Matemática I

Continuidade: Funções Contínuas, Propriedades e Prolongamento

por Continuidade; Teoremas Fundamentais

Dina Salvador1
1 Departamento de Matemática

Escola Superior de Tecnologia de Setúbal do Instituto Politécnico de Setúbal

outubro, 2023

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I outubro 2023 1 / 17

Conteúdos

1 Continuidade
Continuidade de uma Função
Propriedades das Funções Contínuas
Prolongamento por Continuidade
Teoremas Fundamentais das Funções Contínuas

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 Continuidade Continuidade de uma Função

Função contínua num ponto

Definição
Consideremos f : Df ⊆ R → R uma função real de variável real e a um
ponto de acumulação de Df que pertence a Df . Uma função f diz-se contínua
num ponto a do seu domínio se se verificarem simultaneamente as seguintes
condições:
f (a) está definido e lim f (x) existe
x→a

lim f (x) = f (a)

x→a

Exemplo
Verifique se f é uma função contínua em x = 0, em x = 1 e em x = 2.

 −x
 , se x<0
f (x) = x2 , se 0<x<1

2x − 1 , se x≥1


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 Continuidade Continuidade de uma Função

Definição
Diz-se que f é contínua à direita do ponto a se lim f (x) = f (a).
x→a+
Diz-se que f é contínua à esquerda do ponto a se lim f (x) = f (a).
x→a−

Observação
Se f é contínua à esquerda e à direita do ponto a então f é contínua em a.

Observação
Uma função pode ser descontínua num ponto a, mas pode ser contínua à esquerda ou
à direita desse ponto.

Exemplo
Verifique se f é uma função contínua à esquerda ou à direita do ponto x = 0.
(
e2 + 4 , se x < 0
f (x) =
x2 + 4 , se x ≥ 0

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 Continuidade Continuidade de uma Função

Exemplo
Verifique se f é uma função contínua em x = 0.
 2
 e + 4 , se x < 0
f (x) = 0 , se x = 0
 2
x + 4 , se x > 0

Exemplo
Verifique se f é uma função contínua à esquerda ou à direita do ponto x = 2.
 2
x +4 , se x < 2
f (x) =
ln(x + 2) , se x ≥ 2

Observação
Uma função pode ser contínua apenas à direita (ou à esquerda) de um ponto
e ser contínua nesse ponto. Isto acontece se a função estiver definida apenas
à direita (ou à esquerda) desse ponto.

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 Continuidade Continuidade de uma Função

Exemplo
√
Verifique se f (x) = x é uma função contínua em x = 0.

Definição
Uma função f diz-se contínua num intervalo aberto I se for contínua em
todos os pontos desse intervalo.
Seja f uma função real definida num intervalo [a, b]. f diz-se contínua à direita
em x = a se lim+ f (x) = f (a) e f diz-se contínua à esquerda em x = b se
x→a
lim− f (x) = f (b). Nas presentes circunstâncias, se adicionalmente f for contí-
x→b
nua em ]a, b[ então f diz-se contínua em [a, b], ou seja, f diz-se contínua no
intervalo fechado [a, b].

Definição
Diz-se que f é uma função contínua se f é contínua em qualquer ponto do
seu domínio.

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 Continuidade Propriedades das Funções Contínuas

Propriedades das Funções Contínuas

Se f e g são funções contínuas em a e k ∈ R, então:

as funções kf , f + g, f − g, f × g e | f | são contínuas em a;
1 f
se g(a) ̸= 0, as funções g e g são contínuas em a.

Se f é uma função contínua em a e g é contínua em f (a), então g◦f é contínua

em a.

Observação
São consideradas contínuas em todo o seu domínio as seguintes funções:
Funções Polinomiais
Funções Racionais e Funções Irracionais
Funções Trigonométricas
Funções Exponenciais e Funcóes Logarítmicas

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 Continuidade Propriedades das Funções Contínuas

Exemplo
1


Estude f (x) = x + cos x e g (x) = tg x quanto à continuidade.

Exemplo
Estude f (x) = ln(x2 ) quanto à continuidade em ]0, +∞[.

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 Continuidade Prolongamento por Continuidade

Prolongamento por Continuidade

Definição
Sendo f e g duas funções com domínios Df e Dg , diz-se que g é um prolon-
gamento de f (ou que f é uma restrição de g) se

Df & Dg e ∀x ∈ Df , f (x) = g(x).

Definição
Diz-se que f é prolongável por continuidade ao ponto a (sendo a um ponto
de acumulação de Df que não pertence a Df ), se existe um prolongamento de
f , com domínio Df ∪ {a}, contínuo em a.

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 Continuidade Prolongamento por Continuidade

Seja f : Df ⊆ R → R e a um ponto de acumulação de Df , com a ∈ / Df .

f é prolongável por continuidade a a se e só se existe (e é finito) lim f (x).
x→a
Neste caso, o prolongamento por continuidade de f a a é a função g :
Df ∪ {a} → R definida por
(
f (x) , se x ∈ Df
g(x) = lim f (x) , se x = a
x→a

Exemplo
|x| sen(x)
Prolongue por continuidade g (x) = x e h (x) = x , caso tal seja possível.

Exemplo
Caso seja possível, prolongue por continuidade

x + 1 , se x < 0
f (x) = senx
x , se x > 0

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 Continuidade Teoremas Fundamentais das Funções Contínuas

Teorema de Bolzano (ou do Valor Intermédio)

Teorema (Teorema de Bolzano)

Seja f : Df ⊆ R → R uma função contínua em [a, b]. Então, para qualquer k
estritamente compreendido entre f (a) e f (b), existe pelo menos um c ∈]a, b[
tal que f (c) = k.
Intuitivamente,

uma função contínua num intervalo não passa de um valor a

outro sem assumir todos os valores intermédios.

Observação
Sempre que se utilize o Teorema de Bolzano é necessário verificar a continui-
dade no intervalo referido.

Exemplo
Mostre que a equação x4 − 3x3 + 5 = 6 é possível no intervalo [−1, 2] .

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 Continuidade Teoremas Fundamentais das Funções Contínuas

Corolário
Se f é contínua no intervalo [a, b] e não se anula em algum ponto de [a, b],
então em todos os pontos de [a, b] a função f tem o mesmo sinal.

Corolário
Se f é contínua no intervalo [a, b] e f (a) × f (b) < 0 então f tem pelo menos um
zero em ]a, b[.

Observação
O Corolário do Teorema de Bolzano apenas confirma que uma função tem
zeros. Não se pode usar o teorema para provar que a função não tem zeros,
mesmo que f (a) × f (b) > 0.

Exemplo
Use o teorema de Bolzano para mostrar que f (x) = x3 + 2x − 1 tem um zero
no intervalo [0, 1] .

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 Continuidade Teoremas Fundamentais das Funções Contínuas

Teorema de Weierstrass

Definição
Seja a um elemento do conjunto B e f uma função definida em B, então f (a)
diz-se um máximo (respectivamente, um mínimo) de f em B se f (a) ≥ f (x)
qualquer que seja x ∈ B (respectivamente, se f (a) ≤ f (x) qualquer que seja
x ∈ B).

Teorema (Teorema de Weierstrass)

Qualquer função contínua num intervalo [a, b] (fechado e limitado) tem má-
ximo e mínimo nesse intervalo.

Observação
De facto, qualquer um destes resultados, as condições são apenas condições
suficientes; não são condições necessárias. No caso do Teorema de Weiers-
trass, podem existir funções que embora não verificando algumas condições
do teorema, atinjam máximo e mínimo num dado intervalo.

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 Continuidade Teoremas Fundamentais das Funções Contínuas

Teorema de Weierstrass

Exemplo
Mostre que f (x) = x2 + 1 tem máximo e mínimo em [−1, 2] .

Exemplo
1

x , 0<x≤1
Será que f (x) = tem máximo e mínimo em [0, 1]?
1 , x=0

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 Continuidade Teoremas Fundamentais das Funções Contínuas

Teorema da Continuidade da Função Inversa

Definição
Seja f uma função definida num intervalo I.
1 f diz-se crescente em I se x1 < x2 ⇒ f (x1 ) ≤ f (x2 ) , ∀x1 , x2 ∈ I.
2 f diz-se decrescente em I se x1 < x2 ⇒ f (x1 ) ≥ f (x2 ) , ∀x1 , x2 ∈ I.

Definição
Seja f uma função definida num intervalo I.
1 f diz-se estritamente crescente em I se x1 < x2 ⇒ f (x1 ) < f (x2 ) , ∀x1 , x2 ∈ I.
2 f diz-se estritamente decrescente em I se x1 < x2 ⇒ f (x1 ) > f (x2 ) , ∀x1 , x2 ∈ I.

Observação
As funções estritamente crescentes ou estritamente decrescentes dizem-se estrita-
mente monótonas.

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 Continuidade Teoremas Fundamentais das Funções Contínuas

Definição
A função g diz-se função inversa da função f se e só se

f (g (x)) = x, ∀x ∈ Dg e se g (f (x)) = x, ∀x ∈ Df .

A função g é denotada por f −1 (leia-se inversa de f ).

Exemplo
q
x+1
Mostre que f (x) = 2x3 − 1 e g (x) = 3
2 são inversas uma da outra.

Exemplo
Mostre que f (x) = ex+3 e g (x) = −3 + ln x são inversas uma da outra.

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 Continuidade Teoremas Fundamentais das Funções Contínuas

Teorema (Continuidade da Função Inversa)

Se f : I ⊂ R → R é uma função contínua e estritamente monótona em I,
então:
f é invertível em I;
f −1 é estritamente monótona;
f −1 é contínua.

Observação
O facto de f ser estritamente monótona em I garante que f é injetiva em I.

Proposição
A composição de funções injetivas é também uma função injetiva.

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