Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
revistaoeste.com/revista/edicao-152/50-dias-sem-picanha/
Lula tenta emplacar a tese de que os juros básicos da economia no patamar de 13,75%
travam o desenvolvimento do país. Quem determina a política monetária é o Banco
Central, cuja gestão é independente desde 2021 — ou seja, livre de ingerência política. A
diretoria do banco entende que manter a taxa de juros em dois dígitos é uma forma de
segurar as rédeas da inflação, que sempre penaliza os mais pobres.
A realidade, contudo, às vezes atravessa o sonho do PT. As notícias que batem à porta
dos brasileiros são ruins. O mercado, esse ente demonizado pela esquerda, não gostou
da agenda de aventura fiscal. O setor produtivo tampouco, porque precisa de
previsibilidade. Grandes empresas começaram o ano com demissões. O reajuste do
salário mínimo será só de R$ 18. O investidor, principalmente o estrangeiro, não se sente
seguro em “agarrar cordas soltas” — a marca do governo Lula 3 até agora é a
insegurança. O resultado é que as engrenagens da economia começam a ranger.
1/7
-PIB cai
-Bolsa cai
-37 ministérios
-Inflação subindo
-Gasolina subindo
-Pobre pagando IR
-Empresas fechando
-Picanha só no sonho
-Desemprego subindo
-Fim do saque do FGTS
-10 bilhões pra Rouanet
-Dinheiro para ditaduras
-Torneira do BNDES aberta
— Henrique (@henriolliveira_)
February 14, 2023
2/7
3/7
Foto: Reprodução Twitter
Os infiltrados
Além do bode expiatório dos juros, caso a economia entre em parafuso, outro motivo da
perseguição de Lula a Roberto Campos Neto é porque ele chegou à cadeira indicado por
Jair Bolsonaro. Lula já afirmou que qualquer coisa que remeta aos governos dos
antecessores, incluindo Michel Temer, não presta. “Tudo o que fizemos em 13 anos de
governo do PT foi destruído em seis anos depois do golpe e do último mandato de um
genocida”, afirmou, na segunda-feira 13, durante a festança de aniversário do PT.
“Vocês têm que ter um pouquinho de paciência, porque estamos apenas há 40 dias
no governo e ainda nem conseguimos montar as equipes. Temos que retirar os
bolsonaristas que estão lá, escondidos às pencas”, afirmou. “A responsabilidade de
tirar eles é do Rui Costa, que vai assinar as medidas para retirar aquela gente
infiltrada no nosso governo” (lançamento do Minha Casa, Minha Vida, em Santo
Amaro, Bahia)
O que Lula e seus satélites não entendem — ou fingem não entender — é que, se o
economista Roberto Campos Neto gosta ou não do ex-presidente Jair Bolsonaro, pouco
importa. Como disse o executivo em entrevista nesta semana: “Se sair do cargo,
dificilmente vai mudar muita coisa”. Quem estiver na cadeira terá de cumprir à risca o
papel determinado pela Lei Complementar 179, de 2021, que tirou o ordenamento das
questões monetárias das mãos do Palácio do Planalto. Trata-se de uma medida de
segurança para o sistema financeiro do país.
4/7
O próprio Campos Neto deu um bom exemplo da eficácia desse modelo nesta semana.
Ele citou o Peru, que sofre com sucessivos sobressaltos políticos — recentemente, o ex-
presidente Pedro Castillo tentou fechar o Congresso Nacional. A manutenção de Julio
Velarde à frente da autoridade monetária peruana, desde 1997, impediu o colapso
econômico. Outro exemplo é o Chile, que enfrenta um processo de revisão da
Constituição, mas o sistema financeiro autônomo segue blindado.
5/7
Na segunda-feira, no mesmo horário em que Lula falava à militância recém-empregada
em cargos públicos em Brasília, Campos Neto sentou-se na cadeira de entrevistado do
programa Roda Viva, da TV Cultura. Antes de chegar ao Banco Central, fez carreira no
mercado financeiro e passou duas décadas no Santander. Segue alguns passos do avô,
o economista Roberto Campos, também entrevistado pelo programa em 1991 e 1997.
Nesta segunda-feira, 26 anos depois, Campos Neto foi apresentado assim na descrição
do programa: “Roberto Campos Neto assumiu a presidência do Banco Central em 2019.
Indicado pelo então presidente Jair Bolsonaro, o economista é defensor da autonomia do
BC”. Na gravação — a atração não foi no formato ao vivo —, ele teve de responder aos
jornalistas convidados sobre o uso da camisa da Seleção Brasileira quando foi votar —
“símbolo do bolsonarismo”, segundo publicou O Estado de S. Paulo.
6/7
tentativas de associá-lo ao “bolsonarismo” vilão. Essa parece ser uma estratégia de Lula
e seus simpatizantes nas redações, que continuam mergulhados em notícias sobre um
governo que acabou — talvez para não mostrar que o atual é um fiasco.
“O nosso ‘Bozo’ foi se esconder nos Estados Unidos, com medo de me passar a posse,
não teve coragem de me encarar de frente (sic)“, disse Lula, na viagem à Bahia. Até
Dilma Rousseff — que vai receber salário de R$ 300 mil no Banco dos Brics —
reapareceu com o microfone à mão na festa do PT, para pregar o bordão “Sem anistia” a
Bolsonaro.
Enquanto a fixação por Bolsonaro não dá trégua, no primeiro Carnaval do governo Lula,
não vai ter picanha.
7/7