Você está na página 1de 23

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

BIOMEDICINA

FERNANDA ALMEIDA DA SILVA E MYLENA GARCIA MARTINS DOS


SANTOS
202008118557 E 202008572967 / 9008 E 9006

CÉLULAS-TRONCO MESENQUIMAIS ATRAVÉS DO TECIDO


ADIPOSO NA REGENERAÇÃO TECIDUAL CUTÂNEA

RIO DE JANEIRO
08/2023
FERNANDA ALMEIDA DA SILVA E MYLENA GARCIA MARTINS DOS
SANTOS 202008118557 E 202008572967 / 9008 E 9006

CÉLULAS-TRONCO MESENQUIMAIS ATRAVÉS DO TECIDO


ADIPOSO NA REGENERAÇÃO TECIDUAL CUTÂNEA

Projeto de Trabalho de Conclusão de


Curso, do curso de Biomedicina, apresentado à
Universidade Estácio de Sá, sob orientação do
Prof. Camila Freze Baez.

RIO DE JANEIRO
08/2023
LISTA DE FIGURAS

1. FIGURA 1 10
2. FIGURA 2 16
SUMÁRIO

RESUMO 5
1. INTRODUÇÃO 6
2. METODOLOGIA 8
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 8
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 16
5. REFERÊNCIAS 17
4

RESUMO

Novas estratégias para a regeneração do tecido são necessárias para proporcionar um tratamento
eficaz para feridas cutâneas e doenças. As células-tronco mesenquimais (CTMs) têm sido
descritas como uma fonte atrativa de células para a regeneração de tecidos, em razão da sua
multipotencialidade e capacidade de liberação de moléculas ativas importantes para o reparo
tecidual. As células-tronco mesenquimais representam uma rara subpopulação das células-
tronco da medula óssea (< 0,01% das células mononucleares da medula óssea) com capacidade
de expansão mitótica in vitro. Esse tipo celular apresenta como uma de suas virtudes
considerável atividade imunossupressora, evitando assim efeitos adversos relacionados a
rejeição entre o material infundido e o hospedeiro. Acredita-se que terapias celulares com
células-tronco mesenquimais (CTMs) adultas apresentam vantagens em relação a outros
métodos de reparação tecidual e o tecido adiposo representa uma fonte ideal de células-tronco
autólogas mesenquimais. Logo, a utilização de terapias celulares com células-tronco
mesenquimais é prática em ascensão nas cirurgias reparadoras, principalmente, de defeitos
estéticos, como cicatrizes de acne, queimaduras e envelhecimento cutâneo. Neste sentido, o
presente estudo teve como o objetivo avaliar a ação das células-tronco mesenquimais através
do tecido adiposo no reparo de lesões tecidual e cutâneas.

Palavras-chaves: regeneração do tecido; células-trocos mesenquimais; cutâneo; reparação


tecidual; lesões; cicatrizes.
INTRODUÇÃO

O desenvolvimento tecnológico da ciência tem disponibilizado benefícios consideráveis


para a humanidade, através do estudo e da introdução de novas vacinas e terapias, aumentando
a expectativa de vida e à melhora na saúde das pessoas em todo o mundo. Pesquisas têm sido
realizadas acerca da terapia com células-tronco, obtendo-se resultados auspiciosos no que se
refere ao tratamento de regeneração tecidual e cutâneo. Este trabalho tem como objetivo uma
revisão sobre os diferentes tipos de células-tronco e as mais recentes pesquisas a respeito do
potencial de utilização destas células.

O termo célula-tronco, do inglês stem cell, diz respeito a células precursoras que
possuem a capacidade de diferenciação e auto renovação ilimitadas, podendo dar origem a uma
variedade de tipos teciduais (WATT; HOGAN, 2000; BERNÁ; KAUFMAN; THOMSON,
2001; ODORICO et al., 2001; GRITTI; VESCO- VI; GALLI, 2002). Normalmente, entre uma
célula-tronco e sua progênie totalmente diferenciada existe uma população intermediária
conhecida como células amplificadoras transitórias, que possuem uma capacidade proliferativa
mais limitada e um potencial de diferenciação restrito. A presença destas células amplificadoras
transitórias também explica como um tecido pode manter uma produção elevada de células
diferenciadas a partir de um pequeno número de células-tronco. Como, normalmente, as
células-tronco possuem um ciclo celular lento, muitas das células em divisão em um
determinado tecido são células amplificadoras transitórias, que estão destinadas a se diferenciar
após um determinado número de divisões. Desse modo, a capacidade de divisão celular não é,
por si mesma, um indicador da condição de célula-tronco (SLACK, 2000). As células-tronco
estão presentes no embrião, quando são designadas células-tronco embrionárias, mas podem
também ser encontradas em tecidos adultos, originando as células-tronco adultas (VOGEL,
2000).

Levando-se em consideração algumas distinções, como o nível de plasticidade que estas


células possuem, quantas diferentes vias podem seguir, e para qual porção de um organismo
funcional elas podem contribuir, as células-tronco classificam-se em totipotentes, pluripotentes
e multipotentes.

Tecido adiposo é um tipo de tecido conjuntivo que apresenta células especializadas


denominadas adipócitos, os quais se caracterizam por possuir gordura em seu interior. Vale
destacar, que essas células podem ser encontradas de maneira isolada ou formando conjuntos
no tecido conjuntivo frouxo. Os adipócitos são células que, como as outras células eucariontes,
apresentam membrana plasmática, núcleo e organelas membranosas. Sua propriedade mais
relevante é a presença de gordura no citoplasma que, muitas vezes, ocupa praticamente toda
essa região, movendo o núcleo para um local mais limítrofe da célula. Eles são os únicos
capazes de armazenar lipídeos na forma de triglicerídeos, sem que suas funções sejam
lesadas. A estruturação do tecido adiposo ocorre com base nas células do mesênquima (tecido
embrionário) indiferenciado. O tecido adiposo é classificado em tecido adiposo comum e/ou
amarelo e unilocular e em tecido adiposo pardo ou multilocular. A concentração e o depósito
de lipídeos são motivados por fatores neurais e hormonais. Esses lipídeos estocados nos
adipócitos são, preferencialmente triglicerídeos (ésteres de ácido graxos e glicerol) obtidos a
partir da absorção pós digestão dos alimentos, do fígado e pele síntese nos adipócitos a partir
de glicose. A síntese de ácido graxos pelos adipócitos é acelerada pela insulina, hormônio que
também estimulam a entrada de glicose nos adipócitos.

Alguns cientistas acreditam que o tecido adiposo seja uma propícia fonte de células-
tronco adultas (CTA) para aplicações terapêuticas a princípio, por estar disponível em grandes
quantidades entre (100 ml até 1 l), por meio de lipossucção ou lipoaspiração e com uma
irrelevante morbidade.

Houve uma constatação nos últimos anos que o tecido adiposo não é apenas um
fornecedor e armazenador de energia, mas um órgão ativo e produtor de hormônios, que está
implicado em uma variedade de processos fisiológicos e fisiopatológicos, por ser apto para
secretar várias proteínas intituladas adipocinas (citocinas).

Célula-tronco derivadas do tecido adiposo representa fonte numerosa de células para


transplantes autólogos, além de ser facilmente retirado por lipoaspiração que é um método mais
acessível e menos invasivo do que a punção da medula óssea. As análises confrontadas entre as
células-tronco mesenquimal (MSCs), células-tronco derivadas do estroma da medula óssea
(BMSCs), das células-tronco derivadas do tecido adiposo (ADSCs), e das células-tronco do
cordão umbilical (CUSCs) expressaram que as ADSCs não são diferentes, quanto a morfologia
e ao fenótipo imunológico, analogicamente as BMSCs e as CUSCs. Todavia, a frequência
de ADSCs no tecido adiposo ultrapassa a frequência das BMSCs, no estroma medular. O
número de proliferação celular das ADSCs é maior do que a das BMSCs.

Por meio de lipoaspiração, pode-se obter cerca de 2-6*10 células em 300ml de tecido
adiposo. Efetivamente os dados da literatura em relação ao isolamento das ADSCs indicam que,
conforme o procedimento cirúrgico e o método laboratorial utilizado, pode-se obter não apenas
quantidades diferentes de ADSCs a partir da mesma quantidade de tecido adiposo, mas
também ADSCs com efetividade e particularidades variadas.

Deste modo, parece presumível que o tecido adiposo humano seja constituído por
diferentes subtipos de célula-tronco, dependendo da posição anatômica. Contudo são
necessários mais estudos comparativos da estrutura celular e do potencial de diferenciação
das ADSCs isoladas de tecidos adiposo de localização anatômicas distintas, com
atenção também ao tipo de procedimentos cirúrgico e/ou laboratorial aplicado.

MÉTODOLOGIA

Nesse trabalho é desenvolvido uma revisão da literatura, que buscou demonstrar a


utilização das células-tronco mesenquimais, obtida da gordura do próprio corpo do paciente,
como terapia de regeneração tecidual cutâneo. O levantamento da literatura foi realizado pela
busca de artigos que retratassem mecanismos do processo de coleta das células-tronco
mesenquimais e a aplicação terapêutica. Foram incluídos trabalhos publicados no período de
2000 até 2018, tanto artigos em inglês como português. Foram realizadas consultas na Fiocruz
(on-line), Google Acadêmico, PubMed, Scientific Electronic Library, SCiELO e Mendeley. Os
artigos foram selecionados com base nos seguintes descritores: fisiologia da pele, cicatrização,
regeneração tecidual, terapia com células-tronco, células-tronco derivadas do tecido adiposo,
regeneração com células-tronco mesenquimais na dermatologia, regeneração cutânea. As
informaçoes foram coletadas entre setembro de 2022 e agosto de 2023.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

1 Estrutura da pele

A pele é o maior órgão do corpo humano, é responsável por cerca de 16% do peso
corporal e possui como principal função isolar as estruturas internas do ambiente externo, e é
constituída por três camadas: epiderme, derme e hipoderme ou tela subcutânea. A pele é
composta por duas camadas: epiderme e derme. Devido à proximidade e ao comportamento
reacional do tecido subcutâneo nos diferentes processos patológicos, alguns autores o
consideram como uma terceira camada. (Lippincott Williams & Wilkins; 2009.)

A camada externa da pele é a epiderme, sendo avascular com espessura de 75 a 150 mm,
sendo de 0,4 a 0,6mm de espessura na palma das mãos e planta dos pés, tendo como função
principal, proteção contra agentes externos. Constituída de células epiteliais achatadas
sobrepostas que as considerando de dentro para fora.

A segunda camada é a derme sendo mais profunda, composta por tecido conjuntivo
denso irregular. É uma camada cutânea presente entre a epiderme e o tecido subcutâneo,
ricamente constituído por fibras de colágeno e elastina. É capaz de promover a sustentação da
epiderme e tem participação nos processos fisiológicos e patológicos do órgão cutâneo. Sua
espessura pode variar de 0,6 mm (regiões mais finas) até 3 mm, onde atinge sua proporção
máxima, apresenta três regiões distintas: região superficial ou papilar, que mantem contato com
a epiderme, e composta por tecido conjuntivo frouxo, com predominância de feixes de fibras
colagenosas mais espessas onduladas e em disposição horizontal, possui pequenos vasos
linfáticos e sanguíneos. Terminações nervosas, colágeno e elastina, corpúsculo de meissner e
tem função de favorecer nutrientes: a segunda camada é a profunda ou reticular, constituída por
tecido conjuntivo denso não modelado, com fibras de colagenosas mais espessas em
disposições horizontais, formada pela base dos folículos pilosos, glândulas, vasos linfáticos e
sanguíneos, terminações nervosas, colágeno e elastina, essa camada fornece oxigênio e
nutrientes para a pele: e a terceira região é a adventícial, circundada por folículos pilossebáceos,
glândulas e vasos, sendo constituída por feixes finos de colágeno. e na derme estão presentes
os anexos cutâneos como glândulas sebáceas e sudoríparas, pêlos e unhas (TASSINARY, 2019:
OLIVEIRA. 2011).

E entre a epiderme e a derme. Está presente a lâmina dermo-epidérmica, a qual permite


que essas duas camadas estejam ancoradas, é sintetizada pela camada basal e tem como função
ser uma barreira e filtro de nutrientes, entre as camadas (FRANCESECHINI, 1994).

A última camada é constituída pela hipoderme ou tela subcutânea, considerada um órgão


endócrino, constituídas por adipócitos, tem as funções de reserva energética, proteção
contrachoques, formação de uma manta térmica e modelação do corpo (TASSINARY, 2019).
O tecido subcutâneo é composto por adipócitos que apresentam citoplasma globoso, não
vacuolado. Os lóbulos de gordura são separados por septos fibrosos onde passam pequenos
vasos. (Wortsman X. Common applications of dermatologic sonography. J Ultrasound Med.
2012;31:97-111.)
Figura 1

É na camada mais interna que os queratinócitos se multiplicam e parte se desprende da


camada basal e migra para a superfície, esse processo leva cerca de 30 dias, então, as células
vão sofrendo alterações e em cada camada que passam, uma quantidade de queratina vai se
acumulando até perderem seu núcleo e na altura do estrato córneo onde as células são
denominadas conócitos, sofrem seu processo de descamação natural (JUNQUEIRA;
CARNEIRO, et al., 2004).

1.2 Reparo Tecidual

Na pele normal, a epiderme e a derme mantêm a homeostasia do tecido, formando uma


barreira protetora ao ambiente externo. Uma vez alterado este equilíbrio como em razão de uma
lesão, o processo de reparo é imediatamente ativado. Esta resposta à lesão na pele, assim como
em outros tecidos, é altamente complexa e envolve uma cascata de eventos, coordenados por
interações entre diferentes tipos celulares, fatores solúveis e componentes da matriz extracelular
(MEC) (KO et al., 2011). O processo de reparo tecidual foi separado didaticamente em três
fases distintas, porém, sobrepostas: fase inflamatória, fase proliferativa (tecido de granulação e
depósito de MEC) e fase de remodelamento.

Segundo NOLTELIUS, H. (1977), um organismo que tenha um certo tipo de lesão, onde
ocorra uma descontinuidade tecidual, primeiramente passa por um processo inflamatório, que
segue com a regeneração ou reparação dos tecidos lesados.
A regeneração de tecidos corresponde à substituição das células parênquimas do mesmo
tipo, com o propósito de recuperar a estrutura e a função do tecido original, deixando pouco ou
nenhum vestígio da lesão inicial. A reparação tecidual consiste na substituição das células
lesadas por tecido conjuntivo, a fim de se obter a total cicatrização da área lesada.

Na maioria das lesões no organismo, ocorre primeiramente a etapa de regeneração das


células parênquimas e, após cessado este mecanismo, ocorre a etapa de reparação tecidual, na
qual a lesão é preenchida com tecido conjuntivo até se atingir a total cicatrização
(NOLTELIUS, H. (1977)).

2 Célula-Tronco

A origem da célula-tronco está dividida em dois grupos de acordo com seu local de
matriz podendo ser células-tronco embrionárias (CTE) quando são oriundas da massa celular
interna do blastocisto embrionário, e células-tronco adultas (CTA) que são obtidas no sangue
do cordão umbilical, na medula óssea (MO), no sangue periférico, em cada órgão do organismo
e no tecido adiposo.

Célula-tronco Totipotente, compreende-se por células do embrião recém-formado e tem


a capacidade para dar origem as células do folheto extraembrionário que formarão a placenta.
Contudo essas células são de curto período e desaparecem no quarto dia após a fecundação.
Entretanto, no Brasil o uso dessas células é restrito para pesquisas e terapia, pela lei de
biossegurança 11.105 de 24/03/05.

Célula-tronco Pluripotente, essas células originam qualquer tipo de tecido exceto a


placenta e tecidos de apoio ao feto. Formam a massa celular interna do blastocisto após o quarto
dia de fecundação. Essas células têm sido utilizadas na criação de animais transgênicos e
possuem umas grandes variedades de aplicações.

Célula-tronco Multipotente. essas células são um pouco diferenciadas, presente no


organismo adulto, com capacidade de originar apenas um número limitado de tecidos. São
caracterizadas de acordo com o órgão que se originam e podem descender, possibilitando a
regeneração tecidual. Contudo com o avanço das pesquisas tem sido cada vez mais
argumentado, visto que células antes consideradas multipotentes, a exemplo das células-tronco
neurais que tem se revelado pluripotente.

2.1 Células-tronco Mesenquimais


Célula-tronco Mesenquimal, podendo derivar tecidos mesodermas e não mesodermas.
Possui propriedades imunossupressoras e imunomoduladores que possibilita a aplicação clínica
e terapêutica. Atualmente há um grande interesse nas células-tronco Mesenquimais por suas
características biológicas especificas que as fazem possíveis materiais clínicos em diversas
áreas biomédicas.

O trabalho descrito por Friedenstein et al. (1974) demonstrou definitiva evidência que a
medula óssea possui, além de progenitores hematopoiéticos, uma população de células
formadoras de colônias fibroblásticas (CFU-F), denominadas posteriormente de CTM
(BIANCO; ROBEY; SIMMON, 2008). Essas células, que têm morfologia fibroblastóide, são
classicamente definidas pela propriedade de auto-renovação e multipotencialidade (BIANCO;
ROBEY; SIMMON, 2008; RICKARD et al., 1996).

As células-tronco mesenquimais (MSC) são consideradas uma linhagem de células-


tronco somáticas e estão presentes em regiões perivasculares de todos os tecidos adultos, em
pequenas quantidades, incluindo a medula óssea (MO), o tecido adiposo, o periósteo, o tecido
muscular e os órgãos parenquimatosos (MEIRELLES et al., 2008; MAMBELLI et al., 2009;
ZUCCONI et al., 2009). A MO constitui um dos principais sítios doadores dessas células, assim
como de células-tronco hematopoiéticas e endoteliais (PITTENGER et al., 1999; MINGUELL
et al., 2000). São consideradas células multipotentes não hematopoiéticas com propriedade de
autorrenovação e capacidade de diferenciação em tecidos mesenquimais (Reiser et al., 2005).

Segundo a Sociedade Internacional de Terapia Celular uma determinada população de


células será classificada como célula-tronco mesenquimal quando apresentar três características
chaves. A primeira é que as mesmas sejam isoladas com base nas suas propriedades de adesão
seletiva à superfície do material onde são cultivadas (geralmente plástica). A segunda é que as
expressões dos antígenos de membrana CD105 (endoglina ou SH2), CD73 (SH3 ou SH4) e
CD90 (Thy-1) tenham uma positividade maior de 95% e que CD34, CD45, CD14, ou CD11b,
CD79, ou CD19 e HLA-DR sejam expressos em menos de 2% das células em cultura. Por fim,
que as células possam ser diferenciadas em tecido ósseo, gorduroso e cartilaginoso após

estímulo (Horwitz, 2005).

Uma questão importante relacionada às CM e sua utilização para terapia celular é que,
quando obtidas de tecidos diferentes, elas não seriam consideradas idênticas, porém similares
(MEIRELLES; CAPLAN; NARDI, 2008). Os estudos comparativos de CTM de origem
tecidual distinta são necessários, a fim de determinar a eficácia dessas células para aplicações
terapêuticas específicas e entender a função que elas possuem em seu sítio de origem
(MEIRELLES; CAPLAN; NARDI, 2008). O conhecimento das características ultraestruturas
das CTM poderia representar a base para identificar in situ os nichos em que essas células
residem, proporcionando um suporte para caracterizá-las nos tecidos adultos (PASQUINELLI
et al., 2007).

Dentre os diversos tecidos em que as CTM podem ser isoladas, o tecido adiposo e o
cordão umbilical são considerados importantes fontes de CTM com potencial uso para
regeneração tecidual (SI et al., 2011). O isolamento e identificação da população de CTM
derivadas do tecido adiposo (ZUK et al., 2001) e cordão umbilical (COVAS et al., 2003;
ROMANOV et al., 2003) são achados recentes, dessa maneira, a caracterização fenotípica
dessas células ainda não está elucidada (MIZUNO; TOBITA; UYSAL, 2012)

2.2 Células-tronco Mesenquimais derivadas do tecido adiposo

O tecido adiposo já foi considerado somente um reservatório de energia, mas,


atualmente, ele é reconhecido como um órgão endócrino complexo que tem funções fisiológicas
e fisiopatológicas importantes, especialmente, na homeostase energética e na inflamação
(MAJKA et al., 2011).

As análises comparativas das MSCs, das células-tronco derivadas do estroma da medula


óssea (bone marrow stromal cells - BMSCs), das ADSCs e das células-tronco do cordão
umbilical (CUSC) demonstraram que as ADSCs não são diferentes quanto à morfologia e ao
fenótipo imunológico, comparativamente às BMSCs e às CUSCs. Contudo, a frequência de
ADSCs no tecido adiposo excede a frequência das BMSCs (A incidência das BMSCs é estimada
em cerca de 1 em cada 100.000-500.000 células nucleadas do aspirado da medula óssea de
adulto) no estroma medular. (Oedayrajsingh-Varma, M J et al. “Adipose tissue-derived
mesenchymal stem cell yield and growth characteristics are affected by the tissue-harvesting
procedure.” Cytotherapy vol. 8,2 (2006): 166-77.)

O tecido adiposo representa fonte abundante de células para transplantes autólogos,


além de ser facilmente obtido por lipoaspiração, que é um método mais barato e menos invasivo
do que a punção da medula óssea.
Além das vantagens de fácil isolamento, elevada quantidade de células isoladas e rápida
proliferação em cultura, as CTM do tecido adiposo possuem propriedades anti-apoptóticas,
antigênicas e de remodelação tecidual, em que essas células promoveriam a regeneração do
tecido com lesão, através da produção de citocinas e fatores de crescimento (GIMBLE;
BUNNELL; GUILAK, 2012). Diante dessas características, as CTM do tecido adiposo vem
sendo amplamente estudadas como alternativa terapêutica para doenças como as
neurodegenerativas (SALGADO et al., 2010), autoimunes (CHO et al,. 2013; MARIA et al.,
2016; VOSWINKEL et al., 2013), isquêmicas (GUO et al., 2016), cardíacas (ALT et al., 2010;
CHEN et al., 2014), hepáticas (WINKLER et al., 2015), musculares e ósseas (GUGJOO, et al.,
2016; GARIMELLA et al., 2015; PAK, 2011).

2.3 As células-tronco mesenquimais na reparação dos tecidos

Lesões graves na pele, como queimaduras extensas, trauma e úlceras crônicas, exigem
uma cobertura que proporcione a reparação e restauração da função da pele. Esta cobertura,
geralmente, corresponde ao enxerto autólogo de pele. Contudo, a remoção de pele saudável
para a realização da cobertura é um processo altamente invasivo e doloroso para os pacientes,
além de, em alguns casos, ser impossível a obtenção do enxerto, como em pacientes com
queimaduras extensas. A fim de prover um tratamento mais efetivo e viável e que forneça o
reparo tecidual, inúmeras pesquisas vêm sendo desenvolvidas no que se refere à engenharia
tecidual (WONG; CHANG; 2009).

A lesão tecidual ocasionada por traumas ou agentes químicos e/ou infecciosos pode
resultar em perda anatômica e funcional da integridade dos tecidos. Imediatamente, uma
sequência complexa de eventos é desencadeada na tentativa de restaurar a integridade da área
lesada (MARTIN, 1997).

Após a lesão tecidual, um coágulo se forma logo nos primeiros minutos; as plaquetas
tornam-se ativadas e liberam fatores de crescimento. Em sequência, desenvolve-se um processo
inflamatório envolvendo as células do sistema imune (poucas horas após a lesão),
primeiramente neutrófilos, macrófagos e células dendríticas (resposta imune inata) e,
posteriormente, linfócitos (resposta imune adquirida) (MARTIN, 1997; TSIROGIANNI et al.,
2006). Os macrófagos, além de iniciarem a resposta inflamatória, fagocitam os debris celulares,
e substâncias antigênicas interagem com as células da resposta adaptativa e produzem
moléculas estimulatórias e mediadores inflamatórios, que, inicialmente, ativam mecanismos e
células participantes do processo de reparação (TSIROGIANNI et al., 2006).

Atualmente, acredita-se que terapias celulares com células-tronco mesenquimais


(CTMs) adultas apresentam vantagens em relação a outros métodos de reparação de tecidos.
Observou-se uma regeneração de alta qualidade sem a formação de cicatrizes ou fibrose e
menor risco de rejeição e transmissão de doenças.

Paralelamente à ocorrência da resposta inflamatória, as células endoteliais são ativadas


pela lesão vascular e hipóxia tecidual, e mais células do sistema imune são quimioatraídas. Essa
quebra na homeostasia tecidual gera um estímulo para a ativação do pericito/MSC. Em resposta
a essa ativação e à perda de contato com as células endoteliais e com a membrana basal, as
células pericito/MSC proliferam-se, elevam o número de moléculas bioativas secretadas
(fatores de crescimentos e moléculas de adesão, principalmente), migram para o local de lesão
e/ou por diapedese entram na corrente circulatória onde exercerão efeitos parácrinos
(TSIROGIANNI et al., 2006; MEIRELLES et al., 2008).

As MSC também expressam uma grande variedade de receptores para quimiocinas e


fatores de crescimento. Dessa forma, as MSC podem ser estimuladas pelas células residentes
(nicho) a se diferenciar ou secretar fatores solúveis que estimularão outros nichos celulares.
Dessa forma, quanto mais agudo o processo patológico ou quanto mais vascularizada a região
afetada, mais intensa é a sinalização do nicho e mais efetiva será a resposta das MSC (FUCHS
et al., 2004; MORRISON et al., 2008).

As moléculas bioativas secretadas pelas MSC exercem efeitos tróficos no tecido


adjacente, acarretando: (a) efeitos antiapoptóticos nas células tecido-específico, (b) efeitos
imunomodulatórios sobre as células do sistema imune, (c) aumento da angiogênense, e (d)
quimiotaxia para outras células jovens comprometidas com o processo de reparação
(MEIRELLES et al., 2008).
Figura 2

Esquema representativo do manejo experimental de células-tronco derivadas do tecido


adiposo (ADSCs) associada à scaffold (membranas) com perspectiva de tratamento de
queimados e outros acidentes que envolvem a perda da pele.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do estudo apresentado, podemos entender que as células-tronco mesenquimais,


de um modo geral, têm se demonstrado importantes na reparação tecidual. Fica evidente que o
potencial biotecnológico e biomédico da terapia celular é extremamente abrangente. E que o
tecido adiposo representa uma fonte ideal de células-tronco autólogas mesenquimais, pois a
obtenção é mais facilitada. Observou-se uma regeneração de alta qualidade sem a formação de
cicatrizes ou fibrose e menor risco de rejeição e transmissão de doenças.
Contudo, podemos observar que algumas ascensões ainda são necessárias para a
apropriada utilização dessa terapia inovadora, como: mais pesquisas para validação dos
mecanismos de ação destas células, de seus benefícios, assim como dos riscos dessa terapia em
modelos animais, para posterior implantação e utilização como possibilidade
terapêutica. Somente assim, será garantido melhor qualidade na terapia celular por células-
tronco mesenquimais através do tecido adiposo.
REFERÊNCIAS

Jo, H., Brito, S., Kwak, B. M., Park, S., Lee, M. G., & Bin, B. H. (2021). Aplicações de Células-Tronco
Mesenquimais na Regeneração e Rejuvenescimento da Pele.Revista Internacional de Ciências
Moleculares, 22(5), 2410. https://doi.org/10.3390/ijms22052410

Monteiro, Betânia Souza, Argolo Neto, Napoleão Martins e Del Carlo, Ricardo Junqueira. Células-
tronco mesenquimais. Ciência Rural [online]. 2010, v. 40, n. 1 [Acessado 23 Agosto 2023], pp. 238-
245. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0103-84782010000100040>. Epub 03 Fev 2010. ISSN
1678-4596. https://doi.org/10.1590/S0103-84782010000100040

Aesthetic Surgery Journal , Volume 35, Edição 3, março/abril de 2015, páginas 334–344,
https://doi.org/10.1093/asj/sju047

Margiana, R., Markov, A., Zekiy, A.O. et al. Aplicação clínica de células-tronco mesenquimais na
medicina regenerativa: uma revisão narrativa. Células-tronco Res Ther 13, 366 (2022).
https://doi.org/10.1186/s13287-022-03054-0

Jo,H.;Brito,S.;Kwak,B.M.; Park, S.; Lee, M.-G.; Bin, B.-H. Applications of Mesenchymal Stem Cells
in Skin Regeneration and Rejuvenation. Int. J. Mol. Sci. 2021, 22, 2410. https://doi.org/10.3390/
ijms22052410

TESSINARY, J. Raciocínio clínico aplicado á estética facial. Ed. Estética experts, 2019. 32-42 p.

Luciana Molina, dermatologista. Dicas de Saúde: A Pele, Estrutura e Funções Disponível em:
https://www.dralucianamolina.com.br/blog/pele-estrutura-e-funcoes/amp/

A complexidade cicatricial em queimaduras e a possibilidade da terapia com células-tronco derivadas


do tecido adiposo: revisão Franck CL, Ribas-Filho JM, Senegaglia AC, Graf RM, Leite LMB. A
complexidade cicatricial em queimaduras e a possibilidade da terapia com células-tronco derivadas do
tecido adiposo: revisão. Rev Bras Queimaduras2017;16(2):111-116
Jo, H., Brito, S., Kwak, B. M., Park, S., Lee, M. G., & Bin, B. H. (2021). Applications of Mesenchymal
Stem Cells in Skin Regeneration and Rejuvenation. International journal of molecular sciences, 22(5),
2410. https://doi.org/10.3390/ijms22052410

Células tronco e engenharia tecidual: revisão de literatura Stem cells and tissue engineering: a literature
review DOI:10.34119/bjhrv5n2-076

TOSATO, M. G. Análise dos constituintes da pele humana sob efeitos de cosmeceuticos por
espectroscopia Raman. 105 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Bioquímica) - Universidade do
Vale do Paraíba, São José dos Campos.

Yarak, Samira e Okamoto, Oswaldo Keith. Células-tronco derivadas de tecido adiposo humano:
desafios atuais e perspectivas clínicas. Anais Brasileiros de Dermatologia [online]. 2010, v. 85, n. 5
[Acessado 23 Agosto 2023], pp. 647-656. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0365-
05962010000500008>. Epub 02 Dez 2010. ISSN 1806-4841. https://doi.org/10.1590/S0365-
05962010000500008.

Oedayrajsingh-Varma, M J et al. “Adipose tissue-derived mesenchymal stem cell yield and growth
characteristics are affected by the tissue-harvesting procedure.” Cytotherapy vol. 8,2 (2006): 166-77.
doi:10.1080/14653240600621125

Giorgio Mori, Giacomina Brunetti, Filiberto Mastrangelo, Elisabetta A. Cavalcanti-Adam, "Targeting


Adult Mesenchymal Stem Cells Plasticity for Tissue Regeneration", Stem Cells International, vol. 2017,
Article ID 4532179, 2 pages, 2017. https://doi.org/10.1155/2017/4532179

ZAGO, M. A. Células-tronco: origens e propriedades. In: COVAS, D. T.; ZAGO, M. A.


(Eds.). Células-tronco: a Nova Fronteira da Medicina.

SZIKSZ, E. et al. Fibrosis Related Inflammatory Mediators: Role of the IL-10 Cytokine Family.
Mediators of Inflammation, New York,

NIEDERWIESER, D. et al. Hematopoietic stem cell transplantation activity worldwide in 2012 and a
SWOT analysis of the Worldwide Network for Blood and Marrow Transplantation Group including the
global survey. n. October 2015, p. 1 - 8, 2016. Disponivel
em:<http://www.nature.com/doifinder/10.1038/bmt.2016.18>.
De Moraes AS, Silva ALB, Andrade BP, Dobelin CC, Melo ER, Silva GO, Aguiar LC de, Moreira
MVA, Nascimento MMP, Corrêa WP. Perspectivas do uso de células-tronco na cirurgia plástica. REAS
[Internet]. 20abr.2021 [citado 23ago.2023];13(4):e6756. Available from:
https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/6756

Você também pode gostar