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A CERTEZA DO AMOR DE DEUS

(Hb 12:5-13)

A palavra-chave desta seção é correção. Trata-se de um termo grego que


significa "educação infantil, instrução, disciplina". Esperava-se que um
menino grego se exercitasse no ginásio até atingir a maturidade, pois
esse treinamento fazia parte de seu preparo para a vida adulta. O autor
considera as tribulações da vida cristã como uma forma de disciplina
espiritual que ajuda o cristão a amadurecer. Em vez de tentar fugir das
dificuldades da vida, devemos permitir ser "exercitados" por elas, a fim
de podermos crescer (Hb 12:11).

Quando sofremos, é fácil pensar que Deus não nos ama. Assim, o autor
dá três provas de que a correção vem do coração amoroso do Pai.

As Escrituras (w. 5, 6). Trata-se de uma citação de Provérbios 3:11, 12,


uma declaração que seus leitores conheciam, mas haviam esquecido
(essa é uma das tristes conseqüências de se tornar "tardio em ouvir";
ver Hb 5:11, 12).

Essa citação (Hb 12:5, 6) é uma "exortação" ou, literalmente, um


"encorajamento". Pelo fato de terem esquecido da Palavra, perderam o
ânimo e estavam prestes a desistir!

"Filho meu", "filhos" e "filho" são as palavras-chave dessa citação.


Referem-se a filhos adultos, não a crianças pequenas. Esses termos são
usados seis vezes em Hebreus 12:5-8.

O pai que disciplinasse repetidamente um filho muito pequeno seria


considerado um carrasco. Deus nos trata como filhos adultos, pois fomos
adotados como tais em sua família (ver Rm 8:14-18; Gl 4:1-7). O fato de o
Pai nos disciplinar é sinal de que estamos amadurecendo e é o meio que
ele usa para nos tornar ainda mais maduros.

A correção é prova do amor do Pai. Satanás deseja nos levar a crer que
as dificuldades da vida são um sinal de que Deus não nos ama, mas é
justamente o contrário. Por vezes, a disciplina de Deus é vista em sua
repreensão peia Palavra e pelas circunstâncias. Em outras ocasiões, ele
demonstra seu amor ao nos castigar ("o Senhor [...] açoita") com algum
sofrimento físico. Qualquer que seja a experiência, é possível estar
certos de que sua mão disciplinadora é controlada por seu coração
amoroso. O Pai não quer que sejamos bebês mimados; antes, deseja
que nos tornemos filhos e filhas adultos e maduros aos quais pode
confiar as responsabilidades da vida.

A experiência pessoal (w. 7-11). Todos nós tivemos ou temos um pai, e,


se esse pai foi fiel, precisou nos disciplinar. Se uma criança é deixada por
conta própria, ela cresce e se torna um tirano egoísta. De acordo com a
argumentação do autor (Hb 12:7, 8), o pai só disciplina os filhos, e essa é
a prova de que somos seus filhos. Podemos ter vontade de dar umas
palmadas nos filhos do vizinho (e talvez nossos vizinhos sintam o mesmo
desejo em relação a nossos filhos...), mas não podemos fazê-lo. A
correção de Deus é prova de que somos, verdadeiramente, seus filhos!

Em meu ministério, já encontrei pessoas que se diziam salvas, mas que,


por algum motivo, jamais haviam experimentado qualquer correção.
Mesmo sendo desobedientes, pareciam escapar impunes.

Se eu resistisse à vontade de Deus e não sentisse sua correção amorosa,


imaginaria, um tanto assustado, que talvez não fosse salvo!

Todos os filhos verdadeiros de Deus recebem sua correção. Os demais


que afirmam ser salvos, mas que escapam da disciplina, não passam de
imitações baratas ou de filhos ilegítimos.

Por que os bons pais humanos corrigem os filhos? Para que estes
aprendam a mostrar-lhes reverência (respeito) e a obedecer a suas
ordens. É por isso que nosso Pai celestial nos corrige: deseja que o
reverenciemos e que obedeçamos à sua vontade. Uma criança que não
aprende a sujeitar-se às autoridades jamais se tornará um adulto
produtivo e maduro.

Todos os filhos de Deus que se rebelam contra ele correm perigo de


morte! "Não havemos de estar em muito maior submissão ao Pai
espiritual e, então, viveremos?" (Hb 12:9). Esse versículo sugere que, se
não nos submetermos, podemos não viver. "Há pecado para morte" (1
Jo 5:16).

Podemos ver de que maneira o capítulo doze é relacionado às cinco


exortações da Epístola aos Hebreus. À medida que um cristão desvia-se
da Palavra e abandona a fé, o Pai o disciplina a fim de colocá-lo de volta
em uma posição de submissão e de obediência. (Se Deus não o corrigir,
significa que tal pessoa não é, verdadeiramente, nascida de novo.) Se um
cristão persiste em sua resistência à vontade de Deus, o Senhor pode
permitir que sua vida seja tirada. Em vez de deixar que seu filho destrua
ainda mais a própria vida e envergonhe o nome do Pai, Deus pode
permitir que ele morra.

Deus permitiu que milhares de israelitas rebeldes morressem no deserto


(1 Co 10:1-12). Por que deveria nos poupar? Sem dúvida, esse tipo de
correção não é sua abordagem habitual, mas é possível; devemos
demonstrar reverência e temor a Deus. Ele nos corrige para nosso bem, a
fim de podermos compartilhar de seu caráter santo.

Os resultados abençoados (w. 11-13).

No momento em que está sendo aplicada, nenhuma disciplina é


agradável nem para o pai e nem para o filho, mas seu efeito é
proveitoso. Tenho certeza de que são poucos os filhos que acreditam
quando os pais dizem: "Isso dói mais em mim do que em você". Ainda
assim, é verdade. O Pai não tem prazer algum em disciplinar os filhos,
mas os benefícios posteriores tomam a correção uma prova de seu
amor.

Quais são alguns desses benefícios? Em primeiro lugar, temos o "fruto


pacífico [...] fruto de justiça". Em vez de continuar a pecar, o filho
esforça-se para fazer o que é certo. Também temos paz ao invés de
guerra - "fruto pacífico". A rebelião cessou, e o filho encontra-se em
terna comunhão com o Pai.

A correção também incentiva o filho a exercitar-se nas coisas espirituais:


a Palavra de Deus, a oração, a meditação, o testemunho etc.
Tudo isso conduz a uma nova alegria. Paulo a descreve como: "justiça, e
paz, e alegria no Espírito Santo" (Rm 14:17).

Por certo, é importante o modo de o filho de Deus reagir à disciplina.


Pode desprezá- la ou desmaiar debaixo dela (Hb 12:5), duas reações
erradas. A atitude correta é demonstrar reverência ao Pai sujeitando-se
a sua vontade (Hb 12:9) e usando a experiência para exercitar-se
espiritualmente (Hb 12:11; 1 Tm 4:7, 8). Hebreus 12:12, 13 lembra as
ordens de um técnico para seu time: "Levantem as mãos!" "Firmem os
joelhos!" (Is 35:3). "Coloquem esses pés preguiçosos no caminho certo!"
(Pv 4:26). Em suas marcas, preparar, largar!

O exemplo do Filho de Deus e a certeza do amor de Deus devem, sem


dúvida alguma, servir de estímulo para a perseverança em meio às
dificuldades da corrida cristã.

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