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Texto I

Como está seu humor?

Por uma tentativa interessante de medir causa e efeito, experimente


Mappiness, um projeto gerido pela Escola de Economia de Londres que
oferece um aplicativo de telefone que registra seu humor e situaçã o.

A pá gina de internet do Mappiness diz: “Nó s estamos muito


interessados em como a felicidade das pessoas é afetada pelo ambiente
em que ela se encontra – poluiçã o do ar, barulho, á rea verde, etc… –
assim os dados do Mappiness se tornam absolutamente interessantes
para aná lise”. Isto vai funcionar? Com um nú mero suficiente de
pessoas, pode ser que sim. Mas existem outros problemas. Nó s temos
considerado felicidade e bem-estar como um fator comum. Isso está
certo? A diferença se apresenta desta forma: “Nó s éramos mais felizes
durante a guerra.”

Mas nosso bem-estar também era maior naquela época?

Traduçã o livre do texto de questã o ENEM Inglês 2011

Disponível em: http://www.bbc.co.uk (adaptado).

Questão 01. O projeto Mappiness, idealizado pela London School of


Economics, ocupa-se do tema relacionado.

a) ao nível de felicidade das pessoas em tempos de guerra.

b) a dificuldade de medir o nível de felicidade das pessoas a partir de


seu humor.

c) ao nível de felicidade das pessoas enquanto falam ao celular com


seus familiares.

d) à relaçã o entre o nível de felicidade das pessoas e o ambiente no


qual se encontram.
e) à influência das imagens grafitadas pelas ruas no aumento do nível
de felicidade das pessoas.

Texto II
Quatro olhos, quatro mã os e duas cabeças formam a dupla de
grafiteiros “Osgemeos”. Eles cresceram pintando muros do bairro
Cambuci, em Sã o Paulo, e agora têm suas obras expostas na
conceituada Deitch Gallery, em Nova York, prova de que o grafite feito
no Brasil é apreciado por outras culturas. Muitos lugares abandonados
e sem manutençã o pelas prefeituras das cidades tornam-se mais
agradá veis e humanos com os

grafites pintados nos muros. Atualmente, instituiçõ es pú blicas


educativas recorrem ao grafite como forma de expressã o artística, o
que propicia a inclusã o social de adolescentes carentes, demonstrando
que o grafite é considerado uma categoria de arte aceita e reconhecida
pelo campo da cultura e pela sociedade local e internacional.

Disponível em http://www.flickr.com. (adaptado)

Questão 02. No processo social de reconhecimento de valores


culturais, considera-se que

a) grafite é o mesmo que pichaçã o e suja a cidade, sendo diferente da


obra dos artistas.

b) a populaçã o das grandes metró poles depara-se com muitos


problemas sociais, como os grafites e as pichaçõ es.

c) atualmente, a arte nã o pode ser usada para inclusã o social, ao


contrá rio do grafite.

d) os grafiteiros podem conseguir projeçã o internacional,


demonstrando que a arte do grafite nã o tem fronteiras culturais.

e) lugares abandonados e sem manutençã o tornam-se ainda mais


desagradá veis com a aplicaçã o do grafite.
Texto III
Disponível em: http://www.subsoloart.comх

Assim como o break, o grafite é uma forma de apropriaçã o da cidade.


Os muros cinzentos e sujos das cidades sã o cobertos por uma explosã o
de cores, personagens, linhas, traços, texturas e mensagens diferentes.
O sujo e o monó tono dã o lugar ao colorido, à criatividade e ao protesto.
No entanto, a arte de grafitar foi, por muito tempo, duramente
combatida, pois era vista como ato de vandalismo e crime contra o
patrimô nio pú blico ou privado, sofrendo, por causa disso, forte
repressã o policial. Hoje, essa situaçã o encontra-se bastante amenizada,
pois o grafite conseguiu legitimidade como arte e, como tal, tem sido
reconhecido tanto por governantes quanto por proprietá rios de
imó veis.

Portanto, o que importava naquele momento era a arte em si e nã o o


nome de seu autor. Por esse motivo, os ditos “câ nones” sã o retirados
de sua posiçã o central e imperativa para dar lugar a uma arte de todos
e para todos; arte da rua, na rua e para a rua; arte da cidade, na cidade
e para a cidade: o grafite. Nesse sentido, a arte se funde com a vida do
cidadã o da metró pole por meio do movimento mú tuo de
transformaçã o e de identificaçã o de seus sujeitos.

SOUZA, M. L.; RODRIGUES, G. B. Planejamento urbano


e ativismo social. Sã o Paulo: Unesp, 2004 (adaptado).

Disponível em: <www.todamateria.com.br> (com adaptaçõ es).

Questão 04. De acordo com o Texto IV, o grafite


a) faz denú ncias sociais, usando uma forma de linguagem padronizada.

b) caracterizou-se pela clara marca de autoria.

c) materializa-se nas paredes e muros das cidades.

d) nasceu desvinculado da realidade, com foco na arte em si.


e) constitui um importante meio de comunicaçã o que conecta diversas
pessoas em lugares pú blicos e privados.

Questão 05. Em cada uma das opçõ es a seguir é apresentada uma


proposta de reescrita para o quarto pará grafo do Texto IV, a seguir
transcrito.

“É importante ressaltar que o grafite, inicialmente, foi uma arte


caracterizada pela autoria anô nima, por meio da qual o grafiteiro
transformava a cidade em um importante suporte de comunicaçã o
artística sem delimitaçã o de espaço, de mensagem ou de mensageiro.”

Assinale a opçã o em que a proposta apresentada preserva o sentido


original e a correçã o gramatical do texto.

a) É importante destacar que, inicialmente, o grafite foi uma arte


marcada pela autoria anô nima; nessa arte, a cidade era transformada
pelo grafiteiro em um importante suporte de comunicaçã o artística
sem delimitaçã o de espaço, de mensagem ou de mensageiro.

b) Inicialmente, é importante destacar que o grafite foi uma arte


caracterizada pela autoria anô nima, em que o grafiteiro tornava a
cidade em um importante suporte de comunicaçã o artística sem
delimitar espaço, mensagem ou mensageiro.

c) É importante ressaltar que o grafite, de início, foi uma arte que


caracterizou-se pela autoria anô nima, onde o grafiteiro transformava a
cidade em um suporte importante de comunicaçã o artística sem
delimitaçã o de espaço, mensagem ou mensageiro.

d) É relevante ressaltar que o grafite foi uma arte, inicialmente,


caracterizada pela autoria anô nima, em que o grafiteiro transformava a
cidade por um suporte de comunicaçã o artística, importante e sem
delimitaçã o de espaço de mensagem ou de mensageiro.
e) Importa destacar que, no início, o grafite foi uma arte marcada pela
autoria anô nima, cujo grafiteiro alterava a cidade em um suporte
importante de comunicaçã o artística sem circunscriçã o de espaço de
mensagem ou de mensageiro.

Texto V
A beleza e a arte nã o constituem nenhuma garantia moral

Contardo Calligaris Gostei muito de “Francofonia”, de Aleksandr


Sokurov. Um jeito de resumir o filme é este: nossa civilizaçã o é um
navio cargueiro avançando num mar hostil, levando contêineres
repletos dos objetos expostos nos grandes museus do mundo. Será que
o esplendor dopassado facilita nossa navegaçã o pela tempestade de
cada dia? Será que, carregados de tantas coisas que nos parecem belas,
seremos capazes de produzir menos feiura? Ou, ao contrá rio, os restos
do passado tornam nosso navio menos está vel, de forma que se
precisará jogar algo ao mar para evitar o naufrá gio?

Essa discussã o já aconteceu. Na França

de 1792, em plena Revoluçã o, a Assembleia emitiu um decreto pelo


qual nã o era admissível expor o povo francês à visã o de “monumentos
elevados ao orgulho, ao preconceito e à tirania”– melhor seria destruí-
los. Nascia assim o dito vandalismo revolucioná rio – que continua.

Os guardas vermelhos da Revoluçã o Cultural devastaram os


monumentos histó ricos da China. O Talibã destruiu os Budas de
Bamiyan (séculos 4 e 5). Em Palmira, Síria, o Estado Islâ mico destruiu
os restos do templo de Bel (de quase 2.000 anos atrá s). A ideia é a
seguinte: se preservarmos os monumentos das antigas ideias, nunca
teremos a força de nos inventarmos de maneira radicalmente livre.

Na mesma Assembleia francesa de 1792, também surgiu a ideia de


que nã o era preciso destruir as obras, elas podiam ser conservadas
como patrimô nio “artístico” ou “cultural” – ou seja, esquecendo sua
significaçã o religiosa, política e ideoló gica. Sentado no escuro do
cinema, penso que nó s nã o somos o navio, somos os contêineres que
ele carrega: um emaranhado de esperanças, saberes, intuiçõ es,
dú vidas, lamentos, heranças, obrigaçõ es e gostos. Tudo dito belamente:
talvez o belo artístico surja quando alguém consegue sintetizar a nossa
complexidade num enigma, como o sorriso de “Mona Lisa”.

Os vâ ndalos dirã o que a arte nã o tem o poder de redimir ou apagar a


ignomínia moral. Eles têm razã o: a está tua de um deus sanguiná rio
pode ser bela sem ser verdadeira nem boa. Será que é possível apreciá -
la sem riscos morais?

Nã o sei bem o que é o belo e o que é arte. Mas, certamente, nenhum


dos dois garante nada.

Por exemplo, gosto muito de um quadro de Arnold Bö cklin, “A Ilha


dos Mortos”, obra imensamente popular entre o século 19 e 20, que me
evoca o cemitério de Veneza, que é, justamente, uma ilha, San Michele.
Agora, Hitler tinha, em sua coleçã o particular, a terceira versã o de “A
Ilha dos Mortos”, a melhor entre as cinco que Bö cklin pintou. Essa
proximidade com Hitler só nã o me atormenta porque “A Ilha dos
Mortos” era também um dos quadros preferidos de Freud (que chegou
a sonhar com ele).

Outro exemplo: Hitler pintava, sobretudo aquarelas, que retratam


edifícios austeros e solitá rios, e que nã o sã o ruins; talvez comprasse
uma, se me fosse oferecida por um jovem artista pelas ruas de Viena.
Para mim, as aquarelas de Hitler sã o melhores do que as de Churchill.
Pela pior razã o: há , nelas, uma espécie de pressentimento trá gico de
que o mundo se dirigia para um banho de sangue.

É uma pena a arte nã o ser um critério moral. Seria fá cil se as pessoas


que desprezamos tivessem gostos estéticos opostos aos nossos. Mas,
nada feito.

Os nazistas queimavam a “arte degenerada”, mas só da boca para


fora. Na privacidade de suas casas, eles penduraram milhares de obras
“degeneradas” que tinham pretensamente destruído. Em Auschwitz,
nas festinhas clandestinas só para SS, os nazistas pediam que a banda
dos presos tocasse suingue e jazz – oficialmente proibidos.
Para Sokurov, o museu dos museus é o Louvre. Para mim, sempre foi
a Accademia, em Veneza. A cada vez que volto para lá , desde a infâ ncia,
medito na frente de três quadros, um dos quais é “A Tempestade”, do
Giorgione. Com o tempo, o maior enigma do quadro se tornou, para
mim, a paisagem de fundo, deserta e inquietante. Pintado em 1508, “A
Tempestade” inaugura dois séculos que produziram mais beleza do
que qualquer outro período de nossa histó ria. Mas aquele fundo, mais
tétrico que uma aquarela de Hitler, lembra-me que os dois séculos da
beleza também foram um triunfo de guerra, peste e morte – Europa
afora.

É isto mesmo: infelizmente, a arte nã o salva.

Texto adaptado de:

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/contardocalligaris/2016/08

/1806530-a-beleza-e-a-arte-nao-constituem-nenhuma-garantia-

moral.shtml

Questão 06. No texto apresentado, evidencia-se que


a) como a arte nã o se constitui enquanto um critério de separaçã o em
relaçã o a uma moral boa e uma ruim, é correto o posicionamento
defendido pelo decreto emitido na França em 1792 que impunha a
destruiçã o de monumentos construídos sobre ideais moralmente
ruins.

b) a beleza humana nã o constitui uma garantia de moral, o que se


comprova facilmente pelos inú meros exemplos de vandalismos e
tiranias praticadas por pessoas que foram consideradas esteticamente
belas, como é o caso de Hitler.

c) apesar de a arte e a beleza nã o constituírem uma garantia de moral é


possível por meio dos gostos estéticos opostos separar pessoas
constituídas de concepçõ es morais diferentes.
d) a arte e a beleza que nã o constituem uma garantia de moral sã o
aquelas expressas apenas em obras pictó ricas, como no quadro “A Ilha
dos Mortos” e nas pinturas de Hitler.

e) a arte nã o se constitui enquanto um critério de separaçã o em


relaçã o a uma moral boa ou ruim. Por esse motivo, ao legado artístico
que recebemos historicamente, podem estar atreladas condutas de
orgulho, preconceito e tirania.

Questão 07. Considerando as informaçõ es contidas no texto, é


correto afirmar que pela expressã o “vandalismo revolucioná rio”
compreende-se

a) o movimento que, inicialmente, consistia em jogar ao mar os restos


artísticos do passado que tornam o navio menos está vel e que
poderiam causar seu naufrá gio.

b) o movimento isolado de devastaçã o de monumentos histó ricos


chineses pelos guardas vermelhos durante a Revoluçã o cultural.

c) o movimento, iniciado na França durante a Revoluçã o, que preferia


destruir monumentos cuja origem estivesse atrelada a orgulho,
preconceito e tirania a expor sua visã o ao povo francês.

d) o movimento específico de destruiçã o dos Budas de Bamiyan, dos


séculos 4 e 5, e de destruiçã o dos restos do Templo de Bel, de quase
2.000 anos, praticados,respectivamente pelo Talibã e pelo estado
Islâ mico.
e) todo ato de destruiçã o ocasionado por movimentos terroristas com
objetivo de demolir símbolos de uma cultura considerada inimiga.

Questão 08. A expressã o “Essa proximidade com Hitler [...]” e o


advérbio destacado no trecho “A cada vez que volto para lá [...]”
referem-se, respectivamente,

a) ao fato de o autor do texto compartilhar o gosto pela obra “A ilha dos


mortos”, do pintor Arnold Bö cklin, com Hitler e à Accademia em
Veneza.

b) ao fato de o autor do texto gostar das aquarelas que foram pintadas


por Hitler, uma vez que elas evocam um sentimento trá gico, e ao
Museu do Louvre.

c) ao fato de Hitler e Freud compartilharem o gosto pela obra “A ilha


dos mortos”, do pintor Arnold Bö cklin, uma vez que o primeiro tinha
em sua coleçã o particular uma versã o do quadro e o segundo chegou a
sonhar com ele e à Accademia em Veneza.

d) ao fato de o autor do texto, assim como Freud, também sonhar com


a obra “A ilha dos mortos”, do pintor Arnold Bö cklin, cuja a melhor
versã o pertenceu a Hitler e ao Museu do Louvre.

e) ao fato de o autor do texto, além compartilhar o gosto pela obra “A


ilha dos mortos”, do pintor Arnold Bö cklin, com Hitler, ter comprado
uma aquarela do líder nazista oferecida por um jovem artista em Viena
e à Accademia em Veneza.

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