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INTRODUÇÃO

O projeto de pesquisa, ora apresentado, tem como base às idéias e


pensamentos filosóficos (HUIZINGA), sociológicos (MAGNANE) e histórico do
futebol no Brasil; Os três enfoques desembocam para o contexto e sentido de
uma massa caminhar para uma torcida, e assim, vibrar para um time,
especificamente neste trabalho, direcionado para o Corinthians.

No decorrer do mesmo será apresentados os pormenores,


repassando a essência dos ideais do significado do jogo em si e sua função
social, e para tanto, levar-se-á em consideração as formas mais primitivas do
jogo: concursos, corridas, representações, espetáculos, dança, música,
torneios, etc. Mostrando que desde os primórdios do jogo, existem regras
preestabelecidas para o direcionamento e acontecimento do mesmo.

O futebol necessita, como condição de sua existência, instigar uma


crítica, uma crise. Para que se realize uma análise profunda e um nível de
completa compreensão leva-se em consideração a opinião dos autores
investigados, a conjuntura histórica, o momento político e cultural e práticas
discursivas da época.

O projeto descreve ainda, como o futebol (de origem e ordem


britânica) chegou ao Brasil (através de Charles Miller), e assim,
obrigatoriamente entrelaça-se com a história da fundação do Corinthians, em
1910. E a partir daí, uma massa começa a ser movida pela razão de simples
paixão.

Com a pretensão, talvez demasiadamente elevada, procura ainda


revelar a visão e o julgamento ao longo da história brasileira, refletindo a
difusão do esporte (do futebol), o qual se tornou um fenômeno social, passando
rapidamente da elite para o popular. Funcionando para este último como
válvula de escape diante dos problemas e dificuldades que envolvem a camada
mais pobre da sociedade.
2. JUSTIFICATIVA

O homem a princípio se autodenominou como homo sapiens. Com o


passar do tempo, acabou por compreender que não era tão racional, e passou
a ser “moda” designar a espécie com Homo Faber. Mas existe uma terceira
função, que se verifica tanto na vida humana como na animal, e é tão
importante como o raciocínio: o jogo. Depois de Homo Faber e talvez ao
mesmo nível de Homo Sapiens, a expressão Homo Ludens merece um lugar
em nossa nomenclatura (HUIZINGA).

O trabalho em questão justifica-se pela convicção de que é no jogo e


pelo jogo que a civilização surge e se desenvolve, e ainda que, o jogo integra o
conceito de jogo no de cultura.

Assim, o jogo e mais especificamente, o futebol é tomado como


fenômeno cultural através de sua perspectiva histórica.

O esporte apresenta-se atualmente como um fato social em estado


bruto. Ora, supõe-se um grau de elaboração de documentos acessíveis para
lapidar o esporte, enquanto fato social, que este não oferece. E apoiam-se em
fatos acumulados sem método e sem objetivos aparentes: avaliação do número
dos praticantes dotados de certo título ou munidos de uma ficha de
identificação sumária (licença ou mesmo simplesmente “cartão de adesão”);
estudos das sociedades esportivas; listas de dirigentes; avaliações temerárias
e diversas do número de espectadores de tal acontecimento ou de tal
manifestação.

De outro lado, torna-se lícito apoiar o estudo na imprensa ou nas


brochuras corporativas, nas revistas especializadas, uma infinidade de
testemunhos fragmentários e preciosos.

Esta estabelecido hoje que os escritores e os artistas concederam


ao esporte um lugar cada vez maior nas suas obras, levantando-se assim
contra a afirmação de La Fontaine de que “a matéria era estéril e pequena”
(MAGNAME). E cada vez mais, o esporte se tornou um centro de interesse
literário de primeiro plano universal, onde fizeram do esporte ora uma
panacéia, ora um novo ópio do povo.

Para o suporte da futura profissão é que o trabalho disserta sobre o


Corinthians num contexto social, sem a pretensão de esgotar-se no tema,
expondo e ilustrando as idéias sobre identidades como o bem, o belo, a
natureza do homem, seus vícios e suas virtudes, totalmente incrustados no
esporte.
3. PROBLEMATIZAÇÃO

O futebol é um fenômeno social que impregna profundamente a vida


quotidiana do homem (observador) do século XX, tornando-o simultaneamente
sujeito e objeto no processo de observação.

Sua presença se impõe não só aqueles que o praticam, mas aos


que organizam, dirigem-o, fazem-o, mas ainda aqueles que se dedicam a
combate-lo, permitindo aos esportistas reconhecer as posições dos seus
adversários quanto dos seus aliados.

O contexto dos problemas vem dizer a respeito das críticas que


envolvem o tema, e o motivo da força em mover massas: paixão, divertimento,
regras e possibilidades de um futuro melhor aos que verdadeiramente levam-
no como profissão, ou ainda os que não podem tê-lo como profissão, mas
como ponto de referência de ser o “melhor”, servindo como eliminação da vida
quotidiana.

Não é só de glórias e paixões vive o futebol brasileiro, onde alguns


intelectuais colocam a sua posição a respeito do esporte mais praticado no
Brasil. De jeito moleque e cheio de ginga, muito influenciado pelo negro com
capoeira e samba, “é característica do jogo de futebol brasileiro, onde a partir
desse preceito é criado um mito e incorporado à identidade nacional e no
caráter do povo brasileiro” (Gilberto Freyre), e por causa de inúmeros fatos e
características, surgem críticas como de Feiras e Mufuás de Lima Barreto, diz
que “o esporte é bárbaro, degradante e corrupto”. Mas Feiras e Mufuás não
são os únicos. Graciliano Ramos diz que “o esporte é racista e também sofre
influência de um estrangeirismo exarcebado, não podendo assim representar a
cultura brasileira”. Já os dirigentes, afirmam seu caráter benévolo, gratuito e
sério. O mundo do futebol, vive em diversas e inúmeras contradições. Mas
sobre um quadro de virtude, honra, nobreza e glória, o qual desde início
encontram-se na conceituação do que é o jogo.

Diante de questões, respostas, críticas e contradições, o resultado é


fanatismo, explicado por uma atração exercida pelo esporte, no caso o
Corinthians. Mostrando que o esporte encontra-se em estado “bruto”,
necessitando ser “lapidado”: Necessitando de uma inteiração sobre qual o seu
lugar no mundo, sobre os obstáculos que entraram ou retardaram a “marcha” e
o que fazer para removê-los, afim de que o progresso e uma maior
conscientização da realidade social, econômica e política possa ser atingida. A
pretensão se faz ainda, pois não há material no vasto universo do futebol.
4. OBJETIVOS

1) Introduzir o conhecimento do histórico desde os primórdios –


sobre os jogos.

2) Discutir que apesar das condições baixas em termos financeiros


a sociedade é capaz de fundar um clube para se apaixonar e fazer vibrar diante
das vitórias e nas derrotas não abandonar. Funcionando toda essa paixão,
como válvula de escape aos diversos problemas que a camada mais baixa da
sociedade enfrenta.

3) Estudar e explorar ao máximo a capacidade de criação da nossa


sociedade brasileira, diante dos jogos.

4) a influência decisiva para o nome do Corinthians.

5) Estudar as críticas formadas a respeito e discutir as


características brasileiras no futebol.

6) Comportar o máximo possível de tudo quanto na ordem se


escreveu sobre o futebol, e sobre o Corinthians.

7) O quanto o Corinthians trabalha na identidade cultural do seu


torcedor.

8) Relacionar ao máximo a história do Corinthians, e assim, contar a


história de importantes jogadores brasileiros, que passaram e/ou atingiram o
Corinthians.
5. DESENVOLVIMENTO TEÓRICO

5.1 NATUREZA E SIGNIFICADO DO JOGO COMO FENÔMENO


CULTURAL

O jogo mesmo em suas formas mais simples, ao nível animal é mais


do que um fenômeno fisiológico ou um reflexo psicológico. O jogo transcede as
necessidades imediatas da vida e confere um sentido à ação.

A psicologia e a fisiologia procuram observar, descrever e explicar o


jogo dos animais, crianças e adultos. Procuram determinar a natureza e o
significado do jogo, atribuindo-lhe um lugar no sistema da vida.(HUIZINGA –
1938, p.4) Então, a utilidade da função do jogo é geralmente considerada coisa
assente, constituindo o ponto de partida de todas as investigações científicas
do gênero.

As definições e teorias do jogo se divergem em : a) termos de


descarga da energia vital superabundante, b) “necessidade” de distensão, c)
como satisfação de um “instinto de imitação” e “realização do desejo”, d)
exercício de autocontrole indispensável ao indivíduo, e) desejo de dominar ou
competir, f) “ab-reação” – escape para impulsos prejudiciais, g) um restaurador
da energia dispendida por uma atividade unilateral.

Todas elas se interrogam sobre o porquê e os objetivos do jogo. As


respostas tendem mais a completar-se do que a excluir-se mutuamente. A
questão fundamental é saber o que o jogo é em si mesmo e o que ele significa
para os jogadores. A intensidade do jogo e seu poder de fascinação e a
capacidade de excitar que reside a própria essência é a característica
primordial do jogo.
5.2 O DIVERTIMENTO

O divertimento do jogo, resiste a toda análise e interpretação lógicas


nos diversos significados.

A existência do jogo não está ligada a qualquer grau de civilização,


mas possui uma realidade autônoma. A própria existência do jogo é uma
confirmação permanente da natureza supralógica da situação humana. Se os
animais são capazes de brincar, é porque são alguma coisa mais do que
simples seres mecânicos. Se brincamos e jogamos, e temos consciência disso,
é porque somos mais do que simples seres racionais, pois o jogo é irracional.

O jogo analisado a partir das abordagens da biologia e da psicologia,


resulta nos termos da cultura como um elemento existente antes da própria
cultura, e a partir de um dado momento da história passa acompanha-la.
Mostrando que por toda parte o jogo estava presente como uma qualidade de
ação bem determinada e distinta da vida “comum”.

5.3 A FUNÇÃO SOCIAL DO JOGO

Tomando-se por base uma significação primária de que o jogo se


baseia na manipulação de imagens e realidade, o fundamental passa a ser o
valor e significado dessas imagens. E assim, o jogo passa a ser fator cultural
da vida.

As grandes atividades da sociedade humana são, desde início,


inteiramente marcadas pelo jogo. Como por exemplo, a linguagem. Esta
transmite toda expressão abstrata que se oculta em uma metáfora e, toda
metáfora é jogo de palavras.

Outro exemplo é o mito que é também uma transformação do mundo


exterior, mas implica em um processo mais elaborado e complexo, onde há um
espírito fantasista que joga no extremo limite entre a brincadeira e a seriedade.
Ora, é no mito e no culto que têm origem as grandes forças
instintivas da vida civilizada: o direito e a ordem, o comércio e o lucro, a
indústria e a arte, a poesia, a sabedoria e a ciência. Todas elas têm suas raízes
no solo primevo do jogo.

Segundo ainda HUIZINGA, o jogo é diametralmente oposto à


seriedade, mas não irredutível e nem imutável. Um exemplo, são os jogos
infantis, o futebol e o xadrez que são executados dentro de uma profunda
seriedade. O jogo é comparado a outros sentidos é conceitualmente
independente absoluto e embora seja uma atividade não material, não
desempenha uma função moral, sendo impossível aplicar-lhe as noções de
vício e virtude. O jogo pode referir-se também às categorias do domínio da
estética, com tendência a assumir acentuados elementos de beleza. A
vivacidade e a graça estão originalmente ligados às formas mais primitivas do
jogo. É neste que a beleza do corpo humano em movimento atinge seu
apogeu. Em suas formas mais complexas o jogo está saturado de ritmo e de
harmonia, que são os mais nobres dons de percepção estética de que o
homem dispõe. São muitos, e bem íntimos, os laços que unem o jogo e a
beleza.

Apesar disso o trabalho ora, esclarece que o jogo é uma função da


vida, mas não é passível de definição exata em termos lógicos, biológicos ou
estéticos. A principal característica do jogo é então, as suas manifestações
sociais, em referência aos concursos e às corridas, ás representações e aos
espetáculos, à dança e à música, às mascaradas e aos torneios.

5.4 CARACTERÍSTICAS DO JOGO

1ª característica o fato de ser livre (liberdade): o jogo é uma


atividade voluntária e só se torna uma necessidade na medida em que o prazer
por ele provocado o transforma numa necessidade.

2ª característica o jogo não é vida “corrente” nem vida “real”. É


uma evasão da vida “real”.
O jogador se torna seriedade e a seriedade, jogo. Sendo possível ao
jogo alcançar extremos de beleza e de perfeição que ultrapassam em muito a
seriedade.

No que diz respeito às características formais do jogo, todos os


observadores dão grande ênfase ao fato de ser ele desinteressado. O jogo é
uma atividade temporário, que tem por finalidade autônoma a realização de
uma satisfação. E ainda, um intervalo na vida quotidiana. E a partir daí, o jogo
se torna parte integrante da vida em geral. Ornamenta a vida, ampliando-a, e
nessa medida torna-se uma necessidade tanto para o indivíduo, como função
vital, quanto para a sociedade, devido ao sentido que encerra, à sua
significação, a seu valor expressivo, a suas associações espirituais e sociais,
em resumo, como função cultural. Naturalmente o jogo contribui para a
prosperidade do grupo social.

3ª característica  isolamento, a limitação ( o tempo de duração,


jogado até o fim mas dentro dos limites de tempo e de espaço). Enquanto tudo
decorre tudo é movimento, mudança, alternância, sucessão, associação,
separação. Quanto ao tempo, o jogo perpetua na memória e é transmitido, daí
torna-se tradição.

A limitação no espaço é ainda mais flagrante do que a limitação no


tempo. Todo jogo se processa e existe no interior de um campo previamente
delimitado. A arena, a mesa de jogo, o círculo mágico, o templo, o palco, a tela,
o campo de tênis, o tribunal etc., têm todos a forma e a função de terrenos de
jogo, isto é, lugares proibidos, isolados, fechados, sagrados, em cujo interior se
respeitam determinadas regras.

Reina dentro do domínio do jogo uma ordem específica e absoluta.


Ele cria ordem e é ordem. É talvez devido a esta afinidade profunda entre a
ordem e o jogo que este, parece estar em tão larga medida ligado ao domínio
da estética. Há nele uma tendência para ser belo. Num encontro de ritmo e
harmonia. E também de tensão.
5.5 A TENSÃO

A tensão encontra-se no esforço de levar o jogo até ao desenlace. É


a tensão que faz-se sentir o elemento competitivo e assim, o jogo fica cada
vez mais apaixonante, dado que independente do desejo de ganhar, o jogador
deve obedecer às regras do jogo.

As regras do jogo é que fazem o conceito do jogo, sendo absolutas.


Dentro do círculo do jogo, as leis e costumes da vida quotidiana perdem
validade; o jogador tem a capacidade de tornar-se outro dentro daquele espaço
de tempo.

Definindo então as características do jogo: ele é uma atividade livre,


conscientemente tomada como “não-séria” e exterior à vida habitual, mas com
capacidade de absorver o jogador de maneira intensa e total, sendo praticado
dentro de limites espaciais e temporais próprios, segundo uma certa ordem e
certas regras. Promove a formação de grupos sociais com tendência a
rodearem-se de segredo e a sublinharem sua diferença em relação ao resto do
mundo por meio de “disfarces”.

5.6 A FUNÇÃO DO JOGO

Dois aspectos fundamentais que por vezes se confundem:

 Uma luta por alguma coisa.

 Representação de alguma coisa.

Pois, o jogo representa uma luta, ou uma luta que melhor representa
algo. Representar significa mostrar (exibição), provocando admiração. Que em
pouco espaço tempo chega-se ao espetáculo baseado na imaginação,
representando algo diferente, mais belo, mais nobre ou até mais perigoso do
habitual. O jogador fica literalmente “transportado” de prazer sem contudo
perder inteiramente o sentido da “realidade habitual”. Mas tudo isto não impede
que essa “realização pela representação” conserve, sob todos aspectos, as
características formais do jogo.

5.7 ELEMENTOS LÚDICOS NOS RITUAIS PRIMITIVOS

O culto é um espetáculo, uma representação dramática, uma


figuração imaginária de uma realidade desejada. Nas grandes festas, o grupo
social celebrava acontecimentos: mudança das estações, o surgimento e o
declínio dos astros, o crescimento e o amadurecimento das colheitas, a vida e
a morte dos homens e animais.

HUIZINGA cita Leo Frobenius “a humanidade “joga”, representa a


ordem da natureza tal como ela está impressa em sua consciência.” Para
Frobenius os homens começaram por tomar consciência dos fenômenos e a
partir daí adquiriram as idéias de tempo e espaço, dos meses e estações, do
percurso do sol e da lua. Passaram depois a representar esta grande ordem da
existência em cerimônias nas quais e através das quais “recriavam” os
acontecimentos. As formas desse jogo litúrgico deram origem à ordem da
própria comunidade, às instituições políticas primitivas.

Nos jogos infantis que possuem a qualidade lúdica em sua própria


essência, e na forma mais pura dessa qualidade é facilmente comparado aos
jogos na sociedade primitiva pois se verificam todas as características lúdicas:
ordem, tensão, movimento, mudança, solenidade, ritmo, entusiasmo. Somente
mais tarde o jogo é associado à expressão de algo.

5.7.1 O Sagrado e o Jogo

Para Platão : “É preciso tratar com seriedade aquilo que é sério. Só


Deus é digno da suprema seriedade, e o homem não passa de um joguete de
Deus, e é esse o melhor aspecto de sua natureza. Portanto, todo homem e
mulher devem viver a vida de acordo com essa natureza, jogando os jogos
mais nobres, contrariando suas inclinações atuais... Pois eles consideram a
guerra uma coisa séria, embora não haja na guerra jogo ou cultura dignos
desse nome.”

A identificação Platônica entre o jogo e o sagrado, não desqualifica


este último, mas exalta o primeiro, elevando-o às mais altas regiões do espírito.
Podemos situar-nos, no jogo, abaixo do nível da seriedade, como faz a criança;
mas podemos também situar-nos acima desse nível, quando atingimos as
regiões do belo e do sagrado.

O jogo também tem características semelhantes à uma festa. Ambos


implicam uma eliminação da vida quotidiana. Em ambos predominam a alegria,
e são limitados no tempo e no espaço, uma combinação de regras estritas com
a mais autêntica liberdade. O modo mais íntimo de união de ambos parece
poder encontrar-se na dança.

O jogo “sagrado” (rituais), pelo fato de ser indispensável ao bem-


estar da comunidade, não deixam de ser um jogo que, como dizia Platão “Se
processa fora e acima das austeras necessidades da vida quotidiana.”
6. A NOÇÃO DE JOGO E SUA EXPRESSÃO NA LINGUAGEM

O jogo em sua forma familiar, ou seja, como é expresso pelas


palavras na maior parte das línguas modernas é definido como uma atividade
ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de
tempo e de espaço, segundo regras livremente consentidas, mas
absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de
um sentimento de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da
“vida quotidiana”.

É possível que alguma língua tenha expressado melhor do que


outras sintetizar os diversos aspectos do jogo em uma só palavra. Encontram-
se diversas expressões distintas para designar a atividade lúdica. Em geral, em
todo idioma a palavra designada ao jogo é associada às idéias de
despreocupação e alegria.

Em um domínio amplo e importante em nossa terminologia também


faz parte do jogo: as competições e concursos. Sendo que as competições
desempenhavam um papel importante na cultura grega e na vida quotidiana
dos gregos.

A competição  em qualquer parte do mundo, possui todas as


características formais do jogo. Adquiriram um valor excepcional e as pessoas
deixaram de ter consciência de seu caráter lúdico, tornando-se uma função
cultural tão intensa que os gregos a consideravam perfeitamente “habitual”.

O amor  Há ainda um outro uso da palavra “jogo”, que de modo


algum é menos fundamental ou menos amplo do que a identificação entre o
jogo e o combate a sério, a saber, o jogo tomado em sentido erótico. O amor é
o exemplo mais perfeito do jogo em geral, pois apresenta da forma mais clara
possível todos os caracteres essenciais do jogo.
7. ASPECTOS DO FATO ESPORTIVO NA VIDA QUOTIDIANA

O esporte é um fenômeno social que impregna profundamente a


vida quotidiana do homem (observador) do século XX, tornando-o
simultaneamente sujeito e objeto no processo de observação.

Sua presença se impõe não só aqueles que o praticam, mas aos


que organizam, dirigem-o, fazem-o, mas ainda aqueles que se dedicam a
combate-lo, permitindo aos esportistas reconhecer as posições dos seus
adversários quanto dos seus aliados.

Que o esporte seja uma atividade específica da juventude, é


evidente. A categoria “veteranos” começa aos 35 anos e abrange um número
muito pequeno de praticantes regulares. O esporte exerce a sua mais forte
atração e maior influência na classe de trabalhadores assalariados (operários e
empregados).

Para MAGNANE (1969), “os verdadeiros significados do esporte


ainda estão por descobrir, talvez por criar”, mas “é preciso que o homem do
século XX não se recuse a tomar consciência de um fato de civilização tão
enormemente visível como o esporte”.

É precisamente na imprensa que o esporte (a criança difícil do


século) manifesta a sua presença da maneira mais indiscreta. Assim é que, no
momento em que a política nacional mudava decisivamente de rumo, se via o
anúncio do jogo França-Brasil, na final da Copa do Mundo de 1998, eclipsar
pelos seus gordos títulos.

Esta forma degradada do culto do herói contribui sem dúvida


nenhuma para manter o esporte numa condição de eterno menor. Os
profissionais do futebol, do boxe ou do ciclismo esperam, após cada jogo, cada
luta ou cada corrida, a sua porção de elogios e medem a solidez da sua
situação pelas homenagens que lhes são concedidas, da mesma forma que os
atores de cinema ou as estrelas da canção.
O esporte contém elementos psicanalíticos de atração: de um lado
“as necessidades profundas e próximas do impulso instintivo” e do outro lado
“poderosos pela classe ou autoridade”. Expressos no jogo organizado, onde o
jogador sente-se justificado pelo pensamento de que trava um combate não ao
egoísta, o bom combate: é pelos seus, pelo seu clube, e pelas suas cores que
leva a agressividade até aos últimos limites fixados pelas regras do jogo.
8. DO LAZER À LIBERDADE

A palavra lazer, pela sua etimologia (licere:ser permitido), evoca uma


organização do trabalho tradicional e patriarcal. Trata-se de fato de uma
liberdade autorizada, muito precisamente limitada no tempo, dependente de
toda organização social e principalmente das condições do trabalho humano.

O esporte é o principal pólo de atração para as atividades


aprovadas, lícitas, conscientemente sociais e, no sentido mais amplo da
palavra, dóceis.

Uma liberdade bem orientada é precisamente o que a disciplina


esportiva traz. Que a motivação dominante do esportista seja a admiração da
categoria de “super-homens” que a popularidade tende a fazer do campeão. O
fato é que, em treino o jovem regrado, tem a consciência tranqüila por que
realiza o melhor possível a tarefa que lhe prescreveram as pessoas dignas,
respeitáveis e que provaram as suas capacidades. Isso mostra que o lazer
esportivo surge como um assunto de primeira importância para os sociólogos,
estabelecendo claramente que “é sob o ângulo do controle social, que
exploram e analisam as atitudes. O controle social é tido como sinônimo de
cultura”.

8.1 FUNÇÃO SOCIAL DO LAZER ESPORTIVO

Georges Friedmann é o primeiro especialista de ciências humanas a


afirmar claramente a necessidade de avaliar o alcance social do lazer, e em
especial o lazer esportivo, no seio da nossa civilização essencialmente
industrial e técnica, e a qual abandona gradativamente a era do labor a fim de
entrar na “era do lazer”.

No colóquio de sociologia internacional que se realizou em Annecy,


em junho de 1957, os representantes da França propuseram um meio muito
simples de resolver o problema da definição através de um inquérito realizado
simultaneamente em todas as regiões da França, constatou-se que, em 60%
dos casos, o lazer definia-se inicialmente por oposição ao trabalho profissional
ou outros esforços com vistas a uma promoção social e visavam as atividades
que elevavam o nível de cultura, o desenvolvimento da personalidade e
socialidade.

Os congressistas de Annecy, utilizaram uma definição de lazer como


instrumento de trabalho suficiente : “O lazer é um conjunto de ocupações às
quais o indivíduo pode dedicar-se, quer para descontrair-se, quer para divertir-
se, quer para desenvolver a sua participação voluntária, suas informações ou
sua cultura, após ter-se libertado de toas as obrigações profissionais, familiares
ou outras”.

Embora considere-se que o esporte assume toda a sua importância,


enquanto fenômeno social, pela sua popularidade e pelos efeitos sobre a
classe operária, deve-se levar em conta dois fatos que o convertem numa
forma de lazer que tem suas leis específicas:

1°) a maioria dos dirigentes são recrutados nas classes abastadas;

2°) os esportes mais populares: futebol, ciclismo, boxe e luta, são


condicionados (alguns dizem minados) pela tentação permanente, ou ao
menos pela miragem do profissionalismo.

8.1.1 O Esporte como Ascensão Social

A atividade esportiva torna-se muito rapidamente, em caso de


sucesso, exigente e absorvente até a obsessão. E a obrigação se apresenta
oras como ameaça, oras como uma sedução. A sedução pode ser explicada
através de um exemplo: Em uma pesquisa realizada em um clube, na categoria
de judô, resultou que 75% dos operários, no dia em que amarram em volta da
cintura a faixa branca de principiante, não só visam a faixa preta dos “peritos”,
como também sonham em ter um sucesso bastante brilhante de forma a
escapar à fábrica tornando-se os “diretores técnicos” bem pagos de uma
“academia”. No boxe, a porcentagem desses candidatos ao profissionalismo
dourado ainda é muito mais elevada: atingindo 90%.
Os jovens que praticam o esporte da maneira rubricada por
Dumazedier: “prática distrativa ou competitiva”, não se deixam fascinar pelos
sonhos de glória e de opulência oferecidos pelas diversas crônicas dos astros.

Para Dumazedier existem dois tipos de esportistas: os apaixonados


(esportistas de domingo – pois o esporte é evidentemente um lazer); e os
esportistas alienados (vêem o esporte como meio e como fim).

Para o esportista sensato e culturalmente consciente foram


resumidas três palavras: Descontração (D1), Divertimento (D2),
Desenvolvimento (D3). O repouso não foi considerado para este grupo de
esportista supostamente analisado por Dumazedier.

D1 – Descontração  é tomada mais no sentido de recuperação.

D2 – Divertimento  as ocupações inspiradas pela necessidade de


distração.

D3 – Desenvolvimento  A função de “desenvolvimento” são


consagradas as atividades desinteressadas que tendem à “afirmação e ao
desenvolvimento da personalidade”. Distingue-se entre:

a) as ocupações dominadas pela necessidade de receber


ou de dar uma informação, de desenvolver uma cultura;

b) as que são dominadas pela necessidade de participar


no funcionamento dos grupos espontâneos ou organizados para um trabalho
social gracioso.

O trabalho sobre o lazer na cidade de Annecy oferece uma


oportunidade para uma visão do esporte contemporâneo, foi considerado como
um inquérito-piloto pelos peritos internacionais reunidos sob a égide da
Unesco. Um dos princípios metodológicos que foram adotados já em 17 de
junho de 1957 permite esperar uma renovação radical da orientação do esporte
na França, enunciando-se assim: “Mais do que uma descrição dos grupos de
lazer, o nosso estudo tem por objetivo os seus diferentes modos de integração
na estrutura social da coletividade.”
No projeto de dezembro de 1957 figuravam sete categorias de
lazeres:

1- ocupações ainda sobrepostas às obrigações;

2- ocupações dominadas pela necessidade de descontração;

3- ocupações inspiradas pela necessidade de distração;

4- ocupação com predominância intelectual. Ex: autodidaxia e


pesquisas pessoais.

5- ocupações dominadas pelas necessidades culturais;

6- ocupações com predominância do trabalho social gracioso. Ex:


atividade do dirigente esportivo, que apresenta ainda as características:
afirmação da personalidade e o gosto da autoridade.;

7- ocupações dominadas pela necessidade de participar no


funcionamento de grupos espontâneos ou organizados – os dirigentes
esportivos insistem no caráter benévolo e gratuito do seu trabalho.

As funções do lazer, tais como foram definidas por Dumazedier


misturam-se e mesmo por vezes interpenetram-se mostrando que o esporte
oferece muitas vezes uma via de desenvolvimento autodidático de ordem
intelectual. E existe um grande número de atletas para quem o esporte é um
meio de expressão artística.
9. ESTUDO DO LAZER ESPORTIVO NAS SUAS RELAÇÕES COM
O TRABALHO

A necessidade de demarcar o limite entre o lazer e a obrigação,


mostra-nos que alguns esportistas (trabalhadores) garantem um ganho
complementar. Essa categoria de esportistas em sua coletividade formam
verdadeiras sociedades na Sociedade. Revelando-se: um meio de revelar, de
desenvolver, de criar conforme as necessidades, laços de reciprocidade entre a
atividade esportiva e todas as outras atividades, especialmente as
profissionais.

9.1 ESPORTE E OBRIGAÇÕES

O fato de que o homem, no próprio seio das suas atividades


extraprofissionais, não pode escapar a uma incessante proliferação de novas
obrigações não implica o desaparecimento total dos efeitos de descontração de
divertimento e de desenvolvimento; e não exclui a função liberadora do lazer
que contém e condiciona as outras.

A necessidade de jogo, nascida na infância, forma de fidelidade ao


espírito de infância, continua sendo a fonte vivificadora, sempre renovada, de
todo prazer, de todo lazer.

Todos os esportistas que praticaram a competição sabem que a


seriedade do esporte une como que por milagre a seriedade do trabalho, com
aquilo que ele comporta de tenacidade, de vigilância, de vontade de descobrir
os limites da resistência humana.

“Trabalhar um movimento” é uma obra de longa paciência, quer se


trate da melhor maneira de transpor uma barreira, de sentir o desequilíbrio do
adversário, ou de alargar o passo....
10. O JOGO E A COMPETIÇÃO COMO FUNÇÕES CULTURAIS

O fato de existir a presença de um elemento lúdico na cultura não


quer dizer que o jogo ocupe primeiro lugar entre as diversas atividades da vida
civilizada, e nem que a civilização tenha origem no jogo através de qualquer
processo evolutivo, sendo possível neste ponto ser denominado de cultura. A
cultura surge então, em forma de jogo e através do jogo que a sociedade
exprime sua interpretação da vida e do mundo. Com isto o que se tenta
exprimir não é que o jogo se transforma em cultura, mas que em suas fases
mais primitivas a cultura possui um caráter lúdico e que se processa sob as
formas e o ambiente do jogo. Na dupla unidade do jogo e da cultura, é ao jogo
que cabe a primazia. Este é objetivamente observável, passível de definição
concreta, ao passo que a cultura é apenas um termo que nossa consciência
histórica atribui a determinados aspectos.

O elemento lúdico original fica completamente oculto por detra´s dos


fenômenos culturais. Mas é sempre possível que a qualquer momento, mesmo
nas civilizações mais desenvolvidas, o “instinto” lúdico se reafirme em sua
plenitude, mergulhando o indivíduo e a massa na intoxicação de um jogo
gigantesco.

Como é natural, a relação entre cultura e jogo torna-se


especialmente evidente nas formas mais elevadas dos jogos sociais, onde
estes consistem na atividade ordenada de um grupo.

Os fatores básicos do jogo, competições e exibições, enquanto


divertimento não procedem da cultura, mas, pelo contrário, precedem-na.
10.1 Os Elementos Antitético e Agonístico

Em geral os jogos em grupo possuem caráter fundamentalmente


antitético. Todavia, as danças, cortejos e espetáculos podem ser inteiramente
destituídos desse caráter antitético. Além disso, “antitético” não é
necessariamente sinônimo de “combativo” ou “agonístico”.

Entre as características do jogo verifica-se a tensão e a incerteza,


que aumentam enormemente quando o elemento antitético se torna
efetivamente agonístico nos jogos entre grupos.

Existe uma evolução da cultura quanto mais difícil for o jogo, e este
exigir aplicação, conhecimentos, habilidade, coragem e força. A partir do
momento em que um jogo é um espetáculo belo seu valor cultural torna-se
evidente. O valor estético não é indispensável para a cultura: os valores físicos,
intelectuais, morais ou espirituais também são capazes de elevar o jogo até o
nível cultural. Quanto maior for a sua capacidade de elevar o tom, a
intensidade da vida do grupo, mais rapidamente passará a fazer parte da
civilização. A representação sagrada e a competição solene são duas formas
que surgem constantemente na civilização, permitindo a esta desenvolver-se
como jogo e no jogo.

As competições entram na categoria de jogo, desde os jogos


Olímpicos haviam duelos que só terminava, com a morte de um dos
contentadores; e ainda como outro exemplo: as tremendas proezas de Thor e
seus companheiros na luta contra o Homem do Utgarda-Loki são chamadas
leikas (jogo).

Tal como todas as outras formas de jogo, a competição é


geralmente desprovida de objetivo. O popular ditado holandês segundo o qual
“o que importa não são as bolas de gude, mas o jogo” exprime que o elemento
final da ação reside no resultado sem relação direta com o que se segue.

A essência do lúdico está contida na aceitação de suas regras tanto


do jogador quanto dos espectadores, e o êxito é uma satisfação que dura um
“tempo”. O sentimento de prazer ou de satisfação aumenta com a presença de
espectadores, embora esta não seja essencial para esse prazer.

A idéia de ganhar está estreitamente relacionada com o jogo.


Todavia, para alguém ganhar é preciso que haja um parceiro. Ganhar significa
manifestar superioridade num determinado jogo, conferindo ao vencedor uma
aparência de superioridade. Ganha estima, conquista honrarias: e estas
honrarias e estima imediatamente concorrem para o benefício do grupo ao qual
o vencedor pertence. Assim, apresenta-se outra característica do jogo: o êxito,
que obtido passa prontamente do indivíduo para o grupo. Mas há um outro
aspecto ainda mais importante: o “instinto” de competição não é
fundamentalmente um desejo de pode ou de dominação. O que é primordial é
o desejo de ser melhor que os outros, de ser o primeiro e ser festejado por
esse fato. O principal é ganhar.

Joga-se ou compete-se “por” alguma coisa. O objeto pelo qual joga-


se e compete-se é antes de mais nada e princi´palmente a vitória. Os frutos da
vitória podem ser a honra, a estima, o prestígio, um prêmio (preço). O prêmio
caminho num sentido inverso, ou seja, passa da esfera lúdica para a esfera
econômica, tornando-se sinônimo de “ordenado”.

No que diz respeito tanto à atividade lúdica quanto à economia, são


caracterizados por um determinado sentido de paixão, de sorte, de audácia. E
a essência do espírito lúdico é ousar, correr riscos, suportar a incerteza e a
tensão. A tensão aumenta a importância do jogo.

A competição não se estabelece apenas “por” alguma coisa, mas


também “em” e “com” alguma coisa. Os homens entram em competição para
serem os primeiros “em” força ou destreza, em conhecimentos ou riqueza, em
esplendor, generosidade, ascendência nobre, ou no número de sua
progenitura. Competem “com” a força do corpo ou das armas, com a razão ou
com os punhos, defrontando-se uns aos outros com demonstrações
extravagantes, e astúcia.

Os estudos antropológicos têm mostrado de maneira cada vez mais


clara que normalmente a vida social primitiva assenta na estrutura
antagonística e antitética da própria comunidade, e que todo o mundo espiritual
deste tipo de comunidade.

O mais importante aqui é que todas estas competições, mesmo


quando são fantasiosamente descritas como combates titânicos e mortais,
pertencem em todos os seus aspectos ao domínio do jogo.

10.2 HISTÓRIA DA CULTURA LÚDICA NOS POVOS

Entre os chineses o yin e o yang (princípio feminino e o princípio


masculino – dualismo sexual) cuja alternância e cooperação mantêm o ritmo da
vida.

Há muitos povos que colocam o jogo de dados no número das


práticas religiosas. No Mahabharata o próprio mundo é concebido como um
jogo de dados que Siva joga com sua esposa. As estações, RTU, são
representadas sob a forma de seis homens jogando com dados de ouro e
prata.

Também a mitodologia germânica faz referência a um jogo jogado


pelos deuses em seu tabuleiro: quando o mundo foi ordenado, os deuses em
seu tabuleiro: quando o mundo foi ordenado, os deuses reuniram-se para jogar
aos dados, e quando ele renascer de novo após sua destruição, os Ases
rejuvenescidos voltarão a encontrar os tabuleiros de jogo em ouro que
originariamente possuíam.

10.2.1 Potlatch

Os fundamentos agonísticos da vida cultural da sociedade primitiva


foram esclarecidos a partir do momento em que a etnologia foi enriquecido por
uma rigorosa descrição dos curiosos costumes de tribos índias da Colômbia
britânica, que se tornaram conhecidos sob o nome de potlatch, que é uma
grande festa, com pompa e cerimônia, ressaltando nelas as características de
rituais, leis e artes e grandes competições, através das quais são
demonstradas superioridade.

Nas culturas da Grécia, da Roma e da Germânica da antiguidade, na


Arábia pagã dos tempos pré-Islâmicos apresentam também vestígios de
costumes semelhantes ao de potlatch. O potlatch é o instinto agonístico, que
são encarados por uma expressão violenta da necessidade humana de lutar.
Uma vez admitido este princípio, pode ser chamado em um sentido restrito de
jogo – um jogo sério, funesto e fatal, sangrento , sagrado, mas que mesmo
assim contínua sendo aquela atividade lúdica que, nas sociedade primitivas,
eleva o indivíduo ou a personalidade coletiva a um plano mais alto. Exemplos
de potlatch pode ser Cleópatra quando leva a melhor de Marco Antônio
dissolvendo sua pérola em vinagre, quando Filipe da Borgonha faz culminar
uma série de banquetes de sua corte com a festa dos Voeux du faisan em Lille,
quando os estudantes holandeses se entregam, por ocasião de certas
solenidades, à destruição ritual de taças e copos, em todos estes casos
encontramo-nos, em diferentes formas adequadas às respectivas épocas e
civilizações, perante puras manifestações do espírito do potlatch. E seria talvez
mais simples e mais verdadeiro considerar o potlatch a forma mais evoluída e
explícita de uma necessidade humana, a qual poderíamos chama o jogo pela
honra e glória.

O sistema Kula, observado entre os indígenas das ilhas Trobiand e


seus vizinhos da Moelanésia. O Kula é uma expedição marítima ritual onde são
feitas trocas. A competição exprime-se sob uma forma tão pura e sem misturas
que parece ser superior a todos os costumes semelhantes praticados por
povos de civilização muito mais avançada. Podemos reconhecer, nas raízes
deste ritual sagrado, a imperecível necessidade humana de viver em beleza. E
só o jogo é capaz de satisfazer esta necessidade.

Portanto, a virtude e a honra, a nobreza e a glória encontram-se


desde início dentro do quadro da competição, isto é, do jogo.
11. CRONOGRAMA

Fases Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set


Elaboração do projeto de pesquisa X X X
Apresentação do projeto de pesquisa X
Alterações no projeto de pesquisa X
Execução da 1ª fase da pesquisa X
Levantamento de dados complementares X
Análise dos dados X X
Interpretação dos resultados e conclusão X
Redação do relatório final X X
Apresentação do relatório final X
12. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No espírito do homem primitivo, toda cerimônia corretamente


celebrada, todo jogo ou competição ganho de acordo com as regras, todo
sacrifício devidamente realizado, está intimamente ligado à aquisição pelo
grupo de uma nova prosperidade.

Em 1910 quando o futebol veio para o Brasil também não era


diferente. E esse sentimento se desenrola até os dias de hoje.
13. BIBLIOGRAFIA

01 – HUIZINGA, Johan – Filosofia, Homo Ludens – Editora Perspectiva, São

Paulo, 2000.

02 – MAGNAME, Georges – Sociologia do Esporte – Editora Perspectiva, São

Paulo, 1969.

03 – PSN.com (Internet)

04 – Revista Placar – Edição Especial – As Maiores Torcidas do Brasil –

Corinthians.

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