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ESTADO DE GOIÁS
SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
SUMÁRIO
1. Objetivo
2. Aplicação
3. Referências normativas e bibliográficas
4. Definições
5. Conceitos Gerais de Segurança contra incêndio
6. Instalações preventivas de segurança contra
incêndio e pânico
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NORMA TÉCNICA 02/2014 – Conceitos básicos de segurança contra incêndio
2. APLICAÇÃO 4. DEFINIÇÕES
A segurança contra incêndio é um dos tópicos
2.1 Esta Norma Técnica se aplica a todos os projetos e
abordados mais importantes na avaliação e
execuções das medidas e Instalações Preventivas de
planejamento da proteção de uma coletividade. O
Segurança Contra Incêndio e Pânico.
termo “prevenção de incêndio” expressa tanto a
educação pública como as medidas de segurança
contra incêndio em um edifício.
3. REFERÊNCIAS NORMATIVAS E
BIBLIOGRÁFICAS A implantação da prevenção de incêndio se faz por
meio das atividades que visam a evitar o
Instrução Técnica n. 02/2011 – CBPMESP. surgimento do sinistro, possibilitar sua extinção e
reduzir seus efeitos antes da chegada do Corpo de
BERTO, A. Proteção Contra Incêndio em Estruturas de Bombeiros.
Aço. In: Tecnologia de Edificações. São Paulo: Pini,
1988. As atividades relacionadas com a educação
BERTO, A. Segurança ao Fogo em Habitação de consistem no preparo da população por meio da
Madeira de Pinus PP – Pressupostos básicos. In: difusão de idéias que divulgam as medidas de
Tecnologia de Edificações. São Paulo: Pini, 1988. segurança para evitar o surgimento de incêndios
DE FARIA, M. M. Manual de Normas Técnicas do nas ocupações. Buscam, ainda, ensinar os
Corpo de Bombeiros para Fins de Análise de Projetos procedimentos a serem adotados pelas pessoas
(Propostas) de Edificações. São Paulo: Caes/PMESP, diante de um incêndio, os cuidados a serem
1998. observados com a manipulação de produtos
INSTRUCCION TECNICA 07.09. Sistemas de Espuma. perigosos e também os perigos das práticas que
Instalaciones Fijas (generalidades). ITSEMAP. geram riscos de incêndio.
Espanha: 1989. As atividades que visam à proteção contra
INSTRUCCIÓN TECNICA 07.10. Instalaciones Fijas de incêndio dos edifícios podem ser agrupadas em:
CO2: Generalidades. Sistemas de Inundacion.
ITSEMAP. Espanha: 1986. a) Atividades relacionadas com as exigências
INSTRUCCION TECNICA 07.11. Sistemas Fijos de de medidas de proteção contra incêndio nas
CO2: Sistemas de aplicacion local y otros. ITSEMAP. diversas ocupações;
Espanha: 1987.
b) Atividades relacionadas com a extinção,
IPT. 1° relatório – Elaboração de requisitos técnicos
perícia e coleta de dados dos incêndios pelos
relativos às medidas de proteção contra incêndio. In:
órgãos públicos, que visam a aprimorar
Relatório n. 28826. São Paulo: 1990.
técnicas de combate e melhorar a proteção
IPT. 2° relatório – Elaboração de requisitos técnicos
contra incêndio por meio da investigação,
relativos às medidas de proteção contra incêndio. In:
estudo dos casos reais e estudo quantitativo
Relatório n. 28904. São Paulo: 1990.
dos incêndios.
IPT. 3° relatório – Elaboração de requisitos técnicos
relativos às medidas de proteção contra incêndio. In: A proteção contra incêndio deve ser entendida
Relatório n. 28922. São Paulo: 1990. como o conjunto de medidas para a detecção e
IPT – Elaboração de documentação técnica necessária controle do crescimento e sua consequente
para a complementação da regulamentação estadual de contenção ou extinção.
proteção contra incêndio. In: Relatório n. 28916. São
Essas medidas dividem-se em:
Paulo: 1990.
KATO, M. F. Propagação Superficial de Chamas em a) Medidas ativas de proteção que abrangem a
Materiais. In: Tecnologia de Edificações. São Paulo: detecção, alarme e extinção do fogo
Pini, 1988. (automática e/ou manual);
MACINTYRE, A. J. Instalações Hidráulicas Prediais e
b) Medidas passivas de proteção que abrangem
Industriais. 2ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara, 1988.
o controle dos materiais, meios de escape,
NATIONAL FIRE PROTECTION ASSOCIATION.
Manual de Protecion Contra Incendio. 4ª edição.
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NORMA TÉCNICA 02/2014 – Conceitos básicos de segurança contra incêndio
como o trabalho, só se manifesta num processo de Estando a mistura fora desses limites, não
transformação. ocorrerá a ignição.
Podemos ainda definir incêndio como sendo o fogo Os materiais sólidos não queimam através de
indesejável, qualquer que seja sua dimensão. mecanismos tão precisos e característicos como
os dos líquidos e gases.
Como foi dito, o comburente é o oxigênio do ar e sua
composição porcentual no ar seco é de 20,99%. Os Nos materiais sólidos, a área específica é um fator
demais componentes são o nitrogênio, com 78,03%, e importante para determinar sua razão de queima,
outros gases (CO2, Ar, H2, He, Ne, Kr), com 0,98%. ou seja, a quantidade do material queimado na
unidade de tempo, que está associado à
O calor, por sua vez, pode ter como fonte a energia
quantidade de calor gerado e, portanto, à elevação
elétrica, o cigarro aceso, os queimadores a gás, a fricção
da temperatura do ambiente. Um material sólido
ou mesmo a concentração da luz solar através de uma
com igual massa e com área específica diferente,
lente.
como exemplo de 1 m² e 10 m², queima em
O fogo se manifesta diferentemente em função da tempos inversamente proporcionais; contudo,
composição química do material. De outra maneira, um libera a mesma quantidade de calor. No entanto, a
mesmo material pode queimar de modo diferente em temperatura atingida no segundo caso será bem
função da sua superfície específica, das condições de maior.
exposição ao calor, da oxigenação e da umidade
Por outro lado, não se pode afirmar que isso é
contida.
sempre verdade; no caso da madeira, observa-se
A maioria dos sólidos combustíveis possui um que, quando apresentada em forma de serragem,
mecanismo sequencial para sua ignição. O sólido ou seja, com áreas específicas grandes, não se
precisa ser aquecido, quando então desenvolve vapores queima com grande rapidez.
combustíveis que se misturam com o oxigênio, formando
Comparativamente, a madeira em forma de pó
a mistura inflamável (explosiva), à qual igniza-se na
pode formar uma mistura explosiva com o ar,
presença de uma pequena chama (ou mesmo fagulha
comportando-se, desta maneira, como um gás que
ou centelha) ou em contato com uma superfície
possui velocidade de queima muito grande.
aquecida acima de 500°C, dando origem à chama na
superfície do sólido, que fornece mais calor, aquecendo No mecanismo de queima dos materiais sólidos
mais materiais e assim sucessivamente. temos a oxigenação como outro fator de grande
importância.
Alguns sólidos pirofóricos (sódio, fósforo, magnésio etc.)
não se comportam conforme o mecanismo acima Quando a concentração em volume de oxigênio no
descrito. ambiente cai para valores abaixo de 14%, a
maioria dos materiais combustíveis existentes no
Os líquidos inflamáveis e combustíveis possuem
local não mantém a chama na sua superfície.
mecanismos semelhantes, ou seja, o líquido, ao ser
aquecido, vaporiza-se e o vapor se mistura com o A duração do fogo é limitada pela quantidade de ar
oxigênio, formando a “mistura inflamável” (explosiva) e do material combustível no local. O volume de ar
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que ignizam-se na presença de uma pequena chama existente numa sala de 30 m irá queimar 7,5 kg de
(ou mesmo fagulha ou centelha), ou em contato com madeira, portanto, o ar necessário para a
superfícies aquecidas acima de 500°C, dando origem à alimentação do fogo dependerá das aberturas
chama na superfície do líquido, que aumenta a existentes na sala.
vaporização e a chama. A quantidade de chama fica
Vários pesquisadores (Kawagoe, Sekine, Lie)
limitada à capacidade de vaporização do líquido.
estudaram o fenômeno, e a equação apresentada
Os líquidos são classificados pelo seu ponto de fulgor, por Lie é:
ou seja, pela menor temperatura na qual liberam uma
V' = a H’ B Vm
quantidade de vapor que, ao contato com uma chama,
produzem um lampejo (uma queima instantânea). Em que:
Entretanto, existe outra classe de líquidos, denominados V' = vazão do ar introduzido;
instáveis ou reativos, cuja característica é de se
a = coeficiente de descarga;
polimerizar, decompor, condensar violentamente ou
ainda de se tornar auto-reativo sob condições de H'= altura da seção do vão de ventilação abaixo do
choque, pressão ou temperatura, podendo desenvolver plano neutro;
grande quantidade de calor.
B = largura do vão;
A mistura inflamável vapor-ar (gás-ar) possui uma faixa
ideal de concentração para se tornar inflamável ou Vm = velocidade média do ar;
explosiva, e os limites dessa faixa são denominados Considerando L o volume de ar necessário para a
limite inferior de inflamabilidade e limite superior de queima completa de kg de madeira, a taxa máxima
inflamabilidade, expressos em porcentagem ou volume. de combustão será dada por V’/L, isto é:
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NORMA TÉCNICA 02/2014 – Conceitos básicos de segurança contra incêndio
V’ a H’B V’ m
R= x
L L
Da taxa de combustão ou queima, segundo os
pesquisadores, pode-se definir a seguinte expressão
representando a quantidade de peso de madeira
equivalente, consumida na unidade de tempo:
R = C Av H
Em que:
R = taxa de queima (kg/min);
5/2
C = Constante = 5,5 Kg/mim m ;
Av = HB = área da seção de ventilação (m²); Figura 3 – Curva temperatura tempo de um
incêndio
H = altura da seção (m);
Av =
5/2
= grau de ventilação (Kawagoe) (m ); A primeira fase inicia-se como ponto de
inflamação inicial e caracteriza-se por grandes
Quando houver mais de uma abertura de ventilação, variações de temperatura de ponto a ponto,
deve-se utilizar um fator global igual a: ocasionadas pela inflamação sucessiva dos
objetos existentes no recinto, de acordo com a
Ai √ Hi
alimentação de ar.
A razão de queima em função da abertura fica, portanto:
Normalmente os materiais combustíveis
R = 5,5 Av √H para a queima em kg/min;
(materiais passíveis de se ignizarem) e uma
R = 330 Av √ H para a queima em kg/h; variedade de fontes de calor coexistem no
interior de uma edificação.
Essa equação diz que o formato da seção tem grande
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influência. Por exemplo, para uma abertura de 1,6 m (2
A manipulação acidental destes elementos é,
m x 0,8 m) teremos:
potencialmente, capaz de criar uma situação de
Sendo: perigo.
2,0 m a largura = R1 = 7,9 kg/min;
Dessa maneira, os focos de incêndio originam-
2,0 m a altura = R2 = 12,4 kg/min; se em locais em que fonte de calor e materiais
combustíveis são encontrados juntos, de tal
Por outro lado, se numa área de piso de 10 m² existir
forma que, ocorrendo a decomposição do
500 kg de material combustível expresso em equivalente
material pelo calor, são desprendidos gases
em madeira, ou seja, se a carga de incêndio específica
que podem se inflamar.
for de 50 kg/m² e a razão de queima devido à abertura
para ventilação tiver o valor de R1 e R2 acima calculado,
Considerando-se que diferentes materiais
então a duração da queima será respectivamente de 40
combustíveis necessitam receber diferentes
min e 63 min.
níveis de energia térmica para que ocorra a
O cálculo acima tem a finalidade de apresentar o ignição, é necessário que as perdas de calor
princípio para determinação da duração do incêndio real; sejam menores que a soma de calor
não busca determinar o Tempo Requerido de proveniente da fonte externa e do calor gerado
Resistência ao Fogo (TRRF) das estruturas. no processo de combustão.
Este cálculo é válido somente para uma abertura
Neste sentido, se a fonte de calor for pequena,
enquanto as outras permanecem fechadas (portas ou
ou a massa do material a ser ignizado for
janelas); caso contrário, deve-se redimensionar a
grande, ou ainda sua temperatura de ignição for
duração do incêndio para uma nova ventilação existente.
muito alta, somente irão ocorrer danos locais
5.1.2 Evolução de um incêndio sem a evolução do incêndio.
A evolução do incêndio em um local pode ser
Se a ignição definitiva for alcançada, o material
representada por um ciclo com três fases características:
continuará a queimar desenvolvendo calor e
1) Fase inicial de elevação progressiva da produtos de decomposição. A temperatura
temperatura (ignição); subirá progressivamente, acarretando a
acumulação de fumaça e outros gases e
2) Fase de aquecimento;
vapores junto ao teto.
Fase de resfriamento e extinção;
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NORMA TÉCNICA 02/2014 – Conceitos básicos de segurança contra incêndio
Os gases quentes, assim como a fumaça, gerados No incêndio, devido ao alto nível de energia em
por uma fonte de calor (material em combustão), que ficam expostos, os materiais destilam
fluem no sentido ascendente com formato de cone gases combustíveis que não queimam no
invertido. Esta figura é denominada "plume". ambiente por falta de oxigênio. Estes gases
superaquecidos que saem pelas aberturas com
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NORMA TÉCNICA 02/2014 – Conceitos básicos de segurança contra incêndio
baseado nos princípios de engenharia. O processo diferença será grande, caso sejam utilizados
deve ter a flexibilidade e a liberdade de seleção de aquecedores ou ar condicionado no edifício.
método e da estrutura do sistema de segurança para
promover os requisitos num nível de segurança que Para as estações quentes e frias, as condições
se deseja. meteorológicas devem ser determinadas pelos
dados estatísticos meteorológicos da região na
Em outras palavras, o objetivo do projeto de qual está situado o edifício. Pode-se determinar
segurança de prevenção ao fogo (fumaça) é obter a temperatura do ar e a velocidade, coeficiente
um sistema que satisfaça as conveniências das de pressão e a direção do vento.
atividades diárias, devendo ser econômico,
garantindo a segurança necessária sem estar O andar do prédio em que se iniciou o incêndio
limitado por método ou estruturas especiais deve ser analisado, considerando-se o efeito da
prefixados. ventilação natural (movimento ascendente ou
descendente da fumaça) através das aberturas
Existem vários meios para controlar o movimento da ou dutos durante o período de utilização, ou
fumaça, e todos eles têm por objetivo encontrar um seja, o prédio é aquecido no inverno e resfriado
meio ou um sistema levando-se em conta as no verão. Considerando-se esses dados, os
características de cada edifício. estudos devem ser levados a efeito nos
andares inferiores no inverno (térreo, sobreloja
e segundo andar) ou nos andares superiores e
inferiores no verão (os dois últimos andares do
prédio e térreo).
Para se determinar as temperaturas dos vários Dessa forma há duas maneiras de isolar uma
ambientes do edifício, deve-se considerar que os edificação em relação à outra. São:
mesmos não sofreram modificações com o tempo.
1) por meio de distanciamento seguro
A temperatura média no local do fogo é de 900°C (afastamento) entre as fachadas das
com o incêndio totalmente desenvolvido no edificações e
compartimento.
2) por meio de barreiras estanques entre
6 INSTALAÇÕES PREVENTIVAS edifícios contíguos;
DE PROTEÇÃO CONTRA
Com a previsão das paredes corta-fogo, uma
INCÊNDIO. edificação é considerada totalmente estanque
em relação à edificação contígua.
6.1 PROTEÇÃO PASSIVA
O distanciamento seguro entre edifícios pode
6.1.1 Isolamento de risco ser obtido por meio de uma distância mínima
horizontal entre fachadas de edifícios
A Propagação do incêndio entre edifícios isolados adjacentes, capaz de evitar a propagação de
pode se dar através dos seguintes mecanismos: incêndio entre os mesmos, decorrente do calor
transferido por radiação térmica através da
1) Radiação térmica, emitida: fachada e/ou por convecção através da
cobertura.
a) pelas aberturas existentes na
fachada do edifício incendiado; Em ambos os casos o incêndio irá se propagar,
b) pela cobertura do edifício incendiado; ignizando através das aberturas os materiais
localizados no interior dos edifícios adjacentes
c) pelas chamas que saem pelas e/ou ignizando materiais combustíveis
aberturas na fachada ou pela localizados em suas próprias fachadas.
cobertura;
d) pelas chamas desenvolvidas pela
própria fachada, quando esta for
composta por materiais
combustíveis;
1) lajes corta-fogo;
segurança contra incêndio, deve ser retirado de uma à fumaça que podem desenvolver na medida
correlação entre os índices ou categorias obtidos nos em que são expostos a uma situação de início
ensaios e a função do elemento construtivo de incêndio. Em função da quantidade de
(conseqüentemente, sua provável influência no fumaça que podem produzir, e da opacidade
incêndio). dessa fumaça, os materiais incorporados aos
elementos construtivos podem provocar
A influência de determinado elemento construtivo na empecilhos importantes à fuga das pessoas e
evolução de um incêndio se manifesta de duas ao combate do incêndio.
maneiras distintas.
Para avaliar esta característica, deve-se utilizar
A primeira delas se refere à posição relativa do o método de ensaio para determinação da
elemento no ambiente. Por exemplo, a propagação densidade ótica da fumaça produzida na
de chamas na superfície inferior do forro é fator combustão ou pirólise dos materiais.
comprovadamente mais crítico para o
desenvolvimento do incêndio do que a propagação O controle da quantidade de materiais
de chamas no revestimento do piso, pois a combustíveis incorporados aos elementos
transferência de calor, a partir de um foco de construtivos apresenta dois objetivos distintos.
incêndio, é geralmente muito mais intensa no forro; O primeiro é dificultar a ocorrência da
nesse sentido, o material de revestimento do forro inflamação generalizada no local em que o
deve apresentar um melhor desempenho nos incêndio se origina. O segundo, considerando
ensaios de laboratório. que a inflamação generalizada tenha ocorrido,
é limitar a severidade além do ambiente em que
O outro tipo de influência se deve ao local em que o se originou.
material está instalado: por exemplo, a propagação
de chamas no forro posicionado nas proximidades Com relação ao primeiro objetivo está
das janelas, em relação ao forro afastado das relacionado à utilização intensiva de
janelas, é um fator acentuadamente mais crítico para revestimentos combustíveis capazes de
a transferência do incêndio entre pavimentos, pois, contribuir para o desenvolvimento do incêndio,
além de sua eventual contribuição para a emissão de que sofrem ignição e levam as chamas para
chamas para o exterior, estará mais exposto (quando outros objetos combustíveis, além do material /
o incêndio se desenvolver em um pavimento inferior) objeto em que o fogo se iniciou.
a gases quentes e a chamas emitidas através das
janelas inferiores. Algo semelhante se dá em relação Com relação ao segundo objetivo, quanto maior
à propagação do incêndio entre edifícios, em que os for a quantidade de materiais combustíveis
materiais combustíveis incorporados aos elementos envolvidos no incêndio, maior severidade este
construtivos nas proximidades das fachadas podem poderá assumir, aumentando assim o seu
facilitar a propagação do incêndio entre edifícios. potencial de causar danos e a possibilidade de
se propagar para outros ambientes do edifício.
Os dois métodos de ensaio básicos para avaliar as
características dos materiais constituintes do sistema O método para avalizar a quantidade de calor
construtivo, sob o ponto de vista de sustentar a com que os materiais incorporados aos
combustão e propagar as chamas, são os seguintes: elementos construtivos podem contribuir para o
desenvolvimento do incêndio é denominado
1) Ensaio de incombustibilidade, que “ensaio para determinação do calor potencial”.
possibilitam verificar se os materiais são
passíveis de sofrer a ignição e, portanto,
esses ensaios possuem capacidade de
contribuir para a evolução da prevenção de
incêndio;
Essas ações devem ser rápidas e seguras, e 6.2.5 Localização das saídas e das escadas de
normalmente utilizam os meios de acesso da segurança
edificação, que são as próprias saídas de
emergência ou escadas de segurança utilizadas para As saídas (para um local seguro) e as escadas
a evacuação de emergência. devem ser localizadas de forma a propiciar
efetivamente aos ocupantes a oportunidade de
Para isso ser possível, as rotas de fuga devem escolher a melhor rota de escape.
atender, entre outras, às seguintes condições
básicas.
menos 10 m entre elas, de forma que um único foco 6.2.6 Projeto e construção das escadas de
de incêndio impossibilite os acessos. segurança
Para prevenir que o fogo e a fumaça desprendidos Dependendo da situação, tais portas podem ser
por meio das fachadas do edifício penetrem em à prova de fumaça, corta-fogo ou ambas.
eventuais aberturas de ventilação na escada e
antecâmara, deve ser mantida uma distância
horizontal mínima entre estas aberturas e as janelas
do edifício.
6.2.8 Corredores
A iluminação de emergência, para fins de segurança Sua previsão deve ser feita nas rotas de fuga,
contra incêndio, pode ser de dois tipos: tais como corredores, acessos, passagens
antecâmara e patamares de escadas.
1) de balizamento;
Seu posicionamento, distanciamento entre
2) de aclaramento. pontos e sua potência são determinados nas
Normas Técnicas Oficiais.
incêndio, de tal forma que o combate ao fogo possa Figura 33 – Fachada do edifício da Cesp (SP),
ser iniciado sem demora e não seja necessária a que não proporcionou acesso às viaturas do
utilização de linhas de mangueiras muito longas. Corpo de Bombeiros.
Também muito importante a aproximação de viaturas
com escadas e plataformas aéreas para realizar Uma vez que o fogo foi descoberto, a
salvamentos pela fachada. seqüência de ações normalmente adotada é a
seguinte: alertar o controle central do edifício;
Para isto, se possível, o edifício deve estar localizado fazer a primeira tentativa de extinção do fogo,
ao longo de vias públicas ou privadas que alertar os ocupantes do edifício para iniciar o
possibilitam a livre circulação de veículos de combate abandono do edifício e informar o serviço de
e o seu posicionamento adequado em relação às combate a incêndios (Corpo de Bombeiros). A
fachadas, aos hidrantes e aos acessos ao interior do detecção automática é utilizada com o intuito de
edifício. Tais vias também devem ser preparadas vencer de uma única vez esta série de ações,
para suportar os esforços provenientes da circulação, propiciando a possibilidade de tomar-se uma
estacionamento e manobras desses veículos. atitude imediata de controle de fogo e da
evacuação do edifício.
O número de fachada que deve permitir a
aproximação dos veículos de combate deve ser O sistema de detecção e alarme pode ser
determinado tendo em conta a área de cada dividido basicamente em cinco partes:
pavimento, a altura e o volume total do edifício.
1) Detector de incêndio, que se constitui em
6.4 Meios de Aviso e Alerta partes do sistema de detecção que
constantemente ou em intervalos pára a
Sistema de alarme manual contra incêndio e detecção de incêndio em sua área de
detecção automática de fogo e fumaça atuação. Os detectores podem ser
divididos de acordo com o fenômeno que
Quanto mais rapidamente o fogo for descoberto, detectar em:
correspondendo a um estágio mais incipiente do
incêndio, tanto mais fácil será controlá-lo; além disso, a) térmicos, que respondem a
maiores serão as chances dos ocupantes do edifício aumentos da temperatura;
escaparem sem sofrer qualquer injúria.
b) de fumaça, sensíveis a produtos de
combustíveis e/ou pirólise
suspenso na atmosfera;
b) transmitir o sinal recebido por meio de O sistema de detecção automática deve ser
equipamento de envio de alarme de instalado em edifícios quando as seguintes
incêndio para, por exemplo: condições sejam simultaneamente
preenchidas:
i. acionar o alarme automático no
pavimento afetado pelo fogo; 1) início do incêndio não pode ser
prontamente percebido pelos seus
ii. acionar o alarme automático no ocupantes a partir de qualquer parte do
pavimento afetado pelo fogo; edifício;
iii. dar o alarme temporizado para todo 2) grande número de pessoas para
o edifício; acionar uma instalação evacuar o edifício;
automática de extinção de incêndio;
fechar portas; etc; 3) tempo de evacuação excessivo;
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NORMA TÉCNICA 02/2014 – Conceitos básicos de segurança contra incêndio
2) requerer ações que contribuam para a 6.6.1 Extintores portáteis e Extintores sobre
segurança contra incêndio; rodas (carretas)
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NORMA TÉCNICA 02/2014 – Conceitos básicos de segurança contra incêndio
O extintor portátil é um aparelho manual, constituído Deverão ser previstas no mínimo duas
de recipiente e acessório, contendo o agente extintor unidades extintoras, sendo destinadas para
destinado a combater princípios de incêndio. proteção de incêndio em sólidos e
equipamentos elétricos energizados,
O extintor sobre rodas (carreta) também é constituído independentemente da área, do risco a
em um único recipiente com agente extintor para proteger e da distância a percorrer.
extinção do fogo, porém com capacidade de agente
extintor em maior quantidade. Os parâmetros acima descritos são definidos
de acordo com o risco de incêndio do local.
As previsões destes equipamentos nas edificações
decorrem da necessidade de se efetuar o combate Quanto aos extintores sobre rodas, estes
ao incêndio imediato, após a sua detecção em sua podem substituir até a metade da capacidade
origem, enquanto são pequenos focos. dos extintores em um pavimento, não podendo,
porém, ser previstos como proteção única para
Esses equipamentos primam pela facilidade de uma edificação ou pavimento.
manuseio, de forma a serem utilizados por homens e
mulheres, contando unicamente com um treinamento Tanto os extintores portáteis como os extintores
básico. sobre rodas devem possuir selo ou marca de
conformidade de órgão competente ou
Além disso, os preparativos necessários para o seu credenciado, e ser submetidos a inspeções e
manuseio não consomem um tempo significativo e, manutenções freqüentes.
conseqüentemente, não inviabilizam sua eficácia em
função do crescimento do incêndio. 6.6.2 Sistema de hidrantes
Os extintores portáteis e sobre rodas podem ser É um sistema de proteção ativa, destinado a
divididos em cinco tipos, de acordo com o agente conduzir e distribuir tomadas de água, com
extintor que utilizam: determinada pressão e vazão em uma
edificação, assegurando seu funcionamento por
1) água; determinado tempo.
2) espuma mecânica;
3) pó químico seco; Sua finalidade é proporcionar aos ocupantes de
4) bióxido de carbono; uma edificação um meio de combate para os
5) halon. princípios de incêndio no qual os extintores
manuais se tornam insuficientes.
Esses agentes extintores se destinam a extinção de
incêndios de diferentes naturezas.
2) sistema de pressurização.
1) fogo em gases;
d) Base sintética.
b) nos usos de inundação total, aliados a uma perdas de carga; diminuir a possibilidade
detecção prévia, a fim de evitar a formação de danos à instalação e baratear o custo do
de brasas profundas; sistema; mas não deve ser instalada dentro
da área de risco, devendo ficar em local
c) nos usos de aplicação local, leva-se em protegido (exceto para os sistemas
conta o tipo e disposição do combustível, modulares). Os cilindros devem ser
uma vez que a descarga do CO2 impedirá a protegidos contra danos mecânicos ou
extinção nas regiões não acessíveis danos causados pelo ambiente agressivo.
diretamente pelo sistema. No conjunto de cilindros, há um destinado a
ser o “cilindro-piloto”, cuja função é,
O sistema não é capaz de extinguir: mediante acionamento de um dispositivo
de comando, estabelecer um fluxo inicial do
1) fogos em combustíveis (não-pirofóricos), que agente, a fim de abrir por pressão as
não precisam de oxigênio para a sua demais cabeças de descarga dos demais
combustão, pois permitem uma combustão cilindros da bateria. Os cilindros podem ser
anaeróbia; de dois tipos: