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2021 by Editora Pasteur

Copyright © Editora Pasteur


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Editor Chefe:

Dr Guilherme Barroso Langoni de Freitas

Corpo Editorial:

Dr. Alaércio Aparecido de Oliveira Dr Guilherme Barroso Langoni de Freitas


Dra. Aldenora Maria Ximenes Rodrigues Dra. Hanan Khaled Sleiman
Bruna Milla Kaminski MSc. Juliane Cristina de Almeida Paganini
Dr. Daniel Brustolin Ludwig Dr. Lucas Villas Boas Hoelz
Dr. Durinézio José de Almeida MSc. Lyslian Joelma Alves Moreira
Dra. Márcia Astrês Fernandes
Dr. Fábio Solon Tajra Dr. Otávio Luiz Gusso Maioli
Francisco Tiago dos Santos Silva Júnior Dr. Paulo Alex Bezerra Sales
Dra. Gabriela Dantas Carvalho MSc. Raul Sousa Andreza
Dr. Geison Eduardo Cambri MSc. Renan Monteiro do Nascimento
MSc. Guilherme Augusto G. Martins Dra. Teresa Leal

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Editora Pasteur, PR, Brasil)

FR862c FREITAS, Guilherme Barroso Langoni de.


Cirurgia Médica e Odontológica / Guilherme Barroso Langoni
de Freitas- 1 ed. 1 vol - Irati: Pasteur, 2021.
1 livro digital; 518 p.; il.

Modo de acesso: Internet


https://doi.org/10.29327/533840
ISBN: 978-65-86700-31-2
1. Medicina 2. Cirurgia 3. Odontologia
I. Título.

CDD 610
CDU 616.08
ÁCIDO ROSMARÍNICO SOBRE A
CICATRIZAÇÃO DA FERIDA
OPERATÓRIA: ESTUDO
EXPERIMENTAL EM RATOS

CAMILA POLETTO VIVEIROS1,2


CAMILA RODRIGUES TATAR1,2
LARISSA MARIA VOSGERAU1 ,2,3
DOUGLAS MESADRI GEWEHR1 ,2,3
SOFIA INEZ MUNHOZ1,2
GRAZIELA JUNGES CRESCENTE RASTELLI2
LUIZ FERNANDO KUBRUSLY1,2,3

FILIAÇÃO

1Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR).


2Instituto Denton Cooley de Pesquisa, Ciência e Tecnologia (IDC).

3Instituto do Coração de Curitiba (INCOR Curitiba).

Palavras-chave: Ácido Rosmarínico; Cicatrização; Ferida operatória. 53 | P á g i n a


INTRODUÇÃO reepitelização, angiogênese e fibroplasia
(CAMPOS et al., 2007).
O processo cicatricial tem por objetivo Durante a fase de remodelação ocorre a
reparar soluções de continuidade decorrentes de maturação dos elementos e alteração na matriz
lesões por agentes externos diversos, extracelular, com deposição de colágeno mais
restaurando a função e estrutura do tecido espesso de maneira mais organizada, ao longo
(TAZIMA et al., 2008). A cicatrização segue das linhas de tensão da cicatriz (CAMPOS et
uma complexa e coordenada cascata de al., 2007). A formação da cicatriz tem sucesso
eventos, buscando o fechamento rápido da quando ocorre equilíbrio entre a síntese e lise da
lesão com formação de cicatriz funcional e matriz inicial por colagenases (TAZIMA et al.,
esteticamente satisfatória (MENDONÇA & 2008).
COUTINHO-NETTO, 2009). Tratando-se de Queloides e cicatrizes hipertróficas são
um processamento sistêmico, a cicatrização classificados como distúrbios de cicatrização,
pode ser diretamente relacionada a condições podendo ser diferenciados pelo seu
gerais do organismo. A aparência das cicatrizes comportamento clínico (CAMPOS et al.,
pode gerar complicações estéticas, 2007). Ambos os distúrbios são decorrentes de
comprometendo a qualidade de vida do excesso de resposta inflamatória durante o
indivíduo (FERNANDES & FERREIRA, processo de cicatrização, com perda do controle
2014). entre síntese e degradação de matriz
O processo de cicatrização é dividido extracelular. Podem ser causados por trauma,
didaticamente em três fases sobrepostas: fase disfunção de fibroblastos, aumento dos fatores
inflamatória, fase proliferativa ou de de crescimento ou outras citocinas e diminuição
granulação e fase de remodelação ou maturação da apoptose (CAMPOS et al., 2007).
(CAMPOS et al., 2007). Existem diversas formas de tratamento para
A fase inflamatória se inicia logo após a queloides e cicatrizes hipertróficas, porém o
lesão e perdura até o 4º dia, ocorrendo o melhor tratamento ainda é a prevenção, que
extravasamento de sangue que irá preencher a ocorre nos cuidados locais com a hemostasia,
área com plasma, plaquetas e outros elementos uso de fios monofilamentares, fechamento de
celulares. A partir da agregação plaquetária e feridas sob mínima tensão, desbridamento e
coagulação sanguínea é reestabelecida a manuseio adequado dos tecidos (FERNANDES
hemostasia e organizada uma matriz provisória & FERREIRA, 2014).
essencial à migração celular (MENDONÇA & O processo de cicatrização pode ser
COUTINHO-NETTO, 2009). avaliado sob microscopia óptica, pela técnica
A fase proliferativa é responsável pela de coloração hematoxilina eosina, utilizando-se
formação de um tecido de granulação, diversos indicadores como deposição de
constituído por um leito capilar, fibroblastos, fibrina, congestão vascular, infiltrado
macrófagos, colágeno, fibronectina e ácido monomorfonuclear, proliferação fibroblástica,
hialurônico (TAZIMA et al., 2008). Esta fase se neoformação vascular, processo granulomatoso
estende até a segunda semana do processo de e fibrose intersticial. (CAMPOS et al., 2007).
cicatrização e é constituída pelas etapas de
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O ácido rosmarínico foi isolado em sua Luye Natural Drug Research and Development,
forma pura pela primeira vez em 1958 por cujo produto foi citado por Li et al. (2010). A
Scarpati e Oriente, a partir da planta concentração obtida foi de 15 mg/mL, de
Rosmarinus officinalis (alecrim). Ele é acordo com experimento semelhante realizado
comumente encontrado em ervas aromáticas por Ferreira et al. (2015). Para isso utilizou-se
(PETERSEN & SIMMONDS, 2003). Possui 0,7505 g de ácido rosmarínico, 50 mL de água
muitas atividades biológicas, como anti- para injeção (estéril) e 1mL de manitol,
inflamatória, antiviral, antibacteriana, obtendo-se uma solução com concentração de
antiangiogênica, antidepressiva, antialergênica 15 mg/mL. De modo a provocar menor resposta
& tecidual, adequou-se o pH com adição de
2013). hidróxido de sódio (NaOH) de 1 mol/L até
As propriedades anti-inflamatórias obter-se um pH neutro e solução homogênea.
baseiam-se na inibição das enzimas Foram utilizados 50 ratos machos Wistar,
lipoxigenases e cicloxigenases e na pesando entre 230 e 330 gramas, provenientes
interferência na cascata do complemento do biotério da UFSC/Florianópolis-SC. Os
(PETERSEN & SIMMONDS, 2003). Também, animais foram divididos em quatro grupos.
o ácido rosmarínico inibe a adesão molecular, a Grupo A1: Controle (n = 12), submetido à
síntese de quimiocinas e eicosanoides, e inibe o incisão cirúrgica e posteriormente inoculação
estresse oxidativo induzido por ativação de de solução salina 0,9 % logo após o
células inflamatórias (OSAKABE et al., 2004). procedimento e repetido a cada três dias. A
O presente estudo objetivou avaliar eutanásia foi realizada após 5 dias; Grupo A2:
histologicamente os efeitos da aplicação Controle (n = 12), submetido à incisão cirúrgica
subcutânea do ácido rosmarínico sobre o e posteriormente inoculação de solução salina
processo cicatrização de feridas operatórias em 0,9 % logo após o procedimento e repetido a
ratos, no 5º e 15º dias após a injúria. cada três dias. A eutanásia foi realizada após 15
dias; Grupo B1: Ácido rosmarínico (n = 13),
MÉTODO submetido à incisão cirúrgica e posteriormente
inoculação de ácido rosmarínico logo após o
O referido estudo de caráter experimental procedimento e repetido a cada três dias. A
qualitativo e quantitativo- com protocolo de eutanásia foi realizada após 5 dias; Grupo B2:
número 1494/2017- foi aprovado pela Ácido rosmarínico (n = 13), submetido à
Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) incisão cirúrgica e posteriormente inoculação
da Faculdade Evangélica do Paraná, em de ácido rosmarínico logo após o procedimento
04/05/2017. e repetido a cada três dias. A eutanásia foi
Para a realização do estudo o ácido realizada após 15 dias.
rosmarínico foi adquirido em consistência de Para realização do processamento
histológico, foi retirado o segmento do sítio
pó da empresa Sigma-Aldrich® (536954-5G),
cirúrgico, além do fígado e rim dos animais. As
na concentração de 96 %. Para sua diluição e
peças foram coradas com hematoxilina e eosina
adequação de pH foi utilizado como referência
(HE) para analisar as alterações
a patente US201001300604A1 de Shangdong
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histopatológicas. Foram classificados, nos Para avaliação histopatológica do rim,
cortes histológicos, os graus de inflamação, procurou-se identificar a presença de lesões que
graus de neovascularização e a fibrose formado demonstrassem sinais de intoxicação, como
no sítio cirúrgico. O fígado e o rim foram degeneração hidrópica, congestão vascular e
corados para análise da integridade hepática e necrose. A presença de alterações histológicas
renal. foi classificada de acordo com Roman et al.
A análise histológica do sítio cirúrgico foi (2009), com a graduação dos fatores avaliados
realizada por patologista com experiência em a partir de score que varia de 0 a 3, sendo que
dermatopatologia. Foi analisada proliferação (0) indica ausência do parâmetro, (1) indica
vascular, presença de células inflamatórias e dano baixo, (2) dano moderado e 3() dano
fibrose como ausente, discreta, moderada ou intenso ao parênquima renal.
acentuada. Foi classificado a presença de A avaliação de dano hepático por
congestão vascular como presente ou ausente. intoxicação se baseou na caracterização de
Foi também descrito a presença de alterações zonas de necrose, congestão vascular,
secundárias encontradas por patologista. infiltração celular e tumefação de hepatócitos.
A proliferação vascular foi classificada de A graduação do dano hepático seguiu a
acordo com Garros et al. (2006) como ausente classificação de Roman et al. (2009), com
quando não se observava vasos no campo, scores de 0 a 3.
discreta quando vasos esparsos isolados, Os dados obtidos foram incluídos em
moderada quando presentes em maior planilha eletrônica (Excel), a partir da qual foi
frequência e dispersos, ou acentuada quando realizada análise estatística usando-se o
presentes com maior frequência e em todo o software estatístico Stata®. As variáveis
campo. categóricas foram expressas em porcentagem e
Para a classificação de células inflamatórias comparadas utilizando-se o teste do qui-
adaptou-se de Garros et al. (2006), sendo quadrado. Foi adotado como nível de
classificado em ausente quando não se significância 5 % (p <0,05).
evidenciava a presença células inflamatórias no
campo óptico, discretas quando eram RESULTADOS
visibilizadas esparsamente com muitas áreas
livres de infiltrado, moderada quando já havia Foram utilizados no experimento 50 ratos,
formação de agregados, ou acentuada quando sendo que 1 animal foi a óbito durante o estudo,
havia formação de agregados densos e sem resultando em uma amostra de 49 ratos. Estes
áreas livres de infiltrados. foram divididos em 4 grupos com diferentes
A proliferação fibroblástica foi períodos de cicatrização (A1 e B1 por 5 dias, e
caracterizada de acordo com Biondo-Simões et A2 e B2 por 15 dias), sendo os de letra A para
al. (2006) pela presença núcleos de fibroblastos os ratos em que foi utilizado solução fisiológica
presentes em matriz colágena. De acordo com e os de letra B para ácido rosmarínico.
esse conceito, adaptou-se para classificá-la em A graduação histopatológica do infiltrado
ausente, discreta, moderada ou acentuada. inflamatório no local de injúria cutânea está
indicada na Tabela 8.1. Aos 15 dias de estudo,
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a totalidade dos animais do grupo B2 apresentavam infiltrado inflamatório com raras
apresentaram infiltrado inflamatório no células (n = 4) ou discreto (n = 8). Não houve
discreto (n = 6) e moderado-acentuado (n = 6), diferença significativa, aos 5 dias de estudo,
significativamente superior em comparação entre os grupos experimentais, com relação ao
com grupo A2 (p = 0,004), no qual os animais infiltrado inflamatório.

Tabela 8.1. Comparação da variável histopatológica infiltrado inflamatório entre os grupos


experimentais

Raras
Grupo Discreto Moderado Acentuado p - valor
Células
A1 (n = 12) 0 (0 %) 1 (8,3 %) 10 (83,4 %) 1 (8,3 %)
> 0,05
B1 (n = 13) 0 (0 %) 0 (0 %) 12 (92,3 %) 1 (7,7 %)
A2 (n = 12) 4 (33,3 %) 8 (66,7 %) 0 (0 %) 0 (0 %)
0,004
B2 (n = 12) 0 (0 %) 6 (50 %) 5 (41,7 %) 1 (8,3 %)

Aos 5 dias de estudo não houve diferença estudo, um maior número de animais
significativa com relação a proliferação apresentou proliferação vascular moderada no
fibroblástica entre os grupos A1 e B1, no qual grupo B1 (n = 9) em relação ao grupo A1
100 % dos animais obtiveram graduação (n = 7).
moderada. Apesar de não ter ocorrido diferença Aos 15 dias de estudo, a totalidade dos
significativa, aos 15 dias de estudo (p = 0,205), animais do grupo B2 apresentaram proliferação
9 dos animais do grupo A2 apresentaram vascular discreta (n = 8) ou moderada (n = 4),
proliferação fibroblástica discreta, enquanto 8 significativamente superior em comparação
do grupo B2 apresentaram proliferação com grupo A2 (p = 0,028), no qual os animais
fibroblástica moderada. apresentavam proliferação vascular ausente
A graduação histopatológica da (n = 3) ou discreta (n = 9).
proliferação vascular no local de injúria cutânea Na Tabela 8.3 são descritos uma miscelânea
está indicada na Tabela 8.2. Apesar de não ter de achados histopatológicos encontrados nas
ocorrido diferença significativa, aos 5 dias de lâminas analisadas.

Tabela 8.2. Comparação da variável histopatológica proliferação vascular entre os grupos


experimentais

Grupo Ausente Discreto Moderado Acentuado p - valor


A1 (n = 12) 0 (0 %) 5 (41,7 %) 7 (58,3 %) 0 (0 %)
0,570
B1 (n = 13) 0 (0 %) 4 (30,8 %) 9 (69,2 %) 0 (0 %)
A2 (n = 12) 9 (75 %) 3 (25 %) 0 (0 %) 0 (0 %)
0,028
B2 (n = 12) 0 (0 %) 8 (66,7 %) 4 (33,3 %) 0 (0 %)

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Tabela 8.3. Miscelânea de achados histopatológicos entre os grupos experimentais
A1 B1 A2 B2
Achados Histopatológicos
(n = 12) (n = 13) (n = 12) (n = 12)
Congestão de vasos 12 13 12 12
Presença de corpo estranho 1 1 3 3
Cicatriz Hipertrófica 5 1 0 0
Crosta Fibrino-leucocitária 3 5 0 1
Transfixação da camada
3 2 3 4
muscular com focos de necrose supurativa
Acúmulo de fibrina 0 4 0 0

Comparou-se então os critérios de eventos biológicos (MENDONÇA &


proliferação vascular, células inflamatórias e COUTINHO-NETTO, 2009; CAMPOS et al.,
proliferação fibroblástica entre os grupos com 2007). Para que ocorra formação correta da
mesma substância administrada, porém em cicatriz é necessário que haja um equilíbro entre
diferentes fases (A1 com A2 e B1 com B2). síntese e degradação da matriz extracelular
Observou-se valores estatisticamente (TAZIMA et al., 2008).
significativos em todos os critérios dos grupos O ácido rosmarínico é uma substância
com solução fisiológica, mostrando que há encontrada em muitas plantas comuns
redução da graduação de todos do 5º ao 15º dia, (PETERSEN & SIMMONDS, 2003). Dentre
como pode ser observado na Tabela 8.4. Já nos suas muitas atividades biológicas já descritas,
grupos que receberam ácido rosmarínico foi destacam-se sua ação anti-inflamatória,
observada redução dos parâmetros de células antiangiogênica e antifibrótica
inflamatórias e de proliferação fibroblástica (KR et al.,
estatisticamente significativa, porém de modo 2010). Em estudo realizado por Ferreira et al.
inferior ao encontrado nos grupos com solução (2015), foi utilizado ácido rosmarínico em
fisiológica. infusão subconjuntival em procedimento
As Figuras 8.1 e 8.2 retratam cirúrgico oftalmológico em coelhos, de modo a
fotomicrografias representativas de cortes analisar a influência do ácido no processo de
histológicos do grupo A1 e B1, cicatrização. Observou-se neste estudo menor
respectivamente. As Figuras 8.3 e 8.4 retratam resposta inflamatória ao 15º dia e menor
fotomicrografias representativas de cortes vascularização no 5º e 15º dia, em relação ao
histológicos do grupo A2 e B2, grupo controle. Não houve diferença de
respectivamente. deposição de colágeno.

DISCUSSÃO
O processo de cicatrização ocorre a partir de
uma lesão tecidual, por meio de complexos

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Tabela 8.4. Comparação entre fases da cicatrização

Proliferação Células Proliferação


Grupos
vascular Inflamatórias fibroblástica
Solução
p = 0,00167 p = 0,00001 p = 0,00015
Fisiológica
Ácido Rosmarínico p = 0,07267 p = 0,00345 p = 0,02313

Figura 8.1. Achados


Histopatológicos de Tecido Cutâneo
do Grupo A1

Legenda: Fotomicrografias representativas de cortes histológicos de tecido cutâneo dos animais do grupo A1 solução
fisiológica + eutanásia após 5 dias. A. Tecido cutâneo-muscular em corte coronal em um menor aumento, seta verde no
local na incisão cirúrgica; linha com dupla seta vermelha delimitando a epiderme e derme; linha com dupla seta azul
delimitando o tecido celular subcutâneo. B. Ferida operatória em fase inflamatório proliferativa com intenso infiltrado
inflamatório ( , proliferação fibroblástica e proliferação vascular (setas pretas). Hematoxilina e Eosina. M, músculo.

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Figura 8.2. Achados
histopatológicos de tecido
cutâneo do Grupo B1

Legenda: Fotomicrografias representativas de cortes histológicos de tecido cutâneo dos animais do grupo B1 ácido
rosmarínico + eutanásia após 5 dias. A. Tecido cutâneo-muscular em corte coronal em um menor aumento, seta verde
no local na incisão cirúrgica; linha com dupla seta vermelha delimitando a epiderme e derme; linha com dupla seta azul
delimitando o tecido celular subcutâneo. Transfixação da camada muscular com focos de necrose supurativa (*). B.
Ferida operatória em fase inflamatório proliferativa com intenso infiltrado inflamatório, proliferação fibroblástica e
vascular (setas pretas). Hematoxilina e Eosina. M, músculo.

Muitos estudos de cicatrização são al., 2007). Ela é fundamental durante o


realizados em ratos, pela semelhança do processo de cicatrização, por permitir o aporte
processo cicatricial. Porém, são descritas de nutrientes e oxigênio à região (SANTOS et
algumas diferenças da pele de rato em relação à al., 2014). Em estudo de cicatrização realizado
humana, como a ausência de um limite definido por Branco Neto et al. (2006) em ratos Wistar,
entre derme papilar e derme reticular, assim foi observado maiores valores de proliferação
como a presença de uma derme mais espessa vascular no 7º dia de cicatrização, com
nestes animais, sem haver tecido adiposo diminuição progressiva no 14º e no 21º dia. Em
subcutâneo e tela muscular subcutânea nosso estudo foi observado predomínio de
(SANTOS et al., 2006). moderada proliferação vascular no 5º dia, de
Quanto à ocorrência de angiogênese durante a modo semelhante no grupo que recebeu solução
cicatrização, sabe-se que a proliferação fisiológica (A1) e no grupo que recebeu ácido
vascular ocorre com maior intensidade durante rosmarínico (B1). No 15º dia o grupo que
a fase proliferativa, apresentando uma redução recebeu apenas solução fisiológica (A2)
gradual com o decorrer do tempo (CAMPOS et apresentou proliferação vascular ausente ou

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discreta, enquanto no grupo com ácido receberam ácido rosmarínico, houve maior
rosmarínico (B2) a proliferação encontrava-se proliferação vascular no 15º dia de cicatrização
predominantemente como discreta ou em relação ao grupo com solução fisiológica.
moderada. Ao compararmos os animais que

Figura 8.3. Achados


histopatológicos de tecido cutâneo
do Grupo A2

Legenda: Fotomicrografias
representativas de cortes histológicos de
tecido cutâneo dos animais do grupo A2
solução fisiológica + eutanásia após 15
dias. A. Tecido cutâneo-muscular em
corte coronal em um menor aumento, seta
verde no local na incisão cirúrgica; linha
com dupla seta vermelha delimitando a
epiderme e derme; linha com dupla seta
azul delimitando o tecido celular
subcutâneo. B. Ferida operatória em fase
inflamatória tardia com início de
remodelamento tecidual, associado a um discreto infiltrado inflamatório e fibroblástico com deposição de colágeno
(delimitado pelas setas). Hematoxilina e Eosina. M, músculo.

Figura 8.4. Achados


Histopatológicos de Tecido
Cutâneo do Grupo B2

Legenda: Fotomicrografias
representativas de cortes histológicos de
tecido cutâneo dos animais do grupo B2
ácido rosmarínico + eutanásia após 15
dias. A. Tecido cutâneo-muscular em
corte coronal em um menor aumento,
seta verde no local na incisão cirúrgica;
linha com dupla seta vermelha
delimitando a epiderme e derme. B.
Ferida operatória em fase inflamatório
proliferativa com infiltrado inflamatório
moderado, proliferação fibroblástica e
vascular (setas pretas). Hematoxilina e
Eosina. M, músculo.

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A fase inflamatória da cicatrização se inicia Aroeira) no processo de cicatrização, observou
logo após o insulto e tem duração aproximada no 14º dia um processo inflamatório mais
de quatro dias. É nesta fase que ocorre a intenso no grupo que recebeu a substância em
migração de células inflamatórias para a região, relação ao grupo controle, de modo semelhante
permitindo a limpeza do leito da ferida e ao encontrado em nosso estudo.
preparando-a para a fase de proliferação O fibroblasto é considerado como a
(TAZIMA et al., 2008). Sabe-se que as células principal célula da fase proliferativa,
inflamatórias se apresentam em alta responsável por formar o tecido de granulação,
concentração no início do processo cicatricial, através da deposição de colágeno (FERREIRA
com redução gradual (BRANCO NETO et al., et al., 2015). O número de fibroblastos reduz
2006). Neste estudo, ao avaliar-se a presença de gradualmente conforme a cicatriz passa pelo
células inflamatórias na região cicatricial, processo de remodelação (FERREIRA et al.,
observou-se que os grupos A1 e B1 (5 dias) 2015). Em nosso estudo foi encontrada
apresentaram semelhantes porcentagens de proliferação fibroblástica moderada em ambos
graduação, com maior predomínio da os grupos de 5 dias (A1 e B1), havendo redução
graduaçã para discreta e moderada ao 15º dia. Ao realizar
controle com 15 dias) foi classificado apenas teste estatístico não houve diferença
como infiltrado com raras células ou discreto. estatisticamente significativa da proliferação
Assim, ao comparar-se A1 e A2, fica fibroblástica entre os grupos que receberam
demonstrado que no grupo controle houve solução fisiológica e os que receberam ácido
importante redução de células inflamatórias na rosmarínico nos dois períodos avaliados. Porém
cicatriz com o decorrer dos dias, o que é ao comparar-se a proliferação inicial do grupo
condizente com o encontrado em literatura controle (A1) à proliferação do grupo A2,
(BRANCO NETO et al., 2006). Já no grupo B2 observou-se importante redução da proliferação
(ácido rosmarínico com 15 dias), houve fibroblástica durante o processo de
permanência em metade do grupo de infiltrado cicatrização. Nos grupos que receberam ácido
inflamatório moderado ou acentuado, de modo rosmarínico houve redução significativa de
que houve diferença estatisticamente proliferação fibroblástica do 5º ao 15º dia,
significativa entre os grupos B1 e B2, porém porém de modo inferior ao grupo controle.
inferior à encontrada no grupo controle. Ao Foi detectada a presença de crosta fibrino-
comparar-se os grupos A2 e B2, demonstra-se leucocitária em animais ao 5º dia, de modo
que no 15º dia havia maior presença de células quase semelhante entre os grupos, e em um
inflamatórias no grupo com ácido rosmarínico animal do grupo B2. A crosta fibrino-
em relação ao grupo com solução fisiológica. leucocitária é decorrente da formação de
Em estudo experimental de cicatrização em coágulo, fibrina e exsudato inflamatório na
ratos Wistar realizado por BATISTA et al. região que houve descontinuidade da pele,
(2010), foi observado maior infiltrado sendo parte do processo de cicatrização
inflamatório no 3º e 7º dia de cicatrização. Já (BRANCO NETO et al., 2006). Em estudo
Branco Neto et al. (2006), que avaliou a realizado por Batista et al. (2010), observou-se
influência de substância fitoterápica (do vegetal presença de crosta fibrino-leucocitária nos
62 | P á g i n a
grupos controles ao 3º e 7º dia. Em outro por inflamatório-proliferativa em comparação aos
Branco Neto et al. (2006) também houve animais do grupo solução fisiológica 0,9%
presença de crostas com maior extensão ao 7º (A2), que já se apresentavam em fase inicial de
dia. remodelação tecidual, demonstrando um
retardo na cicatrização da ferida operatória no
CONCLUSÃO grupo B2. As ações do ácido rosmarínico (B1)
foram equivalentes aos da solução fisiológica
De acordo com os resultados do presente 0,9% (A1), ambas substâncias causando um
estudo, nos animais eutanasiados 15 dias após a intenso infiltrado inflamatório proliferativo 5
inoculação de ácido rosmarínico (B2), dias após a sua inoculação nos animais.
observou-se um prolongamento da fase

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BRANCO NETO, M.L.C et al. Avaliação do extrato hidroalcoólico de Aroeira (Schinus terebinthifolius Raddi) no
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CAMPOS, A.C.L. et al. Cicatrização de feridas. ABCD Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva, v.20, n.1, p.51-58,
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