Da psicologia dos desastres à psicologia da gestão  Codificação brasileira de desastres do Ministério de

Integração Nacional divide os desastres em naturais

integral de riscos e desastres
(geológicos, hidrológicos, metereológicos, climatológicos
 Os desastres brasileiros estão ligados principalmente à
e biológicos) e em tecnológicos (substâncias radioativas,
falta ou excesso de água
produtos perigosos, incêndios urbanos, obras civis e
 Necessidade de interferência para a redução de riscos e
transporte de passageiros)
danos
 Preocupação com os efeitos e consequências de desastres
 Ministério da Integração Nacional é responsável pela área
no indivíduo e em seu modo de vida, bem como as
de desastres no Brasil e define desastre como resultado de
possibilidades de prevenção e protagonismo dos afetados
eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem
levou a psicologia a voltar seus estudos para essa área
sobre um cenário vulnerável, causando grave perturbação
ao funcionamento de uma comunidade, ou sociedade
Psicologia e crise
envolvendo extensivas perdas e danos humanos, materiais,
econômicos ou ambientais, que excede a sua capacidade
 É uma área ainda em construção
de lidar com o problema usando meios próprios
 No começo estava voltada principalmente para atuação na
 Para a psicologia o conceito de desastre depende da
resposta, ou seja, logo após o incidente
perspectiva daquele que o nomeia e do lugar que ele ocupa
 Foco na saúde mental e na atenção psicossocial de pessoas
nessa interação com o incidente
afetadas por tragédias pessoais ou coletivas
 Ruptura do funcionamento habitual de um sistema ou
comunidade, que impacta o bem-estar físico, social,
Morte e luto
psíquico, econômico e ambiental de determinada
localidade
 Morte escancarada: violenta, repentina, invasiva e pública
 Expõem o indivíduo morto, os parentes e suas histórias,
dificulta a proteção e inibe a expressão de sentimentos
 Aumento da sensação de vulnerabilidade e perda de
confiança no futuro favorecem o luto complicado
 O luto coletivo favorece o compartilhamento e a
autorização da dor e pode ser um fator de proteção para o
luto complicado
 As reações dependem da natureza e da gravidade do
incidente, da experiência anterior em crises, do apoio
recebido durante a vida, da saúde física, da história pessoal
e familiar de saúde mental, da cultura, das tradições e da
idade
 Luto como doloroso processo de elaboração de uma perda
e vai existir sempre que houver rompimento ou perda
significativa
 Luto é único, individual e subjetivo
 Um luto complicado pode levar a um adoecimento
psíquico e físico
Lições aprendidas
 Psicologia em emergência e desastre e psicologia dos
desastres se disseminaram depois que psicólogos
participaram de incidentes que implicaram lidar com a
perda de vidas, partes do corpo ou possibilidades físicas,
animas de estimação, casa, etc
 Os atendimentos podem ocorrer em locais diversos
 Arco da sobrevivência: comportamentos humanos comuns
durante uma catástrofe que podem levar à morte ou à
sobrevivência
- composto por 3 fases
- negação: etapa de choque inicial e de confusão, tendendo
a negar que a vida está em risco e adia o enfrentamento da
realidade, mantendo-se onde e como está
- deliberação: percebe o risco e tem de tomar uma atitude,
havendo medo, desorientação, tentativa de adaptação e
busca de um grupo para seguir; percepção fica alterada,
pessoa vê e age em câmera lenta
- ação: o indivíduo pode paralisar, adotar uma atitude de
heroísmo, colocando a própria vida e a de outros em risco,
entrar em pânico e sair desesperado

 Acolher, transmitir segurança, garantir informação e
compreensão sobre o ocorrido, enfatizar fatores protetores,
buscar rede de apoio, reconhecer/reforçar os recursos da
comunidade e envolve-la na recuperação
 Reação aguda ao estresse, vulnerabilidade, sentimento de
menos-valia, dependência de álcool e drogas, vitimização,
violência, desespero, depressão, TEPT
Primeiros cuidados psicológicos
 Guia de apoio psicossocial e fornece diretrizes básicas
para pessoas que prestam assistência
 Oferecer apoio e cuidado práticos não invasivos
 Avaliar necessidades e preocupações
 Ajudar as pessoas a suprir necessidades básicas
 Confortar e ajudar a ficar calma
 Escutar sem pressionar a falar
 Auxiliar na busca de informações, serviços e suportes
oficiais
 Proteger de danos adicionais
 Não são atendimento psicológico profissional
 Pode ser praticado por qualquer pessoa desde que treinada
por um psicólogo capacitado
 Pressupõem a capacidade de ouvir histórias das pessoas
sem pressioná-las a falar sobre sentimentos e reações que
tiveram
 Não demandam descrição detalhada do incidente
 Não solicitam análise do que aconteceu ou relato em
ordem cronológica
Psicologia da gestão integral de redução de riscos e desastres
 Lei 12.608 instituiu a política nacional de proteção e
defesa civil e propôs 5 fases para a redução de desastres e
o apoio às comunidades atingidas
 Prevenção: conhecer e avaliar a redução de riscos e
desastres, incluindo a percepção de risco da comunidade e
o mapeamento de população vulnerável e da área de risco;
- obter informações sobre os moradores da região,
- considerar as sugestões dos moradores para eliminar
ameaças
 - mapear as rotas de fuga junto com os moradores  Preparação: organizar estrategicamente a resposta durante
- investigar comportamentos potencialmente perigosos, o desastre para reduzir o sofrimento individual e coletivo
- levantar locais que possam servir de abrigo quando não se pode eliminar o fenômeno ou a ameaça
- levantar e mapear os animais de estimação e mapear - definir as funções das pessoas na comunidade e de
escolas comunidades vizinhas
 Mitigação: diminuir ou limitar o impacto das ameaças e - realizar treinamentos em escolas e com a comunidade
dos desastres - organizar a proteção das pessoas e dos animais,
- estudos de vulnerabilidade física, social, econômica, suprimentos e bens
cultural e ecológica - proteção das residências
- trabalho de percepção do risco pela comunidade - treinamento de formas e rotas de evacuação de pessoas
- fortalecimento das relações de vizinhança vulneráveis
- mobilização e organização comunitária - capacitar a comunidade para enfrentamento do incidente
- estímulo ao protagonismo da comunidade por meio de simulados
- elaboração de um plano de ação - exercícios com crianças e adolescentes
- é elaborado um plano de contingência para facilitar - capacitação das pessoas para PCP
atividades de preparação, aperfeiçoamento das atividades - auxílio no reconhecimento das potencialidades
de resposta e minimização de falhas; direcionado a um individuais e coletivas para enfrentar o problema e buscar
desastre específico e deve responder qual é o problema, soluções
como, onde e quando ocorre, o que fazer e quem fará; no  Resposta
plano são definidas as tarefas e os responsáveis por ela; a  Recuperação
psicologia deve ter um plano próprio de contingência
Profissionais que atuam em emergências e desastres
 Mais propensos ao estresse e podem apresentar distúrbios
de ansiedade, irritabilidade, insônia, hipervigilância,
depressão, excesso de envolvimento, dificuldades de
concentração ou de tomar decisões, abuso de álcool,
adoecimento físico, etc
 Gera forte impacto emocional
 Na fase de prevenção, é necessário um levantamento de
cuidados e necessidades desse profissional
 Na fase de mitigação, elaborar proposta de acolhimento ao
profissional após a fase de resposta, levar esclarecimentos
e propiciar a compreensão dos processos e reações diante
de perdas, mortes traumáticas e luto
 Facilita o contato entre profissional e afetado, diminui
situações de crises durante os atendimentos = sensação de
acolhimento e bem-estar possível naquela situação e
colabora com a prevenção de adoecimentos psíquicos
 Na fase de preparação, treinamentos e simulados são
essenciais
 Escuta de sentimentos e sensações despertados
 Reflexão conjunta sobre possibilidades de cuidados e
compreensão dos comportamentos das pessoas afetadas
 Durante a fase de resposta são necessárias escuta e
observação dos profissionais
 Nas etapas de reabilitação e reconstrução, é importante
realizar encontros nos quais possam falar e refletir sobre
os fatos que foram marcantes e delinear ações de cuidado e
redução de estresse
 A saúde do trabalhador deve ser objeto de atenção da
psicologia em situação de desastres
 Os serviços de psicologia que atuam cotidianamente com
equipes de respostas a desastres devem elaborar planos de
gestão de recursos humanos com enfoque na atenção
psicossocial e saúde mental destes trabalhadores de forma
contínua (Corpo de bombeiros, defesa civil, segurança
pública, equipes de saúde)