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ANÁLISE DO SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS DE

UM HOSPITAL DA CIDADE DE MOSSORÓ


ANALYSIS OF THE PROTECTION SYSTEM AGAINST ATMOSPHERIC
DISCHARGES OF A HOSPITAL IN THE CITY OF MOSSORÓ

BRUNO RAFAEL DE SOUSA COSTA1


FERNANDA FERNANDES COSTA2
KAYO RODRIGO SANTIAGO DA SILVA 3

RESUMO

Dada suas dimensões geográficas e localização equatorial, o Brasil é considerado um dos países
com maior incidência de descargas atmosféricas. Estudiosos estimam que cerca de 60 milhões
de raios assolam o território brasileiro anualmente. Estes mesmos estudos indicam um aumento
significativo da ocorrência de descargas sobre grandes áreas urbanas em relação às áreas
vizinhas. Historicamente, foram criadas formas de proteção para minimizar os danos causados
não somente às pessoas, mas também aos equipamentos e instalações que estejam dentro de
uma edificação. Atualmente, os métodos aplicados para proteção são conhecidos como
Sistemas de Proteção contra Descargas Atmosféricas - SPDA, que são regulamentados pela
Norma Técnica Brasileira 5419 - Proteção de Estruturas contra Descargas Atmosféricas, a qual
é elaborada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas. Substituindo sua versão anterior
de 2005, a NBR 5419 foi atualizada em 2015 e trouxe um maior detalhamento e rigor no que
diz respeito à proteção interna e externa de estruturas. Deste modo, a presente pesquisa propõe-
se analisar o SPDA do hospital W R localizado na cidade de Mossoró/RN a fim de evidenciar
pontos de melhoria e necessidades de readequação normativa ou estrutural utilizando-se de uma
técnica bibliográfica e documental, analisando-se textos, pesquisas e outros dados escritos
encontrados na literatura acerca do tema em foco. Desta feita, tornou-se possível perceber que
a estrutura tem alguns pontos de melhoria e como se trata de um hospital em plena expansão,
gera a necessidade de se rever os critérios adotados no projeto inicial, refazendo toda análise de
risco com base na norma vigente.

Palavras-chave: Sistemas de proteção; SPDA; descargas atmosféricas; NBR 5419; para-raios.

ABSTRACT

Given its geographic dimensions and equatorial location, Brazil is considered one of the
countries with the highest incidence of atmospheric discharges. Researchers estimate that

1
Graduando em Engenharia Elétrica pela Universidade Potiguar – E-mail: brunorafael.s@hotmail.com
2
Graduando em Engenharia Elétrica pela Universidade Potiguar – E-mail: fernandafernandescosta78@gmail.com
3
Professor-Orientador. Mestre em Ciência da Educação. Docente do curso de Engenharia Elétrica na
Universidade Potiguar – E-mail: kayo.santiago@animaeducacao.com.br

1
around 60 million lightning hits Brazilian territory annually. These same studies indicate a
significant increase in the occurrence of discharges over large urban areas in relation to central
areas. Historically, forms of protection have been created to minimize the damage caused not
only to people, but also to equipment and facilities that are inside a building. Currently, the
methods applied for protection are known as Lightning Protection Systems - SPDA, which are
regulated by the Brazilian Technical Standard 5419 - Protection of Structures against
Atmospheric Discharges, which is prepared by the Brazilian Association of Technical
Standards. Replacing its previous version from 2005, NBR 5419 was updated in 2015 and
brought greater detail and rigor with regard to the internal and external protection of structures.
In this way, the present research proposes to analyze the SPDA of the W R hospital located in
the city of Mossoró/RN in order to highlight points of improvement and needs for normative or
structural readjustment using a bibliographical and documental technique, analyzing texts ,
surveys and other written data found in the literature on the topic in focus. Therefore, it became
possible to comprehend that the structure has some improvement points and, as it is a hospital
in full expansion, it saw the need to review the standard adopted in the initial project, rebuilding
the entire analysis risk based on the current norm.

Key words: Protection systems; SPDA; atmosferic discharges; NBR 5419; lightning rod.

1 INTRODUÇÃO

O Brasil é um dos países com maior incidência de raios no mundo, o que pode ser
explicado por vários fatores, como o tamanho do território e a formação geológica. Além disso,
a localização geográfica do país, próximo a linha do equador, favorece as condições climáticas
ideais para a formação de tempestades elétricas. A proteção contra raios é uma das principais
preocupações de engenheiros e arquitetos em todo o mundo, especialmente em áreas urbanas,
onde a presença de edifícios altos e equipamentos eletrônicos sensíveis aumentam a
vulnerabilidade (PINTO JR.; PINTO, 2008; MENDES; DOMINGUES, 2002; ROSS, 1996).
Os Sistemas de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA), tem como finalidade
proteger edificações e tudo o que está em seu interior, desde equipamentos, instalações elétricas
e telecomunicações, até as vidas ali presentes. Com isso, é possível reduzir os danos materiais
a estrutura e amenizar impactos com manutenção corretivas e desligamentos (SOUZA et. al.,
2020).
A análise do SPDA é essencial para garantir a segurança de pessoas e equipamentos em
edificações de grande porte, tais como hospitais, escolas e prédios comerciais. A instalação de
um sistema bem dimensionado e projetado pode evitar danos à estrutura do prédio e prevenir
acidentes com pessoas. Além disso, a realização de Inspeções periódicas obrigatórias é uma
forma de garantir sua eficácia e o cumprimento da legislação, além de antecipar-se a possíveis
problemas. Através destas é recomendado manutenções, que podem ser requisitadas de forma
2
corretiva imediata, bem como preventivas, que devem ser programadas pelo responsável das
manutenções do sistema. A utilização e execução da manutenção preventiva é uma forma de
antecipar-se a um problema, prolongando a vida útil do sistema e garantindo sua eficácia em
caso de descarga atmosférica (ALVES; GUIMARÃES, 2018).
Isto posto, é fundamental que as equipes de manutenção das instalações do
hospital estejam capacitadas para utilizar tecnologias de diagnóstico a fim de garantir a
eficiência e segurança dos sistemas de proteção contra descargas atmosféricas. A adoção de
medidas preventivas, como a utilização de tecnologias avançadas, pode contribuir
significativamente para a redução dos riscos associados às descargas elétricas no ambiente
hospitalar e em outras edificações de grande porte.
Deste modo, o presente artigo tem como finalidade analisar o projeto bem como
as instalações do sistema de proteção contra descargas atmosféricas de um hospital da cidade
de Mossoró em confronto a norma ABNT NBR 5419 - 2015, além das manutenções que são
realizadas periodicamente comparado ao acervo acadêmico disponível acerca do tema.
No que se refere ao método de pesquisa, será adotada uma técnica qualitativa e
exploratória, de caráter descritivo, onde será realizado o levantamento de dados na literatura
acerca do assunto, analisando a instalação concomitante à norma, bem como as medidas
preventivas adotadas e sua eficácia na manutenção.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico abordará acerca do conceito de descarga atmosférica e sua


incidência no Brasil, bem como a composição do sistema de proteção contra descargas
atmosféricas de uma maneira geral e em hospitais, além dos tipos de manutenção para manter
a eficiência do projeto e estudos anteriores relacionados ao tema com o intuito de analisar o que
a academia discute sobre o assunto em questão.

2.1 DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

De acordo com estudos realizados pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do


Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Brasil é um dos países com maior
incidência de raios do mundo. É importante notar que as descargas atmosféricas ocorrem não
apenas em áreas rurais, mas também em cidades densamente povoadas. Por exemplo, São

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Paulo, a maior cidade do Brasil, registrou um número significativo de raios em 2020.
A alta incidência de raios no Brasil pode ser explicada por vários fatores, como o
tamanho do território brasileiro e sua formação geológica, que favorece a ocorrência de
tempestades elétricas. Além disso, o clima tropical e úmido do país também contribui para a
formação de nuvens de tempestade. Outro fator que pode influenciar é a interferência humana
no meio ambiente, como o desmatamento e a urbanização desordenada (PINTO JR.; PINTO,
2008; MENDES; DOMINGUES, 2002; ROSS, 1996).
Em 2016, o INPE registrou uma média anual de 57 milhões de descargas atmosféricas
no Brasil, o que é uma quantidade significativa. Esses raios podem causar danos à infraestrutura,
incêndios florestais e até mesmo mortes de pessoas ou animais. É importante estar ciente desses
riscos e tomar medidas de precaução durante tempestades elétricas, como evitar áreas abertas e
ficar longe de objetos metálicos ou eletrônicos.
Dado o grande poder destrutivo de uma descarga elétrica, atrelado à falta de
conhecimento sobre sua intensidade, momento e localização, tornou-se necessário definir meios
de proteção para reduzir os possíveis danos causados por este fenômeno natural
(TERMOTÉCNICA, 2021).
Atualmente, a proteção contra raios é tida como uma das principais preocupações de
engenheiros e arquitetos em todo o mundo. Além disso, tem havido uma crescente demanda
pela aplicação de tecnologias mais avançadas para a fabricação de dispositivos de proteção
contra raios. Com o aumento do número de edifícios em áreas urbanas, a necessidade de
proteção contra raios se torna cada vez mais urgente (RAKOV, UMAN, 2003).
Devido ao impacto que as descargas elétricas podem ter em estruturas e equipamentos,
é importante que as medidas de proteção contra raios sejam implementadas de forma adequada.
Para isso, é necessário ser feita a análise de risco, conforme a norma, com um estudo
detalhado das características do local onde a instalação será feita, bem como das condições
climáticas da região. A partir dessas informações, é possível projetar um sistema de proteção
contra raios personalizado, que atenda às necessidades específicas de cada edifício (ALVES;
GUIMARÃES, 2018).
Além disso, é importante que as pessoas estejam cientes dos riscos associados às
descargas elétricas e saibam como agir em caso de uma tempestade. Medidas simples, como
evitar áreas abertas e não se abrigar sob árvores, podem ajudar a reduzir os riscos de ser atingido
por um raio.

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Embora as descargas elétricas sejam um fenômeno natural que não pode ser controlado,
é possível minimizar seus efeitos por meio da implementação de medidas de proteção
adequadas. Com a aplicação de tecnologias cada vez mais avançadas, é possível criar sistemas
de proteção contra raios cada vez mais eficazes, garantindo a segurança de pessoas e
equipamentos em todo o mundo (PINTO JR.; PINTO, 2008).
Portanto, os sistemas de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA) são essenciais
para garantir a segurança de pessoas e equipamentos em edificações. Em redes hospitalares,
essa proteção é ainda mais crucial, pois a falha em um equipamento pode comprometer a vida
dos pacientes.

2.2 SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS - SPDA

A Norma Técnica Brasileira que regulamenta as atividades de projeto, instalação,


manutenção, vistoria, laudo, perícia e pareceres referentes ao Sistema de Proteção Contra
Descargas Atmosféricas, é a NBR 5419 - Proteção de Estruturas contra Descargas
Atmosféricas, elaborada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), cuja última
versão foi publicada em 2015.
Segundo a ABNT NBR 5419 (2015), o SPDA é composto por dois sistemas de proteção:
o sistema interno e o externo.
O sistema de proteção externo destina-se a:
a) Interceptar a descarga para a estrutura por meio do subsistema de captação;
b) Conduzir a corrente da descarga para a terra de forma segura através de um
subsistema de descida; e
c) Dispersar a corrente dessa descarga na terra por meio de um subsistema de
aterramento.
O SPDA externo é considerado uma medida de segurança essencial em edificações,
principalmente em hospitais, onde a continuidade dos serviços de saúde é crucial. Esse sistema
tem como objetivo minimizar os danos causados por descargas atmosféricas, protegendo as
estruturas e equipamentos contra sobretensões e sobrecorrentes (ALVES; GUIMARÃES,
2018).
Vários métodos foram elaborados e comercializados, porém muitos foram considerados
ineficazes ou não pôde ser comprovada a eficiência dos mesmos em oferecer uma proteção
apropriada.
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Segundo a ABNT NBR 5419-3 (2015), os métodos aceitáveis a serem utilizados são o
método do ângulo de proteção, o método da esfera rolante e o método das malhas, sendo os dois
últimos adequados em todos os casos. Já o método do ângulo de proteção é adequado para
edificações simples, sendo sujeito ao limite de altura dos captores. A norma ainda define os
valores para o ângulo de proteção, raio da esfera rolante e tamanho da malha para cada classe
de SPDA, conforme figura 1.
Figura 1 - Tabela 2 da ABNT NBR 5419-3:2015.

Fonte: ABNT NBR 5419-3, 2015

2.2.1 Método do ângulo de proteção

Também conhecido como Método de Franklin e de cone de proteção, foi um método


desenvolvido primeiramente por Benjamin Franklin (1752) e consiste na rotação da tangente
de um ângulo em torno de um eixo para a determinação da área de proteção, conforme ilustra a
figura 2.

Figura 2: Figura 11 do guia básico e orientativo sobre proteção contra raios.

Fonte: Termotécnica, 2021


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Essa angulação é determinada a partir do nível de proteção encontrado, após o estudo
do risco para determinação da classe do SPDA, e confrontado com a altura, utilizando a tabela
da figura 1 da norma ABNT NBR 5419-3 (2015), conforme figura 3.
Figura 3 - Figura 1 da ABNT NBR 5419-3:2015.

Fonte: ABNT NBR 5419-3, 2015.

A norma traz detalhes ainda quanto aos captores para descargas laterais de estruturas
altas e regras para o posicionamento do subsistema de captação lateral, onde estruturas com
mais de 60m de altura, podem ocorrer descargas laterais especialmente em pontas de canos e
em saliências significativas, como varandas, alpendres e marquises. As regras para o
posicionamento do subsistema de captação lateral nas partes superiores de uma estrutura devem
atender pelo menos aos requisitos para o nível de proteção IV.
A captação lateral, seja está instalada ou natural, e que atenda aos requisitos mínimos
para tal finalidade, deve ser interligada a condutores de descida instalados, ou deve ser
interligada a estruturas metálicas eletricamente contínuas na fachada ou, ainda, às armaduras
de aço do concreto armado dos pilares (ABNT NBR 5419-3, 2015).
Esses condutores podem ser as instalações metálicas, - desde que a continuidade elétrica
seja feita de forma durável e as dimensões estejam dentro do padrão definido pela norma para
condutores de descida -, as armaduras das estruturas de concreto armado eletricamente
contínuas, o vigamento de aço interconectado da estrutura e elementos da fachada, perfis e sub
construções metálicas das fachadas, - desde que suas dimensões estejam conforme aos
requisitos para condutores de descidas (ABNT NBR 5419-3, 2015).

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De todos os métodos, esse é o mais restritivo, pois quanto mais alta a edificação menor
será sua efetividade, portanto, normalmente o método de ângulo de proteção é utilizado em
edificações de pequeno porte ou para a proteção de estruturas específicas no alto das
edificações, como antenas parabólicas ou de radiotransmissão, placas de aquecimento solar,
entre outros (MAGALHÃES; DUTRA, 2012).

2.2.2 Método da esfera rolante

O método da esfera rolante, ou método eletrogeométrico, é o mais recente de todos,


podendo ser considerado uma evolução do Método Franklin. É aplicável a todo tipo de estrutura
(MAGALHÃES; DUTRA, 2012).
Segundo Magalhães e Dutra (2012), o método eletrogeométrico foi baseado em estudos
realizados a partir de registros fotográficos, dos ensaios em laboratórios de alta tensão, da
medição dos parâmetros dos raios, do emprego das técnicas de simulação e da modelagem
matemática.
Consiste em simular uma grande esfera imaginária, com raio determinado pelo nível de
proteção adotado disposto na norma, rolando sobre a edificação. Todo ponto em que a esfera
tocar é um provável ponto de impacto do raio e precisará ser protegido por captadores ou por
malhar para se adequar ao volume de proteção (TERMOTÉCNICA, 2021; MAGALHÃES;
DUTRA, 2012).
Abaixo um exemplo do método da esfera rolante:

Figura 4 - Figura 9 do guia básico e orientativo sobre proteção contra raios

Fonte: Termotécnica, 2021.


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Segundo a ABNT NBR 5419-3 (2015), o posicionamento adequado do sistema ocorre
se nenhum ponto da estrutura, que será protegida, entrar em contato com as esferas fictícias. Ou
seja, a esfera deverá “rolar” em todas as direções, considerando toda a área da estrutura em seu
volume de proteção e, sempre que os captores forem adicionados, a simulação da esfera deve
ser refeita para checar se todo o volume foi protegido.
Abaixo um exemplo de simulação das esferas sobre a edificação:

Figura 5 - Figura 10 do guia básico e orientativo sobre proteção contra raios

Fonte: Termotécnica, 2021.

O raio geométrico é definido em função do nível de proteção calculado e é dado


conforme a tabela 2 da ABNT NBR 5419-3, 2015. Vale salientar que esse método pode ser
utilizado em todo tipo de estrutura, assim como o método das malhas.

2.2.3 Método das malhas

Segundo Magalhães e Dutra (2012), esse método é baseado em uma experiência do


físico inglês Michael Faraday, realizada em 1836, conhecida como “Gaiola de Faraday”.
Aplicada a todo tipo de estrutura, o método das malhas consiste em traçar uma malha
“quadriculada” de condutores sobre toda a área da cobertura. Essa malha será a responsável por
receber, conduzir e dividir as correntes das descargas na cobertura, minimizando, assim, os
riscos acometidos à estrutura.

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Figura 6 - Figura 8 do guia básico e orientativo sobre proteção contra raios

Fonte: Termotécnica, 2021.

Apesar de ser um método relativamente simples e considerado de fácil aplicação,


existem alguns detalhes que devem ser analisados pois, caso existam objetos sobressalentes na
cobertura, outros métodos de captação deverão ser adotados para contemplá-los, já que estes
estarão sujeitos ao impacto direto da descarga atmosférica (TERMOTÉCNICA, 2021).
Segundo a ABNT NBR 5419 (2015), o método das malhas é mais apropriado para
superfícies laterais planas como telhados horizontais e inclinados, sem curvatura. Caso o
declive do telhado exceda 1/10, podem ser usados condutores paralelos em vez de em malha,
adotando a distância e dimensões que são estabelecidas na norma.
A determinação do método de dimensionamento e do nível de proteção influenciará
diretamente nas características de construção do SPDA, que deve atender a uma premissa básica
de que, ao atingir uma edificação, a descarga atmosférica deverá ser interceptada pelo
subsistema de captação, conduzida de uma forma segura por um subsistema de descida e
direcionada e distribuída o mais rápido possível ao aterramento, pelo caminho mais curto
(MAGALHÃES; DUTRA, 2012).
Para isso, a contínua análise e manutenção do sistema de proteção é fundamental para
garantir a sua eficácia. A norma técnica brasileira ABNT NBR 5419/2015 estabelece que o
sistema deve ser inspecionado visualmente a cada 6 meses e submetido a uma inspeção
minuciosa com avaliação da integridade de todo o sistema, bem como medição ôhmica entre
todos os pontos de captação e a malha de aterramento, anualmente para estabelecimentos que
prestem serviços considerados essenciais e cada 3 anos para os demais. Além disso, em caso de

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modificação na edificação, é necessário realizar uma nova medição ôhmica para verificar se as
alterações não afetaram a eficácia do sistema.
Em uma rede hospitalar, a manutenção do SPDA deve ser realizada com ainda mais
rigor, devido à sensibilidade dos equipamentos e à importância dos serviços de saúde prestados.
Por isso, é recomendado que a empresa responsável pela manutenção tenha experiência na área
hospitalar e que os profissionais envolvidos recebam treinamento específico
(TERMOTÉCNICA, 2021).

2.3 SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS EM REDES


HOSPITALARES

Segundo o Ministério da Saúde, Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) são


edificações projetadas com a finalidade de prestar atendimento à saúde da população através do
acesso de pacientes a estes locais, podendo ser em qualquer nível de complexidade, com
presença ou não de internação (BRASIL, 1994).
Nesse sentido, “todas as instalações elétricas devem possuir um sistema de aterramento
que leve em consideração a equipotencialidade das massas metálicas expostas. Além disso,
todos os sistemas devem atender a normas da ABNT NBR 13534, NBR 5410 e NBR 5419, no
que diz respeito ao sistema de aterramento” (ANVISA, 2002, p. 130).
Dentre os danos advindos da ocorrência de uma descarga atmosférica podem atingir
tanto os ocupantes da instalação quanto a própria instalação, além do seu entorno, inclusive os
sistemas que a compõem. Os efeitos ocasionados podem variar de acordo com as características
de cada edificação. Geralmente, no caso dos hospitais, as descargas atingem as instalações
elétricas, provocam falhas em sistemas de incêndio, equipamentos eletrônicos e eletromédicos,
além de acarretar complicações relacionadas à presença de pessoas em tratamento médico
intensivo e a dificuldade de resgate de pessoas incapazes de se locomover por conta própria
(ABNT, 2015).
Portanto, dada sua complexidade, a análise de risco de um SPDA de uma rede hospitalar
exige um maior rigor na definição do nível de proteção, exigindo do profissional habilitado
responsável pelo projeto de instalação ou mesmo da manutenção, conhecimento e domínio das
normas vigentes para que o sistema possa funcionar corretamente, garantindo a integridade e
segurança de tudo e todos ali presentes.

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Determinado a faixa de risco no hospital, o primeiro passo para a análise do SPDA é
avaliação da arquitetura do prédio, de forma a melhor planejar qual será a metodologia utilizada.
A depender da necessidade pode ser utilizado mais de um tipo de sistema, de forma conjugada,
a fim de proteger estruturas não contempladas pelo método inicialmente definido.
O SPDA deve ser composto por diversos elementos, tais como: hastes de captação,
condutores de descida, malha de aterramento e dispositivos de proteção. A análise do sistema
de proteção deve ser realizada periodicamente para garantir que ele esteja funcionando
corretamente e atendendo às normas técnicas.
Neste sentido, o aterramento elétrico desempenha um papel de grande importância no
que se refere à segurança à vida do paciente e deve ser dimensionado a partir da combinação
das normas técnicas específicas, baseando-se nas características e particularidades de cada
edificação, sempre visando a garantia da qualidade dos serviços de saúde (BUSS, 2016).
A medição da resistência de aterramento, é um dos itens de fundamental importância,
tanto após a instalação, como também na realização das inspeções, que deve ser realizada por
um profissional qualificado, conforme a norma ABNT NBR 5419, a qual estabelece que a
resistência de aterramento deve ser inferior a 10 ohms.
Outro aspecto importante a ser avaliado é a disposição das hastes de captação. Elas
devem ser instaladas em locais estratégicos, de forma a minimizar os riscos de impacto direto
de raios. Além disso, é necessário verificar se as hastes estão em boas condições e se sua altura
está adequada.
Os condutores de descida também devem ser avaliados, verificando-se se estão em boas
condições e se sua instalação está de acordo com as normas técnicas. A norma ABNT NBR
5419 também estabelece que os condutores devem ser instalados em trajetos retos e verticais,
evitando-se curvas acentuadas.
Por fim, é necessário verificar se os dispositivos de proteção estão funcionando
corretamente, realizando-se testes de continuidade e funcionamento. Caso haja falhas, é preciso
substituí-los imediatamente.
Portanto, a análise do sistema de proteção contra descargas atmosféricas de um hospital
é fundamental para garantir a segurança de pacientes e equipamentos. A realização periódica
dessa análise por profissionais qualificados é essencial para detectar e corrigir possíveis falhas
no sistema (TERMOTÉCNICA, 2021).

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A manutenção do SPDA em uma rede hospitalar deve incluir a limpeza dos captadores
e a verificação do estado das malhas de aterramento. Além disso, é importante realizar uma
vistoria nas instalações elétricas para identificar possíveis problemas que possam afetar a
eficácia do sistema (ALVES; GUIMARÃES, 2018).
Isto posto, entende-se que realizar a manutenção do SPDA é um aspecto fundamental
para garantir a segurança das edificações e equipamentos em uma rede hospitalar. Sendo
necessário seguir as normas técnicas e contar com profissionais especializados para realizar as
inspeções e manutenções necessárias.

2.4 TIPOS DE MANUTENÇÃO

Segundo Alves e Guimarães (2018), os tipos de manutenção em um sistema de proteção


contra descargas elétricas incluem:
● Manutenção preventiva: realizada regularmente para garantir que o sistema esteja
em pleno funcionamento e evitar falhas futuras.
● Manutenção corretiva: realizada quando ocorre uma falha no sistema, com o
objetivo de corrigir o problema e restaurar o funcionamento normal.
● Manutenção preditiva: utiliza técnicas de monitoramento e análise de dados para
prever possíveis falhas no sistema antes que elas ocorram, permitindo que a
manutenção preventiva seja realizada de forma mais eficiente.
● Manutenção detectiva: realizada através do monitoramento constante do sistema,
para detectar possíveis falhas de forma rápida e eficiente.
Os tipos de manutenção descritos são essenciais para o correto funcionamento de um
sistema de proteção contra descargas elétricas. A manutenção preventiva é importante para
garantir que o sistema esteja sempre em pleno funcionamento. A manutenção corretiva é
necessária quando ocorre uma falha no sistema, com o objetivo de corrigir o problema e
restaurar o funcionamento normal. A manutenção preditiva é utilizada para prever possíveis
falhas no sistema antes que elas ocorram, permitindo que a manutenção preventiva seja
realizada de forma mais eficiente. Por fim, a manutenção detectiva é realizada através do
monitoramento constante do sistema, para detectar possíveis falhas de forma rápida e eficiente.
Cabe ressaltar que, em uma rede hospitalar, a manutenção do sistema de proteção contra
descargas elétricas deve ser ainda mais rigorosa, devido à sensibilidade dos equipamentos e à
importância dos serviços de saúde prestados. É importante seguir as normas técnicas e contar
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com profissionais especializados para realizar as inspeções e manutenções necessárias
(ALVES; GUIMARÃES, 2018).

2.5 ESTUDOS ANTERIORES RELACIONADOS COM O TEMA

Buss (2016), elucida que para garantir a segurança elétrica e o adequado funcionamento
dos equipamentos médicos, é necessário que as instalações e equipamentos sejam seguros e que
os dispositivos de segurança elétrica estejam em perfeito funcionamento.
Para ele, o aterramento elétrico é uma solução fundamental para a segurança elétrica e
para o adequado funcionamento dos equipamentos médicos, mas depende de outros elementos
das instalações elétricas para garantir a assistência segura à saúde. O objetivo principal de sua
pesquisa é propor uma configuração para o aterramento elétrico de um estabelecimento
assistencial de saúde que proporcione segurança às pessoas, funcionalidade às instalações
elétricas e compatibilidade eletromagnética aos equipamentos médicos.
Nesse sentido, foi utilizado o guia básico da Termotécnica (2021) como um documento
de orientação. Ele é baseado na experiência da empresa em instalação, fabricação, projeto e
consultoria técnica, e fornece orientações técnicas e práticas sobre como implementar esses
sistemas de forma eficiente e segura.
O objetivo deste guia é fornecer informações acessíveis sobre a instalação de SPDA,
tornando o assunto compreensível. Além disso, ele segue as normas NBR 5419/2015 e IEC
62305, garantindo que as orientações contidas nele sejam atualizadas e relevantes.
Magalhães e Dutra (2012), em seu acervo, esclarecem possíveis dúvidas quanto a
necessidade, projeto e dimensionamento de um Sistema de Proteção contra Descargas
Atmosféricas (SPDA) tanto para edificações existentes quanto à serem construídas. Além disso,
recomendam a instalação ou adequação em edificações de Organizações Militares da Marinha,
frisando sobre a importância de manter a documentação do sistema instalado, incluindo o
projeto original, desenhos técnicos e ordens de serviço de manutenção. Para os autores, um
SPDA bem dimensionado diminui significativamente a ocorrência de danos causados por
descargas atmosféricas.
Souza et. al. traz que o Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA) são
estruturas projetadas para proteger edificações, equipamentos e pessoas de danos causados por
raios. Com a finalidade de minimizar os efeitos danosos de descargas atmosféricas, o SPDA é
desenvolvido para interceptar, conduzir e dissipar a energia elétrica gerada pelos raios.
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Portanto, o SPDA serve de proteção às edificações e tudo o que está em seu interior,
desde equipamentos, instalações elétricas e telecomunicações, até as vidas ali presentes. Com
isso, é possível reduzir os danos materiais a estrutura e amenizar impactos com manutenção
corretivas e desligamentos.
Sabendo que a norma técnica brasileira ABNT NBR 5419/2015 é a vigente para
sistemas de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA) e que inspeções periódicas são
importantes para garantir a segurança das estruturas e das pessoas, mas muitas vezes são
esquecidas, Silva (2019), em seu projeto, visa verificar a necessidade e viabilidade de mudanças
nos sistemas existentes da UTFPR Sede Ecoville, que, segundo ele foram projetados conforme
versões anteriores da norma. Por fim, constatou-se a necessidade de readequação para a norma
atual.
Deste modo, a presente pesquisa inspirou-se a analisar o SPDA de um hospital
localizado na cidade de Mossoró/RN a fim de evidenciar pontos de melhoria e necessidades de
readequação normativa ou estrutural.

3 METODOLOGIA

O presente estudo, quanto ao seu objetivo é descritivo, onde se almeja descrever as


características do sistema de proteção contra descargas atmosféricas existente em uma unidade
hospitalar na cidade de Mossoró, relacionando-o ao estabelecido na Norma Técnica Brasileira
elaborada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Com relação aos procedimentos técnicos, evidenciam-se documentais, pois, foram
analisados os dados levantados, estudados e coletados em normas, websites, manuais de
manutenção e apostilas orientativas sobre SPDA, na busca de informações para subsidiar este
estudo (GIL, 2010; MARCONI; LAKATOS, 2009).
Por considerar que existe uma relação entre o mundo real e o sujeito a qual não pode ser
traduzida em números, a abordagem configurou-se como qualitativa, pois a interpretação dos
fenômenos é a base da pesquisa qualitativa, que descreve os achados do pesquisador. Os dados
foram tratados por meio da análise de conteúdo, promovendo a interpretação destes com
inferência dos autores (GIL, 2010, MARCONI; BARDIN, 2011; LAKATOS, 2009).
No que diz respeito às técnicas de pesquisas, a obtenção e compilação dos dados, seguirá
por meio de análise documental, onde os dados serão capturados nos períodos que se seguem,

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e ainda será realizada a análise de conteúdo, que busca a exploração e tratamento dos resultados,
promover interpretações e inferências sobre o objeto de estudo.
Na presente pesquisa seguirão as seguintes etapas:
1) levantamento, coleta e análise de dados e de informações dispostas em normas,
websites e manuais, além do acervo acadêmico sobre o assunto, com o intuito de evidenciar, à
luz da ABNT NBR 5419/2015, os pontos de melhoria que podem ser realizados no sistema de
proteção contra descargas atmosféricas da unidade hospitalar que será analisada.
2) será utilizado o projeto de instalação do SPDA da unidade hospitalar, bem como o
laudo técnico do SPDA, emitido na última inspeção pela empresa responsável pelo projeto,
além de inspeção visual do sistema para análise e posteriormente resultado da pesquisa, se
fazendo necessário ir a campo coletar os dados e imagens no sentido de gerar um relatório e
evidenciar os pontos de melhoria.
Com a finalidade de servir de contribuição tanto no meio acadêmico quanto social, o
presente estudo tem por objetivo entender e analisar o sistema de proteção contra descargas
atmosféricas em uma unidade hospitalar localizada na cidade de Mossoró, no Estado do Rio
Grande do Norte, bem como evidenciar os pontos de melhoria com o intuito de aprimorar a
eficácia do sistema, entendendo a importância do hospital para a comunidade.

3.1 ESTRUTURA PREDIAL DO HOSPITAL

O estabelecimento assistencial de saúde Hospital W R, está localizado na cidade de


Mossoró, estado do Rio Grande do Norte. O edifício de 4 andares conta com diversos
equipamentos médicos e é responsável por atendimentos de urgência, realizando pronto
atendimento adulto e pediátrico, bem como realização de procedimentos, como exames,
cirurgias e tratamentos de doenças cardíacas, oncológicas, entre outras.
Tendo em vista que é um serviço considerado essencial à população em geral, a análise
de risco que serve de vetor para o projeto do SPDA deve ser feita com alto rigor. Deve, também,
passar por inspeções anuais de forma a identificar e corrigir possíveis anormalidades, ajudando
de forma eficaz no planejamento das manutenções preventivas e corretivas (BRASIL, 1994;
ANVISA, 2002; ABNT NBR 5419, 2015).
Com aproximadamente 16m de altura, 65m de comprimento e 60m de largura, e um
perímetro total de aproximadamente 230m, o prédio ocupa um espaço total por volta de 2600m².

16
Tendo em vista que o empreendimento já passou por várias expansões ao longo dos anos em
que está em funcionamento, a estrutura como um todo é bem heterogênea.
Tendo em vista a geometria e estrutura do edifício, e para obter uma melhor eficiência
do SPDA, o sistema de proteção foi realizado pelo método das malhas ou “gaiola de Faraday”,
como é mais comumente conhecido.
Para Creder (2016), esse método tem bom desempenho em edificações de grande área
de cobertura com estrutura metálica e continuidade elétrica nas ferragens estruturais e
aterramento em fundação.
Figura 7: Estrutura predial do hospital

Fonte: Autor, 2023.

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Passa-se a apresentar os dados que foram coletados na literatura e na norma em relação


ao que se encontra no SPDA do estabelecimento assistencial de saúde, que por se tratar de uma
empresa privada, os dados não estão disponíveis ao público em geral. Portanto, a fim de manter
o sigilo, os nomes das entidades e dos profissionais envolvidos nos laudos técnicos de inspeção
e manutenção foram alterados. Desta forma, a análise tem início com a contextualização da
estrutura predial do hospital, assim como a análise do projeto e do laudo técnico de inspeção e
medição do sistema de proteção à luz da NBR 5419/2015.

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4.1 PROJETO DO SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

O sistema de proteção contra descargas atmosféricas instalado na estrutura foi projetado


anteriormente à atualização da NBR 5419 em 2015, com isso, a análise de riscos do mesmo não
foi tão criteriosa quanto se exige a atual versão e, atualmente é composto por onze captores do
tipo Franklin ¾” x 250mm com uma descida, conforme é possível analisar na figura 8.

Figura 8 - Para raio tipo Franklin

Fonte: Autor, 2023.

É possível perceber que todos os captores são interligados por uma malha, feita com
barra chata de alumínio de 1” x ⅛”, que corresponde a uma área de seção de 80,6 mm², criando
a gaiola de proteção.
A tabela 6 da NBR 5419-3 de 2015 estabelece os materiais a serem escolhidos com suas
respectivas seções mínimas, onde o condutor de alumínio deve ter pelo menos 70 mm² de área
de seção.
Conforme pode ser visto na figura 9, a malha percorre toda parte superior da estrutura,
formando a espécie de xadrez, onde é equipotencializada com qualquer objeto metálico que
esteja em cima do edifício (como tubulações metálicas, escadas, entre outros), isso se faz
necessário pois em uma possível tempestade de raios esses objetos podem atuar como captores.

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Figura 9 - Condutor da malha de equipotencialização

Fonte: Autor, 2023.

As descidas estão distribuídas em onze pontos, responsáveis por conduzir a energia das
descargas até a terra, fazendo o caminho até a malha de aterramento para ser dissipada sem
prejuízo à estrutura e ao seu conteúdo. O material utilizado também é a barra chata de alumínio
de 1” x ⅛”.
Neste caso das descidas a NBR 5419-3 traz a tabela 4 com informações referente aos
valores da distância dos condutores, onde, a depender da classe do SPDA, determina-se uma
distância mínima, com margem de no máximo 20% acima dos respectivos valores de referência.
Por fim temos a malha de aterramento, composta por treze hastes de cobre, situadas em
caixas de inspeção 30x30cm. Do total de hastes, nove delas estão interligadas por um condutor
de cobre nú de 70mm², como forma de equipotencializar o aterramento, as demais estão
interligadas individualmente ao respectivo condutor de descida, isso se deu por serem situadas
ao lado e aos fundos do hospital, onde existem prédios vizinhos colado a estrutura, o que
impossibilitou a construção de uma calha para passagem do condutor.
No que diz respeito ao sistema de aterramento, a norma o traz como um item que deve
ser bem estudado, como forma de melhor arranjar sua montagem. Como o SPDA foi instalado
posteriormente à construção da estrutura, não foi possível utilizar a armadura do prédio, logo a
malha de aterramento tem que seguir especificações para garantir a dissipação da corrente em
caso de uma possível descarga. O Item 5.4 da parte 3 da NBR 5419 vem com as especificações
necessárias a um bom aterramento.

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Em relação às conexões dos captores até as barras de alumínio, bem como as das
descidas até as hastes de aterramentos são feitas com condutores de cobre nu, com seção de
35mm². Esse material deve estar de acordo com as recomendações presentes no normativo.
Apesar de o SPDA ter sido projetado e implementado há alguns anos, a estrutura conta
com inspeções e manutenções periódicas com o intuito a garantir a eficiência e eficácia

4.2 LAUDO TÉCNICO DE INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO DO SISTEMA DE PROTEÇÃO


CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

A inspeção periódica do SPDA foi realizada pela empresa T L D ENGENHARIA e foi


possível acessar o laudo emitido pela mesma, onde os pareceres apresentados foram utilizados
como forma de identificar possíveis melhorias ao sistema. Informações sobre a continuidade da
malha e a resistência do solo nos pontos de aterramento foram verificadas junto ao documento
emitido pela empresa, já que não foi possível conseguir os equipamentos de medição para
realizar o estudo.
No que diz respeito à avaliação da continuidade e condutividade do sistema foi realizada
com instrumento de medição, devidamente calibrado, capaz de ler na escala de mΩ, neste caso
o miliohmímetro, demonstrado na figura 10. Este equipamento é utilizado para aferir toda a
continuidade e resistência ôhmica do SPDA instalado na estrutura, o procedimento se deu
através da ligação dos bornes do equipamento na extremidade dos captores, parte superior do
sistema, até poço mais próximo, da malha de aterramento, aferindo a resistência e atestando o
perfeito funcionamento do sistema.

Figura 10 - Miliohmímetro Milliohm 1 - INSTRUM.

Fonte: Laudo de Inspeção de SPDA, 2019.


20
Ainda com base no laudo, a inspeção da malha de aterramento se deu da seguinte forma:
identificação e avaliação da integridade de cada ponto de aterramento, mapeando e
diagnosticando cada ponto, e medição da resistência do solo, através do método da queda de
potencial, que foi aferido com base no que orienta a NBR 15749:2009 - Medição de Resistência
de Aterramento e de Potenciais da Superfície do Solo em Sistemas de Aterramento. Esse
procedimento é realizado com um terrômetro (conforme ilustra a figura 11 - Terrômetro Digital
EM-4055), onde o método consiste na circulação de uma corrente por um circuito formado
entre um eletrodo auxiliar de corrente e a malha de aterramento que queremos identificar a
resistência do aterramento.

Figura 11 - Terrômetro digital EM-4055

Fonte: Laudo de Inspeção de SPDA, 2019.

A malha de aterramento deve estar em anel e, como foi mencionado anteriormente, a


estrutura da vizinhança impede que a calha percorra todo o perímetro ao redor do prédio. O
item 5.4 da norma 5419-3:2015 prevê em casos como esse, a possibilidade de ser montada de
forma interna, no trecho que não há passagem, com as devidas medidas de segurança também
elencadas na seção 8.
Apesar de ser muito importante aferir o valor da resistência, segundo a NBR 5419-
3:2015, é essencial um bom estudo da geometria e das dimensões dos materiais utilizados na
construção do sistema de aterramento, para que se tenha a devida dispersão da energia de uma
possível descarga.
21
Estes equipamentos de medição devem estar em dia com as suas respectivas calibrações,
garantindo a exatidão dos valores medidos, que poderão ser verificados com a apresentação dos
respectivos certificados de calibração em anexo ao laudo de inspeção.
Além da verificação da continuidade da malha e da resistência do solo, foi inspecionado
toda a integridade dos equipamentos, que se deu confrontando alguns pontos listados na
inspeção com a atual situação do sistema de proteção. O laudo aponta o rompimento de um
trecho da malha superior, conforme pode ser observado na figura 12.

Figura 12 - Relatório Técnico de Aferição do SPDA

Fonte: Laudo de Inspeção de SPDA, 2019.

22
O setor responsável pela manutenção preditiva do hospital informou que os reparos
relativos à parte do trecho da barra chata de alumínio ainda não foram realizados. Apesar de o
rompimento não gerar uma descontinuidade no sistema, segundo o laudo, é de suma
importância que seja feito o reparo para que em uma possível atuação, não se venha a ter falhas.
Foi observado, ainda, que existe outro trecho com rompimento da barra chata, em uma
das descidas, como aparece na figura 13. Este é um trecho fundamental, numa possível atuação,
o qual não pode ser negligenciado o reparo do mesmo.

Figura 13 - Descida do SPDA

Fonte: Autor, 2023.

Dado que imóvel já passou por reformas e expansões, é possível associar que essas
alterações estruturais foram o motivo desta descida estar desconectada da malha superior,
gerando uma irregularidade que pode vir a comprometer o funcionamento do sistema.
Mais algumas amostras e medições foram realizadas durante a inspeção e serviram de
base para avaliação do sistema. As figuras que seguem adiante, no artigo são de autoria da
equipe técnica responsável pela vistoria do SPDA, retiradas do laudo que nos foi concedido
acesso para que se tivesse embasamento na hora da avaliação e ilustram o teste de continuidade
realizado com o miliohmímetro.
23
Figura 14 - Relatório técnico de aferição do SPDA pr-01

Fonte: Laudo de Inspeção de SPDA, 2019.

Nos ensaios realizados, os bornes do equipamento são conectados da ponta do captor


até a malha de aterramento. Como podem ser vistos, os valores obtidos nos testes de
continuidades estão em níveis apropriados, os quais devem apresentar resistência inferior a 0,2
ohms. A Continuidade entre os captores e a malha está conforme, mesmo com o rompimento
identificado anteriormente.

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Figura 15 - Relatório técnico de aferição continuidade do SPDA pr-02

Fonte: Laudo de Inspeção de SPDA, 2019.

Figura 16 - Relatório técnico de equipotencialização cx1 - cx2

Fonte: Laudo de Inspeção de SPDA, 2019.


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Figura 17 - Relatório técnico de equipotencialização cx02 - cx04

Fonte: Laudo de Inspeção de SPDA, 2019.

Figura 18 – Relatório final das medidas de equipotencialização

Fonte: Laudo de Inspeção de SPDA, 2019.

26
Temos, ainda, como forma ilustrativa, a figura 19 e 20, referente ao teste de resistência
ôhmica, realizado conforme relatado na seção anterior, com o terrômetro digital. Na imagem é
possível ver o resultado e confirmar a conformidade com o que é estabelecido na norma que faz
todo o referencial para aterramentos.
Figura 19 - Relatório de medição da malha de aterramento

Fonte: Laudo de Inspeção de SPDA, 2019.

Figura 20 - Resultado de medição da malha de aterramento

Fonte: Laudo de Inspeção de SPDA, 2019.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas da Rede Hospitalar analisada foi


projetado anteriormente à última atualização da NBR 5419 em 2015. Contudo, o sistema
encontra-se com padrões estruturais aceitáveis dado que se pode atestar sua continuidade e
números aceitáveis de resistência no solo em seu laudo técnico de inspeção e manutenção.
Muito embora foram identificados possíveis pontos de melhorias, bem como pontos não
conformes, baseado nas recomendações da norma, para com o que se espera em uma unidade
hospitalar, dada sua relevância e atividade essencial para a sociedade.
O prédio, que já passou por várias expansões, acumula mais uma reforma, e essa se deu
após a última inspeção do SPDA. O crescimento da estrutura, com a construção de mais um
bloco, gera a necessidade de uma nova análise de riscos, já com os padrões adotados na
atualização da norma em 2015. Um empreendimento como este hospital acumula muitos
equipamentos de alto valor e o sua atividade fim está ligada diretamente a vida humana, sendo
de suma importância um sistema eficiente e dentro do que se exige o normativo vigente.
Sobre a frequência e os intervalos das inspeções, dado que o que se teve acesso é do ano
de 2019, sendo a última manutenção realizada, conclui-se que não vêm sendo emitidas nos
prazos recomendados pela NBR 5419/2015 que é de 1 (um) ano para serviços tidos como
essenciais.
Embora que o prédio passava por expansão, é de suma importância que as inspeções e
manutenções do SPDA não sejam adiadas muito menos ignoradas dentro do prazo estabelecido
pela norma, dado que o empreendimento não pode ter suas atividades interrompidas por
problemas advindos da negligência de vistoria ao sistema de proteção.
As observações de inconsistências destacadas na presente pesquisa foram repassadas ao
responsável do setor que, apesar de ter ciência quanto a importância das manutenções do SPDA
para a adequada proteção do estabelecimento assistencial de saúde, percebe-se que na prática,
as inspeções infelizmente não estão acontecendo. Sendo necessário rever internamente para que
situações como as que foram observadas não se tornem rotina, e assim vir a prejudicar o devido
funcionamento das atividades do hospital.
No tocante às limitações da pesquisa, pode-se destacar a simplicidade da análise do
sistema, se limitando à uma inspeção visual, sem utilização de equipamentos de medição,
comparando o último laudo técnico emitido com a NBR 5419 devidamente atualizada.

28
Dessarte, para os próximos estudos relacionados ao tema, dado que foi constatado que
o prédio já passou por várias reformas, sugere-se realizar, além de uma inspeção utilizando-se
de equipamentos de medição, uma análise de risco do sistema de proteção para se adequar às
reestruturações do edifício a fim de garantir uma maior eficiência do SPDA.

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REFERÊNCIAS

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