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VITÓRIA
2023
LAYZA ARAUJO SILVA
VITÓRIA
2023
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................
2 OBJETIVOS........................................................................................................................
2.1 OBJETIVO GERAL...........................................................................................................
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.............................................................................................
3 REFERENCIAL TEÓRICO..............................................................................................
3.1 O INÍCIO DO FUTEBOL FEMININO NO BRASIL.......................................................
3.2 A MULHER NO FUTEBOL.............................................................................................
3.3 A DESIGUALDADE NO FUTEBOL FEMININO..........................................................
3.4 O SEXISMO NA MODALIDADE...................................................................................
3.5 MÍDIA E APOIO NO FUTEBOL FEMININO................................................................
4 METODOLOGIA...............................................................................................................
5 REFERÊNCIAS..................................................................................................................
1 INTRODUÇÃO
O futebol é um esporte amado e admirado em todo o mundo, considerado por muitos como
uma verdadeira paixão nacional. Porém, apesar de sua popularidade, há uma grande
desigualdade de gênero quando se trata da prática do futebol, especialmente no Brasil. O
futebol feminino, desde o seu início no país, tem enfrentado uma série de desafios, que vão
desde a desvalorização e falta de apoio, até o sexismo presente no meio esportivo. O presente
artigo tem como objetivo explorar o tema "futebol feminino no Brasil: desvalorização e
desafios", com um foco especial no início do futebol feminino no Brasil. A pesquisa será
baseada em uma revisão bibliográfica de estudos e artigos científicos sobre o tema. Também
serão utilizados dados estatísticos para ilustrar a disparidade entre o futebol masculino e
feminino em termos de investimento, apoio e visibilidade. O estudo tem como objetivo
contribuir para a conscientização sobre a importância da igualdade de gênero no esporte,
especialmente no futebol, e a necessidade de uma mudança na cultura esportiva que valorize e
apoie as jogadoras de futebol feminino. Acreditamos que o conhecimento e a compreensão
dos desafios enfrentados pelas mulheres no mundo do futebol podem ajudar a criar um
ambiente mais justo e igualitário no esporte, tanto para as jogadoras quanto para as futuras
gerações de atletas femininas.
2 OBJETIVO
Há diversas versões sobre como começou a prática do futebol feminino no país. De acordo
com Salles, Silva e Costa (1996), foram utilizadas fontes orais e escritas para destacar o início
dessa atividade. Eles examinaram um artigo do Jornal do Brasil de 29/11/76, que sugere que
as primeiras partidas de futebol feminino foram jogadas na praia do Leblon, em dezembro de
1975, sempre à noite porque as jogadoras eram empregadas domésticas.
Por outro lado, de acordo com um artigo da Revista Veja (FLORES..., 1996, p. 72-73), o
futebol feminino teve seu início em jogos organizados por diferentes boates gays no final dos
anos 70. Além disso, o jornal (BRASIL..., 1996, p.5) destaca que o início do futebol feminino
no país foi associado a jogos informais de rua e a eventos beneficentes. Por exemplo, eles
mencionam uma partida beneficente realizada em 1959 por atrizes do teatro de revista no
estádio do Pacaembu.
De fato, o futebol feminino organizado teve início nos anos 80. De acordo com Salles et al.
(1996), informações indicam que a primeira liga de futebol feminino do Estado do Rio de
Janeiro foi estabelecida em 1981. Desde então, diversos campeonatos foram patrocinados por
empresas, tais como o I Campeonato de Praia Feminino do Rio de Janeiro-Copertone Open de
Futebol Feminino, I Torneio de Futebol Society Feminino – Casas Pernambucanas, I Copa
Regine's Cinzano de Futebol Feminino e Copa Unibanco de Futebol Feminino. Assim sendo,
é inviável separar o início do futebol feminino dos investimentos realizados por entidades
privadas no esporte.
De acordo com o jornal (BRASIL..., 1996, p.5), em um breve resumo histórico do esporte, a
explosão do futebol feminino no Brasil ocorreu na década de 80. O time carioca Radar
alcançou diversos títulos nacionais e internacionais, sendo o mais notável a conquista do
Women's Cup of Spain em 1982, onde venceram seleções da Espanha, Portugal e França. A
vitória incentivou a criação de novos times e, em 1987, a CBF já havia cadastrado cerca de 2
mil clubes e 40 mil jogadoras. No ano seguinte, o Campeonato Estadual foi organizado no Rio
de Janeiro e a primeira seleção nacional alcançou o terceiro lugar no Mundial da China,
evento inédito. Entretanto, a partir de 1988, o Radar entrou em decadência, o que acabou
impactando negativamente o futebol feminino como um todo no Brasil.
Na década de 80, a televisão começou a transmitir jogos de futebol feminino por ser um
investimento vantajoso. Kenski (1995) afirmou que esse esporte é fácil de produzir e não
requer grandes custos com atletas e cenários, além de ser uma fonte inesgotável de notícias,
público e lucro para a mídia em geral. A Rede Bandeirantes tinha um grande espaço dedicado
ao esporte na época e, como o futebol masculino era transmitido por diferentes redes a um
custo mais alto, a emissora abriu oportunidades para o futebol feminino na TV para preencher
seus horários.
O depoimento de uma jogadora da seleção brasileira de futebol que participou das Olimpíadas
de Atlanta em 1996, resultante da pesquisa conduzida por Todaro (1997), é o que nos permite
ter uma compreensão mais adequada sobre o início do futebol feminino no país:
Eu sempre fui muito sapeca. Gostava de subir em árvores, eu era muito ativa e
geralmente as meninas de meu tempo eram "paradas", não gostavam de correr, de
brincar e geralmente quem fazia estas coisas eram os meninos, principalmente a
nível de escola. Eu sempre ficava com os meninos brincando, jogava com meus
irmãos, meus primos e as meninas ficavam brincando de boneca e casinha. Isto não
me interessava. Eu adorava fazer tudo o que tinha vontade (TODARO, 1997, p. 44).
O depoimento na verdade revela os desejos e habilidades presentes em cada indivíduo, que
muitas vezes são impedidos de se expressar devido aos estereótipos de gênero.
A prática do futebol foi afetada pela exclusão histórica das mulheres devido à normatividade
de gênero, que estabeleceu diferenças entre a prática esportiva feminina e masculina. As
mulheres tiveram uma experiência esportiva muito diferente dos homens, e o futebol ficou
restrito como um espaço exclusivamente masculino, refletindo os aspectos socioculturais e os
valores associados a eles na época. (BROCH, 2021, p. 700).
O decreto não mencionava explicitamente quais esportes eram proibidos para mulheres, mas a
proibição se aplicava especialmente ao futebol, pois argumentava-se que o esporte era
inadequado para a natureza feminina devido ao contato físico e, por vezes, à violência
presente no jogo, tornando-o uma prática exclusivamente masculina. Como resultado, o
futebol foi negado às mulheres. Bonfim destaca essa questão com precisão:
O futebol feminino recebe muito menos incentivo tanto institucional quanto social, e em
alguns casos, nenhum. Além das jogadoras, outras mulheres envolvidas na atividade, como
árbitras, dirigentes e repórteres esportivas, enfrentam violência expressa através do machismo,
em um meio que historicamente foi dominado por homens. Infelizmente, as torcedoras
também são afetadas direta ou indiretamente por essas agressões.
O futebol é um ambiente que ainda perpetua o machismo, o que torna necessária uma
discussão acerca do seu simbolismo. Infelizmente, muitos preconceitos como o sexismo, o
racismo, a homofobia e a xenofobia são expressos através do esporte, refletindo a existência
dessas formas de discriminação enraizadas na sociedade. Esses preconceitos têm um impacto
extremamente negativo na coexistência humana e, portanto, é importante que o esporte seja
utilizado como instrumento de inclusão social e luta contra a violência e discriminação.
(MANERA e CARVALHO 2018, p. 5).
Qual é a razão para essa disparidade? É um ciclo vicioso, onde há falta de investimento
resulta em falta de visibilidade, e a falta de visibilidade resulta em falta de investimento. Os
líderes do futebol não dão ao futebol feminino a mesma atenção que dão ao masculino, a
maioria das empresas não apoiam as jogadoras e apenas alguns jogos são cobertos pela mídia.
Essa falta de apoio cria uma barreira para as mulheres que desejam jogar futebol no Brasil, e
as tabelas demonstram as consequências disso.
O futebol é uma modalidade esportiva globalmente popular, cuja história e o alcance dos
campeonatos locais e mundiais são evidências disso. No entanto, há uma peculiaridade na
forma como as mulheres são envolvidas e tratadas pela mídia esportiva. Apesar disso, as
mulheres têm demonstrado um grande interesse em se envolver no esporte, especialmente nos
Estados Unidos e na Europa. Isso é evidente na realização, em 2005, do Congresso do
Instituto Internacional de Futebol com o tema "Mulher, Futebol e Europa", que destacou que
"o futebol feminino tem se tornado uma área de estudos emergente e envolvente, em
proporções globais, atraindo um número crescente de pesquisadores de diversas áreas" (IFI,
2005, p. 2).
Nos últimos anos, tem sido possível perceber um aumento da prática do futebol entre as
mulheres no Brasil, bem como uma maior visibilidade midiática dessa participação,
especialmente após a conquista do quarto lugar nas Olimpíadas de Atlanta e, mais
recentemente, com a medalha de prata conquistada pelas atletas em Atenas.
Não seria realista esperar que a mídia trate homens e mulheres de forma igual no que se refere
ao futebol. A crítica à parcialidade dos meios de comunicação em relação ao gênero é
recorrente quando se estuda a relação entre mídia e esporte, como apontado por Mourão e
Morel (2005). Autores como Sterkenburg e Knoppers (2004), Coakley (2004) e Knoppers e
Elling (2004) reforçam que o esporte, por meio da mídia, é predominantemente representado
por homens brancos. Uma realidade que não é exclusiva da nossa cultura, pois:
A história do esporte mostra que a atividade esportiva foi vista como um símbolo de força,
poder e músculo, sendo considerada uma atividade exclusivamente masculina. Essa visão fez
com que as mulheres fossem poupadas de um possível processo de masculinização e,
consequentemente, não participassem do mundo esportivo da mesma forma que os homens.
Como resultado, observamos a pouca participação feminina no esporte e um tratamento
desigual por parte da mídia em relação aos homens.
Altman, H. (1998). Rompendo fronteiras de gênero: Maria (e) homens na educação física.
Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
BONFIM, Aira. Football Feminino entre festas esportivas, circos e campos suburbanos: uma
história social do futebol praticado por mulheres da introdução à proibição (1915-1941).
2019. 213 f. Dissertação (Mestrado em História) -Escola de Ciências Sociais, Fundação
Getulio Vargas, Rio de Janeiro, 2019
Brasil tem 750 jogadoras e a China, 23 milhões. (1996) O Estado de São Paulo, p. 5.
BRASIL. Conselho Nacional de Desportos. Decreto-Lei no. 3199. Rio de Janeiro: Imprensa
Oficial, 1941.
BROCH, Marina. Histórico do futebol feminino no Brasil: considerações acerca da
desigualdade de gênero, 2021, p. 700-702.
Matéria do site o globo: Marta ganha menos de 1% do salário de Neymar. Bolsonaro diz que é
o mercado, mas não é verdade. Entenda. Disponível em:
https://oglobo.globo.com/celina/marta-ganha-menos-de-1-do-salario-de-neymar-bolsonaro-
diz-que-o-mercado-mas-nao-verdade-entenda-24843971#:~:text=Afinal%2C%20segundo
%20muitos%20estudiosos%20do,os%20dados%20s%C3%A3o%20de%202018). Aesso em:
01/05/2023 às 21:59.
Matéria do site politize: O que a copa do mundo feminina revelou sobre a desigualdade de
gênero. Disponível em: https://www.politize.com.br/copa-do-mundo-feminina-e-
desigualdade-de-genero/ Acesso em: 01/05/2023 às 21:00.
Salles, J. G. C.; Silva, M.C.P. & Costa, M.M. (1996). A mulher e o futebol: significados
históricos. Em S., Votre (Coord.) A representação social da mulher na educação física e no
esporte. Rio de Janeiro: Editora Central da UGF.
Souza, Jr., O. (1991). A implementação de uma proposta de futebol feminino para a Educação
Física escolar