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Incidência de sífilis congênita nas Regiões de Saúde Entre Rios e

Verdes Campos do Rio Grande do Sul


Incidence of congenital syphilis in the Health Regions Between Rivers
and Greens Campos do Rio Grande do Sul

Resumo

Objetivo: verificar a incidência de sífilis congênita nas Regiões de Saúde Entre Rios e
Verdes Vales do Rio Grande do Sul. Método: estudo ecológico, a partir de dados do
Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde, Sistema de Informação de
Nascidos Vivos e Sistema de Informação de Agravos de Notificação, de casos
notificados de sífilis congênita no período de 2010 a 2018. Os dados foram
transferidos para planilha Microsoft Excel 2010, analisado pela estatística descritiva,
conforme a distribuição da frequência absoluta e relativa, relacionando as duas regiões
de saúde. Resultados: em ambas regiões de saúde a incidência de sífilis congênita é
superior ao preconizado pelos órgãos oficiais, na Região de Saúde Verdes Campos, a
taxa incidência acumulada por 1.000 nascidos vivos foi de 10,21, na região Entre Rios
apresentou 1,98 por 1.000 Nascidos vivos. A maior parte das gestantes que seus filhos
tiveram sífilis congênita, eram da raça/cor branca, baixa escolaridade e as gestantes
tinham realizado pré-natal. Conclusão: Para a redução da sífilis congênita, é
necessário repensar quais estratégias precisam serem potencializadas, sendo pautadas
nos determinantes e condicionantes do processo saúde-doença e nos atributos da
Atenção Primária à Saúde e na qualidade do pré-natal.
Palavras chave: Pré-natal; Sífilis; Sífilis Congênita; Sistemas de Informação.
Abstract

Objective: to verify the incidence of congenital syphilis in the Health Regions Between
Rivers and Green Valleys of Rio Grande do Sul. Method: ecological study, using data
from the Department of Informatics of the Unified Health System, Information System
of Live Births and System Information System for Notifiable Diseases, of notified cases
of congenital syphilis in the period from 2010 to 2018. Data were transferred to
Microsoft Excel 2010 spreadsheet, analyzed by descriptive statistics, according to the
distribution of absolute and relative frequency, relating the two health regions. Results:
in both health regions, the incidence of congenital syphilis is higher than that
recommended by official bodies, in the Verdes Campos Health Region, the accumulated
incidence rate per 1,000 live births was 10.21, in the Entre Rios region it presented 1.98
per 1,000 births alive. Most of the pregnant women whose children had congenital
syphilis, were of white race / color, low educational level and the pregnant women had
received prenatal care. Conclusion: for the reduction of congenital syphilis, it is
necessary to rethink which strategies need to be enhanced, being based on the
determinants and conditions of the health-disease process and the attributes of Primary
Health Care and the quality of prenatal care.
Keywords: Prenatal; Syphilis; Congenital syphilis; Information systems.
INTRODUÇÃO
A sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), acometida pela
bactéria espiroqueta Treponema Pallidum, de natureza crônica, suscetível a cura, sendo
restrita ao ser humano. Caso não receba corretamente o tratamento, evolui apresentando
estágios sintomáticos e assintomáticos, e, em casos graves acomete órgãos e os sistemas
do corpo. Sua principal forma de transmissão é por meio do ato sexual, entretanto,
também ocorre de forma vertical no período da gestação da mãe para feto, quando
tratada inadequadamente ou não realizou tratamento (BRASIL, 2020).
Sendo classificada em três fases por suas manifestações clínicas: fase primária,
secundária e terciária com sinais características próprias, que pela sintomatologia e
sinais inicialmente leves, passam despercebidas e a cadeia de transmissão não é
rompida, o que leva a infectar outras pessoas. Quando a mulher é acometida pela sífilis
durante gestação, não havendo o manejo adequado do quadro clínico durante o pré-
natal, a criança será infectada pela sífilis, ao nascer desencadeando a Sífilis Congênita
(SC) (PEELING et al., 2017).
Segundo estudo realizado as dificuldades encontradas, estão relacionadas à
adesão ao tratamento do parceiro, a multiplicidades de parceiros e outros que a mulher
se recusa a falar; negação da existência de algum parceiro sexual por parte das
mulheres. Quando há casos de múltiplos parceiros é difícil realizar o diagnóstico; medo
existente ao contar seu diagnóstico principalmente pela culpabilização. Os homens
comparecem pouco à unidade de saúde, relatam que é doença da mulher e não tem
porque procurar o serviço, devido a não sintomatologia e quando faz o tratamento, não
faz o seguimento (RODRIGUES et al., 2016).
A sífilis é um agravo de notificação compulsória, sendo utilizado o Sistema de
Informação de Agravos de notificação (SINAN) que permite aos profissionais de saúde
realizarem o planejamento em saúde. Estudo realizado sobre a percepção dos
profissionais de saúde sobre os fatores associados à subnotificação no SINAN,
identificaram fragilidades nas condutas dos profissionais de saúde, e dificuldades no
processo de notificações, bem como, problemas relacionados ao usuário e ou familiares,
o que demonstra que a subnotificação ainda é uma realidade (MELO, et al., 2018).
A partir do diagnóstico precoce é possível promover a erradicação da SC,
realizando tratamento adequado da sífilis gestacional, mesmo sendo fácil seu
diagnóstico e terapia de baixo custo e efetivo, é apresentado como um problema de
saúde pública. A sífilis, apresenta falhas assistenciais no pré-natal, erros nas realizações
dos exames de triagem Venereal Disease Research Laboratory (VDRL), tratamento
inadequado nas gestantes e primordialmente nos parceiros sexuais. Estudos no Brasil,
relatam condutas não apropriadas de tratamento dos parceiros sexuais sendo o principal
fator para erradicação da SC (MONTEIRO; CÔRTES, 2019).
O diagnóstico da sífilis em Unidades Básicas de Saúde (UBS) é realizado a
partir dos Testes Rápidos (TR) treponêmicos, realizados sem necessidade de uma
estrutura laboratorial com resultado em até 30 minutos. Para confirmar o diagnóstico, é
realizado o teste não treponêmicos Venereal Disease Research Laboratory (VDRL),
realizado em laboratório com amostra sanguínea. Em gestantes, caso o teste
treponêmico, ou mesmo o não treponêmico seja reagente, já se inicia o tratamento
(BRASIL, 2020).
O número de consultas de pré-natal realizadas pelas gestantes no Brasil vem
aumentando nos últimos anos, entretanto, é perceptível o aumento de sífilis congênita,
caracterizando-se como um sério problema de saúde pública. Nesta perspectiva tem-se a
seguinte questão de pesquisa: Como encontra-se a incidência da sífilis congênita nas
Regiões de Saúde Verdes Campos e Entre Rios no Rio grande do Sul? Com o objetivo
de verificar a incidência de sífilis congênita nas Regiões de Saúde Entre Rios e Verdes
Campos do Rio Grande do Sul.

MÉTODO
Estudo ecológico retrospectivo em duas Regiões de Saúde do Rio Grande do Sul
Verdes Campos e Entre Rios dos casos notificados de sífilis congênita. Os estudos
ecológicos são fáceis de serem realizados, baixo custo, representam características das
populações e geralmente pertencem a área geográfica definida (MEDRONHO et al.,
2009)
As Regiões de Saúde no Rio Grande do Sul são em número de 30, estruturada e
organizada, pensando no planejamento, nas características culturais, facilidade de
acesso e capacidade instalada.
As Regiões de Saúde Verde Campos e Entre Rios, compõem a 4ª Coordenadoria
de Saúde (CRS), localizada no município de Santa Maria/RS, compostas por 32
municípios. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de 2010
(IBGE) com uma população de 541.247. A primeira congrega os municípios de Agudo,
Dilermando de Aguiar, Dona Francisca, Faxinal do Soturno, Formigueiro, Itaara, Ivorá,
Júlio de Castilhos, Nova Palma, Paraíso do Sul, Pinhal Grande, Quevedos, Restinga
Seca, Santa Maria, São João do Polêsine, São Martinho da Serra, São Pedro do Sul, São
Sepé, Silveira Martins, Toropi, Vila Nova do Sul. A segunda Região de Saúde abrange
os municípios de Cacequi, Capão do Cipó, Itacurubi, Jaguari, Jarí, Mata, Nova
Esperança do Sul, Santiago, São Francisco de Assis, São Vicente do Sul, Unistalda
(GTPMAG, PLANO ESTADUAL SAÚDE 2016/2019, 2016, p. 26).

Figura 1- Mapa das Regiões de saúde da 4º Coordenadoria de Saúde

Fonte: Fonte: Plano Estadual de Saúde, 2016.

Os dados foram coletados no Departamento de Informática do SUS,


(DATASUS), através do Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC) e
Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), de casos notificados de
sífilis congênita no período de 2010 a 2018.
Foi considerado como fatores de inclusão: gestantes que tiveram seus filhos com
sífilis congênita no período de 2010 a 2018 e residente das Regiões de Saúde: Verdes
Campos e Entre Rios por local de residência e casos confirmados. Fator de exclusão:
casos gestantes notificados por local de ocorrência do parto.
Variáveis dependentes: número de nascidos vivos do SINASC das Regiões de
Saúde: Verdes Campos e Entre Rios no período de 2010 a 2018. Casos de sífilis
congênita notificados no SINAN de casos confirmados de residentes das Regiões de
Saúde: Verdes Campos e Entre Rios no período de 2010 a 2018 e realização de pré-
natal.
Variáveis independentes: Ano de diagnóstico de 2010 a 2018, raça da mãe:
branca, preta, amarela, parda e indígena, escolaridade da mãe Analfabeto ,1ª a 4ª série
incompleta do EF (antigo primário ou 1º grau); 4ª série completa do EF (antigo primário
ou 1º grau);5ª à 8ª série incompleta do EF (antigo ginásio ou 1º grau); Ensino
fundamental completo (antigo ginásio ou 1º grau) ;Ensino médio incompleto (antigo
colegial ou 2º grau );Ensino médio completo (antigo colegial ou 2º grau );Educação
superior incompleta; Educação superior completa, Realização do pré-natal: Sim; Não
Sífilis. Diagnóstico de sífilis materna: Durante o pré-natal 2; no momento do
parto/curetagem; após o parto; não realizado, tratamento do Parceiro (s): sim, não.
Evolução do caso em relação a criança: Vivo, Óbito por sífilis congênita, Óbito por
outras causas, Aborto, Natimorto.
Após a busca dos dados no DATASUS, os dados foram transferidos para
planilha Microsoft Excel 2010. Sendo realizada análise estatística descritiva,
distribuição da frequência absoluta e relativa, utilizado tabelas e gráficos, comparando
as duas regiões de saúde.

RESULTADOS
No período de 2010 a 2018 foram notificados 489 casos de SC, das quais; 466
casos foram registrados na Região de Saúde Verdes Campos e 23 casos na Região de
Saúde Entre Rios.
GRÁFICO - 1 Incidência de sífilis congênita nas regiões de Saúde Verdes Campos e Entre Rios. Período

2010 a 2018. Rio Grande do Sul.

20
18 17.38 17.83
16
14 14.14
12.66
12
10
8 7.56 7.87
6 6.62
5.34
4 4.14 4.04
3.4 3
2 2.25 1.65
0.75 0.79
0 0 0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Verdes Campos Entre Rios

Fonte: DATASUS.

A taxa incidência acumulada durante 2010 a 2018 foi de 10,21 por 1.000NV a
maior taxa de incidência ocorreu no ano de 2017 representando 17,83 por 1.000 NV.
Na Região de Saúde Entre Rios foram notificados 23 casos de SC congênita em
menores de um ano, com taxa incidência acumulada durante 2010 a 2018 de 1,98
1.000NV, a maior taxa de incidência ocorreu no ano de 2016 representando
5,341.000NV.
As variáveis sociodemográficas dos casos notificados de SC em ambas as
regiões de saúde são descritas na tabela1.
Tabela 1- Condições sociodemográficas das mães de filhos com SC por regiões de Saúde Verdes
Campos e Entre Rios, período de 2010 a 2018. Rio Grande do Sul.

Variáveis Verde Campos Entre Rios

Raça da mãe n % n %
Ign/Branco 42 9,01% 0 0%
Branca 342 72,39% 23 100%
Parda 53 11,37% 0 0%
Preta 29 6,22% 0 0%
Indígena 0 0% 0 0%
Amarela 0%
0 0% 0

Total 466 100% 23 100%

Variáveis Verdes Campos Entre Rios

Escolaridade da mãe n % n %
Ign/Branco 83 17,81% 5 21,74%
Analfabeto 3 0,64% 0 0%
1ª a 4ª série incompleta do EF 15 3,22% 0 0%
4ª série completa do EF 9 1,93% 0 0%
5ª a 8ª série incompleta do EF 167 35,84% 6 26,09%
Ensino fundamental completo 52 11,16% 0 0%
Ensino médio incompleto 49 10,52% 4 17,39%
Ensino médio completo 70 15,02% 3 13,04%
Educação superior incompleta 8 1,72% 3 13,04%
Educação superior completo 7 1,50% 2 8,70%
Não se aplica 3 0,64% 0 0%

Total 466 100% 23 100%

Fonte: DATASUS

A maioria dos casos, eram filhos de mãe de raça/cor branca em ambas regiões de
saúde 342 (72,39%); n 23(100%) respectivamente. A incidência SC referente as duas
Regiões de saúde estão acompanhada de baixa escolaridade, quase a metade dos casos
de SC (43%) na Região Entre Rios são analfabetas, Ensino médio incompleto; 295
(63,30%) dos casos da Região Verdes Campos.
Tabela 2- Realização do pré-natal em casos de SC no período de 2010 a 2018 nas regiões de saúde
Verdes Campos e Entre Rios.

Realização pré-natal

Verdes Campos Entre Rios


n %  n %
Sim 353 75,75% 21 91,30%
Não 104 22,32% 2 8,70%
Ignorado/Branco 9 1,93% 0 0

Total 466 100% 23 100%

Fonte: DATASUS

Na Região Verdes Campos 353 (75,75%) e na Entre Rios 21 (91,30%) as


gestantes realizaram pré-natal, mas não foi suficiente para evitar a SC.
GRÁFICO- 2 Momento de detecção do diagnóstico sífilis materna. Período de 2010 a 2018 nas regiões
de saúde Verdes Campos e Entre Rios.

80.00% 73.91%
60.73%
60.00%
40.00% 33.69%
20.00% 13.04% 13.04%
1.29% 0.00% 3.86% 0.43% 0.00%
0.00%
co l o
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ra -na a pa iz
/ B ré et so al
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n or ra ar
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Ig Du p
do
to
en
o m
m
No

Sífilis Materna Verdes Campos Sífilis Materna Entre Rios

Fonte: DATASUS

Verificamos 283 (60,73%) das gestantes da Região Verdes Campos e 17


(73,91%) na Entre Rios tiveram o diagnóstico durante o pré-natal, o que não impediu a
transmissão vertical.
GRÁFICO- 3 Tratamento do parceiro notificados durante a realização do pré-natal da Gestante. Período
de 2010 a 2018 nas regiões de saúde Verdes Campos e Entre Rios.
60.00% 56.52%

50.00% 46.78% 44.85%


40.00%
30.43%
30.00%

20.00%
13.04%
10.00% 8.37%

0.00%
Ign/Branco Sim Não

Verdes Campos Entre Rios

Fonte: DATASUS

Na Região Verdes campos 209, (44,85%), na região Entre Rios 13, (56,52%)
não realizaram o tratamento, um agravante para desencadeamento da SC, embora na
Região Verdes Campos 218 (46,78%) e 7 (30,43%), Entre Rios realizaram o tratamento
do parceiro.
GRÁFICO- 4 Evolução dos casos de recém-nascido notificados de mães com sífilis congênita. Período
de 2010 a 2018 nas regiões de saúde Verdes Campos e Entre Rios.
96%
85.62%
90.00%
60.00%
30.00%
0.43% 0% 1.72% 0% 0.86% 4%
0.00%

Verdes Campos Entre Rios

Fonte: DATASUS

A evolução dos casos de sífilis congênita, a evolução por óbito pelo agravo
notificado na região Entre Rios 1 (4,35%) e 4(0,86 %) na Região Verdes Campos.
DISCUSSÃO

De acordo com Pan American Health Organization (PAHO) e OMS, definiu a


erradicação da SC com o objetivo de reduzir a incidência de SC para 0,5 ou menos
casos por 1.000 nascimentos (incluindo natimortos) como meta até 2015. Assim como
MS preconiza (PAHO, 2014).
Estudos realizados, Heringer et al., (2020) e Alves et al., (2020) evidenciaram
taxas de incidência de SC, acima do preconizado pelos órgãos oficiais. O presente
estudo evidenciou, nas Regiões de Saúde Verdes Campos e Entre Rios no período
analisado, ocorreu uma tendência ascendente na incidência de sífilis congênita, mesmo
quando comparado a população de nascidos vivos, sendo superior a Região Entre Rios,
a Verdes Campos também apresenta sua incidência superior à Entre Rios.
Ainda na Região Verdes Campos em 2013, apresentou incidências de SC com
tendência de crescimento chegando a incidência de 17,30 1.000 NV (2016) e 17,83
(2017), de acordo com o boletim epidemiológico 2018, estas incidências são superiores
ao segundo colocado em com maiores incidência de SC apresentada no estado de
Pernambuco no ano de 2018 que foi de 14,3/1.000 nascidos superado apenas pelo
estado do Rio de Janeiro que apresentou incidência de 18,7/1.000 nascidos vivos,
configurando-se como um problema de saúde pública que necessita de urgência de
políticas resolutivas para esse agravo (BRASIL,2019).
Segundo dados do IBGE 2010, a população residente de mulheres é 84%
brancas, e preta ou parda 16% da população total de mulheres que residem nos
municípios das duas Regiões de Saúde verifica-se que a raça/cor branca é predominante,
fator esse que está pode estar ligado colonização italiana e alemã na região central do
estado. Essas informações vão ao encontro ao estudo realizado no Estado do Paraná
onde 60% dos casos de SC, as progenitoras eram da raça/cor branca (PADOVANI;
OLIVEIRA; PELOSSO, 2018).
Conforme Palhares et al., (2020), verificou que a maioria das gestantes possuíam
ensino médio, fator que corrobora no processo de comunicação profissional e usuário,
referente ao estado civil a maioria eram casadas ou em união estável com os parceiros e
segundo nossa investigação em ambas as regiões de saúde a maioria das mães possuíam
formação da 5ª a 8ª série.
Segundo estudo, investigou o perfil materno, comprovou o alto percentual de
mães com baixa escolaridade, refletindo sobre contexto de vulnerabilidade social e
podendo assim, retratar a limitação de acesso aos serviços de saúde, além do déficit em
informação para prevenção e tratamento da SC (BASTO NETO; SOUZA;
SANTOS ,2020).
O pré-natal tem como finalidade garantir a evolução da gestação e o nascimento
de neonato saudável e sem danos a gestante contemplando estratégias educativas e de
prevenção (RIBEIRO et al., 2020). A captação precoce das gestantes, a oferta dos TR
são estratégias para a diminuição da SC para a detecção em tempo hábil sendo uma
oportunidade de evitar a SC, para o cuidado potencializado o aconselhamento,
prevenção e o tratamento (SOUZA et al., 2020).
Alguns países da América Latina e Europa salientam a importância da ampliação
da assistência de pré-natal, pautada na qualificação do cuidado como estratégias de
profilaxia e monitoramento da SG e SC. Com base nos dados a maioria das gestantes
das duas regiões de saúde realizaram pré-natal conforme tabela 2 indo a encontro de
outros estudos onde o pré-natal na garantiu que o neonato fosse infectado
(HOLZTRATTNER, 2019).
Fatores que predispõe o aumento nos números de casos de sífilis congênita,
estão ligados a realização do pré-natal com déficit na qualidade assistência prestada,
início tardio do pré-natal, gestantes faltosas as consultas, fatores esses que são
responsáveis por diversos casos de SC (OLIVEIRA et al., 2020).
Verificou-se que a realização do pré-natal não foi suficiente para impedir o
nascimento de crianças com SC, há de ser refletida a qualidade da atenção pré-natal
além do número de consultas. O resultado desta investigação vai ao encontro de outro
estudo, onde o acompanhamento pré-natal, não impediu o incremento dos casos de SC,
com isso existe a necessidade de planejar novas estratégias de conscientização e
captação das gestantes e seus parceiros para a realização do tratamento, além ações de
promoção e prevenção efetivas. Ainda neste estudo conclui-se que o conhecimento de
que a assistência pré-natal de qualidade é a medida mais efetiva para a redução de casos
novos de SC (HOLZTRATTNER, 2019).
O desconhecimento das gestantes no que tange a sífilis/sífilis congênita, sobre
período incubação da doença, reinfecção, transmissão vertical e prevenção são fatores a
serem superados, com o cuidado pautado na educação em saúde. Com isso ressalta a
importância do pré-natal como suporte para realizar ações de prevenção e promoção à
saúde (PALHARES et al., 2020).
Na sífilis materna a detecção precoce, durante assistência do pré-natal é
momento oportuno para diagnóstico e tratamento precoce da gestante e de seu parceiro
para inibir a infecção transplacentária ao feto evitando óbitos intrauterinos, abortos,
natimorto e prematuridade e malformações congênitas. No momento parto também é
possível realizar a detecção na internação da gestante ao serviço é realizado teste rápido
para sífilis e outras IST´s, sendo realizado o tratamento da gestante e do neonato ainda
na internação.
Os achados da investigação, é superior ao estudo realizado no estado de
Tocantins, onde que 55,33% dos casos de SC foram diagnosticados durante o pré-natal
e 36,39% no momento do parto/curetagem, embora nesse estudo contatou que 89,41%
dos casos de SC a gestantes realizaram pré-natal, não evitou o a infecção do neonato, a
assistência ao pré-natal é o momento oportuno para realizar a detecção precoce da sífilis
e o tratamento adequado, evitando assim o desencadeamento de sífilis da congênita no
concepto o que vem ao encontro deste estudo (TOMAZ, 2020).
Com a intenção de ampliar a detecção precoce em 2012, o MS decidiu implantar
os Teste rápidos na APS, com a finalidade de realizar a detecção para HIV e sífilis
durante o pré-natal dando prioridade as gestantes e seus parceiros e futuramente foi
ampliada a toda população, preconizando pelo menos dois TR as gestantes (BRASIL,
2020).
Mesmo e realizando orientações pertinentes a sífilis, há dificuldades de
conscientização pelas gestantes e seus parceiros quanto autocuidado na prevenção da
SC.Estudo21 realizado sobre a utilização dos TR constatou que os protocolos oficiais não
são seguidos por todas enfermeiras no momento do diagnóstico de sífilis gestacional ,
dificultando assim as condutas e tomada de decisão com base nos testes reagentes para
sífilis em gestantes, ressaltando assim a importância de seguir protocolos preconizados
pelo MS, necessitando a capacitação dos profissionais de saúde e acompanhamento dos
protocolos estabelecidos pelo MS, dando segurança aos enfermeiros no tratamento
(MULLER et al., 2020).
Para realização do tratamento adequado é necessário a presença do companheiro
as consultas com maior frequência ao serviço de saúde, fator esse que ocasiona gastos
com transportes e ausências nas atividades laborais do usuário, dificultado quando não
existe uma boa acessibilidade ao serviço como horário de atendimentos, necessitando de
atitudes mais acolhedora desses usuários (DE FIGUEIREDO et al., 2020).
Estudo13 realizado sobre tratamento do parceiro da gestante identificou que mais
da metade dos casos não foi realizado o tratamento, ocasionado por motivos de falta de
contato da gestante com o parceiro, a sorologia do parceiro não reagente e o não
comparecimento do parceiro orientado a acessar o serviço de saúde para realizar o
tratamento, a não realização do tratamento ocasiona um grande risco de reinfecção se
apenas gestantes receber tratamento na fase clínica e seus parceiros não (PADOVANI;
OLIVEIRA; PELLOSO, 2018).
A identificação de sinais ou sintomas clínicos ou sorologia não treponêmica
reagente, possibilita do diagnóstico precoce, o tratamento imediato a gestante e orienta-
la a trazer seu parceiro para a terapia, inibindo assim a reinfecção. A realização de ações
em educação em saúde não apenas paras mulheres, mas também para seus parceiros
sexuais favorece a redução da sífilis, para tanto, os profissionais de saúde precisam
encontrar meios para que a sociedade se conscientize sobre a essencialidade do
diagnóstico precoce e tratamento adequado da gestante e seu parceiro (PADOVANI;
OLIVEIRA; PELLOSO, 2018).
Os recém-nascidos com SC necessitam de monitoração no decorrer de seu
desenvolvimento e crescimento. Estes dados corroboram com estudo o que verificou um
crescente no número de óbitos de crianças por SC (OLIVEIRA, et al., 2020). Estes
óbitos, pode ter relação com o indicador do diagnóstico de sífilis materna somente no
momento parto/curetagem, na região Verdes Campos e Entre Rios tiveram diagnóstico
tardio o que eleva o risco de evolução do caso para óbito.
O acompanhamento de RN com sífilis pode ser realizado em consultas de
puericultura na APS, havendo a necessidade de se ter uma atenção mais criteriosa, no
acompanhamento dos sinais e sintomas indicativos de sífilis congênita, sendo realizado
também, teste para sífilis e exames complementares preconizados pelo MS para
monitoramento de crianças com SC, as crianças que foram expostas à sífilis. As
condutas podem sofrer alterações conforme a necessidade da criança, assegurando o
cuidado integral tanto nas Atenção Básica como nos serviços especializados e
hospitalares (BRASIL,2020).
Conforme o boletim epidemiológico de 2019, referente ao ano de 2018, a taxa de
mortalidade foi 8,2/100.000 nascidos vivos (BRASIL,2019). A SC acarreta
complicações como aborto espontâneo ocasionando até óbito do feto, óbito tardio,
também é possível identificar que na maior parte dos casos, quando acontece a evolução
da gestação sem complicações até o parto, o neonato pode se apresenta sintomático ou
assintomático. Baseado no tipo e estágio das manifestações clínicas apresentadas, esse
quadro clinico eleva o risco de óbito do neonato, devido a isso um dos indicadores de
maior relevância é a mortalidade infantil provocada pela SC (OLIVEIRA et al.,2020).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A SC, persiste como problema de saúde pública nas duas Regiões de Saúde,
evidenciou-se que a incidência de SC está muito acima do preconizada pela OMS e MS.
Não houve diferenças em ambas regiões de saúde quanto as condições
sociodemográficas. A grande maioria das gestantes que seus filhos tiveram SC eram da
raça/cor branca. A escolaridade das mães, a maioria apresentou baixo grau de
escolaridade, possivelmente seja fator que dificulta a comunicação do profissional de
saúde com gestante e parceiro, a respeito de orientações para prevenção, diagnóstico e
tratamento, dificultando assim e conscientização dos mesmos, sobre as complicações
que sífilis na gestante pode causar ao feto.
A grande maioria gestantes com sífilis gestacional realizaram pré-natal, mas não
foi suficiente para que seus filhos não nascessem SC, sendo um desafio a ser vencido,
principalmente quanto a inclusão dos parceiros na atenção pré-natal.
Para a redução da SC, é necessário repensar a abordagem à gestantes e
companheiros, não apenas na lógica da prescrição e a instituição do tratamento como
forma de erradicação, mas conjeturar como as estratégias estão sendo realizadas,
pautada nos determinantes e condicionantes em saúde do processo saúde-doença e nos
atributos da APS, se estão realmente sendo efetivados.
Apesar das duas regiões de saúde apresentarem incidência superior de SC ao
preconizado, é prudente verificar a capacidade instalada dos serviços de saúde para
detectar fragilidades quanto a organização dos serviços.
Verificou-se que as notificações ignoradas e em branco foram menores na
Região entre Rios, o que pode ser inferido a qualidade da informação.
Cabe a equipe de saúde da APS realizar buscas ativas das gestantes faltantes a
consultas de pré-natal e exames. Os serviços de saúde devem realizar condutas
preconizadas pelo MS, com isso desenvolver estratégias para o enfrentamento da SC,
realizar educação permanente com profissionais de saúde a respeito do tema, promover
educação em saúde, educação popular aos usuários pautados em significados, de
pertencimentos para conscientização do autocuidado. A sociedade precisa estar inserida
no contexto de cuidado a respeito relação sexual desprotegida, ser coparticipante do
autocuidado, com o foco na vulnerabilidade para o enfrentamento SC.
O estudo realizado encontrou limitações a respeito de algumas variáveis
importantes para a avaliação deste estudo que não estavam disponíveis, no momento da
coleta de dados como: esquema tratamento adequado da mãe: Adequado, Inadequado,
não realizado e Ignorado, e a identificação da faixa etária da mãe.
Sugere-se novos estudos que abordem quais os motivos das gestantes que
realizam pré-natal e seus parceiros não realizam o tratamento para evidenciar cuidados
para a diminuição da SC.

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