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Címbalos, flautas... louvai-nos com metais e sopros estrangeiros, as buzinas dos carros ficam
abafadas e podemos sonhar direito. Chovia. A água repicava o futuro enquanto um morcego lhe
acenava a luz. Graveto afofado. Um triste pinheiro secara no caminho entre o mercado e a casa. As
estrelas prendiam um animal vistoso com sussurros das montanhas imprevisíveis. A louça na pia,
preguiça das coisas sujas. Na ilha de La Palma, autorizam os moradores a limparem as cinzas das casas.
Declaram o fim da erupção. Daqui, o meu esgotamento.
A notícia sobre a ilha vem a cavalo, esperanças que acenam para o Natal. A fumaça fica mesmo
por conta das dezenas de trabalhadores na UTI, aparentemente, o avanço da doença justifica o abalo
econômico que já caminhava desde o século XIX. Movimentos bruscos e autocomplacência aparecem
como boas moedas de troca com o mundo, registramos o infortúnio. A crise parece reflexo de
estrangeiro diante do impasse político e... derradeiro?
Olho daqui a imagem exterior, onde está a vossa? De costas para o mundo, o avanço da doença
parece atender ao drama de uma sociedade lamentavelmente perdida nos torpes tangos démodés (o
tango fica por conta da vontade de matar o tal orgulho e alumbramento). As cidades são livres,
corrupção é tema farto no Brasil, não nos comove. Não temos medo dos óculos cafonas e bandeiristas
nos estádios, defendemos o bem nas entranhas germinadas nos trópicos do mapa americano e
abraçamos calorosamente os partidos de sentimentalismos hostis. A vocação para o drama é de praxe e
vem na bandeja de sempre, oferecemos solidariedade também econômica: preto no cinza, cinza no azul,
tudo é conquista e fatalidade. Os britânicos, dizem, já enxergam as correntes do início do século XX.
Sento no sofá e espero o televisor antigo em quadrado amadeirado, minha avó dizia ser nobre esperar a
telenovela. Aliás, na década de noventa, o México estava em moda por aqui e não era coisa do bom e
velho Chaves.
É isto! Choveu muito ontem e só posso rever os morcegos e aplaudi-los, melhor do que lavar a
louça. Se eu pensar bem, as moscas nos pratos me servem de observação para as teias de aranhas que
não param de trabalhar. Acho que é o eterno curso.