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Os Fundamentos do Conhecimento

Por centenas de anos, o que pautou o estudo de ciências variadas foi a


lógica matemática criando o conhecimento através dos abstrato/desconhecido.
Desde os difusores aos seguidores através dos tempos a matemática
tem ampliado seu alcance na raça humana e assim trazendo maior evidência
em diversos campos. Já ao final do século XIX, surge a observação dos
fundamentos matemáticos e não mais a defesa irrestrita do apenas se observar
e seguir a diante.
Começa a surgir a vontade de se saber as origens da matemática
visando a construção de pareceres confiáveis para os usos dela. Em
"Conceitos da Matemática Moderna" de Ian Stewart, fica evidente essa postura
de os matemáticos serem exigentes na hora de pedir uma prova absoluta antes
de aceitarem qualquer afirmação.
Vale salientar que um matemático especialista no estudo da lógica
matemática tem consigo maior rigor para uma comparação com um comum.
Quem opta pela lógica matemática apresenta por natureza o
questionamento de ideias que eram tidas como verdades absolutas há tempos.
Podemos citar a teoria da tricotomia onde se declara que cada número é
ou negativo, ou positivo, ou então zero. Algo que cabe, porém pouco discutido
ou mesmo provado, entretanto os que tinham a vertente lógica perceberam que
até a provação da lei da tricotomia fosse provada, esta em si poderia ser uma
inverdade.
Onde se comprovando sua não veracidade tudo relacionado a ela
poderia e/ou deveria ser ignorado. Mas sua consistência provou-se e sua
valência foi mantida. Fato é que desde os antigos gregos e egípcios a
matemática tem demonstrado teoremas verdadeiros, para alguns matemáticos
havia o temor de sua simples aceitação sem sua comprovação, algo
inaceitável.
Deste modo os ditos matemáticos lógicos passaram a provar estes
teoremas com o foco nos princípios fundamentais, mas estas verdades
originavam-se de outras deduções e assim por diante. Tal atestação faz com
que os matemáticos lógicos se depararam com a situação em que algumas
declarações essenciais que eram tão fundamentais que não podiam ser
provadas.
Essas hipóteses fundamentais são os axiomas (verdades) da
matemática,
e um exemplo a ser citado é a Um exemplo, é a lei comutativa da adição, que
simplesmente declara que para quaisquer números m e n:

m+n=n+m

Diversas outras possibilidades de axiomas são consideradas auto


evidentes e podendo ser facilmente explicados e todos são aceitos como os
pilares da ciência matemática já que foram testados aplicando-os a certos
números. Entretanto o maior desafio aos matemáticos era se criar, uma
matemática bruta a partir destes conceitos.
Assim um grupo de considerados matemáticos defensores da prática do
uso das teses lógicas da época, se juntam formando uma legião de estudiosos.
Estes então passam a buscar por modos de realizarem testes
comprobatórios onde visavam atestar rigorosamente a verdade por trás destes
axiomas e dar crédito a suas aplicações. A ideia era consolidar o que os
matemáticos pensavam que já conheciam, empregando apenas os padrões
mais rigorosos da lógica.
Para o matemático alemão Hermann Wey esta fase se definiu assim

“A lógica é a higiene que os matemáticos praticam para manter as ideias


fortes e saudáveis.”

A maior intenção era de que com estes estudos desde a origem da


matemática, fosse apresentada a solução de aspectos até então não
solucionados da matemática. Dentre eles, o "Último Teorema de Fermat".
David Hilbert a mais proeminente mente matemática da época encabeçou
estes estudos realizados pois era visto como uma referência, e este cria que
tudo poderia ser provado de modo simples e direto.
Estas comprovações deveriam dar um norte no que tange o uso de dois
elementos cruciais da matemática: a matemática deveria, pelo menos em
teoria, ser capaz de responder a cada pergunta individual; assim como deve
ser capaz de em lugar livre de inconsistências – ou seja, tendo-se mostrado
que uma declaração é verdadeira por um método, não deveria ser possível
mostrar que ela é falsa por outro.
Estando certo de que qualquer axioma poderia ser aceito, na resolução
de problemas matemáticos universais Hilbert em 08 de agosto de 1900; faz
uma palestra no Congresso Internacional de Matemática em Paris. Nele Hilbert
faz a apresentação dos 23 problemas não resolvidos pela matemática que
considerava de extrema urgência sendo que sua maior parte estava voltada a
questão lógica da matemática.
O ideal era o estabelecimento de um programa que fosse base de
pesquisas futuras. Hilbert queria unir a comunidade para ajudá-lo a realizar
sua visão de um sistema matemático livre de dúvidas ou inconsistências – uma
ambição que ele mandaria gravar na sua lápide:

"Wir müssen wissen, wir werden wissen.


Nós devemos saber, nós vamos saber".

Entre os anos de 10 e 20 do século XX, diversos foram os esforços para


a consolidação de uma matemática livre de erros ou falhas e quando em 1930
vem a aposentadoria de Hilbert, este tinha certeza de que a matemática está
em um caminho de plenos avanços.
O ano de 1931, foi onde um matemático desconhecido nos seus 25 anos
de idade publica um estudo pondo fim ao sonho de Hilbert.
Kurt Gödel, apresenta a tese de que a matemática jamais poderá ser
absolutamente perfeita ou exata absolutamente, fazendo os matemáticos da
época aceitarem com ressalvas tais argumentos. Implícita em seus trabalhos
estava a ideia de que problemas, como o Último Teorema de Fermat, poderiam
ser impossíveis de solucionar.
Quando tinha pouco mais de vinte anos, Gödel já estava estabelecido no
departamento de matemática da Universidade de Viena, lá teve contato com
filósofos que despertaram nele o ímpeto de se aprofundar nas raízes de
matemática através da lógica. Fazendo com que me 1931 o mundo fosse
apresentado ao livro "Über Formal Unentscheidbare Sätze der Principia
Mathematica und Verwandter Systeme (Sobre as Proposições Indecidíveis no
Principia Matemática e Sistemas Relacionados).
Esta obra visa demonstrar os tais teoremas da indecidibilidade, onde
muitos matemáticos como John von Neumann, revisaram suas teses e passam
a ter uma nova percepção dos modelos matemáticos conhecidos baseados nas
teorias de Hilbert substituindo pelo revolucionário trabalho de Gödel.
Estes novos estudos trazidos por Gödel, trazem com mais clareza e
objetividade a impossibilidade de se criar um modelo matemático completo e
consistente. Pois mostra que se o conjunto axiomático de uma teoria é
consistente, então existem teoremas que não podem ser nem provados nem
negados. Assim como estabelece que existe procedimento construtivo que
prove ser consistente a teoria axiomática.
Essencialmente a primeira declaração de Gödel diz que não importa o
conjunto de axiomas sendo usado, existem problemas que os matemáticos não
podem resolver – a completeza jamais poderia ser alcançada.
Uma verdade mais cruel é a de que os matemáticos nunca poderão ter
certeza de que sua escolha de axiomas não os levará a uma contradição – a
consistência jamais poderá ser
provada. Gödel tinha demonstrado que o programa de Hilbert era um exercício
impossível. Mas vale lembrar que mesmo onde a segunda tese mostre a
impossibilidade de se provar, muitos matemáticos ainda discutem a questão
destes axiomas onde há vertentes que defendem a sua consistência como os
que defendam o contrário.
Em um considerável tempo depois André Weil, iria dizer:

“Deus existe já que a matemática é consistente e o Diabo existe já que


não podemos prová-lo.”

Uma melhor maneira de se compreender tais teorias é examinar um


fragmento de lógica da Grécia Antiga conhecido como o paradoxo de Creta, ou
o paradoxo do mentiroso, inventado por Epimenides, um cretense que
exclamou:

“Eu sou um mentiroso!”

O paradoxo surge quando tentamos determinar se essa declaração é


verdadeira ou falsa. Primeiro vamos examinar o que acontece se presumirmos
que a declaração é verdadeira.
A verdade implica que Epimenides é um mentiroso, mas estamos
presumindo que sua declaração é verdadeira e, portanto, Epimenides não é
mentiroso – temos uma inconsistência.
Por outro lado, vamos ver o que acontece se presumirmos que a
declaração é falsa. Uma declaração falsa implica que Epimenides não é
mentiroso, mas presumimos inicialmente que ele fez uma declaração falsa e,
portanto, Epimenides é mentiroso – e assim temos outra inconsistência.
Se presumirmos que a declaração é verdadeira ou falsa terminamos
com uma inconsistência e, portanto, a declaração não é nem verdadeira nem
falsa.
Em suma Gödel traz possibilidades de aplicação da verdade ou da
mentira absoluta sobre qualquer aspecto possível, já que traz o princípio da
prova:

Esta declaração não tem nenhuma prova.

De muitos modos o trabalho de Gödel aconteceu paralelamente a


descobertas semelhantes feitas na física quântica. Há que se dizer aqui que
somente quatro anos depois em 1935, o físico alemão Werner Heisenberg
descobriu o princípio da incerteza. Werner Heisenberg descobriu o princípio da
incerteza.
Suas teses mostram que:

"Assim como existia um limite fundamental nos teoremas que os


matemáticos poderiam provar, Heisenberg mostrou que havia um limite
fundamental nas propriedades que os físicos poderiam medir".

Exemplificando, se eles queriam medir a posição exata de um objeto,


então eles só poderiam medir a velocidade do objeto com uma precisão muito
pobre. Isto acontece porque para medir a posição do objeto seria necessário
iluminá-lo com fótons de luz, mas para determinar a localização exata os fótons
precisariam ter uma energia enorme.
Contudo, se o objeto está sendo bombardeado com fótons de alta
energia, sua própria velocidade será afetada e se tornará inerentemente
incerta.
Portanto, ao exigir o conhecimento da posição de um objeto os físicos
teriam que desistir do conhecimento de sua velocidade. Este princípio mostra
que somente estão claros na física se vistos com medidas de alta precisão,
afinal a física quântica é mais especialista do que a física convencional. Um
cenário idêntico se fez presente na matemática quando os lógicos defendiam
uma temática até esotérica sobrea a indecidibilidade, os demais tinham uma
parecer mais cotidiano sem perder o foco das coisas.
Afinal Gödel já tinha provado que algumas teses não tinham uma
comprovação absoluta, eram somente uma existência real. Entre outras que
tinham um fundo racional é lógico.
Para muitos os trabalhos de indecidibilidade de Gödel só seriam
encontradas nas regiões mais extremas e obscuras da matemática. No ano de
1963, o temor de Gödel se concretiza com os estudos de Paul Cohen, um
matemático da Universidade de Stanford, que traz uma técnica para o teste de
uma questão em particular é indecidível. mas esta só funciona para certos
casos muito especiais, mas, de qualquer forma, ele foi a primeira pessoa a
descobrir que havia questões específicas que eram de fato indecidíveis. Cohen
após sua descoberta contata Gödel quem endossa sua autoridade, aprovando
e atestando o texto.
Um dado até irônico é que o estudo de Cohen prova que uma das 23
perguntas que David Hilbert a hipótese do continuum, era indecidível. A
somatória de trabalhos e teses de Cohen e Gödel, esclarecem que de modo
assustador, o Último Teorema de Fermat – talvez o teorema fosse indecidível.
Mas fica o questionamento, e se Pierre de Fermat tivesse cometido um
erro ao afirmar ter encontrado uma demonstração?
Se assim fosse então era possível que o Último Teorema fosse
indecidível. Demonstrar o Último Teorema de Fermat podia ser mais do que
apenas difícil, poderia ser impossível. E se o teorema fosse indecidível, então
os matemáticos teriam passado séculos procurando uma demonstração que
não existia.
Curiosamente, se o Último Teorema de Fermat se revelasse indecidível
então isso implicaria que ele estava certo. A razão é a seguinte. O teorema diz
que não existem soluções com números inteiros para a equação:

xn + yn = zn para n maior do que 2.

Se o Último Teorema fosse de fato falso, então seria possível provar isto
identificando uma solução (um exemplo contrário). E assim o Último Teorema
seria decidível. Ser falso seria inconsistente com a indecidibilidade.
Contudo, se o Último Teorema fosse verdadeiro não haveria,
necessariamente, um modo tão inequívoco de prová-lo, ou seja, ele seria
indecidível. Concluindo, o Último Teorema de Fermat poderia ser verdadeiro,
mas não haveria meio de prová-lo.

A Compulsão da Curiosidade

Nota-se nas anotações de Pierre de Fermat, na margem de sua


Aritmética de Diofante, uma certa frustração diante do fato de não se chegar a
um consenso. Muitos estudiosos da matemática ainda tentam a resolução
deste último teorema.
Tratado como a uma sereia da matemática, o último teorema chama a
atenção de muitos matemáticos e qualquer um que se envolvesse com ele,
perderia a possibilidade de formar uma carreira. Embora quem avançasse
poderia certamente fazer história, afinal seria este um grande feito a sua
resolução.
Por muito tempo matemáticos do mundo todo, fizeram estudos
aprofundados dentre eles, Cauchy, Euler, Kummer que não tiveram sucesso.
Fato é que a glória em si da resolução traria notoriedade e rentabilidade ao seu
desvendador .
A resolução deste último trabalho de Fermat, traz consigo um prazer
inigualável, como os de se solucionar pela matemática algo como palavras
cruzadas, ou mesmo a complexidade de uma expressão algébrica cotidiana.
Diversas são as aplicações matemáticas e dentre elas estão momentos
de pura complexidade como a trazida por Fermat em seu teorema, portando
vale salientar que por tempos incontáveis causou tanto apresso e fascínio por
despertar o melhor o raciocínio lógico humano em sua plenitude.
O matemático E. C. Titchmarsh uma vez disse:
“Não existe utilidade prática em saber que π é irracional, mas, se
podemos saber, então certamente seria intolerável não saber.”

No caso do "Último Teorema de Fermat" não havia escassez de


curiosidade, mas sim uma pobre noção de como lidar com o mesmo nos anos
de 1930 Gödel tinha introduzido um elemento de dúvida se o problema era
realmente solucionável, mas isto não era o suficiente para desencorajar o
verdadeiro fanático por Fermat.
Nos anos em que se seguiram com o advento do conflito mundial de
1939 a 1945, ironicamente surge é dele que vem a chave de tal solução: o
maior
avanço na capacidade de computação desde a invenção da régua de
cálculo.

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