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USO DA OZONIOTERAPIA NO
TRATAMENTO DE FERIDAS:
UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Traçando Caminhos na Prática da Enfermagem: Conhecimento e Cuidado. ISBN: 978-65-89361-19-0. Digital Editora - 2023. 395
Cleber Gomes da Costa Silva
Graduando em Enfermagem pelo Centro Universitário de Ciências e Tecnologia do Maranhão - UniFacema
Caxias-Maranhão
Orcid:https://orcid.org/0000-0001-6418-2294
RESUMO
Objetivo: Identificar na literatura cientifica os benefícios da ozonioterapia para o tratamento de feri-
das. Método: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, realizada através das bases de dados BVS,
LILACS, BDENF, SCIELO, MEDLINE e IBECS, com os descritores “Ozonioterapia”, “Terapêutica”,
“Ferimentos e Lesões” e “Enfermagem”, combinados entre si pelo operador booleano AND e OR. Foram
encontrados 136 estudos e após aplicar os critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados 10 estudos
para compor a revisão. Resultados:O tratamento de feridas com ozônio contribui significativamente com o
tratamento convencional, auxiliando de forma rápida a cicatrização,pois possuem benefícios já comprova-
dos cientificamente,porém ouso indevido pode trazer malefícios à saúde. Conclusão: A Ozonioterapia tem
sido objeto de interesse no tratamento de feridas, porém, os benefícios e eficácia da ozonioterapia ainda está
em desenvolvimento e seu uso deve ser feito apenas por profissionais capacitados.
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10.48140/DIGITALEDITORA.2023.003.29
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USE OF OZONE THERAPY IN
WOUND TREATMENT: AN
INTEGRATIVE REVIEW
ABSTRACT
Objective: To identify in the scientific literature the benefits of ozone therapy for the treatment of
wounds. METHOD: This is an integrative literature review, carried out using the BVS, LILACS, BDENF,
SCIELO, MEDLINE and IBECS databases, with the descriptors “Ozone Therapy”, “Therapy”, “Wounds
and Injuries” and “Nursing”. , combined with each other by the Boolean operator AND and OR. 136 studies
were found and after applying the inclusion and exclusion criteria, 10 studies were selected to compose
the review. Results: The treatment of wounds with ozone significantly contributes to the conventional
treatment, quickly helping healing, as they have already scientifically proven benefits, but misuse can be
harmful to health. Conclusion: Ozone therapy has been an object of interest in the treatment of wounds,
however, the benefits and effectiveness of ozone therapy are still under development and its use should only
be made by trained professionals.
KEYWORDS: Ozone therapy; Therapy; Wounds and Injuries; Nursing.
INTRODUÇÃO
As feridas podem ser definidas como a interrupção da continuidade da pele, onde apresentam-se em
diferentes etiologias e classificações. Essas lesões cutâneas ainda podem ficar vulneráveis a complicações
que afetam, não somente a cicatrização, como também a qualidade de vida do paciente. Nesse sentido, a
busca pelos melhores tratamentos para ferimentos e lesões é uma das grandes preocupações discutidas na
assistência em saúde, sendo a ozonioterapia um dos tratamentos mais promissores no cuidado de lesões
teciduais (Lima et al., 2022).
A ozonioterapia é uma terapia adjuvante e alternativa para tratamento de lesões de difícil cicatrização,
resultante da transformação de oxigênio medicinal em ozônio, geralmente, administrado em via tópica,
local ou sistêmica. Ela atua aumentando a cicatrização da ferida, agindo como bactericida e fungicida di-
minuindo a infecção, melhora da oxigenação sanguínea e tecidual, estimulação do crescimento de tecido
de granulação e neoangiogênese, além também, de atuar na adesão plaquetária favorecendo um efeito anal-
gésico e anti-inflamatório (Oliveria et al., 2021).
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O uso da ozonioterapia teve início na Alemanha e na União Soviética, durante a Primeira Guerra
Mundial em soldados com gangrena, abscessos e fraturas, se espalhando pela Europa, China e América. O
ozônio não é um fármaco, mas sim uma molécula biológica, encontrada na natureza e produzida de forma
regular por todos os seres humanos. No Brasil, em 1975 iniciou-se o uso da terapia, posteriormente sendo
regulamentada pelos conselhos profissionais de Odontologia, Fisioterapia, Farmácia e Enfermagem, onde
permite que os acadêmicos tenham conhecimento sobre a temática em suas Instituições de ensino (Dias et
al., 2021).
Atualmente, a ozonioterapia é um tratamento utilizado em muitos países, em vista da sua efetividade
na cicatrização de lesões cutâneas, baixo custo e maior acessibilidade. No Brasil, esse tratamento só foi ofi-
cialmente utilizado a partir da disponibilidade no Sistema Único de Saúde na Política Nacional de Práticas
Integrativas e Complementares em Saúde (PNPICS), por meio da Portaria nº 702, de 21 de março de 2018,
do Ministério da Saúde (Miranda et al., 2022).
A enfermagem é uma das profissões mais qualificada para utilização da ozonioterapia, visto que é a
responsável pelos cuidados as lesões teciduais e reabilitação do bem-estar físico, mental e psicológico do
paciente de forma holística. De acordo com Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), por meio do
Parecer Normativo nº 001 de 2020, é regulamentada como competência do enfermeiro a prescrição e ad-
ministração da ozonioterapia, a partir da presença de qualificação de no máximo 120 horas de curso sobre
a temática (Lima et al., 2022).
As discussões sobre os aspectos preventivos e terapêuticos de feridas têm ganhado espaço, visto que
não há curativo ideal para todas e quaisquer lesões, portanto, práticas integrativas complementares estão
crescendo cada vez mais. A ozonioterapia é um exemplo de práticas complementares usadas no tratamento
de feridas, introduzida recentemente nos processos de assistências, onde foi visto que ela auxilia na cica-
trização e possui propriedades analgésicas, anti-inflamatórias e antioxidantes, que melhoram a microcircu-
lação sanguínea no local que a apresenta inflamação, auxiliando na entrega de oxigênio aos tecidos (Girondi
et al., 2021).
As equipes de enfermagem que são responsáveis por acompanhar e tratar diversos tipos de feridas,
vem cada vez mais procurando se especializar no assunto e buscando conhecimentos sobre novas técnicas
para o aprimoramento do tratamento, visando não somente a lesão, mas também a melhoria da qualidade de
vida do paciente. Os profissionais devem conhecer práticas novas, haja visto que o tratamento será voltado
de uma forma específica de acordo com o tipo de lesão de cada paciente, através do processo de avaliação
(Oliveira et al., 2021)
Apesar dos avanços científicos, no país, o tratamento por ozonioterapia ainda é pouco utilizado. Tal
motivo se deve a escassez de estudos e desconhecimento da prática terapêutica que pode servir como
suporte científico para o seu uso (Oliveira et al., 2021). O presente estudo tem como objetivo analisar as
evidências científicas sobre o uso da ozonioterapia no tratamento de feridas.
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, a qual utilizou uma síntese de resultados obtidos
através de pesquisas já publicadas de modo a fazer a arguição dos resultados encontrados (Souza; Silva;
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Carvalho, 2010). Para construção deste estudo, utilizou-se a estratégia PICo, a qual representa um acrôni-
mo para Paciente (P), Interesse (I) e contexto (Co). Desse modo, pode-se representar da seguinte forma, P:
Enfermagem, I: Ozonioterapia e Terapêutica e Co: Ferimentos e Lesões. Assim, para direcionar a pesquisa,
adotou-se como pergunta
norteadora: “Quais as evidências científicas sobre o uso da ozonioterapia no tratamento de feridas?”.
A coleta e análise de dados foram provenientes da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) com bases de
dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Base de Dados de En-
fermagem (BDENF), Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Medical Literature Analysisand Re-
trievel System Online (MEDLINE) e Índice Bibliográfico Españolen Ciencias de la Salud (IBECS), através
dos seguintes Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “Ozonioterapia”, “Terapêutica”, “Ferimentos e
Lesões” e “Enfermagem”, combinados entre si pelo operador booleano AND e OR.
A busca nas bases de dados ocorreu no mês de agosto de 2023. Foram definidos como critérios de in-
clusão: artigos disponíveis na íntegra, nos idiomas português, inglês e espanhol, que abordassem a temáti-
ca, dos últimos cinco anos. Como critérios de exclusão: teses, dissertações, monografias, artigos que não
contemplavam o tema e estudos repetidos nas bases de dados. A partir da busca inicial com os descritores
e operadores booleanos definidos, foram encontrados 136 estudos nas bases selecionadas e após aplicar os
critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados 7 estudos para compor a revisão.
Figura 1. Fluxograma do processo de seleção dos estudos para a revisão integrativa, 2023.
Figura 1. Fluxograma do processo de seleção dos estudos para a revisão integrativa, 2023.
busca na BVS
(n = 136)
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No Quadro 1 encontram-se os resultados que foram encontrados e analisados
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mediante o estudo, cuja elaboração foi desenvolvida através de elementos
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No Quadro 1 encontram-se os resultados que foram encontrados e analisados mediante o estudo, cuja
elaboração foi desenvolvida através de elementos estruturantes analisados nos artigos científicos, com base
nas variáveis de interesse da pesquisa.
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As características dos estudos (n=7) da literatura científica qualificaram diversos aspectos que forte-
mente se relacionam com tema abordado, conforme observa-se no quadro 1.
Lima et al. (2022) discorre que um estudo descritivo com relato de caso, demonstrou que uma paciente
diabética de 78 anos, com histórico de úlcera e infecções recorrentes, apresentou melhoras em seu quadro
de saúde após a utilização da ozonioterapia como tratamento para lesão de pé diabético, com cicatrização
total em 90 dias e os primeiros resultados em 5 dias de tratamento.
Nesse mesmo contexto, um estudo feito por Batista et al. (2021) demonstrou resultados benéficos com
a utilização da ozonioterapia em pacientes diabéticos de difícil cicatrização, foi observado que ao utilizar
o tratamento com ozônio, obteve-se o aumento do tecido de granulação que por conseguinte acelerou o
reparo tecidual, tendo como desfecho o menor tempo no processo de cicatrização.
Em consonância, de acordo com Marchersini, Ribeiro et al. (2020) uma revisão sistemática realizada
na Austrália, no ano de 2020, cujo objetivo era demonstrar os benefícios e malefícios da ozonioterapia a
partir de nove estudos realizados com 453 pacientes. Após a análise dos estudos, notou-se melhora signif-
icativa na cicatrização de lesões. Com isso, fica evidente que ozônio segue sendo uma importante terapia
complementar no tratamento de feridas crônicas, com alto potencial diminuição no tempo de cicatrização.
Em contrapartida, segundo Páez et al. (2020) afirma que muitos países ainda estão analisando cuidadosa-
mente a utilização da ozonioterapia devido a insuficiência de evidências científicas, carência no manuseio
adequado, habilitação dos profissionais no uso e nas prescrições do ozônio. Nesse contexto é necessário que
haja profissionais capacitados e atentos na quantidade de gás que será usado de acordo com a necessidade
de cada caso, visto que em níveis elevados torna-se extremamente tóxico e prejudicial à saúde.
Ainda para Páez et al. (2020) a exposição ao ozônio está relacionada ao índice significativo de morte
por doenças respiratórias, por desencadear um processo inflamatório nas vias aéreas e causar um rebaix-
amento da função pulmonar, alterando o metabolismo nas trocas gasosas. Além dessas alterações, pode
culminar para o surgimento exacerbado da asma aumentando a necessidade de hospitalização por disfunção
pulmonar.
Mesmo com inúmeros benefícios já comprovados cientificamente, a ozonioterapia deve ser utilizada
por profissionais qualificados pois o uso indevido pode trazer malefícios à saúde do paciente, sendo assim, a
ozonioterapia faz parte do grupo de práticas complementares e integrativas, auxiliando e não substituindo o
tratamento convencional. Em contrapartida, o tratamento convencional para feridas torna-se desvantajoso
devido à alta multiplicação de bactérias resistentes à meticilina, dentre elas temos: taphylococcus aureus
e pseudomas aeruginosa. Dessa forma, o ozônio é utilizado para tratar feridas infectadas, pois possui pro-
priedades desinfetantes, bactericida e fungicida, promovendo a limpeza da ferida por meio da remoção dos
organismos contaminantes. (Mota et, al 2020).
Ornelas et al. (2020) afirma que o tratamento de feridas com ozônio contribui significativamente com
o tratamento convencional, auxiliando de forma rápida e eficaz a cicatrização, e que são em grande quanti-
dade evidências acerca dos beneficiários dessa prática associados ao tratamento corriqueiro.
Martinez et al. (2019) relata em seus estudos que o ozônio possue uma maior capacidade de oxigenar
os tecidos do que o próprio oxigênio, e que a sua reação com componentes orgânicos é muito mais seletiva.
Além do mais, possui um grande número de propriedades que o fazem ser mais útil e eficaz para o tratamento
de feridas nas áreas da enfermagem e medicina. Com isso, o ozônio pode ser usado para melhorar as
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propriedades do sangue e da circulação dos capilares, aumentar a capacidade de absorção de oxigênio nos
glóbulos vermelhos, bem como facilita a sua transferência para os tecidos.
Os resultados encontrados evidenciam que o uso da ozonioterapia traz inúmeros benefícios aos desafios
relacionados à cicatrização, tratamento e prevenção de feridas crônicas, pois não há estratégias que visem a
minimização de fatores que corroboram para o agravamento ou surgimento dessas lesões. Feridas crônicas
são as que possuem como características um tempo prolongado de cicatrização, e que por consequência
podem estar relacionadas a inúmeros fatores que culminam para o surgimento dessas lesões (Batista et al.,
2021).
CONCLUSÃO
Em conclusão, a ozonioterapia tem sido objeto de interesse no tratamento de feridas devido às suas
propriedades antimicrobianas e capacidade de melhorar a oxigenação dos tecidos. Embora haja algumas
evidências promissoras em estudos iniciais, é importante ressaltar que a pesquisa sobre os benefícios e
eficácia da ozonioterapia ainda está em desenvolvimento. Portanto, enquanto pode ser considerada como
uma opção complementar, sua aplicação deve ser cuidadosamente avaliada em conjunto com abordagens
médicas convencionais para garantir a segurança e eficácia no tratamento de feridas.
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