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O BRINCAR COMO FORMA DE DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO NO

PENSAMENTO LÓGICO-MATEMÁTICO

Educação Matemática

Alice de Oliveira Ferreira


Universidade Estadual de Montes Claros
alicempm5@gmail.com

Jussara Polyane Ribeiro Duarte Grisostomo


Universidade Estadual de Montes Claros
jussarapolyane@hotmail.com

Maria Tereza de Oliveira Nassau e Braga


Universidade Estadual de Montes Claros
mariaterezanassau@gmail.com

Francely Aparecida Santos


Universidade Estadual de Montes Claros
francely.santos@unimontes.br

Introdução
O presente resumo destina-se a apresentar uma pesquisa que buscou compreender
e explorar a presença e uso do conhecimento físico, lógico-matemático, social e condições para
resolução de problemas de crianças inseridas na Educação Infantil. Ao analisar e interpretar
esses tipos de conhecimentos, busca-se compreender como as crianças organizam, classificam,
reconhecem padrões, fazem correspondência, reconhecem igualdade e contam os objetos ao seu
redor. Além disso, observa-se o desenvolvimento do relacionamento sequencial, a gradual
percepção da sequência dos números por parte das crianças, conhecimento sobre o
desenvolvimento de sua inteligência e suas interações com o meio. Nesse sentido o papel do
professor torna-se fundamental como facilitador no processo de aquisição dessas habilidades
por parte das crianças. É possível destacar que a aquisição dessas habilidades pode ocorrer de
forma mais livre e diversificada, através de jogos, da manipulação de objetos concretos e
interações, logo se cria experiências significativas para a obtenção do conhecimento.
Essa pesquisa teve como objetivo diagnosticar como ocorre a construção do
raciocínio lógico-matemático em crianças de 5 a 6 anos e adquirir percepções significativas
sobre o papel dos conhecimentos físico e lógico-matemático no desenvolvimento das crianças.
O estudo realizado envolveu 12 crianças com idade entre 5 e 6 anos, frequentes em três escolas
distintas da cidade de Montes Claros. A pesquisa foi realizada em colaboração com diretores
escolares e mães das crianças entrevistadas, com foco em contribuir para a melhoria de
abordagens educacionais e metodologias de ensino da Matemática.

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Com base nos estudos feitos, a pesquisa nos direcionou a seguinte problemática:
Como se dá o desenvolvimento lógico-matemático, físico e social em crianças já inseridas na
educação infantil com faixa etária entre 5 e 6 anos? Em sequência são apresentados os
resultados obtidos, análises e a conclusão sobre o estudo.

Aprofundando a pesquisa
A pesquisa adotou uma abordagem qualitativa, utilizando entrevistas diagnósticas
baseado em um formulário composto por 18 perguntas, elaborado pela Prof. Drª. Francely
Aparecida dos Santos, ministrante da disciplina de Fundamentos e Metodologia da Matemática
I, no 4º período do Curso de Pedagogia, que orientou o desenvolvimento das atividades
propostas objetivando o diagnóstico de como se dá a construção do raciocínio lógico-
matemático. A análise dos resultados foi feita com base no livro “A criança e o número:
implicações educacionais da teoria de Piaget para a atuação junto a escolares de 4 a 6 anos”, de
Constance Kamii. As entrevistas foram conduzidas em diferentes locais, incluindo escolas e
residências, e utilizaram materiais concretos como fichas coloridas, massinha de modelar,
blocos lógicos entre outros, buscando estimular as crianças e facilitar suas respostas. O uso
desses materiais permitiu que as crianças compreendessem melhor o que era solicitado e
respondessem de forma espontânea.
Em uma análise de forma geral, observamos que as crianças demonstraram
habilidades quanto a contagem, porém quanto a conservação de quantidade foi possível analisar
que mesmo as crianças de 6 anos que se encontram em séries avançadas, em sua maioria não
possui habilidades quanto a inclusão hierárquica.
Na atividade propostas com fichas, quanto ao desenvolvimento da habilidade de
correspondência biunívoca, foi notória a percepção de que mais da metade das crianças
atingiram a resposta adequada a proposta, por outro lado as outras crianças não conseguiram
atingir o resultado esperado de maneira espontânea, mas com o auxílio das entrevistadoras
chegam ao resultado pretendido o que não significa que essa habilidade foi absorvida. As
brincadeiras com as varetas e a massinha de modelar, foram realizadas com o objetivo de avaliar
a conservação de quantidade e massa em relação ao espaço ocupado pelo objeto. Em ambas as
atividades foi possível analisar que a minoria das crianças responde às habilidades de
conservação de quantidade, ou seja, estão no nível III de conservação de quantidade, segundo
Kamii (1999, p. 27) onde elas têm conhecimentos lógicos-matemáticos sólidos para conseguir
estabelecer relações de conservação, e apenas três crianças possuíam a habilidade de
conservação de massa.
Para a proposta de conservação de valor dentro do sistema monetário, foi oferecido
às crianças uma atividade com notas de dinheiro falso. Chegou-se à conclusão de que a
conservação de quantidade se apresenta estruturada no pensamento lógico-matemático de
apenas três crianças, as demais não souberam aplicar o conhecimento social na sua relação com
a Matemática.
Com o intuito de verificar se as crianças possuíam noção de tamanho e ordem
hierárquica foi proposto uma atividade com brinquedos encaixáveis. Metade das crianças
demonstram uma grande capacidade de conceituar os elementos entre si e de colocá-los dentro
das relações de grande, pequeno, assim com o médio, e ainda, demonstraram uma grande
capacidade de reversibilidade que, segundo Piaget, se refere à habilidade de realizar ações
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opostas simultaneamente (Kamii, 1999, p. 21), ao colocar o conceito de médio, em que
observaram que o objeto era algo maior e menor ao mesmo tempo. Já a outra metade não
conseguiu realizar a tarefa, demonstrando que o conhecimento lógico-matemático ainda não
está estruturado, apesar de possuírem o conhecimento físico e social de grande, médio e
pequeno.
Quanto aos critérios lógicos de organização, ao propor que as crianças
organizassem as caixas de blocos lógicos, foi observado uma variedade de métodos, a exemplo,
enfileiramento pela maioria das crianças, empilhamento e tentativa de encaixe de uma peça na
outra. Usaram também, a classificação por cor, espessuras e por formas. Para a análise de
inclusão de classe foi usado as fotografias de animais, onde quatro crianças não possuíam essa
habilidade estruturada pois uma vez que elas pensaram mentalmente que existem os cachorros,
gatos e passarinho em 3 partes, elas não conseguem reuni-los novamente em um todo. Ou seja,
elas conseguem pensar sobre o todo, mas não quando estão pensando sobre as partes (Kamii,
1999, p. 22). E oito crianças demonstram a habilidade da reversibilidade do pensamento,
conseguindo incluir os animais em sua classe.
No desenvolvimento do trabalho com as diversas crianças, o uso dos materiais
citados deixou explícito que o uso dos mesmo como recursos para a aprendizagem é de suma
importância para o desenvolvimento infantil. Foi possível analisar os diferentes níveis das
habilidades das crianças mesmo em faixas etárias e até mesmo de mesma turma, mostrando a
subjetividade de cada uma.

Considerações Finais
As análises das respostas das crianças revelaram que as escolas carecem dos
recursos necessários para o pleno desenvolvimento do raciocínio lógico nas crianças. Embora
nenhuma das 12 crianças tenha atingido o nível esperado de desenvolvimento de acordo com a
teoria de Piaget, todas demonstraram algum nível de conhecimento social e físico de
quantificação, que sinaliza potencial para o desenvolvimento subsequente. Ficou claro que o
desenvolvimento do número não ocorre isoladamente e que as crianças oscilam em suas
respostas e relações. Além disso, a pesquisa destacou a importância de inserir diferentes
contextos e relações para estimular o pensamento espontâneo das crianças, em vez de apenas
ensinar respostas corretas. A construção do conhecimento lógico-matemático é uma jornada
que se beneficia da variedade de situações e estímulos. Assim, o papel do professor é
fundamental para encorajar o pensamento crítico e o desenvolvimento do raciocínio lógico-
matemático.
Logo, conclui-se que apesar de ainda ser um mistério como a criança constrói o
número, é certo que colocar todo tipo de coisa em qualquer tipo de situação é eficaz, pois a
criança que é encorajada a pensar, desenvolve a coerência e mobilidade de pensamento e
constrói o pensamento lógico-matemático com mais facilidade.

Palavras-chave

Conhecimento Físico. Desenvolvimento Infantil. Educação.

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Referências

KAMII, Constance. A criança e o número: implicações educacionais da teoria de Piaget para


a atuação junto a escolares de 4 a 6 anos. / Constance Kamii: tradução: Regina A. De Assis –
13ª ed. - Campinas, SP: Papirus, 1991.

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