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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS


FACULDADE DE ENGENHARIA/ARQUITETURA
SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS NAS EDIFICAÇÕES

MOISÉS CITTON CAMPAGNARO

MODELAGEM ELÉTRICA DAS INSTALAÇÕES DE ALARME E


DETECÇÃO DE INCÊNDIOS EM UNIDADES HOSPITALARES
(FDAS – Fire Detection and Fire Alarm Systems)

PORTO ALEGRE
2020
1

Moisés Citton Campagnaro

MODELAGEM ELÉTRICA DAS INSTALAÇÕES DE ALARME E


DETECÇÃO DE INCÊNDIOS EM UNIDADES HOSPITALARES
(FDAS – Fire Detection and Fire Alarm Systems)

Artigo apresentado como requisito parcial para


obtenção do título de especialista em Segurança
contra Incêndio nas Edificações, pelo Curso de
Pós-Graduação em Segurança Contra Incêndio
nas Edificações da Universidade do Vale do
Rio dos Sinos – UNISINOS.

Orientador: Prof. Me. Fabricio Bolina.

Porto Alegre
2020
2

MODELAGEM ELÉTRICA DAS INSTALAÇÕES DE ALARME E


DETECÇÃO DE INCÊNDIOS EM UNIDADES HOSPITALARES
(FDAS – Fire Detection and Fire Alarm Systems)

Moisés Citton Campagnaro1


Fabricio Bolina2

Resumo: Este trabalho visa orientar profissionais da engenharia e prevenção contra incêndios
na elaboração de projetos e na instalação de sistemas de alarme e detecção (FDAS – Fire
Detection and Fire Alarm Systems) em unidades hospitalares, oferecendo uma visão acerca da
modelagem elétrica ideal a ser escolhida. Sabe-se que um diagnóstico precoce dos sinistros em
locais onde os ocupantes possuem mobilidade reduzida é de fundamental importância para
salvar vidas. A escolha do sistema de alarme e detecção ideal deve levar em consideração uma
série de fatores, principalmente no que diz respeito à diminuição do número de falhas e tempo
de resposta, bem como de alarmes falsos. Para cada ambiente a ser protegido há a possibilidade
de dois tipos de ligações elétricas: Classe A (loop/em anel) ou Classe B (espinha de peixe).
Neste estudo realizou-se um comparativo entre casos reais de sistemas endereçáveis de alarme
e detecção de incêndios, em dois hospitais da Serra Gaúcha. Esses dois sistemas foram
monitorados, registrando-se as falhas e alarmes falsos identificados pela central de cada unidade
hospitalar. Também foram realizados ensaios de tempo de resposta de sinalização, conforme o
modelo elétrico de cada instalação. Sendo assim e levando em consideração critérios técnicos,
definiu-se a ligação Classe A como o melhor arranjo para executar a instalação deste FDAS.

Palavras-chave: Alarme e Detecção de Incêndio. Central Endereçável. Hospitais. Modelagem


Elétrica. Periféricos. Falhas. Alarmes Falsos. Tempo de Resposta.

Abstract: Abstract: This work aims at guiding engineering and fire prevention professionals in
the project elaboration and alarm and detection systems (FDAS - Fire Detection and Fire Alarm
Systems) installation in hospital units, offering a vision to the ideal electrical modeling to be
chosen. It is known that in places where occupants have reduced mobility, an early diagnosis is
fundamental in saving lives. The choice of the ideal alarm and detection system must consider
a number of factors, mainly regarding the decrease in the number of failures and response time,
as well as false alarms. For each environment to be protected we have the possibility of two
types of electrical connections: Class A (loop / ring) or Class B (fishbone). In this study, a
comparison was made between real cases of addressable alarm and fire detection systems in
two hospitals in Serra Gaúcha. These two systems were monitored, recording the faults and
false alarms identified by the central of each hospital unit, and tests of signaling response time,
according to the electrical model of each installation. Therefore, considering technical criteria,
the Class A connection was defined as the best arrangement to perform the installation of this
FDAS.

Keywords: Alarm and Fire Detection. Addressable Central. Hospitals. Electrical Modeling.
Peripherals. Faults. False Alarms. Response Time.

1
Engenheiro de Controle e Automação pela PUC – RS. Engenheiro de Segurança do Trabalho pela UCS –
Caxias do Sul. E-mail: moisescitton@hotmail.com.
2
Engenheiro Civil pela PUC – RS e ENISE/França. Mestre em Arquitetura pela Unisinos – RS e doutorando em
Engenharia Civil Unisinos e Engenharia de Incêndio UC/Portugal. Orientador deste projeto.
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1 INTRODUÇÃO

Os sistemas de alarme de incêndio são um dos principais sistemas de segurança de vida


de todos os edifícios. Implantado adequadamente, um sistema de alarme de incêndio reduz a
probabilidade de ferimentos ou perda de vidas e limita os danos causados por incêndios,
fumaça, calor e outros fatores. Seu projeto e instalação devem envolver profissionais
qualificados, licenciados, experientes e o mais importante: a coordenação e aprovação da
autoridade local (SINOPOLI, 2010).
A tecnologia dos sistemas de detecção e alarme de incêndio é uma das que mais tem
evoluído dentro da área de segurança contra incêndios devido a sua grande importância na
proteção da vida humana e diminuição de perdas materiais (NBR 17.240:2010) – ABNT, 2010).
Outras normas também podem ser consultadas para resolver eventuais dúvidas, ou também em
pontos onde a norma brasileira é omissa, como por exemplo, a NFPA 72:2019 – National Fire
Alrm and Signaling Code (NFPA 72:2019 – ABNT, 2010).
Para determinar a presença indesejada de incêndios, um sistema de alarme de incêndio
é modelado pelo monitoramento de pequenas mudanças nos arredores. A instalação de alarmes
automáticos de incêndio é para informar o sinal de emergência para os ocupantes deixarem o
prédio diretamente durante o evento ou emergência de incêndio (IDRIS; RUSLI; BUROK,
2020).
A capacidade do fogo de devastar vidas e propriedades nunca deve ser subestimada
(FENNELLY, 2020). A detecção precoce de um incêndio é essencial para um controle eficaz e
sua extinção. Na fase de pré-cobertura de um incêndio a queima de materiais sintéticos
modernos geraria uma grande quantidade de fumaça e emitiria ondas eletromagnéticas em
formas de radiação infravermelha, luz visível e radiação ultravioleta. No entanto, a quantidade
de calor gerado pode não ser tão grande (CHOW; WONG, 1994). Vários sistemas simples e
sofisticados de detecção de incêndio e gás estão disponíveis para fornecer detecção e avisos
antecipados de uma liberação de hidrocarboneto (NOLAN, 2019).
A evacuação de um edifício em uma situação de perigo, via de regra, é algo que as
pessoas normalmente não estão acostumadas. Além disso, geralmente ocorre sobre
considerável estresse físico e psicológico. Portanto, é importante saber como as pessoas se
comportam durante a evacuação e quais fatores afetam seu comportamento (BENTHORN;
FRANTZICH, 1999).
Os códigos de segurança contra incêndio e vida exigem sistemas de alarme de incêndio
em certos edifícios e/ou partes de edifícios com base nas atividades das pessoas que habitam
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ou ocupam esse edifício. Instalações de saúde e ASC’s (Ambulatory Surgery Center Safety) em
particular são ocupadas por pessoas que podem ter um atraso e/ou capacidade inibida de
evacuar, os códigos exigem que essas instalações sejam equipadas com um sistema de alarme
de incêndio (LYMAN, 2018).
O Instituto Sprinkler Brasil e a Associação Brasileira para o Desenvolvimento do
Edifício Hospitalar promoveram debates dedicados à segurança contra incêndio em hospitais.
Somente em 2019, foram registrados 32 incêndios em unidades hospitalares no Brasil, mas
apenas 10% das ocorrências foram noticiadas. O baixo índice de divulgação gera um problema
ainda maior: pacientes tendem a acreditar que hospitais estão isentos de acidentes, mas a
realidade é oposta. “As características das edificações hospitalares tendem a agravar ainda mais
os incêndios. Considerando a baixa mobilidade das pessoas internadas e a falta de treinamento
de emergência de quem está no hospital no momento, deve-se imaginar o impacto que as
chamas podem proporcionar”, comenta Marcelo Lima, diretor-geral do Instituto Sprinkler
Brasil (INSTITUTO SPRINKLER BRASIL, 2020).
O coração de um sistema de alarme e detecção é o painel de controle principal de alarme
de incêndio (FACP). FACP’s coletam dados de dispositivos de detecção ou indicação do
sistema, processam os dados e em seguida fazem com que o sistema aja sobre os dados, se
necessário. FACP’s também podem detectar falhas no sistema que exigem reparo e
manutenção. Depois que os sinais de alarme são enviados ao painel de alarme de incêndio, o
painel deve notificar os ocupantes do edifício que uma emergência está em andamento. Códigos
de segurança contra incêndio e vida requerem que a notificação seja audível e visual. Como
alguns ocupantes podem ter problemas auditivos, o código também exige um sinal visual a ser
produzido por uma luz estroboscópica (LYMAN, 2018).
Da análise de confiabilidade de um sistema de alarme de incêndio, tanto o efeito de
redução de risco como o efeito colateral do uso desse sistema podem ser melhores
compreendidos (CHEN, 2011). Revisões dos poucos estudos anteriores das abordagens
existentes para alarmes de incêndio indicam uma série de possíveis fragilidades nos sistemas
de alarme existentes (TONG; CANTER, 1985).
Os falsos alarmes - em termos de engenharia de segurança contra incêndio - são alarmes
de incêndio na ausência de condições reais de fogo. Eles estão relacionados à troca de
informações e ocorrem como efeito colateral das tecnologias do sistema e do processo de
alerta. Os sensores altamente sensíveis nos detectores de incêndio possibilitam a identificação
de incêndios em um estágio inicial, mas isso também torna o FDAS suscetível a alarmes falsos
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(FESTAG, 2016). Os alarmes falsos podem ser reduzidos enquanto aumenta a sensibilidade (ou
seja, diminuindo o tempo de detecção de incêndios reais) (GOTTUK et al., 2002).
Os circuitos da classe A devem poder transmitir um sinal mesmo com uma falha aberta
ou de terra no circuito, enquanto os circuitos da classe B não precisam. A conexão de loop pode
ser "tolerante a falhas", portanto permitindo operação contínua se houver uma quebra no cabo
ou falha do dispositivo. A conexão do FACP aos dispositivos pode ser "endereçável" ou
"supervisionada". Para dispositivos endereçáveis, o monitoramento é realizado pesquisando
dispositivos individuais. Para não endereçável o monitoramento dos dispositivos é realizado
através da detecção de corrente elétrica. O FACP fornece uma pequena corrente que, se
interrompida, indicam problemas como: falha ou dispositivo ausente (SINOPOLI, 2010).

2 REFERENCIAL TEÓRICO

A NBR 5410:2004 (NBR 5410:2004 – ABNT, 2004) define como serviços de segurança
em seu item 3.5.1:
Serviços essenciais numa edificação:
para a segurança das pessoas;
para evitar danos ao ambiente ou aos bens.
Estes serviços requerem também uma alimentação especial ou fonte de segurança,
(NBR 5410:2004 – ABNT, 2004). São exemplos de serviços de segurança:
iluminação de segurança (“iluminação de emergência”);
bombas de incêndio;
elevadores para brigada de incêndio e bombeiros;
sistemas de alarme, como os de incêndio, fumaça, CO e intrusão;
sistemas de exaustão de fumaça;
equipamentos médicos essenciais.
O projeto de sistemas de detecção e alarme de incêndio deve conter todos os elementos
necessários ao seu completo funcionamento, de forma a garantir a detecção de um princípio de
incêndio, no menor tempo possível (NBR 17.240:2010 – ABNT, 2010).
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Figura 1 – Sistema de alarme e detecção e proteção contra incêndio

Fonte: Idris et al. (2020)

Os sistemas de alarme de incêndio são divididos em duas categorias básicas, de acordo


com a maneira que são iniciados ou ativados: automático ou manual. Em um estabelecimento
ASCs é necessária a instalação de um sistema ou outro, dependendo do tamanho e nível da
instalação administrada. Quando há maior risco para ocupantes e pacientes, há uma maior
probabilidade de que um sistema automático seja necessário (LYMAN, 2018).
Não basta simplesmente instalar e manter o sistema de alarme de incêndio no
Estabelecimento Assistencial de Saúde. Deve-se demonstrar a confiabilidade do sistema e
simular seu funcionamento, condicionando os ocupantes da edificação a responderem
rapidamente a seu som característico, abandonando imediatamente a área (ANVISA, 2019),
também recomenda que todo ASCs possua um sistema de alarme de incêndio projetado,
instalado e mantido em conformidade com o disposto na NBR 17.240 (NBR 17.240:2010 –
ABNT, 2010).
Considerando o Decreto Federal n 5.296/2014 (PLANALTO, 2004), as edificações de
uso coletivo, como no caso dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, devem prever
ocupação por deficientes físicos, auditivos e visuais, tomando mandatório que o sistema de
alarme de incêndio contemple sinalização sonora e visual, em conformidade com o disposto na
NBR 9.050 (NBR 9.050:2015 – ABNT, 2015). Em seu item 5.11 a Instrução Técnica
nº19/2019, Corpo de Bombeiros de São Paulo diz: “Onde houver sistema de detecção instalado
será obrigatória à instalação de acionadores manuais” (PM DO ESTADO DE SP, 2019). A
NBR 9077 (NBR 9077:2010 – ABNT, 2010) traz em seu item 4.12 a obrigatoriedade de alarme
de incêndio e comunicação de emergência para ocupaçoes H2 e H3:
4.12.1.2 – devem ser instalados alarme de incêndio, do tipo bitonal (fá-dó), ressalvados
os casos especiais que recomendam somente luminosos, tais como nas ocupações H-2, H-3 e
outras, nos casos previstos na Tabela 8 do Anexo.
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Figura 2 – Camadas de proteção de mitigação e prevenção determinadas em estudos de análise de


risco de processo (PHA)

Fonte: Idris et al. (2020)

2.1 CENTRAL DE ALARME DE INCÊNDIO

A central de alarme e detecção e o painel repetidor devem ficar em local onde haja
constante vigilância humana e de fácil visualização. A central deve acionar o alarme geral da
edificação, devendo ser audível em toda área. (PM DO ESTADO DE SP, 2019). Segundo a
NBR 17.240, a central de alarme e detecção deve verificar as seguintes sinalizações de falha: -
falha na alimentação primária; - falha na ligação da bateria; - baixa isolação ou fuga a terra
(NBR 17.240:2010 – ABNT, 2010).

2.2 SISTEMA DE DETECÇÃO CONVENCIONAL

Sistema composto por um ou mais circuitos de detecção. Cada circuito de detecção é


instalado em uma determinada zona ou área protegida. Quando atuado um dispositivo de
detecção, a central identifica somente a área protegida pelo circuito de detecção onde o
dispositivo está instalado (laço). Este sistema não permite o ajuste do nível de alarme dos
dispositivos de detecção via central (NBR 17.240:2010 – ABNT, 2010).
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2.3 SISTEMA DE DETECÇÃO ENDEREÇÁVEL

Como os sistemas de alarme de intrusão, os alarmes de incêndio podem ser conectados


a vários dispositivos em uma zona de incêndio, os maiores e mais recentes sistemas de alarme
utilizam um loop multiplex, no qual todos os dispositivos estão conectados o mesmo loop, com
cada dispositivo tendo seu próprio identificador ou endereço exclusivo. Esse tipo de sistema é
conhecido como sistema multiplexável ou endereçável (FENNELY, 2020).
Segundo a NBR 17.240 (NBR 17.240:2010 – ABNT, 2010), para sistemas endereçáveis,
o limite de dispositivos é dado pelas especificações documentadas do fabricante, entretanto
deve-se prever a instalação de módulos isoladores, de forma a separar os dispositivos em zonas.
Essas zonas devem atender aos mesmos critérios adotados para sistemas convencionais.

Figura 3 – Modelagem básica de sistema de alarme e detecção de incêndios

Fonte: Sinopoli (2010)

2.4 DETECTORES DE INCÊNDIO PONTUAIS DE FUMAÇA, ACIONADORES


MANUAIS E AVISADORES SONOROS E/ OU VISUAIS – PERIFÉRICOS

Conforme a NBR 17.240 (NBR 17.240:2010 – ABNT, 2010), a seleção do tipo e do


local de instalação dos detectores de ser efetuado com base nas características mais prováveis
de um princípio de incêndio, considerando os parâmetros: aumento da temperatura, produção
de fumaça, produção de chama, materiais existentes nas áreas protegidas, forma e altura do teto,
ventilação do ambiente, temperaturas típicas, entre outras.
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Os detectores pontuais de fumaça devem atender os requisitos da ISO 7240 e ISO 7240-
15. Eles são utilizados para monitorar basicamente todos os tipos de ambientes, cuja
característica no início da combustão é a geração de fumaça. Detectores de fumaça
fotoelétricos: este tipo de detector contém um olho elétrico, gerando um feixe de luz
infravermelha (IR) dentro de sua caixa. Quando a fumaça entra no detector, ela refrata a luz
infravermelha e um alarme é acionado em resposta. Em ambientes com a presença de vapor,
gases ou muitas partículas em suspensão, onde os detectores estariam sujeitos a alarmes
indesejáveis, alternativas com outros tipos de detectores devem ser analisadas (NBR
17.240:2010 – ABNT, 2010).
O acionador manual deve ser instalado em local de trânsito de pessoas em caso de
emergência, como saída de áreas de trabalho, áreas de lazer, corredores, saídas de emergência
etc. Os avisadores sonoros e/ ou visuais devem ser instalados em quantidades suficientes, nos
locais que permitam sua visualização e/ ou audição. Eles devem ser supervisionados pela
central, com relação a rompimentos de fios e cabos em suas ligações. Nos sistemas de alarme
e detecção de incêndio, todos os avisadores sonoros e visuais devem possuir tensão de operação
nominal de 24 Vcc (NBR 17.240:2010 – ABNT, 2010).

Figura 4 - Configuração da instalação do sistema de alarme e detecção - ilustração

Fonte: Dados da pesquisa (2020)


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2.5 CIRCUITOS ELÉTRICOS DO SISTEMA

Figura 5 – Modelos de ligação elétrica para central de alarme e detecção

Fonte: Dados da pesquisa (2020)

2.6 FIAÇÕES, FALHAS, ALARMES FALSOS E TEMPO DE RESPOSTA DE


SINALIZAÇÃO

Os circuitos dos sistemas de detecção e alarme de incêndio devem atender aos requisitos
da NBR 5410 (NBR 5410:2004 – ABNT, 2004). Os condutores devem ser de cobre, blindados
e ter isolação não propagante à chama. Os condutores elétricos dos cabos multipares devem ter
bitola mínima de 0,50 mm². Estes circuitos devem ser protegidos contra influências capacitivas
e indutivas, bem como, isolação contra campos eletromagnéticos. Não são permitidas soldas ou
emendas de fios ou cabos dentro de eletrodutos, bandejas, calhas, caixas de ligação e de
passagem. Quando necessárias, devem ser feitas em bornes, ou em caixas terminais apropriadas
(NBR 17.240:2010 – ABNT, 2010).
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Figura 6 – Tipificação e causa de falsos alarmes

Fonte: Festag (2016)

O item 6.1.5 da NBR 17.240 (NBR 17.240:2010 – ABNT, 2010) traz em relação a falhas
e falsos alarmes:
todos os circuitos de detecção, alarme e comando devem ser supervisionados contra
interrupção de linha e esta sinalizada como falha;
todos os circuitos de detecção devem ser protegidos contra curto-circuito,
sinalizando a ocorrência;
os circuitos de alarme e comando devem ser protegidos contra rompimento e curto-
circuito, sinalizando a ocorrência.
O ensaio de atuação deve ser efetuado fazendo-se entrar em condição de alarme um
detector ou acionador manual correspondente, deve atuar dentro de 30s (NBR 17.240/2010).

3 MATERIAIS DE MÉTODOS

Para testar o funcionamento do sistema e avaliar os parâmetros (falhas, alarmes falsos,


tempo de resposta) realizou-se o monitoramento de dois sistemas endereçáveis de alarme e
detecção de incêndio em duas unidades hospitalares da Serra gaúcha. Cada um dos sistemas
possui um tipo de modelagem das ligações elétricas: Hospital de Antônio Prado (ligação Classe
A) e Hospital de Flores da Cunha (ligação Classe B).
Nas duas unidades hospitalares foram instaladas centrais de alarme e detecção de
incêndio da marca TECNOHOLD, modelo SAFIRA L250A, que permite a ligação de até 250
periféricos, de maneira endereçável e monitoramento pontual ininterrupto. Nas Figuras 6 e 7
demonstram-se as duas instalações:
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Figura 7 – Ligação elétrica em loop (CLASSE A)


Unidade 01) – Hospital Antônio Prado (Anexo planta isométrica da instalação)
Cabo retorna a central - Manual Tecnohold 2015

Fonte: Produção do Autor (2020)

Figura 8 – Ligação elétrica em espinha de peixe (CLASSE B)


Unidade 02) – Hospital Flores da Cunha (Anexo planta isométrica da instalação)
Cabo não retorna a central - Manual Tecnohold 2015

Fonte: Produção do Autor (2020)

Para relatar as similaridades e eventuais diferenças dos dois sistemas, veja a Tabela 1.
Observando a Tabela 1, podemos dimensionar as instalações de alarme e detecção em estudo.
Conhecidos os sistemas analisados, passaremos a organizar a coleta dos dados. Neste estudo
tomamos como referência os ensaios referenciados na norma brasileira NBR 17.240/2010
(NBR 17.240:2010 – ABNT, 2010), sejam eles: registro do número de falhas e alarmes falsos,
bem como, o tempo de sinalização dos sistemas.
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Tabela 1 – Sistemas de alarme e detecção


*Antônio Prado - Flores da Cunha (Anexo 1: esquema isométrico das instalações)
Unidade 02
FACP TECNOHOLD Unidade 01
Flores da
SAFIRA L250A Antônio Prado
Cunha
Tipo de ligação elétrica Classe A Classe B
Acionadores manuais 25 25
Detectores pontuais de fumaça 156 211
Sinalizadores audiovisuais 25 25
Comprimento da instalação em metros (até o
185 214
periférico mais distante)
Fonte: Dados da pesquisa (2020)

4 RESULTADOS E DICUSSÕES.

Num primeiro momento programou-se a central de incêndio TECNOHOLD no modo


“manutenção”, durante 10 dias, na unidade 01 e na unidade 02. Desta forma, a central de alarme
de incêndio, registra todos os alarmes falsos e falhas apresentadas pelo sistema durante o
período de monitoramento. Os dados foram coletados na FACP e registrados dentro do período
de coleta. De posse destes dados passaremos a analisar os resultados. A Tabela 2 demostra a
coleta no período.

Tabela 2 – Registro de falhas e alarmes falsos no período


Unidade 01 (Classe A) Unidade 02 (Classe B)
FACP
Antônio Prado - RS Flores da Cunha - RS
TECNOHOLD
Alarmes Alarmes
Safira L250A Falhas Falhas
Falsos Falsos
Dia 01 - - Detector 201 X
Dia 02 - - Detector 201 X
Dia 03 - - - -
Dia 04 - - - -
Dia 05 - - Detector 134 X
Dia 06 - - Detector 134 X
Ar Condicionado*
Dia 07 X - -
Detector 96
Dia 08 - - Acionador 02 X
Dia 09 - - - -
Ar Condicionado*
Dia 10 Acionador 04 X X
Detector 107
TOTAL 02 02 06 06
Fonte: Dados da pesquisa (2020)
14

Por outro lado, efetuou-se o ensaio previsto em norma para descobrir o tempo de
resposta de sinalização dos referidos sistemas, completando o tripé de informações que foram
coletadas neste estudo: número de falhas, alarmes falsos e tempo de resposta de sinalização.
Para realizar este teste utilizou-se um “spray” especial para testes de detectores pontuais
de fumaça. Após o uso do equipamento, segundo os procedimentos definidos pelo fabricante,
registrou-se os tempos de resposta de sinalização dos diferentes sistemas, testando cada sistema
05 vezes. Construiu-se o gráfico abaixo com os resultados, com os tempos medidos em
segundos (s):

Figura 9 – Tempo de Resposta de Sinalização (s)


16
14
12
10
8 Unidade 01
Unidade 02
6
4
2
0
Ensaio 1 Ensaio 2 Ensaio 3 Ensaio 4 Ensaio 5
Fonte: Dados da pesquisa (2020)

Por fim, analisamos a qualidade do sinal elétrico da instalação. A medição será


executada no ponto mais distante da central, ou seja, no periférico que teoricamente, estaria
recebendo o sinal elétrico de pior qualidade. Essa medição se faz necessária para analisar se o
sinal elétrico está interferindo no registro de falsos alarmes ou falhas, durante o monitoramento
e varredura do sistema.

Tabela 3 – Medições da qualidade do sinal elétrico da instalação


FACP
Unidade 01 Antônio Prado Unidade 02 Flores da Cunha
TECNOHOLD
(+Vcc) (+Vcc)
Safira L250A
Acionador 23 19
Detector 22,5 18,5
Fonte: Dados da pesquisa (2020)
15

A partir dos resultados podemos analisar o funcionamento dos dois sistemas em análise.
É possível observar pela Tabela 2 que o número de falhas e alarmes falsos ocorre com maior
frequência no sistema da Unidade 02. O número de ocorrências dentro do período de coleta de
dados é três vezes maior que na Unidade 01. Esse padrão está diretamente associado à
modelagem elétrica escolhida. Da mesma forma, no Gráfico 1, fica evidenciado a diferença de
velocidade no tempo de sinalização. O sistema em loop (Classe A) produz uma resposta mais
rápida e efetiva que o sistema espinha de peixe (Classe B), em 80% dos ensaios. Em apenas um
deles, justamente no detector mais próximo a central é que os tempos de sinalização se
equivalem. A interação com a central e a resposta a possíveis sinistros se mostra mais efetiva
na ligação Classe A. Por fim, ao analisarmos a qualidade do sinal elétrico das instalações, no
periférico mais distante da central do FDAs, verificamos uma pequena diferença de qualidade
do sinal elétrico no sistema da Unidade 01, fato que corrobora com os dados coletados
anteriormente. Uma curiosidade que deve ser considerada neste estudo é a interferência dos
equipamentos de climatização na geração de alarmes falsos: é preciso escolher um local
adequado para a instalação dos detectores, ou seja, que os mesmos não sejam instalados
próximos à saída de ar dos equipamentos, diminuindo assim a possibilidade de eventos
indesejados na central de alarme e detecção.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a análise de dados e as verificações dos sistemas FDAs em análise conclui-se que a
modelagem em loop (Classe A) apresenta resultados mais eficientes em termos de
confiabilidade, qualidade do sinal elétrico e tempo de resposta de sinalização. Em resumo o
sistema em loop permite uma comunicação mais ágil e eficiente com a central de alarme e
detecção, pois a varredura do sistema ocorre nos dois sentidos, diminuindo o tempo de resposta
da instalação. Por outro lado, o sistema executado em espinha de peixe (Classe B) produz
resultados menos significativos, porém vale destacar, que o sistema Classe B também apresenta
condições de atendimento aos requisitos normativos, ficando a cargo do projetista a escolha da
modelagem elétrica a ser utilizada. No caso de hospitais e unidades de saúde (ACSs) é preciso
considerar que a mobilidade reduzida dos ocupantes requer um sistema com alta confiabilidade,
bem como, com tempo de resposta de sinalização reduzido, para que em caso de sinistros os
responsáveis pelo plano de evacuação consigam realizar a remoção de todos os ocupantes da
edificação com segurança. Da mesma forma, a reação da brigada de incêndio a um eventual
incêndio, ocorra no menor tempo possível.
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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – ANVISA. Segurança contra


Incêndio em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde [manual]. 2019. Disponível em:
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Sistemas de detecção e alarme de incêndio – Projeto, instalação, comissionamento e
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______. NFPA 72:2010 – National Fire Alarm and Signaling Code, 2010 Edition. Disponível
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