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CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA -

BACHARELADO
7º Semestre - Turno Matutino

ABSCESSO EM EQUINO CAUSADO POR APLICAÇÃO INCORRETA DE


MEDICAMENTO - RELATO DE CASO

ABSCESS IN EQUINE CAUSED BY INCORRECT APPLICATION OF DRUG -


CASE REPORT

Fernando Henrique do Nascimento RA: 20069950-2


Gabriela Annelize dos Santos Florencio RA: 19119302-2
Helena Fechio Machado RA: 20148141-2
Maressa Gomes dos Santos Caetano RA: 20151487-2
Maria Eduarda Borges Rocha RA: 23077917-2
Rafhaela Torelli Galvão Tenório RA: 20069477-2
Taynara Thais da Silva RA: 20084109-2

RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo relatar o caso de um equino, atendido no
Equino Hospital Veterinário da UniCesumar, em Maringá-PR, de abril a maio, em
2023. O paciente chegou com um abscesso aberto no lado esquerdo da garupa, no
qual a formação da ferida foi gerada através de aplicação medicamentosa,
observação relatada pelo(a) tutor(a). Sendo realizado procedimento de assepsia da
ferida até a sua cicatrização.

Palavra-chave: assepsia; contaminação; medicamento.


INTRODUÇÃO
A aplicação de medicamentos por meio de injeções é uma técnica
largamente empregada na medicina veterinária, pela facilidade de execução e
efetividade na administração de drogas (FREITAS et al., 2022; PUSCHMANN;
OHNESORGE, 2015).
A técnica de injeções é efetiva e segura, desde que sejam respeitadas as
condições de higiene, o local de injeção mais adequado, o volume do medicamento
e a capacidade de irritar os tecidos do medicamento administrado (FREITAS et al.,
2022; PUSCHMANN; OHNESORGE, 2015).
Contudo, apesar de ocorrerem com baixa frequência, lesões decorrentes da
aplicação de medicamentos podem ocorrer, como edemas, hematomas, celulites,
formação de abscesso, necroses e septicemia (FREITAS et al., 2022;
PUSCHMANN; OHNESORGE, 2015).
Além disso, a contaminação por fungos e bactérias pode ocorrer durante a
prática de aplicação de medicamentos injetáveis, tais microrganismos podem estar
presente nas mãos do aplicador, na pele e/ou pêlos do animal, em equipamentos
como seringas e agulhas, até mesmo nos frascos de medicamentos quando são
reutilizados após o armazenado inadequadamente (SOARES et al., 2007).
Falta de cuidados com a assepsia e a utilização de instrumentos não
descartáveis são incriminados como causas de contaminação dos sítios de
aplicação de injeções e dos frascos de medicamentos, com isso, alguns cuidados
devem ser fundamentais para evitar problemas de abscedação e inoculações de
patogênicos, como: manter as mãos limpas, utilização individual de equipamentos
descartáveis, verificar se o local da injeção está limpo e seco, dentre outros.
Uma das vias medicamentosas mais utilizadas em equinos para aplicar
injeção é a via intramuscular e o melhor local para aplicação é a base do pescoço,
mas pode ser utilizado o músculo glúteo na garupa, tendo como desvantagem a
dificuldade de proceder a drenagem e o tratamento de abscessos causados pela
aplicação de medicamentos (SOARES et al., 2007).
A aplicação de substâncias irritantes, injúrias mecânicas e a contaminação
durante a execução dos procedimentos podem provocar indesejáveis abscessos
(SOARES et al., 2007). Desse modo, o objetivo deste trabalho é descrever o
procedimento de assepsia de uma cicatriz que foi formada através de um abscesso
aberto no lado esquerdo da garupa, pela aplicação medicamentosa errônea.
RELATO DE CASO
Foi atendido no Equine Hospital Veterinário da UniCesumar, na cidade de
Maringá-PR no mês de abril de 2022, um equino macho, que chegou ao hospital
com um abscesso aberto na região da garupa ao lado esquerdo após uma
aplicação de medicamento.
Segundo relato dos residentes, desde que o paciente chegou ao hospital
vem sendo feita a limpeza diária na região acometida. Nos dois primeiros dias foi
utilizado água oxigenada após a limpeza; antisséptico de amplo espectro com a
finalidade de combater bactérias gram positivo e negativo, juntamente com iodo
tópico para limpeza da área lesionada e reforçar o combate a bactérias e alívio
temporário da dor, por fim, se utilizou óleo ozonizado para auxiliar o processo de
cicatrização da ferida.
Após os dois primeiros dias, a limpeza passou a ser feita apenas com
detergente neutro para retirar toda sujidades presentes e posterior, e utilização de
iodo tópico. A aula prática foi realizada no dia 02 de maio de 2023 e o paciente já
estava no hospital a dez dias. A ferida estava em um bom processo de
cicatrização, como demonstra a figura 01. Realizamos o mesmo processo de
limpeza da ferida dos dias anteriores.

Figura 01- Abscesso já em processo de cicatrização


Fonte: Fotografia retirada pelos autores no Equine Hospital Unicesumar,
Maringá, 2023.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os abscessos geralmente são formados pela associação de um quadro
infeccioso, principalmente de origem bacteriana, que ativam o sistema imune e
através de quimiomediadores atraem leucócitos para combater tais
microrganismos e células inflamatórias, esse processo caso não controlado,
permite a coleção de pus atingindo tecidos mais profundos, além disso, os
abscessos podem estar relacionados à origem traumática e piogênica,
caracterizando-se por edema, dor, calor e mudança de coloração cutânea
(GADDINI et al., 2014).
Os abscessos não são absorvidos, portanto, necessitam ser drenados e
tratados, dessa forma, caso o tratamento for negligenciado, a evolução para
futuras complicações afetando órgãos internos dificultam a cicatrização.
Diante do pressuposto, o aparecimento de abscessos se dão pela aplicação
errática de medicamentos com o uso de agulha e/ou seringa contaminada devido a
quebra da assepsia, bem como de substâncias alérgenas e modo de manipulação
da derme , acarretando isquemia e possível necrose tecidual; hematoma ou
acúmulo excessivo de líquidos nos tecidos; que comprometem os mecanismos de
defesa do paciente (GADDINI et al., 2014).
Portanto, as aplicações realizadas em padrão intramuscular, têm
desvantagens que devem ser consideradas quando opta pela sua escolha, entre
elas, possível lesão de nervos, músculos e vasos sanguíneos; problemas
relacionados à manejo, assepsia e contaminação, dito isso, tais acidentes podem
ser minimizados pela habilidade e conhecimento de quem administra a injeção
intramuscular (FERRO et al., 2021; FREITAS et al., 2022; PUSCHMANN T.;
OHNESORGE, 2015).
As manifestações clínicas são clássicas de um processo inflamatório,
causando edema na região da aplicação, consequentemente, sinais de inflamação,
além de inquietação, perda de apetite, dor, sensibilidade ao local e aumento da
temperatura corporal (MENDONÇA et al., 2021).
Contudo, há casos em que o devido tratamento não é reportado
imediatamente, portanto, nem sempre o tratamento inicial surtirá efeitos
consideráveis e a redução do processo inflamatório evolui para a formação de um
abscesso maturado (MENDONÇA et al., 2021).
Para estabelecer um diagnóstico é necessário o estabelecimento de uma
boa anamnese e a associação de exames físicos, com a avaliação das
manifestações clínicas citadas anteriormente e avaliação clínica da ferida,
identificando aumento de volume na região, inflamação e possível tecido necrótico.
Os abscessos internos e profundos requerem exames de imagem, como a
ultrassonografia com pulsão guiada, para avaliação e realização da coleta do
líquido para diagnóstico (CARVALHO et al., 2017).
O tratamento indicado para as pústulas pode ser local, sistêmico ou a
associação de ambos. Baseado primeiramente na avaliação do abscesso quanto a
sua localização anatômica e a contração muscular que dificulta o processo de
cicatrização (NETO et al., 2017).
O tratamento inicial corresponde a higienização copiosa com a utilização de
clorexidine, em seguida, o abscesso deve ser incisado com auxílio de bisturi para
extravasamento do conteúdo, posteriormente realizando a drenagem do abscesso
empregada por sonda nasogástrica para remoção do pus e detritos celulares
(NETO et al., 2017).
Além disso, o uso da sonda também é viável para instilar solução fisiológica
para limpeza total da ferida, bem como massagens ao redor da ferida que auxiliam
na eliminação do pus restante, finalizando com solução iodada (NETO et al., 2017).
Pode ser necessária a realização de punção, lancetagem ou debridamento
para tecidos necróticos e desvitalizados, nos casos que ocorrer a formação de
tecido de granulação exuberante é indicado a remoção cirúrgica (NETO et al.,
2017).
A higienização é indispensável para eficácia do tratamento e cicatrização,
com a atuação em um largo espectro combatendo bactérias gram-positivas e
gram-negativas, portanto, deve ser diária e copiosa, utilizando-se produtos à base
de água oxigenada, soluções iodadas ou soluções de clorexidina (NETO et al.,
2017).
A Sulfadiazina de prata à 1% pode ser utilizada na cicatrização de feridas
cutâneas, tendo um potencial séptico, enquanto a gentamicina é excelente para
infecções de agentes gram-negativas, mas deve ser usada apenas em casos
selecionados, já que pode desenvolver resistência e ser nefrotóxica em pacientes
com problemas renais (NETO et al., 2017). Por fim, o tratamento sistêmico
corresponde ao uso de analgésicos para alívio da dor, em associação com
anti-inflamatórios e a antibioticoterapia.
Em síntese, as expectativas de melhora compreendem o prazo de duas
semanas seguindo o protocolo, caso não ocorra, é necessária reavaliação do
quadro e investigação da existência de complicações ou doenças associadas
(NETO et al., 2017).

CONCLUSÃO
Com base nesse artigo, podemos concluir que antes de aplicar qualquer
medicação em animais, temos que fazer assepsia do local corretamente, utilizando
equipamentos individuais e descartáveis a fim de evitar abscessos e inoculação de
patógeno, sendo uma atribuição do Médico Veterinário.

REFERÊNCIAS

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MENDONÇA, J. F. M. et al. PROCESSO INFLAMATÓRIO POR APLICAÇÃO DE


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NETO, V. F. M. Ferida em região lombo sacra de eqüino causada por aplicação


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