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A Arte Urbana

em Portugal:
uma História
pintada a spray
Por Henrique Dores
Introdução
 O Graffiti é característico da cultura hip-hop (agrega a expressão visual, a expressão musical e a expressão cultural) que surgiu nos bairros
mais desacreditados dos Estados Unidos da América, entre o fim dos anos 60 e o início dos anos 70, do século XX, com o objetivo de
promover o respeito pelo próximo e pela diferença, a solidariedade, a criatividade, entre outros.
 O Graffiti assumiu várias vertentes, a mais antiga é o Tag (ou Graffiti Writing) que era utilizada como demarcação do território e
afirmação perante a sociedade onde era identificado o nome da pessoa e o nome da rua, associado à cultura Hip Hop. O Tag aparece na
Europa nos anos oitenta do século XX e no final dessa década em Portugal.
 Outra vertente do Graffiti consiste na realização de desenhos bastante complexos e coloridos que podem ser realizados por uma pessoa ou
mais, resultando num conjunto de pinturas de vários artistas numa parede longa, normalmente uma pintura legal, a que designamos
por hall of fame.
 Crew é outra vertente do Graffiti que assenta em pintar em conjunto, semelhante a uma equipa, e cada crew tem uma assinatura em forma
de sigla.
 De salientar a vertente do Graffiti Top-to-Bottom que se refere aos graffiti realizados numa carruagem do comboio, do cimo ao fundo, e a
vertente Whole Cars que são os grafites realizados, também, nos comboios, mas que ocupam toda a superfície do comboio, tanto em altura
como em comprimento.
Os primeiros Graffitis em Portugal
 Em Portugal, os primeiros indícios de Graffiti
surgem, em 1970, nas paredes com mensagens
políticas reivindicando a liberdade de
expressão.
 O Graffiti tem como principal caraterística a
efemeridade. Ao lado, um mural, situado em
Évora, que surgiu próximo da revolução de
abril intitulado “a terra a quem a trabalha” e do
qual já existem poucos vestígios.
Evolução
 Nos anos 80 e 90, do século XX, o Graffiti adquire uma nova
designação, não desaparecendo a forma tradicional do Graffiti
(Tag), post-graffiti ou street art que consiste numa progressão
do Graffiti tradicional, caraterizando-se pelas transformações
das letras, dos materiais e das técnicas (figuras, símbolos,
abstração), embora continue sendo ilegal.
 Os primeiros trabalhos de Graffiti surgem em 1988 e 1989,
no Porto e em Lisboa, e as primeiras exposições de arte
urbana surgem em 2003.
 Em 2008 surge, em Lisboa, a Galeria de Arte Urbana criada
pelo Departamento de Património Cultural da Câmara
Municipal de Lisboa com a pretensão de impulsionar a
criação de arte urbana em espaços autorizados e sensibilizar a
comunidade em geral para que a arte urbana, as intervenções
artísticas, não sejam confundidas com atos de vandalismo.
Principais nomes
Em Portugal existem alguns artistas cujo trabalho é reconhecido, tanto a nível
nacional como internacional:

 Mr.Dheo

 Hazul Luzah

 Odeith

 YouthOne

 Bordalo II

 Tinta Crua

 Ram

 Tamara Alves

 Sphiza

 Alexandre Farto (Vhils)


Destaque Internacional
 A comunidade digital Street Art Cities
incluiu, no seu ranking mundial com os 100
melhores murais de arte urbana de 2021, três
obras portuguesas, todas elas podem ser
contempladas em Lisboa.
 Um dos murais portugueses distinguidos
chama-se “Alto do Longo” e fica no Bairro
Alto, no cimo da Rua de O Século. Trata-se de
uma obra do artista plástico francês Alexandre
Hopare Monteiro.
Destaque Internacional

No bairro da Graça, encontra-se “Fado
Tropical em tons RGB”, da autoria do
português Ozearv.
Segundo o artista, trata-se de “um espaço
aberto à apropriação e à projeção dos nossos
sentidos, porque a identidade cultural somos
todos nós. “Somos o fado das vielas e das
novas sonoridades. Somos o fado em remix
onde cada animal tira e deixa um pouco de si.
Destaque Internacional
“The Linen Ghost”, do artista Regg, pode ser visto no bairro 2
de Maio, na Ajuda.

“O bairro 2 de Maio teve muitas lutas desde o seu início.


Construído durante a ditadura de Portugal, o projeto caiu com a
revolução de 1974 e foi tomado pelo povo. Durante esses
primeiros momentos críticos, sofreram em termos de condições
básicas de vida. Dormir no chão, comer pouco e o frio era uma
realidade quotidiana. Uma história que me inspirou daquela
época foram as visitas dos “fantasmas” brancos à noite. Várias
figuras anónimas batiam nas portas e gritavam à noite enquanto
usavam velhos lençóis brancos. Até hoje a sua identidade é
desconhecida. Pintei o galo da torre ao lado do bairro para
simbolizar a bravura e coragem daqueles primeiros residentes”,
explica na sua rede social.
Novas Técnicas

Alexandre Farto (1987- ), vulgarmente


conhecido como Vhils, dedica-se à escultura
de “rostos” esculpidos em paredes.
Vhils tem desenvolvido uma técnica única que
consiste na utilização de explosivos, martelo
pneumático e picareta, entre outros através dos
quais cria “rostos” de baixo-relevo.
Note-se que, Vhils, atualmente, comercializa
as suas obras de arte.
A Arte Urbana como forma de
protesto
 Bordalo II levou a cabo uma manifestação contra a
utilização de dinheiros públicos para a realização da
Jornada Mundial da Juventude.

 Bordalo II estendeu uma “passadeira da vergonha”


nas escadas do altar contruído para receber o papa
Francisco no Parque das Nações.

 O protesto consistiu na criação de um tapete que


com vários metros de comprimento e que demonstra
notas de 500 euros, numa alusão à quantia
exorbitante de dinheiro público gasta com o evento.
Alguns Exemplos de Graffiti em Portugal
Muito Obrigado pela vossa Atenção!
henriquecnndores@gmail.com

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