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CURITIBA
2021
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1 INTRODUÇÃO
2 JUSTIFICATIVA
O futebol, desde sua criação, é um esporte predominantemente masculino.
Houve um tempo, inclusive, em que a mulher era proibida de praticar a modalidade.
O decreto-lei 3199, de 14 de abril de 1941, criado durante o período do governo de
Getúlio Vargas apontava que: “Às mulheres não se permitirá a prática de desportos
incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo, para este efeito, o
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GOELLNER, Silvana Vilodre. Na “Pátria das chuteiras” as mulheres não têm vez. Seminário
Internacional Fazendo gênero 7, 2006
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Conselho Nacional de Desportos baixar as necessárias instruções às entidades
desportivas do país” (BRASIL, 1941, art. 54), tal decreto prevaleceu até o ano de 1983.
Com o avanço das conquistas dos direitos femininos, esse público foi se tornando
cada vez mais participativo, tanto nas arquibancadas, quanto dentro de campo, mas
os comentários excludentes e preconceituosos se arrastaram com os anos.
Nos últimos tempos, as redes sociais se tornaram um dos principais veículos
para a interação dos times com sua torcida. Segundo dados do IBGE2, no ranking que
faz um levantamento mensal dos 50 clubes brasileiros com maior público nas redes,
em agosto de 2021, somente o Instagram dos 20 clubes da série A, somavam mais
de 37 milhões de seguidores. Levando em conta todas as redes sociais, os números
desses mesmos clubes somam mais de 160 milhões. Além disso, páginas de
torcedores voltados para o público que consome futebol começaram a ganhar força,
através destes perfis, os administradores podem expor e compartilhar notícias e
posicionamentos e a torcida pode fazer uso da plataforma para reagir aos eventos do
mundo do futebol. É relevante entender como a inclusão e representação feminina
nesse meio acaba refletindo na construção imagética da participação da mulher nesse
esporte, majoritariamente representado por homens.
É importante analisar ainda a forma como os torcedores fazem uso do
Instagram, como uma extensão das arquibancadas, para debater o futebol. As
discussões sobre a participação feminina também se estendem para as redes sociais,
tornando necessário entender a representação delas no espaço.
Como uma torcedora ativa, que consome o conteúdo relacionado ao futebol
nas redes, encontro frequentemente postagens que abordam, mesmo que
indiretamente, a participação feminina no meio. Dentre publicações e comentários é
possível observar diversos posicionamentos e visões sobre a mulher no esporte, como
torcedora ou jogadora. O tema sobre a participação feminina no futebol é recorrente
em diversas pesquisas localizadas na pesquisa da pesquisa e que serão exploradas
mais adiante na Revisão Preliminar de Literatura. No entanto, o estudo sobre sua
representação nas redes sociais ainda não é tão explorado. Acredito na importância
de se estudar o tema para entender com mais clareza as representações femininas
no meio digital, no esporte que faz parte do imaginário brasileiro.
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Disponível em <https://www.iboperepucom.com/br/rankings/ranking-digital-dos-clubes-brasileiros-
ago-2021/> Acesso em: 5 de agosto de 2021.
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A partir disso, surge o questionamento de como o público feminino é
representado em perfis que abordam o futebol no Instagram e possuem públicos-alvo
diferentes, @apaixonadasfut,3 voltada para mulheres, e @fanaticosporfutebol 4,
direcionada ao público geral?
3 OBJETIVOS
3.1 GERAL
Examinar a representatividade feminina no universo futebolístico através da
comparação de duas páginas no Instagram voltadas ao público que consome futebol
e que conversam com pessoas diferentes (@apaixonadasfut e @fanaticosporfutebol).
3.2 ESPECÍFICOS
(1) Identificar a forma como algumas páginas que tem como temática o futebol se
comunicam com o público feminino no universo digital;
(2) Comparar o engajamento das publicações sobre o público feminino entre uma
página voltada para mulheres e outra que abrange torcedores em geral, através de
número de curtidas e conteúdo dos comentários;
(3) Analisar como a inclusão e representação feminina nas duas páginas reflete na
construção imagética da participação da mulher.
4 METODOLOGIA
Para realização da pesquisa será feita uma coleta de dados nos perfis do
Instagram @apaixonadasfut e @fanaticosporfutebol. Tais páginas foram escolhidas
por sua popularidade e frequente manifestação em relação a problemas sociais.
Pretende-se considerar o público consumidor do futebol e os números de engajamento
de ambas as páginas, além dos comentários em cada uma delas, atentando-se a sua
subjetividade e a forma com que podem estar relacionadas com a representação
feminina no esporte.
Dessa forma, será realizada uma análise de discurso, priorizando a
interpretação dos dados coletados, levando em consideração os significados gerados
nas publicações e nos comentários em cada uma das páginas, fazendo uma
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https://www.instagram.com/apaixonadasfut/
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https://www.instagram.com/fanaticosporfutebol/
4
comparação entre elas e atentando-se a tudo aquilo que está implícito dentro do
conteúdo, para que assim, possa ser possível compreender a recepção dos posts e
qual sua relação com o contexto no qual o público feminino que consome futebol está
inserido. Pretende-se, assim, diferenciar as maneiras nas quais o imaginário é
representado (ARAÚJO e SILVA, 2017, p. 19).
Para auxiliar o processo de análise nas páginas do Instagram, serão utilizados
softwares de análise de dados, como o Gephi.
5.1 FUTEBOL
O futebol pode ser considerado e visto como um dos fenômenos socioculturais
mundiais. Sua influência é capaz de impactar vários setores de nossa sociedade,
sendo importante tanto culturalmente, quanto economicamente (BARRETO
JANUÁRIO e VELOSO, 2016, p. 51).
Quando chegou no país, o futebol era praticado apenas pela elite, no entanto,
com sua popularização no século XX, todas as classes começaram a acompanhar e
se envolver. A massificação e a influência política do futebol foram se reafirmando ao
longo dos anos. No período da ditadura militar, na Copa do Mundo de 1970, foi
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utilizado como ferramenta para sustentar a ideia de um Brasil de conquistas, e, nos
anos 1980, foi instrumento para combater o regime, através de organizações, como a
Democracia Corinthiana, que lutava pela liberdade de expressão e democratização. A
famosa frase ‘o país do futebol’, começou a ser externada, reafirmando a relevância
que o esporte ganhou no Brasil.
Segundo pesquisa do Datafolha5, realizada no ano de 2018, cerca de 58% da
população brasileira afirmava simpatizar com o futebol, variando de grande a pequeno
interesse. O esporte, praticado do norte ao sul do país, consumido e jogado por
crianças e adultos, homens e mulheres, de todas as classes sociais, tem a capacidade
de criar sentidos e relações, aproximando e unindo pessoas, possibilitando interações
entre elas, podendo ser considerado um dos formadores da identidade nacional.
Mesmo que o futebol seja um importante desenvolvedor identitário brasileiro, é
importante não deixar de lado o seu caráter excludente. O ambiente ainda é bastante
conservador e preconceituoso com as minorias.
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Disponível em <https://www.torcedores.com/noticias/2018/04/pais-do-futebol-pesquisa-mostra-
interesse-de-brasileiros-pelo-esporte> Acesso em 23 de julho de 2021.
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Disponível em <https://oglobo.globo.com/esportes/pesquisa-mostra-que-no-pais-do-futebol-80-das-
mulheres-torcem-para-algum-time-2998020> Acesso em: 25 de julho de 2021.
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apenas 25% deste número frequentava estádios. Os principais motivos da
porcentagem baixa foram medo da violência e falta de segurança.
A história do futebol feminino e da participação representativa de mulheres nas
arquibancadas ao decorrer das décadas no Brasil deve ser debatido, tornando o
futebol espaço político e de luta por direitos, e o público feminino deve ser visto como
agente ativo dentro do esporte (BONFIM e MORAES, 2016).
Soraya Maria Bernardino Barreto Januário, doutora em Ciências da
Comunicação, pesquisadora de temáticas como: estudos de gênero, feminismos,
masculinidades e futebol, será uma das principais referências nas abordagens sobre
o assunto.
5.3 REPRESENTAÇÃO
“O principal ponto é que o sentido não é inerente às coisas, ao mundo. Ele é
construído, produzido. É o resultado de uma prática significante – uma prática
que produz sentido, que faz os objetos significarem” (HALL, 2016, p. 46).
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Jodelet, D. (1993). Représentations sociales: un domaine en expansion. In D. Jodelet (Ed.) Les
représentations sociales. Paris: PUF, 1989, pp. 31-61. Tradução: Tarso Bonilha Mazzotti. Revisão
Técnica: Alda Judith Alves-Mazzotti. UFRJ- Faculdade de Educação, dez.
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5.4 REDE SOCIAL E INSTAGRAM
O avanço da internet facilitou o acesso à informação e a comunicação entre
pessoas. As redes sociais digitais surgiram nos anos 1990 e foram crescendo de
acordo com a disseminação da internet ao redor do mundo. Através delas é possível
compartilhar informações, opiniões e momentos da vida dos usuários. Também é uma
ferramenta potente para realização e divulgação de vendas, além de diminuir
distâncias e aproximar pessoas. Segundo dados do The Global State of Digital, em
20198, cerca de 45% da população mundial possuía redes sociais. A porcentagem
corresponde a aproximadamente 3,4 bilhões de pessoas.
Segundo informações do portal CupomValido.com.br, com dados da Statista9,
em 2021 o Instagram, rede de compartilhamento de fotos e vídeos, é a quarta rede
social com maior número de perfis. O Brasil foi considerado o terceiro país com mais
usuários na rede, com cerca de 99 milhões de usuários, ficando atrás apenas de
Estados Unidos e Índia.
A presença dos brasileiros nas redes sociais cresce ao longo dos anos,
mostrando a necessidade de estudar e entender melhor as plataformas, os assuntos
abordados e as interações entre os usuários.
As redes sociais são uma ferramenta importante para a comunicação tanto de
clubes com suas torcidas, quanto para torcedores que compartilham informações do
mundo futebolístico com outros usuários. A comunicação esportiva pode ser
considerada objeto de consumo na cultura digital, se apropriando da formação
identitária do grupo de torcedores (DA SILVA, 2015).
O público que consome futebol utiliza as redes sociais e através delas
expressam suas interpretações voltadas aos temas abordados em cada publicação,
conectando as relações com as esferas cultural e midiática, tal comunicação é
responsável por construir e moldar identidades.
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Disponível em <https://www.iebschool.com/pt-br/blog/social-media/redes-sociais/as-redes-sociais-
mais-utilizadas-numeros-e-estatisticas/> Acesso em 01 de agosto de 2021.
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Disponível em <https://www.mundodomarketing.com.br/ultimas-noticias/39205/infografico-facebook-
youtube-e-whatsapp-sao-as-redes-sociais-mais-utilizadas-no-mundo.html> Acesso em 01 de agosto
de 2021.
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6 CRONOGRAMA
Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Pesquisa bibliográfica X X X
Coleta de dados X X X
Entrega do TCC I X
Elaboração textual X X X X X X X X X
Entrega TCC II X
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto-lei n. 3199, de 14 de abril de 1941. Diário Oficial da União. Rio de Janeiro,
1941.
DURÃO, Mariana. Pesquisa mostra que, no país do futebol, 80% das mulheres torcem
para algum time. 6 de junho de 2010. Disponível em:
<https://oglobo.globo.com/esportes/pesquisa-mostra-que-no-pais-do-futebol-80-das-
mulheres-torcem-para-algum-time-2998020> Acesso em: 25 de julho de 2021.
LIRA, Gabriela. País do futebol? Pesquisa mostra interesse de brasileiros pelo esporte.
16 de abril de 2018. Disponível em: <https://www.torcedores.com/noticias/2018/04/pais-do-
futebol-pesquisa-mostra-interesse-de-brasileiros-pelo-esporte> Acesso em 23 de julho de
2021.
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