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Departamento de
Enfermagem
Plano de Cuidados
Nome do Estudante Ano/semestre Ano Letivo
Mariana Gonçalves Charneca 2ºano, 1º semestre 2022/2023
Local de Ensino Clinico/Estágio Docente:
UCSP Pinhal Novo 6 Professor Edgar Canais
Nome da Pessoa
Sr. A
Apreciação Inicial
O Sr. A tinha 84 anos e usufruía de consulta de enfermagem ao domicílio. Foi encaminhado pela Unidade de
Cuidados de Saúde Personalizados do Pinhal Novo, após ter sido diagnosticado com edema nos membros
inferiores. Residia com a sua esposa, necessitando ser intervencionado no tratamento de uma ferida traumática
no pé esquerdo.
Em relação aos antecedentes pessoais de saúde do Sr. A, este já tinha sido diagnosticado com osteoartrose do
joelho, lombalgias, poliartralgias, hipertensão arterial, tromboembolismo pulmonar (TEP), trombose venosa
profunda (TVP) no membro inferior esquerdo e quistos renais bilaterais. O principal problema diagnosticado
recentemente é uma ferida, possivelmente traumática, no membro inferior esquerdo.
O Sr. A era comunicativo evidenciando estar consciente na pessoa, espaço, tempo e situação. Era parcialmente
dependente em algumas das suas atividades de vida diárias. Alimentava-se e hidratava-se de modo independente.
Os cuidados de higiene eram efetuados pelo Sr. A no WC, embora este precisasse de ajuda parcial da sua esposa.
Apresentava uma aparência cuidada, necessitando apenas de ajuda para vestir-se. Possuía a integridade cutânea
mantida, excetuando os membros inferiores edemaciados e uma ferida, possivelmente traumática, no pé
esquerdo, e algum risco de úlcera de pressão devido a passar grande parte do seu dia no leito e sentado, na
mesma posição. Era continente dos esfíncteres, não necessitando de absorvente de proteção. Fazia levante diário,
de modo independente, com ajuda parcial da esposa ou da sua bengala. Relativamente à necessidade do sono, foi
apenas possível averiguar que era independente na satisfação da mesma.
No que diz respeito aos sinais vitais e glicémia capilar, não foi possível avaliá-los dado o falecimento do Sr. A ter
ocorrido previamente à consulta de enfermagem seguinte.
Cumpria com as recomendações efetuadas pelos profissionais de saúde.
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superfície do corpo, associada a lesão mecânica devido a agressão ou
acidente; lesão irregular da pele; mucosa ou tecido; tecido doloroso e
magoado; drenagem e perda de soro e sangue; associada a tecido
pouco limpo, sujo ou infetado.” (CIPE, 2015, p. 59). Relativamente ao
termo “Atual”, este diz respeito a uma “Potencialidade: presente ou
real.” (CIPE, 2015, p. 93).
O Sr. A apresentava uma ferida traumática no pé esquerdo,
necessitando de cuidados à mesma. Este apresentava os membros
inferiores edemaciados, logo, demonstrava-se relevante a avaliação dos
edemas observados.
Resultados Esperados
Ferida Traumática Nenhuma
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Stemmer positivo (Bruning et al., 2013).
O Sr. A apresentava edema em ambos os membros inferiores, sendo definido como um edema bilateral. O edema
tinha surgido à cerca de uma semana, aproximadamente no dia 05/12, e devido às dores que causava, foram
recomendadas as consultas de enfermagem ao domicílio. Apresentava um Sinal de Godet positivo e um Sinal de
Stemmer negativo.
3. Executar cuidados à ferida traumática, 2 vezes por semana
Na execução dos cuidados à ferida traumática pode-se utilizar dois tipos de técnicas, a técnica estéril e a técnica
limpa. Na técnica estéril, o procedimento é efetuado na unidade de saúde, com material estéril, soro fisiológico
0,9% e penso estéril. Na técnica limpa, o procedimento é realizado no domicílio, pela própria pessoa, cuidador ou
profissional de saúde, com material limpo, água corrente ou soro fisiológico 0,9% e penso estéril (Prefeitura
Municipal de Florianópolis/ Secretaria Municipal de Saúde, 2008).
No caso do Sr. A, os cuidados à sua ferida eram efetuados no seu domicílio, sempre pela enfermeira, 2 vezes por
semana. Apesar de se ter aplicado uma técnica limpa, objetivava-se a realização de uma técnica “o mais estéril
possível”, tendo-se utilizado material estéril, como as luvas, soro fisiológico 0,9% e compressas esterilizadas, que
eram descartadas após cada passagem no leito da ferida.
4. Executar penso de ferida traumática, 2 vezes por semana
Na execução do penso de feridas traumáticas, ou de qualquer outra etiologia, é fundamental utilizar materiais que
promovam as condições desejadas para a cicatrização. A escolha do material deve ser feita tendo em
consideração a profundidade tecidular atingida, o tipo de tecidos presentes e o nível de exsudado ou hemorragia.
Por esse motivo, o penso executado deve ter a capacidade de “criar um ambiente húmido, controlar os níveis de
exsudado, permitir as trocas gasosas, fornecer uma temperatura constante e proteger a ferida.” . Na execução do
penso considera-se que, para alcançar a cicatrização da ferida, o conhecimento teórico e prático, sobre a correta
avaliação e seleção de técnicas e materiais pelos profissionais de saúde, é mais importante do que a
disponibilidade de recursos e tecnologias sofisticadas (Alves & Vales, 2014).
Após a limpeza do leito da ferida, ao realizar-se o penso do Sr. A, selecionou-se um apósito, identificado como
“Inadine”, que apresenta propriedades protetoras da ferida, antimicrobianas, que previnem a infeção, e que
ajudam, eficazmente, no processo de cicatrização da mesma. De modo a fixar este curativo, utilizou-se adesivo
estéril.
5. Monitorizar cicatrização da ferida traumática
Na monitorização de uma ferida traumática, ou de qualquer outra etiologia, deve-se garantir a continuidade e
qualidade dos cuidados de enfermagem, sendo para isso necessário a execução de registos. Na elaboração dos
registos, deve-se descrever as características da ferida e a metodologia adotada na execução do seu tratamento,
como o material utilizado e o curativo selecionado, para um acompanhamento preciso por todos os membros da
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equipa multidisciplinar, na sua evolução no processo de cicatrização. Por esse motivo, “Avaliar e registrar a
evolução da ferida é necessário para determinar o tratamento apropriado para cada caso. Isso deve ser feito de
forma sistemática, desde a ocorrência da ferida até sua resolução.” (Santos et al., 2011).
Foi devido à monitorização sistemática dos edemas do Sr. A, que foi possível diagnosticar esta ferida traumática e,
consequentemente, encaminhá-lo para consultas de enfermagem ao domicílio. Nestas consultas, iniciou-se a
monitorização da cicatrização da sua ferida traumática, que apresentava progressos positivos a cada visita
domiciliária.
Resultado de Enfermagem
12/12/2022
Efetuou-se os cuidados à ferida traumática que o Sr. A apresentava no pé esquerdo. Ao se avaliar tanto a ferida,
como o edema nos membros inferiores, verificou-se uma diminuição (melhoria) de ambos. Deixou-se um penso
com adesivo estéril e inadine, para ser trocado no dia 16/12. A monitorização do processo de cicatrização e a
realização dos cuidados à ferida do Sr. A deixaram de ser possíveis, dado o falecimento do mesmo, no dia 14/12.
Ferida Traumática Melhorada
12-12-2022 Data Fim
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Resultados Esperados
Processo de luto familiar efetivo
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Na realização do apoio no processo de luto da família do Sr. A, verificou-se que quem mais necessitava desta
intervenção de enfermagem era a esposa do mesmo. Este apoio, foi executado através da combinação de técnicas
como de escuta ativa e comunicação terapêutica que foi posteriormente instruída à família, para colocarem em
prática. No entanto, evidenciou-se a disponibilidade por todos os membros da equipa multidisciplinar neste
processo de apoio no luto, sempre que fosse necessário.
4. Ensinar sobre processo de luto familiar
O luto é um processo que, geralmente, se inicia com a perda de um familiar, amigo ou uma pessoa que se tivesse
um vínculo afetivo forte. Este processo pode levar à vivência de diversas emoções, tais como a tristeza, raiva,
entorpecimento, isolamento, aceitação, entre outras que se consideram esperadas dado a subjetividade do
processo de luto. Para além destes sintomas psicológicos, existem sintomas físicos associados ao luto como a
perda de apetite, a mudança nos padrões de sono, sonhos vívidos e pensamentos desorganizados. Dadas estas
reações, foi proposto um modelo baseado nas fases do luto mais comuns em pessoas que experienciaram a
perda, que são a fase de negação e isolamento, a fase de raiva, a fase de negociação, a fase de depressão e, por
fim, a fase de aceitação (Pimenta, 2021).
Ensinou-se à esposa do Sr. A que ambos os sinais psicológicos e físicos que esta sentia eram normais em pessoas
que experienciam a vivência do luto. Ensinou-se quais as fases do processo de luto, dando especial ênfase na sua
subjetividade pois este não é um processo linear e sim um processo vivido por cada pessoa à sua maneira.
5. Avaliar evolução do processo de luto familiar
Na avaliação da evolução do processo de luto familiar, têm-se de se ter em conta as fases deste e da sua
subjetividade, dado que este não ocorre de modo linear. Tal como mencionado o processo de luto, é geralmente
definido por 5 fases, sendo estas: negação e isolamento; raiva; negociação; depressão e; aceitação. A primeira
fase, desenvolve-se frequentemente logo após a notícia do falecimento e é considerada um tipo de defesa
psicológica. De seguida, na fase associada à raiva, a pessoa deixa de negar o acontecimento, mas não o aceita. Na
fase de negociação, é comum a ocorrência de apelos religiosos. Posteriormente, na fase de depressão, a pessoa
fica consciente de que não existe nenhuma solução para o retorno da perda. Por fim, na fase de aceitação, a
pessoa consegue compreender e aceitar a realidade dos acontecimentos, tornando-se mais forte e com
capacidade de encarar a perda (Idem, 2021).
Ao se avaliar a evolução do processo de luto familiar na família do Sr. A, verificou-se que tanto a esposa como o
filho se apresentavam em fases distintas deste processo. Enquanto a esposa do Sr. A, inicialmente, se encontrava
numa fase de raiva, relativamente ao sucedido, o seu filho aparentava estar numa fase de aceitação perante a
perda. No entanto, como este é um processo gradual, é necessária a avaliação da evolução deste processo uma
vez que, mesmo estando uma pessoa na fase de aceitação esta pode voltar para outra das fases a qualquer
momento.
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Resultado de Enfermagem
16/12/2022
A esposa e o filho do Sr. A, apresentam-se na UCSP para informar sobre o falecimento do senhor. A esposa
aparentava estar muito triste com o sucedido, com dificuldade em expressar os seus sentimentos sem se
emocionar e com alguma irritação. Foi avaliada como estando na segunda fase do processo de luto, uma vez que
não negava o acontecimento, mas não o queria aceitar. Apoiou-se a senhora e executou-se diversas técnicas de
relação de ajuda, como a escuta ativa e comunicação terapêutica, de modo que esta se sentisse compreendida e
segura. O filho apresentava uma postura calma, aparentando estar na fase de aceitação do processo de luto.
Efetuou-se ensinos sobre o processo de luto na família e como lidar com o mesmo em contexto domiciliar.
10/01/2023
Nesta consulta de enfermagem, a esposa do Sr. A apresentava-se mais calma e, apesar de triste, já conseguia
compreender e aceitar a realidade sobre a perda, alcançando a capacidade de a encarar e expressar os seus
sentimentos sem se emocionar. Apresentam-se ambos, esposa e filho, na fase de aceitação do processo de luto
familiar. Ambos apresentavam conhecimento efetivo, sobre o processo de luto familiar e conscientes do seu
progresso gradual.
Processo de luto familiar efetivo
10-01-2023 Data Fim
Referências
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Martins, P. A. P. C. (2014). Escuta Ativa nos Cuidados de Enfermagem: Uma Intervenção Confortadora [Master’s
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Prefeitura Municipal de Florianópolis/ Secretaria Municipal de Saúde. (2008). Protocolo de Cuidados de Feridas.
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https://www.saudedireta.com.br/docsupload/134049915626_10_2009_10.46.46.f3edcb3b301c541c121c7786c6766
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