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RESUMO
O modelo de placenta artificial tem como finalidade recriar o ambiente intrauterino, mantendo
a circulação fetal e realizando as trocas gasosas e, ao mesmo tempo, permitir a maturação
pulmonar. A placenta artificial apresenta-se como uma estratégia de suporte extracorpórea para
neonatos prematuros cujos pulmões ainda não estejam completamente desenvolvidos. Este
sistema é composto basicamente por uma bomba centrífuga, um oxigenador de membrana e
cânulas inseridas nos vasos fetais para renovação do sangue. As tentativas de desenvolver uma
placenta artificial foram abandonadas em meados da década de 80, mas com os avanços
tecnológicos, em especial com o surgimento dos oxigenadores de membrana de fibra oca e os
oxigenadores não microporosos compostos de biomateriais, deixaram os pesquisadores
otimistas no desenvolvimento do modelo ideal de placenta artificial. Este artigo apresenta uma
revisão dos fatos históricos e discute os avanços e perspectivas da utilização de modelos de
placenta artificial na medicina veterinária.
ABSTRACT
The model of artificial placenta has the intention to recreate the intrauterine environment while
maintaining the fetal circulation and gas exchange and at the same time allowing lung
maturation. The artificial placenta presents itself as a strategy of extracorporeal support for
premature infants whose lungs are not fully developed. This system is basically composed of a
centrifugal pump, a membrane oxygenator and cannulas inserted into the fetal vessels for
renovation blood. Attempts to develop an artificial placenta were abandoned in the mid-80s,
but with technological advances, in particular with the appearance of hollow fiber membrane
oxygenators and non microporous oxygenators composite of biomaterials, left hopeful
researchers in the development of ideal model of artificial placenta. This article presents a
review of the historical facts and discusses the progress and prospects of the use of different
models of artificial placenta in veterinary medicine.
1 Departamento de Ciências Animais, Universidade Federal Rural do Semi-Árido/ Doutorando em Ciência Animal (PPCA).
Contato principal para correspondência.
2 Departamento de Ciências Animais, Universidade Federal Rural do Semi-Árido/ Mestranda em Ciência Animal (PPCA)
3 Departamento de Ciências Animais, Universidade Federal Rural do Semi-Árido/ Docente do Programa de Pós-Graduação
RESUMEN
INTRODUÇÃO
REVISÃO DE LITERATURA
Apesar dos avanços da medicina perinatal, é certa ainda a dificuldade com os cuidados
para tratar neonatos prematuros e, diante dessa limitação, foi desenvolvido no final da década
de 80, um sistema de incubação extrauterina aplicado em modelos animais, cujos fetos eram
incubados na maioria dos estudos em líquido amniótico artificial e conectados a um oxigenador
de membrana extracorpórea, o sistema ECMO (Extracorporeal Membrane Oxigenator) (4-10).
O sistema ECMO conecta a circulação do paciente a uma bomba sanguínea externa e a
um pulmão artificial para suporte de vida temporária. Este sistema é formado por uma bomba
centrífuga, um oxigenador de membrana, cânulas inseridas nos vasos fetais para renovação do
sangue e ainda de um dispositivo que serve como um reservatório sanguíneo. As trocas gasosas
Oliveira GB, Campos LB, Pimentel MML, Santos FA, Oliveira MF, Bezerra MB. Placenta artificial: Um método
alternativo no suporte de vida de neonatos prematuros na medicina veterinária. Vet. e Zootec. 2014 jun.; 21(2):
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de oxigênio e gás carbônico são realizadas no oxigenador, o qual retorna ao paciente por meio
de veias ou artérias. Uma cânula adicional pode ser colocada na necessidade de hemodiálise ou
ultrafiltração (11).
De maneira geral, neste sistema o sangue rico em gás carbônico é levado pelas artérias
umbilicais ao oxigenador, enquanto o sangue rico em oxigênio retorna ao feto pelas veias
umbilicais (4, 12), sendo o sangue ventilado apresentando uma mistura de O2, N2 e CO2 em
concentrações ideais para se obter uma PO2 (pressão de O2) e PCO2 (pressão de CO2) de 30-35
mmHg nas veias umbilicais, o que torna possível manter estável as condições fisiológicas por
um período superior a 165 horas (4).
Existem várias técnicas usadas na ECMO, no entanto estudos mostram que, em cordeiros,
o método cuja distribuição sanguínea de oxigênio que melhor correlaciona-se ao fluxo
sanguíneo placentário natural parece ser a distribuição pelas cateterizações do átrio direito e
artéria umbilical drenando o sangue rico em CO2 e as veias umbilicais recebendo sangue
oxigenado do circuito ECMO (13).
O sistema ECMO é indicado em casos de insuficiências respiratórias, em especial aquelas
concernentes a doenças pulmonares reversíveis, cujos métodos tradicionais não se adéquam
(14). No entanto, como o tratamento por ECMO evoluiu para além do suporte cardiopulmonar,
o termo ECLS (Extracorporeal Life Support) tem sido utilizado para abranger todas as terapias
assistidas disponíveis, incluindo os suportes cardiorrespiratório, renal e hepático e ainda em
áreas em desenvolvimento tais como o suporte imune (15).
O circuito ECLS representa a placenta durante a gestação, sendo necessário que
características fetais sejam preservadas para uso de uma placenta artificial. Neste sistema, a
capacidade de transporte de oxigênio é adaptada com a redução da pressão parcial de oxigênio
devido principalmente ao aumento da capacidade da hemoglobina fetal ligar-se ao O2. Além
disso, os vasos umbilicais provêem um acesso não traumático ao sistema vascular central, e
essa trajetória vascular permite que o coração fetal se adapte ao aumento do volume sistêmico
causado pelo circuito extracorpóreo (16).
Placenta Artificial
sobrevivência de filhotes prematuros de cães por 1 hora. Mais tarde, com os avanços
tecnológicos da bomba e usando um oxigenador com membrana de silicone, (20) conseguiram
manter fetos de ovinos vivos por mais de dois dias submersos no fluido aminiótico artificial e
conectados ao circuito pelos vasos umbilicais, sendo realizado ainda a nutrição e infusão de
heparina por via parenteral.
Uma placenta artificial ideal deve possuir uma bomba de baixa pressão e somente o
coração deve direcionar o sangue pelo circuito extracorpóreo, já que a influência externa de
uma bomba sanguínea poderia provocar o desenvolvimento futuro de insuficiência cardíaca
congestiva. Também é desejável ligar o dispositivo ao sistema vascular fetal por meio de um
acesso natural (ex.: artéria e veias umbilicais), evitando complicações associadas com a
implantação cirúrgica de acesso vascular. Nesta configuração, o sangue fluirá desde a aorta pela
artéria umbilical para o dispositivo oxigenador e então terá seu retorno feito pela veia umbilical
que conduzirá o sangue para o ducto venoso e posteriormente à veia cava caudal (17). Dessa
forma, a placenta artificial necessita atender alguns critérios, tais como a manutenção dos
parâmetros circulatórios fetais o mais próximo possível do ambiente intrauterino e ser
desprovida de respiração mecânica, estando os pulmões fetais repletos de líquido.
As tentativas de desenvolver uma placenta artificial foram abandonadas em meados da
década de 80 (21). No entanto, neste mesmo período, modelos de ar com sistema de pressão
positiva, ventilação contínua e usando um ventilador mecânico foram introduzidos para tratar
a síndrome de angústia respiratória em caprinos recém-nascidos, melhorando acentuadamente
o prognóstico de filhotes prematuros (6, 8) e, constatada a permanência de neonatos caprinos
por quase 10 dias livres de sangramentos e sem retenção de líquido, problemas comumente
encontrados com a aplicação desta técnica (5).
Na década seguinte, um novo sistema denominado incubação fetal extrauterina (EUFI)
foi testado em filhotes caprinos extraídos do útero materno por cesárea no terço final de
gestação, período em que os pulmões ainda não atingiram sua maturidade, sendo as veias e
artéria umbilicais canuladas e conectadas ao circuito (9, 22, 23). Neste campo de pesquisa,
destaca-se os resultados obtidos por Unno et al. (24), que relataram a sobrevivência de fetos
caprinos, com idade gestacional de 120 a 128 dias, por meio do circuito arteriovenoso de
suporte de vida extracorpórea (AV-ECLS). Estes animais eram conectados pelos vasos
umbilicais ao circuito, injetado cloreto de pancurônio para suprimir movimentos e deglutição
fetais, sendo mantidos submersos em liquido aminiótico artificial por um período de até 543
horas e depois desconectados e estimulados a respirar pelos próprios pulmões. Depois de
desconectados do circuito, os animais tinham suporte de ventilação mecânica, tendo um quadro
estável e, permanecendo vivos por mais de 1 semana. Um resultado excelente, no entanto, até
então nenhum outro autor conseguiu repeti-lo até os dias de hoje.
Em 1996, Kamimura et al. (10) mencionaram a possibilidade de manter fetos ovinos vivos
incubados em solução salina estéril e conectados ao oxigenador de membrana extracorpóreo,
por meio de um cateter colocado na veia jugular e inserido até o átrio direito, onde o sangue era
recolhido, mantido a uma temperatura de 38 a 39 °C e direcionado ao oxigenador para as trocas
gasosas e, posteriormente retornado pela artéria carótida fetal com tubo inserido em sentido
caudal até o arco aórtico. No entanto, apesar deste circuito parecer ser suficiente quanto a
oxigenação da circulação cranial fetal, este pode apresentar-se como inadequado na distribuição
do sangue oxigenado pelo ventrículo esquerdo, em destaque para uma deficiência na circulação
coronária.
Dois anos depois, Yasufuku et al. (25) conseguiram demonstrar a produção de
surfactante, a manutenção do transporte de íons entre o epitélio pulmonar, o ganho do peso dos
pulmões (crescimento pulmonar) e o aumento no número de pneumócitos tipo II (maturação
pulmonar) em quatro fetos caprinos mantidos no modelo de bomba arteriovenosa do sistema
ECLS por um tempo médio de 139 horas. Neste mesmo ano, Sakata et al. (26) utilizando o
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Figura 1. Sistema de suporte de vida extrauterino com circuito arteriovenoso (AV-ECLS) com
artéria e veias umbilicais conectadas ao sistema e feto incubado em fluído amniótico artificial,
mantido sobre temperatura de 40 °C. Fonte: Adaptada de Yasufuku et al. (25).
Figura 2. Sistema de suporte de vida extrauterino com circuito venovenoso (VV-ECLS). Feto
de ovino mantido incubado em fluido aminiótico artificial sob temperatura de 40 °C. Fonte:
Adaptado de Gray, Shaffer e Mychaliska (21).
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Novos estudos
Nos últimos anos vários estudos foram realizados utilizando alguns modelos animais,
sendo encontrado na literatura estudos com coelhos (29), suínos (30) e ovinos (12, 15, 28, 31),
cujo intuito era desenvolver um modelo de placenta artificial ideal para animais, atingindo
resultados satisfatórios, mas distante dos resultados obtidos por Unno et al. (24) em cães.
Na tentativa de desenvolver um modelo de placenta artificial para recém nascidos Ivascu
et al. (29), realizaram um experimento em coelhos utilizando o circuito arteriovenoso com
artéria carótida esquerda e veia jugular interna canuladas, e um oxigenador de membrana de
fibra oca (Figura 1). Apesar de o fluxo sanguíneo ter sido mantido entre 25 a 30% da potência
cardíaca, isto é, um modelo de baixa pressão, os autores relatam que foi possível remover o
CO2 sem comprometimento hemodinâmico, permitindo acreditar que este circuito por meio de
uma placenta artificial pudesse ser utilizado como suporte de vida para neonatos com problemas
respiratórios.
Anos depois, utilizando um modelo de neonato ovino ligado ao circuito AV-ECLS,
tentou-se criar um sistema de bomba extracorpórea com um oxigenador de fibra de baixa
resistência, sendo a duração da perfusão de apenas 4 horas. A partir deste estudo os autores
concluíram que um circuito de baixa resistência foi suficiente para manter fetos no final da
gestação, mantendo-se a circulação sanguínea e as trocas gasosas necessárias para
sobrevivência do neonato (12).
No mesmo ano, leitões jovens foram ligados a um dispositivo de assistência pulmonar
composto por membrana microporosa (Oxigenador de fibra, Figura 4) pela artéria carótida e
veia jugular e os animais mantidos no sistema por 2 horas (30). Mais tarde, Arens et al. (31)
foram capazes de fornecer suporte de vida extracorpórea à ovinos prematuros por um período
de três horas utilizando um oxigenador de fibra oca, mantendo todos os animais do experimento
hemodinamicamente estáveis dentro do período de teste, com pressão arterial média maior que
35 mmHg e freqüência cardíaca maior que 140 batimento por minuto.
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Miura et al. (32) fazendo uso do circuito arteriovenoso (AV-ECLS) conseguiram que
fetos de ovinos permanecessem vivos por pouco mais de 18 horas submersos em solução salina
morna, sendo os vasos umbilicais conectados a placenta artificial. Neste mesmo ano, Gray et
al. (15), tentando minimizar os efeitos negativos do circuito AV-ECLS realizaram um estudo
utilizando cordeiros neonatos entre 130 e 140 dias de gestação incubados em líquido aminiótico
e ligados ao circuito pelo modelo venovenoso (VV-ECLS), em que a drenagem do sangue fetal
era feita pela veia jugular interna direita e o fornecimento do sangue oxigenado era feito pelas
veias umbilicais. Mesmo diante de inúmeros problemas (complicações técnicas na canulação
dos vasos fetais e colapso cardiovascular por falha cardíaca ou sepse) que provocaram a morte
de alguns fetos, estes pesquisadores conseguiram manter cinco fetos vivos por um período de
24 horas, com os parâmetros hemodinâmicos estáveis.
Gray et al. (28) em estudos com fetos de ovinos prematuros utilizando o circuito VV-
ECLS conseguiram manter a circulação fetal, os parâmetros hemodinâmicos, as trocas gasosas
e a perfusão cerebral estáveis por 70 horas, sendo os achados de necrópsia (ducto arterioso
evidente e ausência de hemorragia intracraniana), um indicativo do sucesso da técnica. Esta
tecnologia apresenta-se com grande potencial na mudança dos paradigmas da clinica neonatal,
trazendo esperança aos pesquisadores para que no futuro esta técnica possa ser implantada
como um método auxiliar no tratamento da angústia respiratória em neonatos.
Os estudos têm mostrado que o uso de uma placenta artificial como um modelo
alternativo para atender as necessidades do tratamento de neonatos prematuros apresentaram
bons resultados quando observado os parâmetros clínicos e laboratoriais, sendo sugerido por
alguns autores (6) que o metabolismo do oxigênio apresentado em fetos de caprinos ligados a
placenta artificial é equivalente ao de fetos quando no útero materno.
O primeiro resultado a ser mensurado no uso do modelo de placenta artificial é o tempo
em que os fetos permanecem vivos, no entanto, existem outros parâmetros fisiológicos (pH
sanguíneo, hemograma completo, concentração de lactato, tempo de coagulação sanguínea, etc)
que devem ser considerados e que até então carecem de informações na literatura e são
importantes na avaliação do sucesso da técnica. Sabe-se que apesar das trocas gasosas e a
circulação fetal serem mantidas é relatado em neonatos de ovinos incubados em solução salina
no sistema arteriovenoso (AV-ECLS) hipotensão e decréscimo do fluxo no dispositivo após 4
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horas de incubação, sendo o suporte por tempo prolongado dificultado devido a alta resistência
da cânula e principalmente pelo declínio no fluxo sanguíneo pelo equipamento (12). Ainda,
acredita-se que o uso de vasoconstritores possa aumentar excessivamente o fluxo sanguíneo do
circuito e assim ocasionar falhas na circulação nos órgãos sistêmicos, sendo mais útil o uso de
vasodilatadores em vez dos vasocontritores para manter o fluxo sanguíneo dentro deste circuito
(32).
São relatadas também hipertensão e hipóxia nas primeiras horas em fetos de ovinos
incubados no circuito VV-ECLS, que depois são normalizadas (15). O desenvolvimento de
leucopenia e trombocitopenia é um achado comum entre os pacientes neonatais durante as
primeiras 24 horas no sistema ECLS (15, 33, 34). Isto pode ser explicado pelo contato do sangue
fetal com superfícies estranhas (cânulas, tubos do circuito, superfície do oxigenador), causando
a ativação do sistema de complemento, resultando mais tarde na leucopenia (33). Similarmente,
o contato do sangue com a superfície do circuito estimula a ativação plaquetária e
consequentemente levando a trombocitopenia (35).
Sakata et al. (26) observaram a presença de ascite, efusão pulmonar, edema periférico ao
final do experimento nos fetos caprinos incubados no sistema AV-ECLS. Pak et al. (36)
osbervaram como principal causa da morte de caprinos incubados no sistema AV-ECLS, a
insuficiência circulatória, e em alguns casos decorrente de hipóxia por formação de coágulo no
circuito ou por problemas com o cateter. Após autópsia, os autores identificaram ainda efusão
pleural, ascite, edema subcutâneo, hemorragia intraperitoneal e petéquias intra-abdominais.
Acredita-se que estes sinais sejam decorrentes de falha circulatória consequente do sistema AV-
ECLS conectado ao feto, pela deficiência na homeostase fetal, função renal imatura e/ou por
outra deficiência na função placentária a qual não foi suprida pelo equipamento.
Limitações da Técnica
A placenta artificial é desenvolvida para dar suporte de vida aos neonatos prematuros
com insuficiência respiratória grave por vários dias até que tenha ocorrido uma melhora
significativa na função pulmonar. É desejável que todos os componentes da placenta artificial
(oxigenador, tubos e cateteres) sejam compatíveis com o sangue do neonato para se ter uma
perfusão segura e duradoura sem prejudicar o recém nascido (ausência de danos às células e
proteínas sanguíneas, sem adsorção de proteínas, ausência de adesão ou ativação de plaquetas
e sem provocar respostas adversas) (17). Contudo, não é bem o que ocorre, sendo relatadas
ainda inúmeras complicações e questões que devem ser tratadas no laboratório, antes que a
placenta artificial possa ser levada ao cenário clínico. O primeiro e mais urgente que deve ser
resolvido é o risco de hemorragias cerebrais (hemorragia intracraniana e intraventricular) (37).
Para minimizar os riscos de hemorragia intraventricular deve-se evitar a ventilação por
pressão positiva, que pode aumentar a pressão de perfusão cerebral, e ao mesmo tempo, manter
os parâmetros hemodinâmicos e as trocas gasosas estáveis, propondo-se ainda a escolha de
superfícies não trombogênicas na forma de biomateriais, constando na literatura cinco materiais
de revestimento que têm sido utilizados para prevenir a coagulação nos oxigenadores: heparina,
óxido nítrico, células endoteliais mistas, silicone e polímeros hidrofílicos (17, 38-42).
A heparina aderida na superfície promove anticoagulação pela ligação a antitrombina e
inibe a resposta imune por interferir na ativação das vias clássica e alternativa do complemento
(43), bem como promove uma redução na adesão de leucócitos, adsorção de fibrinogênio e
diminuição na ligação das plaquetas (44). O óxido nítrico atua inibindo a ativação de plaquetas
e reações inflamatórias (39, 40). Já o uso de revestimentos de silicone promove uma ligeira
diminuição na ativação do complemento, mas com menor eficácia na redução da coagulação e
ativação de plaquetas (45).
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COMENTÁRIOS FINAIS
Estudos recentes têm sido desenvolvidos em alguns modelos animais e servido de prova
da eficácia e viabilidade das novas bombas de baixa pressão dos circuitos extracorpóreos. No
entanto, se faz necessário a realização de mais estudos que permitam estabelecer um suporte de
vida extracorpórea por um tempo maior até a completa maturação pulmonar em pequenos
animais. Além do mais, faz-se necessário que as dificuldades atuais, sobretudo aquelas
concernentes à otimização da técnica de cateterismo dos vasos, à hemocompatibilidade e ao
controle trombogênico, sejam resolvidas para que, num futuro próximo, o modelo de placenta
artificial ideal possa se tornar uma realidade na clínica médica e cirúrgica neonatal veterinária
e humana.
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