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Autores:
Maikel Ramthun
Médico Especialista em Clínica Médica, Nefrologia e Medicina
Intensiva ⦁ Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade
Estadual de Ponta Grossa (UEPG) ⦁ Sócio-Fundador do canal
Além da Medicina.
Victor Miranda
Residência Médica em Medicina do Exercício e do Esporte pelo
Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual
(Iamspe-SP) • Especialista em Medicina do Exercício e do
Esporte (MEE) • Preceptor da Residência Médica de MEE •
Diretor da Sociedade Paulista de Medicina Desportiva
(SPAMDE) • Sócio-Fundador do canal Além da Medicina.
Introdução
Muito cuidado nesse momento. Poucos falam dos prós e dos contras das duas
estradas, mas vamos tentar iluminar o caminho para você.
Medicina ainda é uma profissão com muito espaço e mercado. Se você tiver
vontade e estiver disposto a trabalhar e fazer dinheiro, pode pegar plantão no dia
seguinte à sua formatura. Plantões surgem aos milhares, pagando valores que
variam com a complexidade e o volume. Em média, algo próximo de 1.200 reais
por 12 horas até cerca de 2 mil reais por 12 horas, neste caso em locais onde
ninguém quer fazer. Você, que está começando agora, sempre se lembre destas
dicas para se precaver: ir em dupla para enfrentar os primeiros plantões, ter
colegas ou professores mais experientes na retaguarda, recorrer aos famosos
grupos de WhatsApp (ou outro aplicativo similar) para um tira-dúvidas rápido, e,
sobretudo, poder contar com ótimos aplicativos de suporte clínico disponíveis no
mercado, como o Whitebook, até nas horas mais “fatais”.
Se você pretende iniciar sua vida médica por esse caminho, é importante já ter na
bagagem, ou providenciar assim que sair da faculdade, os recursos a seguir.
Agora, se sua pegada for algo mais suave, com horário para entrar e sair e número
certo de pacientes, é possível, ainda, ingressar na rede pública pelo programa
Saúde da Família.
Nesse tipo de serviço ambulatorial, você terá vínculo com o munícipio por meio
de contrato como pessoa física ou jurídica, por concurso público, por consórcios
regionais (pessoa jurídica), ou ainda, mais raramente, por intermédio de cadastro
em empresas médicas que ofereçam listas de médicos para prestar serviços.
Então, vamos combinar, a partir do dia seguinte a sua formatura, nunca mais e
em hipótese alguma se esqueça destas palavras: espaço existe para todos, agora
lugar ao Sol alcança apenas quem aguenta o calor do astro-rei. Enquanto os
outros vão ficar debaixo de uma árvore esperando ficar menos quente, você, que
já enfrentou o calor escaldante, será beneficiado. Por isso, se quiser obter com a
medicina resultados que ninguém tenha conseguido antes, percorra caminhos
diferentes nunca percorridos, de modo que você alcance lugares que ninguém
jamais sonhou existirem.
O Sol é o limite!
2. Informação é poder
Essas e muitas outras frases poderiam inundar o início deste capítulo. Todos nós
que passamos pela faculdade de medicina, em algum momento, tivemos pela
frente essas frases proferidas por nossos preceptores, colegas de turma,
bibliotecários, enfim, alguém já tentou por meio dessas nos dar o impulso inicial,
a deixa, para buscar a informação.
Ao sair da faculdade, tudo está meio fresco ainda, você está em contato com
pessoal da turma, os professores estão nos grupos de bate-papo, tudo ainda está
bem fácil, “mastigado”. Aquele eletrocardiograma que parece um
eletroencefalograma é rapidamente desvendado pelo cardiologista do grupo,
outro dá sugestão de uma conduta medicamentosa, e, assim, os primeiros casos
são resolvidos.
É nesse exato momento que você se lembra do que dizia aquele professor mais
chato da faculdade ou talvez seus pais pediam: Filho, estude, pelo menos, 1 hora
por dia. Se você se dedicar, ninguém pode tomar a informação, o conhecimento
de você. O governo ou qualquer um pode tentar levar seus bens, até sua vida, mas
seu conhecimento é seu maior poder. Vai com você para o túmulo. Você pode até
ensinar os outros, explicar os detalhes, mas o pulo do gato, esse só você vai saber...
(Interessante notar que todas essas palavras, inclusive as com grifo, são repetidas
a nossos filhos e alunos.)
Livros impressos
Livros digitais
Talvez sejam a melhor opção. Resolvem nosso problema quanto a praticamente
tudo. São mais baratos, atualizadíssimos (ou fáceis de atualizar), simples de
acessar (não é mais preciso carregar aquelas verdadeiras bigornas, que são os
livros de técnicas cirúrgicas de 3 volumes), podem ser usados em qualquer lugar.
(Principalmente num momento de isolamento social como o da pandemia de
Covid-19.)
Mas, tudo OK, mesmo? Talvez não. Basta pensar que hoje todo mundo pode
escrever a qualquer hora, sobre qualquer assunto e publicar em qualquer lugar. A
internet virou terra de todos (usar o termo “terra de ninguém” a isolaria mais ainda
– rindo de nervoso com o isolamento social ), assim a confiabilidade da fonte é
importante ser observada.
O meio de aquisição do livro eletrônico também deve ser um fator relevante: você
compraria um livro eletrônico diretamente no site da editora ou numa loja virtual
de confiança com certeza, mas não compraria livros vendidos por um colega
entregues no seu e-mail, não é? (Essa prática, além de poder incorrer em crime de
direitos autorais e plágio, prejudica quem quer colaborar na produção de ciência.
Lembre-se sempre de que, enquanto você está lendo este e-book, alguém está
pensando em novidades no campo das ciências.)
Aplicativos médicos
Hoje em dia talvez seja essa a grande sacada para consultas rápidas (e até
demoradas) e para buscar informações atualizadas e de fonte segura. Temos no
mercado vários aplicativos médicos. Antes de você se decidir por um (ou, se a
grana permitir, mais de um), é importante verificar os pontos a seguir.
Chegar ao Sol é fácil: esse é o seu limite. Saiba, no entanto, que vai estar
quente quando chegar lá: essa é a informação de que você precisa.
O médico é um ser estranho... Dele é cobrado frieza e calma para prestar um ótimo
serviço atendendo a um ente querido, ao mesmo tempo que lhe é exigido
capacidade de ter empatia e compaixão de se colocar no lugar do familiar que
perdeu seu parente.
Ao mesmo tempo, as pessoas que vivem fora do universo médico acreditam que
nós somos super-heróis (e super-heroínas, é claro) e que temos em nossas mãos
o poder de um botão mágico que escolhemos apertar para decidir quem vive e
quem morre.
As pessoas acreditam que o médico é um ser todo especial, muito rico, que não
precisa trabalhar, não tem angústias, medos, incertezas, dúvidas, temores,
pavores, não fica doente, não faz necessidades biológicas, não gosta de tomar
banho (alguns não gostam mesmo, outros têm preguiça, brincadeirinha... ).
Exige-se do médico que ele conjugue, ilimitadamente, o verbo cuidar de... mas
quem cuida dele? Este capítulo aborda o quanto é importante você dedicar um
pouco de tempo para você mesmo. O ator principal desta novela chamada: Ser
médico, uma paixão sem remédio!
Um meio de abrandar essa fase seria procurar os serviços de apoio. Mas, e se você
já está formado? A quem ou o que você poderia procurar para tentar compartilhar
tudo isso que está sentindo?
1. Amigos: apesar de muitos acreditarem que médicos fazem parte de um
grupo fechado (como uma “maçonaria”), esses momentos de angústia,
desespero (a primeira morte em suas mãos, um caso com diagnóstico
malfeito resolvido por outro colega, medicações com efeitos colaterais
num paciente, dúvidas até mesmo se essa seria a carreira desejada para
toda a vida) podem, sim, ser compartilhados com seus amigos mais
próximos. Quando você fala com alguém que conhece o que se passa no
seu dia a dia, torna-se mais fácil enfrentar os problemas. Muitas vezes esse
mesmo problema que lhe aflige hoje já foi vencido por seu colega de
plantão semanas atrás. Nesse ponto, nós médicos somos corporativistas
mesmo: a maioria não vai negar apoio a um colega que precisa de ajuda
numa situação como essa.
2. Outros profissionais: se a situação estiver num patamar mais drástico ou
urgente, não hesite em procurar um psiquiatra, um psicólogo. Apesar de
essa rotina ser comum à maioria de nós ou de já termos passado por
problemas outras vezes e sabermos que podem ser vencidos, muitas vezes
é mais fácil alguém de fora do seu ambiente “médico” lhe mostrar que pode
haver saídas que você não imaginou sequer existir. Muitos colegas não
admitem que fazem tratamento psiquiátrico (talvez por vergonha ou por
pensar que serão discriminados), mas isso é comum.
3. Atividade física: o hábito de relaxar por meio de uma atividade física regular
pode trazer o conforto de que você precisa para se desligar de seu
ambiente estressante. Procure realizar alguma atividade, nem que seja
andar ao redor da quadra do hospital por 20 minutos, pelo menos, 3 vezes
na semana. De preferência, use fones de ouvido, para escutar uma música
de que goste, e, se possível, não atenda ligações telefônicas nem responda
mensagens. Esse momento é seu, exclusivo da pessoa mais importante
para você. Agora é hora de cuidar do personagem principal de sua história:
VOCÊ!
4. Vida social: é interessante ter algum meio de contato com outras pessoas.
Vida social não significa ir a baladas caras, restaurantes chiques ou viagens
para resorts fantásticos... Vida social pode significar apenas sentar no bar
da esquina com um(a) amigo(a), paquera ou até sozinho, para tomar uma
garrafa de água ou um refrigerante, uma cervejinha gelada, ou apenas
deixar o tempo passar, não pensar em nada... “esfriar a cabeça”.
Eventualmente também significa participar dos eventos que os colegas,
amigos ou conhecidos organizem.
Mais importante que alcançar o Sol, que é o seu limite, é o prazer que a
viagem pode te dar.
4. Resiliência
Se alguém lhe bloquear a porta, não gaste energia com o confronto. Procure as
janelas.
(Augusto Cury)
Você está indo para seu plantão, ao entrar no carro, atrasado, percebe que o
combustível está na reserva. Com certeza, vai chegar atrasado. Ao se dirigir para
o posto, o pneu traseiro direito fura. Mais alguns minutos de atraso. Vai olhar o
estepe e está vazio... E agora? Murros no ar, palavras impublicáveis...
5. Inteligência financeira
Enriquecer é uma questão de escolha.
(Gustavo Cerbasi)
Você já parou para se perguntar como os médicos mesmo ganhando mais que a
maioria da população conseguem estar endividados? Vamos explicar, então, de
maneira resumida, um passo a passo do que você deve e não deve fazer para ter
um futuro financeiro mais tranquilo e com mais liberdade.
1. Pague-se primeiro: temos a mania de pegar nossos salários, pagar todas as
contas, gastar com itens que são na maioria das vezes dispensáveis e só
depois pensamos em investir o que restou (isso se sobrar alguma coisa). O
melhor caminho é o inverso, ao pegar seu salário, separe uma porcentagem
dele para investir (20 a 30% é uma porcentagem bacana), só, então, use o
restante para pagar as contas, e se sobrar depois disso, pode gastar como
bem entender.
2. Pare de querer impressionar seu vizinho: outro "vício social" do médico é
querer impressionar os outros com bens de consumo. Nada poderia ser
mais danoso para sua vida financeira. Primeiro pela clara demonstração de
falta de autoconhecimento e de distorção de valores. Segundo pelo fato de
que isso vai comprometer seu futuro financeiro. Lembre-se de que seu
vizinho não vai pagar suas contas, nem vai o ajudar no futuro quando você
não puder mais trabalhar,
3. Tenha uma reserva de emergência: Isso nunca vai acontecer comigo! Você
se lembra de já ter falado essa frase alguma vez? Pois bem, todos estamos
suscetíveis a emergências e, se não estivermos, preparados, podemos
entrar em armadilhas financeiras. A reserva de emergência é um valor que
deve corresponder a 6 a 12 meses de seus gastos fixos, e esse montante
deve estar aplicado em um investimento seguro (sem volatilidade) e com
liquidez (para que você consiga sacar rapidamente). É essa reserva que vai
ser sua salvação se o hospital atrasar o pagamento, no caso de um evento
que o impeça de trabalhar ou, até mesmo, naquelas situações em que você
precisa adquirir novas ferramentas de trabalho (seu celular quebrou ou seu
notebook foi roubado, por exemplo).
4. Viva sempre um degrau abaixo do que pode: se você pode comprar um
apartamento de 1 milhão de reais à vista, compre um de 600 mil e invista os
400 mil restantes. Esse valor investido em fundos imobiliários, por exemplo,
pode gerar um aluguel mensal. E você continuaria morando muito bem,
Além disso, as pessoas se esquecem de colocar os gastos agregados que
ocorrem com a aquisição de bens. No caso do apartamento, por exemplo,
aquele que custa 1 milhão também terá valor de condomínio mais alto,
gastos com energia elétrica e manutenção mais elevados, e até o comércio
ao redor será mais caro. Uma única decisão mal pensada pode se
transformar numa bola de neve.
5. Aprenda a cuidar do próprio dinheiro: poupar e investir não é difícil,
principalmente para você que já estudou tanto na faculdade e na
residência. Reserve um tempo na semana para aprender sobre finanças e
investimentos, caso contrário você será refém de péssimos produtos, que
somente geram boas comissões para gerentes e assessores de
investimentos. Ninguém sabe melhor do que você quanto custou para
ganhar aquele dinheiro, por conseguinte, ninguém melhor do que você para
cuidar dele.
6. Dinheiro é meio, não é fim: por último, a lição mais importante. Dinheiro não
é seu objetivo final. Você não acumula patrimônio para ficar se enchendo
de coisas supérfluas. Você acumula patrimônio para ter mais liberdade de
escolha e poder dizer não a um trabalho que não lhe traga crescimento e
satisfação pessoal, para poder ter mais tempo com quem você ama, para
poder se dedicar a outros projetos que o motivam. Para isso, você deve
buscar ter mais dinheiro.
Esperamos que esses pequenos passos possam ajudá-lo na caminhada rumo a sua
liberdade financeira. E que todos possam ter escolhas inteligentes.
@alem.da.medicina
Por ouvir isso de pessoas há muito mais tempo na carreira médica e que eu
respeitava como profissionais, tomei, por um tempo, isso como verdade.
Enfim, segui minha jornada médica com esta crença limitante de que: mercado
particular é difícil e não tente conquistar seu espaço porque você se dará mal.
Essa crença mudou com uma simples informação a que tive acesso em uma
palestra de um grande gestor de clínicas médicas no Brasil, Pedro Faria, da CEP
Varizes. Consistia numa comparação entre os dados do Sistema Único de Saúde
(SUS), os de planos e seguradoras de saúde e os do mercado particular, concluindo
que: aproximadamente 78% da população brasileira não possuem plano de saúde.
Dos 22% restantes que estão cobertos por algum benefício, mais de 60% só o têm
por trabalharem em alguma empresa.
Brinco com alguns amigos que não é mais a medicina que define um médico de
sucesso. O conteúdo técnico é uma premissa inegociável para o bom atendimento
médico, mas são necessárias diversas outras habilidades para se construir uma
carreira de sucesso.
Toda a minha contribuição com as dicas que mostrei neste capítulo foi o que eu,
como médico do esporte com atenção especial a paciente crônicos,
especialmente diabéticos, usei para a construção de meus consultórios médicos
particulares. Bom proveito! Grande abraço!
@drvictormiranda