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CDD 610
CDU 616.08
ÁCIDO ROSMARÍNICO SOBRE A
CICATRIZAÇÃO DA FERIDA
OPERATÓRIA: ESTUDO
EXPERIMENTAL EM RATOS
FILIAÇÃO
Raras
Grupo Discreto Moderado Acentuado p - valor
Células
A1 (n = 12) 0 (0 %) 1 (8,3 %) 10 (83,4 %) 1 (8,3 %)
> 0,05
B1 (n = 13) 0 (0 %) 0 (0 %) 12 (92,3 %) 1 (7,7 %)
A2 (n = 12) 4 (33,3 %) 8 (66,7 %) 0 (0 %) 0 (0 %)
0,004
B2 (n = 12) 0 (0 %) 6 (50 %) 5 (41,7 %) 1 (8,3 %)
Aos 5 dias de estudo não houve diferença estudo, um maior número de animais
significativa com relação a proliferação apresentou proliferação vascular moderada no
fibroblástica entre os grupos A1 e B1, no qual grupo B1 (n = 9) em relação ao grupo A1
100 % dos animais obtiveram graduação (n = 7).
moderada. Apesar de não ter ocorrido diferença Aos 15 dias de estudo, a totalidade dos
significativa, aos 15 dias de estudo (p = 0,205), animais do grupo B2 apresentaram proliferação
9 dos animais do grupo A2 apresentaram vascular discreta (n = 8) ou moderada (n = 4),
proliferação fibroblástica discreta, enquanto 8 significativamente superior em comparação
do grupo B2 apresentaram proliferação com grupo A2 (p = 0,028), no qual os animais
fibroblástica moderada. apresentavam proliferação vascular ausente
A graduação histopatológica da (n = 3) ou discreta (n = 9).
proliferação vascular no local de injúria cutânea Na Tabela 8.3 são descritos uma miscelânea
está indicada na Tabela 8.2. Apesar de não ter de achados histopatológicos encontrados nas
ocorrido diferença significativa, aos 5 dias de lâminas analisadas.
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Tabela 8.3. Miscelânea de achados histopatológicos entre os grupos experimentais
A1 B1 A2 B2
Achados Histopatológicos
(n = 12) (n = 13) (n = 12) (n = 12)
Congestão de vasos 12 13 12 12
Presença de corpo estranho 1 1 3 3
Cicatriz Hipertrófica 5 1 0 0
Crosta Fibrino-leucocitária 3 5 0 1
Transfixação da camada
3 2 3 4
muscular com focos de necrose supurativa
Acúmulo de fibrina 0 4 0 0
DISCUSSÃO
O processo de cicatrização ocorre a partir de
uma lesão tecidual, por meio de complexos
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Tabela 8.4. Comparação entre fases da cicatrização
Legenda: Fotomicrografias representativas de cortes histológicos de tecido cutâneo dos animais do grupo A1 solução
fisiológica + eutanásia após 5 dias. A. Tecido cutâneo-muscular em corte coronal em um menor aumento, seta verde no
local na incisão cirúrgica; linha com dupla seta vermelha delimitando a epiderme e derme; linha com dupla seta azul
delimitando o tecido celular subcutâneo. B. Ferida operatória em fase inflamatório proliferativa com intenso infiltrado
inflamatório ( , proliferação fibroblástica e proliferação vascular (setas pretas). Hematoxilina e Eosina. M, músculo.
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Figura 8.2. Achados
histopatológicos de tecido
cutâneo do Grupo B1
Legenda: Fotomicrografias representativas de cortes histológicos de tecido cutâneo dos animais do grupo B1 ácido
rosmarínico + eutanásia após 5 dias. A. Tecido cutâneo-muscular em corte coronal em um menor aumento, seta verde
no local na incisão cirúrgica; linha com dupla seta vermelha delimitando a epiderme e derme; linha com dupla seta azul
delimitando o tecido celular subcutâneo. Transfixação da camada muscular com focos de necrose supurativa (*). B.
Ferida operatória em fase inflamatório proliferativa com intenso infiltrado inflamatório, proliferação fibroblástica e
vascular (setas pretas). Hematoxilina e Eosina. M, músculo.
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discreta, enquanto no grupo com ácido receberam ácido rosmarínico, houve maior
rosmarínico (B2) a proliferação encontrava-se proliferação vascular no 15º dia de cicatrização
predominantemente como discreta ou em relação ao grupo com solução fisiológica.
moderada. Ao compararmos os animais que
Legenda: Fotomicrografias
representativas de cortes histológicos de
tecido cutâneo dos animais do grupo A2
solução fisiológica + eutanásia após 15
dias. A. Tecido cutâneo-muscular em
corte coronal em um menor aumento, seta
verde no local na incisão cirúrgica; linha
com dupla seta vermelha delimitando a
epiderme e derme; linha com dupla seta
azul delimitando o tecido celular
subcutâneo. B. Ferida operatória em fase
inflamatória tardia com início de
remodelamento tecidual, associado a um discreto infiltrado inflamatório e fibroblástico com deposição de colágeno
(delimitado pelas setas). Hematoxilina e Eosina. M, músculo.
Legenda: Fotomicrografias
representativas de cortes histológicos de
tecido cutâneo dos animais do grupo B2
ácido rosmarínico + eutanásia após 15
dias. A. Tecido cutâneo-muscular em
corte coronal em um menor aumento,
seta verde no local na incisão cirúrgica;
linha com dupla seta vermelha
delimitando a epiderme e derme. B.
Ferida operatória em fase inflamatório
proliferativa com infiltrado inflamatório
moderado, proliferação fibroblástica e
vascular (setas pretas). Hematoxilina e
Eosina. M, músculo.
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A fase inflamatória da cicatrização se inicia Aroeira) no processo de cicatrização, observou
logo após o insulto e tem duração aproximada no 14º dia um processo inflamatório mais
de quatro dias. É nesta fase que ocorre a intenso no grupo que recebeu a substância em
migração de células inflamatórias para a região, relação ao grupo controle, de modo semelhante
permitindo a limpeza do leito da ferida e ao encontrado em nosso estudo.
preparando-a para a fase de proliferação O fibroblasto é considerado como a
(TAZIMA et al., 2008). Sabe-se que as células principal célula da fase proliferativa,
inflamatórias se apresentam em alta responsável por formar o tecido de granulação,
concentração no início do processo cicatricial, através da deposição de colágeno (FERREIRA
com redução gradual (BRANCO NETO et al., et al., 2015). O número de fibroblastos reduz
2006). Neste estudo, ao avaliar-se a presença de gradualmente conforme a cicatriz passa pelo
células inflamatórias na região cicatricial, processo de remodelação (FERREIRA et al.,
observou-se que os grupos A1 e B1 (5 dias) 2015). Em nosso estudo foi encontrada
apresentaram semelhantes porcentagens de proliferação fibroblástica moderada em ambos
graduação, com maior predomínio da os grupos de 5 dias (A1 e B1), havendo redução
graduaçã para discreta e moderada ao 15º dia. Ao realizar
controle com 15 dias) foi classificado apenas teste estatístico não houve diferença
como infiltrado com raras células ou discreto. estatisticamente significativa da proliferação
Assim, ao comparar-se A1 e A2, fica fibroblástica entre os grupos que receberam
demonstrado que no grupo controle houve solução fisiológica e os que receberam ácido
importante redução de células inflamatórias na rosmarínico nos dois períodos avaliados. Porém
cicatriz com o decorrer dos dias, o que é ao comparar-se a proliferação inicial do grupo
condizente com o encontrado em literatura controle (A1) à proliferação do grupo A2,
(BRANCO NETO et al., 2006). Já no grupo B2 observou-se importante redução da proliferação
(ácido rosmarínico com 15 dias), houve fibroblástica durante o processo de
permanência em metade do grupo de infiltrado cicatrização. Nos grupos que receberam ácido
inflamatório moderado ou acentuado, de modo rosmarínico houve redução significativa de
que houve diferença estatisticamente proliferação fibroblástica do 5º ao 15º dia,
significativa entre os grupos B1 e B2, porém porém de modo inferior ao grupo controle.
inferior à encontrada no grupo controle. Ao Foi detectada a presença de crosta fibrino-
comparar-se os grupos A2 e B2, demonstra-se leucocitária em animais ao 5º dia, de modo
que no 15º dia havia maior presença de células quase semelhante entre os grupos, e em um
inflamatórias no grupo com ácido rosmarínico animal do grupo B2. A crosta fibrino-
em relação ao grupo com solução fisiológica. leucocitária é decorrente da formação de
Em estudo experimental de cicatrização em coágulo, fibrina e exsudato inflamatório na
ratos Wistar realizado por BATISTA et al. região que houve descontinuidade da pele,
(2010), foi observado maior infiltrado sendo parte do processo de cicatrização
inflamatório no 3º e 7º dia de cicatrização. Já (BRANCO NETO et al., 2006). Em estudo
Branco Neto et al. (2006), que avaliou a realizado por Batista et al. (2010), observou-se
influência de substância fitoterápica (do vegetal presença de crosta fibrino-leucocitária nos
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grupos controles ao 3º e 7º dia. Em outro por inflamatório-proliferativa em comparação aos
Branco Neto et al. (2006) também houve animais do grupo solução fisiológica 0,9%
presença de crostas com maior extensão ao 7º (A2), que já se apresentavam em fase inicial de
dia. remodelação tecidual, demonstrando um
retardo na cicatrização da ferida operatória no
CONCLUSÃO grupo B2. As ações do ácido rosmarínico (B1)
foram equivalentes aos da solução fisiológica
De acordo com os resultados do presente 0,9% (A1), ambas substâncias causando um
estudo, nos animais eutanasiados 15 dias após a intenso infiltrado inflamatório proliferativo 5
inoculação de ácido rosmarínico (B2), dias após a sua inoculação nos animais.
observou-se um prolongamento da fase
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