CÂMARA DOS DEPUTADOS

Procuradoria Parlamentar

PARECER 02/2021 - PROPA

(EM 19/11/2021)

CONSULENTE: DEP. ALÊ SILVA – PSL/MG

Trata-se de Consulta formulada pela Deputada Alê

Silva por meio do eDoc. n. 861305/2021, em que solicita
manifestação técnico-jurídica da Procuradoria
Parlamentar sobre a tipificação de conduta praticada
pela ex-assessora Melissa Teixeira Silva, Ponto 246472,
que teria trabalhado no Gabinete da Parlamentar no
período de 25/02/2019 a 31/07/2019, bem como quais
eventuais medidas judiciais podem ser adotadas.

Consoante narrado pela parlamentar solicitante, a

ex-assessora, aproveitando-se do fato de seu acesso ao
sistema eDoc (login e senha) não ter sido bloqueado após
a sua exoneração, teria especificamente no dia
24/09/2021 acessado o referido Sistema indevidamente
pelo Gabinete da Deputada Alê Silva e feito o DOWNLOAD de
um documento de uso interno na Câmara dos Deputados
(cujo acesso seria restrito). Documento esse que teria
sido divulgado publicamente em rede social.

É a Consulta.

Inicialmente, tendo em vista que a parlamentar

solicitante narra que Melissa Teixeira Silva não exercia
mais cargo público quando do acesso indevido ao sistema
eDoc, não é possível vislumbrar A PRIORI nenhum ilícito

Câmara dos Deputados, Anexo I, 17º Andar, Sala 1704 - Brasília/DF

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funcional, justamente pela ausência de vínculo

administrativo.

Por outro ângulo, levando-se em consideração

apenas a narrativa da Deputada solicitante e sem uma
depuração mais consistente das circunstâncias dos fatos
relatados, é possível conjecturar em tese a incidência
do seguinte tipo penal: invasão de dispositivo
informático (art. 154-A do Código Penal Brasileiro).
Art. 154-A. Invadir dispositivo informático de uso
alheio, conectado ou não à rede de computadores, com
o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou
informações sem autorização expressa ou tácita do
usuário do dispositivo ou de instalar
vulnerabilidades para obter vantagem ilícita:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
[...]
§ 3° Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo
de comunicações eletrônicas privadas, segredos
comerciais ou industriais, informações sigilosas,
assim definidas em lei, ou o controle remoto não
autorizado do dispositivo invadido:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
multa.
§ 4º Na hipótese do § 3º, aumenta-se a pena de um a
dois terços se houver divulgação, comercialização ou
transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados
ou informações obtidos.
Conforme relatado na Consulta pela parlamentar, a
conduta da ex-assessora (invasão indevida do sistema
eDoc pelo acesso do Gabinete da Dep. Alê Silva com a
finalidade de obter informações constantes em documento
de uso interno do Gabinete e sem qualquer autorização)
cotejada com o preceito primário do tipo penal do art.
154-A, possibilita aprioristicamente concluir pela
caracterização da moldura típica da conduta.

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Nada obstante, para escorreita apuração de

eventual autoria e materialidade dos fatos relatados na
Consulta, torna-se necessária a formalização de NOTITIA
CRIMINIS para noticiar os fatos à autoridade policial
competente para apuração de infrações penais.

Ante tais considerações, pontua-se que a equipe da

Procuradoria Parlamentar se encontra disponível para
eventuais esclarecimentos suplementares que se fizerem
necessários.

É o parecer.

Câmara dos Deputados, 19 de novembro de 2021.

THIAGO ELIZIO LIMA PESSOA

OAB-DF 48937

DIANA SEGATTO PATRÍCIA DAHER R. SANTIAGO

OAB/DF 38190 OAB/DF 20865

De acordo,

Deputado LUIS TIBÉ

Procurador Parlamentar

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