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Especialistas defendem que avanços tecnológicos vão assegurar

alimentação no futuro

Investigadoras da rede 'Global Portuguese Scientists' (GPS) defenderam esta terça-


feira que o crescente avanço tecnológico e, consequentemente, a sua aplicação na
área alimentar vai permitir desenvolver as ferramentas necessárias para "termos o que
comer no futuro".
Para marcar o arranque do ciclo de debates e conferências dedicados à Ciência e à
Educação, a Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) convidou três
investigadoras da rede GPS (criada pela fundação que localiza, desde 2016, os
cientistas portugueses espalhados pelo mundo) para abordarem o tema da
alimentação.
A conferência, que decorreu esta terça-feira na Galeria da Biodiversidade do Porto,
além de abordar a alimentação de um modo geral, focou-se também nas
especificidades das plantas e do atual estado de preparação das mesmas para
"lidarem" com as alterações climáticas, como a seca e as temperaturas elevadas.
Sónia Negrão, professora na University College Dublin, na Irlanda, e investigadora em
melhoramento de plantas, acredita que "o grande desafio" que a ciência enfrenta é
"alimentar 10 biliões de pessoas em 2050".
"Como vamos conseguir fazer isso, sendo que esse desafio é agravado pelas alterações
climáticas?", questionou, apresentando algumas "soluções" e ferramentas utilizadas
atualmente.
"Para garantir que conseguimos ter o que comer no futuro, temos de utilizar várias
estratégias, não só a diversidade genética do que existe e explorá-la, mas recorrer às
novas tecnologias, como a agricultura de precisão, 'drones', inteligência artificial e,
inclusivamente, o melhoramento acelerado", afirmou.
Também Marta Vasconcelos, investigadora da Escola Superior de Biotecnologia da
Universidade Católica Portuguesa, que se dedica ao estudo da nutrição e genética de
plantas, defendeu que a solução para "termos o que comer" no futuro passa por
"munir forças" em diversas áreas.
"Acredito que, munindo a tecnologia, algum bom senso, boas políticas e muita
informação, conseguiremos ter plantas mais nutritivas, mais sustentáveis e um planeta
melhor", afirmou, adiantando que métodos de melhoramento, como os cruzamentos
genéticos, transformações e a biofortificação, permitem "melhorar o valor nutricional
dos alimentos de forma sustentável".
Já a investigadora Sofia Leite, membro da unidade de segurança química e métodos
alternativos à experimentação animal do Joint Research Center da Comissão Europeia,
salientou a necessidade de a "ciência recorrer a outros métodos" para o estudo
humano.
"A ciência tem evoluído muito através dos testes animais, mas chegou o momento de
alargar mais aquilo que estamos a fazer e introduzir novas tecnologias na forma de
prevenção para perceber melhor o humano. Esta é uma estratégia em que ganhamos
todos, nós e os animais", concluiu.
O ciclo dedicado ao tema da Ciência e Educação, que prossegue até ao dia 16 de
novembro, inclui a discussão de temas como as terapias alternativas, a genética, o
cérebro e o universo, e vai percorrer o país, passando por cidades como Leiria, Aveiro e
Lisboa.
in https://www.cmjornal.pt/sociedade/detalhe/especialistas-defendem-que-avancos-
tecnologicos-vao-assegurar-alimentacao-no-futuro

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