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O Senhor Krishna, o mestre espiritual supremo, foi direto ao assunto:

“Meu querido Arjuna, se Me queres como teu mestre espiritual, então


dar-te-ei Minha primeira instrução: torna-te um verdadeiro sábio e não
te lamentes desnecessariamente!” Isto é extremamente significativo.
Lamentação e vida espiritual definitivamente não combinam. De um
modo geral, a lamentação é um sinal evidente da ignorância acerca do
verdadeiro eu. Pelo controle supremo, as diferentes almas são lançadas
em diferentes corpos, onde terão de existir por um período específico
de tempo. Pelo controle supremo, tais almas terão de abandonar no
momento certo seus respectivos corpos e obterão, de uma maneira
impecavelmente justa, os resultados de suas atividades. Qual é, então,
a necessidade de lamentação? Como ficará cada vez mais claro
durante o estudo desta obra, a alma é eterna e sempre existente. A
morte é um simples conceito material, relativo apenas ao corpo físico,
uma mera cobertura temporária da alma. Por isto, Arjuna não deveria
dar tamanha importância à condição do corpo material. Isto estava
acarretando um esquecimento acerca do verdadeiro eu, a alma
espiritual, resultando em desnecessária lamentação. Nos dias de hoje,
a civilização humana carece deste conhecimento espiritual e, como
Arjuna, foi mordida pela serpente da lamentação, cujo veneno se
expande em todos os setores da sociedade. Na verdade, a condição
corpórea é lamentável por ser completamente incompatível com a
natureza eterna da alma. Logo que nasce, o corpo terá de
gradualmente atingir as fases de doença, velhice e morte. Em
conclusão, a identificação corpórea é uma fonte de lamentação que tem
como consequência a intolerância e a instabilidade emocional. No
entanto, ao compreender sua natureza eterna e ao utilizar o corpo
material exclusivamente como um instrumento para a auto-realização
espiritual, a pessoa livra-se das dualidades concernentes à vida
material, aprende a tolerar as adversidades deste mundo e não se
perturba diante dos reveses da vida. Certamente, tal pessoa pode
alcançar completa liberação mesmo estando em contato com o corpo
material, posto que suas atividades corpóreas não mais a afetarão. Isto
significa que, mesmo que o seu corpo aja movido pela reação às suas
atividades passadas, a Suprema Personalidade de Deus passa a cuidar
pessoalmente de tal alma liberada. Por exemplo, mesmo depois de
desligado, o ventilador elétrico continua girando por algum tempo. No
entanto, este giro não se deve à corrente elétrica, mas à continuação do
último movimento. Em outras palavras, embora uma alma liberada
pareça estar agindo tal qual uma pessoa comum, suas ações não
passam de continuação das atividades passadas.

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