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FACULDADE MARIA MILZA

BACHARELADO EM ENFERMAGEM

NAILDES ALMEIDA DA CONCEIÇÃO

REPERCUSSÕES DA INSTITUCIONALIZAÇÃO NA PESSOA IDOSA

GOVERNADOR MANGABEIRA-BA
2015
NAILDES ALMEIDA DA CONCEIÇÃO

REPERCUSSÕES DA INSTITUCIONALIZAÇÃO NA PESSOA IDOSA

Monografia apresentada no curso de


Bacharelado em Enfermagem da
Faculdade Maria Milza (FAMAM), como
requisito parcial para obtenção do Título
de Bacharel em Enfermagem.

Orientadora: Iris Soeiro de Jesus

GOVERNADOR MANGABEIRA-BA
2015
Dados Internacionais de Catalogação

Conceição, Naildes Almeida da


C744r Repercussões da institucionalização da pessoa idosa / Naildes
Almeida da Conceição. – 2015

57 f.

Orientadora: Profa. Iris Soeiro de Jesus

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Enfermagem)


– Faculdade Maria Milza, 2015.

1. Idoso. 2. Envelhecimento populacional. 3. Institucionalização


da pessoa idosa. I. Jesus, Iris Soeiro de. II. Título.

CDD 618.97
PRISCILA DOS SANTOS DIAS
NAILDES ALMEIDA DA CONCEIÇÃO

INSTITUCIONALIZAÇÃO DA PESSOA IDOSA

Aprovada em _/_/_

BANCA DE APRESENTAÇÃO

Prof.ª Iris Soeiro de Jesus


Faculdade Maria Milza
(Orientadora)

Membro Avaliador

Prof.ª Andrea Jaqueira


Faculdade Maria Milza

GOVERNADOR MANGABEIRA-BA
2015
Aos meus filhos, Emerson e Emili.
Agradecimentos

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus pela minha vida e persistência.

À minha mãe (in memoriam), pela força e por nunca desistir.

Aos meus filhos, Emerson e Emili, pela preocupação, pelo carinho, pelas
orientações e pelas palavras.

A minha sobrinha Laiza, por me tolerar nos ensaios das apresentações de trabalho.

A minha orientadora, Profª. Íris Soeiro, pelas orientações e ensinamento.

Aos meus colegas de jornada, muitos formados, em especial a Alan, Cristina e


Manuela.

Ao Lar dos Idosos de Cruz das Almas, por permitir que essa monografia fosse real.
“O ser humano envelhece quando vira de costas para o aprendizado,
independente da cronologia.”

Sidney poeta dos sonhos


RESUMO

O envelhecimento populacional é um fenômeno mundialmente discutido. No Brasil


uma parcela significativa da população é idosa, o que pode ser explicado pela
transição demográfica sofrida no país. Este fator somado a mudança dos padrões de
nupcialidade e presença da mulher no mercado de trabalho repercutem também em
institucionalização da pessoa idosa em Instituições de Longa Permanência para
Idosos (ILPI). O objetivo geral deste trabalho foi conhecer as repercussões
decorrentes da institucionalização dos idosos do Lar dos Idosos de Cruz das Almas
Ba. Tratou-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa, no qual a coleta
dos dados foi realizada através de entrevista semiestruturada. Teve como
participantes do estudo, 15 idosos moradores da ILPI, que estavam inclusos no
critério de participação. A análise foi feita através da análise de conteúdo de acordo
com os dados coletados através de entrevistas e da organização dos dados por
temáticas semelhantes. Constatou-se que assim, como a literatura aponta em
relação a vida na ILPI uma das principais repercussões da institucionalização da
pessoa idosa é o fator de isolamento social, principalmente da família. Dentre os
quinze entrevistados, quatorzes queixaram-se de fatos como o afastamento da
família e do convívio cotidiano, ausência de visita dos familiares, além de queixas,
não muito relevantes, sobre alimentação e as rotinas institucionais. Dessa forma,
verifica-se que apesar da institucionalização em determinadas situações representar
a melhor opção para o idoso, essa requer adequações na estrutura organizacional
que propicie maior interação do idoso com sua rede social no sentido de reduzir o
sentimento de isolamento.

Palavras- Chave: Envelhecimento. Institucionalização. Repercussões.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01 - Faixa da do Lar dos Idosos de Cruz das Almas – BA.............................21


Figura 02 - Quiosque onde ocorrem atividades de lazer, decorada para
recreação....................................................................................................................22
Figura 03 - Idosos moradores participando de recreação.........................................23
Figura 04 - Problemas de Saúde dos idosos moradores do Lar dos Idosos, no
município de Cruz das Almas- Ba, 2015....................................................................29
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Sexo dos idosos moradores do Lar dos Idosos, no município de Cruz
das Almas-Ba, 2015...................................................................................................26
Quadro 2 – Faixa etária dos idosos moradores (as) do Lar dos Idosos, no município
de Cruz das Almas - Ba, 2015....................................................................................27
Quadro 3 – Permanência no idoso no Lar dos Idosos desde a admissão, no
município de Cruz das Almas-Ba, 2015.....................................................................28
Quadro 4 – A percepção dos idosos diante do processo de mudança
para ILPI.....................................................................................................................30
Quadro 5 – Relação dos(as) idosos (as) com os cuidadores, moradores e
com visitante/familiares..............................................................................................33
Quadro 6 – Relação dos idosos entrevistados com rotina da ILPI e com
atividades de lazer......................................................................................................36
Quadro 7 – Avaliação dos idosos entrevistados acerca vida e da moradia na
ILPI ............................................................................................................................39
LISTA DE SIGLAS

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.


ILPI – Instituição de Longa Permanência Para Idosos.
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.
MMII – Membros inferiores.
MMSS – Membros superiores
OMS - Organização Mundial da Saúde.
PNAD – Programa Nacional por Amostras por Domicílio.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 11

2. REVISÃO DE LITERATURA............................................................................... 13

2.1 ENVELHECIMENTO POPULACIONAL........................................................ 13

2.2 INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS.................... 16


2.3 REPERCUSSÕES DA INSTITUCIONALIZAÇÃO NA PESSOA
IDOSAS.................................................................................................................... 18

3. PROCEDIMENTO METODOLOGICOS.............................................................. 21

3.1 TIPO DE ESTUDO........................................................................................ 21


3.2 LOCAL DE ESTUDO.................................................................................... 21
3.3 PARTICIPANTES.......................................................................................... 23
3.4 PROCEDIMENTO E INSTRUMENTO DE COLETA..................................... 23
3.5 CRITÉRIOS ÉTICOS.................................................................................... 24
3.6 ANÁLISE DE DADOS................................................................................... 24

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................... 26

4.1 PERFIL DOS MORADORES DO LAR DOS IDOSOS DE CRUZ DAS


ALMAS - BA............................................................................................................. 26
4. 2 CAMINHOS APONTADOS NAS ENTREVISTAS Á LUZ DA
BIBLIOGRAFIA......................................................................................................... 29

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 43

REFERÊNCIAS........................................................................................................ 45
APENDICES............................................................................................................. 49
APENDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO –
TCLE ....................................................................................................................... 49

APENDICE B - ROTEIRO DE ENTREVISTA...................................................... 50


APENDICE C - TERMO DE COMPROMISSO ÉTICO DO
PESQUISADOR....................................................................................................... 51

ANEXOS 52

ANEXO A: TERMO DE AUTORIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO CO-


PARTICIPANTE....................................................................................................... 52

ANEXO B: PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP...................................... 53


11

1 INTRODUÇÃO

De acordo com a organização Pan – Americana de Saúde (OPAS), o


envelhecimento é um desenvolvimento, individual, sucessivo, agregativo, sem volta,
universal, não doentio, de declínio de um organismo maduro, próprio a todos os
membros de uma espécie de maneira que com o avanço do tempo aumentam a
possibilidade de morte (BRASIL, 2006).
Traz ainda que alcançar este momento – envelhecimento – é sem dúvida um
fator positivo. No entanto, em um contexto global, de envelhecimento das
populações, este fenômeno é tratado de forma diferente. Enquanto, nos países
desenvolvidos, o envelhecimento ocorreu associado às melhorias nas condições
gerais de vida, nos outros, esse processo acontece de forma rápida, sem tempo
para uma reorganização social e da área de saúde adequada para atender às novas
demandas emergentes.
Com referência ao Brasil, o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE, 2010), revela um alargamento do topo da pirâmide etária ilustrado
pelo aumento da participação relativa da população com 65 anos ou mais, que era
de 4,8% em 1991, passando a 5,9% em 2000 e chegando a 7,4% em 2010. E se
considerarmos os dados dos dois últimos censos do IBGE referentes a toda a
população na faixa etária idosa brasileira os estudos demonstram que em 2000 os
idosos representavam 8,6% da população e em 2010 passaram a 10,8% da
população.
Falar sobre institucionalização de idosos significa falar sobre pessoas acima
de 60 anos que vivem em casas de repouso, em lares para idosos, abrigos ou
Instituições de Longa Permanência para idosos - ILPI como se convencionou
chamar. São várias as repercussões do aumento de pessoas idosas na sociedade
brasileira, diante de uma sociedade, que se complexificou através da mudança dos
modelos de nupcialidade e da saída da mulher para o mercado de trabalho, posto
que, era a mulher a principal cuidadora dos idosos no ambiente familiar
(CAMARANO, KANSO, 2010).
Frente à realidade da institucionalização do idoso o IPEA (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada) realizou a primeira pesquisa sobre ILPI. Com 20
milhões de idosos, o Brasil tem apenas 218 asilos públicos. O IPEA, 2011 afirma
12

que entre instituições públicas e privadas estão abrigados cerca de 83 mil idosos,
em maioria mulheres.
A vivência em Instituições de Longa Permanência pode proporcionar aos
idosos algumas dificuldades. A padronização das atividades comuns, horários e
rotinas definidas e a limitação de percepções futuras pela estrutura das instituições
podem ser fatores responsáveis por perdas, como a do direito a expressão da
subjetividade e dos desejos pessoais (MANSANO - SCHLOSSER et al., 2014).
Dessa forma, o envelhecimento que deve ser considerado um momento de
orgulho pelos anos de vida adquiridos, muitas vezes está sendo associado a
repercussões negativas, inerentes, majoritariamente, a vida dos idosos em
instituições de longa permanência.
Através da convivência em uma Instituição de longa permanência para idosos
e percebendo o quanto a institucionalização afetava a vida dos moradores desta
ILPI, é que surgiu o interesse em discutir as consequências para os senhores e
senhoras que estão institucionalizados neste local. E para tal surgiu a seguinte
questão: Como os idosos institucionalizados no lar dos idosos de Cruz das Almas-
Ba se ajustam a vida na ILPI e quais as repercussões que enfrentam decorrentes
desta vivência?
Assim, o objetivo geral deste trabalho foi conhecer as repercussões
decorrentes da institucionalização nos idosos membros do Lar dos Idosos de Cruz
das Almas Ba, e como objetivos específicos identificar o perfil demográfico dos
idosos moradores da ILPI que participaram da pesquisa, verificar a percepção dos
idosos frente as mudanças ocorridas no seu cotidiano decorrente da
institucionalização e descrever a avaliação dos idosos sobre a vida na ILPI
Propõe-se que este estudo suscite reflexões sobre as consequências da
institucionalização das pessoas idosas, e que o resultado possa contribuir com a
equipe de profissionais da ILPI no sentido de pensar em alternativas para minimizar
tais consequências, e melhorar a adaptação dos idosos no local em que vivem.
13

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 ENVELHECIMENTO POPULACIONAL

O envelhecimento é um processo do ciclo vital para Papaléo Netto (2006), é a


gradual consolidação do ciclo da vida é um processo que não precisa ser escondido
ou negado e sim ser compreendido, afirmado e experimentado como uma situação
de crescimento, através da qual o ministério da vida é aos poucos revelado.
Muito se tem discutido sobre o termo envelhecimento em uma escala que
não engloba apenas os indivíduos em seus momentos particulares, mas sim que
envolve populações inteiras, “o envelhecimento populacional, é hoje, um
proeminente fenômeno mundial” (CAMARANO, 2002, p.58). Tanto nos países
desenvolvidos como nos subdesenvolvidos este fenômeno pode ser percebido e
mesmo que se apresente de modos diferentes se mantém o desafio para os
governos de garantir as populações um envelhecimento ativo e saudável (BRASIL,
2006).
Esse é, de acordo ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o
caso do Brasil em que se revela um panorama no qual entre o censo de 2000 e o de
2010 a população acima de 60 anos passou de aproximadamente 8,6% para 10,8%
BRASIL, (2010). Para que o Brasil chegasse ao aumento da população idosa
passou pelo fenômeno da transição demográfica, que segundo Costa et, al. (2001),
trata-se de um processo no qual há uma mudança de uma situação de mortalidade e
natalidade elevadas, com populações predominantemente jovem, para uma situação
com mortalidade e natalidade baixa, com aumento da proporção de velhos, iniciadas
na década de 40.
No Brasil, a partir da segunda metade da década de 60 “a rápida e sustentada
redução da fecundidade desencadeou uma série de mudanças profundas na
distribuição etária, tal como na maioria dos países da América Latina e do Terceiro
Mundo” (WONG; CARVALHO, 2006, p.7).
Kalache (1987) e Alves (2014) discutem como a expectativa de vida cresceu
no Brasil. O primeiro autor argumenta que em 1900 a expectativa de vida era de
33,7 anos, em 1950 de 43,2, em 1960 de 55,0, em 1970 de 57, 1 e em 1980 de 63,
5. Já para o segundo autor, em 1900 ela era de aproximadamente 30 anos, em 1950
ultrapassou os 50 anos e em 2010 alcançou os 73 anos. Dadas às diferenças é
14

possível concluir que ambos concordam com o aumento progressivo da expectativa


de vida dos brasileiros. Vários foram os fatores que influenciaram para a transição
demográfica

São duas as principais explicações para a transição de altos a baixos níveis


de mortalidade: uma que realça a melhoria do padrão de vida da população
em decorrência do desenvolvimento das forças produtivas e outra que
enfatiza as contribuições da inovação médica, dos programas de saúde
pública, do acesso ao saneamento básico e da melhoria da higiene pessoal.
Com certeza as duas abordagens juntas ajudam a explicar a ausência de
crises de mortalidade e desmentem o sombrio princípio de população
malthusiano com seus “freios positivos” (fome, guerras e miséria). (ALVES,
2014,p.3)

Araújo e Alves (2000), e Camarano (2002), propõem uma análise de


condições de vida para os idosos brasileiros, objetivando assim traçar um perfil para
esta população. São indicadores relevantes nos dois casos sexo, família, e
condições de saúde e, no caso específico de Araújo e Alves (2000), cor, educação,
renda e trabalho.
Ambos os autores concluem que dentre a população de idosos a quantidade
de mulheres é superior a de homens. A predominância da população feminina entre
os idosos tem repercussões importantes nas demandas por políticas públicas.
Camarano (2006) discorre que,

Uma delas diz respeito ao fato de que, embora as mulheres vivam mais do
que os homens, elas estão mais sujeitas a deficiências físicas e mentais.
Outra diz respeito à elevada proporção de mulheres morando sozinhas:
14% em 1998. Além disso, 12,1% moravam em famílias na condição de
“outros parentes”. A designação “outros parentes” pode significar, em
relação ao chefe do domicilio, mães, sogras, irmãs ou outros tipos de
parentes.

Dados mais recentes reafirmam uma feminização da população idosa, as


mulheres representavam 55,3% desta população. “Tal diferença é explicada pelos
diferenciais de expectativa de vida entre os sexos, fenômeno mundial, mas que é
bastante intenso no Brasil, haja vista que, em média, as mulheres vivem oito anos
mais que os homens.” (IBGE, 2010,p.14).
No que diz respeito à disposição espacial dos idosos, o IBGE (2010), ainda
afirma que é possível notar uma maior concentração desta população em áreas
urbanas, isso porque em 1991 23, 3% dos idosos viviam em áreas rurais, já em
2000 o número caiu para 18,6% idosos. Em relação as famílias com idosos
Camarano (2002), cita que as que abrigam idosos tem uma estrutura diferente das
15

que não os contém, especificamente no que tange tamanho e ciclo vital, isso porque,
de acordo com o argumento, as famílias com idosos são menores e com ciclo vital
em etapa mais avançada. A combinação casais sem filhos mais idosos é um fator
que contribuiu para a afirmação anterior. No quesito aspecto socioeconômico “as
famílias brasileiras que contêm idosos estão em melhores condições econômicas do
que as demais famílias.” (CAMARANO, 2002, p.62).
Para Araújo e Alves (2000), trabalho e renda são outros aspectos para
caracterização desta população. Aproximadamente 4,1 milhões de idosos estavam
ocupados em 1996, destes 2,7 milhões eram homens e 1,3 milhões mulheres.
População que representava 6% dos ocupados no país e que se concentrava no
setor agrícola. Neste assunto, os dados do Programa Nacional de Amostragem por
Domicílio- PNAD (2014), revelam que pessoas de 60 anos, ou mais, representavam
17,5 % da população em idade de trabalhar em 2014 (16 à 60 anos para mulheres e
16 à 65 anos para homens). Já o estudo do contingente de pessoas ocupadas, do
mesmo período, revelou que os idosos representavam 6,8% da parcela de
trabalhadores no país.
Sobre a variável educação Araújo e Alves (2000), dizem que a maior parte
dos idosos brasileiros, em 1996, tinham baixo grau de alfabetização. Se a proporção
de mulheres idosas chefiando famílias é maior do que a de homens, no que tange
grau de escolaridade haveria mais mulheres analfabetas do que homens. No total
37% dos idosos seriam analfabetos em 1996.
Comparando os dados de 1991 com os de 2000 houve um aumento de 16,1%
na taxa de idosos alfabetizados no país, apesar disso em 2000 a quantidade de
idosos analfabetos era de 5,1 milhões de cidadãos (IBGE, 2010).
Camarano (2002), afirma que, mortes por fatores externos não são tão
significativas à esta população, ao contrário das doenças do aparelho circulatório e,
se levarmos em conta a especificidade do sexo, entre os homens as doenças no
aparelho digestivo, e entre as mulheres do sistema endócrino e do metabolismo.
Acerca do estado de saúde da população idosa destaca – se entre os idosos mais
jovens problemas na coluna.
Em 2003, uma parcela de 29,9% da população brasileira apresentava
doenças crônicas, BRASIL (2010). Entre os idosos este valor atinge 75,5% do grupo,
sendo 69,3% entre os homens e 80,2% entre as mulheres IBGE (2009 apud VERAS;
PARAHYBA, 2007).
16

Vale ainda ressaltar que, houve uma diminuição na proporção de idosos com
doenças crônicas em relação ao ano de 1998 ficou evidenciado o diagnóstico de
múltiplas patologias, ou seja, além da doença crônica os idosos convivem com outra
patologia (IBGE, 2009).
Acerca do envelhecimento no Brasil é possível ter em mente que muitos são
os desafios da saúde e do governo brasileiro frutos, principalmente, de uma
transição demográfica acelerada.
Assim, nesse contexto as características de doenças crônicas degenerativas
mais frequentes na população idosa, são também as que mais ocasionam limitações
e dependência sendo considerados fatores condicionantes para a institucionalização
da pessoa idosa.
Neste ínterim Freitas, Alves e Noronha (2016) citam estudos em que
evidenciaram a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e Diabetes Mellitus (DM) como
as patologias mais freqüentes em idosos institucionalizados. Além do perfil das
doenças outras características são relatadas quanto aos idosos que vivem em
instituições, a exemplo do sexo mais freqüente que mostra diferenças entre os
estudos. Enquanto que no estudo realizado por Danilow et al ( 2007), 57.7% dos
idosos eram do sexo masculino, representando a maioria, no estudo realizado por
Menezes (2008), 52,6% eram do sexo feminino. Ainda com referência a
características dos idosos institucionalizados a segunda autora descreve que no
mesmo estudo dos 95 idosos, a faixa etária mais freqüente foi de 70-79 anos
(47,4%), seguido de 80 ou mais (28,4%) e 60-69 anos (24,2%).

2.2 INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS

Diante da transição demográfica brasileira e de um contexto social onde


ocorreram mudanças nos modelos e nos números de casamentos realizados no país
e da presença da mulher no mercado de trabalho a tarefa da família de zelar pelos
entes dependentes não tem sido cumprida, mesmo que prevista pela legislação
brasileira, o que aumenta a demanda de participação do Estado e do setor privado,
como colocam Camarano e Kanso (2010).
É neste contexto que surgem as Instituições de Longa Permanência para
Idosos, e posteriormente, o interesse do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(IPEA, 2008), sobre essas instituições e seus moradores. No caso brasileiro, as
17

instituições que operam abrigando e cuidando de pessoas acima dos 60 anos de


idade não se auto intitulam Instituição de Longa Permanência - ILPI, na verdade,
como colocam Camarano e Kanso (2010), não há uma harmônica definição para o
termo proposto pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.
Para Pinto e Simson (2012), é preciso, no Brasil atual, que a ILPI seja capaz
de dar conta da prestação de serviços na área sanitária e na área social, pensando
nisso, as autoras a chamam de instituição sócio – sanitária porque o termo se
relaciona a um modelo de assistência em que há valores e práticas tanto da esfera
sanitária como da esfera social. Neste sentido Camarano; Kanso (2010) trazem que
segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2000),

as ILPI’s são instituições governamentais ou não-governamentais, de caráter


residencial, destinadas a domicílio coletivo de pessoas com idade igual ou
superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar, em condição de liberdade e
dignidade

Os autores acrescentam ainda que a ILPI, atende tanto idosos independentes


em situação de carência de renda e/ou de família quanto aqueles com dificuldades
para o desempenho das atividades diárias, que necessitem de cuidados
prolongados.
O Estatuto do Idoso foi promulgado em 1º de outubro de 2003, pela lei nº
10.741/2003 e ratificou direitos legais previstos na constituição, como colocam Pinto
e Simson (2012). Segundo essa legislação as instituições governamentais e não
governamentais que assistem aos idosos tem de inscrever seus planos junto ao
órgão competente da Vigilância Sanitária e ao Conselho Municipal da Pessoa Idosa,
cabendo assim aos últimos zelar pelas regras do Estatuto e da Política Nacional do
Idoso.
Como apontam Kanso et al., (2010), a pesquisa do IPEA realizada entre 2006
e 2010 citou a existência de 3. 548 instituições no território brasileiro, sendo que
destas 62, 5% são filantrópicas, 28,2% privadas e apenas 6,6% são públicas ou
mistas. Dentro deste escopo foram pesquisados 96.781 moradores que estavam
acima de 60 anos representam 1% da população idosa brasileira.
Dentro dessas instituições os principais serviços oferecidos eram de saúde
(atendimento médico, fisioterapia e em menor proporção terapia ocupacional e
psicológica) e havia um orçamento onde cada residente gastava aproximadamente
R$ 744, 10(KANSO et al., 2010).
18

É possível refletir a partir destes dados, como o quadro de funcionamento das


Instituições de Longa Permanência no Brasil é heterogêneo e apresenta desafios ao
Estado e a própria sociedade civil, se pensarmos, por exemplo, que, no conjunto das
instituições pesquisadas, encontrou-se 109.447 leitos, dos quais aproximadamente
90,0% estavam ocupados (KANSO et al., 2010, p.11).

2.3 REPERCUSSÕES DA INSTITUCIONALIZAÇÃO NA PESSOA IDOSA.

Para entender os desdobramentos do idoso institucionalizado é preciso


atentar-se para a construção histórica da imagem da ILPI, e consequentemente,
para a ideia formada na sociedade da “velhice institucionalizada” que segundo
Espitia e Martins (2006), passou de um rótulo que abrigava categorias como as de
indigente, alcoólatras, abandonados e doentes para uma visão pós década de 60 da
instituição como local de residência e trabalho para indivíduos separados da
sociedade. Ambas as visões apontam a instituição como ambiente de exclusão
social e omissão de vida própria.
Assim, os autores argumentam que é preciso atentar também para as
repercussões na vida dos idosos em processo de institucionalização diante dos
estereótipos que caracterizam a experiência de envelhecimento e da relação dos
idosos com a família.
Amado (2012), relata o papel da família como principal cuidadora do idoso, e
por isso mostra como o próprio Estatuto do Idoso recomenda a institucionalização
somente para idosos sem família. Para Neves (2012), com esta informação não é
difícil notar a importância da família na vida do idoso e mais, o risco de privar o
residente de estimulação, de atenção emocional e de vínculos afetivos na escolha
pela institucionalização. Espitia; Martins (2006, p. 55), reitera que,

Nesta fase o processo de transformação dos sentimentos se aflora, e a infinita


nuance de afeto e amor com a família se intensificam. Desta forma, a
afetividade se manifesta significativamente na vida diária dos idosos,
expressando mais uma vez que a família deve estar sempre presente nesta
etapa, para prestar o suporte necessário.

A partir disto é possível concluir o quão negativo pode ser o afastamento do


idoso das relações afetivas familiares somando isso ao fato que “a
institucionalização é uma das situações estressantes e desencadeadoras de
19

depressão, que levam o ancião a passar por transformações de todos os tipos”


(FREITAS; SCHEICHER, 2010, p.396).
Uma das implicações da institucionalização é a rigidez das rotinas,
impactando no dia a dia do idoso que se vê diante de situações em que não pode
optar. Essas transformações foram analisadas em um estudo de caso que objetivava
avaliar a qualidade de vida dos idosos institucionalizados em Campinas – SP, e que
relata que a instituição apresenta horários pré-estabelecidos para a realização de
refeições, limitando a liberdade do idoso à rotina do local em que vivem.
(MANSANO-SCHLOSSER et al., 2010, p.614).
Neste sentido, como coloca Murakami (2010 apud ARAUJO et al., 2014), uma
rotina monótona e de baixa autonomia é uma consequência da institucionalização
capaz de levar à uma baixa autoestima. Outros aspectos a serem considerados
conforme discorre Miguel et al., (2007), são o tratamento infantilizado e paternalista
da equipe, a ausência de vida particular, o isolamento e os sentimentos de
abandono, carência e solidão podendo levar a um quadro de dependência afetivo
emocional do idoso morador.
Demais autores chamam atenção que há uma problematização da instituição,
percebida como fator de isolamento social que leva às perdas como a de liberdade,
autoestima, identidade e até a recusa à própria vida.

Assim sendo, acredita-se que toda essa problemática vivenciada pelo idoso,
sobretudo quando institucionalizado, possa comprometer de diferentes
maneiras a sua qualidade de vida, tema este que tem ocupado lugar de
destaque na discussão sobre envelhecimento. (FREITAS; SCHEICHER, 2010,
p. 396)

Qualidade de vida é uma ideia conceitual muito importante para pensar a


existência, ou não, de repercussões negativas ligadas à institucionalização a
persistir a maneira como a grande maioria das instituições trata seus velhos, a
tendência é que os mesmos se tornem pessoas dependentes e incapacitadas
(FREITAS; SCHEICHER, 2010, p. 400).
Khoury e Sá-Neves (2014), afirmam que a qualidade de vida é amplamente
determinada pela manutenção da independência e autonomia, ou seja, pela
capacidade do sujeito de decidir e manter o controle da própria vida. Diante disso, se
torna importante questionar como a vida na ILPI pode influenciar sobre o exercício
20

de autonomia do idoso e a percepção do controle, variáveis determinantes para


qualidade de vida.
Tais autores relatam ainda, através de um estudo de caso realizado no Pará,
que os moradores da ILPI estudada tinham baixa qualidade de vida, se comparado a
idosos que moravam em comunidade, isso porque os moradores da ILPI
comparados aos que viviam na comunidade, eram mais velhos, possuíam
escolaridade e renda individual mais baixa, tinham menos amigos, raramente ou
nunca recebiam visitas e não tinham um quarto só para si. ( KHOURY; SÁ-NEVES,
2014, P.558)
O sentimento, a percepção e os desejos do idoso institucionalizado, são pauta
de algumas discussões. Verificando-se que o idoso se distancia do protagonismo de
um status social e de um papel social anterior à vivência institucional, alguns sentem
“tensão, angústia, desespero, insegurança, e, quanto maior for o potencial para a
perda desse vínculo, mais intensas e variadas serão essas reações, podendo vir a
prejudicar o indivíduo” (OLIVEIRA CARMO et.al., 2012, p.331,). Diante disto mostra-
se importante entender variáveis como presença de amigos, de visitas e condições
de moradia, especificamente dos dormitórios, além de presença da presença de
rotinas inflexíveis para ampliar esta discussão.
No contexto acima mencionado, os argumentos de Freitas e Scheicher (2010)
e Carmo et.al, (2012) se encontram na percepção da depressão como uma possível
repercussão da institucionalização. A questão da institucionalização, na forma como
é feita e vivenciada pelos idosos, “causa-lhes o anseio de serem esquecidos,
rejeitados, desamparados pela família e pela sociedade, chegando a levá-los, em
casos mais sérios, a uma depressão profunda”. (CARMO et al., 2012, p. 337).
21

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 TIPO DE ESTUDO

Tratou – se de um estudo qualitativo de caráter descritivo, que foi realizado


com idosos que residem em uma Instituição de Longa Permanência (ILPI). A
finalidade real da pesquisa qualitativa não é contar opiniões ou pessoas, mas ao
contrário, explorar o espectro de opiniões, as diferentes representações sobre o
assunto em questão em um meio social específico (BAUER; GASKELL, 2003, p.68).
O caráter descritivo se deve ao fato de aqui objetivou - se metodologicamente
descrever um fenômeno já conhecido – institucionalização do idoso – em um
contexto específico onde a evidência qualitativa é usada para captar dados
psicológicos que são reprimidos ou não facilmente articulados como atitudes,
motivos, pressupostos, quadros de referência etc. (HAGUETTE, 2013, p. 59).

3.2 LOCAL DE ESTUDO

Para caracterizar o local do estudo optou-se pela descrição instituição e de


ilustrações que endossam tal caracterização. O Lar Dos Idosos de Cruz das Almas
(figura 1), é uma instituição filantrópica, fundada em 05 de abril de 1987 e construída
e administrada pelo LIONS CLUBE Cruz das Almas (figura 1).

Figura 01 – Faixada do Lar dos Idosos de Cruz das Almas – BA.

Fonte: Dados da pesquisa, 2015.


22

a instituição, busca acolher os idosos obedecendo o Estatuto e Normas


Internas além das Leis vigentes do País proporcionando um ambiente alegre e
acolhedor, não somente nas datas festivas como também no decorrer da sua
permanência nesta Unidade. Com o propósito de amparar e assegurar ao
homem a partir dos 60 anos o seu direito de cidadão integrado à sociedade, O
Lar dos Idosos de Cruz das Almas busca oferecer aos seus internos uma vida
saudável, integrada ao meio em que vive de maneira digna e positiva, sem se
deixar arrastar pelas condições de isolamento e solidão. (BRITO, 2009)

A Instituição atende atualmente cinquenta e seis pessoas com idade de 58 a


99 anos, de ambos os sexos, sendo boa parte destes aposentados carentes. Para
auxiliar no cuidado dos moradores conta com um administrador, um assistente
administrativo, um médico geriatra - que atende quinzenalmente - sete técnicos em
enfermagem, três lavadeiras, duas cozinheiras e seis pessoas para higienização do
local atuando com o seguinte slogam “Abraçando os jovens do Passado”. No que
tange a rotina da instituição existem horários para o banho, alimentação e visitas.
São servidas cinco refeições de forma balanceada e orientada. A ILPI, em parceria
com a comunidade, busca realizar alguns eventos, principalmente, em datas
comemorativas e nos fins de semana (figura 02 e 03) para promover diversão aos
idosos e também arrecadar donativos.

Figura 02 – Quiosque onde ocorrem atividades de lazer decorado para


recreação.

Fonte: Registro do Lar dos Idosos, acervo da ILPI.


23

Figura 03 – Idosos participando de evento recreativo.

Fonte: Registro do Lar dos Idosos, acervo da ILPI.

No dia-a-dia o jogo de dominó e atividades de artesanato são as atividades de


lazer mais ofertadas. Para sobreviver a ILPI conta com doações da sociedade, com
uma verba repassada pela prefeitura do município e com a cobrança de uma taxa
dos idosos, em maioria, aposentados.

3.3 PARTICIPANTES

Os quinze idosos entrevistados tinham idade igual ou superior a 60 anos, eram de


ambos os sexos e residentes da ILPI estudada que concordaram em participar do
estudo através da assinatura de um termo de consentimento. Todos os quinze
idosos entrevistados estavam em condições de compreender os questionamentos
levantados, tinham ausência de deficiência auditiva e capacidade de verbalização,
que foram os critérios de inclusão.

3.4 COLETA DE DADOS


Inicialmente ocorreu uma visita à ILPI com o objetivo de familiarização com os
idosos estudados e com a equipe que trabalha na instituição, o procedimento visou a
identificação do perfil dos idosos que atendiam ao critério de inclusão. Após esta
etapa foram realizadas com os idosos selecionados entrevistas semiestruturadas,
com questões que investigaram as possíveis repercussões da institucionalização. As
entrevistas não foram gravadas, pois os idosos não se sentiram a vontade para tal,
por isso as respostas foram anotadas.
24

3.5 CRITÉRIOS ÉTICOS

Este projeto após a autorização da ILPI via uma comprovação pela assinatura
do presidente da instituição, foi submetido ao comitê de Ética da FAMAM (Faculdade
Maria Milza), para avaliação da importância do desenvolvimento da pesquisa.
Perante a aprovação da ILPI e da referida Comissão, e com a garantia de assegurar
aos entrevistados os direitos previstos pela resolução 466/12 do CNS (2012),
conforme parecer de número 1.296.436 (anexo b) foram iniciadas as visitas à
instituição para a seleção dos entrevistados. Os idosos entrevistados concordaram
em assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), após serem
orientados sobre os objetivos do estudo.
Vale assegurar que, não ocorreu nenhuma ação tendenciosa, nem a
explicitação de nenhuma identidade dos entrevistados, o que assegurou o caráter
ético da pesquisa.

3.6 ANÁLISE DOS DADOS

As entrevistas foram analisadas e discutidas pelo método da análise de


conteúdo. Segundo Campos (2004) este método pode ser entendido como uma
reunião de técnicas de pesquisa que tem como objetivo a busca do sentido ou dos
sentidos de um documento.
O autor traz ainda que a análise de conteúdo é divida em algumas fases, a
primeira está ligada a uma leitura flutuante das entrevistas realizadas, a segunda a
seleção das unidades de análises a partir destas leituras - é possível que nesta fase
se organize uma espécie de catálogo onde algumas temáticas presentes nas
respostas serão agregadas por escolhas de frases ou trechos. Por último, na terceira
fase, ocorreu o processo de categorização e subcategorização, no qual, algumas
categorias são caracterizadas para através de sua análise apresentar os significados
e informações elaboradas sobre o objeto de estudo.
Assim, à luz das entrevistas realizadas neste estudo a análise se processou
em alguns momentos, no primeiro foi feita uma primeira leitura que permitiu uma
visão geral das respostas, em um segundo momento realizou-se uma leitura
detalhada com a captação do sentido dos conteúdos, e seleção das informações.
Por fim, o agrupamento desses sentidos resultando na temática chave, o que foi
descrito trazendo os sentidos das respostas de cada idoso, permitindo a
25

interpretação e a discussão dos significados com a teoria que fundamenta este


estudo.
26

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 PERFIL DOS MORADORES DO LAR DOS IDOSOS DE CRUZ DAS ALMAS -
BA.
O Lar dos idosos conta com cinquenta e seis idosos residentes na ILPI neste
estudo participaram quinze deles, levando em consideração a aplicação de critérios
de escolha já mencionados na metodologia. Os dados da pesquisa foram
organizados, majoritariamente, através de quadros, figuras e gráficos, que primeiro
caracterizam o perfil dos idosos, e depois agrupam as percepções deles sobre as
repercussões da institucionalização a partir das temáticas dialogadas durante o
processo de entrevista.
No intuito de contextualizar o perfil dos idosos entrevistados a tabela abaixo
demonstra o quantitativo dos idosos por sexo.

Quadro 1- Sexo dos idosos moradores do Lar dos Idosos, no município de Cruz das
Almas-Ba, 2015.

Sexo Nº de idosos
Masculino 8
Feminino 7
Fonte: Dados da Pesquisa, 2015.

Dentre os entrevistados durante a pesquisa oito foram do sexo masculino e


sete do sexo feminino. Outros estudos relacionados a idosos institucionalizados
apontam resultados diversificados, enquanto no estudo realizado por Danilow et al.,
( 2007), que a maioria (57.7%) dos idosos eram do sexo masculino, no estudo
realizado por Menezes ( 2008), em que dos 95 idoso 50 representando 52,6% era
do sexo feminino. Quanto à faixa etária dos idosos moradores, a tabela 2 retrata os
dados levantados.
27

Quadro 2-. Faixa etária dos idosos moradores (as) do Lar dos Idosos, no município
de Cruz das Almas - Ba, 2015.

Faixa etária Nº de idosos


60 a 69 anos 2
70 a 79 anos 7
80 a 89 anos 5
Acima de 89 anos 1
Fonte: Dados da Pesquisa, 2015.

A tabela acima demonstra que a maioria dos moradores encontra-se com


idade entre 70 e 79 anos, seguida da faixa etária de 80 a 89 anos. A menor
freqüência ocorreu acima de 89 anos. Resultado semelhante foi verificado em
estudo realizado por Menezes (2008), que de 95 idosos, a faixa etária mais
freqüente foi de 70-79 anos (47,4%), seguido de 80 ou mais (28,4%).
Segundo o IBGE (2000), através de um relatório que objetivava caracterizar o
perfil dos idosos brasileiros na população idosa, o segmento que mais cresceu
relativamente entre os censos de 1990 e 2000 foi o das pessoas com idade igual ou
superior a 75 anos. Isto acarreta em alteração da composição interna do próprio
grupo e revela uma heterogeneidade de características deste segmento
populacional. Camarano (2002), afirma que as proporções da população idosa
acima de 80 anos também está em aumento com ritmo acelerado.
Os dados acima por comportarem mais idosos nas faixas etárias de 70 a 79
anos e 80 a 89 anos concordam com uma tendência mais global expressa pela
análise do perfil dos idosos do IBGE (2000) e por Camarano (2002).
No sentido de evidenciar outras informações referentes ao perfil, abaixo será
descrito os perfil socioeconômico dos residentes ILPI.
Dentre os residentes da ILPI todos desempenhavam atividades trabalhistas,
preponderantemente, como autônomos, e agora encontram - se aposentados.
Profissões como carregador, funcionários de armazém de fumo, marceneiro
ferroviário, agricultor, domestica e costureira são as citadas pelos entrevistados.
Havia também um idoso aposentado por auxílio doença.
Neste ínterim, Araújo e Alves (2000) afirmam que no fim da década de 90 4,1
milhões de idosos estavam ocupados no Brasil, população que representava 6% dos
ocupados no país.
28

No que diz respeito a cidade na qual residiam antes da mudança para a


instituição a maior parte morava em Cruz das Alma - Ba, cidade onde a ILPI está
localizada. Sobre a companhia com quem moravam, dentre os que residiam em
Cruz das Almas alguns moravam sozinhos e outros com filhos ou outros parentes.
Apenas cinco idosos não residiam em Cruz das Almas, tendo como cidades de
origem Sapeaçu, São Félix, Capoeiruçu, Salvador e Feira de Santana. Estes tinham
como companhia, respectivamente, outros parentes, filha, filha, outros parentes e
filho. Outros parentes significam em relação ao chefe de domicílio, mães, sogras,
irmãs, sobrinhas, ou ainda outras relações.
Acerca do tempo de moradia na ILPI o quadro 1 abaixo é capaz de ilustrar
uma relação entre o tempo de permanência na instituição e a quantidade de idosos
institucionalizados em cada categoria de tempo.

Quadro 3- Permanência do idoso no Lar dos Idosos desde a admissão, no


município de Cruz das Almas-Ba, 2015.

Período/ Nº de idosos
Anos
Menor que 1 ano 4

1 a 2 anos 2

3- 4 anos 5

5-6 anos 2

7-8 anos 1

Acima de 8 anos 1

Fonte: Dados da Pesquisa, 2015.

O quadro revela que a maior parte dos idosos (5) vive na ILPI há 3-4 anos,
seguido de quatro idosos que residem há menos de 1 anos. Informações que são
variadas dependendo do estudo, a considerar o que foi verificado no estudo
realizado por Danilow et al., ( 2007), em que a maioria dos idosos moravam na
Instituição por um período menor que 3 anos.
29

Algumas patologias são mais freqüentes nas pessoas idosas e podem


influenciar na institucionalização. A figura 3 demonstra os problemas de
idosos da ILPI

Figura 4- Problemas de Saúde dos idosos moradores do Lar dos Idosos, no


município de Cruz das Almas- Ba, 2015

31%

19%

11%
7% 8% 8%
4% 4% 4% 4%

Fonte: Dados da pesquisa, 2015.

A figura 4 evidencia as doenças mais frequentes – Hipertensão Arterial


Sistêmica ( HAS) (31%) e Diabetes Mellitus (DM) (19%) nos participantes do estudo,
seguida de Paralisia em MMII e/ou MMSS(11%). Diante dos dados verifica-se que os
problemas de saúde apresentados se enquadram no contexto da situação de
doenças frequente na população idosa, onde segundo o IBGE (2009 apud VERAS;
PARAHYBA, 2007), 75, 5% dos idosos brasileiros apresentam doenças crônicas.
Freitas, Alves e Noronha ( 2016), citam outros estudos em idosos institucionalizados
em que as patologias mais prevalentes foram a HAS e DM.

4.2 CAMINHOS APONTADOS NAS ENTREVISTAS Á LUZ DA BIBLIOGRAFIA.

Os resultados das entrevistas serão apresentados em quadros, que elegeram


algumas frases dos idosos residentes da ILPI para realizar a análise de conteúdo.
Tal escolha decorre do objetivo de dar voz aos entrevistados, trazendo para dentro
do texto e para o leitor a transcrição fiel das falas proferidas pelos idosos diante das
temáticas levantadas. Acredita-se que esta é a melhor maneira de exercer a opção
30

metodológica escolhida para realização deste trabalho, que foi a metodologia


qualitativa.
Privilegiou-se assim, compreender a mudança para instituição, e a vivência na
ILPI sobre os ombros dos sujeitos do processo, a fim de conhecer suas
repercussões. As três primeiras questões do roteiro de entrevista tentavam
compreender o a mudança para ILPI. Abaixo encontra-se a visão dos idosos durante
esta mudança.

Quadro 4 – A percepção dos idosos diante do processo de mudança para ILPI.


Idosos O que sentiu O que mudou/ Do que sente
quando chegou. A percepção falta.
da mudança
Idoso 1 “Nada, aqui sou “Tudo, aqui eu “De nada aqui tá
mais feliz.” brinco com os bom, não passo
amigos e em fome e nem fico
casa eu vivia só.”
só, sou feliz
aqui.”

Idoso 2 “Nada, tudo para “Melhorou “Sinto falta de


mim tá bom.” porque não andar e do meu
estou passando irmão.”
fome, mas
gostaria de
estar na rua
com os
amigos.”
Idoso 3 “Saudades de “Que sou “Da minha casa.”
casa, da roça e solitário de uma
dos vizinhos.” esposa.”

Idoso 4 “Falta de casa, da “Melhorou a “Dos meus filhos”


roça e dos saúde.”
vizinhos.”
Idoso 5 “Não senti nada.” “Muitas coisas, “Da minha santa
pois aqui moro mãe e da minha
com outras irmã.”
pessoas muito
azuadas, não
me sinto bem”
Idoso 6 “Que eu iria ser “Aqui sou muito “De minha casa e
feliz.” infeliz, porque do meu filho em
estou longe da Feira de Santana.”
minha família.
Aqui não é ruim,
31

o problema é
que a comida
não tem sal e
vivo preso.”
Idoso 7 “Vontade de ir “Fiquei pior “De meus filhos e
embora”. porque em casa netos, porque vivia
eu andava e unido. Bom
aqui só vou no filho...minha
banheiro e às vontade é de
vezes na área.” voltar.”
Idoso 8 “Senti emoção “pessoas “Meus filhos, minha
porque acreditava diferentes, esposa, com 35
que iria ficar bom comida sem sal, anos de morta, de
e voltar.” gosto de carne meus familiares”
e aqui é pouca.”
Idoso 9 “Me senti triste, “Cheguei com “Da minha casa.”
porque separei da dificuldade para
família.” andar, aqui
fiquei mais
resfriada, antes
eu ia ao
banheiro,
depois fiquei
com mais
dificuldade para
andar, não
levanto.”
Idoso 10 “Quando cheguei “Muitas coisas, “Da minha família,
logo não tinha porque eu porque todos
alegria, mas morava na roça moravam juntos e
depois com o e eu era feliz, conversavam
passar do tempo tudo diferente, muito.”
estou feliz.” pessoas
diferentes, não
tinha horário
para tudo, de
comer.”
Idoso 11 “Fiquei feliz, “Tudo porque “Dos meus irmãos,
porque vim pela eu não tinha das conversas,
minha vontade.” nem pai, nem conselhos e
mãe e meus brincadeiras.”
parentes não
podiam ficar
comigo. Aqui é
diferente de
tudo, tem
horário para
tudo.”
Idoso 12 “Eu queria vim por “Mudou muito, “Minha mãe, das
livre e espontânea porque aqui eu conversas...Éramos
32

vontade, por isso não posso fazer amigas, nós duas.”


fiquei feliz.” nada. Só
espero pelos
funcionários. As
pessoas aqui
são boas.”
Idoso 13 “Senti muita “As comidas, “Meus sobrinhos,
tristeza. Não não ia na missa, era acostumada a
gostei.” fiquei presa. viver e brincar.”
Não gosto e é
tudo diferente.”
Idoso 14 “Cheguei à “Nada, só fico “Da minha família,
instituição não aqui na cama.” de conversar.”
senti nada.”
Idoso 15 “Vontade de ir “O ambiente, “Saudade dos
embora.” tudo muito meus irmãos.”
longe, banheiro,
não gostei”.
Fonte: Dados da pesquisa, 2015.

É possível notar que, dentre os quinze idosos entrevistados apenas três


disseram sentir coisas boas no momento da mudança para a instituição, no entanto,
dentre eles um afirmou que com o tempo o sentimento de alegria se desfez. Quatro
disseram não ter sentido nada durante o período de ingresso e oito fizeram
afirmações que indicavam a insatisfação diante da mudança.
No que se refere à maneira pela qual os idosos percebem a mudança três
dizem que a vida na ILPI trouxe coisas boas, o primeiro fala das companhias que
ganhou, o segundo da certeza de que terá refeições e o terceiro das melhorias nas
condições de saúde. Os outros doze idosos falam das mudanças como negativas,
as mais citadas são: a distância da família, o fato de não saírem da instituição, a
configuração espacial da ILPI, a comida, a rotina de horários e a percepção da
solidão. Quando citadas elas trazem a conotação de tristeza e/ou infelicidade. Em
um dado momento os idosos foram questionados acerca do que mais sentiam falta,
na tentativa de perceber o que mais parecia repercutir pela ausência na vida destes
idosos dentro da ILPI, e de maneira, praticamente, unânime todos apontaram o
afastamento de familiares como o que mais sentem falta, mas também falaram de
vizinhos e da casa em que moravam. Um dos idosos afirmou não sentir falta de
nada.
Espitia e Martins (2006), elucidaram como as ILPI ainda carregam uma
imagem de ambiente de exclusão social e omissão de vida própria. Scheicher
33

(2010) também reafirma esta imagem da ILPI como lugar de isolamento social,
perda de liberdade, autoestima e identidade, por exemplo. Acrescida a estas visões
Neves (2012), fala ainda do risco existente em privar o idoso residente de atenção
emocional e vínculos afetivos, elementos que os idosos associam, comumente, ao
ambiente familiar. Estas proposições iluminam as repercussões citadas pelos idosos
através de falas que evocam a insatisfação do idoso com a mudança, o sentimento
de afastamento do núcleo social em que vivia, a saudade de casa e da família.
A relação com a família, com os cuidadores, com outros moradores e com as
visitas também foi analisada e om quadro 5 mostra como os idosos se portaram
diante destes temas.

Reconhecendo que a relação interpessoal é fator importante para boa


convivência em idosos que moram em instituições, a relação com os profissionais
cuidadores, outros moradores e com as visitas familiares ou não, também foi
investigado. O quadro 5 demonstra a opinião dos idosos diante deste contexto.

Quadro 5 – Relação dos(as) idosos (as) com os cuidadores, moradores e com


visitante/familiares.

Idosos Idosos/Cuidadores Idosos/ Idosos/visitas.


Moradores.

Idoso 1 “Vivo bem com “Os moradores “Sim, gosto das


eles, são bons, são bons comigo, visitantes
cuidam de mim, meus amigos, sempre.”
levam para o gente boa.”
banho, vestem
minha roupa.”
Idoso 2 “Gosto de quem “O meu problema “Sim, meu irmão
cuida de mim, ando é porque vivo demora, mas
limpo, tomo banho preso. Eu gosto vem. E tem o
na hora certa.” dos moradores, pessoal da
mas pouco comunidade que
converso.” vem mais.”
Idoso 3 “Trato bem, gosto, “Fazer para “Sim, gosto,
todos os filhos de viver.” tenho um irmão e
Deus.” uma cunhada que
vem de vez em
quando e tem os
vizinhos que
vem.”
Idoso 4 “Pessoas boas, “São meus “Sim, sim! Irmãos,
trata muito bem, amigos, nem eu
filhos e irmãos
tenho roupa lavada, perturbo eles,
34

cama limpa e nem eles me sempre.”


banheiro para perturbam.”
tomar banho.”
Idoso 5 “De quem eu “Não gosto dos “Sim, de meu
gostava foi embora, moradores filho, de uma
mas eu vivo bem porque fazem sobrinha, da irmã
com os outros.” muito barulho.” da minha
sobrinha, de
vizinhos e da
comunidade.
Gosto quando
minha irmã vem
que demora de
visitar.”
Idoso 6 “Tem os cuidadores “Não tenho o que “Sim, muito, meu
que trata muito falar dos filho e os
bem, e outros mal- moradores, são visitantes que
humorado.” os meus amigos vem aqui. A
com quem eu me comunidade
divirto.” sempre tá e meus
filhos às vezes.”
Idoso 7 “Me sinto bem, “Gosto das “Sim, gosto, de
porque me trata minhas amigas mulheres e da
bem, não maltrata.” de quarto, só tem família. Sempre
um problema só vem alguém.”
uma conversa.
Acho todos bons.”
Idoso 8 “Não me sinto bem, Não respondeu. Sim, minha ex
gostaria de estar mulher, filhos e
em casa.” vizinhos, sempre
aparece.”
Idoso 9 “Todos bons, fico “A melhor que “Sim, gosto das
calada.” tem aqui sou eu o amigas e da
resto tem família, sempre
problema de vem.”
cabeça.”
Idoso 10 “Eles me tratam “Gosto de todos, “Sim, sim.
muito bem.” é gente fina.” Qualquer pessoa
que chegar eu me
sinto muito bem,
o bom é ser
visitada. Mas vem
minha irmã e
sobrinha.”
Idoso 11 “Eu me relaciono “Não ando, mas “Sim, gosto. Meus
bem, gosto de eu me cuido. irmãos,
todos, preciso de Umas abusadas sobrinhos, primos
todos.” falam muito, e as pessoas que
gritam e não é visitam o abrigo
bom.” sempre.”
35

Idoso 12 “Me relaciono muito “Com os “Sim, sim. Da


bem.” moradores minha filha, que
também gosto de não vem muito,
todos, são bons.” demora... e do
pessoa que
sempre aparece
aqui.”
Idoso 13 “Me relaciono bem, “Gosto só de uma “Sim, gosto muito.
porque tenho que moradora.” Irmã que pouco
me acostumar.” vem, irmã de
igreja, sobrinhos
e vizinha.”
Idoso 14 “Bem, porque eles “Tudo abusado, “Sim, sobrinho, às
cuidam de mim, me tudo chato.” vezes..”
dá comida, troca
minha fralda, os
moradores?”
Idoso 15 “Eles cuidam bem “Cheguei tem “Sim, meus
de mim, pouco pouco tempo.” irmãos, eles
converso.” pouco aparecem.”
Fonte: Dados da pesquisa, 2015.

Doze dos entrevistados afirmaram ter boa relação com os cuidadores, serem
tratados bem, e reconheceram neles uma fonte de cuidado. Dois não veem nos
cuidadores uma fonte de inquietação, e ou, incômodo e um deles afirma não se
sentir bem pelo simples fato de que preferia estar em casa. No que diz respeito a
relação com os colegas, apenas quatro dizem não se dar bem com os colegas, um
dos Idosos afirma que só gosta de uma moradora e os outros dez dizem se
relacionar bem com os companheiros, mesmo que isso não signifique que haja
muita interação entre eles.
Miguel et al., (2007), visualizam no tratamento infantilizado e paternalista da
equipe de cuidadores como possibilidades de desenvolvimento de sentimentos de
dependência nos idosos. No caso do Lar dos Idosos de Cruz das Almas o cuidado
da equipe e o comportamento enquanto ajudantes dos idosos na realização das
atividades básicas - como relatado nas entrevistas pelos idosos, exceto no caso dos
acamados - parece ser preponderante para reduzir as possíveis repercussões que a
total dependência poderia ocasionar.
A coluna quatro do quadro 5 apresentam a maneira como as visitas
influenciam na vida dos moradores. É possível concluir que todos se sentem melhor
quando recebem visitas. Sobre a família sete deles tem contato frequente através
36

das visitas, enquanto oito tem contato de maneira casual. A comunidade, de maneira
geral é quem mais visita os moradores.
A ausência de visitas regulares de muitos familiares é relatada em tom
queixoso ou triste pelos idosos. Amado (2012) mostra como o convívio familiar é
importante para o idoso, que segundo Espitia e Martins (2006) tem nesta fase da
vida os sentimentos aflorados e a intensificação de carência por afeto e amor
oriundos, majoritariamente, do núcleo familiar.
O quadro 6 agrupa os sentidos atribuídos pelos idosos à rotina da instituição e
as atividades de lazer, sendo estas, jogos e recreações promovidas pela instituição.

Quadro 6 – Relação dos idosos entrevistados com rotina da ILPI e com atividades
de lazer.

Idosos Rotina. Lazer

Idoso 1 “Acordo tomo banho, café, brinco “Brinco converso e


de dominó, almoço, durmo bem, participo das
mais de oito horas. Tem horário brincadeiras, quando
para tudo e eu tenho ajuda dos tem fico olhando, pois
cuidadores para tudo.” não ando.”

Idoso 2 “Normal, levanto, tomo banho, “Brinco de dominó,


café, durmo bem, 10 horas, como converso com os
bem sim, escovo meus dentes e moradores e as
tomo banho sem ajuda dos atividades quando tem
funcionários, fico feliz com os participo.”
funcionários.”
Idoso 3 “Sim, durmo 9 horas por noite, “Fico na área batendo
bem pouco. Sim, 8horas, 10 papo, jogo dominó e
horas, 12 horas, 15 horas e 18 assisto televisão. Às
horas, são os horários de comer. vezes vem pessoas me
Sim, eu faço minha higiene só, visitar, cantar.”
porque sou lúcido e ando só.”
Idoso 4 “Levanto, banho, café, dominó, “Fumo meu cigarro,
converso, durmo tranquilo 6 converso e brinco de
horas me deito e acordo as 6 dominó, quando tem
horas da manhã. Como bem, nas atividade eu gosto de
horas certas, existe horário para participar..”
as refeições. Sim, bom, faço
minha higiene sozinho.”
Idoso 5 “Só fico sentado olhando o tempo “Nada, quando tem
passar, durmo 11 horas por atividade, brincadeiras
noite, gosto de comer, a comida as vezes eu participo..”
é boa, escovo meus dentes
37

sozinho e no banho eles me


ajudam, não tenho muito
equilíbrio sozinho.”
Idoso 6 “Fico sentado jogando dominó “Brinco de dominó,
porque eu não saio daqui, durmo escuto rádio e converso
bem 11 horas, mesmo com os moradores. Sim,
alimentação sem sal eu como quando tem..”
bem, existe horários e tem que
comer na hora certa. Gosto sim,
faço com a ajuda dos
funcionários, não ando só.”
Idoso 7 “Durmo bem quando minha “Converso com os
vizinha de quarto está bem, moradores e com os
durmo 18:30 e acordo 5: 20 da visitantes. Quando tenho
manhã, tenho apetite, me vontade eu vou..”
alimento bem, tenho que comer
na hora certa. Sim. Higiene faço
só sem ajuda, porque ando.”
Idoso 8 “Todos os dias as mesmas “Converso na área,
coisas, banho, café, sentar na dominó, televisão, não
área para conversar, durmo bem porque tenho dificuldade
12 horas por dia, como bem. de andar..”
Sim. Não, tudo muito cedo.
Tenho ajuda por causa do
derrame. Sim porque gosto de
banho cedo.”
Idoso 9 “Sempre na cama. Durmo 2 “Ouvir rádio para passar
horas, tenho apetite, sigo os o tempo. Quando
horários de comer. Sim. Com a enxergava eu ia para as
ajuda, não caminho só. Sim.” brincadeiras, agora não
gosto não.”
Idoso 10 “Pela manhã acordo, escovo “Converso com todos,
meus dentes, tomo café, tomo canto, assisto palestra,
banho, vou dar uma andada de quando tem...Quando
andador, conversar com os tem participo das
moradores e tomo medicação atividades.”
para dormir. Durmo 19 horas e
acordo as 6 horas. Como bem,
cumpro os horários, faço minha
higiene só, tomo banho só. Sim..”

Idoso 11 “Fico mais aqui na cama, pois “Fico aqui mesmo, não
dependo dos outros para me tenho vontade, não
locomover, dificulta... Durmo bem enxergo, não participo
19 horas e as 6 horas eu acordo. de nada.”
Quando a comida é boa como
mais. Sim. Escovo os dentes só,
banho tomo só. Dependo de uma
cuidadora para me colocar no
banheiro, o resto me viro só.
38

Estou satisfeita sim.”


Idoso 12 “Fico no quarto ouvindo som, leio “Fico no quarto, não
a bíblia. Durmo bem umas 19 tenho alegria, pois não
horas e acordo cedo...fico lendo ando, não gosto.”
a bíblia. Pouco, pois não gosto
muito de comer. Sim, gosto sim.
Eu cuido de mim, escovo os
dentes, tomo banho com ajuda
dos funcionários. Sim, gosto.”
Idoso 13 “Fico no quarto conversando e “Converso e brinco com
recebendo as visitas, não durmo a boneca. Só jogo para
quase nada. Depende do dia, os homens, e quando
quando os outros moradores vem o pessoal fazer
estão tranquilos, durmo mais ou brincadeira que eu
menos 4 horas, quando acordo participo.”
todo mundo tá dormindo. Não
gosto de comer, a comida é ruim.
Sim. Vou só, cuida da higiene e
banho só. Não.”
Idoso 14 “Fico aqui na cama, durmo bem. “Fico aqui deitada, não
Não sei porque não tenho sei. Não.”
relógio. Como quando quero e
tenho vontade. As pessoas que
cuidam de mim são boas. Para
mim tudo tá bom.”
Idoso 15 “Fico no quarto ouvindo som, leio “Fico no quarto, não
a bíblia. Durmo bem umas 19 tenho alegria, pois não
horas e acordo cedo...fico lendo ando não gosto.”
a bíblia. Pouco, pois não gosto
muito de comer. Sim, gosto sim.
Eu cuido de mim, escovo os
dentes, tomo banho com ajuda
dos funcionários. Sim, gosto.”
Fonte: Dados da pesquisa, 2015.

Quando questionados sobre as atividades diárias, praticamente todos os


idosos mostraram compreender bem a existência de uma rotina com horários pré-
estabelecidos para comer, cuidar da higiene pessoal, se distrair e receber visitas
Apenas dois deles formalizaram o fato de não gostar dos horários. No que se refere
às atividades de lazer percebe-se na fala dos idosos que as opções são limitadas e
para alguns certo sentimento de desmotivação e conformismo com a situação.
Murakami (2010 apud ARAUJO et al., 2014), caracteriza a rotina monótona e
diz ser consequência séria do processo de institucionalização capaz até, de levar o
idoso a perda de autoestima, já Mansano-Schlosser et al., (2010), argumentam que
a dureza de rotinas pode limitar a liberdade do idoso na ILPI, contudo, a maneira
39

como os idosos desta instituição percebem a rotina não parece, neste caso, ratificar
esta opinião, talvez este fato possa se justificar na relativa independência que os
idosos apresentam na realização de atividades, com exceção dos que não
caminham e na presença de muitos eventos comemorativos.Murakami (2010 apud
ARAUJO et al., 2014) caracteriza a rotina como monótona e diz ser essa uma
consequência séria do processo de institucionalização capaz até, de levar o idoso a
perda de autoestima, já Mansano-Schlosser et al., (2010) argumentam que a dureza
de rotinas pode limitar a liberdade do idoso na ILPI, contudo, a maneira como os
idosos desta instituição percebem a rotina não parece, neste caso, ratificar esta
opinião. Talvez este fato possa se justificar na relativa independência que os idosos
apresentam na realização de atividades, com exceção dos que não caminham, e na
presença de muitos eventos comemorativos.
O quadro 7 é fundamental para que possamos, enfim, pensar sobre a vida na
ILPI e suas repercussões a partir da perspectiva dos idosos, onde traz a opinião dos
mesmos quanto questionamento em relação aos sentimentos por estarem
institucionalizados, o desejo de saírem da instituição e o maior desejo neste
momento da vida.

Quadro 7 – Avaliação dos idosos entrevistados acerca vida e da moradia na ILPI.

Idosos Avaliação da Manifestação de Maior desejo


moradia e das desejo de saída nesta etapa da
ações que os da instituição. vida.
deixam felizes e
tristes.

Idoso 1 “Bem, sou feliz “Não, daqui para “Nenhum”


que quando estou
o cemitério.”
com dor tem
quem socorra.
Quando não tem
visita que fico
mais triste.”
Idoso 2 “Me sinto bem e “Sim, para minha “viver solto
não tenho o que casa viver com porque aqui estou
falar, mas quero ir minha mãe.” preso.”
embora. Viver
comer e não estar
doente. Quando
não tem com
quem conversar.”
40

Idoso 3 “Me sinto preso. “Sim, em minha “Ir embora porque


Amar a Deus, casa.” tenho minha
reunião de casa, comer o
pessoas para que quero e na
falar de Deus. hora que quero.”
Estar aqui.”
Idoso 4 “Só é ruim a “Não, aqui tá “Saúde, para
prisão, mas tenho bom, estou velho termos tudo nas
tudo na hora e não posso mais mãos.”
certa. Porque trabalhar.”
estou com minha
saúde, só isso
vivo alegre. A
tristeza é que fico
preso.”
Idoso 5 “Bem. Quando “Sim, queria uma “Me leva com
meu filho não casa para morar, você? Não quero
demora de me porque vendi a mais ficar aqui.”
visitar. E fico minha para vim
triste quando ele para aqui.”
demora..”
Idoso 6 “Me sinto um dia “Gostaria de ir “De ir embora e
bem, outro triste, morar com meu nem olhar para
outro alegre e vou filho, seria muito trás.”
levando. Quando feliz.”
recebo a visita de
meu filho e
brincadeiras.
Quando o povo
esquece de me
visitar, e demora.”
Idoso 7 “Me sinto bem. “Queria voltar “Da minha filha
Quando vejo para minha chegar e me
minha filha. E família, minha levar, nunca mais
quando não casa, sinto falta volto.”
consigo ver das minhas
minha filha me coisas.”
sinto sozinha,
infeliz.”
Idoso 8 “Não me sinto “Sim, não gosto “Ficar bom e
bem, gostaria de daqui.” poder voltar para
estar em casa. As casa, pescar...
visitas, meus Aqui me sinto
filhos que demora preso.”
de me ver.”
Idoso 9 “Eu me sinto bem “Gostaria, mas “Minha visão.”
ou mal, tenho que não tenho como
ficar aqui. As ir.”
visitas. Por não
enxergar.”
41

Idoso 10 “Não acho muito “Não, porque “Uma foto da


ruim, porque vem todos da minha minha família.”
muita gente. família já morreu
Quando recebo e ai não tenho
visita de muita para onde ir.”
gente. Quando
não converso
com ninguém.”
Idoso 11 “Me sinto bem, “Não, porque aqui “Que Deus me
não posso mudar não atrapalho a ajude, que no
a minha vida. vida de ninguém.” natal eu esteja
Quando a família vida. Adoro o
vem me visitar. natal”
Com o abuso do
povo que não tem
juízo.”
Idoso 12 “Me sinto bem, “Não, porque pedi “Morrer é o meu
escolha minha. a Deus para me
maior desejo.”
Quando recebo a dar um lugar e
visita dos meus ficar, e Deus me
parentes. A deu aqui.”
solidão.”
Idoso13 “Bem porque não “Tenho, e tenho “Se eu achasse
posso sair e nem fé em Jesus que um filho de Jesus
faço nada. não ei de morar que me tirasse
Quando as aqui.” daqui seria muito
companheiras feliz.”
vem conversar.
Quando elas vão
embora.”
Idoso 14 “Tudo bom...Tudo “Pra onde? Ficar “Sair daqui”
bem...” aqui mesmo...”
Idoso 15 “Normal. Alegre “Sim, voltar para “Uma cadeira
com visitas. Por casa.” motorizada para
não ter uma rodar.”
namorada.”
Fonte: Dados da pesquisa, 2015.

Oitos dos idosos perguntados sobre como se sentiam afirmaram que se


sentiam bem ou felizes, dois diziam que se a maneira como se sentiam variava entre
boa e ruim. Um afirmou se sentir normal, outro disse apenas que não achava ruim e
apenas três reclamaram formalmente, dois destes porque se sentem presos.
Quando foram questionados sobre o que os deixava feliz e o que os deixava tristes
doze idosos apontaram como fatores que os deixam bem ou alegres o recebimento
de visitas - destes noves apontaram, especificamente, a participação de visitas de
42

entes da família -, três associaram a felicidade a questões de saúde, dois de


maneira direta e um por ter cuidadores por perto quando sente dor.
Dos quinze idosos nove apontam para a falta de visitas, e na maioria das
vezes a falta da visita de familiares, como fator que os deixam se sentindo mal, dos
outros seis idosos os motivos apontados foram: o fato de estar na ILPI, não poder
sair da instituição, o abuso dos companheiros, considerados pelo idoso que apontou
tal motivo sem juízo, e ausência de uma namorada.
Quando a possibilidade de saída da ILPI foi assumida como tema nas
entrevistas apenas seis idosos disseram que não gostariam de sair da instituição, os
argumentos para esta escolha estavam em boa medida ligados a falta de lugar para
onde ir e de possibilidades de se manter/cuidar de si.
No momento em que se buscou perceber os desejos para o futuro dos idosos
oito deles ratificaram o que haviam falado na temática anterior e desejaram sair da
ILPI. Dos outros sete idosos um disse não ter nenhum desejo, e os outros seis
afirmaram que desejavam: saúde, voltar a enxergar, uma foto da família, estar vivo
no natal, morrer e ter uma cadeira de rodas motorizada.
Estes dados concordam, em larga medida, com o que Amado (2012), Carmo
et al., (2012), Espitia e Martins (2006), Freitas e Scheicher (2010), Miguel et al.,
(2007) e Neves (2012) afirmavam sobre as repercussões da institucionalização na
pessoa idosa. Isso no sentido que, o afastamento da família - primeiro pela saída do
ambiente familiar, e depois pela ausência de visitas - a visão da instituição como
lugar que promove o isolamento social da vida fora da instituição são vistos pelos
idosos como repercussões negativas. Para tais autores estas repercussões podem
desencadear em agravamento de uma fragilidade emocional (vivenciada por alguns
idosos durante o envelhecimento), medo de serem esquecidos, rejeitados pela
família e pelo núcleo social, tudo isso vinculado a falta de perspectiva de viver fora
da instituição. Neste sentido a mudança para o Lar dos Idosos no caso dos
residentes entrevistados parece marcar um processo de ruptura e de afastamento
do sentimento de pertencimento a um núcleo social.
43

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos resultados evidenciados verificou-se que maioria dos idosos


residentes entrevistados aponta um ou mais fatores inerente à vida na ILPI como
repercussão negativa da institucionalização. Sendo que os fatores que aparecem
como de maior incômodo são o afastamento dos atores sociais com os quais
conviviam antes da mudança, principalmente, dos parentes, e ausência de visitas,
seguidos de queixas menos relevantes sobre a alimentação os colegas e as rotinas
da Instituição. .
Alguns pontos levantados pelos autores citados durante a revisão bibliográfica
foram ratificados a partir dos dados das entrevistas, tais como, interpretação da ILPI
como afastamento da vida social e sentimentos ligados ao medo e a falta do
convívio familiar. Outros pontos, no entanto, não foram reafirmados nesta pesquisa,
não porque não apareceram, mas porque a eles não foram atribuídos sentidos
negativos relevantes. Dentre estes pontos encontram-se a relação com os
cuidadores - já que sempre quando questionados sobre este relacionamento os
idosos diziam gostar dos cuidadores, ou não ter problemas de relacionamentos com
eles - e com a rotina da instituição. Uma repercussão negativa não muito
mencionada na literatura e que emergiu na fala dos entrevistados foi a insatisfação
com a estrutura física da instituição, o que segundo os idosos interferia no
atendimento de suas necessidades básicas quando se referia a distância do
banheiro e a vivência no ambiente do quarto. Verifica-se deste modo a importância
do ambiente institucional favorecer o bem estar pensado também o descolamento
espacial dos idosos dentro da ILPI.
De modo geral, a recomendação presente no Estatuto do Idoso, e já citada
neste trabalho a partir das argumentações de Amado (2012), de que os idosos só
devem ser direcionados para uma ILPI em caso de ausência de família pareceu
fazer bastante sentido quando lida à luz dos trechos das entrevistas aqui citadas.
Considerando os resultados se mostrou de total relevância a problematização
da condição do idoso em um contexto de envelhecimento populacional que solicita
politicas públicas próprias para atender a esta população e, principalmente, a
inserção e vivência do idoso em redes de amparo social construídas por laços
familiares capazes de dar total suporte neste momento de vulnerabilidade social.
44

As Instituições de Longa Permanência devem funcionar como uma opção


para idosos em situações de risco e de ausência de rede de apoio familiar. Isso
porque como percebido ao longo das entrevistas os idosos que chegaram na ILPI
por designação judicial, na tentativa de corrigir situações de abandono ou de maus
tratos, foram os que mais analisavam e avaliavam positivamente temáticas como
cuidado e rotinas. No entanto, perante as queixas gerais é claro e notório a
importância das ILPI se prepararem cada vez mais para atender os idosos,
pensando - os de forma integral, valorizando seus aspectos emocionais, sociais,
econômicos, políticos e culturais. Enfim, há muito a avançar socialmente para
amparar “os jovens do passado”.
Dessa forma, verifica-se que apesar da institucionalização em determinadas
situações representar a melhor opção para o idoso, essa requer adequações na
estrutura organizacional que propicie maior interação do idoso com sua rede social
no sentido de reduzir o sentimento de isolamento. Para isso é necessário que haja
sensibilização das instituições privadas ou públicas para que implementem o que a
legislação recomenda quanto manter a integração do idoso com o meio social e
especificamente familiar
45

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49

APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

Eu, __________________________________________________ estou sendo convidada


(o) a participar de um estudo denominado, Institucionalização da pessoa idosa: olhares
para as repercussões emocionais, que tem como objetivo: Conhecer as consequências
decorrentes da vivência institucional dos idosos em uma ILPI localizada no município de
Cruz das Almas-Ba. Para isso responderei as questões colocadas pela pesquisadora a partir
de uma entrevista. Fui esclarecida (o) que desta pesquisa a ser realizada posso obter
alguns benefícios indiretos, tais como, maior embasamento quanto à temática abordada,
além de contribuir para o desenvolvimento científico. Por outro lado, recebo os
esclarecimentos necessários sobre a inexistência de riscos diretos ou indiretos decorrentes
do estudo de que a privacidade dos participantes da pesquisa será respeitada, ou seja,
mantido em sigilo os nomes das pessoas envolvidas na pesquisa ou qualquer outro dado ou
elemento que possa, de qualquer forma lhe identificar. Também fui informada (o) que posso
recusar a participar do estudo, ou retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que
precise justificar, o porquê desejo desistir da pesquisa, sem que isso implique qualquer
prejuízo. É assegurada a assistência no decorrer de toda pesquisa, além disso, é garantido
o livre acesso a todas as informações e esclarecimentos adicionais sobre o estudo e suas
consequências, enfim, tudo o que eu queira saber antes, durante e depois da minha
participação. Enfim, tendo sido orientado quanto ao teor de todo o aqui mencionado e
compreendido a natureza e o objetivo do já referido estudo, manifesto meu livre
consentimento em participar, estando totalmente ciente de que não há nenhum valor
econômico, a receber ou a pagar, por minha participação. Portanto fui informado de que a
participação nesta pesquisa não me trará qualquer tipo de despesa. Dessa forma, caso
ocorra algum dano decorrente da minha participação no estudo, serei devidamente
indenizado, conforme determina a lei.

Governador Mangabeira, ___/___/___

Sujeito da pesquisa Pesquisadora/Naildes Almeida


(75) 81459212
____________________________________
Orientadora responsável

APÊNDICE B - ROTEIRO DE ENTREVISTA


50

Dados Pessoais: (Nome, Idade, Sexo, Profissão/ocupação anterior, aposentadoria,


Tempo de moradia na ILPI, problemas de saúde)

Presença de familiares, Grau de parentesco, Quantidade, outras referências.

1. Onde residia antes de vir morar na ILPI? Quando foi a sua chegada à
instituição, e o que sentiu na sua chegada?
2. O que mudou para o senhor (a) depois de vir morar aqui?
3. De quem/do que mais sente saudades?
4. Como se relaciona com os cuidadores, e com os outros moradores do lar o
que o senhor (a) acha deles?
5. O (A) senhor (a) recebe visitas? Gosta de receber visitas? Se sim, de quem?
Qual a periodicidade?
6. Como é sua rotina no dia na instituição: sono (dorme bem, quantas horas por
noite) alimentação (tem apetite, existe programação dos horários para
alimentação, está satisfeito com o horários) cuidados de higiene (faz sozinho,
tem ajuda (porque ), depende dos profissionais, está satisfeito com os
horários)
7. O que o senhor (a) faz para passar o tempo? O que a instituição oferece?
Participa de todas as atividades?
8. Como o senhor se sente em morar em uma instituição? Quais acontecimentos
lhe deixaram/lhe deixam felizes? E quais lhe deixam/lhe deixaram mais tristes
aqui no Lar?
9. Gostaria de ir morar em outro lugar?

10.Qual o seu maior desejo no momento?


51

APÊNDICE C - TERMO DE COMPROMISSO ÉTICO DO PESQUISADOR

Em face da possibilidade de recolher a assinatura do sujeito do Termo de


Consentimento Livre Esclarecido, do estudo intitulado: Institucionalização da pessoa
idosa: olhares para as repercussões emocionais, e por se tratar da coleta de dados
primário firmo através deste documento, o compromisso ético, de acordo com a
Resolução nº196/96, do Conselho Nacional de Saúde, que versa sobre a pesquisa
envolvendo seres humanos, de resguardar o sigilo e a reprodução fiel das
informações obtidas, o anonimato dos sujeitos envolvidos, bem como garantir a
utilização dos dados exclusivos para fins científicos.

Governador Mangabeira, ___/___/___

____________________________________
Docente/Orientador
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ANEXO A - TERMO DE AUTORIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO CO PARTICIPANTE

(Lar dos Idosos de Cruz das Almas-Ba)

Eu,......................................................................................................., presidente do
Lar dos Idosos de Cruz das Almas-Ba estou ciente e autorizo a pesquisadora
Naildes Conceição Almeida a desenvolver nesta instituição o projeto de pesquisa
intitulado: “Institucionalização da pessoa idosa: olhares para as repercussões
emocionais”. Declaro conhecer as normas e resoluções que norteiam a pesquisa
envolvendo seres humanos, em especial a Resolução nº466/12 de 12 de dezembro
de 2012 do Conselho Nacional de Saúde, que trata da pesquisa envolvendo seres
humanos e estar ciente das co - responsabilidades como instituição coparticipante
do presente projeto de pesquisa, bem como do compromisso, da segurança e bem-
estar dos sujeitos de pesquisa recrutados, dispondo de infraestrutura necessária
para a garantia de tal segurança e bem estar.

Governador Mangabeira, ___/___/___

____________________________________

Assinatura e carimbo do responsável institucional


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ANEXO B - PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP


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