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Essas observações podem ser provadas com o uso do conhecido Teorema do Valor Médio, mas não faremos isso
agora. O que faremos é analisar o crescimento e o decrescimento de algumas funções conhecidas.
Exemplo 3.2.1. Considere a função do primeiro grau f ( x) = ax + b.Vamos obter o seu crescimento, que já é
conhecido, através dos nossos novos conhecimentos. Observe que f ' ( x) = a. Portanto, se a > 0 então f será
crescente em todo o eixo-x e se a < 0 , f será decrescente em todo o eixo-x.
Exemplo 3.2.3. Considere a função f ( x ) = x 2 − 1 . Temos que f ' ( x) = 2 x. Como f ' ( x ) > 0 quando x > 0,
concluímos que f é crescente quando x > 0. Por outro lado,
f '( x) < 0 apenas quando x < 0 , o que implica ser f decrescente
apenas quando x < 0.
Exemplo 3.2.4. Determine os intervalos onde
f ( x ) = x 3 − 6x 2 + 9x + 1 é crescente e os intervalos onde ela é
decrescente. Inicialmente vamos encontrar a derivada de f . Temos
que f ' ( x ) = 3 x − 12 x + 9. As raízes da equação f ' ( x) = 0 irão
2
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Observe que a derivada à esquerda f '_ (3 ) = 6 e que a derivada à direita f '+ (3) = − 1 . Como esses valores são
diferentes segue que f não é derivável em x = 3. Assim:
⎧ 2x se x < 3
f ' ( x) = ⎨
⎩ −1 se x > 3
Observe que o ponto x = 3 vai nos auxiliar na determinação dos intervalos pedidos. Veja que o estudo do sinal
de f '( x) e as conclusões dele decorrentes estão listados na tabela abaixo:
⎛ 1− 3 x ⎞
f '( x ) = 2x −1/ 3 − 2 = 2 ( x −1/ 3 −1) = 2⎜⎜ 3 ⎟⎟ .
⎝ x ⎠
Inicialmente note que x = 1 é a única solução da equação
f '( x) = 0. Por outro lado a função f (x ) não é
derivável em x = 0. O estudo do sinal de f '( x ) e as
conclusões dele decorrentes estão reunidas na tabela
abaixo:
Com o auxílio da derivada podemos abordar interessantes questões acerca de máximos e mínimos de
funções. Vamos dar algumas definições para, em seguida, abordarmos os problemas.
• Sejam f uma função definida num intervalo I do eixo-x e x 0 ∈ I .Diremos que c é um ponto de máximo
local para f se existir um intervalo J ⊂ I com c ∈ J de modo que f (x ) ≤ f ( c ) para todo x ∈ J .
• Sejam f uma função definida num intervalo I do eixo-x e x0 ∈ I .Diremos que c é um ponto de mínimo
local para f se existir um intervalo J ⊂ I com c ∈ J de modo que f (x ) ≥ f ( c ) para todo x ∈ J .
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Usando outros termos, o ponto c é um ponto de máximo local se, próximo dele, nenhum ponto tem o
valor de f maior que f ( c ) . Da mesma forma, o ponto c é um ponto de mínimo local se, próximo dele,
nenhum ponto tem o valor de f menor que f ( c) .
Vamos observar agora um fato importante que ficou implícito nos exemplos da seção anterior. Para
descobrirmos os intervalos onde uma dada função era crescente e os intervalos onde ela era decrescente foi
preciso fazer o estudo do sinal de f ' . Em certos casos, para fazer este estudo, precisamos encontrar as raízes da
equação f ' ( x ) = 0 ou os pontos onde a função f não é derivável (veja os exemplos 3.2.3, 3.2.4 e 3.2.5 e 3.2.6).
Esses pontos irão desempenhar um importante papel no estudo dos máximos e mínimos e, por isso, recebem o
nome de Pontos críticos.
Assim, com essa análise podemos enunciar um critério bastante prático para a determinação de extremos
locais, conhecido como Teste da derivada primeira:
Teste da derivada primeira: Sejam f uma função contínua definida num intervalo I do eixo-x e c ∈ I um
ponto crítico de f. Então:
• Se f ' ( x ) < 0 para x à esquerda e próximo de c e Se f ' ( x ) > 0 para x à direita e próximo de c então c é
um ponto de mínimo local para f.
• Se f ' ( x ) > 0 para x à esquerda e próximo de c e Se f ' ( x ) < 0 para x à direita e próximo de c então c é
um ponto de máximo local para f.
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Em determinados casos o estudo do sinal da derivada primeira de uma função antes e depois de um
ponto crítico onde ela é derivável pode se tornar difícil. Nessa situação, quando a função for duas vezes
derivável temos um critério mais efetivo para nos garantir quando este ponto crítico é de máximo ou de mínimo.
Mas o que significa uma função ser duas vezes derivável? A resposta é simples: quando pudermos calcular a
derivada de sua derivada. A derivada da derivada é chamada de derivada segunda. Nós vamos representar a
derivada segunda de uma função f por f '' . Por exemplo, se f ( x ) = x 2 , temos f ' (x ) = 2 x e f ''( x) = 2 .
Analogamente, se f ( x ) = senx , temos que f ' ( x ) = cos x e f '' ( x) = − senx . A derivada da derivada da
derivada é chamada de derivada terceira, e assim sucessivamente. É claro que nem sempre podemos ir derivando
assim. É preciso ter cuidado. Por exemplo, existem funções que só possuem a derivada primeira. Existem
funções que não possuem sequer a derivada primeira. Agora podemos voltar ao critério para classificar pontos
críticos. Esse critério é conhecido como teste da derivada segunda e é o seguinte:
Teste da derivada segunda: Sejam f uma função definida num intervalo I do eixo-x e c ∈ I um ponto crítico
de f. Suponha que f é derivável duas vezes em c . Então
• Se f ''( c ) < 0 então c é um ponto de máximo local para f.
• Se f ''( c ) > 0 então c é um ponto de mínimo local para f.
• Se f ''( c ) = 0 então o teste não é conclusivo.
Um interessante exercício que você pode fazer é utilizar o teste da derivada segunda para classificar os
pontos críticos das funções dos exemplos anteriores. Mas veja bem, ele só serve para os pontos críticos onde a
função é duas vezes derivável. Vamos utilizar o teste da derivada segunda para solucionarmos dois interessantes
problemas
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Exemplo 3.3.3. Qual o retângulo de perímetro 40 cm que possui a maior área? Vamos denotar por x e y os lados
do retângulo. O seu perímetro é dado por p = 2x + 2y o qual, pelo enunciado vale 40 cm, ou seja, temos
2 x + 2 y = 40, o que nos fornece x + y = 20. A área do retângulo é dada por A = xy . Tirando o valor de y na
expressão obtida a partir do perímetro temos que y = 20 − x que substituída na expressão da área nos dá
A = x × ( 20 − x ) = 20 x − x2 . A função da qual queremos achar o máximo é A. Vamos achar os seus pontos
críticos. Derivando a função A, encontramos A ' = 20 − 2 x. O único ponto crítico de A é x = 10 .Derivando A
novamente, encontramos A '' = − 2 , portanto o ponto x = 10 é um ponto de máximo local. Com esse valor de x
tiramos y = 10 e, portanto, o retângulo pedido é um quadrado de lado 10 cm.
Exemplo 3.3.4. Uma caixa aberta com base quadrada deve ser
construída com 48 m2 de papelão.Vamos enccontrar as
dimensões da caixa de maior volume possível que pode ser
feita. Vamos denotar por x o lado da base da caixa, que estamos
supondo quadrada, e por y a altura da caixa. A área total da
caixa é dada por A = x 2 + 4xy . Pela informação do enunciado
temos que x 2 + 4 xy = 48 . O volume da caixa, que é a função
que queremos maximizar, é dado por V = x 2y .
48 − x 2
Tirando o valor de y da expressão que dá a área total, ficamos com y = , assim, o volume da caixa será
4x
dado por:
(
48 − x 2 x 48 − x
2
)1 1
V = x2 ×
4x
=
4
( )
= x 48 − x2 = 48x − x3 .
4 4
( )
1
Vamos encontrar os pontos críticos. Derivando V, obtemos V ' =
4
( )
48 − 3x 2 , donde concluímos que os únicos
pontos críticos são x = 4 e x = − 4 , sendo que o primeiro é o único que nos interessa por ser positivo. Derivando
6 3
V novamente temos que V '' = − x = − x e que, portanto, x = 4 é um ponto de máximo pelo teste da
4 2
48 − x 2
derivada segunda. Portanto as dimensões da caixa pedida são x = 4 m e, substituindo x = 4 em y = ,
4x
encontramos y = 2 m.
Os pontos de máximos e mínimos que apareceram na seção anterior, a princípio, só poderiam ser
classificados como locais. O tipo de problema de máximos e mínimos que trataremos nesta seção são aqueles
conhecidos como problemas de máximos e mínimos globais. Por um ponto de máximo global de uma função f
definida em D, entendemos um ponto c tal que f ( x ) ≤ f (c ) para todo x ∈ D . Analogamente definimos ponto
de mínimo global. Para esse tipo de problema, o principal resultado que temos é devido ao matemático alemão
Karl Weierstrass que diz o seguinte:
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Agora atente bem. O Teorema de Weierstrass apenas diz que os pontos de máximo e mínimo globais existem,
mas não diz como encontrá-los. Olhando para a figura abaixo
vemos que existem os seguintes candidatos a extremos globais: os
pontos críticos de f que pertencem ao interior do intervalo e os
extremos do intervalo.
Portanto, o roteiro a ser seguido para encontrarmos os extremos
globais de uma função f : [ a, b ] → R contínua é o seguinte:
Observe que neste caso não é necessário fazer o estudo do sinal da derivada nem fazer o teste da derivada
segunda. Vamos ver alguns exemplos:
f são x = 0 e x = 3 . Calculando o valor de f em ambos obtemos f (0) = 1 e f (3) = −26 . Agora calculamos
o valor de f nos extremos. Feito isso, obtemos f ( −1) = −10 e f (1) = −6 . Assim coletando os dados numa
tabela ficamos com as seguintes informações:
Como A é uma função contínua, o Teorema de Weierstrass garante a existência do ponto de máximo. Vamos
encontrar os pontos críticos de A. Derivando, obtemos A ' = 8 − 4 x3 , donde o único pontos crítico de A é
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A nossa próxima aplicação da derivada diz respeito a um aspecto muito importante de uma curva que é a
concavidade. Vamos dar algumas definições.
• Diremos que o gráfico de f tem a concavidade voltada para cima em um intervalo I do eixo-x se estiver
acima de todas as retas tangentes a ele no intervalo I , exceto no ponto de tangência.
• Diremos que o gráfico de f tem a concavidade voltada para baixo em I se estiver acima de todas as retas
tangentes a ele neste intervalo, exceto no ponto de tangência.
Observer as figuras abaixo. Na figura 1 o gráfico de f tem concavidade voltada para baixo, enquanto que na
figura 2 o gráfico de f tem concavidade voltada para cima.
Figura 1 Figura 2
Seja f uma função real definida num intervalo I do eixo-x e que possui derivada segunda em seu domínio.
• Se f '' > 0 em I então o gráfico de f tem a concavidade voltada para cima em I.
• Se f '' < 0 em I então o gráfico de f tem a concavidade voltada para baixo em I.
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Exemplo 3.5.2. f ( x ) = 2 x 3 − 12 x 2 + 18 x − 2 .
Seja
Vamos investigar a concavidade do gráfico de f . Observe
que f ' ( x ) = 6 x 2 − 24 x + 18 e
f '' ( x ) = 12 x − 24 = 12 ( x − 2 ). Vemos que x = 2 é a
única raiz de f ''( x ) = 0 . Pela análise do sinal de f ''
vemos que para valores de x menores que 2 o gráfico de f
tem concavidade voltada para baixo e para valores de x
maiores que 2 tem concavidade voltada para cima. Veja um
esboço do gráfico de f na figura ao lado.
Chegamos à nossa última aplicação da derivada e, com certeza, uma das mais importantes: a construção do
gráfico de algumas funções de uma variável. As ferramentas desenvolvidas nas seções anteriores serão de grande
importância aqui. Daremos a seguir um pequeno roteiro para o traçado do gráfico de uma função f definida em
algum subconjunto do eixo-x.
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a) Determinamos o seu domínio. Caso esse domínio contenha pontos de descontinuidade devemos analisar os
limites laterais em cada um deles.
b) Determinamos os pontos onde o gráfico da função corta os eixos coordenados. Esses pontos são chamados
de interceptos. Em alguns casos pode ser difícil encontrar os interceptos do eixo-x. O intercepto do eixo-y é
f ( 0) .
c) Determinamos os intervalos onde f é crescente e os intervalos onde f é decrescente, através do estudo do
sinal da derivada primeira antes e depois dos pontos críticos.
d) Determinamos os intervalos onde o gráfico de f tem a concavidade voltada para cima e os intervalos onde o
gráfico de f tem a concavidade voltada para baixo, através do estudo do sinal da derivada segunda antes
dos pontos de inflexão.
e) Determinamos o comportamento de f quando x → ±∞ .
Exemplo 3.6.1. Vamos fazer um esboço do gráfico de f ( x ) = 3 x + 4 x . Inicialmente observamos que o seu
4 3
domínio é o conjunto dos números reais. Vejamos os interceptos. Os pontos onde o gráfico de f corta o eixo-x
4
são dados pelas raízes da equação f (x ) = 3 x 4 + 4 x 3 = 0 , ou seja, x 3 (3 x + 4 ) = 0 que são x = 0 e x = − .O
3
ponto onde o gráfico de f corta o eixo-y é f ( 0 ) = 0. Vamos agora determinar os pontos críticos de f. Temos que
f '( x) = 12 x 3 + 12x 2. Os pontos críticos são x =0 e x = −1. Agora vamos estudar o sinal de f '. Podemos
reescrevê-la como f '( x) = 12 x + 12 x = 12 x ( x + 1) . Como o fator 12x é sempre ≥ 0 , o sinal de f ' é o
3 2 2 2
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⎛ 4⎞
lim f ( x ) = lim 3x 4 + 4x 3 = lim x 4 ⎜ 3+ ⎟ = +∞
x→+∞ x→+∞ x→+∞
⎝ x⎠
⎛ 4⎞
lim f ( x ) = lim 3x 4 + 4x 3 = lim x 4 ⎜ 3+ ⎟ = +∞
x→−∞ x→−∞ x→−∞ ⎝ x⎠
Um esboço do gráfico de f está mostrado abaixo
9x
Exemplo 3.6.2. Vamos fazer um esboço do gráfico de f ( x ) = . Inicialmente notamos que o domínio
( x + 1)2
de f é o conjunto os números reais diferentes de -1. Devemos, portanto, investigar o que ocorre com f próximo de
x = −1 . Observe que quando x está próximo de −1 pela esquerda, o numerador está próximo de -9 e o
denominador próximo de 0, e ambos possuem sinais contrários. Em virtude disso, lim− f ( x ) = −∞ . Por um
x →−1
argumento semelhante temos que lim f ( x) = −∞ . Determinemos agora os interceptos de f. O ponto onde f
+ x→− 1
corta o eixo-y é f (0 ) que é igual a 0. Os pontos onde f corta o eixo-x são as raízes de f ( x ) = 0 , ou seja, a raiz
de 9 x = 0 que é x = 0 . Veremos agora os intervalos onde f é crescente e aqueles onde f é decrescente. Temos
que
9 ( x + 1) −18 x ( x + 1) 9 ( x + 1)(1 − x) 9 (1 − x)
2
f '( x) = = = .
( x + 1) ( x + 1) ( x + 1)
4 4 3
Portanto, os pontos críticos de f são x = −1 e x = 1 . Observando a expressão da derivada, vemos que o estudo do
seu sinal pode ser feito a partir do estudo do sinal do denominador uma vez que o denominador é sempre
positivo. Assim sendo:
Da tabela acima constatamos que x = 1 é um ponto de máximo local. Apesar de f ' ter sinal negativo antes de
x = −1 e positivo após, não podemos qualificá-lo como um ponto de mínimo local pois ele não pertence ao
domínio de f. Vamos agora determinar os pontos de inflexão de f. Temos que
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