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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

Campus Universitário “Ministro Petrônio Portella”


Curso de Engenharia Agronômica

NATUREZA CRISTALINA DOS MINERAIS

Profº Ajunto: Neisvaldo B. dos Santos


Disciplina: Ciência do Solo I

Teresina-PI, Julho de 2022


3. A natureza crista
lina dos minerais -
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A Figura 2.1 tra
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PETROGRAFIA MACROSCÓPICA DAS ROCHAS
84 ÍGNEAS, SEDIMENTARES E METAMÓRFICAS

(A) (B) (C)


Figura 2.3 - Diferentes formas externas (A - cubo, B - cubo distorcido e C - octaedro) geradas pelo empilhamen
de um mesmo tipo de unidade fundamental cúbica.

As células unitárias são muito pequenas, com dimensões da ordem de uns poucos angs­
trbms (1 A = 10-s cm), e suas dimensões são estabelecidas a partir do centro de um dadc
átomo até o centro do próximo átomo idêntico a ele. Na prática, elas são obtidas a partir de
estudos por difratometria de raios X. Bravais demonstrou que existem sete tipos geométricos
possíveis de células unitárias. Cada um desses tipos difere dos demais por suas dimensões
relativas, chamadas a, b e e e pelos ângulos formados por essas dimensões, sendo que o
ângulo a (\ b é chamado y, a (\ e = � e b (\ e = a. A Figura 2.4 apresenta as formas possíveis
que as células unitárias podem assumir.
Existem células unitárias constituídas por átomos ou grupos de átomos apenas nos
seus vértices; estas são ditas primitivas e designadas como do tipo P, em número de sete.
Somam-se a elas outras sete que apresentam, adicionalmente, átomos ou grupos de átomos,
quer no centro da célula unitária, ditas de corpo centrado e designadas como do tipo I;
quer nos centros de duas faces opostas, ditas de duas faces centradas e designadas como
do tipo C (ou B ou A, dependendo da posição dos átomos); ou ainda nos centros de todas
as faces e ditas de todas as faces centradas e designadas como do tipo F. Todos esses tipos
constituem os chamados "14 retículos espaciais de Bravais" (Figura 2.4).
O sistema cristalino agrupa cristais de células unitárias do mesmo formato.
No sistema triclínico, a célula unitária (Figura 2.4A) é caracterizada por apresentar as três
dimensões diferentes entre si, bem como os respectivos ângulos (a t- b t- e e a t- � t- y t- 90º).
Os cristais desse sistema possuem célula do tipo P. Minerais do grupo do feldspato, como
a microclina (KAISip 8) e a albita (NaAISip 8), constituem os exemplos mais comuns de
minerais desse sistema.
Os cristais do sistema monoclínico possuem célula unitária (Figura 2.48) caracterizada por
apresentar as três dimensões diferentes entre si, sendo que o ângulo�, isto é, o ângulo entre
a e e, difere de 90º ( a t- b t- e e a = y = 90º t- � ). Nesse sistema existem cristais com células
unitárias primitivas (do tipo P) ou ainda de corpo centrado (do tipo C). Talco [Mg3Si4010 (0H)J
e caulinita [Al2Sip 5 (OH 4)] são alguns dos minerais desse sistema.
Os cristais do sistema ortorrômbico se caracterizam por apresentar célula unitária
com três dimensões diferentes e ortogonais entre si ( a t- b t- e e a = � = y = 90º). Topázio
[A, 2Si04 (F,OH)2] e aragonita (CaC03 ) cristalizam nesse sistema. Os cristais ortorrômbicos
podem ter células unitárias dos tipos P, I, F e C (Figura 2.4C).
A celula unitária do sistema tetragonal tem o formato de um prisma de base quadrada
e caracteriza-se por apresentar as dimensões a e b idênticas entre si e diferentes de
e a = b � e sendo as três ortogonais entre si (a = � = y = 90º). Exemplos de minerais
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cristalizados nesse sistema são: a cassiterita (Sn02) e o rutilo (TiOJ No sistema tetragonal,
os cristais podem ter células do tipo P ou I (Figura 2.4D).
No sistema hexagonal, a célula unitária (Figura 2.4E) é caracterizada por apresentar as
dimensões a e b idênticas entre si e diferentes de e, sendo que a e b são ortogonais a e e fazem
entre si um ângulo igual a 120 (a = b t e e a = 0 = 90 t y = 120 ). Os cristais possuem
º º º

célula do tipo P. Berilo (Be3Al2Si6018) e quartzo 0 (Si02) exemplificam cristais desse sistema.

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p p p e
Triclínico Monoclínico Ortorrômbico
(a ,e P ,e y; a ,e b ,e c) (a= y = 90º,e p; a ,e b ,e c) (a= p= y = 90 ; a ,e b ,e c)
(A) (B) (()

·J...
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/
º:� -º ---------- ----
1
i},.Jl +-- --- ----
/

p p p
-etragonal Hexagonal Romboédrico Cúbico
= ·1 = 90º; a = b ,e c) (a= p= 90º,e y = 120 ; a = b ,e c) (a= p= y,e 90 ; a = b = c) (a= p= y = 90 ; a = b = c)

(D) (E) (F) (G)

Figura 2.4 - As células unitárias e os 14 retículos espaciais de Bravais. Os comprimentos dos eixos estão assinalados pelas letras
a, b e c; e os ângulos axiais, pelas letras gregas a, B e y.

A célula unitária romboédrica (Figura 2.4F) possui todas as faces losangulares, portanto,
todas as dimensões são idênticas, fazendo entre si ângulos idênticos, porém, diferentes
de 90 º (a = b = e e a =
º
0
= y t 90 ). (aleita (CaC0 3), hematita (Fep 3) e quartzo a (Si02)
cristalizam nesse sistema.

Os autores americanos reconhecem apenas seis sistemas cristalinos e consideram o


sistema romboédrico como uma subdivisão do sistema hexagonal. No Brasil, devido à
influência europeia, reconhecem-se sete sistemas cristalinos.

A célula unitária cúbica (Figura 2.4G) possui as três dimensões de comprimentos idên­
ticos, e os ângulos a, 0 e y são iguais a 90º (a = b = e e a = 0 = y = 90 º). Assumir que a =
b = e implica que não apenas o comprimento é o mesmo, mas que o arranjo atômico nas
três direções é idêntico. Ouro (Au), diamante (C) e pirita (FeS2) são exemplos de minerais
que possuem célula unitária cúbica e que, portanto, são cristalizados no sistema cúbico.
Embora os três minerais sejam formados por pilhas de células unitárias cúbicas, as dimen­
sões e o conteúdo da célula variarão em cada caso, em função de serem constituídas por
átomos diferentes.
Referência bibliográfica

SGARBI, G.N.C. Petrografia macroscópica das rochas ígneas, sedimentares e metamórficas. 2ª


ed. Belo Horizonte: UFMG, 2012. 632 p.

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