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2023/2024
4.
Acerca da Imagem
“Uma criatura que faz imagens é, por isso, uma criatura capaz de
fazer objetos inúteis, ou que tem fins para além dos fins
biológicos, ou que pode servir estes últimos de maneiras
afastadas da utilidade direta das coisas instrumentais.”
“Como o recriador das coisas «na sua semelhança» o homo pictor [pictorial
man] submete-se ao padrão da verdade. Uma imagem pode ser mais ou
menos verdadeira em relação ao objeto. A intenção de retratar coisas
reconhece-as tal como são e aceita o veredicto de serem segundo a adequação
da homenagem pictórica [pictorial homage]. A adequatio imaginis ad rem que
precede a adequatio intellectus ad rem é a primeira forma da verdade
teorética – a precursora da verdade verbalmente descritiva, a qual é a
precursora da verdade científica.”
“Retorno mais uma vez ao lado mental [da imagem]. A Bíblia conta-nos
(Génesis 2:19) que Deus criou os animais do campo e as aves do ar, mas deixou
que Adão os nomeasse. Uma Haggada [comentário hebraico] a esta passagem
(Génesis Rabba XVII.5) afirma que Deus elogiou a sabedoria de Adão acima da
dos anjos dizendo que ao dar nomes a todas as criaturas, a si próprio e até
mesmo a Deus, Adão fez o que os anjos não seriam capazes de fazer. Dar
nomes aos objetos é aqui considerado com o primeiro feito do homem recém-
criado e como o primeiro ato distintivamente humano. Foi um passo além da
criação. Aquele que os deu demonstrou assim a sua superioridade sobre os
seus companheiros de criação e anunciou o seu futuro domínio sobre a
natureza. …/…
119. O poder dos nomes II
“Ao dar nomes a «todas as criaturas vivas» criadas por Deus o homem criou
nomes de espécies para a pluralidade em que cada uma se iria multiplicar. O
nome, ao se tornar geral, preservaria a ordem arquetípica da criação
perante a multiplicidade dos indivíduos. O seu uso para cada caso individual
renovaria o ato original da criação no seu aspecto formal. Assim a
duplicação da natureza pelos nomes é simultaneamente uma ordenação da
natureza segundo os seus padrões genéricos. Cada cavalo é o cavalo original,
cada cão o cão original.”