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UNIVERSIDADE PAULISTA

ANDERSON ALVES DE SOUZA


RA – N671270

ANÁLISE DE INDICADORES E DADOS BÁSICOS DA


SÍFILIS NO MUNICÍPIO DE FRUTAL/MG

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO


2023
ANDERSON ALVES DE SOUZA
RA – N671270

ANÁLISE DE INDICADORES E DADOS BÁSICOS DA


SÍFILIS NO MUNICÍPIO DE FRUTAL/MG

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à UNIP - UNIVERSIDADE
PAULISTA, campus de São José do Rio
Preto, para a obtenção do grau Bacharelado
em Ciências Biológicas.

Orientação: Prof. Doutora Fátima Adriana


Mendes Siqueira

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO


2023
Análise de Indicadores e Dados Básicos da Sífilis no
Município de Frutal/MG.
Analysis of Syphilis Indicators and Basic Data in the
Municipality of Frutal/MG.
1Anderson Alves de Souza, 2Fátima Adriana Mendes Siqueira

Resumo

A sífilis, doença infectocontagiosa sexualmente transmissível causada pelo Treponema pallidum, é


considerada uma doença de saúde pública por ser prejudicial à saúde dos brasileiros. Dados do
Ministério da Saúde do Brasil mostram que a incidência da doença aumentou acentuadamente nos
últimos anos. O objetivo deste estudo foi examinar indicadores de sífilis e dados de linha de base no
município de Frutal /MG, a fim de desenvolver estratégiaseficazes de prevenção e controle. Para tanto,
foram analisados os fatores de risco, características epidemiológicas, impacto na saúde dos brasileiros
e as estratégias de prevenção e controle implementadas pelas autoridades sanitárias. Observou-se um
grande número de casos de sífilis no Município, bem como em todo o Brasil ao longo do período de
2011 a 2022. Sendo assim, espera-se que, por meio de esforços conjuntos das autoridades de saúde
e da população, a incidência de sífilis possa ser reduzida.

Palavras- chave: Sífilis, saúde pública, prevenção.

Abstract

Syphilis, a sexually transmitted infectious disease caused by Treponema pallidum, is considered a


public health disease because it is harmful to the health of Brazilians. Data from the Brazilian Ministry
of Health show that the incidence of the disease has increased sharply inrecent years. The objective of
this study was to examine syphilis indicators and baseline data in the municipality of Frutal/MG, in order
to develop effective prevention and control strategies. To this end, risk factors, epidemiological
characteristics, impact on Brazilians' health and prevention and control strategies implemented by health
authorities were analyzed. A large number of syphilis cases were observed in the Municipality, as well
as throughout Brazil throughout the period from 2011 to 2022. Therefore, it is expected that, through
joint efforts ofhealth authorities and the population, the incidence of syphilis can be reduced.

Key-words: Syphilis, public health, prevention.

1 Discente do Curso de Graduação em Ciências Biológicas - Bacharelado - Universidade Paulista -


UNIP - Campus de São José do Rio Preto - SP. E-mail: anderson14souza244@gmail.com
2 Doutora em Biociência e Professora Titular da Universidade Paulista – UNIP. E-mail:

fatima.siqueira@docente.unip.br

4
INTRODUÇÃO

A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível causada pelo Treponema


pallidum. O aumento da sífilis tem sido um dos maiores desafios do sistema de saúde
brasileiro nos últimos anos, pois pode levar a incapacidades físicas e mentais, além
de aumentar a mortalidade infantil. A Saúde Estatísticas do Ministério da Saúde
mostra que, de 2009 a 2018, o número de casos de sífilis no país aumentou mais de
100%, o que mostra a gravidade da sífilis.1
No Brasil, foram registrados 87.593 casos registrados de sífilis adquirida em
2016, sendo 37.436 notificações em gestantes e 20.474 registros de sífilis congênita.
Além disso, foram registrados 185 óbitos causados pela doença. Nos anos seguintes,
a sífilis se mostrou um problema crescente no território brasileiro no Sistema de
Informação de Agravos de Notificação (Sinan).2 Somente em 2020, foram registrados
115.371casos de sífilis adquirida, com uma taxa de detecção de 54,5 casos a
cada100.000 habitantes. O número de casos em gestantes também aumentou, com
61.441 casos de sífilis gestacional e uma taxa de detecção de 21,6 a cada 1.00
gestantes. Em relação à sífilis congênita, foram registrados 22.065 casos, com uma
taxa de incidência de 7,7 a cada 1.000 nascidos vivos. Houve também 186 óbitos
relacionados à sífilis, com uma taxa de mortalidade de 6,5 a cada 100.000 nascidos
vivos. Esses resultados negativos destacam aimportância de reforçar as ações de
vigilância, prevenção e controle dainfecção.2
Neste contexto, o objetivo geral da pesquisa consiste em: analisar indicadores
e dados básicos da sífilis no município de Frutal/MG.
A realização deste estudo é justificada pelo fato de que, mesmo com osavanços
obtidos nos últimos anos no tratamento e na prevenção da sífilis, ainda constituem um
dos principais problemas de saúde pública no Brasil.2 É importante que sejam
realizadas análises dos indicadores e dados básicos da sífilis nos municípios
brasileiros, a fim de melhorar o conhecimento sobre os fatores de risco mais comuns,
as principais características epidemiológicas da

doença, o impacto da sífilis na saúde dos brasileiros, e as estratégias de prevenção e


controle implementadas pelas autoridades de saúde brasileiras.
Desta forma, os dados obtidos neste artigo poderão trazer subsídios para os
órgãos de saúde na elaboração de estratégias efetivas de prevenção e controle da

5
sífilis nos municípios brasileiros. A educação sexual e a prevenção são fundamentais
para garantir que a sífilis não se espalhe ainda mais entre a população.3

METODOLOGIA

Para a realização deste artigo, foi necessário o acesso aos dados oficiais dos
municípios brasileiros, disponibilizados plataforma online do Ministério da Saúde
através do site http://indicadoressifilis.aids.gov.br/.
Foram selecionados os dados básicos e indicadores da sífilis dosmunicípios
brasileiros, referentes ao ano de 2011 a 2022. A partir destes dados,foi feita uma análise
descritiva para verificar os casos de sífilis em Frutal/MG.
A estatística descritiva consiste na apresentação de informações numéricas ou
gráficas para descrever o conjunto de dados. Assim, foram utilizados os recursos do
Excel para gerar tabelas e gráficos e realização dos calculos estatísticos.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A sífilis é uma doença infecciosa causada pelo Treponema pallidum, um


esporozoíto que pode ser transmitido por contato sexual, transfusão de sangueou da
mãe para o bebê durante a gravidez. Esta é doença crônica que, se nãotratada, pode
evoluir para formas graves, como a neurosífilis, a sífilis cardíaca e a sífilis congênita.5
Esta infecção bacteriana que pode afetar todas as camadas da pele e de membranas
mucosas, como os órgãos genitais, o reto, a boca e o sangue.5
Existem três tipos principais de sífilis: primária, secundária e terciária.

- Sífilis primária: é a forma mais precoce da doença. Nesta fase, a bactéria seinstala
no organismo e provoca a formação de úlceras dolorosas, conhecidas como úlceras
de sífilis, na área genital, oral ou anal da pessoa infectada. Estasúlceras podem durar
entre 3 semanas e 3 meses.6
- Sífilis Secundária: nesta fase, a pessoa infectada pode apresentar sintomas como
manchas vermelhas na pele, feridas na boca, febre, dores musculares, perda de
cabelo, entre outros sintomas. Estes sintomas geralmente desaparecem
espontaneamente em cerca de 2 semanas, mas podem persistirpor até 6 meses.6
- Sífilis Terciária: a fase terciária da sífilis é a mais grave e pode levar à morte,se não
tratada corretamente. Neste estágio, a bactéria se espalha para outras partes do

6
corpo, como o cérebro, o sistema nervoso, o coração e os ossos. Ossintomas desta
fase incluem dores musculares, dores de cabeça, paralisia, problemas visuais e
auditivos, entre outros.6
Além dos três tipos principais existem outros dois tipos de sífilis: sífilis adquirida
e sífilis congênita. A sífilis adquirida é a forma mais comum de sífilis.Esta doença é
transmitida através de relações sexuais desprotegidas ou do contato com o sangue ou
a pele de uma pessoa infectada. Na sífilis congênita,a bactéria é passada da mãe para
o bebê durante a gravidez. Esta doença pode causar graves problemas de saúde no
bebê, como surdez, cegueira, deficiências mentais e outros problemas sérios.6
Os sintomas da sífilis podem demorar de 10 a 90 dias para aparecer. Os
sintomas variam de acordo com o estágio da doença. No início, a sífilis pode se
manifestar como úlceras indolores, que podem surgir na boca, nos lábios, na língua,
na garganta, nos órgãos genitais, na região anal ou na pele. Com o passar do tempo,
pode surgir inchaço dos gânglios linfáticos e outros sintomas como dores de cabeça,
fadiga, febre e dor nos músculos.7
Embora a sífilis seja curável, se não for tratada adequadamente, ela pode levar
a complicações graves, como infertilidade, surdez, danos cerebrais, paralisia e até a
morte. Por isso, é importante que todas as pessoas que corremo risco de contrair a
doença busquem atendimento médico imediato caso apresentem algum dos sintomas
citados.7
O diagnóstico da sífilis é realizado através de testes de sangue que detectam
anticorpos específicos para a doença. Quando esses testes são positivos, é
necessário realizar outros exames para confirmar o diagnóstico, como a avaliação de
lesões na pele e na mucosa e cultura de secreção.
Alémdisso, também pode ser necessário realizar exames de imagem, como
ultrassom, tomografia computadorizada ou ressonância magnética, para avaliar os
órgãos internos.8 O tratamento da sífilis é feito com antibióticos específicos, como
penicilina, doxiciclina ou azitromicina. O tratamento deve ser iniciado o mais rápido
possível para evitar complicações graves e a disseminação da doença.8
O tratamento normalmente tem duração de 10 dias, mas pode variar deacordo
com o estágio da doença. Além disso, é importante que o paciente sigaas orientações
médicas, como evitar contato sexual enquanto estiver sendo tratado. Os antibióticos
mais usados para o tratamento da sífilis são a penicilina, a doxiciclina e a azitromicina.
A penicilina é o medicamento de escolha para o tratamento da sífilis, pois é altamente
7
eficaz e tem baixo risco de efeitos colaterais. A doxiciclina e a azitromicina também
são usadas no tratamento da sífilis, mas são menos eficazes que a penicilina.9
A prevenção da sífilis inclui o uso de preservativos em todas as relaçõessexuais,
o rastreamento de infecções sexualmente transmissíveis e o tratamento adequado e
precoce.10
Segundo o Boletim epidemiológico da sífilis em 2021, na Região Norte do
Brasil, o número de casos de sífilis tem aumentado de forma expressiva desde 2012,
atingindo os mais altos níveis de incidência da doença. Esta tendência foi observada
nos estados de Acre, Amapá, Amazonas, Pará e Rondônia.11
Em 2019, foi registrado um aumento de 27,3% nas notificações de casos de sífilis
primária, tornando-se um problema de saúde pública que exige respostas urgentes.12
Para reduzir o impacto da sífilis na saúde brasileira é necessário que aspessoas
conheçam os fatores de risco e os sintomas, que sejam realizados testes de detecção
precoce e que sejam adotadas medidas preventivas eficazes.12 A criação de
programas de prevenção de Infecções sexualmente transmissíveis- ISTs pode ajudar
a reduzir a incidência de sífilis ao proporcionaracesso à informação e aos serviços de
saúde necessários para o diagnóstico e tratamento da doença.8
Assim, é essencial que as autoridades de saúde continuem a desenvolver
estratégias eficazes para prevenir e controlar a sífilis, a fim de reduzir o impacto desta
infecção na saúde da população brasileira. Para o monitoramento da ocorrência de
sífilis, é necessário o acompanhamento de indicadores epidemiológicos, de forma a
identificar os grupos de maior vulnerabilidade e a incidência da doença no país.
Portanto, a vigilância epidemiológica da sífilis tem como objetivo auxiliar na
prevenção, controle e monitoramento da doença.8
O Ministério da Saúde (MS) desenvolveu o Sistema de Informação de Agravos
de Notificação (SINAN), um instrumento de apoio à vigilância epidemiológica, que tem
por objetivo levantar e monitorar os indicadores epidemiológicos associados à Sífilis.
Com o SINAN, é possível acompanhar deforma mais detalhada a ocorrência de sífilis
nos municípios brasileiros e identificar os grupos de maior vulnerabilidade à doença.5
Outro importante indicador epidemiológico da sífilis é a proporção de casos não
identificados, que se refere à proporção de casos que não são diagnosticados e,
portanto, não são notificados. É importante que esse indicador seja acompanhado de
forma contínua, pois ajuda a identificar a qualidade do sistema de vigilância e
monitoramento.5
8
A análise de indicadores e dados básicos da sífilis nos municípios brasileiros é
essencial para a prevenção, controle e monitoramento da doença. A vigilância
epidemiológica tem como objetivo auxiliar na identificação dos grupos de maior
vulnerabilidade à sífilis e da incidência da doença no país. OSINAN e a proporção de
casos não identificados são importantes indicadores epidemiológicos para
acompanhar a ocorrência de sífilis nos municípios brasileiros.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Todos indicadores e dados básicos da sífilis nos municípios brasileiros foram


obtidos do Ministério da Saúde.13 Conforme indicado tabela 1, a partir dos dados
apresentados, é possível observar que a sífilis adquirida é uma doença que ainda
atinge uma grande porcentagem de brasileiros. No ano de 2011, foram diagnosticados
18.243 casos, um número que foi aumentando a cada ano, chegando a 167.523 casos
em 2021. A sífilis é uma doença que deve ser obrigatoriamente notificada desde 1986
para melhorar o diagnóstico e controle epidemiológico.14 No entanto, nos últimos 10
anos, houve um aumento significativo no número de notificações, com uma taxa de
incidência aumentando em 3,8 vezes entre 2010 e 2018 no Brasil. 15 A taxa de
detecção também foi aumentando ao longo dos anos, passando de 9,3 casos por
100.000 habitantesem 2011 para 78,5 casos por 100.000 habitantes em 2020.

Fonte: Ministério da Saúde, 2022.13

Os dados mostram que houve um aumento no número de casos de sífilis


adquirida nos últimos anos, esses números são alarmantes, pois indicam que uma
grande parte da população brasileira ainda está em risco de contrair essa doença. É
importante que as autoridades de saúde trabalhem em conjunto para desenvolver
estratégias que possam reduzir o número de casos de sífilisadquirida no país, sendo
essencial que haja campanhas de conscientização para que a população saiba mais
sobre a doença e como evitá-la.
A cidade de Frutal/MG tem tido um aumento contínuo no número de casos de

9
sífilis adquirida desde 2011, com um pico de taxa de detecção de 162casos por 100.000
habitantes em 2018, conforme tabela 2 abaixo:

Fonte: Ministério da Saúde, 2022.13


Os números caíram ligeiramente nos últimos anos, mas ainda estão acima
dos níveis de 2011. Isso indica que a cidade enfrenta um problema sério de sífilis, e
medidas urgentes são necessárias para reduzir os números. As autoridades de saúde
devem trabalhar para promover a conscientização e educação da população sobre a
prevenção e controle da sífilis. Os serviços desaúde locais devem ser aprimorados
para garantir o acesso ao diagnóstico precoce e tratamento apropriado.
De acordo com a tabela 3, em 2021, o número de casos de homens
diagnosticados foi de 48, enquanto que para mulheres o número de casos foi de 34.
Isso representa um aumento de 55% para homens e 66% para mulheres em relação
aos anos anteriores.

Fonte: Ministério da Saúde, 2022.13

É válido ressaltar que os homens estão sendo afetados mais precocemente


pela sífilis adquirida.16 A tendência de adiar o diagnóstico, iniciar o tratamento e
realizar medidas preventivas tem um impacto negativo na saúde masculina a longo
prazo e sobrecarrega os serviços de saúde.16 Portanto, é essencial implementar
estratégias que promovam a saúde integral dos homens nos ambientes escolares, nas
redes sociais e em outros meios, a fim de evitar que esse grupo busque os serviços
de saúde somente após serem afetados pela sífilis.17
O aumento nos casos de sífilis adquirida pode ser atribuído a fatores como o
aumento da população, a falta de informação sobre os riscos de doenças sexualmente
transmissíveis e a falta de acesso a tratamentos adequados.

10
Fonte: Ministério da Saúde, 2022.13
Na tabela 4 acima, verificamos que a cidade de Frutal/MG teve um totalde 232
casos de sífilis em gestantes desde 2005. A taxa de detecção foi de 2,8casos por 1000
nascidos vivos em 2012 e, desde então, tem aumentado para 44,4 casos por 1000
nascidos vivos em 2017. Os últimos 5 anos (2018-2021) apresentam uma taxa de
detecção cada vez maior, à medida que vão passando os anos, chegando a 61,6
casos por 1000 nascidos vivos em 2020.

Nota-se que os dados para o ano de 2022 são preliminares e, portanto, ainda
podem variar. No entanto, é possível notar uma estatística de aumento nos últimos
anos.

Fonte: Ministério da Saúde, 2022.13

A cidade de Frutal/MG não consta na tabela 5 acima, portanto não é possível


realizar uma análise específica para o município. No entanto, a tabela mostra uma
tendência de aumento nos casos de gestantes com sífilis nos últimos anos, com
um maior número de casos registrados no primeiro trimestre.
A tabela evidencia que há uma maior incidência de sífilis entre as gestantes
com idade gestacional ignorada ou desconhecida. Com base nesses dados, é
importante que o município de Frutal/MG tome medidas preventivas para reduzir a
incidência de sífilis entre as gestantes.

A partir dos dados da tabela 6 abaixo, pode-se observar que a cidade de


Frutal/MG tem apresentado um aumento na prevalência de sífilis entre gestantes nos
últimos anos.

11
Fonte: Ministério da Saúde, 2022.13

Durante o período do estudo, foi constatado que o maior número de casos


de sífilis ocorreu entre mulheres gestantes com idades entre 20 e 29 anos,
corroborando os achados de Nonato et al. (2015)18 e Domingues et al. (2014)19. Essa
faixa etária representa uma preocupação para os serviços de saúde, pois
corresponde ao período de maior fertilidade das mulheres. Observou-se um alto
número de casos de gestantes com sífilis menores de 19 anos, totalizando 54 casos.

Esse dado revela que essa faixa etária também se enquadra como grupo de
risco para a doença, o que contrasta com os números de 2014, que não ultrapassaram
os 20% (18,2%).20 O aumento no número de notificações de gestantes adolescentes,
com baixa escolaridade e ainda em idade escolar, chama atenção no estudo, indicando
que essas jovens têm iniciado a vida sexual mais precocemente e sem proteção. Essa
constatação demonstra uma melhoria na eficácia dos programas de saúde e
vigilância.20

Fonte: Ministério da Saúde, 2022.13

A análise dos dados da tabela 7 acima, mostra que houve um aumento na


incidência de casos de sífilis entre gestantes no município de Frutal/MG entre os anos
de 2005 e 2021. Os dados indicam que o maior número de casosfoi identificado entre
mulheres com nível de escolaridade de 5ª a 8ª série incompleta (62 casos), seguido
de mulheres com nível de escolaridade fundamental completo (20 casos) e médio
12
incompleto (30 casos). Os dados indicam que houve um aumento nos casos de sífilis
entre mulheres de nível de escolaridade médio incompleto e fundamental completo
nos últimosanos.
De acordo com o estudo realizado por Saraceni et al., foi observado que 63,5%
dos casos de sífilis notificados ocorreram em mães com menos de 8 anos de
escolaridade, com uma média de idade de 25 anos. 21 Além disso, outras pesquisas
já relacionaram a ocorrência de sífilis gestacional com fatores como baixo nível de
instrução e idade materna entre 20 e 29 anos.22 É importante ressaltar que a taxa de
ocorrência de sífilis gestacional nesses grupos é de 9,14.23 De acordo com a
Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), foi identificado que as mulheres que
são mães de recém-nascidos com sífilis congênita apresentam, em sua maioria,
baixa escolaridade e renda.24 Essa situação abrange diversos fatores que podem
limitar o processo de saúde-doença, como a restrição ao acesso aos serviços de
saúde, conhecimento limitado em práticas de saúde e presença de fatores de risco. 24
Houve um aumento significativo no número de casos de sífilis entre gestantes
na região, o que sugere a necessidade de implementar medidas de prevenção
eficazes para reduzir a incidência desta doença entre mulheres grávidas.

Embora o aumento da porcentagem de gestantes com sífilis com baixo nível de


escolaridade seja preocupante, as taxas de analfabetismo ainda são relativamente
baixas no município de Frutal/MG. No entanto, isso não significaque não se deva fazer
mais esforços para melhorar a educação e a saúde da população.
A partir da tabela 8, pode-se observar que o município de Frutal/MG apresenta
um alto índice de casos de sífilis entre gestantes, com um total de 229 casos
diagnosticados entre os anos de 2005 e 2021. Dentre esses casos,a maioria foi de
mulheres pardas (103 casos) e brancas (95 casos), seguidas de mulheres pretas (28
casos), amarelas (2 casos) e indígenas (1 caso). Estes resultados estão de acordo
com estudos anteriores, nos quais se observou que as mulheres pardas representam
a maioria, enquanto as mulheres indígenas correspondem a uma proporção menor,
uma vez que também são minoria em comparação com a população em geral.19

13
Fonte: Ministério da Saúde, 2022.13
Entre os anos de 2018 e 2021, os casos diagnosticados têm aumentado
consideravelmente, sendo que no ano de 2021 foi diagnosticado 1 caso entre
mulheres brancas e 3 casos entre mulheres pretas.
A partir dos dados acima, é possível concluir que o município de Frutal/MG
apresenta um alto índice de casos de sífilis entre gestantes, sendo que as mulheres
pardas e brancas são as mais afetadas. Os casos diagnosticados têm aumentado
consideravelmente nos últimos anos e dessa forma, é necessário implementar ações
de prevenção e conscientização para reduzir a incidência desta doença na região.
Analisando os dados da tabela 9 abaixo, pode-se observar que o município de
Frutal/MG possui um número relativamente alto de casos de gestantes com sífilis,
sendo que, no ano de 2018, foram registrados 40 casos que foram tratados com
penicilina. Apesar de todos os protocolos existente na assistência e a disponibilidade
da penicilina G benzatina disponível nas UBS, os estados brasileiros, evidenciam uma
dificuldade no manejo do tratamento da doença, e uma dificuldade de realizar o
tratamento.25

Fonte: Ministério da Saúde, 2022.13

No entanto, os anos seguintes tiveram um decréscimo significativo, com 36


casos em 2019, 35 em 2020 e 15 em 2021. Além disso, há também casos de
gestantes com sífilis que não foram tratados ou que tiveram o esquema detratamento
ignorado. Essa tendência de decréscimo pode ser explicada pelo aumento da
conscientização e acesso a tratamentos adequados para sífilis, o que leva a um menor
número de casos registrados.
A análise do município de Frutal/MG mostra que, de acordo com os dados da
tabela 10 abaixo, houve uma leve tendência de aumento dos casos de sífilis primária
entre 2017 e 2020, passando de 16 para 20 casos. No entanto, nos últimos cinco anos
houve um aumento significativo dos casos desífilis latente, passando de 2 para 115
casos. Houve um aumento de casos de sífilis ignorados nos últimos cinco anos,
passando de 0 para 53 casos.

14
Fonte: Ministério da Saúde, 2022.13
No geral, estes dados sugerem que há um aumento no número de casosde sífilis
no município de Frutal/MG. É importante que as autoridades locais tomem medidas
para controlar a disseminação desta doença e melhorar as condições de saúde da
população.
A cidade de Frutal, situada no estado de Minas Gerais, não aparece na tabela
11 mostrada abaixo. No entanto, é importante destacar que, de acordo com dados do
Departamento de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde de
Minas Gerais, o estado registrou 33 casos de sífilis congênita em menores de um ano
de idade entre 1998 e 2011, e 6 casos em 2014 e 4 casos em 2017. Além disso, a
taxa de detecção foi de 1,5 caso por mil nascidos vivos em 2013, 7,8 casos por mil
nascidos vivos em 2015 e 5,6 casos por mil nascidos vivos em 2018.

Fonte: Ministério da Saúde, 2022.13

A infecção no recém-nascido, na maioria dos casos, é assintomática e está


associada à ocorrência de meningoencefalite em 60% dos casos. A apresentação
clínica pode ser dividida em duas categorias: precoce e tardia. 26
A sífilis congênita precoce geralmente se manifesta nos primeiros 2 anos de
vida e se apresenta com sinais e sintomas como hidropsia fetal, lesões nas mucosas,
lesões na pele, lesões nos ossos, pseudoparalisia de Parrot, aumento do fígado e
baço, icterícia e anemia.26 A forma disseminada, que é observada no momento do
nascimento, tem uma alta taxa de mortalidade e é caracterizada principalmente por
um exantema maculopapular e bolhoso, especialmente nas extremidades.26
A sífilis congênita tardia se manifesta após os 2 anos de vida e apresenta
características típicas, como fronte olímpica, nariz em sela, maxila curta, molares em

15
amora ou em Mozer, tíbia em sabre, sinal de Higoumenakis, dentes de Hutchinson e
goma no véu do paladar.26

CONCLUSÃO

Pode se concluir que o município de Frutal/MG é afetado pela sífilis,como


outras cidades brasileiras, visto que, de acordo com dados do Ministério da Saúde
através do Sistema de Informação de Agravos de Notificação, nos últimos cinco anos,
houve um aumento no número de casos de sífilis no município de Frutal/MG.Ressalta-
se que o Sistema de Informação de Agravos de Notificação é um sistema amplamente
utilizado em trabalhos científicos, porém a qualidade dos seus dados pode variar.
Os dados obtidos na pesquisa sugerem que o aumento da incidência de sífilis
está relacionado a deficiências na assistência pré-natal, bem como à falta de acesso
à educação e informação.
Portanto, é necessario que se desenvolva ações para prevenir a sífilis. Estas
ações incluem a informação e conscientização das mulheres em idade fértil sobre os
sinais e sintomas da doença, o diagnóstico e o tratamento oportuno, bem como o
acompanhamento das gestantes para garantir que não haja nenhuma transmissão
congênita. Investir na qualificação dos profissionais de saúde e garantir uma equipe
multidisciplinar bem estruturada é essencial para melhorar o acompanhamento pré-
natal, otimizar o rastreamento, tratamento e monitoramento das gestantes durante o
atendimento. Essas ações podem contribuir para a redução da transmissão vertical
da doença e, consequentemente, do número de casos de sífilis.
Os órgãos públicos devem buscar e potencializar suas estratégias como a
implementação de programas de prevenção e controle da sífilis, promovendo a
sensibilização da população sobre os fatores de risco da doença, o aumento da
disponibilidade de serviços de saúde especializados, a realização decampanhas de
educação em saúde, o aumento da cobertura do rastreio para a doença, a criação de
estratégias de detecção precoce e tratamento, e a promoção de acesso a serviços de
saúde sexual e reprodutiva.

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