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Impacto de um programa de educação sobre cuidados

personalizados nos resultados maternos e neonatais
em mulheres grávidas com diabetes gestacional: um
ensaio clínico randomizado

Sihem Chahed, Latifa Lassouad, Maha Dardouri, Ali Mtiraoui, Amel Maaroufi, Hedi Khairi

Autor correspondente: Sihem Chahed, Universidade de Sousse, Faculdade de Medicina de Sousse, Laboratório de Investigação
LR12ES03 “Qualidade dos Cuidados e Gestão dos Serviços de Saúde Materna”, Sousse, Tunísia. chahedsihem340@gmail.com

Recebido: 02 de março de 2022 - Aceito: 22 de outubro de 2022 - Publicado: 08 de novembro de 2022

Palavras-chave: Diabetes gestacional, gestantes, educação do paciente, assistência obstétrica

Direitos autorais: Sihem Chahed et al. Revista Médica Pan-Africana (ISSN: 1937-8688). Este é um artigo de acesso aberto
distribuído sob os termos da licença Creative Commons Attribution International 4.0
(https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/), que permite uso, distribuição e reprodução irrestrita em qualquer meio, desde que o
trabalho original seja devidamente citado.

Cite este artigo: Sihem Chahed et al. Impacto de um programa de educação sobre cuidados personalizados nos resultados
maternos e neonatais em mulheres grávidas com diabetes gestacional: um ensaio clínico randomizado. Revista Médica Pan-
Africana. 2022;43(128). 10.11604/pamj.2022.43.128.34084

Disponível online em: https://www.panafrican-med-journal.com//content/article/43/128/full

Impacto de um programa de educação sobre cuidados 1Universidade de Sousse, Faculdade de Medicina de

personalizados nos resultados maternos e neonatais Sousse, Laboratório de Pesquisa LR12ES03
em mulheres grávidas com diabetes gestacional: um “Qualidade do Atendimento e Gestão dos Serviços
ensaio clínico randomizado Saúde Materna”, Sousse, Tunísia, 2Universidade de
Monastir, Escola Superior de Ciências e
Sihem Chahed1,2,&, Latifa Lassouad1,3 , Muitos Técnicas de Saúde de Monastir, Monastir,
Dardouri1, Mas Mtiraoui1 , Amel Maaroufi4 , Hedi Tunísia, Hospital Universitário 3Farhat Hached,
Khairi1,3 Departamento de Ginecologia-Obstetrícia, Sousse,
Tunísia, Hospital Universitário 4Farhat Hached,
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Artigo
Departamento de Endocrinologia e Diabetologia, Sousse,
Tunísia
& O diabetes mellitus gestacional (DMG) é uma ameaça grave,
autor correspondente
Sihem Chahed, Universidade de Sousse, Faculdade de
Medicina de Sousse, Laboratório de Pesquisa
LR12ES03 “Qualidade do Cuidado e Gestão de
Serviços de Saúde Materna”, Sousse, Tunísia
Abstrato
Introdução: a educação do paciente é um componente chave
para experiências positivas de gravidez e procriação,
especialmente em mulheres com diabetes gestacional (DMG).
Poucos estudos avaliaram o impacto da educação
personalizada sobre autocuidado nos resultados da gravidez
em mulheres grávidas com diabetes mellitus gestacional
(DMG). Este estudo teve como objetivo avaliar o efeito de um
programa de educação sobre cuidados personalizados sobre
os resultados maternos e neonatais em mulheres grávidas
com DMG durante a gravidez e no nascimento. Métodos:
trata-se de um ensaio clínico randomizado realizado em um
hospital universitário no centro da Tunísia, de outubro de 2020
a maio de 2021. O grupo intervenção (n=61) recebeu um
programa de educação para o autocuidado com o plano de
cuidados habitual para DMG, enquanto o grupo controle
recebeu apenas o plano de cuidados habitual (n=60). Este
ensaio foi registado no Registo Pan-africano de Ensaios
Clínicos sob o número de registo PACTR202106591503674.
Resultados: no início do estudo não houve diferença
significativa entre os grupos em termos de características
sociodemográficas e clínicas. Os resultados mostraram que a
intervenção reduziu significativamente as hospitalizações
maternas e neonatais (p=0,000),
O cesarianas (p=0,002),
trabalho de parto prematuro (p=0,002), macrossomia (p=0,000),
sofrimento fetal (p=0,001), problemas respiratórios do recém-
nascido. complicação (p=0,01) e hipoglicemia (p=0,000).
Conclusão: a implementação de uma educação sobre
cuidados personalizados para mulheres grávidas com DMG
teve um impacto positivo nos resultados clínicos da mãe e do
bebé. As parteiras e os endocrinologistas devem utilizar este
programa para reduzir as complicações maternas e neonatais
durante e após a gravidez.
Sihem Chahed et al. PAMJ – 43(128). 08 de novembro de 2022. - Números de páginas não para fins de citação.
Introdução
mas negligenciada, à saúde materno-infantil [1]. É definida
como qualquer grau de hiperglicemia que é reconhecido pela
primeira vez durante a gravidez [2]. Em 2019, estimou-se que
1 em cada 6 nascimentos em todo o mundo foi afetado pelo
DMG [1]. A maioria dos casos de hiperglicemia durante a
gravidez ocorreu em países de baixo e médio rendimento,
devido ao acesso limitado aos cuidados de saúde maternos.
Uma revisão sistemática recente revelou que as mulheres
grávidas na região do Médio Oriente e Norte de África estão
sobrecarregadas com uma prevalência substancial de DMG,
particularmente no Conselho de Cooperação do Golfo e nos
países do Norte de África [3]. Na Tunísia, estimou-se que
9,3% das mulheres grávidas desenvolveram DMG [4].
Esta condição está associada a vários resultados adversos na
gravidez. Mulheres com DMG apresentam pressão alta, bebês
com grande peso ao nascer, parto obstruído e cesariana [1,5].
Bebês de mães diabéticas estão expostos a distúrbios
metabólicos e hematológicos, desconforto respiratório,
distúrbios cardíacos e comprometimento neurológico devido a
asfixia perinatal e traumas de nascimento [6]. Além disso, a
mãe e o bebê apresentam alto risco subsequente de diabetes
tipo 2 [1]. Portanto, é importante que as mulheres com DMG
controlem e monitorem cuidadosamente a sua glicemia com o
seu médico para reduzir o risco de complicações.
Está estabelecido que um diagnóstico precoce associado a
um tratamento adaptado não é suficiente para garantir um
ótimo controle do DMG [7,8]. Existe uma forte ligação entre
rastreio, diagnóstico, tratamento e educação. De facto, estudos
recentes revelaram que a educação para o autocuidado
utilizando tecnologias de informação e comunicação foi eficaz
para o controlo do açúcar no sangue, conhecimento sobre
DMG e um estilo de vida saudável [9-12]. No entanto, as
mulheres grávidas com baixo nível socioeconómico e oriundas
de países de baixo e médio rendimento muitas vezes
têm acesso limitado a programas de e-saúde [1].
Além disso, as evidências mostraram que os cuidados de saúde
2
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profissionais e apoio familiar são elementos fundamentais
para empoderar mulheres com DMG. Portanto, é crucial
implementar programas de educação presencial para
esta população. De acordo com a literatura, diferentes
intervenções foram realizadas para o manejo do DMG
[9,13-18]. A maioria deles eram programas de tecnologia
da informação (TI), como saúde móvel usando aplicativos
de smartphone X18,19], disco óptico digital educacional
(DVD) [11] e programas baseados na web [9,17,18].
Poucos estudos implementaram programas de educação
para o autocuidado para mulheres com DMG. Um ensaio
clínico iraniano relatou que a educação para o autocuidado
teve um efeito positivo na glicose plasmática pós-prandial
de 2 horas, nos índices de APGAR e na hospitalização
neonatal [14]. Outro ensaio iraniano revelou que a
educação sobre autocuidado para mulheres grávidas
com DMG reduziu a cesariana e
macrossomia [15].
Um estudo quase experimental egípcio mostrou que a
educação para o autocuidado foi eficaz para o DMG
conhecimento, atitudes e comportamento de autocuidado,
e reduziu significativamente a ocorrência de partos
prematuros e cesarianas [16]. O impacto da educação
sobre autocuidado em resultados neonatais significativos,
como hipoglicemia neonatal, sofrimento fetal, defeitos
congênitos, complicações respiratórias e morte fetal
intrauterina, foi mal abordado. Além disso, existe pouca
informação sobre o efeito deste programa no controlo da
glicemia antes do nascimento e na hospitalização
relacionada com DMG em países de rendimento médio-
baixo, como a Tunísia. Portanto, este estudo teve como
objetivo avaliar a eficácia de um programa de educação
de autocuidado personalizado sobre os resultados
maternos e neonatais em mulheres grávidas com DMG
durante a gravidez e no nascimento.
A hipótese era que as mulheres com DMG que receberam
o programa educativo personalizado sobre autocuidado
O programa desenvolverá menos complicações maternas
e neonatais durante a gravidez e no nascimento em
comparação com o grupo de controle que recebeu
educação sobre cuidados habituais.
Sihem Chahed et al. PAMJ – 43(128). 08 de novembro de 2022. - Números de páginas não para fins de citação.
Métodos
Desenho do estudo: este foi um ensaio clínico
randomizado realizado no Departamento de Endocrinologia
e no Departamento de Ginecologia de um Hospital
Universitário no centro da Tunísia. O período experimental
foi de 8 meses, de outubro de 2020 a maio de 2021.
População do estudo: a população-alvo foram gestantes
com diagnóstico de DMG pelo médico-obstetra-
ginecologista no primeiro trimestre, com idade entre 19 e
44 anos. Não foram incluídos pacientes com diabetes
mellitus crônico ou outras doenças crônicas. Os
participantes foram recrutados nos departamentos de
endocrinologia e ginecologia. O teste oral de tolerância à
glicose foi utilizado de 24 a 28 semanas para rastreamento
de DMG em pacientes sem quaisquer fatores de risco,
como idade materna avançada (ÿ35 anos) [20], sobrepeso
ou obesidade, histórico pessoal e familiar de qualquer
forma de diabetes [20]. 21]. Em pacientes com fatores de
risco de DMG, a glicemia de jejum foi utilizada para
triagem de DMG desde o início da gravidez até 24
semanas.
Tamanho da amostra: o tamanho da amostra foi
calculado utilizando o BiostaTGV com poder 1 - ÿ = 0,8,
ÿ bicaudal = 0,05 e redução de 0,6 na média da glicemia
de jejum no grupo intervenção no seguimento. O tamanho
amostral necessário foi de 72 gestantes com DMG (36
mulheres em cada grupo). Considerando 20% de
desistência e falta de consentimento, são necessários 50
participantes em cada grupo.
Procedimento de recrutamento: A Figura 1 mostra o
procedimento de recrutamento dos pacientes. Cento e
cinquenta e seis gestantes que visitaram os departamentos
de ginecologia e endocrinologia no primeiro trimestre de
gravidez foram avaliadas quanto à elegibilidade. Trinta e
cinco mulheres foram excluídas pelos seguintes motivos:
29 não atendiam aos critérios de inclusão e 6 recusaram-
se a participar. Cento e vinte e um foram alocados
aleatoriamente nos grupos intervenção e controle pelo
investigador principal em envelopes opacos lacrados.
Cada participante teve uma identificação
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número (ID) (de 1 a 121) atribuído pelo auxiliar de pesquisa.
Este último apresentou cada documento de identificação em
envelope individual opaco lacrado. O investigador principal
escolhe aleatoriamente entre os envelopes para alocar o
participante da intervenção ou do grupo controle. Por meio de
uma moeda, o primeiro participante foi alocado no grupo
intervenção, o segundo no grupo controle e o terceiro no grupo
intervenção, etc. O grupo experimental (n = 61) recebeu um
programa educativo de acordo com um programa pré-
estabelecido baseado no autocuidado com o plano de cuidados
habituais para DMG. O grupo controle (n = 60) recebeu apenas
o plano de cuidados habituais para DMG.
Programa personalizado de educação para o autocuidado:
a intervenção teve como objetivo melhorar a autocapacidade
das mulheres na monitorização e gestão do DMG diariamente
através da compreensão das medidas dietéticas e de higiene.
A educação sobre autocuidado foi ministrada por uma equipe
multidisciplinar composta por parteira (investigadora principal),
a endocrinologista, enfermeira e nutricionista. A intervenção
foi realizada na sala de conferências do Departamento de
Endocrinologia do Hospital Universitário Farhat Hashed durante
seis dias consecutivos. O conteúdo foi desenvolvido pela equipe
de pesquisa. Foi baseado em estudos internacionais
recomendações [1,22]. Incluía a fisiopatologia do DMG e suas
complicações, a técnica de injeção de insulina por seringa, o
equipamento e a técnica de automonitoramento por glicosímetro
e a nutrição e dieta dos pacientes com DMG. O modelo
nutricional e dietético foi baseado nas recomendações da British
Diabetic Association [22]. Estas recomendações incluíam a
ingestão de hidratos de carbono mais saudáveis como pão
integral, arroz integral, vegetais (por exemplo, 1 batata doce
por dia) 5 tipos de frutas por dia (150ml de sumo de fruta, um
punhado de uvas, sete morangos, duas rodelas de ananás em
lata), reduzir o açúcar e substituí-lo por adoçantes de baixa ou
zero calorias, aperfeiçoando o tamanho das porções (2 colheres
de sopa cheias de arroz cozido, 3 colheres de sopa de cereal
matinal, 3 colheres de sopa cheias de macarrão cozido ou
macarrão cozido, 60g de cream cheese reduzido ou com baixo
teor de gordura , 125g de iogurte com baixo teor de açúcar),
Sihem Chahed et al. PAMJ – 43(128). 08 de novembro de 2022. - Números de páginas não para fins de citação.
entender o índice glicêmico, comer mais peixe (uma porção de
140g por dia). A utilização do programa educativo foi descrita
detalhadamente na Tabela 1. No primeiro dia, o médico e a
parteira realizaram uma entrevista preliminar individual com os
participantes para discutir seu estado de saúde atual, apresentar
o programa, definir seus objetivos e identificar suas expectativas.
O grupo intervenção foi dividido em 8 subgrupos de 6 a 8
mulheres homogêneas quanto à idade gestacional. Essa divisão
de grupos ajudou a construir uma comunicação forte entre
participantes da mesma idade gestacional e a trocar
experiências. Por exemplo, o grupo um foi composto por
mulheres com 17 a 20 semanas de gravidez (n=19). Foi então
dividido em 2 subgrupos de 6 e um subgrupo de 7 participantes.
As mulheres do grupo de intervenção automonitoram o controle
da glicemia diariamente em casa, usando um glicosímetro
fornecido pela equipe de pesquisa. Este glicosímetro ajudou as
mulheres a testar a glicose no sangue diariamente. Com base
nos resultados dos testes, eles podem auto-regular a sua dieta
de acordo com as recomendações fornecidas durante o
programa educativo. Os participantes receberam um breve
lembrete do programa educativo durante a consulta do GDM.
As mulheres foram acompanhadas mensalmente durante as
consultas de DMG para garantir o cumprimento do programa
educativo através da caderneta diária de automonitoramento
do DMG. Em um ciclo glicêmico com glicosímetro (teste antes
das refeições e 2 horas após as refeições, 3 vezes ao dia), se
a glicemia de jejum for ÿ5,3 mmol/L e/ou a glicemia 2 horas
após a refeição for ÿ6,7 mmol/L, esta significa que a mulher não
respeitou as recomendações.
Plano de cuidados habitual: no Departamento de Obstetrícia
e Ginecologia do Hospital Universitário Farhat Hashed, as
mulheres com diabetes gestacional beneficiam de forma
sistemática e regular de planos de cuidados pré-natais
especializados com um protocolo de monitorização que cumpre
os padrões internacionais, para otimizar a gestão da gravidez.
4
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Esse plano de cuidados consistiu em: uma primeira consulta
com o endocrinologista para informações gerais sobre
alimentação saudável, dieta e técnica de insulinoterapia, se
necessário, bem como os objetivos e benefícios das
consultas de acompanhamento; prestar a todas as pacientes
os cuidados habituais na unidade de gestação de alto risco
da maternidade e centro neonatal do hospital; consulta
obstétrica a cada 15 dias para todas as mulheres com DMG
a partir de 32 semanas até a internação; a internação a
partir de 38 semanas permite um monitoramento mais
próximo da paciente e um registro da frequência cardíaca
fetal duas vezes ao dia.
Está prevista consulta pré-estética para pacientes internados
e prescrita corticoterapia quando indicada. A concertação
com o neonatologista é sistemática antes de qualquer
decisão de cesariana planejada. Todos os recém-nascidos
foram examinados ao nascimento por um pediatra.
Coleta de dados: dados sociodemográficos, história
familiar com diabetes mellitus, história pessoal (DMG,
macrossomia fetal, óbito fetal intrauterino (DIU), toxemia
gestacional, prematuridade) e informações clínicas
relacionadas à gravidez atual e DMG foram coletadas dos
prontuários das pacientes por meio de um ficha de coleta
de dados. Os desfechos primários foram o número de
internações por DMG, o número de dias de internação e o
controle da glicemia. Posteriormente, isso foi registrado
com base no número de ciclos de glicemia durante
hospitalizações, glicemia em jejum e hipoglicemia. Um ciclo
glicêmico consiste em testes repetitivos de glicemia 6 vezes
ao dia: antes das refeições e 2 horas após as refeições, 3
vezes ao dia.
Os desfechos secundários foram o termo de nascimento
(prematuro ÿ36 semanas, a termo ÿ37 semanas), o modo
de nascimento (vaginal, cesariana) e os resultados
neonatais no nascimento (sofrimento fetal, aparência, pulso,
careta, atividade e respiração). (APGAR) no 1º e 5º minuto,
peso ao nascer, internação, complicações respiratórias,
glicemia, infecção fetal, defeito congênito e morte fetal
intrauterina).
Sihem Chahed et al. PAMJ – 43(128). 08 de novembro de 2022. - Números de páginas não para fins de citação.
Análise estatística: os dados foram analisados no
programa IBM SPSS Statistics versão 20.0. A distribuição
normal das variáveis contínuas foi avaliada pelo teste de
Kolmogorov-Smirnov. Caso o valor de p fosse significativo
(pÿ0,05) foi rejeitada a hipótese de que a respectiva
distribuição é normal.
As variáveis contínuas foram descritas como médias e
desvio padrão. O teste de Kolmogorov-Smirnov mostrou
que as variáveis contínuas deste estudo não apresentaram
distribuição normal. Portanto, utilizamos Mann-Whitney
para avaliar a diferença entre os grupos. Variáveis
categóricas (faixa etária, nível socioeconômico, histórico
familiar e pessoal, etc.) foram descritas como frequências
e porcentagens. Para comparar a diferença entre os grupos
em termos de variáveis categóricas, foi utilizado o teste Qui-
quadrado. Foi considerado nível de significância de 0,05.
Ética: este estudo foi aprovado pelo comitê de ética em
pesquisa local sob o código de referência CEFMS 79/2021.
Foi registado no Registo Pan-Africano de Ensaios Clínicos
sob o número de registo PACTR202106591503674. Os
participantes foram informados e assinaram o consentimento
por escrito antes de serem incluídos no estudo. Os dados
obtidos foram confidenciais e anônimos.
Resultados
A Tabela 2 mostra que não houve diferença significativa
entre a intervenção e o
grupos de controle no início do estudo em termos de dados
sociodemográficos e clínicos. No grupo intervenção, o
tempo médio da gravidez atual no momento do diagnóstico
de DMG foi de 15,82 ± 1,86 semanas de gestação e no
grupo controle foi de 15,41 ± 2,20. A média de gestos no
grupo intervenção foi 2,51 ± 1,44 e no grupo controle 2,82
± 1,58.
Comparação dos desfechos primários durante o
acompanhamento da gravidez: A Tabela 3 mostra que o
número de internações por DMG, o número de dias de
internação e o número de ciclos de glicemia durante todas
as internações foram significativamente maiores no grupo
controle em
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comparação com o grupo intervenção (p= 0,000). No
início do estudo, não houve diferença significativa entre
os grupos em termos de glicemia de jejum (p=0,07).
No grupo intervenção, a média da glicemia de jejum foi
significativamente reduzida no seguimento (p=0,000).
A taxa de mulheres com hipoglicemia na admissão e
na alta foi significativamente maior no grupo controle
do que no grupo de intervenção (respectivamente na
admissão: 36,7% e 9,8%, p=0,000; respectivamente na
alta: 21,7% e 8,2%, p=0,03). ).
Comparação dos resultados secundários após
acompanhamento da gravidez: A Tabela 4 relata que
3 mulheres no grupo de intervenção e 15 mulheres no
grupo de controle tiveram trabalho de parto prematuro,
com uma diferença significativa (p=0,002). A taxa de
cesariana no grupo controle foi significativamente maior
do que no grupo intervenção (p=0,002). Em relação
aos desfechos de saúde dos recém-nascidos, houve
diferença significativa entre os grupos em termos de
sofrimento fetal (p=0,001), índice de APGAR no 1º e 5º
minuto (p=0,002; p=0,001, respectivamente), internação
neonatal (p=0,000) , complicação respiratória (p=0,01)
e hipoglicemia (p=0,000).
Discussão
São necessários programas de educação para
gestantes com DMG com o objetivo de fortalecer o
autocuidado [13]. O presente estudo teve como objetivo
avaliar a eficácia de uma educação sobre cuidados personalizados
programa sobre resultados maternos e neonatais em
mulheres grávidas com DMG. Os resultados mostraram
que as mulheres que receberam um programa educativo
personalizado com uma equipa multidisciplinar, incluindo
um nutricionista, uma parteira, uma enfermeira e um
endocrinologista, tiveram um número significativamente
menor de hospitalizações devido a DMG, uma taxa
mais baixa de hipoglicemia, parto prematuro, e
cesariana em comparação ao grupo controle. Além
disso, os recém-nascidos das mulheres do grupo
intervenção tiveram pontuações de APGAR
significativamente maiores no 1º e 5º minuto, um parto normal
Sihem Chahed et al. PAMJ – 43(128). 08 de novembro de 2022. - Números de páginas não para fins de citação.
peso e menos sofrimento fetal, complicações neonatais,
incluindo hospitalização neonatal, complicações
respiratórias e hipoglicemia em comparação com o
grupo de controle.
Os resultados atuais são consistentes com os resultados
da literatura atual. Mirghafourvand et al.
descobriram que o treinamento de autocuidado em
atividade física e nutrição reduziu a taxa de macrossomia
e cesariana em mulheres grávidas iranianas com DMG
[15]. Kolivand et al. relataram que um pacote de guia
de autocuidado entregue em sessões educacionais
presenciais teve um efeito positivo na autoeficácia
materna e na glicose plasmática pós-prandial de 2
horas, nos escores de APGAR e na hospitalização
neonatal em mulheres grávidas iranianas com DMG
[14]. Ibrahim e Saber revelaram que mulheres grávidas
egípcias com DMG que receberam programas de
educação sobre autocuidado tiveram significativamente
melhores conhecimentos, atitudes e comportamento de
autocuidado sobre DMG e menos complicações
neonatais, incluindo hipoglicemia, macrossomia e
hospitalização na unidade de terapia intensiva neonatal
imediatamente após o nascimento [16]. No mesmo
estudo, os autores descobriram que um programa de
educação para o autocuidado não reduziu
significativamente a prematuridade e o desconforto
respiratório. Da mesma forma, Mirghafourvand et al.
revelou que não houve diferenças significativas entre
os grupos em termos de trabalho de parto prematuro [15].
O que o presente estudo acrescenta é que um programa
de educação sobre cuidados personalizados com uma
equipa multidisciplinar reduziu significativamente o
trabalho de parto prematuro, as complicações
respiratórias, o sofrimento fetal, a hospitalização
neonatal, a macrossomia e a hipoglicemia imediatamente
após o nascimento. No entanto, não houve diferença
significativa entre o grupo intervenção e o grupo
controle em termos de infecção fetal, defeito congênito e morte fe
materno
Em relação às complicações, esta intervenção melhorou
o controle da glicemia e reduziu a taxa de hospitalizações
maternas por DMG, hipoglicemia durante a gravidez,
amostra vaginal, glicosúria e cesariana em comparação
ao grupo controle.
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Limitações: o presente estudo apresentou algumas limitações.
Primeiro, o duplo cegamento não foi possível. Em segundo lugar,
este estudo foi monocêntrico, o que torna os resultados não
generalizáveis. Entretanto, estudos monocêntricos conservam a
homogeneidade da amostra. Da mesma forma, seria interessante
se este estudo avaliasse o impacto da educação sobre cuidados
personalizados na ansiedade, depressão e estresse em mulheres
grávidas com DMG.
Implicações para a prática: as conclusões atuais são benéficas
para parteiras e enfermeiras que exercem atividade em centros
de saúde da mulher. É altamente recomendável implementar
programas de educação presenciais e personalizados para
mulheres grávidas com DMG de países de baixa e média renda.
Esse
facto pode fortalecer a ligação entre pacientes e prestadores de
cuidados de saúde e melhorar o acesso aos centros de saúde
materno-infantil.
Os programas de educação sobre cuidados personalizados para
mulheres grávidas com DMG devem ser um projecto urgente da
política de saúde materno-infantil, uma vez que podem melhorar
a cobertura de cuidados de saúde e reduzir as desigualdades na
saúde em países de baixo e médio rendimento.
Além disso, esta intervenção reduziu a hospitalização por DMG,
o que ajuda a limitar a sobrecarga dos pacientes no departamento
de endocrinologia e o peso económico do DMG.
Conclusão
O presente estudo revelou que um programa educacional
personalizado com uma equipe multidisciplinar, incluindo uma
parteira, uma enfermeira, um nutricionista e um endocrinologista,
um reduziu as hospitalizações maternas devido ao DMG,
hipoglicemia durante a gravidez, trabalho de parto prematuro,
cesariana, macrossomia e complicações neonatais, incluindo
hospitalização neonatal, complicações respiratórias, sofrimento
fetal e hipoglicemia.
Deve ser considerada a necessidade de criar programas de
educação sobre cuidados personalizados e políticas de saúde
materno-infantil para mulheres grávidas com DMG em países de
baixo e médio rendimento.
Este facto pode melhorar a cobertura de cuidados de saúde e
reduzir as desigualdades na saúde em países de baixo e médio
rendimento. A educação sobre cuidados personalizados ajuda a
Sihem Chahed et al. PAMJ – 43(128). 08 de novembro de 2022. - Números de páginas não para fins de citação.
limitar a sobrecarga de pacientes no departamento de
endocrinologia e o peso econômico do DMG.
O que se sabe sobre este assunto
• Bons cuidados pré-natais e educação dos pacientes são
cruciais para uma gravidez e uma experiência de
procriação positivas, especialmente em mulheres
grávidas com diabetes gestacional;
• Poucos estudos implementaram um programa de educação
sobre cuidados personalizados e exploraram os seus
efeitos nos resultados maternos e neonatais em países
de baixo e médio rendimento;
• A educação para o autocuidado em gestantes com diabetes
gestacional melhorou o controle glicêmico e os índices
de APGAR e reduziu a cesariana e o parto neonatal
hospitalizações.
O que este estudo acrescenta
• A implementação de uma educação de autocuidado
personalizada para mulheres grávidas com DMG teve
um impacto positivo e amplo nos resultados clínicos das
mães e dos recém-nascidos;
• Para as mães, reduziu as hospitalizações maternas devido
a DMG, hipoglicemia durante a gravidez,
paratrabalho de
parto prematuro, cesariana;
• Para os bebés, esta intervenção reduziu o risco de
avaliar macrossomia, complicações respiratórias,
sofrimento fetal e hipoglicemia.
Interesses competitivos
Os autores declaram não haver interesses conflitantes.
Contribuições dos autores
Concepção e design: Sihem Chahed, Latifa
Lassouad, Amel Maaroufi; aquisição de dados:
Sihem Chahed, Maha Dardouri; análise estatística:
Chahed Sihem, Latifa Lassouad, Maha Dardouri; análise e
interpretação dos dados: Sihem Shahed,
Ali Mtiraoui, Hedi Khairi; Redação do manuscrito: Sihem Chahed,
Latifa Lassouad, Maha
Dardouri; Revisão crítica: Latifa Lassouad, Amel
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Artigo
Maaroufi, Ali Mtiraoui, Hedi Khairi. Todos os autores leram e
aprovaram a versão final deste manuscrito.
Tabelas e figura
Tabela 1: programa de educação para o autocuidado
Tabela 2: dados sociodemográficos e clínicos dos participantes
da intervenção e dos grupos controle no início do estudo
Tabela 3: comparação dos desfechos primários entre os
grupos no início e no acompanhamento
Tabela 4: comparação dos desfechos secundários entre os
grupos no seguimento
Figura 1: procedimento de recrutamento dos pacientes
Referências
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prevenção: Diabetes gestacional. 2020.
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neonatais em mulheres com diabetes mellitus gestacional:
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Artigo

Tabela 1: programa de educação para o autocuidado

Sessão Educadores, segunda- Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira

feira, 1º
(uma hora)
Parteira, Parteira e Parteira e Parteira e Parteira,
endocrinologista e enfermeira nutricionista enfermeira endocrinologista
nutricionista e
nutricionista
Contente Entrevistas Técnica de injeção A dieta de uma Caderno de Avaliação de
individuais; discussão de insulina: paciente com automonitoramento conquistas
inicial sobre locais de injeção, diabetes de glicemia perguntas e
conhecimentos e tipos de insulina gestacional e capilar para respostas

hábitos análise de
alimentares; equivalentes dietéticos urina com automonitoramento
apresentação da semana

programa
Sessão Educadores Endocrinologista Endocrinologista Endocrinologista Endocrinologista
2 (uma
hora)
Conteúdo Fatos gerais Forte Importância da Gravidez e diabetes
sobre diabetes complicações do higiene corporal gestacional:
gestacional: o que é diabetes da atividade física riscos; planejamento
diabetes gestacional, sinais, e monitoramento
gestacional? O que causas,
são as tratamento e
complicações do prevenção
diabetes medidas
gestacional?

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Tabela 2: dados sociodemográficos e clínicos dos participantes da intervenção e dos grupos controle no início do estudo

2
Variáveis GI (n=61) n (%) GC (n=60) n (%) X p
Idade do participante 0,199 0,65
20-34 anos 37 (60,7) 34 (56,7)
35-45 anos 24 (39,3) 26 (43,3)
Status socioeconômico 0,017 0,89
Baixo 20 (32,8) 19 (31,7)
Médio-alto 41 (67,2) 41 (68,3)
Nível educacional 0,406 0,52
Analfabeto primário 20 (32,8) 23 (38,3)
Universidade secundária 41 (67,2) 37 (61,7)
História de família
Diabetes mellitus tipo 1 0,109 0,74
Sim 41 (67,2) 42 (70)
Não 20 (32,8) 18 (30)
Diabetes mellitus tipo 2 0,689 0,4
Sim 30 (49,2) 25 (41,7)
Não 31 (50,8) 35 (58,3)
História pessoal
Diabetes mellitus gestacional (DMG) 0,730 0,39
Sim 16 (26,2) 20 (33,3)
Não 45 (73,8) 40 (66,7)
Macrossomia fetal 0,169 0,68
Sim 13 (21,3) 11 (18,3)
Não 48 (78,7) 49 (81,7)
Toxemia na gravidez 2.480 0,11
Sim 11 (18) 5 (8,3)
Não 50 (82) 55 (81,7)
Morte fetal intrauterina 0,325 0,57
Sim 2 (3,3) 1 (1,7)
Não 59 (96,7) 59 (98,3)
Prematuridade 0,058 0,8
Sim 8 (13,1) 7 (11,7)
Não 53 (86,9) 53 (88,3)
Gravidez atual
Índice de massa corporal 2.534 0,11

Não obeso (ÿ30 Kg/m2 ) 29 (47,5) 20 (33,3)

Obeso (>30 Kg/m2 ) 32 (52,5) 40 (66,7)

Toxemia na gravidez 1,99 0,15
Sim 5 (8,2) 10 (16,7)
Não 56 (91,8) 50 (83,3)
GI: grupo intervenção; GC: grupo controle

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Tabela 3: comparação dos desfechos primários entre os grupos no início e no acompanhamento

2
Variáveis GI (n=61) GC (n=60) U Mann- p
Whitney
Número de internações por DMG durante a gravidez (m 1,02±0,12 2,38±0,49 - 18,5 0,000
± DP)
Número de dias de internação (m ± DP) 1,28±0,45 2,67±0,85 - 272 0,000
Número de ciclos de glicemia durante todas as 1,31±0,56 5,07±2,007 - 46 0,000
hospitalizações (m ± DP)
Glicose sanguínea em jejum no início do estudo (m ± DP) 0,98±0,14 1,20±0,26 - 1497,5 0,07
Glicemia em jejum no seguimento (m ± DP) 0,92±0,09 1,15±0,26 - Hipoglicemia no início do 979 0,000
estudo, n (%) 6 (9,8) 22 (36,7) 12.243 - 0,000
Hipoglicemia a seguir, n (%) 5 (8,2) 13 (21,7) 4.334 - 0,03
GI: grupo intervenção; GC: grupo controle; DMG: diabetes mellitus gestacional

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Tabela 4: comparação dos desfechos secundários entre os grupos no seguimento

2
Variáveis GI (n=61) n (%) GC (n=60) n (%) X p
Termo de nascimento 9.633 0,002
Prematuro (ÿ36 semanas) 3 (4,9) 15 (25)
A termo (ÿ37 semanas) 58 (95,1) 45 (75)
Modo de nascimento 9.285 0,002

Vaginal 45 (68,9) 27 (45)

Cesariana 19 (31,1) 33 (55)
a
Peso do recém-nascido ao 31.017 0,000

nascer 61 (100%) 0 35 (58,3)

<4 kg ÿ4 kg (0) 24 (41,7)
Pontuação APGAR em 1 minuto 9.436 0,002
<7 1 (1,6) 11 (18,3)
ÿ7 60 (98,4) 49 (81,7)
a
Pontuação APGAR aos 5 minutos 9.885 0,001
<7 0 (0) 9 (15)
ÿ7 61 (100) 51 (85)
Hospitalização neonatal 39.979 0,000
Sim 9 (14,8) 43 (71,7)
Não 52 (85,2) 17 (28,3)
Complicação respiratória neonatal 5.760 0,01
Sim 6 (9,8) 16 (26,7)
Não 55 (90,2) 44 (73,3)
Sofrimento fetal 11.81 0,001
Sim 2 (3,3) 15 (25)
Não 59 (96,7) 45 (75)
a
Hipoglicemia neonatal 18.745 0,000
Sim 0 (0) 16 (26,7)
Não 61 (100) 44 (73,3)
Infecção materno-fetal 1.069 0,3
Sim 1 (1,6) 3 (5)
Não 60 (98,4) 57 (95)
a
Defeito de nasçenca 4.206 0,05
Sim 0 (0) 4 (6,7)
Não 61 (100) 56 (93,3)
a
Morte fetal intrauterina 1.025 0,49
Sim 0 (0) 1 (1,7)
Não 61 (100) 59 (98,3)
a
: Valor p do teste de Fisher; APGAR: aparência, pulso, careta, atividade e respiração; GI: grupo intervenção;
GC: grupo controle

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Figura 1: procedimento de recrutamento dos pacientes

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