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ARQUITETURA E

URBANISMO PUC MINAS | CORAÇÃO EUCARÍSTICO


Estudos Socioeconômicos e Culturais – NOITE
PROFESSOR (A): Manoel de Almeida Neto
ALUNO (A): Bianca Damas Bravo
Larissa Lana de Oliveira
Leticia Regina de Souza Reis
Marcelle Mayara Oliveira e Silva
Rafael Lucas Moreira

Este fichamento explora as diferenças entre mulheres de dois grupos sociais: a


periferia e a classe média alta. É importante lembrar que cada grupo é diverso, e
as condições sociais mudam ao longo do tempo.

Suely Kofes (1994) destaca a importância de considerar as desigualdades em


diversas categorias, como raça, classe, etnicidade e orientação sexual, ao
analisar a identidade feminina em diferentes contextos. Ao explorar histórias de
vida de uma patroa e de uma empregada doméstica, Kofes identifica
ambiguidades na noção de identidade feminina, evidenciando as assimetrias,
desigualdades e hierarquias que vão além da dicotomia homem-mulher. A ideia
de que a patroa não se identifica necessariamente com um "nós mulheres"
destaca a falta de uma identidade feminina unificada, revelando relações de
poder complexas que não se limitam à dualidade de gênero.

“...Por outro lado, preocupa-se aqui em pensar o gênero a partir de uma


perspectiva relacional, atentando tanto para a relação entre masculino e
feminino como para as diferenças nas constituições de masculinidades e
feminilidades, de acordo com outras distinções (melhor dizer, aqui,
desigualdades), tais quais raça, classe, etnicidade, orientação sexual. Suely
Kofes (1994), por exemplo, em uma reflexão sobre duas histórias de vida – de
uma patroa e de uma empregada doméstica –, percebe ambiguidades no que
poderia se referir a uma identidade feminina. Em termos de categorias, a patroa
seria mulher e a empregada seria empregada. Ou seja, não existiria, por parte da
patroa, um “nós mulheres”. E aqui, 8 Kofes também está tratando de assimetria,
desigualdade, hierarquia, portanto, poder, mas não entre homens e mulheres...”
(Pág.07)

Vale de Almeida (1995 e 1996) amplia essa ideia ao falar sobre diferenças e
níveis de importância entre os diferentes tipos de gênero. A presença de
diferentes graus de "masculinidade" mostra que as ideias sobre gênero podem
mudar e ele destaca como as interações sociais influenciam o poder relacionado
ao gênero.

“...Vale de Almeida (1995 e 1996) há assimetria e hierarquia dentro mesmo


dessas categorias. Existem, por exemplo, graus de “masculinidade” – revelados
nas relações sociais – e, assim, os indivíduos podem ser menos ou mais
“masculinos” e, portanto, terem menos ou mais poder...” (pág.08)

“...Ou seja, a diferença de gênero importa, mas em alguns contextos outras


diferenças, como as de classe ou raça, podem sobrepor-se à de gênero, como
explicitam algumas falas de meninas residentes em favela...” (pág.08)
As vozes das meninas em favelas mencionadas na pesquisa sugerem que, em
certos contextos, desigualdades econômicas e raciais podem ser mais
importantes ou moldar a experiência de gênero. Portanto, essas reflexões
indicam a necessidade de uma abordagem mais ampla e interseccional ao
explorar as dinâmicas de gênero, reconhecendo que as identidades e relações de
poder são influenciadas por uma complexa interação de fatores sociais,
econômicos e culturais.

Neves (2000), Sorj (2000) e Montali (2006), nos ajudam a compreender


as dinâmicas e implicações de gêneros pois ressaltam o impacto significativo da
precarização do trabalho nos arranjos familiares contemporâneos, destacando
transformações notáveis na composição da força de trabalho e nas relações de
poder no âmbito doméstico. Ao observarmos a diminuição de postos ocupados
por chefes de família, evidencia-se uma mudança frequente na estrutura
familiar, desafiando a tradicional figura do provedor masculino. O aumento
proporcional da participação de mulheres no mercado de trabalho, embora
predominantemente em posições precárias, sugere uma alteração nas dinâmicas
de gênero associadas ao papel econômico do homem na família.

“...O impacto da precarização do trabalho nos arranjos familiares pode ser


observado na diminuição de postos ocupados por chefes de família, no aumento
da proporção de mulheres ocupadas, sejam cônjuges ou chefes de família, ainda
que na sua maioria em postos de trabalho precários, e na diminuição da
participação dos filhos maiores de 18 anos na força de trabalho. O desnível
entre os salários recebidos por homens e mulheres vem diminuindo, no entanto,
mais à custa de precarização das condições de trabalho dos homens do que da
inserção efetiva das mulheres (Neves, 2000; Sorj, 2000; Montali, 2006).”
(Pág.09)

“...A falta de perspectiva em relação à carreira profissional transparece no


discurso de diferentes maneiras e, em geral, podendo ser caracterizado como
“conservador”. Por um lado, o companheiro era visto, pelo menos idealmente,
como o provedor – 50% das adolescentes e jovens residentes em favelas
concordaram que o homem deve ser o principal responsável pelas despesas da
casa (tabela 1) –, por outro lado, entre as participantes dos grupos focais,
explicitou-se a importância do trabalho na obtenção de uma independência,
ainda que parcial, em relação ao parceiro, percepção que fica ainda mais clara
nos discursos das jovens que são ou já foram casadas.” (Pág.09)

“Os dados da tabela 2 reforçam a observação de que o projeto de


profissionalização e inserção no mercado de trabalho é muito mais relevante
para as adolescentes e jovens moradoras dos bairros do que para as residentes
em favelas. Trabalhar em horário integral é desejo de quase todas as moradoras
dos bairros, exceto na hipótese de filhos até 5 anos de idade, quando trabalhar
meio expediente é a preferência. Já as moradoras da favela relatam maior
preferência por trabalhar meio expediente e não trabalhar quando se tem filhos
pequenos é uma opção para cerca de 1/5 delas, possivelmente porque deixar um
filho pequeno em casa ou na creche implicaria em maiores custos do que não
trabalhar.” (Pág.14)

O entendimento proposto por Aquino (2004) revela que, em contextos


profundamente marcados por desigualdades de gênero e classe social, a
maternidade não é apenas um destino, mas também uma fonte crucial de
reconhecimento social para as jovens mulheres. Esse fenômeno se desenha de
maneira mais pronunciada quando estas se veem privadas de oportunidades
educacionais e profissionais, e, por consequência, se conformam às expectativas
tradicionais relacionadas aos papéis de gênero.
“Além da vulnerabilidade no mercado de trabalho, os eventos nas esferas
sexuais e reprodutivas afetam especialmente a mulher jovem...” (Pág. 15)
“...Aquino (2004) aponta que em contextos fortemente marcados por
desigualdades de gênero e de classe social, a maternidade se apresenta não
apenas como "destino", mas como fonte de reconhecimento social para as
jovens mulheres, que desprovidas de projetos educacionais e profissionais,
seguem as expectativas tradicionais em relação aos papéis de gênero...”
(Pág.15)
Os números preocupantes apresentados, com 23% das jovens de 15 a 19 anos
grávidas no momento da pesquisa e 12% já tendo estado grávidas, mas sem
filhos nascidos vivos, evidenciam um panorama de gravidez precoce, sendo
essa realidade mais pronunciada entre as jovens socioeconomicamente
desfavorecidas.
Os dados mostram que a gravidez é mais comum entre aquelas que enfrentam
desvantagens econômicas. A diferença de perspectivas entre as classes sociais
também é evidente, com jovens de classes médias priorizando carreiras sobre
namoro, casamento ou filhos. Diante dessas realidades, é essencial abordar
essas questões de forma abrangente, considerando não apenas fatores
econômicos, mas também dimensões sexuais e reprodutivas, para criar políticas
que atendam verdadeiramente às necessidades variadas dessas jovens e
promovam uma sociedade mais justa e inclusiva.

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