Você está na página 1de 3

MEMÓRIA, SILÊNCIO E ESQUECIMENTO:

AUTOR:
Michael Pollak, sociólogo e historiador austríaco, nascido na Áustria, estudou sociologia na
Universidade de Linz e escreveu uma tese sob a orientação de Pierre Bourdieu. Ele trabalha
sobre as condições de vida em campos de concentração e realiza entrevistas com
sobreviventes. Ele também estudou o estilo de vida dos homossexuais

GERAL:
Pollak define a memória como uma construção coletiva organizada a partir do presente, mas
com heranças do passado. A memória oficial passa pelo processo de enquadramento da
memória, é elaborada pelos grupos dominantes e transmite sua ideologia. Ela é a destituição
dos homens simples de fazer história.
Pollak afirma que as memórias subterrâneas, das culturas dominadas, sobrevivem
silenciosamente por meio de quadros familiares e redes de comunicação, até que em crises e
contextos que os favoreçam, elas emergem e entram em disputa com a memória dominante.

PONTOS A SE CONSIDERAR:
- Maurice Halbwachs: Força de diferentes pontos de referência que constituem uma
Memória coletiva.

- MEMÓRIA SUBTERRÂNEA: memória de grupos excluídos, minorias com histórias


ignoradas ou silenciadas

- MEMÓRIA OFICIAL: Uma memória nacional, construída por ações de grupos políticos

- Pesquisadores passaram a se centrar nos conflitos e oposições em torno dessas memórias

- O silêncio de determinados grupos e eventos pode ser forçado ou escolhido. Traumas e


crueldades costumam se tornar um tabu não apenas para as vítimas mas também para a
sociedade em que ocorreu. Isso é comum em países que enfrentaram longas guerras.
Ex:
Sobreviventes homossexuais dos campos de concentração tinham medo que o motivo de sua
captura viesse à tona.
Soldados vítimas de recrutamento forçado passaram por experiências difíceis de falar

- Em diversas entrevistas, vítimas de tais casos costumam intercalar entre eventos íntimos e
situações gerais ao falar de sua própria história, como forma de não se expor

- Testemunhas da história costumam ser selecionadas, indo desde de pessoas a favor de certos
grupos, profissionais da história, além da existência em matéria física: como museus,
monumentos, artefatos.

- Uso da História oral como uma forma de entrar em contato com as memórias individuais e
enxergar os contrastes com aquela formada pelo coletivo
MUSEUS COMO ESPAÇOS EDUCATIVOS:

AUTORAS:
Maria da Graça Jacintho Setton,Professora Titular em Sociologia da Educação pela
Faculdade de Educação da USP.Atua na área de Sociologia, Sociologia da Educação e
Sociologia da Cultura, com ênfase em temas relativos aos processos educativos e
socializadores numa perspectiva institucional (escola, mídia, religião, família, organizações
voluntárias, ongs), como na perspectiva individual.

Mirtes C. Marins de Oliveira, docente do Mestrado e Doutorado em Design da Universidade


Anhembi-Morumbi (2012). Pós-Doutorado em Educação - DE-USP. É Pesquisadora
Colaboradora na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Possui graduação em
Educação em Educação Artística- Artes Plásticas pela Universidade de São Paulo (1986),
mestrado em Educação: História, Política, Sociedade pela Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo (1997) e doutorado em Educação: História, Política, Sociedade pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (2002)

- GERAL:
O texto problematiza criticamente a ideia de que os museus não estão abertos a qualquer tipo
de público. Parte-se do pressuposto de que os museus, enquanto espaços educativos e
socializadores, cumprem a função subliminar de transmitir, a partir de sua história e
arquitetura, da apresentação de obras, seleção de acervo, entre outros aspectos, um conjunto
de símbolos que prestigiam seus objetos, que, por vezes, retificar a natureza sacralizada das
peças de sua exposição. Para desenvolver o argumento, deu-se visibilidade ao processo de
criação e manutenção do MoMA, um dos primeiros museus com proposta educativa, cujo
teor ideológico está colocado em sua fundação, bem como lembramos as iniciativas
brasileiras que herdaram essa e outras propostas de matriz norte-americana. Para dar
continuidade ao debate, perguntou-se sobre os programas educativos e os valores culturais ali
revelados.

O que se pôde resgatar foi uma história marcada por aspectos elitistas e pouco afeitos a uma
ampliação de público. É notável que apenas em 1980 uma “virada educacional” evidencie
esse debate. Nesse sentido, intentamos levantar explicitamente as várias tendências de
aproximar ou afastar os reconhecidos “templos sagrados da cultura”, os museus, para uma
ampla maioria da população. Tendo apresentado as tentativas educativas organizadas e postas
em prática para incentivar um desembaraço cognitivo e estético para aqueles que não tiveram
essas oportunidades, foram explicitadas as estratégias objetivas e subjetivas que impedem
esse avanço.

PONTOS A SE CONSIDERAR:
- MoMa: Um dos primeiros museus com proposta educativa, cujo teor ideológico está
colocado em sua fundação. Porém sua história foi marcada de aspectos elitistas e poucos
afeitos a ampliação do público.

Ana Mae Barbosa: gestora do MAC entre 1987 e 1993, foi determinante para a disseminação
de suas propostas educacionais e para a instauração quase definitiva da Inter- relação entre
práticas de sala de aula e o interior dos museus.
Abordagem triangular utilizada no MAC. Três etapas: Contextualização da obra; o fazer
artístico e a leitura da obra de arte. Sua intenção era romper a compreensão da sala de aula
como algo sem contexto histórico.

- Ana Mae buscou ao máximo dar ênfase e apoio aos professores de escola pública para que
tivessem essa abordagem em sua formação, algo que se envolveu com professores da arte e
professores estrangeiros.

- Bourdieu (1979) afirma que é necessário um conhecimento prévio sobre patrimônios


museológicos, bem como todo aparato físico e pouco didático de suas exposições e sem isso
ocorre um afastamento do público, pois o mesmo não conseguiria compreender

- A sensibilidade artística, o interesse ou a necessidade pela produção artística/científica não


resultariam de uma capacidade inata e ou uma dádiva especial de algumas pessoas. Mas teria
origem nos privilégios de nascença e de escolarização que se acumulariam ao longo da vida
dos indivíduos e grupos( elite x população geral)

- Necessidade do trabalho conjunto de curadores, professores e educadores de museus, para


que haja um maior acolhimento do público geral, principalmente estudantes.

CONCLUSÃO DO AUTOR:
Mas o que nos parece mais difícil de se conseguir é um acordo sistemático e consensual entre
os agentes desse processo educativo e sensibilizador. Para os interesses deste artigo, seria
necessário pontuar um trabalho conjunto e articulado entre a) um projeto expositivo e
curatorial, b) a presença e a consulta constante de educadores nos próprios museus, como
equipe fixa, que, além de trazer um conhecimento sobre processos de aprendizagem, trariam
ainda conhecimento do público a ser atingido. E, em se tratando de um trabalho junto com
crianças, c) a visitação prévia à exposição é um trabalho de articulação de conteúdo. Nesse
processo, seria fundamental um diálogo entre os professores, a equipe educativa dos museus
e sua curadoria (MARANDINO, 2003; MACMANUS, 2009).
Contudo, infelizmente, apenas uma política pública consistente e contínua poderia avançar
nessa direção.

Você também pode gostar