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Ficha de formação – Maio-Junho 2023

A Luz de Pentecostes de Santa Luísa de Marillac

Elaboração da ficha: Milagros Galisteo

Ambientação
No dia 9 de maio, nos unimos às Filhas da Caridade, ao resto da Família Vicentina e à Igreja para
celebrar com alegria a festa de Santa Luísa de Marillac, a quem São Vicente confiou a coordenação
das primeiras Caridades (os primeiros grupos de voluntárias da AIC) a partir de 1629. Por ocasião
dessa festa, temos a preciosa oportunidade de nos aprofundarmos em um evento muito especial
que marcou a vida de Santa Luísa e cujo 400º aniversário será celebrado no próximo dia 4 de
junho: um evento que, na Companhia das Filhas da Caridade, é conhecido como a "luz de
Pentecostes".

“LUZ DE PENTECOSTES”
A partir do documento de Sor Françoise Petit1
Introdução ao tema
Em 4 de junho de 1623, o dia de Pentecostes, na igreja de Saint Nicolas des Champs, em Paris,
Louise de Marillac estava orando, preocupada com seu futuro, embora fosse jovem, casada e
tivesse um filho. Entretanto, em seu íntimo, ela sentia que Deus tinha um plano para ela.
Qual foi esse chamado? Naquele
dia, ela percebeu, pela graça de
Deus, que chegaria um momento
em que ela se entregaria
inteiramente a Deus, com outras
pessoas em comunidade, para
servir ao povo sofredor de uma
forma especial e nova naquela
época. Ela percebeu que as
mulheres consagradas poderiam
servir ao Senhor "indo e vindo",
como ela disse.

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https://www.filles-de-la-charite.org/pt/une-vie-donnee/lumiere-5/
Depois, com o passar dos anos, o Senhor, os acontecimentos, São Vicente de Paulo e os próprios
pobres lhe permitiram esclarecer o que o Espírito lhe havia inspirado e que se tornou a vocação
das Filhas da Caridade.
Podemos dizer que essa luz foi transmitida até os dias de hoje, para assumir a cor de nossos
tempos nos 97 países onde as Filhas da Caridade estão presentes fazendo-nos participar de seus
serviços e de seus testemunhos.
Com materiais generosamente fornecidos pelas Filhas da Caridade (veja: https://www.filles-de-
la-charite.org/pt/uma-vida-totalmente-doada/), vamos aprofundar nossa compreensão desse
momento espiritual na vida de Santa Luísa, que pode ser luz e esperança nesse precioso tempo
de Páscoa, para que possamos aprender mais sobre as origens da fundação das Filhas da Caridade
e celebrar com elas esse momento alegre para sua Companhia, e para que nós, voluntárias da
AIC, também possamos aprofundar espiritualmente nosso carisma e nosso compromisso.
Vamos conhecer melhor alguns elementos essenciais do pensamento de Santa Luísa, a partir da
memória e da celebração desse evento, para podermos discernir e responder às perguntas que
nos fazemos e às situações que nos desafiam em tempos de mudança, de crise, em que a abertura
à escuta do Espírito pode iluminar nossa ação.

Perguntas para reflexão pessoal e em grupo


1) Como podemos ouvir o Espírito?
2) Até que ponto recebemos o Espírito Santo para fazer a vontade de Deus?
3) Como entendemos nosso serviço aos pobres no século XXI?

MARIA E SANTA LUISA: MODELOS DE OBEDIÊNCIA


A partir do documento de Sor Mary Frances Barnes2

Na festa da Anunciação, uma festa fundamental na vida das Filhas da Caridade, na qual elas
renovam anualmente seus votos, lemos no Evangelho de São Lucas a bela história de como o anjo
Gabriel veio a Maria. Em poucas palavras, ele lhe explicou tudo o que Maria precisava saber: ela
conceberia e daria à luz uma criança que seria o Filho de Deus. E ela disse: "Faça-se em mim
segundo a tua palavra".
Como ela aceita essa missão de
Deus, o que a sustenta? Ela ouviu
o que o anjo estava lhe dizendo.
Ela questionou quando disse:
"Como pode ser isso?" Mas ela
continua ouvindo e obedecendo:
Faça-se em mim! Maria diz:
"Sim". Um "sim" com todo o seu
coração, completamente aberto.
Uma abertura cheia da vida de
Jesus Cristo, literalmente!

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https://www.filles-de-la-charite.org/pt/une-vie-donnee/maria-e-santa-luisa-modelos-de-obediencia/
Luísa de Marillac se esforçava para ouvir o que Deus a queria comunicar. Ela estava preocupada
com sua vida quando não conseguiu manter um voto que havia feito na juventude de entrar em
um convento.
No Pentecostes de 1623, ela diz que sua "mente foi instantaneamente liberada de toda dúvida".
Foi um presente de Deus para ela, que finalmente pôde ouvir o que Deus tinha reservado para
ela. Suas preocupações pareciam ter desaparecido. Como na experiência de Maria com o anjo,
ela ouviu coisas que não conseguia entender: que permaneceria com o marido e que chegaria
um momento em que poderia fazer os votos, mas estando em um lugar de idas e vindas; que não
tinha nada a temer de um novo diretor espiritual; e a certeza de que era Deus quem a estava
ensinando.
Nesta Luz de Pentecostes, a Lumière de Saint Louise, ela nos conta como escutou. Ela tinha
dificuldades, mas estava pronta para ouvir e discernir exatamente qual era a vontade de Deus
para ela. À sua maneira, ela disse: "Faça-se em mim segundo a tua Palavra".
Essa "luz de Pentecostes" a acompanhou por toda a sua vida. Ela a escreveu em um pedaço de
papel e a manteve perto de si. Ela se lembrava do fato e o comemorava quase como um aniversário.
Certa vez, ele escreveu a São
Vicente pedindo para receber sua
bênção na missa porque: "Esta
grande festa (Pentecostes) que se
aproxima me infunde muita
devoção por todas as graças
notáveis... que sua bondade me
comunicou há 22 anos e que me
trouxe a felicidade de ser sua da
maneira que sua caridade
conhece". (C. 124, Para Monsieur
Vincent, 25 de maio de 1645).
Em 1633, Santa Luísa finalmente reuniu cinco ou seis moças em sua casa para ajudá-las a
aprender a ser servas dos mais abandonados de sua sociedade e a encontrar Jesus Cristo ali. Sua
casa tornou-se o lugar de "ir e vir" de que ela ouviu falar na Luz de Pentecostes.
As jovens aprenderam a se dedicar a Deus. Tornaram-se Filhas da Caridade. Luísa lhes ensinou a
tomar Maria como modelo. Em uma meditação de retiro sobre a Devoção à Santíssima Virgem,
Luísa lhes disse: "Tomemos Nossa Senhora como modelo para nossa vida diária e tenhamos em
mente que a melhor maneira de a honrar é imitar suas virtudes... Devemos também imitar sua
humildade, que levou Deus a fazer grandes coisas nela". (M. 33, Devoção à Santíssima Virgem).
Maria é o modelo de toda obediência. Ela ouvia a Palavra de Deus e a seguia. Louise foi o modelo
dessa mesma ação de ouvir o que Deus lhe pedia e segui-lo. Nem sempre foi fácil. Nem sempre
foi fácil. O "sim" de Maria e o "sim" de Luísa foram seguidos por muitas outras vezes em que
disseram "sim" ao que Deus lhes revelou.
Em nossas próprias vidas, nós, voluntárias da AIC, também devemos responder à missão para a
qual Cristo nos chamou no serviço aos pobres.
Ouçamos a Palavra e a guardemos. Peçamos a Deus a graça da fidelidade para dizer, junto com
Maria e Santa Luísa: "Faça-se em mim segundo a tua palavra".
Perguntas para reflexão pessoal e em grupo
1) Como é minha resposta ao compromisso do serviço na AIC?
2) Respondo com base na confiança na vontade de Deus? O que me sustenta?

SANTA LUÍSA, SERVA DOS POBRES


A partir do documento de Sor Beata Widełka3

Santa Luísa foi uma Serva dos


Pobres, a serviço de Cristo no
serviço às pessoas em situação
de pobreza. Pensando nela dessa
forma, vem à mente a ideia de
seu profundo respeito pelos
seres humanos. O contexto social
da França do século XVII, no qual
Santa Luísa viveu, não era o
apogeu do humanismo, mas
muito pelo contrário. E ela,
certamente com a ajuda de São
Vicente, mas também graças à sua sensibilidade inata, via as pessoas, os insignificantes, os
desprezados, os marginalizados, os maltratados, os injustamente condenados, os abandonados
desde o momento de seu nascimento... como filhos de Deus, e foi essa mesma verdade que a
ajudou e às primeiras Filhas da Caridade a empreender todo tipo de serviço.
Nas Regras das Confrarias da Caridade, São Vicente e Santa Luísa aconselharam as Servas dos
pobres a cercá-los de compreensão, amor, paciência, grande respeito, cuidado com suas vidas e
saúde e, acima de tudo, com suas almas imortais.
Portanto, a missão das Filhas da Caridade, das voluntárias da AIC e dos membros de toda a Família
Vicentina daria frutos imediatos se pudéssemos nos lembrar e, às vezes, convencer as pessoas
que servimos de que elas são o maior desejo de Deus, que elas têm um valor incalculável, porque
foram redimidas da morte eterna pelo precioso Sangue de Cristo.
Nesta época de Páscoa, ressuscitados de nossas fraquezas e mortes com o Cristo ressuscitado,
cujo amor anima nossa vida e nossa esperança, essas verdades devem habitar mais
profundamente em nosso coração. Esse é um remédio eficaz para qualquer miséria humana, em
qualquer época. Se uma pessoa se lembrar de quem ela é e por que foi criada, sua saída da
pobreza será mais rápida e duradoura. Ajudemos aqueles que perderam sua dignidade a
recuperá-la, lembrando-os de que Deus lhes deu a vida e os ama como seus filhos.
A segunda imagem que emerge nesse tema de Luísa como serva dos pobres é a de uma excelente
organizadora. Independentemente da multiplicidade de meios, recursos humanos e situações, é
sempre possível assumir um ministério se confiarmos primeiro na Providência de Deus, como ela
fez.
Santa Luísa está nos ensinando novamente hoje a confiar em Deus, a discernir situações,
necessidades, organização e cooperação. De fato, esses são apelos para toda a Igreja e nós

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https://www.filles-de-la-charite.org/pt/une-vie-donnee/santa-luisa-serva-dos-pobres/
também, como voluntárias da AIC, somos convidadas a discernir e a responder a eles, a partir de
nossa jornada juntas e junto com o resto do povo de Deus em sinodalidade, como lembramos em
nossa recente Assembleia Internacional em Frascati (Roma).
Que Santa Luísa nos ajude a revitalizar nosso serviço às nossas irmãs e irmãos a quem somos
enviados e em cujo serviço nosso amor também é posto à prova!

Perguntas para reflexão pessoal e em grupo


1) Qual é o nosso discernimento ao organizar esses serviços?
2) Estamos cientes de nossa jornada juntos e unidos ao restante da Igreja para levar nosso
carisma?

"Como Santa Luísa, escutemos o Espírito, ousemos nos comprometer mais, com os
homens e as mulheres de nosso tempo, na defesa da justiça e da dignidade humana,
em um espírito de solidariedade e de fraternidade. Agradeçamos pela vida de Santa
Luísa, pelo que ela nos transmitiu e que nos impele a estender a mão aos nossos
irmãos e irmãs que sofrem, em um espírito de humildade, simplicidade e caridade."

Sor Françoise Petit, HC4

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https://www.filles-de-la-charite.org/pt/une-vie-donnee/lumiere-5/
Oração a Santa Luisa
"Santa Luísa de Marillac,
Você foi testada desde a infância,
conheceu as alegrias e as tristezas
do matrimônio, da maternidade e da viuvez.
E foi dominada pela angústia
na busca de sua perfeição cristã.

Mas você se deixou tocar


pela luz do Espírito Santo,
seguiu o caminho da santidade,
doou-se aos pobres
e fundou a Companhia
das Filhas da Caridade,
as Servas dos Pobres.

Conceda-nos a graça
de sermos iluminados pelo Espírito,
Ensine-nos a ver Jesus Cristo nos pobres,
nossos senhores e mestres,
para nos doarmos a eles.
Ajude-nos a nos tornarmos seus irmãos e irmãs
com gentileza, cordialidade, simplicidade
e em um espírito de humildade sincera,
imitando a humanidade de Cristo
que nos revela a perfeita caridade.
E como você, amada Luisa,
vamos, à imagem de Maria
nos entreguemos de corpo e alma a Jesus Cristo, nosso Senhor.
AMÉM"

Imprimatur, Mgr Pascal Delannoy, 15 de marzo 20235

Imágenes de Nino Musío sacadas del video 'Luisa de Marillac, Dall’abbandono al dono'

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https://saint-denis.catholique.fr/actualites/15-mars-fete-de-sainte-louise-de-marillac (Versão original em francês)

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