustria também é possível reaproveitar a
residência médica, talvez seja necessário complementar, na verdade
bastante possível que precise, mas no final você faz a prova de titulo e
consegue ser especialista.

“E se eu não quiser aprender uma nova língua e preferir continuar no


português?”

Temos também uma opção para você que é Portugal. Se a gente


comparar com os EUA os salários são de fato bem menores, a carga
horária de trabalho também é menor e o seu padrão de vida será
diferente também. Ruim? Não, você não vai passar fome nem nada perto
disso. Terá sua casa, pode ter seu carro e conforto. Na Irlanda, por
exemplo, já oferece salários maiores que em Portugal, tem que ter o
conhecimento da língua inglesa porém a progressão da carreira é muito
mais difícil e as vagas para especialidades bem reduzidas e quase
impossíveis para os imigrantes. Ou seja, via de regra o médico brasileiro na
Europa não poderá esbanjar ou ter, por exemplo, uma grande casa como
observamos nos EUA pelo próprio estilo de vida americano, o estilo de
vida é bastante diferente mesmo. E isso serve também para o Reino Unido.

Médicos no UK possuem uma vida muito confortável, diria que na Escócia


até mais que na Inglaterra, já que o custo de vida lá é um pouco menor
e a procura também, o que acabam oferecendo maiores salários para
médicos da Escócia. No Reino Unido a residência médica é bem mais
longa que no Brasil e também mais longa que nos EUA. E sabe o que é
engraçado? Os próprios ingleses não tem a mínima pressa de já entrar na
residência médica como é a cultura brasileira, acredita-se que eles
valorizam antes outros fatores além do trabalho como o tempo, amigos,
família, viagens e viver de forma geral.

Dito tudo isso, chegamos a uma conclusão final: não existe um país melhor
para ser médico, existe o melhor para você! Uma vida de trabalho duro,
prazeroso muitas vezes, com equipamentos modernos, nas instituições mais
renomadas do mundo, com uma das melhores remunerações médicas no
mundo, investimento alto em pesquisa e educação como é nos EUA. Ou
uma vida mais serena, com um salário menor e visitando os países pela
Europa fazendo um mochilão nos finais de semana e nas suas férias.

Se largar para o outro lado do mundo e desbravar a natureza na


Austrália, pagando o preço alto da grande distância da família. Ou fazer
sua carreira no Brasil, na sua zona de conforto, perto de família, amigos e
conviver com as questões políticas e de desigualdade social do país.
Nenhum lugar vai ser fácil ou perfeito, eu diria que a medicina é uma
profissão privilegiada pela oferta de trabalho em âmbito mundial. Imigrar é
muito difícil, trabalhoso e burocrático. Requer paciência e
determinação. Mas uma coisa podemos te garantir: se foi possível para os
autores desse livro, se você quiser, será possível para você também.
Acredite nos seus objetivos e voe alto!
Por Laila Folhinha

O processo além de intenso e difícil, também requer muita memorização.


Por esse motivo, controlar a sua saúde mental é fundamental e você
provavelmente buscará por um equilíbrio e atividades muito diferente de
tudo que já fez na vida. Nesse capítulo então, daremos destaque à
importância de ser fiel ao seu cronograma e à qualidade de vida.

Primeiramente, para evitar que você se frustre, entenda que nenhum


cronograma será fixo. Todos os cronogramas precisarão ser reformulados
muitas vezes, seja pra aumentar o tempo dedicado para as matérias que
você está com dificuldade, seja para aumentar o tempo dedicado ao
anki/flashcards quando chega próximo da data da prova, ou ainda
aumentar seu tempo de estudos para as matérias que exigem
memorização. Pelo que você percebe então, a intensidade de estudos só
aumenta. Como então manter sua sanidade mental em bom estado?

Tente se conectar com colegas que estão no mesmo processo é a


primeira dica. Isso não seria necessariamente encontrar colega de estudos,
o tal study partner. Mas sim colegas que talvez já passaram pelo step 1,
por exemplo, e vão te escutar e auxiliar em como melhorar seu score na
hora de fazer um simulado do NBME e precisar ir melhor em bioquímica, por
exemplo. Seu colega vai saber te auxiliar em como reorganizar seu
cronograma. Tente criar algumas boas amizades desde o início. Isso vai te
ajudar e muito do começo ao fim!

E falando um pouco sobre qualidade de vida, não deixe de fazer nesse


momento o que sempre te ajudou no passado, seja isso a prática de
exercício físico, ter os domingos livre com a família, leitura de um capitulo
de livro qualquer por dia, domingos de missa, tocar um instrument musical,
etc. Inclua esse tempo protegido no seu cronograma.

Você certamente não faz todas as técnicas de relaxamento que te


auxiliam. Porém há uma que pode trazer um benefício extraordinário para o
pouco tempo livre que você terá durante o estudo dos steps, e isso se
chama meditação. Em 10 minutos por dia, você conseguirá resetar a
mente pra estar pronto pra próxima etapa do seu cronograma. Aqui vão
algumas dicas simples de meditação que você pode alternar e encontrar
uma que você mais se adapte. Mas antes disso, saiba que você pode
meditar sentado ou deitado, de olhos abertos ou fechados. Você só
precisa mesmo é tentar se desconectar e ficar seguro que seu cronograma
deve dar conta de te lembrar depois o que mais você precisa fazer para
completar as tarefas do seu dia.

1- Música: Existem alguns aplicativos como Calm que você seleciona a


musica pra relaxar. Ou existe o próprio YouTube. Digite algo como
“relaxation music” e aproveite seu “me time”. Simples assim! Tente não pensar
em nada. E isso significa ouvir aos sons da musica por alguns instantes. Se
vier algum pensamento em mente, não julgue esse pensamento ou pense
que não está conseguindo meditar. Aceite que assim como esse
pensamento veio em mente, ele irá embora. E você relaxa por algum
instante mais uma vez, como se fosse um ciclo em que você está ensinando
a sua mente a se desconectar. Existe também o que chamam de guided
meditation, e se você colocar no YouTube por exemplo “10 minute guided
meditation”, irão te instruir o passo a passo pra você alcançar o máximo
de relaxamento.

2- Respiração: Simplesmente observe sua respiração. Foque nos


movimentos que faz para respirar. No ar entrando nas narinas. Na barriga
se expandindo. E de novo, talvez consiga fazer por algum instate e logo
um pensamento tome conta da sua mente. Não tem problema, apenas
volte a focar na respiração mais uma vez.

3- Relaxamento muscular: Vá prestando atenção em cada parte do seu


corpo, uma por vez. E relaxando sua musculatura a cada expiração, como
mãos, barriga, pescoço, face, etc. Fazer por ordem da cabeça aos pés se
torna mais fácil para não se esquecer de nenhuma parte do corpo e no
final ter o corpo completamente relaxado. Foque no relaxamento. Essa
seria a sua meditação aqui.

4- Terceiro olho ou ponto fixo: Foque toda a sua atenção em um ponto


entre suas sobrancelhas ou um ponto fixo do ambiente em que está. Ao
focar em um ponto você consegue relaxar em uma posição, tentando se
desconectar de todo o resto. De olhos fechados você pode imaginar
cores, intensidades de preto e branco, um ponto de luz, ou mesmo
escuridão completa.
5- Frases de compaixão: Inspire falando para você mesmo algo do tipo:
“I breath in compassion”. Expire falando algo do tipo: “I breath out love”.
Faça isso agora, repita algumas vezes e veja como você se sente. Por
ultimo, você já sabe: inclua esse hábito na sua rotina! Inclua relaxamento
no seu cronograma.
Por Renata Knoll e William Binotti
Ter bons mentors pode ser um dos recursos mais valiosos durante o
caminho para a residência nos EUA. Bons mentors são aqueles que
durante esse processo podem te aconselhar, incentivar (ou até
desencorajar quando necessário), oferecer uma visão de sua experiência,
expandir o seu network e advogar a favor da sua aplicação e sucesso.
O primeiro passo é entender que mentorship é uma relação orgânica, que
se desenvolve ao longo do tempo e que deve ser cultivada. Além disso,
não esqueça que o mentorship também é uma relação de parceria — a
dedicação do seu mentor em advogar pelo seu objetivo e sucesso deve
espelhar a sua própria dedicação a ele, assim estabelecendo uma
relação de confiança e admiração mútua.
Também é importante lembrar que você pode ter um ou mais mentors
dependendo das suas necessidades e das oportunidades que
aparecerem ao longo do caminho, e diferentes perspectivas podem ser
muito valiosas. Existem diferentes tipos de mentoria que você pode ter
durante esse processo, incluindo na parte clínica, acadêmica (research) e
pessoal, e que juntas podem resultar em maiores chances de alcançar seu
objetivo. Além disso, a oportunidade de ter um mentor especificamente
durante o processo de aplicação e entrevistas pode fazer toda a
diferença no resultado final, e será abordado ao final deste capítulo.

Onde e como devo procurar um mentor?


Antes de começar a pesquisar, é preciso parar um momento para
considerar quais são os seus objetivos e necessidades. O passo mais
importante é estabelecer o seu propósito e objetivos para atingir sua
meta. Sem um objetivo claro, dificilmente você encontrará um bom mentor e
corre o risco de desperdiçar ótimas oportunidades.
Existem várias formas de encontrar um mentor e nenhuma delas é mais
correta ou melhor do que as outras. Novamente, vai depender do seu
objetivo. Uma importante fonte seria diretamente através de relatos ou
outras pessoas que você conhece, as quais chegaram onde você almeja.
Muitas vezes, estas pessoas podem te fornecer detalhes valiosos sobre a
experiência delas durante sua trajetória, além das informações
específicas sobre o mentor. Outra forma seria através de uma experiência
clínica nos EUA (clerkship ou observership) onde você tem contato
diretamente com diversos attendings e eventualmente pode abordar
alguém que você admire e se identifique para estabelecer esse tipo de
relação. Existe também a possibilidade de encontrar o seu mentor durante
uma oportunidade de pesquisa (research fellow) nos EUA.
Independente de qual caminho optar para procurar um mentor, esteja
atento a alguns detalhes sobre como filtrar para otimizar a sua chance de
encontrar um bom mentor:
1. Procure saber o máximo possível sobre o seu futuro mentor e sua
experiência através de seu currículo, trabalhos publicados, de seus
colegas ou pessoas que trabalharam com ele(a) ou de suas
realizações em sua área (disponível online muitas vezes) antes de
abordá-lo(a). Em resumo, procure saber mais sobre o seu futuro
mentor para entender se os seus objetivos alinham e saber como
especificamente ele(a) poderia te ajudar.
2. Procure um mentor em instituições que tenham tradição em recrutar
IMGs e/ou que tenham experiência e sucesso com o processo de
aplicação à residência médica para IMGs. Lembrando que essa
condição não é absoluta e que sempre existem exceções.
3. Procure saber se outros que foram mentorados por essa pessoa
obtiveram resultados positivos (neste caso, residência médica nos
EUA).
4. Procure saber se esse mentor já teve alguma premiação de
reconhecimento em ensino (ex. teaching awards).
5. Dê preferência às instituições acadêmicas nos EUA, uma vez que
esses lugares geralmente já tem uma cultura de education e
mentorship, e as chances de encontrar attendings abertos a
estabelecer esse tipo de relação serão muito maiores. Além disso, ter
um mentor de um centro acadêmico pode aumentar
exponencialmente as oportunidades de networking, uma vez que
essas instituições contêm pessoas reconhecidas nacionalmente e
internacionalmente dentro da especialidade. Também, instituições
acadêmicas geralmente são mais abertas para receber IMGs, sendo
que algumas eventualmente podem até oferecer programas formais
de mentorship e mentorship pairing. Novamente, existem exceções
para toda a regra, porém estes centros acadêmicos provavelmente
oferecerão maior chance ou oportunidades para atingir o seu
objetivo.

Como evitar as armadilhas


Ao procurar um bom mentor, é importante evitar algumas armadilhas
comuns que podem dificultar, ou até impedir de alcançar o seu objetivo
final:
1. Alinhe o seu foco com o seu objetivo: muitas vezes você
estabelecerá uma conexão boa com um potencial mentor, mas a
expertise e objetivos desta pessoa não alinham com os seus
objetivos. Por exemplo, esta pessoa pode estar numa área
completamente diferente da qual você almeja e não tem nenhum
network nesta área. Por mais que esta pessoa queira te ajudar no
processo, neste exemplo, seria muito mais difícil fazer você atingir o
seu propósito. Outro exemplo seria uma oferta de uma posição de
pesquisa em um laboratório que não alinha com nenhuma das suas
experiências ou área de interesse, e o foco das pesquisas não está
relacionado com a sua desejada especialidade de residência
médica. Neste caso, talvez todo o fruto do seu trabalho no fim não
terá o mesmo impacto para aqueles que revisarão a sua
aplicação de residência médica. E por último, por mais que você
possa ter mentors com diferentes backgrounds, tenha sempre em
mente que um mentor médico é o ideal. Um mentor que não seja
médico (cientista/pesquisa em ciências básicas) dificilmente vai
conseguir orientar sua aplicação uma vez que eles não tiveram
essa experiência e não sabem como o processo realmente
funciona. Novamente, sempre existem exceções.
2. Discernir entre um bom mentor e um mentor “famoso”: nem sempre uma
pessoa bem-conceituada e reconhecida na sua área médica de
interesse vai te oferecer as melhores chances para entrar na
residência médica. Logicamente, um mentor com experiência e
influência na sua área de interesse é fundamental. Porém, é muito
importante lembrar que o melhor mentor é aquele que, além de
disponibilizar tempo para se dedicar a você e sua aplicação, seja
uma pessoa que você tem um bom relacionamento.
3. Não se surpreenda se você perceber que um mentor é incapaz de
ajudá-lo de todas as maneiras que você deseja. Um bom mentor
será aquele que também reconhece suas limitações, mas que ao
mesmo tempo oferece soluções, como te colocar em contato
com outras pessoas que possam te ajudar. Lembre-se de que você
pode ter vários mentors ao mesmo tempo, e sempre pode procurar
outros mentors ao longo da jornada.

O que um bom mentor pode fazer pela sua aplicação para a


residência
Um mentor pode ajudar de várias formas a fortalecer sua aplicação e
aumentar suas chances de alcançar sua especialidade tão almejada e na
instituição dos seus sonhos, como:
1. Aumentar sua rede de networking e criar oportunidades de
interação, seja por colaboração em pesquisa ou estágios clínicos
para que você entre no “radar” dos programas (aumentar sua
visibilidade).
2. Planejar, orientar e revisar sua aplicação, incluindo CV, Personal
Statement e LoRs.
3. Orientar e planejar estratégias para couple’s match.
4. Aconselhar sobre os diferentes programas e sugerir quais se
encaixam melhor em seu perfil de acordo com a sua aplicação.
5. Entrar em contato diretamente com os programas para advogar a
sua aplicação e eventualmente aumentar as chances de você ter
sua aplicação revisada.
6. Orientar e preparar você para as entrevistas (i.e. mock interviews).
7. Entrar em contato com o programa para indicar a sua preferência
no match.
Por Leonardo Cruz Alexandre

Primeiramente, você deve saber que o fato de ser especialistas não afeta
diretamente o processo. Você ainda precisará fazer todos os Steps,
estágios nos EUA, cartas de recomendações e aplicar pelo ERAS. Os
Estados Unidos não aceita residência em outros países, não importando
quais sejam. Algumas residências permitem que você aplique direto para
um Fellowship se tiver treinamento em outro país, porém isso não te torna
board eligible e você não conseguirá atuar livremente no país. Alguns
colegas conseguem vagas com licenças institucionais. Essas licenças
permitem que o profissional atue naquele hospital e somente nele. Essas
licenças são bastante raras e normalmente são fornecidas para
pesquisadores reconhecidos internacionalmente. Como falei, esse tipo de
licença é rara e eu nunca fui atrás dela porque sou jovem e ela não me
permitiria ter tanta liberdade. Não vou entrar em detalhes devido a isso.
Vou focar no caminho que eu e a maioria opta: o USMLE.

O primeiro passo no geral é o Step 1. Dependendo da sua


especialidade, essa será a etapa mais difícil. Digo isso porque para mim foi
a maior barreira, ainda mais vindo da Psiquiatria, que não é matéria com
tanta correlação clínica cobrada no Step 1. Não vou entrar em detalhes
de como estudar para o Step 1, mas tenha em mente que ele será difícil
para você e que isso é normal. O Step 2 CK tende a ser mais acessível.
Por fim, você terá os dois maiores desafios finais: ERAS e Personal
Statement.

O seu Personal Statement deve justificar bem sua mudança e precisa fazer
sentido. Por que um especialista de sucesso no Brasil deseja se mudar para
os EUA? A resposta para isso precisa fazer sentido e ser algo agradável
de ler. No meu caso, a resposta foi pessoal e profissional. Minha esposa é
americana e eu não estava tão satisfeito com a ausência de alguns
tratamentos e empregos em áreas acadêmicas no Brasil. Essa resposta
satisfazia quem me entrevistava e é bastante válida. Você deve encontrar
um equilíbrio entre parecer insatisfeito com o Brasil mas ainda assim
não colocar seu treinamento e trabalho como deficitários. No meu caso eu
comentava bastante da dificuldade de obter ECT no Brasil. Eu digo que o
equilíbrio deve ser cuidadoso para não falar mal do seu próprio
treinamento. Eu fazia questão de parecer levemente incomodado com a
ausência de ECT, mas também deixava claro que tinha um treinamento e
experiência sólidos em psiquiatria e que a psiquiatria brasileira era muito
parecida com a americana em muitos pontos (o que de fato eu acho,
usamos os mesmos guidelines).

Vou falar mais sobre esse ponto porque acho essencial e acho que um
ponto mais delicado para especialistas do que recém graduados. Crie
uma história que seja bela e faça sentido. É bastante óbvio que você não
deverá mentir, mas não precisa falar da goteira que tem no seu ambiente
de trabalho, ou quem sabe dos calotes que você recebeu mês passado.
Isso faz com que seu treinamento de especialista aparente ter sido
deficitário, e pelo menos a minha opinião é que tirando problemas de
infraestrutura, temos ótimos especialistas no Brasil. Valorize isso e conte sua
história.

O próximo passo que teremos é o ERAS. Aqui, é possível que você tenha o
problema oposto aos recém graduados: muita informação e empregos.
Sabemos como é comum no Brasil termos 4-5 empregos ao mesmo tempo,
e isso pode ficar caótico no ERAS. Eu era recém graduado na residência
de psiquiatria, então não tive tanto esse problema. De forma geral, eu
utilizei a mesma orientação que foi passada para minha esposa, que era
colocar todas as experiências de trabalho, todas as research experiences
e colocar trabalhos voluntários durante a faculdade de medicina,
anteriores e posteriores a faculdade somente se fossem muito importantes e
impactantes. Dito isso, utilize o bom senso. Se você tem 15 anos de
experiência, eu daria preferência a trabalhos impactantes e relativos a sua
especialidade ou de ensino. Não existe norma aqui porque a aplicação
vai ser diferente de alguém que se formou recentemente na residência e
alguém com 10-15 anos de experiência.

Falando mais especificamente sobre experiências de trabalho, contarei


algo que aconteceu comigo e que me chamou a atenção. Tive
consultório próprio por dois anos. Ao fim da minha preparação para o
Step 1, fechei meu consultório e acabei sendo convidado para ser
Psiquiatra Forense de uma pequena cidade, trabalho em que eu ia 1x por
semana. Aceitei e fiz esse trabalho por seis meses. Aceitei esse trabalho
simplesmente porque era cômodo. Pois bem, ninguém nunca perguntou do
meu consultório em entrevistas, mas minha experiência Forense foi altamente
comentada, chamando a atenção positivamente. Eu não consigo dar
recomendações gerais porque não conheço a realidade de outras áreas,
mas darei recomendações na psiquiatria como exemplo. Acredito que eu
dei sorte com esse emprego porque não foi algo pensado, mas para
alguém hoje eu recomendaria também buscar um trabalho em Psiquiatria
Forense ou em CAPS AD (álcool e drogas). Não recomendaria
especificamente CAPSi (infantil) porque você não quer passar por
negligente, caso não tenha especialização em psiquiatria infantil. Em
compensação, adição e forense são áreas aceitáveis de se trabalhar sem
fellowship específico. Imagino que outras especialidades tenham sub áreas
específicas também que podem ser exploradas.

Durante as entrevistas, a grande maioria dos entrevistadores estava


bastante satisfeito com meu treinamento prévio. Somente um deixou claro
que se preocupava que eu não seria “teachable”, então esteja
preparado para demonstrar humildade e deixar claro que você não tem
problema em voltar a ser residente. Uma coisa que será muito fácil para
você serão os exemplos nas perguntas. Muitas vezes perguntarão algum
erro que você cometeu, algum paciente difícil ou alguma dificuldade que
enfrentou. Utilize bons exemplos da sua especialidade que certamente
chamará atenção positivamente. Para quem já fez residência, certamente
o número de exemplos e histórias será farto. Novamente pontuo o cuidado
de não diminuir o seu treinamento no Brasil e sim valorizá-lo, apesar das
deficiências.

Por fim, o match para um especialista é igual ao de um recém formado.


Você deve aproveitar ao máximo suas vantagens de te ter como residente
e tentar tornar as desvantagens menores possíveis. Cada especialidade
pode ter mudanças também, então é importante ler a respeito de cada
área. Algumas áreas valorizam residência prévia, outras não. Não há regra
e certamente tudo vai depender de como você vender essa ideia. Tente
tirar o máximo proveito de suas experiências prévia. Boa sorte!

Você também pode gostar