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Escola Secundária com 3º Ciclo do

Ensino Básico de Pinhal Novo

Ano letivo 20__/ 20__

Biologia e Geologia
Atividade Laboratorial
Unidade: Distribuição de matéria
Tema: Transporte nas plantas – tecidos vegetais

O conjunto de células vegetais similares destinadas ao exercício de uma função determinada é chamado tecido
vegetal. O ramo da biologia que estuda tais tecidos e suas funções é a Histologia vegetal.
Os tecidos vegetais podem ser divididos em dois grandes grupos: tecidos meristemáticos e tecidos adultos.

O crescimento contínuo das plantas é possível porque as células dos meristemas mantém características
embrionárias toda a vida. As células dos novos tecidos que se especializaram e perderam a capacidade de se
dividir, pelo menos temporariamente, constituem os tecidos definitivos.

Meristemas
Os meristemas são formados por células não especializadas, com capacidade de se dividir, geralmente de forma
cúbica, paredes celulósicas finas, citoplasma denso e núcleo volumoso. São células totipotentes porque podem dar
origem a qualquer tipo de células da planta.
O crescimento das plantas depende da atividade dos meristemas.
Os meristemas existem na extremidade das raízes e dos caules – meristemas apicais – cuja atividade assegura o
crescimento longitudinal destes órgãos. A partir da atividade dos meristemas apicais formam-se células com algum
nível de diferenciação mas que ainda mantêm a capacidade de se dividir – os meristemas primários – que são: a
protoderme, o meristema fundamental e o procâmbio.
O crescimento da raiz e do caule ocorre não só pela multiplicação celular mas também pelo alongamento das
células. Os tecidos dos meristemas primários vão-se diferenciando até se tornarem verdadeiros tecidos – tecidos
definitivos. A protoderme diferencia-se em epiderme; o procâmbio nos tecidos condutores (xilema e floema) e o
meristema fundamental diferencia-se nos tecidos da zona cortical da raiz e da zona cortical e medular do caule.
Em algumas plantas existe também crescimento em diâmetro, que se deve à atividade dos meristemas secundários
que originam tecidos definitivos secundários. Os meristemas secundários localizam-se em certas zonas da raiz e do
caule formando uma camada cilíndrica de células que por, divisão, origina novas células para o interior e exterior
provocando o engrossamento do órgão.

Tecidos definitivos
A diferenciação das células meristemáticas origina diferentes tecidos que desempenham atividades diversificadas
na planta.
O quadro 1 resume os tipos de tecidos e algumas das suas funções e localização.

Tecidos vegetais
Tipo de tecidos Principais funções Localização
Protecção Revestem os órgãos
Dérmicos Epiderme
Trocas com o meio exterior
Secreção, armazenamento de substâncias de Em vários órgãos: caules, raízes,
Parênquima reserva folhas e frutos
Fotossíntese
Suporte Por baixo da superfície da planta
Fundamentais
Colênquima Acompanha as nervuras das
folhas
Suporte Diferentes órgãos
Esclerênquima
Comum em caules e folhas
Transporte de seiva bruta Raiz, caule e folhas
Condutores ou de Xilema
Suporte
transporte
Floema Transporte de seiva elaborada Raiz, Raíz, caule e folhas

Quadro 1 – Tipos de tecidos vegetais, principais funções e localização

1. Tecidos dérmicos
A epiderme é um tecido vivo constituído por uma camada de células justapostas que reveste os órgãos formados a
partir do crescimento primário. Nos órgãos aéreos as células da epiderme apresentam uma das paredes mais

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espessa para proteger das perdas de água. Essas células estão cobertas, geralmente, por uma substância
impermeável – a cutina. Nas epidermes cutinizadas (i.e. impermeáveis) existem estruturas – os estomas –
constituídas por duas células-guarda ou células-labiais que delimitam a abertura para o exterior – o ostíolo – do
espaço interior – a câmara estomática.
Nas raízes a epiderme não é cutinizada para que possa ocorrer absorção de água e nutrientes ao nível da células.
A epiderme pode também conter partículas minerais como sílica (nas gramíneas) ou cêra (em alguns frutos e
folhas).

A periderme ao nível da raiz e do caule, substitui a epiderme onde há crescimento secundário. A camada mais
externa é constituída por células mortas impregnadas de uma substância impermeável, a suberina, designando-se o
tecido de súber. Em alguns casos o súber torna-se bastante espesso podendo ser retirado e utilizado para fins
comerciais como é o caso da cortiça do sobreiro.

2. Tecidos fundamentais
Os tecidos fundamentais são tecidos simples por serem constituídos por apenas um tipo de células cada.
Incluem os parênquimas, os colênquimas e os esclerênquimas.

Os parênquimas são tecidos essencialmente elaboradores ou de reserva. São formados por células vivas, pouco
diferenciadas, com paredes celulósicas e finas, o citoplasma é reduzido, o núcleo relativamente pequeno e,
frequentemente, possuem um grande vacúolo. Os parênquimas têm funções metabólicas diversas, incluindo
fotossíntese, armazenamento ou secreção de substâncias.
 Parênquima clorofilino, tal como o nome indica, é um tecido cujas células possuem cloroplastos com
clorofilas. As células podem ser prismáticas e justapostas – parênquima em paliçada – ou esféricas e com espaços
intercelulares – parênquima lacunoso.
 Parênquimas de reserva têm células com diferentes substâncias armazenadas - amido, prótidos, etc.
Estas células contêm organitos especializados como os amiloplastos que armazenam amido.
 Parênquimas secretores têm células que produzem substâncias para serem segregadas como a resina, o
látex. O parênquima resinífero produz a resina nos pinheiros e o parênquima lactífero o látex nas árvores da
borracha.

Os colênquimas e esclerênquimas são tecidos de suporte comuns nas raízes, caules e folhas. Os colênquimas
estão geralmente associados a plantas mais jovens e os esclerênquimas a plantas mais velhas.
O colênquima é um tecido formado por células vivas, geralmente, de forma prismática, cujas paredes são
espessadas por depósitos sucessivos de celulose.

O esclerênquima é constituído por células mortas com paredes espessadas pela deposição de celulose e de
lenhina, que lhes confere rigidez e resistência. Nas paredes aparecem por vezes canais que permitem a
comunicação entre células vizinhas e que correspondem aos espaços ocupados pelos plasmodesmos nas células
ainda vivas.

3. Tecidos de transporte
Nas plantas vasculares existem dois tipos de tecidos de transporte: o floema e o xilema, com células especializadas
e funções muito especificas.
O xilema ou lenho é especializado no transporte de água e sais minerais dissolvidos que constituem a seiva bruta.
O floema ou líber é especializado no transporte de água e susbtâncias orgânicas, nomeadamente a sacarose, que
constituem a seiva elaborada.

Xilema
O xilema é constituído por quatro tipo células:
* elementos condutores: células mortas onde circula a seiva bruta (água e sais minerais), que podem ser de dois
tipos:
traqueídos: células longas e estreitas com paredes laterais lenhificadas e perfuradas. As extremidades afiladas,
oblíquas têm apenas uma parede fina e contactam entre si, permitindo a passagem de água e sais minerais. O
núcleo e o citoplasma destas células degeneram quando atingem a maturidade funcional. Quando maduros os
traqueídos são células mortas.

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elementos de vasos: com comprimento inferior e diâmetro superior ao dos traqueídos, são também células mortas,
alinhadas topo a topo e cujas paredes laterias apresentam espessamentos de lenhinha (substância que lhes confere
rigidez e impermeabilidade). No final da sua maturação perdem as paredes transversais formando um tubo que
permite uma coluna contínua de água.

fibras lenhosas: também constituídas por células mortas de paredes muito espessas devido à deposição de
lenhina que desempenham funções de suporte

parênquima lenhoso: são as únicas células vivas deste tecido, pouco diferenciadas, que se podem dividir e
transformar em qualquer das células do tecido lenhoso.

Floema
O floema é formado por células vivas de quatro tipos:
células crivosas: células vivas mas com o citoplasma muito modificado, sem núcleo, altamente especializadas,
ligadas entre si topo a topo formando os tubos crivosos. As paredes transversais, denominadas placas crivosas,
possuem crivos ou poros, que permitem o contacto do citoplasma entre células. Estes poros são largos e com
proteínas filamentosas que atravessam as células.
Os microporos durante o inverno podem ficar obstruídos por calose, um carbohidrato da parede celular, impedindo
assim que o transporte através dos tubos crivosos. A calose dissolve-se na primavera.

células de companhia: são células de parênquima especializadas, mas com todos os organelos. Situam-se junto
dos tubos crivosos com os quais mantém ligações citoplasmáticas. Formam-se a partir de uma célula do câmbio
que se divide de forma desigual: a célula maior origina uma célula crivosa e a mais pequena uma célula de
companhia.

parênquima liberino: é formado por células vivas e pouco diferenciadas que se podem dividir e transformar em
qualquer das células do tecido liberino.

fibras liberinas: são as únicas células mortas do floema e exercem função de suporte.

Os tecidos condutores apresentam diferentes arranjos nos vários órgãos das plantas angiospérmicas. Este arranjo
também é distinto nas monocotiledóneas e dicotiledóneas. Vejamos o caso das folhas.

A folha é um órgão vegetal, normalmente laminar e verde, presente na maioria das plantas. Geralmente apresenta
crescimento limitado, ou seja, não cresce durante toda a vida da planta. A principal função é a realização da
fotossíntese, porém também atua na transpiração, trocas gasosas, reserva e até mesmo na atração de agentes
polinizadores. A folha apresenta duas faces (páginas), a face superior e a face inferior. Ambas as faces são
recobertas pela epiderme, que corresponde, em geral, a uma única camada de células. A cobrir a epiderme
encontra-se uma substância de natureza lipídica: a cutícula. Os tecidos vasculares percorrem toda a folha,
formando as chamadas nervuras. Sendo assim este órgão é formado por um sistema dérmico (epiderme), um
sistema fundamental (mesófilo) e um sistema vascular (feixes vasculares) Figura 1.
O mesófilo, tecido da folha responsável pelo processo de fotossíntese, é formado principalmente por parênquima
clorofilino, porém também podemos encontrar colênquima e esclerênquima.
Nas dicotiledóneas, podemos observar a presença de dois tipos principais de parênquima clorofilino: o parênquima
em paliçada e o parênquima lacunoso (Figura 2B). O parênquima em paliçada pode estar localizado abaixo da
epiderme da face superior ou então nas duas faces; apresenta células cilíndricas alongadas, dispostas lado a lado e
separadas por pequenos espaços intercelulares. Já o parênquima lacunoso possui grande quantidade de espaço
entre as células, que, por sua vez, possuem formatos variados. Localiza-se logo acima da epiderme da face inferior
ou entre as camadas do parênquima em paliçada. Nas monocotiledóneas o parênquima clorofilino dispõe-se de
uma forma simétrica em relação às duas faces da folha (figura 2A)
As nervuras dispõem-se de maneira diferente em cada tipo de folha. Nas dicotiledóneas, por exemplo, surgem
nervuras de menor calibre a partir de uma maior. Na maioria das monocotiledóneas as nervuras são paralelas e
apresentam calibre semelhante.

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Figura 1 – Morfologia interna da folha (dicotiledónea)

Figura 2A – Morfologia interna da folha da monocotiledónea Figura 2B – Morfologia interna da folha da dicotiledónea

Material:
- Folhas várias
- Microscópio ótico composto
- Preparações definitivas de folhas (mono e dicotiledóneas)

Procedimento:
1. Observe as várias folhas disponíveis.
2. Classifique, cada uma delas, com base em bibliografia, quanto à inserção no caule, composição,
forma, margem ou recorte e nervação.
3. Represente, em desenho, uma das folhas disponíveis.
4. Observe, ao M.O.C., as preparações definitivas disponíveis.
5. Represente, esquematicamente, a folha de uma monocotiledónea e de uma dicotiledónea.

Discussão de Resultados/Conclusões

1. Distinga a nervação das folhas das mono e das dicotiledóneas.


2. Justifique a coloração verde mais intensa na página superior das dicotiledóneas.
3. As folhas das monocotiledóneas, geralmente sem pecíolo, crescem muitas vezes na vertical. Relacione
esta característica com a eficiência fotossintética e com a estrutura microscópica destas folhas.

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