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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Instituto de Geociências (IG)


Departamento de Geografia (DGEO)

PROCESSOS ADIABÁTICOS,
GRADIENTES DA ATMOSFERA,
ESTABILIDADE E INSTABILIDADE
Profª Drª Aline Pascoalino
alinepascoalino@yahoo.com.br
CONDIÇÕES DA PARCELA DE AR

Parcela é o termo que os A temperatura


meteorologistas usam para descrever do volume de
um corpo de ar que tem características ar determina a
específicas de temperatura e umidade
densidade da
parcela de ar

AR QUENTE AR FRIO
produz uma produz uma
densidade menor densidade maior
em um dado em um dado
volume volume
CONDIÇÕES DA PARCELA DE AR

As forças que
agem sobre uma
parcela de ar
Força de empuxo

Diferentes densidades
Parcela produzem parcelas
de ar ascendentes ou
descendentes

Força gravitacional
UMA INDICAÇÃO
DAS CONDIÇÕES
METEOROLÓGICAS
É A ESTABILIDADE
RELATIVA DAS
PARCELAS DE AR
NA ATMOSFERA
CONDIÇÕES DA PARCELA DE AR

ESTÁVEL se resistir
ESTABILIDADE → refere-se à tendência ao deslocamento
de uma parcela de ar, com sua carga de pra cima ou,
vapor d’água, permanecer no mesmo quando
lugar ou mudar de posição vertical perturbada,
subindo ou descendo tender a retornar
ao seu local de
origem

INSTÁVEL quando sobe até


alcançar uma altitude onde o ar
circundante tem densidade e
temperatura semelhantes à sua
O GRAU DE ESTABILIDADE OU INSTABILIDADE

Mede-se duas temperaturas: a


temperatura dentro da parcela de ar
e a temperatura no ar circundante à
parcela ou coluna
O contraste entre essas duas
temperaturas determina a estabilidade

Essas medições de temperatura são


feitas diariamente por radiossondas,
transportadas por balões com hélio
GRADIENTES TÉRMICOS DA
ATMOSFERA

O gradiente Gradientes
ambiental médio ou adiabáticos seco e
gradiente térmico saturado → se
vertical da atmosfera aplicam a parcelas de
que é a redução real ar ascendentes que
na temperatura com se deslocam por seu
a altitude ambiente
ALGUMAS DEFINIÇÕES

Significa que ocorre


com troca de calor

Significa que ocorre sem perda


ou ganho de calor entre o ar
circundante e a parcela de ar que
se move verticalmente

Adiabático descreve as taxas de


aquecimento e resfriamento para uma
parcela de ar em expansão ou compressão
O QUE SÃO MUDANÇAS ADIABÁTICAS NA TEMPERATURA

toda mudança
No na temperatura
Quando uma
resfriamento, sem subtração
parcela de ar
aumenta o ou adição de
se desloca
volume e há calor é
para um
transformação denominada
ambiente de
menor de energia, ADIABÁTICA
pressão (sem reduzindo o
troca de calor calor
com o ar disponível por Deslocamentos
circundante) unidade de verticais do ar são a
seu volume volume e, principal causa das
aumenta assim, a mudanças adiabáticas
temperatura na temperatura
diminui
RESFRIAMENTO POR EXPANSÃO ADIABÁTICA
✓o movimento vertical do ar em grandes
parcelas (as térmicas) é fundamental para
formação de nuvens;

✓ há alterações na densidade do ar que


resultam em mudanças na temperatura
sem perda ou ganho de energia com o ar
adjacente;

✓ à medida que o ar sobe, encontra


níveis com menor pressão atmosférica e
ele se expande → ao expandir a
temperatura diminui, pois a mesma
quantidade de calor se distribui em um
volume maior de ar.
RESFRIAMENTO POR EXPANSÃO ADIABÁTICA

Diminuição da
temperatura
Perto da superfície as
mudanças costumam
ser não adiabáticas →
troca por contato

Altitude
Aumento do
Quando a parcela de ar volume de ar
se desloca
verticalmente há trocas
adiabáticas → ar
péssimo condutor Queda na
pressão
(e densidade)
AQUECIMENTO POR EXPANSÃO ADIABÁTICA

Quando o ar
descende no processo
de subsidência

TEMPERATURA (GAS)
Aumenta a
densidade do ar,
com contato e
choque entre
moléculas

O ar do entorno não
oferece energia para a A
coluna temperatura
se eleva
RESFRIAMENTO E AQUECIMENTO POR EXPANSÃO
ADIABÁTICA
PROCESSOS
ADIABÁTICOS E OS
GRADIENTES DA
ATMOSFERA
MUDANÇAS ADIABÁTICAS NA TEMPERATURA

GRADIENTE GRADIENTE
ADIABÁTICO SECO ADIABÁTICO ÚMIDO
(GAS) (GAU)
ocorre quando o (ou saturado) o
movimento ascendente resfriamento
do ar se dá sem a prolongado do ar gera
condensação→ condensação → com
aproximadamente isso há liberação de
10°C/km até ocorrer a calor latente para
condensação compensar a queda da
temperatura → o ar
saturado resfriará a
uma taxa mais lenta
MUDANÇAS ADIABÁTICAS NA TEMPERATURA
GRADIENTE
GRADIENTE ADIABÁTICO ÚMIDO
ADIABÁTICO SECO (GAU)
(GAS)

✓ varia com a
✓é constante temperatura e com
✓refere-se ao ar a umidade
que é menos do ✓aumenta
que saturado conforme a queda
(UR <100%) da temperatura
MUDANÇAS ADIABÁTICAS NA TEMPERATURA

À medida que a temperatura de uma coluna de ar em


ascensão se resfria adiabaticamente há aumento da
umidade relativa e a temperatura do ponto de orvalho
decresce

Quando alcança-se a temperatura do ponto de orvalho


pela temperatura do ar ascendente há condensação do
vapor e formação de nuvens

A liberação do calor latente reduz a taxa de


resfriamento (valor médio de referência 6°C –
gradiente adiabático úmido ou saturado)
ESQUEMA DOS GRADIENTES TÉRMICOS

TPO
Altura

Temperatura
O ar ascendente
Há diminuição
resfria-se à
normal da
10°C/km (taxa
temperatura do
adiabática seca).
ar conforme a
Acima do nível de
altura –
condensação, o ar
gradiente
continua a subir e
ambiental
se resfriar com
6,5°C/km.
uma taxa reduzida
a 6°C/km (taxa
adiabática
saturada)
ESTABILIDADE E INSTABILIDADE DO AR E OS GRADIENTES DA
ATMOSFERA

CONDIÇÕES ATMOSFÉRICAS

Quando as condições Quando as


atmosféricas favorecem condições
os movimentos atmosféricas
ascendentes e a formação estão
de nuvens desfavoráveis
à formação
de nuvens
EXEMPLOS

Se o ar ambiente tiver uma taxa de variação vertical da


temperatura com a altitude menor que a taxa adiabática
seca a atmosfera será estável, pois a bolha ao subir vai
apresentar temperaturas mais baixas que o ar
circundante

Se o ar ambiente tiver uma taxa de variação vertical da


temperatura com a altitude maior que a taxa adiabática
seca a atmosfera será instável, pois a bolha ao subir vai
apresentar temperaturas mais elevadas que o ar
circundante; sua tendência é continuar subindo
GRADIENTE ADIABÁTICO SECO (GAS)

✓ É a razão na qual o ar “seco” resfria por


expansão (subindo) ou aquece por
compressão (descendo)

✓ “Seco” → refere-se ao ar que é menos do


que saturado (umidade relativa é menor que
100%)

✓ GAS médio é de 10°/1000 m


GRADIENTE ADIABÁTICO SECO (GAS)
Exercício

Considere uma parcela de ar não saturado na superfície com temperatura de


27°C. Ela sobe, expande-se e resfria adiabaticamente no GAS, à medida que
sobe para 2500 m.

O que acontece com a temperatura da parcela?

Calcule a mudança de temperatura na parcela usando a razão adiabática seca.


INSTRUÇÕES

a) Divide-se a taxa do GAS por mil metros (1000m)


b) Multiplica-se o resultado pela altura final do movimento de ascenção
c) Subtrai-se o valor do resfriamento adiabático da temperatura inicial

(10°C/1000m) X 2500 m = 25°C do resfriamento total

27°C – 25°C = 2°C


GRADIENTE ADIABÁTICO SECO (GAS)
Exercício

Considere que uma parcela de ar não saturado com temperatura de -20°C a


3000 m descende para a superfície, aquecendo adiabaticamente. Usando o
GAU, determine a temperatura da parcela de ar quando ela chega à superfície.

INSTRUÇÕES

a) Divide-se a taxa do GAS por mil metros (1000m)


b) Multiplica-se o resultado pela altura inicial do movimento
c) Adiciona-se o valor do aquecimento total à temperatura inicial do
movimento

(10°C/1000m) X 2000 m = 30°C do aquecimento total

30°C +(– 20°C) = 10°C


GRADIENTE ADIABÁTICO ÚMIDO (GAU)

✓ É a razão na qual uma parcela de ar ascendente que é


úmida ou saturada, resfria por expansão.

✓ O GAU médio é de 6°C/1000 m (aproximadamente 4°C


a menos que o GAS)

✓ A partir dessa média o GAU varia de acordo com a


umidade e temperatura

✓ O GAU é menor do que o GAS devido ao calor latente


de condensação (quando há condensação este é liberado,
torna-se calor sensível e diminui o gradiente adiabático.
CONDIÇÕES ATMOSFÉRICAS ESTÁVEIS E INSTÁVEIS

✓ A relação entre os três gradientes determina a


estabilidade da atmosfera sobre uma área

✓ as relações de temperatura produzem três condições:


instável, condicionalmente instável e estável

✓ quando a parcela de ar é mais quente que o ambiente


circundante ela é instável

✓ quando o gradiente ambiental é de apenas 5°C, menor


do que o GAS e o GAU, a parcela de ar relativamente mais
fria é estável
CONDIÇÕES
ATMOSFÉRICAS DE
ESTABILIDADE
CONDIÇÕES
ATMOSFÉRICAS DE
INSTABILIDADE
INVERSÃO TÉRMICA

✓ em condições normais nas camadas inferiores da troposfera


o ar se resfria de baixo para cima a 0,6°C/100 m ou 6,5°C/km;

✓ esse resfriamento varia dependendo da umidade relativa


do ar;

✓ na INVERSÃO TÉRMICA há situação oposta: a camada de ar


mais fria situa-se sob a mais quente ou seja, é a mais próxima
do solo;

✓ na atmosfera com inversão o ar é estável, não forma


movimentos convectivos.
INVERSÃO TÉRMICA

É uma situação transitória que pode ter como causas:

- super-resfriamento de superfície (inversão por


radiação);

- núcleo de anticiclone (inversão por corrente


descendente);

- entrada de uma frente fria (inversão frontal).


Sem inversão Com inversão
térmica térmica

AR MAIS FRIO AR FRIO

AR FRIO AR QUENTE

AR QUENTE AR FRIO
SOLO SOLO
Situação de inversão térmica

Fonte: tempoagora.com.br
As inversões podem ser:

➢ de superfície
➢ de altitude

- Inversão de superfície por radiação

- Inversão de superfície por advecção Superfície

- Inversão de fundo de vale

- Inversão de subsidência
Altitude
- Inversão frontal
Inversão por radiação

✓ ocorre pelo rápido resfriamento radiativo da


superfície terrestre durante a noite, principalmente
com ventos fracos e sem nuvens – no inverno com céu
claro;

✓ a superfície perde energia por radiação IV;

✓ há resfriamento próximo à superfície e o ar acima se


mantém mais aquecido;

✓ pode ocorrer nevoeiro de radiação se o ar tiver


umidade suficiente ou se tiver baixa umidade pode ter
formação de geada.
Inversão térmica por radiação

Fonte: Petersen, Sack e Gabler (2014)


Inversão de superfície por advecção

✓ ocorre em noites claras de inverno;

✓ há o transporte horizontal de ar quente sobre uma


superfície fria;

✓ por contato, há resfriamento do ar pela base;

✓ pode gerar nevoeiro de advecção.


Inversão de fundo de vale

✓ ocorre devido a interação da atmosfera com as


feições morfológicas;

✓ o ar frio desce do topo das vertentes em direção ao


fundo do vale durante a noite;

✓ o ar mais frio do fundo do vale força o ar mais


quente a subir.
Represa Jaguari em 07/01/2015

Fonte: Uol Notícias


Inversão térmica por subsidência

• ocorre acima da superfície;

• resulta dos movimentos de ar descendentes e


associa-se às áreas anticiclonais – 30° latitude nos dois
hemisférios;

• o fluxo de ar subsidente se aquece por compressão


adiabática;

• sua temperatura torna-se superior à do ar subjacente


formando uma camada estratificada com a
temperatura da base inferior à de seu topo.
Inversão térmica por subsidência

Fonte: Petersen, Sack e Gabler (2014)


Inversão térmica por frente fria

• inversão em altura causada pela entrada de uma


frente fria;

• duas massas de ar com características térmicas se


encontram;

• o ar quente é forçado a subir sobre o ar frio;

• forma-se uma camada de ar que dificulta a convecção


livre.
Inversão
térmica de
superfície
Inversão
térmica de
altitude
Consequências

Como as inversões térmicas


dificultam a mistura vertical
do ar ocorre:

➢ dificuldade de dispersão
dos poluentes com impactos
negativos ambientais e sobre a
saúde;

➢ intensificam a magnitude da
ilha de calor urbano (ICU)
Atmosfera urbana da cidade de São Paulo carregada de
poluentes retidos por processo de inversão térmica

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