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O presente trabalho visa articular a importância da reforma curricular, inserindo

as áreas emergenciais de atuação da psicologia, que atualmente são pouco


exploradas na atuação dos psicólogos, e identificar a Psicologia de Emergências
e Desastres como uma área emergente da Psicologia atual. É necessário
compreendermos que o indivíduo é um todo que precisa ser pensado além de
suas partes, semelhantemente como as áreas emergências, que gritam por um
olhar mais amplo e menos saber - poder. A reforma curricular nas universidades e
na atuação dos profissionais faz-se necessária, pois existem demandas crescentes
que precisam ser pensadas. Ao passo que a sociedade se transforma, se atualiza
e se reconfigura; as formações acadêmicas (sobretudo as que englobam o
humano como objeto) necessitam igualmente de atualização. Contudo as reformas
curriculares não são apenas a única preocupação, precisamos tornar importante a
regulamentação e promoção das especializações.

A psicologia das emergências e desastres é uma área de emergência da


psicologia, sendo assim grande parte de seu trabalho depende de pioneiros, ou
seja, a medida em que profissionais da psicologia desbravam a nova área,
ampliam as possibilidades para que novos profissionais possam assim fazer. O
que possibilita a formação de novos campos de saber são as demanda, sendo
assim o trabalho em Emergência e Desastres surge a partir de eventos e situações
de emergência e pânico que geram grande sofrimento imediato, sejam esses
acontecimentos ligados aos aspectos naturais ou humanos. Enquanto saber
científico a psicologia atua no estudo do comportamento em diferentes contextos,
em ações preventivas, pós trauma, preparação e resposta após a emergência e
desastre.

A psicologia se encarrega dessa área devido aos atravessamentos que surgem


nos indivíduos a partir dos eventos de emergências ou desastres, a sociedade
como um todo é afetada por essas situações, mesmo as pessoas mais distantes a
esses eventos. Cabe então a psicologia se atentar para esses acontecimentos e
acolher esse homem que sofre.

Dentre as práticas que envolvem a Psicologia de Emergências e Desastres sua


atuação requer em primeiro momento ter um acolhimento: tendo uma escuta
empática, atenta, mostrando para a pessoa que está sendo ouvida e também
ajudar com orientações, pois geralmente nessa situação as pessoas perderam
seus celulares, documentos, partes das roupas, ajudar para que consigam se
acalmar e se orientar. Permitindo que essas pessoas em sofrimento consigam
ter o atendimento necessário naquele momento. O atendimento psicológico
nesse momento será pontual e no lugar que for possível no chão ou em pé, e
onde não ofereça mais risco.

Em primeiro momento diante do ocorrido a primeira ação ocorre em torno do


cenário, havendo a mobilização das pessoas para ajudar as vítimas. O Estado
e a sociedade promovem as necessidades básicas para a população atingida,
instalando pontos de socorro e auxílios para atendimento médico. Perante este
cenário inicial há certa dificuldade nos primeiros momentos em prestar outro
atendimento que não seja direcionado a socorrer fisicamente as vítimas ou de
salvar outras vidas.

Há então em segundo momento, a necessidade de um apoio emocional que


não vise apenas à recuperação da saúde. Então após os primeiros socorros,
aquele que visava os cuidados físicos e a prevenção dos possíveis riscos de
contaminação, torna-se necessário o planejamento de intervenções
psicológicas adequadas e essências. Para que esta intervenção possa ocorrer
é necessário saber a quantidade de vítimas atingidas, como elas se encontram
(seu estado de saúde), onde é possível encontrar seus parentes e se existe
algum parente ou família que pode prestar algum apoio.

Um dos objetivos dos profissionais da saúde mental é oferecer apoio emocional


aos familiares que tiveram perda de entes queridos, auxiliando no processo de
elaboração do luto inicial. Na atenção as vítimas dos desastres parte do
trabalho do psicólogo é compreender que cada indivíduo possui uma visão
singular para o ocorrido, cada qual a partir de suas experiência atribuirá um
sentido para a situação, compreender esse olhar único de cada indivíduo
permite que o trabalho da psicologia requer um olhar diferenciado para cada
vítima com o intuito de fornecer a esta amparo segundo suas necessidades
emocionais. É possível promover atendimentos em grupo com as vítimas e
com familiares promovendo um compartilhar da dor e permitindo que os
membros do grupo percebam que é possível superar ainda que em passos
lentos.

Após o período de emergência é necessário dimensionar o impacto do


desastre na vida não só das vítimas mais de todos os afetados: familiares,
amigos, corpo de bombeiros, paramédicos e a comunidade que teve contato
com o incêndio. É necessário tentar amenizar o estresse dos profissionais
envolvidos no socorro, pois mesmo que afetados indiretamente, são afetados.
Entre as funções da psicologia neste cenário, a capacitação dos psicólogos e
acolhedores que participarão como linha de frente no ocorrido é importante.

Desastres e catástrofes são eventos potencialmente desencadeadores de


estresse, tanto em decorrência da exposição a um perigo iminente, quanto pelo
risco à integridade física e emocional das pessoas envolvidas, requerendo
assim ações imediatas, emergências, organizadas e executadas por uma
equipe multidisciplinar. Seja por um evento natural ou provocado por ação
humana, os desastres apresentam-se como situações de calamidade, urgência
que desencadeiam quebra da homeostase, do equilíbrio coletivo.

Assim a atuação do psicólogo se caracteriza pelo atendimento às vítimas no


momento seguinte ao desastre, por meio do primeiro auxilio psicológico. Trata-
se de uma abordagem focal com vista à promover uma ventilação emocional e
consequentemente minimizar o potencial traumático causado pelo evento. Tal
abordagem tem por objetivo a redução de sintomas e do adoecimento
psicológico futuro. Porém a atuação clínica mediante detecção e intervenção
em sintomas e psicopatologias não é a única opção. A intervenção também
pode ocorrer de modo indireto mediante prestação de serviços voltados a
preparação ou formação dos agentes que atuam nessas ocorrências, incluindo
voluntariados e profissionais de outras áreas.

Cabe ressaltar que, a atuação do psicólogo será sempre em equipe


multidisciplinar e, na maioria das vezes, no próprio cenário da emergência ou
desastre. O foco da psicologia na emergência e desastres visa à reabilitação e
a reconstrução dos afetados, tanto em médio quanto em longo prazo. As ações
devem buscar como enfoque não no sofrimento, mas a prevenção juntamente
com a comunidade focando as potencialidades e capacidades, possibilitando
que o sujeito enfrente as dificuldades através dos seus próprios recursos
evitando o abuso na utilização de medicamentos para aliviar o sofrimento e
com o intuito de diminuir o estresse e a angústia que o desastre e a
emergência provocaram.

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