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[DES]INTEGRADA:
INFLAMAÇÕES ARTÍSTICAS PARA UMA DANÇA COLETIVA
SALVADOR
2022
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA DE DANÇA DA UFBA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DANÇA
BANCA EXAMINADORA
1. Dança. 2. Dança - Aspectos sociais. 3. Criação (Literária, artística etc.). 4. Sentidos e sensa
ções na arte. 5. Feminismo e arte. I. Guimarães, Daniela Bemfica. II. Universidade Federal da Ba
hia. Escola de Dança. III. Título.
CDD - 793.3
CDU - 793.3
à Zoraide Fernandes Coleto. Mãe.
e Edite de Souza Fernandes. Mainha.
(in memoriam)
RESUMO
The research has as its moving axes ancestry, feminism and the artistic process, aiming at
the creation/reflection of/on dancing actions in the face of sexist and ultraconservative
postures present in patriarchy. Coletiva Rua das Vadias [name under transformation] – a
group of women dedicated to the arts of the body of which I am a member – appears as a
place of creative effervescence to think about such actions. Blood trails lead us to the
discovery of raped-silenced-murdered bodies by the supremacy of androcentric power,
permeating the gestation-creation of dances of (r)existence. Feminist critiques of
scientific rationality/objectivity will guide the writing, allowing the text to be
contaminated by imagery fragments, in the search for interfaces between text and dance.
We chose the e-zine format as support, building a hypertext from the choices and
windows opened along the way. The research is spread across #8eight e-zines{and a
preview of #9nine for future urgency]. The transit between individual and collective
memories will be informed by statistical data, historical facts, documentary and fictional
writings around reflections on changes and perpetuations concerning gender violence.
The theoretical framework will be composed of feminist theorists, poets and artists,
moving between different discursive textures, such as academic text, prose, poetry,
images and knowledge incorporated in the presence-action-dance. Different speech-
bodies connected to question limiting hierarchies of knowing. Which paths to take to
meet these voices-movements-bodies? How to ignite transformative desires through
artistic actions?
SUMÁRIO
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#1
MANIFESTA
PARA
INTRODUZIR
LÍNGUA
IMAGEM: RODRIGO ELOI LEÃO
6
0, 1. MANIFESTA PARA INTRODUZIR LÍNGUA
2345678
Introdução
Ato ou efeito de introduzir[-se]
Abertura
Para uma tese, um livro, etc
Etmologia lat. Introductio onis
Ação de fazer entrar
Digna aos homens
Durante
9
101112131415161718192021222324252627282930313233
Tempo[s]
Às mulheres
A função de receptáculo
Buraco do prazer tendente à procriação.
Ciência...
Reprodução
Eles. Falo. Centro.
Elas. Objeto
Falhas fálicas
Imagem: éguas amarradas para que o garanhão às penetre. Introduza
Mulas? Mulatas?
Não!
Subverto a HIStória
Construo potências no pensar-agir
falas-corpo [corpa?]
Ecos antepassados
Verbos de suor
Das lutas contra aqueles que estupraram [m]eu falar
Falo. Não.
Desejo outros verbos
Cortar, expulsar, gritar, ecoar, fugir, dançar.
linearidades objetificantes continuam a esconder [m]eu fabular
Não!
#elenão
Derrubada
de
7
34
35
36
Troncos
37 Concretos
38 Heróis.
Me desfaço em corpa[o]
39 Divisões em capítulos [cabecinhas] não aprisionam [m]eu agir-escrever-
40 dançar
Retomo(a) :
41
caput=cabeça=capital.
42 Capítulo =cabecinha. Que quando falo, alguns sorriem por lembrarem do
43 “falo”
Etimologias desvelam o que pretendia delimitar o conhecer:
44
45 CAPATAZ. Por sua derivação de caput (cabeça), de que se
formou capitatium, do latim tardio, bem se antevê que possui
46 a significação primária de designar a pessoa que é cabeça ou
encabeça alguma coisa. (SILVA, 2014, p.390).
47
63
8
65
66
67
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A Y , 1991)
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p o s - e stórias .
Su b s t e s d e cor o n i st a[ s]
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Friccio n f a b ulada r e v o como
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AudRrDE, 1977)
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Segue
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Ve n t a o s p udor e n t ra o m
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A s s u m V i o
9
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10
O manifesto ciberfeminista do século XXI (1991), por VNS Matrix.
Disponível em : https://vnsmatrix.net/projects/the-cyberfeminist-
manifesto-for-the-21st-century. Acesso em: 26 jun 2020.
11
" Nós somos a moderna
buceta positiva anti razão
ilimitada
desencadeada
implacável
Nós vemos arte com nossa
buceta
Nós fazemos arte com
nossa buceta
Nós acreditamos em gozo
loucura santidade e poesia
Nós somos o vírus do novo
mundo em desordem
rompendo o simbólico de
Colagem com outas traduções disponíveis em: https://vnsmatrix.net/projects/the-cyberfeminist-manifesto-for-the-21st-century. Acesso em 03 out 2020
dentro dos sabotadores do
mainframe do grande pai
O clítoris é a linha direta
para a matriz
VNS Matrix exterminadoras
do código moral
mercenárias do limo que
desce no altar da abjeção
sondando o templo visceral
Nós falamos em línguas
infiltrando quebrando
disseminando corrompendo
o discurso
Nós somos a futura
buceta."
(tradução nossa)
12
13
Imagem :Gardênia Fernandes Coleto
)
00 9, p.15
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14
A Coletiva Rua das Vadias [mudamos de nome no transcorrer da pesquisa ] -grupo de mulheres
dedicado às artes do corpo do qual sou integrante- aparece como lugar de efervescência criativa
para pensar tais ações, contudo, os deslocamentos entre as cidades de Recife e Salvador propõe
novas conexões artísticas com outras mulheres desejantes de transformações tendentes a pensar-
mover-demolir as estruturas do poder androcêntrico.
InflamAções
O elemento fogo aparece como miragem em meus caminhos sonhantes... Imagino: Mãos de fogo
circulam...Iluminam, aquecem, incendeiam. Transformam estruturas sólidas em cinzas. Queimo por
dentro... de líquidos quentes e sangue nos olhos parto para a ação. Inflamo. Me espalho rápido e
tomo todo o canavial. Do verde e amarelo às cinzas... As inflamações transformam também minhas
vísceras... Estruturas transtornadas da pele aos órgãos, aos ossos, ao pó. Retorno ao início e me
transformo em água... lavo as cinzas. Ebulições em ondas me tomam para dançar. Fluidos
vermelhos como lava de vulcão metamorfoseados na transparência das águas. Larva. Casulo.
Borboleta amarela sobrevoa a paisagem. Imprevisíveis de/em um corpus/corpa/corpo artístico
Pergunto: Que mulheres são essas que habitam minhas memórias? Presenças ancestrais?
Seriam gritos sufocados em tempos outros que querem escapar no agora?
Quem são os algozes do corpo feminino no presente?
Como o sistema patriarcal opera transformações em sua estrutura para permanecer no tempo-
espaço apesar das conquistas feministas?
Como retomar lutas vividas por mulheres ancestrais frente ao machismo/patriarcado (de uma
ancestralidade próxima, aos tempos encarnados sob a pele)?
Furacões promovidos por espirais de corpos em revolução.
Sigo em direção aos imprevisíveis propostos pelos embates entre os líquidos inflamáveis que
correm em minhas veias e as correntes de ar que me impulsionam ao mover/dançar. Chamo para
caminhar juntas nesse percurso mulheres de diferentes espaços-tempos... Teóricas, poetas,
mestras, dançarinas, performers... Companheiras.
15
"As mulhere
e ssa e s qu
t ap a f e m e aj u d ar
heteross o ra am
exuais, m m negras e b durante
as todas r
e l as m
e d e ra compart ancas, velha
ma ilhamos a s
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ssa força e a luta da t e jovens, lés
co m irania do b
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sem panhia sem silêncio. icas, bissexu
cons ra an as qua Todas ais e
cien to as i s n ão t e r
teme da ia s o b
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ou n uta
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acta.
cont s , su o
ra a til a g
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da m nt – n
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Para negritar a con.fusão entre palavras-ações- te. un
imagens, bem como o agenciamento de diferentes " (LOR
AudDE, 1977 ,
ã o
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vozes/corpas[os] na tessitura da pesquisa, opto por
tensionar um diálogo com o formato de e-zine. Utilizo os
recursos tecnológicos disponíveis para desconstrução do
c ia o
do que se configura como texto acadêmico estimulada ân sã
p ort a ver e
m s
por questionamentos feministas quanto a a i e su deia os,
m e, d i tiv .
categorizações/hierarquizações entre saberes. nta t e ole nista
apo men o d c
es or çã os femi
Bricolagem metodológica para estimulação de utor steri cula ivers
sa po cir d o
conexões esparramadas. Ao questionar a repetição das Vário e (e, na de es .30
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zin a ) es el ,p
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lógicas objetificantes, androcentradas, eurocentradas, fan rôni icaçõ 01
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seria possível a alusão a um antimétodo? rei do DW a
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de Ocana(2015)
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Esse zine foi pensado para o formato digital [e-zine]. Caso você esteja lendo no formato
impresso, provavelmente está lendo uma cópia em preto e branco, se desejar outras cores
acesse:
O formato impresso acompanha carvão e uma caixa de fósforo, para colorir e incendiar as
páginas que seguem. Faça rasuras, rabiscos e desenhos à vontade.
Esta é a primeira edição de oito e-zines que compõe a pesquisa [DES]INTEGRADA:
inflamações artísticas para uma dança coletiva. Ao longo da escrita outras vozes fazem eco
em [m]eu fabular, tranzendo outras autorias desde dentro... palavras outras em falas
[des]conexas para mesclar o tempo e cravar vozes daquela(s) que não tiveram seu(s)
nome(s) inscritos na história.
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Início
Você consegue esquecer o que foi dito até aqui?
Talvez a memória não respeite a imposição de quereres...
Alerto que a insistência de ações no tempo pode cansar...
Repetições para transformar o que se esconde sob/sobre
Esqueça(o)
[re]começo(a)
Agora
Ar
riscar palavras-movimentos
Dança(o)
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inflama
vídeo desenvolvido no componente curricular Tópicos Especiais em Dança: residências artísticas e pedagógicas - PRODAN -UFBA
para
introduzir corpa[o] em chamas...
Acesse:
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restaura[r] desejos dissonantes.
entre O e 1...
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Imagem ao fundo:Gardênia Fernandes Coleto
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REFERÊNCIAS
CANTON, Katia. Narrativas Enviesadas. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.
MELO, Camila Olivia de. Itinerâncias zine-feministas: um mergulhar em datilografias de fúria &
saudade. Tese de Doutorado (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Departamento de
Artes e Design), Rio de Janeiro, 2019. Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-
rio.br/46323/46323.PDF. Acesso em: 03 jun 2021.
OCANÃ, Jéssica Zappas. Buceta subversiva: corpo, sexualidade e desejo no zine Garota Siririca.
Trabalho de Conclusão de Curso ( Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de
Biblioteconomia e Comunicação). Rio Grande do Sul, 2015. Disponível em:
https://lume.ufrgs.br/handle/10183/137801. Acesso em 03 jun 2021.
DORE, Mary. She’s Beautiful When She’s Angry, 2014. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=Zq3wYppj804. Acesso em: 03 jul 2020.
24
@coletivacoletivacoletivaco
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Colagem com imagens de Garrdênia Fernandes Coleto e Anny Stone