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Matemática I

Cálculo Diferencial em R

Dina Salvador1
1 Departamento de Matemática

Escola Superior de Tecnologia de Setúbal do Instituto Politécnico de Setúbal

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 1 / 70


Conteúdos
1 CÁLCULO DIFERENCIAL
Definição de Derivada
Derivadas Laterais
Diferenciabilidade e Continuidade
Regras de Derivação
Diferencial
Teoremas Fundamentais
Teorema de Rolle
Teorema de Lagrange
Teorema de Cauchy
Derivadas de ordem superior à primeira
Polinómio de Taylor e Fórmula de Taylor
Estudo de gráficos de funções
Monotonia e Extremos
Concavidades e Pontos de Inflexão
Assímptotas

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CÁLCULO DIFERENCIAL Definição de Derivada

Noção de Derivada

Dada uma função real de variável real f definida em ]a, b[, com c ∈]a, b[ e
h > 0, dá-se o nome de razão incremental, ou taxa média de variação, ao
quociente
f (c + h) − f (c)
h

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CÁLCULO DIFERENCIAL Definição de Derivada

Definição de Derivada
Seja f uma função real de variável real definida num intervalo aberto que
contém c.
Chama-se derivada de f em c, ou taxa de variação instantânea, e
representa-se por f ′ (c), a

f ′ (c) = lim f (x)−f (c)


x−c ,
x→c

caso este limite exista.


Esta definição é equivalente a

f ′ (c) = lim f (c+h)−f


h
(c)
h→0

Nota
Geometricamente f ′ (c) é o declive da reta tangente ao gráfico de f no ponto
(c, f (c)).
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CÁLCULO DIFERENCIAL Definição de Derivada

Definição de Derivada

Diz-se que:
f é derivável em c, se f tem derivada (finita ou infinita) em c;

f é diferenciável em c se existe e é finita a derivada de f nesse ponto;

f é derivável no intervalo aberto ]a, b[ , se f for derivável em todos os


pontos de ]a, b[.

f é diferenciável no intervalo aberto ]a, b[ , se f for diferenciável em


todos os pontos de ]a, b[.

Notações: Para além da notação f ′ para a derivada de uma função f , existem


outras notações para a derivada de y = f (x) :
dy df
; y ′; (x); Dx [f (x)]
dx dx

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CÁLCULO DIFERENCIAL Definição de Derivada

Definição de Derivada

Exemplo
Determine, por definição, f ′ (1), sendo f (x) = x3 − 3x.

Exemplo
Determine, por definição, f ′ (0), sendo f (x) = x−1
x+1 .

Exemplo
Determine, por definição, f ′ (1), sendo f (x) = e3x+4 .

Exemplo
Determine, por definição, f ′ (−1), sendo f (x) = 3 sen(x + 1).

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CÁLCULO DIFERENCIAL Definição de Derivada

Dada uma função f de domínio Df , diferenciável em A contido em Df , a função


derivada de f é a função definida pelo seguinte limite

f ′ (x) = lim f (x+h)−f


h
(x)
h→0

Exemplo
Determine a função derivada das seguintes funções e respetivo domínio
f (x) = 5x + 1
f (x) = 3x2 − 2
f (x) = 2x2 + 2x − 3
f (x) = 2x3 + x2
f (x) = (x + 4)2

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CÁLCULO DIFERENCIAL Definição de Derivada

Como já foi referido, geometricamente f ′ (c) é o declive da reta tangente ao


gráfico de f no ponto (c, f (c)),

Assim, a equação da reta tangente ao gráfico de f no ponto x = c é dada


por
y − f (c) = f ′ (c)(x − c)
e
caso f ′ (c) ̸= 0, a equação da reta normal ao gráfico de f no ponto
x = c é dada por
1
y − f (c) = − ′ (x − c)
f (c)

caso f ′ (c) = 0, a equação da reta normal ao gráfico de f no ponto


x = c é dada por
x=c
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CÁLCULO DIFERENCIAL Definição de Derivada

Observação
Se f ′ (c) = 0, a recta tangente ao gráfico de f nesse ponto é horizontal
(e a recta normal é vertical).

Se f ′ (c) = +∞ ou f ′ (c) = −∞, a recta tangente ao gráfico de f nesse


ponto é vertical (e a recta normal é horizontal).

Se f ′ (c) é infinito sem sinal determinado, não existe recta tangente


(nem recta normal) ao gráfico de f nesse ponto.

Nota
Sejam y = m1 x + b1 e y = m2 x + b2 duas rectas.
Se m1 = m2 , as rectas dizem-se paralelas
Se m1 = − m12 , as rectas são perpendiculares (normais)

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CÁLCULO DIFERENCIAL Definição de Derivada

Exemplo
f (x) = x3

x3 − 0
f ′ (0) =lim =0
x→0 x − 0

A equação da recta tangente é horizontal: y = 0.


A equação da recta normal é vertical: x = 0.

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CÁLCULO DIFERENCIAL Definição de Derivada

Exemplo

g(x) = 3
x



3
x−0
g (0) =lim = +∞
x→0 x−0
A função tem derivada no ponto x = 0 (é derivável) mas não é diferenciável
nesse ponto.
A equação da recta tangente é vertical: x = 0.
A equação da recta normal é horizontal: y = 0.
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CÁLCULO DIFERENCIAL Definição de Derivada

Exemplo

3
h(x) = x2


3
′ x2 − 0
h (0) =lim =∞
x→0 x−0
A função não tem derivada com sinal definido no ponto x = 0.
Não existe recta tangente nem recta normal.

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CÁLCULO DIFERENCIAL Definição de Derivada

Nota
A operação de derivação permite construir uma nova função f ′ a partir de
uma função f dada. O domínio da nova função f ′ é o conjunto de pontos do
domínio de f para os quais f ′ existe.

Exemplo
1 Determine uma equação da reta tangente e uma equação da reta normal
2
−1
ao gráfico de f definida por f (x) = xx+2 no ponto de abcissa 0.
2 Determine uma equação da reta tangente
√ e uma equação da reta normal
ao gráfico de f definida por f (x) = x2 + 9 no ponto de abcissa 4.
3 A reta de equação y = x é tangente ao gráfico de uma certa função f , no
ponto de abcissa 0. Qual das seguintes expressões pode definir a função
f?

(A) x2 + x (B) x2 + 2x (C) x2 + 2x + 1 (D) x2 + x + 1

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CÁLCULO DIFERENCIAL Definição de Derivada

Aplicações à Física

Considere-se um ponto móvel sobre um eixo e

s(t) → posição do ponto em cada instante t.

Sendo t0 e t1 dois instantes distintos (com t0 < t1 ),

s(t1 ) − s(t0 ) espaço percorrido


= ,
t1 − t0 tempo gasto

representa a velocidade média no intervalo de tempo [t0 , t1 ] e


0)
v(t0 ) = lim s(t)−s(t
t−t0 = s′ (t0 ) → derivada de s(t) em t0
t→t0

representa a velocidade instantânea no instante t0 .

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CÁLCULO DIFERENCIAL Definição de Derivada

Aplicações à Física
Analogamente, sendo t0 < t1 ,
v(t1 ) − v(t0 ) velocidade atingida
=
t1 − t0 tempo gasto
representa a aceleração média no intervalo de tempo [t0 , t1 ] e
0)
a(t0 ) = lim v(t)−v(t
t−t0 = v′ (t0 ) → derivada de v(t) em t0
t→t0

representa a aceleração instantânea no instante t0 .

Nota

A razão incremental, f (b)−f (a)


b−a , representa a taxa de variação média da
função f no intervalo de extremos a e b.

A derivada de f em c, f ′ (c) = lim f (x)−f (c)


x−c , representa a taxa de
x→c
variação instantânea da função f em c.

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CÁLCULO DIFERENCIAL Derivadas Laterais

Derivadas Laterais

Derivadas laterais de f em c:

Se Df contém um intervalo ]c − ε, c] , com ε > 0, caso exista


f (x)−f (c)
fe′ (c) = f ′ (c− ) = lim x−c → derivada à esquerda de f em c.
x→c−

Se Df contém um intervalo [c, c + ε[ , com ε > 0, caso exista

fd′ (c) = f ′ (c+ ) = lim+ f (x)−f


x−c
(c)
→ derivada à direita de f em c.
x→c

Uma função f é diferenciável em x = c se e só se existem e são iguais e finitas


as derivadas laterais nesse ponto.

Exemplo
Averigue se f (x) = |x + 1| é diferenciável em x = −1.

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CÁLCULO DIFERENCIAL Derivadas Laterais

Derivadas Laterais

f diz-se diferenciável no intervalo [a, b] (contido em Df ) se for diferenciável


em todos os pontos do intervalo ]a, b[ e existirem e forem finitas fd′ (a) e fe′ (b).

Exemplo
1 Será que f (x) = |x| é diferenciável em x = 0?

2 Será que 
x2 + 1 , x<2
f (x) =
3x − 1 , x≥2
é diferenciável em x = 2?

3 Será que 
x2 , x<1
g (x) =
2x − 1 , x≥1
é diferenciável em x = 1?

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CÁLCULO DIFERENCIAL Derivadas Laterais

Observação

Se fe′ (c) ̸= fd′ (c), então f não é derivável em c, nem é diferenciável em c,


e o gráfico de f não tem recta tangente no ponto (c, f (c)) .

f diz-se derivável no intervalo [a, b] (subconjunto de Df ) se for derivável


em todos os pontos do intervalo ]a, b[ e existirem fd′ (a) e fe′ (b);

f diz-se diferenciável no intervalo [a, b] (contido em Df ) se for diferen-


ciável em todos os pontos do intervalo ]a, b[ e existirem e forem finitas
fd′ (a) e fe′ (b).

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CÁLCULO DIFERENCIAL Derivadas Laterais

Exemplo

x , x≥0
f (x) = |x| = ,
−x , x<0
tem derivadas laterais mas não tem derivada no ponto x = 0 (as derivadas
laterais são diferentes), pelo que não é diferenciável em x = 0.

Exemplo
A função f , definida em R não é diferenciável no ponto x = 2 sendo
 2
x +1 , x<2
f (x) =
3x − 1 , x ≥ 2

Exemplo
A função g, definida em R, é diferenciável para x = 1, sendo

x2 , x<1
g (x) =
2x − 1 , x ≥ 1

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CÁLCULO DIFERENCIAL Diferenciabilidade e Continuidade

Exemplos
1 f (x) = x2 + 2 é uma função contínua e diferenciável em x = 0. Porquê?

2 f (x) = |x| é uma função contínua em x = 0, mas não é diferenciável em


x = 0 (e não é derivável). Porquê?


3 f (x) = 3 x é uma função contínua em x = 0, mas não é diferenciável em
x = 0 (é derivável). Porquê?

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CÁLCULO DIFERENCIAL Diferenciabilidade e Continuidade

Diferenciabilidade e Continuidade

Teorema
Se f é diferenciável em c, então f é contínua em c.

Portanto, se f não é contínua em c, então f não é diferenciável em c.

O recíproco não é verdadeiro,

f contínua em c não implica f diferenciável em c.

Exemplo
A este propósito, averigue a continuidade de f (x) = |x + 1| em x = −1.

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CÁLCULO DIFERENCIAL Diferenciabilidade e Continuidade

Propriedades das operações:


Se f e g são funções diferenciáveis em a e k ∈ R, então f + g, f − g, kf e f × g
também são diferenciáveis em a e:

(f + g) (a) = f ′ (a) + g′ (a) ;

(f − g) (a) = f ′ (a) − g′ (a) ;

(kf ) (a) = kf ′ (a) , com k ∈ R;

(f × g) (a) = f ′ (a) g (a) + f (a) g′ (a) ;

 ′
f f f ′ (a)g(a)−f (a)g′ (a)
Se g (a) ̸= 0, então g é diferenciável em a e g (a) = g2 (a) .

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 22 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Diferenciabilidade e Continuidade

Diferenciabilidade e Continuidade

Usando a definição de derivada da função, sabemos que


As funções polinomiais, exponenciais, logarítmicas e trigonométricas são
diferenciáveis no seu domínio.

Sendo f e g duas funções diferenciáveis em ]a, b[ e k ∈ R, temos


▶ kf , f + g, f − g, fg e f n são funções diferenciáveis em ]a, b[
f

g é uma função diferenciável em ]a, b[ se g(x) ̸= 0 qualquer que seja
x ∈]a, b[

▶ n
f é uma função diferenciável em ]a, b[ se f (x) ≥ 0 qualquer que
seja x ∈]a, b[, para n par

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 23 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Diferenciabilidade e Continuidade

Derivada da Função Composta


Sejam g uma função diferenciável em c e f uma função diferenciável em g(c).
Então f ◦ g é diferenciável em c e

(fog) (c) = f ′ (g (c)) g′ (c) .

Derivada da Função Inversa


Seja f : I ⊆ R → R uma função estritamente monótona e contínua em I. Se f
é diferenciável em c ∈ I e f ′ (c) ̸= 0, então f −1 é diferenciável em f (c) e
′
f −1 (f (c)) = 1
f ′ (c) .

Exemplo
1 Considere as seguintes funções f (x) = arccos (4x) e h (x) = 1
x+1 . Calcule (f ◦ h)′ (x) e (h ◦ f )′ (x) ,
usando o teorema da derivada da função composta.

2 Considere a função g (x) = arcsen (2x + 1) . Calcule a derivada da função inversa, usando o teorema
da derivada da função inversa.

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CÁLCULO DIFERENCIAL Regras de Derivação

Regras de Derivação
Algumas regras de derivadas conhecidas:
Sejam u = f (x) e v = g(x) funções diferenciáveis em ]a, b[ e k ∈ R
(k)′ = 0; (constante)

(x)′ = 1; (variável x)

(ku)′ = k(u)′ ; (produto escalar)

(u + v)′ = u′ + v′ ; (soma)

(u − v)′ = u′ − v′ ; (diferença)

(uv)′ = u′ v + v′ u; (produto)
′ ′
( uv )′ = u v−v
v2
u
; (quociente)
′
uk = kuk−1 (u)′ ; (potência)
√ ′ ′
( n u) = n√n uun−1 , n ∈ N; (raíz índice n)

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CÁLCULO DIFERENCIAL Regras de Derivação

Regras de Derivação

(Continuação...):

(eu ) = u′ eu ; (exponencial - base e)

(ku ) = u′ ku ln k, k ∈]0, +∞[\{1}; (exponencial)

′ u′
(ln u) = u; (logaritmo nepperiano)

′ u′
(logk u) = u ln k , k ∈]0, +∞[\{1}; (logaritmo)


( senu) = u′ cos u; (seno)

(cos u) = −u′ senu; (coseno)

′ u′
( tgu) = cos2 u ; (tangente)

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CÁLCULO DIFERENCIAL Regras de Derivação

Regras de Derivação

(Continuação...):
′ ′
( arcsenu) = √u ; (arco seno)
1−u2

′ ′
u
(arccos u) = − √1−u 2
; (arco coseno)

′ u′
( arctgu) = 1+u2 ; (arco tangente)

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 27 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Regras de Derivação

Exemplo
Utilizando as regras de derivação, determine a função derivada das
seguintes funções:

f (x) = 5 f (x) = (2x − 3)4



f (x) = x f (x) = 4 3x + 8

f (x) = 2x f (x) = e4x+2

f (x) = x3 f (x) = 53x−2

f (x) = 5x4 f (x) = ln(5x3 − 2x)

f (x) = 3x + 5 f (x) = log7 (3x − 9)

f (x) = 5 − 6x f (x) = sen(3x)

f (x) = (3x + 2)(x2 − 3) f (x) = cos(7x3 )


3x+2
f (x) = x2 −3 f (x) = tg(x2 + 1)

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CÁLCULO DIFERENCIAL Regras de Derivação

Exemplo
Calcule as derivadas das seguintes funções recorrendo às regras de deriva-
ção:
2
+3x
f (x) = 2x
2
f (x) = x3 + 3x
5x2 −4
f (x) = x3 + 3x
2
ex −2
f (x) = x3 +4
p
f (x) = 3
ln(x3 + 2x)
 √
f (x) = ln arctg x2 + 1 × x3 + 5
sen(x3 +ex )
f (x) = cos(3x)

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 29 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Diferencial

Diferencial
Seja f : I = [a, b] ⊂ R → R uma função diferenciável em ]a, b[ e ∆x ∈ R tal
que x + ∆x ∈]a, b[.
Chama-se
∆x → acréscimo ou incremento da variável x
∆f = f (x + ∆x) − f (x) → acréscimo ou incremento da função f ,
correspondente ao acréscimo ∆x
Seja f diferenciável em x, portanto

f (x + ∆x) − f (x) ∆f
f ′ (x) = lim = lim
∆x→0 ∆x ∆x→0 ∆x

existe e é finito. Então

∆f = f ′ (x)∆x + α × ∆x, em que lim α = 0.


∆x→0

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CÁLCULO DIFERENCIAL Diferencial

Diferencial

Interpretação geométrica:

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 31 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Diferencial

Diferencial

Para valores de ∆x pequenos, o valor α × ∆x é desprezável, pois


α × ∆x
lim = lim α = 0.
∆x→0 ∆x ∆x→0

Para valores de ∆x pequenos,

∆f ≈ f ′ (x)∆x,

ou seja,
f (x + ∆x) ≈ f (x) + f ′ (x)∆x.
A este processo chama-se linearização de f , em torno de x, pois estamos a
aproximar o valor da função em x + ∆x, para ∆x pequeno, pelo valor da orde-
nada do correspondente ponto da recta tangente ao gráfico de f em (x, f (x)) .

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 32 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Diferencial

Diferencial
Definição
Chama-se diferencial de f em x relativamente ao acréscimo ∆x, ao produto
f ′ (x)∆x e escreve-se

dx f (∆x) = f ′ (x)∆x ou df = f ′ (x)∆x ou df = f ′ (x)dx.

Observação
Em resumo, para uma variação ∆x,
f (x + ∆x) → é o valor exacto de f
∆f = f (x + ∆x) − f (x) → é o valor exacto da variação de f

f (x) + f (x)∆x → é um valor aproximado de f
df = f ′ (x)∆x → é um valor aproximado da variação de f

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 33 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Diferencial

Diferencial

Exemplo
Exemplos de aplicação :
Estimação do valor da função para valores perto de x, quando se pode
saber ou estimar o valor de f (x) e de f ′ (x) .
Estimação do erro propagado - erro que se comete quando usamos uma
estimativa para argumento da função.

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 34 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Diferencial

Diferencial

Exemplo
Cálculo do valor aproximado de sen46◦ .
π  π
sen46◦ = sen (45◦ + 1◦ ) = sen +
4 180
Pretende-se calcular um valor aproximado da função f (x) = senx, perto de
π
4 . Assim
π π ′
x = ; ∆x = ; f (x) = cos x
4 180
vem
π √ √
π  π ′ π π 2 2 π
sen + ≈ f( ) + f ( ) = + × ≈ 0.7194.
4 180 4 4 180 2 2 180

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 35 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Diferencial

Diferencial
Exemplo
A medida do raio de uma esfera é 0.7 centímetros. Se esta medida tiver uma
margem de erro de 0.01 centímetros, estime o erro propagado ao volume V
da esfera.
Sabemos que V = 43 πr3 com r o raio da esfera. Sendo a estimativa para o
raio da esfera de 0.7cm e o erro máximo da estimativa de 0.01cm, ou seja,
−0.01 ≤ ∆r ≤ 0.01, e
dV
V ′ (r) = 4πr2 ⇔ = 4πr2
dr
2
∆V ≈ dV = 4πr2 dr = 4π (0.7) (±0.01) ≃ 0.06158cm3
O erro propagado é de 0.06158cm3 . Comparando dV com V, estima-se o erro
relativo:
dV 4πr2 dr 3dr 3
= 4 3 = ≃ (±0.01) ≃ ±0.0429
V 3 πr
r 0.7

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 36 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Teoremas Fundamentais

Teoremas Fundamentais

Definição
Noção de Extremo Local ou Relativo
Sejam f : Df ⊆ R → R e a, b ∈ Df .
f (a) é um máximo local ou relativo de f se e só se existir um intervalo
]a − ε, a + ε[ tal que

∀x ∈ ]a − ε, a + ε[ ∩ Df , f (x) ≤ f (a) .

f (b) é um mínimo local ou relativo de f se e só se existir um intervalo


]b − ε, b + ε[ tal que

∀x ∈ ]b − ε, b + ε[ ∩ Df , f (x) ≥ f (b) .

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 37 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Teoremas Fundamentais

Teoremas Fundamentais

Definição
Noção de Extremo Absoluto
Sejam f : Df ⊆ R → R e a, b ∈ Df .
f (a) é um máximo absoluto de f se e só se

∀x ∈ Df , f (x) ≤ f (a) .

f (b) é um mínimo absoluto de f se e só se

∀x ∈ Df , f (x) ≥ f (b) .

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 38 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Teoremas Fundamentais

Teoremas Fundamentais

Teorema
Sejam f : I = [a, b] ⊂ R → R uma função diferenciável em ]a, b[ e c ∈]a, b[. Se
f (c) é extremo relativo de f , então f ′ (c) = 0.

Nota
1: O teorema só se aplica a pontos interiores do intervalo do intervalo [a, b] .
2: O recíproco não é verdadeiro - a derivada de uma função pode ser nula
num ponto sem que a função tenha um extremo no ponto.
3: A existência de máximo e mínimo num ponto não é condicionada pelo facto
da função ser ou não derivável nesse ponto.

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 39 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Teoremas Fundamentais

Teoremas Fundamentais - Teorema de Rolle

Teorema de Rolle
Seja f uma função contínua em [a, b] e diferenciável em ]a, b[. Se f (a) = f (b),
então existe c ∈]a, b[ tal que f ′ (c) = 0.

Corolário 1
Entre dois zeros de uma função diferenciável num intervalo há pelo menos um
zero da sua derivada.

Corolário 2
Entre dois zeros consecutivos da derivada de uma função não pode haver
mais do que um zero da função.

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 40 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Teoremas Fundamentais

Teorema de Rolle - Exemplos

Exemplo
Verifique se a função f (x) = 1 − x2 satisfaz as condições do Teorema de Rolle
no intervalo [−1, 1] , e determine o ponto c onde f ′ (c) = 0.

Exemplo
Verifique se a função
x2 − 7x + 10
f (x) =
x−6
satisfaz as condições do Teorema de Rolle no intervalo [2, 5] e, se possível,
determine as coordenadas do ponto c definido pelo teorema.

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 41 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Teoremas Fundamentais

Teoremas Fundamentais - Teorema de Lagrange


Teorema de Lagrange
Se f é uma função contínua em [a, b] e diferenciável em ]a, b[, então existe
pelo menos um c ∈]a, b[ tal que

f (b) − f (a)
f ′ (c) = .
b−a

Corolário 1
Seja f uma função nas condições do Teorema de Lagrange:
se f ′ (x) = 0, ∀x ∈]a, b[,
então f é constante no intervalo [a, b];
se f ′ (x) > 0, ∀x ∈]a, b[,
então f é estritamente crescente no intervalo [a, b];
se f ′ (x) < 0, ∀x ∈]a, b[,
então f é estritamente decrescente no intervalo [a, b].

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 42 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Teoremas Fundamentais

Teoremas Fundamentais - Teorema de Lagrange

Corolário 2
Seja f uma função nas condições do Teorema de Lagrange,

f é crescente em [a, b] sse f ′ (x) ≥ 0, ∀x ∈]a, b[,

f é decrescente em [a, b] sse f ′ (x) ≤ 0, ∀x ∈]a, b[.

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 43 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Teoremas Fundamentais

Teorema de Lagrange - Exemplos

Exemplo
Determine o valor intermédio c, do Teorema de Lagrange para a função f (x) =
x − x2 , no intervalo [−1, 2].

Exemplo
Considere a função real de variável real definida, no intervalo [−2, 2], por
3
f (x) = x4 + 1.
1 Mostre que esta função verifica as condições do Teorema de Lagrange.
2 Determine o(s) ponto(s) em que a recta tangente ao gráfico de f é para-
lela ao segmento de extremos A(−2, f (−2)) e B(2, f (2)).

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CÁLCULO DIFERENCIAL Teoremas Fundamentais

Teoremas Fundamentais - Teorema de Cauchy

Teorema de Cauchy
Se f e g são funções contínuas em [a, b] e diferenciáveis em ]a, b[, com g′ (x) ̸=
0, ∀x ∈]a, b[, então existe pelo menos um c ∈]a, b[ tal que

f (b) − f (a) f ′ (c)


= ′ .
g(b) − g(a) g (c)

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 45 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Teoremas Fundamentais

Teoremas Fundamentais - Teorema de Cauchy

Regra de Cauchy
Sejam f e g duas funções diferenciáveis em ]a, b[ (com a, b finitos ou infinitos)
tais que:
g′ (x) ̸= 0, ∀x ∈ ]a, b[ ;
lim f (x) = lim g (x) = 0 ou
x→a x→a

lim f (x) = lim g (x) = +∞ ou lim f (x) = lim g (x) = −∞.


x→a x→a x→a x→a

existe lim f ′ (x)
x→a g (x)

Então
f (x) f ′ (x)
lim = lim ′
x→a g (x) x→a g (x)

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 46 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Teoremas Fundamentais

Regra de Cauchy - Exemplos

Exemplo
Calcule, se existirem, os seguintes limites:
x+ln( senx)
1 lim ln x
x→0+

ln(x2 +1)
2 lim
x→+∞ 1+ln x
1
3 lim (ex + 2x) x
x→0+
tg(x−1)
4 lim (x − 1)
x→1+

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CÁLCULO DIFERENCIAL Derivadas de ordem superior à primeira

Derivadas de ordem superior à primeira

Definição
Seja f : Df ⊆ R → R uma função diferenciável em a. Se a função derivada
de f , f ′ , for diferenciável em a, diz-se que f é duas vezes diferenciável em
a e a derivada de f ′ designa-se por segunda derivada de f no ponto a e
representa-se por
d2 f
f ′′ (a), (a) ou D2 f (a).
dx2
Tem-se
′ f ′ (x) − f ′ (a)
f ′′ (a) = (f ′ ) (a) = lim .
x→a x−a

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CÁLCULO DIFERENCIAL Derivadas de ordem superior à primeira

Derivadas de ordem superior à primeira

Definição
A derivada de ordem n da função f define-se, por recorrência, do seguinte
modo

f (0) (a) = f (a),


 ′
f (n) (a) = f (n−1) (a), com n ∈ N.

Definição
Diz-se que f é n vezes diferenciável no ponto a se existir e for finita a deri-
vada f (n) (a) (o que obriga a que a função e todas as suas derivadas de ordem
menor que n sejam diferenciáveis em a). Tem-se assim
 ′ f (n−1) (x) − f (n−1) (a)
f (n) (a) = f (n−1) (a) = lim
x→a x−a

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 49 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Derivadas de ordem superior à primeira

Derivadas de ordem superior à primeira

Para justificar, rigorosamente, a generalidade das propriedades das


derivadas de ordem n é necessário recorrer ao seguinte resultado

Definição
Princípio de Indução finita
Seja P(n) uma condição na variável natural n tal que:
P(1) é verdadeira;
para qualquer n ∈ N, se P(n) é verdadeira, então P(n + 1) é verdadeira.
Então P(n) é verdadeira para qualquer n ∈ N.

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 50 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Derivadas de ordem superior à primeira

Derivadas de ordem superior à primeira - Exemplos

Exemplo
Determine a primeira, a segunda e a terceira derivadas da função f (x) =
senx + cos x.

Exemplo
Encontre a expressão da derivada de ordem n da função f (x) = cos x.

Exemplo
Encontre a expressão da derivada de ordem n da função f (x) = 1x .

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CÁLCULO DIFERENCIAL Polinómio de Taylor e Fórmula de Taylor

Polinómio de Taylor e Fórmula de Taylor


Objectivo: Aproximar uma função dada (perto dum ponto) por funções poli-
nomiais. Suponhamos que as derivadas de f , até à ordem n, existem e são
finitas em a.
Definição
Chama-se polinómio de Taylor de ordem n de f , em a, (ou polinómio de Taylor
de ordem n em potências de (x − a)) a

f ′′ (a) f (n) (a)


Pn (x) = f (a) + f ′ (a)(x − a) + (x − a)2 + · · · + (x − a)n .
2! n!

Definição
Chama-se polinómio de Mac-Laurin de ordem n de f (ou polinómio de Mac-
Lauirn de ordem n em potências de x) ao polinómio de Taylor de ordem n de
f , para a = 0, isto é, a

′ f ′′ (0) 2 f (n) (0) n


Pn (x) = f (0) + f (0)x+ x +···+ x .
2! n!
Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 52 / 70
CÁLCULO DIFERENCIAL Polinómio de Taylor e Fórmula de Taylor

Polinómio de Taylor e Fórmula de Taylor


Teorema
Fórmula de Taylor de ordem n de f em a
Seja f uma função definida num intervalo aberto I, contínua e n vezes
diferenciável no ponto a ∈ I. Então, para qualquer x ∈ I,
′′
f (a) 2 f ′′′ (a) 3
f (x) = f (a) +f ′ (a) (x − a) + (x − a) + (x − a) +...
2! 3!
(n)
f (a) n
...+ (x − a) +Rn (x)
n!
onde Rn (x) verifica a condição

Rn (x)
lim n = 0.
x→a (x − a)

Observação
Se a = 0, chama-se fórmula de Mac-Laurin.
Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 53 / 70
CÁLCULO DIFERENCIAL Polinómio de Taylor e Fórmula de Taylor

Polinómio de Taylor e Fórmula de Taylor

Definição
Chama-se resto de ordem n da Fórmula de Taylor de f em a à função
Rn (x) .

Definição
Chama-se erro associado à aproximação de f (x) por Pn (x) a

ε = |Rn (x)| = |f (x) − Pn (x)| .

Observação
Há várias expressões para Rn (x), entre as quais a do resto de Lagrange de
ordem n:
f (n+1) (ξ)
Rn (x) = (x − a)(n+1) ,
(n + 1)!
para algum ξ no intervalo aberto de extremos a e x.

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 54 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Polinómio de Taylor e Fórmula de Taylor

Polinómio de Taylor e Fórmula de Taylor - Exemplos

Exemplo
Escreva a fórmula de Mac-Laurin de ordem n para a função f (x) = ex .

Exemplo
Escreva a fórmula de Taylor de ordem 3 em torno do ponto a = 1 para a
função f (x) = ln x e use essa fórmula para determinar um valor aproximado
de ln (1.1) .

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 55 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Estudo de gráficos de funções

Monotonia e Extremos
Recorde-se o corolário do Teorema de Lagrange:

Teorema
Corolário 1
Seja f é uma função contínua em [a, b] e diferenciável em ]a, b[:
se f ′ (x) = 0, ∀x ∈]a, b[,então f é constante no intervalo [a, b];

se f ′ (x) > 0, ∀x ∈]a, b[,então f é estritamente crescente no intervalo


[a, b];

se f ′ (x) < 0, ∀x ∈]a, b[,então f é estritamente decrescente no intervalo


[a, b].

Recorde-se que, sendo f uma função diferenciável em a,

se f tem um extremo em a então f ′ (a) = 0.

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 56 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Estudo de gráficos de funções

Monotonia e Extremos

Definição
Chamam-se pontos de estacionaridade de uma função f aos pontos em
que a sua derivada é anula.

Um ponto de estacionaridade pode não ser um extremo de f .

Teorema
Sendo a um valor tal que f ′ (a) = 0, tem-se que:
se f ′ (x) > 0, ∀x ∈ ]ε, a[ e f ′ (x) < 0, ∀x ∈ ]a, µ[, para algum ε < a e
algum µ > a, então f (a) é um máximo relativo;
se f ′ (x) < 0, ∀x ∈ ]ε, a[ e f ′ (x) > 0, ∀x ∈ ]a, µ[, para algum ε < a e
algum µ > a, então f (a) é um mínimo
relativo.

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 57 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Estudo de gráficos de funções

Monotonia e Extremos - Exemplos

Exemplo
x5
Determine os pontos de estacionaridade da função f (x) = 5 − 34 x4 + 23 x3 .

Exemplo
x2 −4
Determine os pontos de estacionaridade da função f (x) = x2 −1 .

Exemplo
1

Determine os pontos de estacionaridade da função f (x) = 2x + ln 1 + x .

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 58 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Estudo de gráficos de funções

Monotonia e Extremos

Observação
Cada uma das duas condições anteriores garante a existência de extremo de
f mesmo que f não tenha derivada em a.

Proposição: Seja f uma função que admite segunda derivada contínua numa
vizinhança de um ponto de estacionaridade a:
se f ′′ (a) < 0, então f (a) é um máximo;
se f ′′ (a) > 0, então f (a) é um mínimo.

Exemplo
x5
Classifique os pontos de estacionaridade da função f (x) = 5 − 43 x4 + 23 x3 .

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 59 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Estudo de gráficos de funções

Monotonia e Extremos

Generalização:
Proposição: Seja f uma função n vezes diferenciável no ponto a, com n ≥ 2,
tal que a derivada de ordem n é a primeira derivada não nula de f em a, isto
é:
f ′ (a) = f ′′ (a) = ... = f (n−1) (a) = 0 e f (n) (a) ̸= 0.
Então:
se n é ímpar, f (a) não é extremo de f .

 máximo relativo, se f (n) (a) < 0;
se n é par, f (a) é um
mínimo relativo, se f (n) (a) > 0.

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 60 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Estudo de gráficos de funções

Monotonia e Extremos - Exemplos

Exemplo
Estude quanto à monotonia e existência de extremos a seguinte função
2
−4
f (x) = xx2 −1 .

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 61 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Estudo de gráficos de funções

Concavidades e Pontos de Inflexão

Definição
Diz-se que f , diferenciável no intervalo ]a, b[, tem a concavidade voltada
para cima em ]a, b[ se, para qualquer x ∈ ]a, b[, o gráfico de f está acima da
recta tangente ao gráfico em (x, f (x)).

Definição
Diz-se que f , diferenciável no intervalo ]a, b[, tem a concavidade voltada
para baixo em ]a, b[ se, para qualquer x ∈ ]a, b[, o gráfico de f está abaixo da
recta tangente ao gráfico em (x, f (x)).

Definição
Um ponto onde ocorra uma mudança de concavidade do gráfico de f diz-se
um ponto de inflexão de f .

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 62 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Estudo de gráficos de funções

Concavidades e Pontos de Inflexão

Proposição: Seja f com segunda derivada no intervalo aberto I:


′′
se f (a) > 0, ∀x ∈ I, então f tem concavidade voltada para cima;
′′
se f (a) < 0, ∀x ∈ I, então f tem concavidade voltada para baixo.

Vejamos uma generalização desta proposição:

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 63 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Estudo de gráficos de funções

Concavidades e Pontos de Inflexão

Generalização:
Proposição: Seja f uma função n vezes diferenciável no ponto a, com n ≥ 2,
tal que a derivada de ordem n é a primeira derivada não nula de f em a, isto é
′′ ′′′ (n−1)
f (a) = f (a) = ... = f (a) = 0
(n)
f (a) ̸= 0.

Então:
se n é ímpar, a é um ponto de inflexão de f .

a concavidade voltada para cima,


↗ se f (n) (a) > 0;
se n é par, f tem
↘ a concavidade voltada para baixo,
se f (n) (a) < 0.

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 64 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Estudo de gráficos de funções

Concavidades e Pontos de Inflexão - Exemplos

Exemplo
Estude quanto à concavidade e pontos de inflexão a seguinte função
2
−4
f (x) = xx2 −1 .

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 65 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Estudo de gráficos de funções

Assímptotas
Seja f uma função real de variável real.

Definição
A recta x = a é uma assímptota vertical de f se

lim f (x) = ∞ ou lim f (x) = ∞.


x→a+ x→a−

Definição
A recta y = b é uma assímptota horizontal de f se

lim f (x) = b ou lim f (x) = b.


x→+∞ x→−∞

Definição
A recta de equação y = mx + b é uma assímptota não vertical de f se

lim [f (x) − (mx + b)] = 0 ou lim [f (x) − (mx + b)] = 0.


x→+∞ x→−∞

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 66 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Estudo de gráficos de funções

Assímptotas

Se m = 0, a assímptota é horizontal.
Se m ̸= 0, a recta é uma assímptota oblíqua de f .

Proposição: A recta de equação y = mx + b é uma assímptota não vertical


de f , sse
 
 lim f (x)
x =m  lim f (x) =m
x→+∞ x→−∞ x
ou .
 lim [f (x) − mx] = b  lim [f (x) − mx] = b
x→+∞ x→−∞

Observação
Se f tem uma assímptota horizontal quando x → +∞ (respectivamente
x → −∞), então f não tem assímptota oblíqua quando x → +∞
(respectivamente x → −∞).

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 67 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Estudo de gráficos de funções

Assímptotas - Exemplos

Exemplo
x2 −4
Estude quanto à existência de assímptotas a seguinte função f (x) = x2 −1 .

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 68 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Estudo de gráficos de funções

Estudo de uma função e esboço gráfico

Pontos fundamentais (em geral) para esboçar o gráfico de f :


domínio;
pontos de descontinuidade e assímptotas verticais;
intersecção com os eixos / zeros de f ;
sinal de f ;
paridade de f (simetrias);
intervalos de monotonia e extremos;
concavidades e pontos de inflexão;
assímptotas não verticais.

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 69 / 70


CÁLCULO DIFERENCIAL Estudo de gráficos de funções

Estudo de uma função e esboço gráfico - Exemplos

Exemplo
x2 −4
Complete o estudo da função f (x) = x2 −1 . Esboce o gráfico de f .

Dina Salvador (EstSetúbal/IPS) Matemática I novembro 2023 70 / 70

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