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Stockmeyer
Stockmeyer
E. A. Karl Stockmeyer
CURRÍCULO DE
RUDOLF STEINER
PARA AS ESCOLAS
WALDORF
Volume 1
2
APRESENTAÇÃO
1. Esta primeira versão para o português da obra “Rudolf Steiners Lehrplan für
die Waldorfschulen” de E.A. Karl Stockmeyer está sendo feita para atender ao
pedido do Corpo Docente do Colégio Micael - São Paulo, para uso interno.
2. Qualquer utilização deste trabalho fora do âmbito interno a que está destinado
dependerá necessariamente de autorização expressa dos editores.
Sérgio G. Corrêa
E. A. KARL STOCKMEYER
Editado pelo
Centro de Pesquisas Pedagógicas
da Associação das Escolas Livres Waldorf
Stuttgart 1976
“Não se pode, hoje, apenas pensar acerca do mundo. Hoje se deve pensar de tal
maneira acerca do mundo que o pensar se transponha gradualmente para um
sentir geral do mundo. Pois, a partir do sentir surgem os impulsos para a
reforma, para o prosseguir trabalhando. Antroposofia quer ter um tal
reconhecimento do mundo, que não permaneça no abstrato, que penetre com
vida no sentir e que, desde modo, possa tornar-se numa base para pedagogia e
didática.” (“Dornach 1921/22”)
Rudolf Steiner
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A obra aqui apresentada foi editada pela primeira vez no ano de 1955. E. A. Karl
Stockmeyer a concluiu após décadas de trabalhos preliminares para o Centro de
Pesquisas da Associação das Escolas Livres Waldorf. Naquela oportunidade foi
publicada em onze cadernos mimeografados e tornou-se de imediato numa ajuda
orientadora indispensável para o trabalho do professor. Em 1965 surgiu a segunda
edição em dois volumes, com reprodução foto-mecânica. Ela encontra-se agora
novamente esgotada, o que torna necessária a terceira edição. Esta possui a mesma
abrangência, melhorada em detalhes, no teor das citações e da bibliografia, a qual é
trazida de acordo com a atual Edição Completa de Rudolf Steiner. Tributamos os nossos
agradecimentos calorosos à D. Anna Stockmeyer em Malsch que, amavelmente, mais
uma vez apoiou esta edição. A Administração do Espólio Literário de Rudolf Steiner
em Dornach, que novamente deu o seu amistoso consentimento para a cópia das
citações de sua obra. Agradecemos a D. Ruth Moering em Herne pela reelaboração
bibliográfica.
Mais uma vez a nova edição é uma impressão do original, posto que a obra foi
concebida em primeiro lugar para o professor em exercício na Escola Waldorf. Aqui ele
consegue, de maneira dirigida, orientar-se acerca da abrangência das indicações de
Rudolf Steiner para as matérias individuais e para a sua estruturação em cada uma das
etapas de idade. Em igual medida ele terá, contudo, a necessidade também de religar os
trechos individuais com o todo das palestras e ciclos dos quais foram extraídos. No
contexto eles ganham o seu valor de referência.
Desde o aparecimento da primeira edição, no ano de 1955, quase todas as fontes citadas
foram reeditadas. Com isso os textos foram novamente cotejados com as notas
taquigráficas, complementados com notas adicionais ou então retificados. Muito
especialmente este é o caso das conferências que, para a edição em 8 cadernos de 1962-
64, foram minuciosamente examinadas pelo Dr. Gabert, e para as quais ele conseguiu
recolher anotações de outros colegas. Muitos trechos anotados por E. A. K. Stockmeyer
como questionáveis foram com isto esclarecido.
O mesmo é válido para os escritos e palestras que, desde 1955, surgiram na Edição
Completa de Rudolf Steiner.
Infelizmente não foi possível comparar todos os textos citados com as novas edições;
muitos trechos obscuros, porém, puderam ser pesquisados e retificados. Admite-se que
possa haver também pequenas diferenças nos trechos quando os procura nas palestras
correspondentes. Todavia, dificilmente poderão ocorrer equívocos por tal intermédio.
Em lugar da paginação da edição de 1955, adotou-se agora a indicação de cada palestra
da qual a citação provém. As chamadas de Stockmeyer foram mantidas.
O texto da edição de 1955 está inalterado, com exceção das mencionadas indicações
técnicas e bibliográficas. Para a nova e mais inteligível diagramação pôde ser suprimida
a identificação das divisões e subdivisões por meio de letras e números.
Os grifos e espaçamentos da edição de 1955 estão aqui realçados em negrito, indicações
bibliográficas em itálico. Assim, em suma, resulta um visual gráfico mais claro, que
poderia facilitar a utilização da obra.
PREFÁCIO
O trabalho apresentado neste livro é fruto da ideia de colocar nas mãos dos professores
das Escolas Livres Waldorf algo que lhes possibilite entender-se com o currículo “vivo”
de Rudolf Steiner.
Este currículo não existe na forma de uma obra acabada escrita por suas mãos, mas vive
nas inúmeras proposições, exigências, conselhos e indicações que ele deu para a
educação e o ensino, e deve viver nos pensamentos e sentimentos dos professores que
atuam nas Escolas Waldorf. Este “currículo” pretende contribuir para que isso possa ser
cada vez melhor.
Certamente não se trata aqui de tentar conservar como um dogma a estrutura
apresentada nos anos de 1919 a 1924. Mas, tampouco pode-se tratar-se de alterar o
currículo sem mais nem menos “porque hoje em dia as crianças têm aptidões
diferentes”. É certo que os homens que chegam ao mundo hoje em dia têm aptidões
diferentes daqueles que nasceram por volta de 1919. Entretanto, seria interpretar
profundamente mal as intenções de Rudolf Steiner e os conhecimentos nelas
manifestados, se acreditasse que o impulso pedagógico, que ele denominou “a tarefa
educacional do quinto período cultural pós-atlântico” logo no início da primeira
conferência da “Antropologia Geral”, já estivesse ultrapassado na primeira geração após
o seu estabelecimento.
Tento em vista o que ficou dito acima, e tomando-se em consideração que Rudolf
Steiner não pretendia estabelecer nenhum dogma, pois que para ele o respeito pela
liberdade do outro era exigência primeira que ele impunha a si mesmo, a atitude que
deveria ser assumida pelos professores nas Escolas Waldorf em relação ao seu currículo
só pode ser a que o professor dessa pedagogia a tome como algo que lhe é confiado
como um legado de uma grande personalidade; que, junto com outros que assim pensam
e querem o mesmo, quer colocá-la dentro da realidade porque considera como um ideal
da aspiração humana, para cuja realização quer empenhar-se, e contribuir para que sua
verdade e força benéfica interiores possam manifestar-se historicamente e afirmar-se de
maneira viva. Possa um dia comprovar-se perante a história que a arte de educar de
Rudolf Steiner produziu na evolução humana um impacto efetivo no sentido da
salvação da humanidade. – No entanto, isso só ocorrerá se aqueles que se sentem
comprometidos com a guarda desse impulso permanecerem interiormente de fato fiéis a
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ele durante um período suficientemente longo, e possam nisto ver a realização de sua
própria atuação em liberdade.
Nem sempre essa fidelidade é realmente mantida, e, frequentemente não se sabe onde se
quebrou, para então se lamentar o fato de o objetivo estabelecido por Rudolf Steiner não
ser atingível, - porque em verdade não nos esforçamos de modo algum, a partir da base,
por aquilo que Rudolf Steiner realmente requer.
A arte de educar de Rudolf Steiner coloca diante do professor um duplo conjunto de
enigmas. De um lado estão os enigmas do ser humano, e do outro estão àqueles
representados pelos conselhos individuais para os problemas levantados pelo ensino.
Ambos querem viver na alma do professor, os primeiros querendo despertar o educador
para a alma da criança, os segundos, porém, querendo mostrar o que deveria ser dado
para essa alma infantil no quinto período cultural pós-atlântico.
Com isso estamos diante de dias tarefas: por um lado, esmerado estudo meditativo da
antropologia, de outro o estudo das incontáveis indicações individuais. Para a primeira,
tudo o que se pode fazer é convocar repetidamente as pessoas. Talvez muito se pudesse
conseguir se, nos colegiados, exatamente isso fosse feito como trabalho permanente e
executado com externo afinco. Para a segunda tarefa o autor deste livro quer contribuir
com algo, já que tentou agrupar as indicações individuais de Rudolf Steiner de tal
maneira que o leitor se veja colocado diretamente diante do problema que paira entre as
indicações individuais contrastantes. Através da maneira pela qual Rudolf Steiner
transmitiu sua arte de educar, o professor é colocado diretamente perante a exigência de
atuar a partir da liberdade, o que não pode ser separado da ideia da Escola Waldorf. As
indicações de Rudolf Steiner são sempre dinâmicas, sempre deixam um espaço livre
para o professor e o convidam a encontrar por si mesmo um caminho.
Tenho um débito de gratidão para com os amigos do primeiro colegiado de professores,
que favoreceram a obra com indicações especiais de Rudolf Steiner para o seu trabalho,
e que contribuíram para o todo com as tentativas pessoais de estruturação de suas aulas.
Devo agradecimento especial aos senhores Dr. Erich Gabert e Dr. Karl Schubert, cujas
reproduções das reuniões com Rudolf Steiner realmente tornam o meu trabalho
possível. Neste ponto desejo agradecer também ao Dr. Hans Simon pelo tão valioso
índice de chamadas para as conferências.
O trabalho nesta obra experimentou especial favorecimento pelo Centro de Pesquisas
Pedagógicas da Associação das Escolas Livres Waldorf. A isso seja externado aqui o
meu agradecimento.
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A reprodução dos textos de Rudolf Steiner contidos nesta obra resulta de um acordo
com o Espólio Literário de Rudolf Steiner em Dornach.
E. A. Karl Stockmeyer
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“Em certa medida a ciência espiritual está tomando um rumo tal que,
propriamente, esquece-se a cada momento o conteúdo espiritual que se acolheu
por meio da ciência espiritual, e precisa-se a cada momento reabsorvê-lo e
recriá-lo em si repetidamente. Não se tem, realmente, a posse da ciência
espiritual quando se a tem como algo a ser lembrado... Nesse sentido tentei
preparar também os professores da Escola Waldorf de forma tal que eles, em
certa medida, adentrassem a escola a cada manhã com a alma virgem, para se
defrontarem com algo completamente novo, com numerosos enigmas novos. A
capacidade de esquecer, que é apenas o reverso da assimilação, é precisamente
no que a ciência espiritual educa o homem, é o resultado da autoeducação
através da ciência espiritual.” (Basel 1920, 4ª palestra)
estamos hoje teve inicio em meados do século 15. Somente hoje emerge, em
certa medida, dos fundamentos espirituais, o reconhecimento do que tem que ser
feito justamente em relação á tarefa educacional, dentro desta nossa época. Até
agora os homens, mesmo quando com a melhor boa vontade, trabalham
pedagogicamente ainda no sentido da educação antiga, ainda no sentido da
quarta época de desenvolvimento pós-atlântica. Muito vai depender de que
saibamos de antemão situar-nos para nossa tarefa, de que aprendamos a
compreender que precisamos dar-nos uma direção bem definida para o nosso
tempo, uma direção que não seja importante por ter que ser absolutamente válida
para toda humanidade em seu desenvolvimento, mas sim por ter que ser válida
exatamente para o nosso tempo.” (nº 11 Menschenkunde, 1ª palestra)
“Surgiu uma humanidade ao mesmo tempo com a consciência de que: não deve
existir escravidão, e a consciência de que: a mulher tem de ser respeitada. Ao
mesmo tempo surgiu, no desenvolvimento individual do homem, o fato de que o
jovem entre o 7º e 14º anos de vida – quando, portanto o desenvolvimento não é
somente físico, mas a alma, em certa medida, está emancipada do corpo – não
mais admite prosseguir na preservação da infância, tal como havia sido costume
até então.” (Ilkley, 3ª palestra)
“Tudo isso fez com que, durante longo tempo dentro do desenvolvimento da
humanidade, a essência também navegasse em águas incertas, pouco claras; fez
com que o tempo, no qual tradição e memória tinham que ser cultivadas
parecesse, para a essência da educação, um tempo extraordinariamente difícil. –
Hoje vivemos em uma época em que o homem, pela sua evolução natural, quer
ter uma segurança diferente daquela que estava assentada sobre bases tão
instáveis como as que haviam na Idade Média. E essa procura por novas bases se
expressa nas numerosas tentativas de reformas educacionais no nosso tempo, e,
do reconhecimento desse fato, surgiu a Pedagogia Waldorf. Ela repousa sobre
uma pergunta: como se pode educar quando a alma, entre o sétimo e o décimo
quarto anos de vida, continua a conservar a rebeldia contra a preservação da
infância? Como se pode educar quando, além disso, o homem perdeu aquela
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velha, medieval relação com a tradição e com a memória, como ele acaba de
perder nos tempos mais recentes? Exteriormente o homem perdeu a confiança na
tradição, interiormente o homem quer tornar-se um ser livre, que a cada
momento que colocar-se diante da vida despreconcebidamente.” (Ilkley, 3ª
palestra)
INTRODUÇÃO
A Escola Waldorf recebeu seu currículo definitivo, pelo menos para as oito classes do
primeiro grau, através das três assim chamadas “palestras sobre currículo” feitas por
Rudolf Steiner em 6 de setembro de 1919 Elas constituem a conclusão do curso de
formação pedagógica para o primeiro colegiado de professores, que engloba a
“Allgemeine Menschenkunde”, o “curso metódico-didático e o seminário pedagógico”.
Durante o primeiro ano de trabalho na escola o currículo foi elucidado e completado
através de numerosas conferências. Quando, no outono de 1920, uma nona classe teve
que ser aberta, Rudolf Steiner apresentou o currículo respectivo, e continuou a estruturar
ano após ano.
Na primavera de 1923 – entrementes o encerramento do ano escolar havia sido
antecipado para a Páscoa – foi aberta pela primeira vez uma 12ª serie, a qual
correspondia à série de conclusão de uma escola estadual do 2º grau da época; e os pais,
logicamente, contavam com que seus filhos e filhas prestassem exames de conclusão
(Reifeprüfung) ao mesmo tempo em que também teriam feito numa escola estadual.
Rudolf Steiner desejava corresponder a essa expectativa, embora para tanto se visse
forçado a satisfazer exigências dificilmente compatíveis entre si: de um lado, aquelas
resultantes do seu próprio objetivo pedagógico e, de outro, aquelas do regulamento
vigente para os exames. Ele assumiu essa tarefa muito contrafeito, e considerou o
compromisso daí decorrente como uma medida de emergência extremamente
indesejável.
Por isso, na primavera de 1924, ele decidiu por uma mudança radical; ele deu, para a
12ª série, um novo currículo que correspondia claramente aos seus conhecimentos
pedagógicos, pelo qual os alunos deveriam se beneficiados por uma conclusão sensata
de sua educação, independentemente de quererem, ou não, fazer o exame de conclusão.
E, ele tomou em consideração àqueles alunos que, após o decurso da 12ª série, tivessem
o desejo de fazer o exame de conclusão, e que também parecessem capazes de, em um
ano adicional, numa “série preparatória”, que é como ele desejava fosse chamado esse
arranjo, serem especialmente preparados para esse exame. Aí deveria ser proporcionado
a eles tudo aquilo que o regulamento então vigente para os exames exigia alem do
currículo da Escola Waldorf. Essa série preparatória foi aberta pela primeira vez
somente após a morte de Rudolf Steiner, ocorrida a 30 de março de 1925. No entanto
ocorreu que, pela lei da escola elementar imposta pela Constituição de Weimar, e pela
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adaptação das escolas superiores da Alemanha a essa mesma lei, também naquelas
escolas (elementares) o exame de conclusão foi adiado por um ano.
Rudolf Steiner tencionava elaborar sistematicamente por escrito o currículo que havia
apresentado oralmente. Porém, ele não mais conseguiu o seu intento. Outras coisas
ainda, que ele também havia planejado para a Escola Waldorf, permaneceram como
desafio. O currículo, entretanto, na plenitude das indicações, existe de fato; e, sobre
como ele deve ser interpretado, disse o seu criador pouco antes da inauguração da
Escola Waldorf de Stuttgart:
Logo após a morte de Rudolf Steiner, a Dra. Caroline Von Heydebrand, em conjunto
com vários colegas, tomou a seu cargo estruturar e publicar o currículo segundo as
indicações de Rudolf Steiner. No outono de 1925 esse trabalho assaz meritório foi
publicado.
Desde a primeira publicação do trabalho de Heydebrand ocorreu uma geração.
Enquanto isso, muitas palavras e cursos dados por Rudolf Steiner ainda nos últimos
anos de sua vida se tornaram acessíveis. Além isso, a coleção de todas as notas
taquigráficas e apontamentos sobre as conferências de Rudolf Steiner para o colegiado
de professores da Escola Waldorf de Stuttgart, organizada pelos Drs. Erich Gabert e
Karl Schubert, trouxe à luz um material sumamente valioso, e que estava disponível
apenas de maneira imperfeita para o trabalho de Caroline Von Heydebrand. Por isso
parece ser hoje adequado retomar as indicações do currículo de Rudolf Steiner.
Seria objetar o sentido e a essência da arte de educar de Rudolf Steiner, querer
constantemente enquadrar o seu trabalho dentro de um esquema rígido. Esse trabalho
situa-se entre dois polos: um é dado pelo desenrolar do curso do desenvolvimento
físico-anímico-espiritual da criança, o qual só apresenta mudanças muito lentamente. O
outro polo é a condição social e cultural em cujo meio as crianças têm de crescer. Esse
está sujeito a mudanças mais rápidas. Ambos, porem, exigem que a educação lhes
corresponda. Entre essas exigências, entretanto, estão as crianças individuais, vivas,
com inclinações especiais, aspirando objetivos especiais; entre elas está também o
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professor com suas inclinações especiais, seu temperamento, sua formação, seu saber e
sua capacidade, seus conceitos, e, entre elas está finalmente também o currículo. Para a
educação das crianças pequenas, este tem de atender mais às exigências da primeira
orientação, atentar mais para os passos típicos do desenvolvimento infantil; para o
ensino da juventude mais madura, tem de considerar mais as exigências do segundo
tipo, pois a criança tem de encontrar de fato a ligação com a condição cultural do seu
tempo e situar-se nela com firmeza. Tudo isso, entretanto, é vivo, está em constante
mutação, e um currículo rigidamente moldado jamais poderia corresponder plenamente
a esse processo vivo. Um currículo pode dirigir a consciência do educador para as
necessidades, porém tem de permitir uma adequada liberdade de ação para a direta
compreensão presente do professor e para o seu talento inventivo. Pois, é a
compreensão que se acende na convivência com as crianças, e a força inventiva que
cresce a partir desta convivência, que talvez gerem medidas muito especiais, as quais
atuam sobre a criança de maneira benéfica porque convêm do total movimento do
professor em suas atividades, da total liberdade espiritual, e do amor pela criança
individual.
Consequentemente, o currículo corretamente formado deveria ser apenas uma coleção
de tudo aquilo que, a partir do desenvolvimento em etapas da criança, são exigências
que se apresentam normal e objetivamente. Às quais o educador deveria corresponder-
nos diferentes níveis de idade. Essas exigências podem seguir duas direções diferentes:
elas podem apontar objetivos, ou podem fornecer informações metodológicas. Tudo o
que passar disso só pode ter sentido de exemplos que, ou são impostos pelas condições
objetivas sob as quais crescem as crianças a serem educadas, ou são insinuadas pelas
aptidões especiais do professor. As exigências, o mundo as coloca, ou seja, a natureza
da criança ou a cultura da época. O professor está diante delas como um reconhecedor, e
as toma em consideração através de suas medidas educativas, precisamente como, de
modo semelhante, o engenheiro toma em consideração as regras da teoria da solidez em
suas construções. Porém, na mesma proporção em que essas exigências determinam os
esforços e medidas do professor, também há de se ver que, para a escolha da sua
matéria, para as suas exemplificações e para a conformação didática das mesmas, lhe
seja conferida plena liberdade.
Rudolf Steiner efetivamente imaginou o seu currículo como uma coleção tal de
exigências objetivas. Mas, além disso, ele fez muitas propostas; em parte, aquelas que
resultaram das aptidões do professor cogitado, em parte, porém, também aquelas que de
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Assim também dever ser entendidas as frases relativas ao currículo da 11ª série que
foram ditadas um pouco antes daquelas citadas acima:
“Vamos ter que discutir de maneira minuciosa precisamente o currículo para esta
11ª serie. Por ser aí onde a dificuldade entra no mais alto grau, queremos
assegurar que haja certa prática do ensino (isto é, que as exigências pedagógicas
tenham se transformado em prática, que tenham se transformado em exercício e
em hábito), e depois temos que levá-las ao ponto de fazerem exame.” (10 maio
1922)
“Isso que se manifestou como algo desuniforme, isso nada mais é do que
relaxamento. O relaxamento irrompeu quando se desenvolveu uma maneira
própria para fazer as coisas mais facilmente.” (21 de junho de 1922)
Rudolf Steiner estava convencido de que, precisamente pela severa execução das
exigências no currículo, os jovens ganhariam as aptidões necessárias também para os
exames. Em contraposição a isso sempre ressurge a tendência de tornar-se infiel ao
currículo por força do exame, porque não se apercebeu que não se satisfaz realmente o
currículo em sua função pedagógica. Rudolf Steiner, no entanto, contava com o total
empenho humano e pedagógico por esse currículo. Assim deve-se entender o que ele
declarou em 22 de abril de 1922 a respeito da queixa de um professor de línguas, de que
ainda não se conseguia que os alunos pudessem entrar em uma classe da escola pública
de idade correspondente:
Isso se torna muito nítido nas palavras com que Rudolf Steiner, a 22 de dezembro de
1922, respondeu ao desejo do professor de estenografia de tornar facultativa a sua aula:
trabalhar. Por conseguinte, pode parecer justificável executar ambas as ordenanças aqui.
E primeiro lugar, muito detalhadamente, aquela por matéria, e depois, de maneira um
tanto mais sucinta, aquela por etapas de idade.
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GENERALIDADES
SOBRE ESCOLA E ENSINO
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A seguir devem ser reunidas algumas manifestações de Rudolf Steiner de época anterior
à abertura da Escola Waldorf, as quais mostram como, para ele próprio, a imagem dessa
escola formou-se e completou-se passo a passo, e em consequência de acontecimentos
exteriores – até mesmo modificou-se.
No ano de 1898, na revista “Magazin für Literatur”, em um artigo intitulado
“Universidade e Vida Pública”, ele esboçou uma imagem da futura essência da escola:
“As escolas elementares têm a invejável tarefa de fazer do homem nada mais do
que um homem no sentido mais perfeito da palavra. Elas têm de se perguntar
quais aptidões jazem em cada homem e o que devemos correspondentemente
levar ao desenvolvimento em cada criança para que um dia ela represente a
natureza humana em sua harmônica totalidade. Se a criança vai ser mais tarde
médico ou construtor de navios, isso pode ser, para o pedagogo em cujas mãos
ela é entregue aos 6 anos para ser educada, totalmente indiferente. Ele tem de
fazer dessa criança um homem.”
E então, após haver recordado a imagem do homem no seu mais perfeito sentido, tal
como o professor do grau escolar mais baixo deveria ter em mente como objetivo, ele
escreveu:
Essa imagem de uma futura essência escolar permite incorporar-se nela tudo o que o seu
criador, mais tarde, apresentou como exigências para a educação escolar. Segue-se, em
primeiro lugar, uma atitude muito decidida para com o problema da educação
ideológica que ganhou muita importância na constituição da Escola Waldorf: em uma
reunião dos representantes da “Associação para Trimembração do Organismo Social”,
em 24 de abril de 1919, respondeu Rudolf Steiner a uma pergunta sobre se não se devia
fundar escolas antroposóficas:
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O primeiro esboço de currículo para a Escola Waldorf que Emil Molt havia recém
decidido formar, Rudolf Steiner o desenvolveu num círculo íntimo perante Emil Molt,
Herbert Hahn e eu, em 25 de abril de 1919. Ele recomendou a fundação de uma escola
no sentido da antiga “Unterrealschule” austríaca, que conduzia até o 16º ano de idade
completo. Em alemão, o ensino deveria levar até a redação comercial; na história, após
um curso de história geral, deveria ser ensinada a história pátria; na geografia
igualmente, após um curso geral de geografia pátria; deveriam ser desenvolvidas
línguas, sobretudo o inglês; matemática é física, com especial consideração para a
mecânica; historia natural, desenho, sobretudo pintura, conto e ginástica. Ele deu uma
visão sobre o numero de horas semanais tocantes às matérias individuais, mais ainda
sem referencia à instituição do assim chamado ensino de épocas, introduzido mais tarde.
Então ele acrescentou ser o aprendizado do latim meramente um resíduo das escolas de
padres; de mais valor, em todo caso, seria o grego.
O “Gymnasium” produz múmias de cultura e, sem duvida, desaparecerá no futuro.
Muito mais importante que latim, seria mecânica.
A escola assim formada tornar-se-ia a escola unificada do futuro. Os dois anos que
ainda lhe faltam para comparar-se aos atuais institutos completos – que então abrangiam
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Muitas coisas lembram as abordagens das conferências sobre Pedagogia Popular, por
exemplo, os temas cívicos como o caminho do grão de trigo, os ofícios, a aritmética
comercial, o estilo comercial, mas também o ensino da cosmovisão tal como está
explicado mais pormenorizadamente nas palestras sobre Pedagogia Popular.
Outras (coisas) já apontam para as formulações posteriores, como ler analisando nos 1º
e 2º anos, a forma artística da versificação, a geometria a partir do desenho, desenho em
perspectiva, desenho técnico, plantas, mapas, geometria prática, nivelamento,
arquitetura, noções químico-técnicas, descritiva, primeiros socorros. A menção a
proporções nos 5º e 6º anos é particularmente digna de nota com a única posição em que
a palavra aparece e, com isso, a única indicação de quando as proporções deveriam ser
tratadas.
Por volta de 10 de junho de 1919, Rudolf Steiner deu-me indicações acerca da estrutura
do horário das aulas e da nova ordenação que, em determinadas áreas do ensino, o
deveria substituir. Em três ou até quatro dias, assim dissera ele, deve haver canto na
primeira aula, pala manhã, e nos demais dias, desenho. A seguir deve haver, por
exemplo, aritmética, ou seja, uma matéria que se precise tratar em épocas e, depois
religião. O ensino não deveria começar antes das 8:00 horas, e terminar ao meio-dia.
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Para cima, o ensino deveria diminuir. Após o meio-dia deveríamos ser empreendidas
atividades práticas.
Na terceira palestra sobre Pedagogia Popular, em 1 de junho de 1919, o ensino por
épocas é pela primeira vez exigido. Na conversação acima mencionada, de 10 de junho,
Rudolf Steiner o incorporou pela primeira vez ao plano diário. Porem, ele não se situa
no inicio da manhã escolar, pois atividades artísticas o precedem. Em 15 de junho de
1919 Rudolf Steiner deu-me uma relação das matérias que deveriam ser dadas em
épocas: alemão, com leitura e escrita – inglês – Frances – matemática – geografia –
ciências naturais – historia. Canto e ginástica, assim ele o disse então, provavelmente
não se vá continuar desenvolvendo após o 14º ano de vida para que se ganhe tempo com
outras coisas.
Aqui, portanto, ambas as línguas vivas estão ordenadas no plano de épocas, enquanto
que mais tarde, como é sabido permaneceram encaixadas no horário das aulas
propriamente dito.
Por volta de 4 de julho de 1919, Rudolf Steiner constatou, em uma conversa, que o
movimento social pela Trimembração do Organismo Social havia sido lançado de volta
à vida espiritual, mas que então, dever-se-ia aproveitar-se a possibilidade de atuar no
organismo de maneira reformadora.
Uma decisiva mudança verificava-se com isso. A planejada Escola Waldorf não mais
podia ser vista como um membro de um real organismo social trimembrado, o qual
também a teria de carregar de maneira adequada, tal como se havia previsto em abril.
Agora teríamos de organizar-nos de maneira que a escola se mantivesse como germe de
uma vida espiritual livre dentro de um organismo social de caráter antigo, e que
precisaria lutar por conquistar lentamente sua existência e o seu direito. Isso tem que ser
levado em consideração toda vez que se julgar o desenvolvimento do conceito da Escola
Waldorf.
Sob esse aspecto, tendo então de ser construída dentro do mundo de pós-guerra de 1919,
precisando conquistar passo-a-passo a sua existência e o seu direito, está a Escola
Waldorf Livre aberta no outono de 1919, e está também o seu currículo. Compare-se a
isso a 13ª palestra metódico-didática.
Uma primeira visão geral do currículo “ideal”, o currículo tal como deveria
propriamente ser, dado Rudolf Steiner na 10ª palestra do curso metódico-didático
(a.a.o.) em prosseguimento à reflexão sobre as três etapas menores do desenvolvimento
infantil entre a troca dos dentes e a puberdade. Essa exposição é especialmente
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instrutiva porque destaca, de maneira particularmente forte, o fundamental. Por isso ela
é precisamente para um primeiro conhecimento do currículo conforme seus
fundamentos e objetivos, especialmente recomendável.
Na 13ª palestra do curso metódico-didático, Rudolf Steiner posicionou-se em relação às
exigências dos órgãos escolares do Estado para os estágios escolares inferiores – ele
aborda os compromissos que são necessários para uma escola situada no organismo
social atual.
Em prosseguimento ao grande curso pedagógico de 1919 para o corpo docente previsto,
Rudolf Steiner proferiu finalmente, a 6 de setembro de 1919, as três conferências do
currículo. Nestas, as exigências pedagógicas de Rudolf Steiner para os primeiros oito
anos escolares encontraram a sua, por assim dizer, forma definitiva, a qual sofreu ainda
complementações em dois sentidos: num, através das indicações individuais que ele deu
nas conferências para o corpo docente, noutro, através das complementações que ele
deu para as classes mais altas por ocasião da primeira abertura de cada uma. – Essas
palestras de currículo representam, em sua concentrada duração, um documento
sobremaneira importante.
Com o inicio das aulas na Escola Waldorf de Stuttgart foi entregue ao ministério da
cultura de Württemberg um memorando concebido por Rudolf Steiner, pelo qual
deveria ficar estabelecido até que ponto a Escola Waldorf, com seus objetivos por
classes, desejava ajustar-se às correspondentes exigências das escolas publicas a fim de
proporcionar ao alunos, em medida praticamente suficiente, a possibilidade de mudar de
escola. Tem o seguinte texto:
“Currículo
O colegiado de professores da Escola Waldorf deseja conformar metodicamente
o ensino de maneira tal que lhe fique liberdade total para a estruturação da
matéria de ensino dentro dos três primeiros anos escolares; em compensação
esforçar-se-á por levar as crianças, na conclusão do terceiro ano escolar, a uma
meta de ensino que coincide completamente com aquela da terceira classe da
escola primária pública. – Este propósito deve ser levado a cabo de tal forma que
uma criança, que porventura deixe o terceiro ano da Escola Waldorf, possa
ingressar no quarto ano de outra escola pública sem problemas. Nos quarto,
quinto e sexto anos escolares, novamente, a estruturação do ensino deve poder
ser efetuada livremente. Com o sexto ano escolar completado, devem as crianças
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A respeito deste memorando pronunciou-se Rudolf Steiner mais de uma vez em suas
palestras e, de maneira mais minuciosa, no curso da Páscoa de 1923, em Dornach:
“E assim, em certo sentido, desde o inicio algo de mal tinha de ser feito, a saber,
um tipo de compromisso, exatamente porque aqui não há fanatismo na base,
mas sim objetivamente imparcial em tudo. Logo de inicio teve de ser
estabelecido: durante os primeiros três anos escolares as crianças serão
conduzidas, dentro do possível, de etapa em etapa, segundo as exigências que o
próprio ser humano estabelece. Ao mesmo tempo, porém, dentro dos 3 primeiros
anos escolares nós nos conduziremos de tal maneira em relação ás exigências
externas que, após o 3º ano, as crianças possam transferir-se para uma escola
comum. Isso tem que ser para o professor – eu tenho que formar essa tautologia
– um compromisso acatado. Não pode ser diferente. O homem realista tem de
fazer assim, pois prudência tem que reinar acima de tudo. O fanático faz
diferente. Naturalmente que tal caminho produz variadas dificuldades, e um ou
outro professor acharia muito mais fácil dirigir-se diretamente ao objetivo ideal.
Aí há muito que ser discutido por partes, para que de fato se encontre o caminho
entre os dois objetivos. – Então, está o sentido do meu memorando original que,
novamente, quando as crianças tiverem concluído o décimo segundo ano,
31
Também no curso de Basel para professores – Basel, 1920. 5ª palestra – Rudolf Steiner
falou acerca do assim chamado compromisso, e igualmente o fez em uma conferência
em Stuttgart. Nesta, logo após haver explicado que o principio ali empregado poderia
ser realizado até o 18º ano:
“Tratar-se-ia pois, de que nós, com a maior economia possível, não apenas
falemos, mas sim que realmente atinjamos esses objetivos de ensino. Pode-se
alcançar os objetivos por caminhos bem diversos. Mas pode-se levar a criança
efetivamente até o ponto em que também realmente atinge esse grau de
amadurecimento. Examinem, senhores, uma criança que esteja na
“Obersekunda” (11º ano)... e descontem tudo aquilo que ela tenha esquecido;
deixem-na portanto provar o que sabe de história; os senhores vão descobrir que,
conosco, uma criança nesta idade pode saber o mesmo. Naturalmente, entre nós
nem tudo é alcançado porque, às vezes, os professores estão com poucas
condições de se prepararem. O ensino deveria ser preparado com mais esmero
ainda; então poderíamos, com a consciência tranquila, expedir o boletim – do
qual falamos anteriormente.” (28 de abril de 1922)
32
“Assim será também quando então as crianças, ou seja – como se diz, as jovens
senhoras e os jovens senhores deixarem a escola para ingressarem na escola
superior. Para a época que vai da puberdade até o inicio da escola superior deve
haver uma liberdade total. Aí, porém, elas devem estar no ponto em que possam
ingressar em qualquer escola superior, universidade – pois a Escola Superior de
Dornach não será, por muito tempo ainda, reconhecida como algo em que
possam ingressar, quando as pessoas querem sair para a vida.” (Oxford, 1922. 7ª
palestra)
33
II - Objetivos e Preocupações
“É mais fácil ajeitar-se com o ensino de línguas, não é mesmo? Porque, em todo
o caso, não é tão rigorosamente dividido por classes.” – evidentemente são
referidos os objetivos de classes - ”No ensino de línguas não deveríamos ser tão
rigorosos na divisão por classes. Ganhou essa forma, porem, de um modo geral o
ensino de línguas não precisa ser organizado por classes.”
“De modo geral pode-se dizer: em línguas pode-se eventualmente misturar mais
velhos e mais jovens, porque os mais jovens aprendem dos mais velhos, e os
mais velhos progridem porque têm que levar os mais jovens. Aí podemos
misturar classes de idades.” (24 de julho de 1920)
34
“É uma pergunta: até que ponto seria possível tornar a graduação das classes
independente no ensino de línguas.” (16 de novembro de 1921)
Ficou então estabelecido que nas classes superiores, para os alunos que desejassem
prestar o exame de conclusão do “Gymnasium”, o ensino de francês deveria ser ainda
sustentado por meio de poucas aulas de recapitulação para que com eles se tratasse
especialmente o latim e o grego, e que eles deveriam abrir mão do inglês. Essa norma
deveria vigorar a partir da 7ª classe.
Para o horário, ou seja, para aquelas aulas subsequentes à aula principal, foi organizado
um horário-padrão pelo qual dever-se-ia conseguir que, no futuro, as aulas de línguas –
clássicas e modernas – pudessem ocupar as primeiras aulas após a aula principal, de
modo que se conseguisse integrar as crianças nesse ensino segundo seu estágio de
conhecimento. Detalhes desse horário-padrão estão fornecidos no próximo capítulo
sobre horário.
Com isso pareciam colocados os pressupostos para a reestruturação do ensino de
línguas modernas. Foi por isso primeiramente estabelecido que o horário deveria ser
elaborado segundo os novos princípios, e Rudolf Steiner determinou, presumindo o
resultado;
anos – e distribui-se novamente assim. Não se pode conduzir uma terapia radical
desse tipo de maneira totalmente pedante. Ter-se-á, contudo, dois ou três alunos
fracos.” – os quais não se consegue ajudar - .
Essa “terapia radical” não foi todavia levada a cabo naquela época. Rudolf Steiner
desejava ocupar-se dela somente quando pudesse “estar presente por alguns dias”.
Rudolf Steiner tomou esta reestruturação do ensino de línguas modernas e a bifurcação
nas classes superiores como um marco significativo na história da escola e saudou esse
acontecimento com as seguintes palavras:
A “forte mudança” não era, portanto, o novo horário. Era muito mais a resolução
pela reestruturação do ensino de línguas modernas e – em consequência disso – a
renuncia à divisão por classes para o ensino de línguas pelo mesmo professor, que
se tornara habitual, e a resolução pela bifurcação do estagio superior em línguas
clássicas e modernas.
Na conferência seguinte, que teve lugar a 24 novembro 1922, foi examinado o novo
horário apresentado, o qual deveria corresponder ao ideal erigido a 28 de outubro.
Rudolf Steiner precisou mais uma vez o objetivo com respeito à reestruturação do
ensino de línguas modernas, ao partir da afirmação de que “não é racional” fazer tantos
grupos de línguas;
38
“Eu chegaria ao ponto de dizer: para aqueles alunos que querem fazer o exame
humanístico de conclusão podemos tranquilamente tomar as primeiras aulas do
dia para latim e o grego. Podemos fazê-las valerem como aula principal.
Podemos transferir a aula de ciências naturais para um horário mais tardio.”
O que deveria ser dito é inequívoco: Rudolf Steiner colocava a maior importância em
que a Escola Waldorf desse a possibilidade de, por seu intermédio, chegar ao exame
humanístico de conclusão, de aprender grego e, também, de estudar.
A bifurcação das classes superiores é então estabelecida através das determinações que
seguem:
“Façamos pois, assim: até a 8ª classe concluída, grego. Nas 5ª, 6ª, 7ª, 8ª classes
façamos latim e grego em conjunto, obrigatórios para o currículo da Escola
Waldorf, apenas dando a possibilidade de que essas matérias sejam deixadas de
lado por determinados alunos porque os pais não dão valor a elas... Da 9ª classe
em diante estaria a bifurcação: ou grego, ou inglês. Temos então que separar o
ensino do latim e do grego. Eu diria que, retornando essencialmente ao principio
da Escola Waldorf temos, nas 5ª, 6ª, 7ª, 8ª (classes), grego e latim junto às
línguas modernas, e que deixamos a bifurcação entrar somente nas ultimas
classes. – Que assim não se levasse as crianças ao nível do exame de conclusão
seria de admirar!” (24 de novembro de 1922)
Com isso a bifurcação do estágio superior ficou estabelecida. Mais tarde ela sofreu
modificações em algumas escolas quando, por força de disposições correspondentes do
exame, colocou-se para escolha, em lugar do inglês, o francês junto com o grego. O
restante, ou seja, a reestruturação do ensino de línguas modernas, ainda não havia
ocorrido, não se tendo falado a respeito nos meses subsequentes. Só em 3 maio 1923, à
queixa de um professor com respeito às dificuldades surgidas para progredir em virtude
da presença de crianças particularmente fracas, disse Rudolf Steiner:
“No ensino de línguas seria verdadeiramente muito bom, - mas não é exequível
– que pudéssemos juntar sistematicamente duas classes de idade de maneira que
uma criança aprendesse da outra. Na língua é bom quando os mais jovens
aprendem dos mais velhos. É uma imitação, quando mais fracos e melhores
estão presentes. Isto não é temporariamente – exequível, mas podemos ter, em
línguas, mais fracos e melhores bem misturados” – quando não se pode ter mais
velhos e mais jovens lado a lado - ... De modo geral pode-se dizer: em línguas
pode-se eventualmente misturar mais velhos e mais jovens, porque os mais
jovens aprendem dos mais velhos, e os mais velhos progridem porque têm que
levar os mais jovens. Aí podemos misturar classes de idades.” (24 de julho de
1920)
41
Aí está uma exigência muito nitidamente delineada, a qual, com tal nitidez, não surge
outra vez; nem antes nem mais tarde. A isso acrescenta-se ainda o que Rudolf Steiner
disse a 24 de novembro de 1922, e que aqui também já foi retransmitido:
Além da quarta classe, portanto, deve o ensino de línguas, o mais que possível,
permanecer com o professor de classe; a partir daí pode-se estruturá-lo
independentemente da classe. Aí pode-se portanto, “juntar sistematicamente duas
classes de idades”. A isso corresponde, até de maneira totalmente exata, o currículo para
o ensino de línguas modernas que Rudolf Steiner deu a 2 junho1924, pois nele estão
precisamente a 5ª e 6ª classes tratadas em conjunto, e também a 7ª e a 8ª classes. A 9ª
classe permanece então sozinha por si, enquanto que a 10ª classe novamente é tratada
em conjunto com a 11ª e a 12ª classes.
Em relação ao horário não seria, portanto, nada tão difícil lecionar em conjunto
exatamente a 5ª e 6ª classes, e igualmente a 7ª e 8ª classes. Ter-se-ia apenas de atentar
para duas consequências: uma, que então a individualidade de cada classe estaria ligada,
com a da classe imediatamente superior e, no seguinte, com a da classe imediatamente
inferior. Cada classe é portanto, em uma instância, a mais acolhedora e, em outras, a
mais contribuidora, e isso poderia ser exatamente muito valioso do ponto de vista
pedagógico. Cada classe encontra-se, a cada dois anos, com os mesmos (alunos) mais
velhos ou mais jovens, e pode aferir o próprio progresso dos outros. E a outra
consequência, que igualmente tem o seu lado pedagógico, seria a de que, no ensino de
línguas encontrar-se-iam, na sala de aula, sempre o dobro da quantidade de alunos da
aula principal. Quando, portanto, não se dispuser de salas de aula muito grandes, será
necessário que as duas classes, que tem que ser ensinadas em conjunto, sejam ambas
divididas ao meio de maneira a originar dois grupos, cada um com metade de cada
classe. Precisa-se, então, de exatamente tantos professores quantos no ensino puramente
estruturado por classes.
42
Em tal estruturação das classes e agrupamento temporário, não mais seria buscado
aquilo que, em 24 julho 1920, Rudolf Steiner chamou de uma imitação, “quando mais
fracos e melhores estão presentes”, pois que isso está por si em cada classe; mas, o
efeito recíproco entre mais velhos e mais jovens, o qual Rudolf Steiner enfatizou
particularmente, poderia ser inteiramente validado, em especial nas classes 5ª a 8ª. As
classes 1ª a 4ª teriam então o ensino de línguas por classe, e as classes 5ª a 8ª seriam
divididas e colocadas em conjunto com uma das classes vizinhas, de cima ou de baixo;
a 9ª classe, com sua tarefa especial em relação à gramática, permaneceria
provavelmente só por si, e poderia assim, completamente imperturbada, desenvolver-se
e aprofundar-se em sua nova tarefa; nas classes superiores; para as quais importa
principalmente o vivenciar o contexto popular estrangeiro e a sua arte, o ponto de vista
pedagógico levado em consideração para as classes intermediárias é certamente de
muito menos significado.
Quando permitimos que atue sobre nós próprios – mesmo que somente através da
leitura dos trechos das conferências que a isso se refém – aquele esforço que Rudolf
Steiner despendeu para liberar o ensino de línguas da ligação com as puras classes de
idade, e como ele depois deixou a questão cair ao ponto em que ele próprio, ao tratar do
currículo para línguas modernas a 2 de junho de 1924, não mais pronunciou palavra
alguma a respeito, então temos de fato de encarar como um compromisso incondicional
retomar esse problema com toda a seriedade. A proposta feita acima deve ser
considerada uma contribuição para isso.
43
Em sua palestra sobre Pedagogia Popular do verão de 1919 disse Rudolf Steiner a
respeito da instrução da juventude mais madura:
Com isto está claramente colocado o objetivo que, com o movimento da Escola
Waldorf, deveria ser por fim alcançado: o de uma escola homogenia até chegar à escola
superior. Na edificação da Escola Waldorf, após 1919, ainda não se podia pensar em
fazer algo por atingir esse objetivo tão importante. Todavia, havíamos sentido a extrema
importância da homogeneização de toda a essência escolar. Havíamos aprendido a ver a
pedagogia em relação com toda a essência social; e assim sentimos, também no corpo
docente, ser penoso que não se pudesse fazer nada para a continuação da formação dos
jovens que, aos 14 anos, tivessem de passar para a vida profissional ou para a formação
profissional. – Assim, era reiteradamente levado a Rudolf Steiner, o desejo de que
possibilitasse a anexação, à Escola Waldorf, de uma serie de escolas complementares
para aqueles jovens que, aos 14 anos quisessem passar para o ensino profissional,
pudesse permanecer na Escola Waldorf. A 23 de março de 1921, Rudolf Steiner assim
respondeu a um pedido desse tipo:
Portanto, Rudolf Steiner rejeitou da maneira mais resoluta fazer algo como a atual
escola complementar, ou como a escola obrigatória, ou a escola profissional estilhaçada
em incontáveis aulas técnicas. Naquele mesmo dia ele exprimiu com as seguintes
palavras o que tinha em mente:
“Será por nos decidido qual o tipo de escola que desejamos instituir. Ninguém
duvidou de que S. – um professor – tinha vocação para uma escola
complementar “gymnasium-prático”, uma escola complementar humana. Não
temos o menor motivo para instituir uma coisa diferente.”
Para os aprendizes, ele desejava ligar a formação profissional “prática” com a educação
“gymnasium” no sentido da escola Waldorf; mas, ele não via, naquela época, qualquer
possibilidade de realizar algo desse tipo em conexão com a Escola Waldorf, porque as
45
autoridades do ensino escolar e do ensino profissional ainda não queriam permitir que
se mexesse com o seu sistema de formação de aprendizes vigente até então:
E, enquanto estabelecesse então que nada havia a fazer com a essência do aprendiz, de
que tudo estava “limitado”, ele acreditava, todavia, que deveríamos fazer tentativas:
Está claro o que Rudolf Steiner desejava com a questão enunciada: dar aos jovens
aprendizes uma formação humana, como às crianças que aspiram profissões
acadêmicas; abolir a improdutiva exploração deles no trabalho a fim de ganhar para eles
tempo ainda para uma formação economicamente dirigida na profissão – em paralelo
com a formação humanística geral. – E a meta que ele deseja estabelecer para eles
tornar-se clara pela colocação da questão trazida acima: “A questão toda é muito aguda:
preencher o tempo entre a escola primária e a escola superior.” – Os 4 ou 5 anos que
jazem entre ambas, ele os desejava ver preenchidos de tal maneira que o aprendiz, que
paralelamente à formação humana em uma Escola Waldorf desenvolveu-se pelo
trabalho manual em um oficio, esteja para entrar na escola superior na época adequada.
Tratar-se-ia portanto, de ter Escolas Waldorf em que – talvez em paralelo com as aulas
46
“Aquelas crianças que não podem continuar caminhando, que não podem
continuar participando de todo o ensino escolar a não ser até a puberdade,
portanto até o ponto em que precisam deixar o primeiro grau, tentando levar
através de toda a organização do ensino em duas direções, até a uma percepção
viva do mundo: pelo fato de que colocamos, de um lado, todo o ensino de
47
ciências naturais e de história de tal maneira que a criança ao fim tenha um certo
reconhecimento da essência humana, por conseguinte saiba aproximadamente
qual a posição que o homem ocupa no mundo. Antropologia é, em consequência,
aquilo em cujo o sentido orientamos tudo, de modo que possamos realmente
trazer uma espécie de conclusão sobre antropologia quando as crianças tiverem
chegado às 7ª e 8ª classes, portanto aos 13º e 14º anos de vida. Aí a criança tem,
por conseguinte, através de tudo aquilo que aprendeu até então, a possibilidade
de formar uma ideia a respeito de que leis, forças, matérias, fazem parte do
homem em si, de como o homem está relacionado com todo o físico, com todo o
anímico, naturalmente – o que um homem é dentro do cosmo todo. Isso é o que
tentamos, por um lado, alcançar com a criança. – Por outro lado, tentamos
alcançar com a criança o ponto em que a conduzimos para uma compreensão da
vida. – Hoje em dia acontece, realmente, que a maioria dos homens que crescem
sobretudo na cidade não tem nenhuma ideia sobre como – digamos – uma
matéria qualquer é produzida, como por exemplo o papel em que eles
escrevem... Pensem só os senhores como inúmeros homens tomam cerveja e não
tem ideia alguma sobre como a cerveja é feita. Isso de fato é, em ultima análise,
uma barbaridade. Agora, nem tudo se pode fazer nesse sentido, mas tentamos o
tanto quanto possível trabalhar com a finalidade de que a criança saiba mais ou
menos como se trabalha nos mais variados ofícios, e que a criança realmente
aprenda a executar trabalhos que estão dentro da vida.” (Torquay 1924, 7ª
palestra)
docente, também um sapateiro. Mas não foi possível porque não se chegou a um
acordo com as autoridades. Com a vida chegaríamos, por esse meio,
precisamente a um acordo. Mas tentamos, não obstante, conseguir fazer das
crianças trabalhadores práticos.”
Pode surpreender o leitor ler aqui esta palavra e, mais ainda, imaginá-lo como meta de
uma Escola Waldorf onde sempre é enfatizado que, as Escolas Waldorf, precisamente
não devem ser escolas ideológicas. Por isso, na antroposofia para a juventude só pode
tratar-se de assunto que permaneça rigorosamente fora do âmbito da Escola e que esteja
voltado para aqueles mais adiantados na idade, que chegam com perguntas aos seus
professores por saberem ou por terem ouvido falar serem estes antropósofos.
Em 9 de abril de 1924, próximo ao final da conferência que deveria encerrar o ano
letivo 1923/24, disse Rudolf Steiner espontaneamente:
“Há ainda um fato a ser considerado, que é o seguinte: é um assunto ligado com
as mais diferentes possibilidades de desenvolvimento da nossa sociedade
antroposófica e de como ela pode expandir a sua atuação. É aquilo que dá
origem a uma espécie de tarefa para a próxima temporada em Dornach, e que é
propriamente necessário para dar solução ao ulterior desenvolvimento da
pedagogia: lá deveria ser ministrado ensino em nossa escola de aperfeiçoamento,
para os alunos dessas escolas de aperfeiçoamento, de maneira a que com isso se
realizasse uma espécie de antroposofia para a juventude. Portanto em espécie de
antroposofia para a juventude. Já falei muitas vezes do fato de que a
antroposofia, tal como o é agora, é propriamente para adultos, e que deveria
49
Propedêutica filosófica
“É melhor que os alunos da 12ª classes estejam no ponto de poder fazer o exame
no primeiro semestre, do que no semestre final.” (3 de maio de 1923)
Portanto, aqui os exercícios lógicos são objetados, mas não a introdução à filosofia.
“Naturalmente, aquele que ama a cultura não pode esperar – e também não pode
querer – que o “especialismo” deva transformar-se em um soberano
diletantismo, mas, o que tem de ser aspirado é que a educação toda, que a
essência escolar toda, seja conformada para o homem de modo que ele – eu
quero dizer - em uma camada inferior da sua consciência, sempre tenha a
possibilidade de, a partir de sua especialidade estabelecer fios de ligação com a
52
cultura global. Isso não pode acontecer de outra maneira que não seja a de dar-
se, a cada escola superior, uma base de formação humana geral. Aqueles que
hoje pertencem ao grupo dos pedantes irão objetar: Muito bem, e o que fazemos
então com a formação especializada? – Deveria realmente experimentar quão
economicamente poder-se-ia prosseguir, quando começamos as especialidades,
com a formação especializada quando se pode atuar sobre homens com
formação geral, sobre homens que realmente têm algo humano em si.”
(Pedagogia Popular, 3ª palestra)
Já após um ano de trabalho na Escola Waldorf, no momento em que pela primeira vez
se abriria uma 9ª classe, a primeira classe da “Oberstufe” (NT colegial), disse Rudolf
Steiner após apreensiva consideração sobre o risco da dependência do Estado, no qual a
Escola poderia incorrer em consequência das negociações sobre o exame de conclusão:
“Para um ensino conforme com a natureza, e para uma educação conforme com
a natureza, naturalmente a questão só pode ser sempre a seguinte: alcança o
homem aquela ligação social na vida, que é exercida pela própria natureza
humana? Pois afinal são também homens, aqueles que exigem o exame de
conclusão, mesmo que a exigência, no estilo em que hoje se apresenta, seja
precisamente um equívoco. Entretanto, somos então exatamente forçados a não
fazer o certo, justamente quando queremos introduzir a pedagogia da Escola
Waldorf no sentido dessas exigências sociais contemporâneas. Por isso, alguém
53
Poucos dias após, proferidas essas palavras em Dornach acerca da situação, foi debatido
em todos os sentidos, na conferência de Stuttgart, todo o complexo de questões em
torno do iminente primeiro exame de conclusão, e Rudolf Steiner disse a respeito:
Quase um ano mais tarde, quando a primeira 12ª classe se encontrava imediatamente
frente ao exame, Rudolf Steiner deu um resumo de todo o problema:
“Era o desejo da maioria dos pais que déssemos aos alunos, apesar de no-los
confiarem, a possibilidade de frequentarem uma escola superior. Isto resulta bem
desse desejo dos pais e dos próprios alunos. No início as crianças não se
achavam em posição de considerar que isto lhe seria penoso. Estavam
preocupadas, isso sim, com que pudessem fazer o exame de conclusão. É
bastante provável que elas o tentem, mas simplesmente pelo entregarmos aos
alunos em um 13º ano a outras escolas não resolvermos a questão.Pergunta-se
apenas se a resolvemos pela maneira que já discutimos aqui e que, como
altamente problemática, então rejeitamos. Pergunta-se, quando insistimos
radicalmente em continuar a Escola, se, a titulo de compensação, não
consideraríamos introduzir um curso preparatório forçado junto à Escola. –
Havíamos recusado essa ideia porque a tomamos por muito antipedagógica. Se
agora introduzirmos o curso preparatório forçado, ou se negligenciarmos o
currículo, esta é a questão. Penso, comigo, que seria de fato mais sensato não
entregarmos os alunos a outra escola, - eles teriam então de fazer um exame de
admissão - , e sim, conduzirmos o currículo até o 12º ano. Então poderemos
utilizar um 13º ano para a preparação forçada para o exame de conclusão.
Suponham os senhores – contemplaremos a pergunta sob o ponto de vista
pedagógico – suponham que uma criança ingresse – isto já desatino – entre o 6º
e o 7º ano de vida na 1ª classe, e que tenha absorvido a 12ª classe entre 18 e 19
anos. A partir daí deveria, propriamente, ser encontrada a transição para a escola
superior, e não mais tarde pois, acrescentar aí mais um ano é igualmente uma
medida tão sensata quanto a entender o governo ao acrescentar mais um ano à
formação em medicina por acreditar que ali há mais matéria de ensino. Estas são
de fato coisas para se subir pelas paredes. – Aqueles que não querem ir para a
escola têm de procurar o seu caminho na vida assim. Pessoas úteis para a vida,
elas o serão sem o exame de conclusão, pois encontrarão aqui aquilo que
precisam para a vida; e aqueles que precisam ir para a escola superior podem
55
“Os alunos da 12ª classe, com exceção de um único, declararam que não dão
nenhuma importância a fazerem o exame de conclusão já no fim do próximo
ano, mas sim, eventualmente apenas quando tiverem sido preparados em uma
56
Esta nova forma de preparação para o exame final foi definitivamente estabelecida pelo
que Rudolf Steiner acrescentou a respeito, a 3 setembro 1924, na ultima conferência que
ele manteve com o colegiado de Stuttgart:
“Neste ano – 1924/25 – não vamos contar com o exame e vamos conduzir a
Pedagogia da Escola Waldorf. Não contamos com um exame. E vamos
empenhar-nos por instruir, nós mesmos, no próximo ano, a preparação. Os
senhores ouviram hoje as conversações. Delas emerge, deveras, o quão
fortemente estão os jovens ligados à Escola Waldorf. A atual 12ª classe sentiria
muito pouca conformidade com a sua alma se tivesse de fazer o exame já neste
ano. Vamos ter que fazer uma prensa também asquerosa. As crianças, porém,
tem amor pelos professores e pela Escola. Vamos chamá-la então, não de 13ª
classe, mas sim de classe preparatória para o exame de conclusão.” (3 de
setembro de 1924)
“Isto só se pode fazer em casos isolados. Por principio, mal se pode decidir a
respeito. Na maioria das vezes a Escola tem menos influência sobre a escolha da
profissão. Os pontos de vista a respeito da escolha de profissão, de fato não são
tão simples. Não é verdade? Propriamente o assunto deveria desenrolar-se de tal
maneira que um jovem, até o 18º ou 19º ano, tenha intenção de trabalhar no
sentido desta ou daquela profissão e, sobre a base de um desejo, pode-se com ele
cuidar de aconselhamentos. Este é um assunto muito responsável.” (5 de
fevereiro de 1924)
59
O horário da Escola Waldorf tem o seu caráter especial pelo fato de que, para uma serie
de matérias, para as quais é possível e vantajoso, foi introduzida a organização em
épocas, ou seja, em cada uma destas matérias – trata-se daquelas mais intelectuais, mas
não das línguas – preenche diariamente as duas, ou, conforme as circunstancias,
também as três primeiras horas de aula do dia durante uma série de semanas para, após
essa “época”, ser substituída por outra das matérias desse tipo. – A respeito de como se
chegou a essa nova organização do ensino, queira o leitor rever no capitulo “Objetivos e
Preocupações”, o subtítulo “Reconstrução do ensino de línguas estrangeiras –
bifurcação do segundo grau”. Sobre o assunto está dito aí apenas que, no inicio, também
inglês e francês haviam sido escolhidos como matérias para serem dadas em épocas. –
Na primeira conferência dada por Rudolf Steiner, a 8 setembro 1919, portanto
imediatamente após as palestras sobre currículo com o novo colegiado, as línguas não
mais foram referidas na série de matérias a serem dadas em épocas, mas sim na
estrutura do horário: elas deveriam, tanto quanto possível, ser dadas ainda no período da
manha, entretanto, quando necessário, assim fora dito, poderiam ser transferidas para o
período da tarde. (8 de setembro de 1919) A partir de então foram dadas em épocas:
alemão**(leitura e escrita), cálculos com matemática, geografia, ciências naturais,
historia, física e química. Mais tarde foi incluído também o ensino de arte. O ensino
dado em épocas logo passou a ser denominado de maneira abreviada, “aula principal”.
A respeito da aula principal, que todavia não era assim chamada na época, disse Rudolf
Steiner no primeiro exercício do “Seminário”:
“Mas, o ensino será configurado de tal maneira que a atenção da criança seja
concentrada durante semanas seguidas no mesmo assunto. Depois, ao fim do ano
escolar, faremos seguirem repetições por meio das quais será reavivado aquilo
que foi ensinado no inicio.” (Seminário, 1º exercício)
NT * plano de aulas
** Língua Materna
60
Esta indicação refere-se, portanto, às matérias da aula principal; elas deveriam ser dadas
durante as primeiras três quartas partes do ano de maneira sequencial, isto é, em épocas,
e, durante o ultimo quarto ano, alternadamente, no modo do horário, para recapitulação
(8 de setembro de 1919) Isto significa, portanto, que o trabalho em épocas de todas as
áreas da aula principal já deveria ter alcançado os seus objetivos após três quartos do
ano e que, então, dever-se-ia passar por uma recapitulação de todas essas matérias
dentro do modo do horário.
Isso não foi levado a cabo, mas também nunca foi retomado ou modificado por Rudolf
Steiner. A esse respeito ele falou muito mais enfaticamente no Curso de Natal para
professores, em Dornach, em 1921/22:
“Mais uma vez é evidente que, quando se aproxima o final do ano frente às
férias, será novamente à alma da criança, em uma espécie de recapitulação –
pode-se fazer isso com um lindo encadeamento – tudo aquilo que, nos diferentes
espaços de tempo durante o ano, como se diz, foi ensinado à criança.” (Dornach
1921/22, 8ª palestra)
“Aquilo que porventura pudesse ser criticado porque as crianças tivessem talvez
esquecido, porque desaparecer da memória, aquilo que foi ensinado como
matéria correlata, tem de ser reposto por meio da economia do ensino e da
habilidade do corpo docente. Somente nas ultimas semanas de um ano escolar
são recapituladas as matérias, de modo a ter lugar uma espécie de resumo do ano
escolar. Desta maneira a criança cresce bem junto com qualquer matéria.”
(Oxford 1922, 7ª palestra)
A respeito do ensino no modo do horário após a aula principal diária, foi estabelecido o
que segue, a 8 setembro 1919, conservado em forma de anotações:
latim na semana. Mas, sempre que possível, tudo no período da manhã. Grego,
no 6º e 7º anos escolares. Para tanto, a partir do 6º ano escolar, só três horas
semanais de inglês e francês – isto é, 4 vezes ¾ de hora – em compensação, 1 /2
horas de latim, 1 /2 horas de grego... Todo o ensino de línguas deveria ser
colocado entre pausas... A aula de trabalhos manuais pode-se inserir no período
da tarde em qualquer posição. Música, assim como religião e euritmia, deveriam
ser dadas à tarde a partir das 2 horas. Latim – da 4ª classe em diante – grego – da
6ª classe em diante – deveriam ser, como as línguas modernas, ou colocadas em
seguida à aula principal, ou colocados no período da tarde. (8 de setembro de
1919)
Nos anos subsequentes foi perdendo-se pouco a pouco a visão de conjunto do horário, o
qual veio a tornar-se muito antipedagógico em virtude da necessidade da divisão em
classes maiores para determinadas áreas de ensino como línguas, euritmia, trabalhos
manuais, ter-se validado e realizado em alta escala.
No outono de 1922 foram então dedicadas várias conferências à finalidade de estruturar
de novo o horário. Rudolf Steiner abriu essa reunião com as seguintes palavras:
Nesta conferência foram então estabelecidos para o horário os seguintes princípios que,
naturalmente, e que serão repetidamente contrariados pelas mais variadas e compulsivas
necessidades:
A disposição do ensino de ofícios nas classes mais elevadas já havia sido discutida
anteriormente. A 16 de novembro de 1921, à proposta do professor de ofícios para que o
seu ensino recebesse mais tampo a partir da 9ª classe, disse Rudolf Steiner:
“Que absolutamente se entregue mais tempo para isso não é possível. Diante do
método da desagregação, o que pedagogicamente é um absurdo, seria no entanto
melhor que o cumpríssemos em oito dias, que em oito dias, a cada dia o
fizéssemos com um grupo de crianças. É extraordinariamente importante para a
vida que às crianças seja penoso terem de interromper um trabalho por tempo
mais longo. Este ser rompido em pedaços tem também aqui o seu significado.
Talvez devêssemos cultivar também aqui o nosso principio de concentração...
talvez seja possível fazer de maneira que somente 1/3, 1/3, 1/3 tenham aula de
ofícios – significando patentemente que, a cada vez, um terço da classe devesse
ter esta aula durante uma semana. – O único ensino que sofre menos por falta de
concentração é o ensino de línguas. O ensino de classe – aula principal – e o
ensino artístico sofrem, não somente do ponto de vista psicológico, mas algo é
63
“Não podemos dar alimento a um homem e dizer-lhe: agora estás satisfeito. Ele
tem de voltar a ter fome, voltar a comer. Isto tem que tornar-se vivo, tem que
haver um ritmo subjacente. O homem tem de voltar a ser musical, ele tem de
viver em ritmo. E tem de viver em ritmo de tal maneira que, em certa medida, o
seu contrair-se em si mesmo seja colocado sob a mais elevada tensão, e isso tem
64
“Merece total consideração o fato de que aquilo que, por assim dizer, é educação
mental e ensino mental deve ser levado a cabo com as crianças nas aulas do
período da manha e, somente depois que isto tenha sido feito, são as crianças
conduzidas para o corpóreo-físico à tarde, desde que elas não tenham
descarregado nas aulas intermediárias durante a manhã. E, depois que esta
educação mais físico-ginástica teve lugar, a criança não será reconduzida para o
ensino mental. Já dei a entender que isto atua de maneira ruinosa sobre a vida,
pois, quando as crianças cultivam exatamente aquilo que se relaciona com o
corpóreo-físico, ativa-se um suprasensível inconsciente na criança e, depois que
ela se entregou a essa educação corpóreo-física, após essa atividade, a cabeça
não mais está em condições de retomar ao trabalho mental. Encaixar ao acaso
uma aula de ginástica entre o restante do ensino, mesmo quando não seja
exatamente por uma hora inteira, e deixar-se tomar pela crença de que, pela
variação se alcançará algo para o ensino, é absolutamente errado. O caráter de
homogeneidade que com isto ganha o ensino da manhã e o ensino da tarde
evidencia-se com algo absolutamente profícuo para o desenvolvimento do
homem.” (Dornach 1921/22, 8ª palestra)
O ensino religioso não pôde de fato ser colocado no período da tarde porque teve que
acomodar-se aos professores de religião enviados pelas comunidades religiosas, e estes,
por sua vez, tinham de colocar seus horários em sintonia com outras escolas.
No outono de 1922 foi estabelecido o que se segue a título de norma a ser aspirada para
o horário: após a aula principal, que vai até as 10:00 horas, ou que, nas classes
superiores vai até as 11:00 horas em dois dias da semana, deveria seguir-se
66
imediatamente o ensino de línguas, sendo que nas classes superiores a partir da 9ª,
inglês e grego deveriam ser colocados no mesmo horário. Em seguida, ainda no período
da manhã, - seguindo imediatamente a aula de línguas – deveriam ser dados canto e
euritmia. Por outro lado, religião, ginástica, trabalhos manuais e ofícios – o ultimo em
períodos para as classes superiores – deveriam ser transferidos para a tarde, da mesma
maneira que canto coral e orquestra. (28 de outubro de 1922 até 5 de dezembro de 1922)
Particularidades acerca do eventual número de horas para as diferentes matérias, acerca
das durações usuais dos períodos da aula principal, etc., serão tratadas nos capítulos
destinados às matérias.
67
O CURRÍCULO
1 - ALEMÃO*
Aula principal através de todas as classes, na qual, nas classes de 1ª a 8ª, estão
incorporados o pintar e o desenhar.
O que diz respeito ao ensino do falar, ao narrar e ao fazer renarrar e, mais ainda, o que
foi indicado para o aprender a escrever e para o manejo da gramática, para o ensino de
estilo e figurativa, e para composição, estas coisas serão compiladas daqui antes de
entrar nas indicações especiais para as classes.
“A esse ensino propriamente dito adicionamos aquilo que é para ser feito
porventura na forma de narração. No 1º ano escolar vamos principalmente
narrar contos de fadas. No 2º ano escolar vamos empenhar-nos em expor a vida
dos animais em forma narrativa. Passaremos da fábula para a realidade a
maneira como os animais se comportam entre si... acredito ser bom que os
senhores ponderem no que deve constituir aquilo que os senhores, de certa
maneira, têm para tratar com as crianças na aula de narração. Os senhores terão
de colher um material para dar aulas de narração, o qual terá de ser levado às
crianças durante todo o período escolar, do 7º ao 14º ano, em tom de narração
livre. Portanto será necessário que, nos primeiros anos escolares, um certo
tesouro de contos de fadas esteja à disposição. Depois, subsequentemente, os
senhores teriam de se ocupar em expor historias do mundo animal em relação
com a fábula; depois, historia bíblica integrada na historia geral, à parte do
ensino de religião; depois, cenas da historia da antiguidade, cenas da historia
medieval, e da historia contemporânea. Depois os senhores deveriam colocar-
se em posição de trazer narrações sobre as raças dos povos, como é a índole
das raças, o que está mais relacionado com o fundamento da natureza. Depois, o
relacionamento recíproco das raças – aqui certamente quer dizer: povos –
hindus, chineses, americanos, o que são sua peculiaridade, ou seja,
conhecimento dos povos. Esta é uma necessidade muito especial proveniente da
época atual.” (Seminário, 1º exercício)
Tanto quanto posso lembrar-me, esta relação estava, então, também na lousa. Todavia,
ela não foi creditada no currículo de Heydebrand sendo por isso desconhecida para
muitos professores, o que poderia suscitar a ideia de que esta lista de matérias para
narração fosse apenas uma enumeração sem relação determinada com as classes.
O grau de importância que ele próprio atribuía, e que fosse atribuído a essa matéria de
narração, pode ser deduzido do fato de que ele não só encerrou com esse assunto o
seminário na primeira reunião, como também iniciou as palestras sobre currículo com a
indicação para a necessidade de se encontrarem matérias adequadas e o fazer renarrar:
Não está perfeitamente esclarecido como Rudolf Steiner imaginou a incorporação das
matérias de narração acima citadas na aula principal. A mim parece-me que a intenção
dele era a de, com o tempo dedicado aos contos, criar uma província artística dentro da
vida escolar, na qual devessem ser oferecidos à criança valores formativos e, acima de
tudo, artísticos, sem toda a carga do ter que estudar, puramente com valores
formativos, para conhecer o mundo e alegrar-se com isso.
Isto não exclui o fato de que, por meio destas matérias que foram dadas livremente à
memória, esclareçam-se à criança múltiplas coisas quando nela despertar a necessidade
por compreensão, e assim, aquilo que foi assimilado sonhadoramente leve ao despertar.
72
Fala e gramática
Depois ele passa para o ensino da língua e mostra como este forma o contrapeso, aliás,
juntamente com o ensino de aritmética, em oposição às forças despertadas pelo ensino
de desenho e de música:
A pesar de se haver tentado mostrar aqui o mais essencial a respeito dessa explicação da
língua em classes de dialeto e classes mistas, é recomendado ao leitor não contentar-se
com este resumo e sim estudar pessoalmente o Curso de Basel.
“Vejam, todas as pessoas sabem o que é uma melodia; sabem também o que é
uma sentença. Mas, que uma sentença, que é composta de sujeito, predicado e
objeto é, em realidade, uma melodia no subconsciente, isto poucas pessoas
sabem. Precisamente da mesma maneira como se pode imaginar que aquilo que,
como dilatar e contrair dos sentimentos, é vivenciado no sono como curva de
sentimentos, ascende e entrega-se à consciência, reveste-se com a imagem,
assim vivenciamos musicalmente a sentença no fundo do nosso ser. E, ao
ajustarmo-nos ao mundo exterior, revestimos o que musicalmente sentimos com
aquilo que é imagem plástica: “A criança escreve a lição” sujeito – predicado -
77
Também na 12ª palestra desse curso encontra-se uma indicação significativa para a
condução do ensino de língua, poder-se-ia também dizer: para a higiene do falar:
Pouco depois, a 12 junho 1920, em resposta a uma pergunta feita em uma conferência,
Rudolf Steiner disse como ele próprio trataria o perfeito:
78
Precisamente antes da consideração sobre o perfeito havia sido falado acerca das
diferenças nas dotações das crianças:
Com esta consideração Rudolf Steiner restabeleceu, portanto, uma ligação após a
observação sobre o perfeito...
“Em nosso tempo reinam muitos fanatismos e, por isso, pode-se encontrar aquilo
que por um lado é absolutamente correto, conduzido até fanatismo e
configurado no unilateral. É o que ocorre, por exemplo, com respeito à
linguística. A língua materna, a criança aprende inicialmente sem qualquer
gramática, e evidentemente deve aprendê-la assim; também quando a criança
ingressa na idade escolar e vão ser-lhe ministradas línguas estrangeiras, isto deve
ocorrer completamente sem a gramática, em certa medida ao modo de uma cópia
algo mais amadurecida do aprendizado da língua materna.
Na segunda das palestras de Stuttgart de 1922 Rudolf Steiner deu orientação para
conceber a maneira de imagens a construção de frases e para fazer com que as
crianças exercitem por si esta maneira de formar frases.
“Nas línguas, por exemplo, não será difícil colocar as coisas em imagens,
sobretudo quando se atribui certa importância ao elemento de imagem da língua
e se o leva em consideração na aula de tal maneira que, propriamente dito, não
se perca nenhuma oportunidade; já com as crianças de 10,11,12 anos, atentar
para como as sentenças se dividem; digamos, por exemplo, uma sentença
estruturada por 3 orações que sejam, a oração principal, a oração relativa, a
oração condicional. Não é verdade? o elemento gramatical aí contido não é o
mais importante, ele deve ser tratado por nós apenas como meio para chegar à
imagem. Entretanto, desejo dizer, não deveríamos perder a oportunidade de dar à
criança uma ideia especial-visual de uma oração principal e de uma oração
relativa. Pode-se, naturalmente, chegar a isso pelas mais diversas maneiras. Faz-
se com que a oração principal seja um círculo grande, a oração relativa um
círculo pequeno, talvez situado em posição excêntrica – sem com isso teorizar,
posto que se permanece na imagem – e faz-se com que a relação condicional, a
oração do “se”... se tornem tão visíveis que se conduza em direção ao currículo
algo, digamos irradiações, como os fatores condicionantes... É realmente
necessário que, após um bom preparo da matéria de ensino, retornemos sempre e
repetidamente para estas coisas, e deveríamos, já com crianças de 10, 11, 12
anos, eu desejo dizer, entrar no elemento moral-caracterológico do pictórico no
estilo. Não que aí já se deva ter ensino de estilo, mas sim que a coisa deva ser
aprendida a partir do intuitivo interior.
Evidentemente ele desejava ainda dar indicações a respeito. Mas isto não mais
aconteceu.
No âmbito das questões de higiene escolar, das quais Rudolf Steiner tratava na
conferencia de 6 de fevereiro de 1923, o ensino de gramática também é abordado:
“O ensino específico da língua, pela maioria dos que aqui ministram ensino da
língua, é melhor do que suas aulas de gramática. Acho que a falha maior está;
antes de tudo, no fato de que os próprios professores não sabem gramática. Não
levem isto a mal; se os senhores utilizassem a conferencia para aprenderem, os
senhores próprios, algo da gramática. Acho horrível a maneira pela qual é
utilizada a terminologia gramatical . Eu faria barulho porque não entenderia qual
a razão por que lançam-me essas coisas na cabeça. Trata-se de que não foi
utilizado tempo suficiente para que os próprios professores aprendessem por si
como um conhecimento gramatical sensato é adquirido. Aí sim, a atuação sobre
os alunos é estimulante. O ensino de gramática é algo horrível. Tudo o que está
nos livros dever-se-ia destruir em uma fogueira. Aí há que penetrar vida, os
alunos não ganham a sensação para o que seja um perfeito, o que seja um
presente, quando precisam ganhar esta sensação. O gênio da língua precisa viver
no professor. Para a língua alemã também é exatamente assim. Aí também
tortura-se horrivelmente com terminologia não trabalhado.” (6 de fevereiro de
1923)
Para finalizar este capítulo, o qual deveria copilar as indicações de Rudolf Steiner
acerca do ensino de língua materna até o ponto em que não se refiram a uma classe em
particular, sejam aqui especialmente reunidas as etapas gramaticais tal como Rudolf
Steiner as formulou nas palestras sobre currículo para as classes 1ª a 7ª, para o efeito de
uma visão geral:
1º ano escolar:
2º ano escolar:
“Levar à criança noções daquilo que é uma palavra principal (NT – substantivo)
e do que é uma palavra de ação ou de tempo (NT – verbo)... Conversa sobre a
construção de frases.”
3º ano escolar:
4º ano escolar:
“Apresentação clara dos tempos, daquilo que é expresso através das mutações do
verbo”... “Conexões das preposições com aquilo diante de que elas estão”...
“Coordenar a língua plasmaticamente.”
5º ano escolar:
6º ano escolar:
7º ano escolar:
Após tudo o que deveria ser expresso acerca de como o professor deve preceder
no ensino da língua, deseja ainda chamar atenção para um trecho das
conferencias em que Rudolf Steiner ocupou-se de maneira muito crítica de como
não se deve fazer. O trecho é muito longo para ser transcrito aqui; entretanto,
devera ser estudado por cada professor. (6 de fevereiro de 1923)
86
Escrever e Ler
Rudolf Steiner tratou de aprender a escrever quase que em cada uma de suas palestras
do curso pedagógico. Ele dedicou tanta atenção a esta tarefa educativa tão plena de
responsabilidade que, a cada vez, quando e onde quer que a abordasse, sabia tirar dela
novos e significativos aspectos:
desenhar, para que em certa medida o escrever seja buscado dentro do desenhar;
e há mais uma exigência, que estão novamente a leitura do impresso só seja
buscada dentro da leitura do escrito. Vamos portanto tentar encontrar a partir do
desenho a passagem para a escrita, da escrita para a leitura do escrito, e da
leitura do escrito para a leitura do impresso. Com isso suponho que os senhores
tenham levado ao ponto em que a criança, através do elemento do desenho, já
esteja um tanto capaz de dominar formas redondas e retilíneas, as quais ela
precisa para escrever; então, a partir daí, nós novamente...
– aqui, a ultima palavra é um tanto equívoca; talvez Rudolf Steiner tenha dito
“por outro lado”, com o que ele costumava significativamente uma transposição
lógica, e não “novamente”, que de fato significaria a repetição temporal, a qual,
todavia, não se apresenta aqui –...
Aqui está claramente dito que o ensino só deve começar quando os exercícios
elementares de desenho tiverem levado a uma determinada meta que é marcada pelo
domínio do desenhar formas retilíneas e redondas. – Nesta mesma palestra segue então,
imediatamente ao exemplo “F”, uma exposição pormenorizada acerca do ensino da
escrita, a qual certamente está em mãos de todos os professores.
No curso de Basel de 1920, Rudolf Steiner aborda o ensino da escrita desde um ângulo
bem diferente. Ali ele desenvolve, na 5ª e na 10ª palestra, um método para este ensino, o
qual ele designa de analítico em contraposição com o método sintético usual, e é
admirável ver com que franqueza ele com isso modifica o método desenvolvido nos
88
cursos de Stuttgart, contestando cada um que nele quiser se apoiar. – Isto pode ser lido
no curso de Basel. (Basel 1920, 10ª palestra)
“De onde provem o fato que em nossa era os homens – desejo dizer –
desenvolveram a tendência para a atomística? - Porem de que em nossa era
desenvolveu-se muito pouca analítica com as crianças. Se desenvolvêssemos
com as crianças aquelas atividades analíticas que, partindo da imagem da
palavra acabada e homogênea, analisa rumo às letras, então a criança iria, na
idade em que anseia por isto, ativar o ímpeto pela análise e este não
permaneceria para a atividade futura de idealização de estrutura atômica e etc. É
simplesmente a insatisfação do impulso analítico que fomenta o nosso
materialismo. Por esse motivo também ensinamos na Escola Waldorf realmente
de maneira que, não partimos das letras para sintetizar, mas sim que partimos
da frase acabada, analisamos as palavras tiradas da frase, tomamos então as
palavras, analisamos as letras das palavras, e então temos os sons das letras. Por
esse caminho chegamos propriamente a uma verdadeira interiorização. Pois a
criança traz em si aquilo que é frase, palavra. Aquilo que então deve servir-nos
para levar ao despertar da consciência, o que executamos por meio do analisar
frases e palavras.” (Basel, 1920, 10ª palestra)
O aprender a escrever é então – conforme já foi dito – tratado quase em cada um dos
cursos pedagógicos: no curso de Dornach do Natal de 1921/22 é indicado como se pode
levar à criança uma consoante – o “L” – a partir do movimento. (Dornach, 1921/22,
9ª palestra)
O curso de Berna de 1924 acentua particularmente o caráter estranho das formas que
historicamente as letras ganharam em relação ao ânimo infantil, e deriva daí o novo
método do aprender a escrever. (Berna, 1924, 3ª palestra)
A pontuação
Seguem então, explanações acerca da construção artística da frase, as quais podem ser
consultadas no trecho indicado, e que finalizam com as seguintes palavras:
“Isto pode ser feito de maneira tal que se tenha suscitado, na 9ª classe, certo
sentir para a frase acabada.” (3 de julho de 1923)
Com isto fica portanto dito que esta compreensão para a construção da frase, que vai até
a pontuação, já deveria ter sido suscitada na 9ª classe. Por outro lado, dever-se-ia iniciar
o ensino dos sinais de pontuação na 3ª classe, e as metas das classes mais adiantadas
proporcionam tantas oportunidades para tornar a configuração conhecida pelas crianças,
que se poderia realmente ter “suscitado na 9ª classe um certo sentir para a frase
acabada.”
92
A 17 de junho de 1921, pela primeira vez Rudolf Steiner falou a este respeito no âmbito
da Escola Waldorf, ao tratar do currículo para o 10º ano:
No mesmo dia, à consulta sobre um livro para o estudo da métrica, Rudolf Steiner deu a
seguinte informação:
especial clareza a partir da posição que ele assumiu a respeito, em 21de junho de 1923,
em adição a uma discussão sobre um caso disciplinar na Escola:
“Um ponto difícil para essas crianças são os anos de transição. Aí chega-se a
conclusão de que algo tem de acontecer:
Já na conferencia seguinte, que tece lugar após duas escassas semanas, preocupado com
a condição daquele nono ano, Rudolf Steiner tornou a falar das questões do manejo da
língua. Ao cabo de uma consideração sobre a pontuação, ele disse o que seguem, e com
isto passou para os aspectos artísticos:
94
“Seria muito mais bonito se pudéssemos fazer um tanto diferente; seria muito
mais bonito se pudéssemos dividir de tal maneira – com a língua alemã antiga é
possível fazê-lo, mas não com a mais nova, copiada do latim – que copiássemos
frase por frase, cada frase em uma linha. Pode-se discutir com as crianças a
construção artística da frase de maneira estimulante, sem tornar-se pedante.
Pode-se suscitar um sentir para o que seja uma frase, de modo a se conscientizar
a criança do que seja uma frase, e, por conseguinte, de que formar frases é algo
positivo, isto deveria também ser cuidado. Dever-se-ia fazer cópias do tipo,
como por exemplo, mostrar uma frase formada no estilo de Hermann Grimm,
moldada de maneira figurativa. Pois Hermann Grimm escreve verdadeiras
frases! Ao passo que aquilo que se lê usualmente, não se lê frases, mas sim
lombrigas. Sente-se falta total de frases. Isto pode ser feito de maneira tal que se
provoque, no 9º ano, certo sentir para a frase acabada e para as intercalações que
ela contem. Algo que muito pode ajudar temos também no currículo, uma
espécie de poética. Isto falta completamente, isto não é absolutamente levado em
conta. Eu percebo que as crianças não ganham um sentir para o que seja uma
metáfora. As crianças têm de saber o que seja uma metáfora, uma metonímia e
um sinédoque. É algo maravilhoso o que daí pode resultar. Isto está no currículo
e nunca foi feito. Este ensino de tropos ajuda no sentido de conseguir-se que as
crianças formem a frase. Quando elas chegam à imagem, então obtem-se a
formação da frase. Discute-se o assunto com exemplos; dizer o que significa:
Oh, rosa d’água, florescente cisne, oh cisne, rosa flutuante. Deste modo elas
ganham um sentir agudo, através da expressão metafórica, onde a frase se
encerra de maneira artística.” (3 de julho de 1923)
O que é referido como “currículo” são as indicações verbais de Rudolf Steiner e, neste
caso, aquelas de 17 de junho de 1921 para a 10ª classe. E, com isto, o que é digno de
nota é que, a 17 de junho de 1921, métrica e poética são atribuídas à 10ª classe;
entretanto, a 3de julho de 1923, são atribuídas à 9ª classe; e, um ano mais tarde, a 2 de
julho de 1924, Rudolf Steiner deu o currículo para as línguas modernas e exigiu então,
para a 8ª classe, “os rudimentos da poética e da métrica das línguas estrangeiras”, e,
para a 11ª classe, “algo da estética da língua.”
95
Imediatamente após, Rudolf Steiner dar a solução daqueles enigmas que ele havia
intercalado em suas palestras em Ilkley, no verão de 1923, 11ª palestra - e deixa então
seguir uma observação acerca da métrica francesa, a qual talvez pudesse ser acomodada
também no capítulo sobre o ensino de língua estrangeira, mas que igualmente aqui pode
ser julgada valiosa.
vezes também em Martin Greif, onde realmente se realiza aquilo que se poderia
chamar de lírica objetiva. Também Shakespeare o conseguiu realmente algumas
vezes na lírica entremeada em sua dramática.” (19 de junho de 1924)
No curto resumo que seguem está colocado com a métrica e poética e a estética da
língua devem ser distribuídas na aula principal, a partir da 8ª classe:
10ª classe: ensino de arte – estética da língua (21 de junho de 1922 bem como
19 de junho de 1924)
Segue então ao trecho citado uma observação acerca da tão pequena capacidade atual
dos homens para captar e reproduzir corretamente o vivenciado. A este respeito é
descrito um experimento psicológico-criminalístico acerca da aptidão das testemunhas
judiciais reproduzirem aquilo que viram. Então Rudolf Steiner acrescentou a isso:
12º ano, que narrem o verdadeiro visto, e não cuidar tanto da redação livre que,
propriamente, ainda não cabe no primário.” (metódica didática, 10ª palestra)
“Seria tarefa nossa conversar muito mais com as crianças daquilo que
entendemos por matéria de ensino, preocupar-nos muito mais com o ensino da
vida do pensar e do sentir. Pode-se verdadeiramente cuidar de tornar claro: por
exemplo em aritmética que: -5, -a; esclarecer-se a ele (NT: ao aluno) = isto
significa – que ele tem a menos do que deve dar ao outro. Entrar nisto de
maneira bem precisa pelo diálogo. De vez em quando, desviar-se com as
crianças do tema. Então os senhores perceberão que as crianças não se tornam
tão rapidamente perfeitas em redação, mas que esta carência não se manifesta
tão fortemente. Não é verdade?, as crianças mentalmente dotadas farão boas
redações, as crianças fisicamente dotadas serão boas na euritmia. Tem-se de
tentar contrabalancear isto por meio de conversação. Quando os senhores
conversam com as crianças, isto é desviado da cabeça – quando os senhores
falam e se aprofundam sobre algo que tenha sido tomado da vida externa.” (12
de junho de 1920)
A redação comercial, incluída por Rudolf Steiner no currículo em relação com o ensino
de alemão, dava sempre “dores de cabeça” aos professores. A uma pergunta que lhe foi
100
feita após tratar do currículo para a 10ª classe, disse ele, em relação com algo sucedido –
não na Escola – e que havia sido tratado sem objetividade e com negligência:
“... Temos que tentar compreender o caso, o curso de uma situação comercial, e,
então, a partir daí escrever as coisas – fazer o melhor, de maneira critica. –
Tentem experiências desse tipo. Tentem descobrir o que a algarativa quer dizer e
tentem colocá-lo em uma estilização ordenada.” (17 de junho de 1921)
No caso usado como exemplo, muito de incorreto havia sido feito. Rudolf Steiner disse
a respeito:
“Isto provem da superficialidade, por não se ter em mente que as coisas têm de
se exatas. – Precisa-se expressar somente aquilo que deve acontecer. Qualquer
maneira ingênua é melhor do que estilo de comerciante. Não é, de modo algum,
tão assustador. Precisa-se apenas compreender o caso e reproduzi-lo. Cada um é
capaz de entendê-lo.” (17 de junho de 1921)
101
“Deveríamos levar ao ponto em que as crianças sejam curiosas por suas tarefas.
Quando os senhores colocarem para as crianças tarefas do tipo que as façam
curiosas acerca daquilo que elas por si mesmas vão obter, então será algo que as
incita. Eu o faria assim. – Sentimento do dever não desenvolve antes que se
possa ensinar às crianças o significado e a consequência do dever. – Dar temas
de redação do tipo: “A máquina de vapor, uma criação da força humana.” Um
tema destes depois do outro. Creio que com isso os senhores excitem o interesse.
O ensino pode ser configurado de forma tal que se excite interesse.” (28 de abril
de 1922)
“Isso ultrapassa o horizonte: considere que nem mesmo Kuno Fischer escreveu
bem a esse respeito. Eu daria temas de redação mais no sentido da observação da
vida, como de que falei anteriormente – acerca da maquina a vapor -, ou
digamos, “O que é bonito na natureza?” – depois: “O que é bonito na alma?” –
Temas mais do tipo em que as crianças são forçadas, ao trabalharem o tema, a se
concentrarem.”
Pela terceira vez, no mesmo dia, Rudolf Steiner foi perguntado acerca de tema de
redação: se deveria discorrer previamente a respeito do tema de redação. Ele respondeu:
102
Em seguida o professor perguntou - que redação o senhor daria a partir de uma matéria
como a amizade de Schiller e Goethe (9ª classe)? e Rudolf Steiner respondeu:
“Eu descreveria como foi quando Goethe atravessou Weimar até Tiefurt. Depois
eu faria descrever um “passeio com Goethe”, o mais concreto possível. Aí pode-
se incorporar tudo.” (28 de abril de 1922)
Ao inicio do ano escolar 1923/24, quando pela primeira vez foi aberta uma 12ª classe,
disse Rudolf Steiner por ocasião da primeira discussão acerca das tarefas especiais desse
ano, a 25 de maio de 1923, a partir da constatação de que, de um modo geral, o ensino
de redação não havia recebido a atenção que devia:
Quando então um professor opinou que se deveria ás crianças algo a respeito da técnica
de uma redação, respondeu Rudolf Steiner:
“Fazer ver, pelos erros, como deveria ser. A explicação teórica das disposições,
eu não faria. Isso pode levar tudo a perder, quando as crianças entregam más
redações.” (15 de maio de 1923)
103
No curso pedagógico de Berna de 1924, disse Rudolf Steiner a respeito do professor que
sabe “ler” no ser humano:
“Se ele souber ‘ler’, cada criança torna-se uma leitura anímica para o educador.
E esse ‘torna-se uma leitura anímica’ pode realizar-se completamente também
em classes bem grandes; e, quando esse é o caso, percebe-se simplesmente a
partir do tato interior: antes do 9º ou 10º ano a criança ainda não saberá
distinguir o mundo e eu, também não saberá por si mesma escrever na maneira
de redação. Propriamente dito, saberá, no máximo, restituir aquilo que lhe for
exposto à feição de contos e lendas. Somente após essa idade pode-se principiar
lentamente a acerca-se da criança em imagens e pensamentos, acerca dos quais
pode-se então fazer escrever livremente o imaginativo e o sentido. Mas, aquela
estrutura interior de pensamentos, a qual é necessária para passar-se à redação,
mais uma vez está disponível propriamente por volta do 12º ano, de modo que só
então é que se pode tratar de passar para a forma de redação. Se iniciarmos isto
cedo demais – abordo isto porque há uma pergunta proposta a respeito – será
mais uma vez o caso de que vamos levar a criança. Desta vez não à esclerose
anímica, mas certamente ao raquitismo anímico, a uma inaptidão e fraqueza
interiores mais tarde na vida terrena.” (Berna, 1924, 5ª palestra)
Então a criança, sob a influencia daquilo externamos de nós, deverá produzir sua
redação. Também não devemos afastar-nos daí no últimos anos que precedem a
puberdade. Também então não se deve fazer a criança escrever cegamente sobre
o assunto, mais sim despertar nela o sentir de que não deve estar na redação nada
que não a mantenha afinada com a disposição que nela foi despertada, portanto o
assunto da redação foi tratado com o professor ou o educador. Também aí deve
reinar vivacidade. A vivacidade do professor tem de se transpor para a
vivacidade da criança.” (Torquay, 1924, 7ª palestra)
Seguem agora indicações do currículo propriamente ditas para cada uma das classes, em
algo dos esclarecimentos adicionais dados a respeito:
Seria importante que no 1º ano escolar não tocássemos muito em gramática etc.
– Mas, no 2º ano já deveríamos ministrar à criança noções do que é um
substantivo, do que é um adjetivo, do que é um verbo. E a isso deveria se
acrescentado, de maneira simples e visual, a discussão sobre a construção de
frases.” (nº 16 Currículo, 1ª palestra)
quando se tem a criança no 3º ano escolar. Aí tenta-se então dar à criança uma
ideia de tipos de palavras, das partes de uma frase, e da construção de uma
frase; portanto, da incorporação de pontuação, vírgula, ponto, etc., nas frases.”
(Currículo, 1ª palestra)
“O 2º ano escolar será, uma vez mais, uma continuação do 3º ano escolar com
respeito ao narrar, fazer re-narrar, e será bom cuidar-se de que, ao tratar-se de
poesia, poemas curtos, particularmente nos 1º e 2º anos escolares, façam a
criança sentir instintivamente ritmo, rima, compasso, e que a criança, nos 3º e 4º
anos escolares, seja levada a sentir a formação interior da poesia, portanto, o que
diz respeito às belezas interiores da poesia. Depois, deve-se tentar transpor
aquilo que a criança aprendeu com relação ao re-narrar por escrito, à descrição
por escrito, para a redação de cartas, de castas de todo o tipo. Então deve-se
tentar, precisamente neste período, despertar na criança uma clara noção dos
tempos, de tudo aquilo que é expresso através das formas de transformação do
verbo; por conseguinte, que precisamente neste período – estamos agora mais ou
menos entre 9 e 10 anos – a criança ganhe o que deve ganhar a esse respeito, que
ganhe um sentir para que não diga: “O homem corria”, quando deveria dizer: “O
homem correu”; que não confunda, portanto, o passado imperfeito, o assim
chamado pretérito, com o passado; que portanto, ganhe um sentir que a criança
aprenda a formar as frases de conformidade com esta configuração interior dos
sentimentos. Nisto faça-se menos coisas como maltratar eventualmente poesias
ou algo do gênero para mostrar como este ou aquele formou uma frase de desejo,
mas vê-se diretamente para o fazer a criança expressar algo desejável, e depois
faça-se-a formar a frase. Depois faz-se-a expressar algo admirável e faz-se-a
formar a frase, ou ajuda-se a criança a formar a frase; depois compara-se uma
frase de desejo com uma frase de admiração para, desta maneira, continuar a
108
cultivar a visão da plástica interior da língua é o que deve ser exercitado com a
língua materna à aproximação dos 10 anos, sentir plasticamente a língua.”
daquilo que tem de ser expresso de maneira conjuntiva; e deve-se tentar fazer
com as crianças exercícios de conversação do tipo, em que se cuide fortemente
para que não passe nada de utilização errada pela criança relativamente ao uso
do conjuntivo. Portanto, se a criança tivesse de dizer: “Eu me preocupo para que
minha irmãzinha aprenda a correr”, para que um forte sentir dessa plástica
interior de língua passe a permear o sentir a língua. Então faz-se passar para as
cartas com redações comerciais fáceis, inteligíveis, em que realmente são
tratadas coisas do tipo que as crianças já conhecem de outros lugares. Pode-se, já
no 3º ano, estender para relações comercias aquilo que se fala a respeito de
campo, mata etc., de maneira a que mais tarde se tenha material que se preste
para redação comercial simples.”
“No 7º ano escolar vai-se, uma vez mais, dar prosseguimento àquilo que foi feito no 6º
ano escolar; e agora, nas formas do falar, tentar-se-á desenvolver na criança uma
compreensão correta, plástica, das formas de expressão para o desejar, o admirar-se, o
maravilhar-se etc. tenta-se fazer com que a criança aprenda a formar as frases de
conformidade com esta configuração interior dos sentimentos. Nisto faça-se menos
coisas como maltratar eventualmente poesias ou algo do gênero para mostrar como este
ou aquele formou uma frase de desejo; mas vá-se diretamente para o fazer a criança
expressar algo desejável, e depois faça-se-à formar a frase. Depois faz-se-a expressar
algo admirável e faz-se-a formar a frase, ou ajuda-se a criança a formar a frase; e depois
compara-se uma frase de desejo com uma frase de admiração para, desta maneira,
continuar e cultivar a visão da plástica interior da língua.
Então, aquilo que foi trazido pela historia naturalmente já vai possibilitar à criança dar,
na redação, as características mais fáceis, do lobo, do leão, da abelha etc.
Paralelamente, mais no sentido humano geral da formação, cuide-se nesta época, muito
especialmente da compreensão de coisas comerciais praticas. O professor tem que
110
Há que ser levado em conta que, para as línguas estrangeiras na 8ª classe, são indicados
os “rudimentos da poética e da métrica da língua estrangeira.” (2 de junho de 1924)
A este ponto deveria por isso ser levado também no alemão a métrica e a poética. A esse
respeito queira o leitor consultar o trecho “Ensino de estilo e de figurativa – métrica e
poética” neste capítulo.
Seguem agora as indicações para as classes superiores, cada uma das quais pode ser
encontrada nas conferências:
O que aqui foi dito recebeu uma pequena complementação a 15 de novembro do mesmo
ano, quando o professor de inglês do 9º ano relatou que havia lido Julio César e havia
encontrado grande compreensão. A isto disse Rudolf Steiner:
“O senhor não pode também mandar fazer por escrito, uma espécie de
composição? – Seria necessário que se intercalasse algo assim também em
alemão, que se chegasse de fato a (fazer) uma apresentação, que eles realmente
também formulassem isso.”
“O senhor não coloca nenhum tema? Não faria mal algum se a matéria fosse
recapitulada previamente em uma palestra. Desde que eles só tragam
formulações próprias.” ( 15 de novembro de 1920)
A partir do 9º ano escolar o ensino de alemão caminha lado a lado com o ensino de arte,
e merece atenção o que Rudolf Steiner disse a respeito em 24 de abril de 1923:
A 17 de junho de 1921 foi estabelecido o currículo para a 10ª classe. Foram feitas as
seguintes indicações para o alemão:
Um ano mais tarde, a 20 de junho de 1922, o professor de alemão da 10ª classe comenta
que se crianças gostariam de saber algo acerca da literatura contemporânea:
“Para a poesia moderna alemã a idade ainda é muito prematura. Não se pode
tomar Geibel e Marlitt. Poder-se-ia tomar C. F. Meyer, mas ainda seria muito
cedo. Para compreender Jordan é necessária uma idade mais madura. Isto elas
só compreenderiam na 12ª, 13ª classe. Se o ensinarmos à maneira da
governanta, não terá nenhum valor. Quando se entra no ‘demiurgo’, precisa-se
de crianças de 16, 17 anos. Senão, em certo sentido, é muito desorientador
tratar justamente das correntes mais modernas com as crianças.” (20 de junho
de 1922)
mas sim de forma interessante e pictórica, uma imagem daquilo que os senhores
leem como amostra. Antes de tudo cuidar para que, não somente os senhores
leem, mas que também as crianças leiam, de modo que, por terem os senhores
lhes dado uma imagem correta... elas não leiam monotonamente> ler
monotonamente é algo que em absoluto não se pode fazer quando se deu uma
imagem correta. Parar em certas passagens interessante e fazer algumas belas
contemplações de palavras. A partir de algumas palavras ou expressões pode-se
produzir chispas de fogo e iluminar a visão de toda uma época. Se os senhores
fizerem assim, terão dado suficiente introdução às crianças.” (14 de fevereiro de
1923)
Em ligação direta com estas palavras foi então ainda falado sobre o tratamento do
Parsifal no ensino de religião, bem como acerca do ensino de história e ensino de arte
que caminham paralelamente. Em relação a este último foi dito então que “devem ser
tratados poética, métrica, observação do estilo,” etc. – Daí resulta bem claramente que a
interpretação da frase acerca de poética, no texto acima sobre currículo para o 11º,
permanece válida. A frase só ganha sentido se a lermos da seguinte maneira: Agora,
acerca de métrica e poética que deve ser tratada nesta classe, é para demonstrar-se –
portanto no ensino de estética – aquilo que ontem denominei por estética.
Em 25 de abril de 1923 Rudolf Steiner deu o currículo para a primeira 12ª classe. Esta,
entretanto, deveria ser conduzida diretamente para o exame de conclusão. Rudolf
Steiner indicou o que se deveria ensinar se não estivesse obrigado a dirigir tudo para
esse exame. Entretanto, em vista desta difícil posição, ele havia dito o seguinte no dia
anterior:
“Mas, para não fecharmos o compromisso de modo tal que não cheguemos
também ao nosso direito, eu acredito que seria bom que fizéssemos isto aqui.”,
Também as palavras seguintes, de 25 de abril de 1923, devem ser vistas como metas de
ensino para uma 12ª classe, mas para uma classe sem compromissos:
Um ano mais tarde foi tomada a decisão de conduzir o ensino no novo 12º ano
puramente no sentido da Escola Waldorf e então, para aqueles que queriam fazer o
exame de conclusão, acrescentar uma classe especial de preparação como décimo
terceiro ano escolar. Para o puro 12º ano de 1924/25 foram feitas as seguintes
indicações a 30 de abril de 1924:
2 - ENSINO DE ARTE
A intenção especial que é visada com a introdução do ensino de arte no 9º ano escolar é
expressa, provavelmente da maneira mais nítida, em palavras do curso de Ilkley que vão
aqui reduzidas:
Para isso é naturalmente necessário que, nessa idade, se saiba levar a arte à
criança de maneira correta, que não se organize desde o inicio o ensino todo só
artisticamente... mas, sim, que seja concedido também à arte o seu correto papel
no ensino. Que plástica-pintura sejam cuidadas, isto já resulta de que buscamos a
escrita a partir da pintura. Portanto, pelo principio da Escola Waldorf,
começamos com um ensino de pintura-desenho já em idade infantil bem tenra.
Também a plástica é tratada tanto quanto possível, em verdade só a partir do 9º,
10º ano aproximadamente, e de maneira primitiva. Mas, se a criança for
introduzida de maneira correta, na idade certa, na formação de configurações
plásticas, isto atua de maneira prodigiosamente vivificante sobre a faculdade
visual física da criança, sobre a interiorização da faculdade visual física. As
119
e, após uma observação sobre o ensino de musica, a qual o leitor pode consultar no
trecho indicado, diz conclusivamente:
“Na mesma idade em que a criança precisa aprender que: a natureza está
organizada por abstratas leis naturais compreendidas pela razão, na mesma idade
devemos gerar, para contrabalancear, uma compreensão da arte; introduzir na
compreensão: como se desenvolveram as artes individuais nas diferentes épocas
da historia da humanidade, como este ou aquele movimento artístico intervém
nesta ou naquela época. Só por este meio será realmente estimulado na criança
aquilo que o homem necessita se quiser chegar a um desenvolvimento universal
de seu ser.” (Ilkley 1923, 12ª palestra)
No ensino de arte como matéria específica, a atitude total artística da educação encontra
seu coração e sua conclusão. Primeiramente a criança deve viver na atitude elementar, a
partir desta tem de encontrar o caminho para o fazer intelectual e para o compreender,
tem também de progredir para trabalhos artísticos mais maduros até que, nos últimos
anos escolares, seja conduzida à compreensão da arte e do seu desenvolvimento
histórico. Compare-se a isto a 3ª palestra do Curso de Metodologia e Didática.
120
O ensino de arte ganhou sua primeira proposição concreta de tarefas somente no inicio
do 3º ano de atividades da Escola Waldorf, em 17 de junho de 1921, quando o currículo
para a recém instituída 10ª classe foi estabelecido. Então Rudolf Steiner, voltado para o
professor de artes aplicadas, Max Wolffhügel, disse o seguinte:
Rudolf Steiner, porém, já lhe dera a sua tarefa. “Eu penso que deveríamos ensinar à
criança o mais cedo possível a noção de quando uma cadeira é bela, quando uma mesa é
bela...” Que a cadeira precise ser bela para os olhos, ele chama de um abuso e, no final,
volta ao assunto: “para que dominemos essas coisas.” Aí está inserida nada menos do
que a exigência de tornar livre o conceito de beleza da exclusiva aplicação ao domínio
do ver e do ouvir, e de estendê-lo também para os assim chamados sentidos inferiores,
que a plástica não seja tomada somente como uma vivência dos olhos, mas sim como
vivência no espaço como todo o ser. Isto faz-se lembrar de nos mais diferentes pontos
da arte de educar de Rudolf Steiner.
Segue ainda uma observação acerca de recitar e declamar que pode ser consultada neste
trecho.
122
“Os motivos de Albrecht Dürer. Também de maneira musical, aquilo que tiver
parentesco com isto, Bach por exemplo. Tratar assim, de maneira bem viva, a
pintura em preto e branco.” (28 de abril de 1922)
Nesta época já tinha seu inicio o 4º ano de trabalho da Escola Waldorf. A 8ª classe
participava uma vez mais do ensino de arte, mas, uma estruturação do ensino com metas
determinadas por classe ainda não fora proposta. Em 10 de maio de 1922 Rudolf Steiner
fazia as primeiras indicações, primeiramente para a 11ª classe e, à pergunta de Erich
Schwebsch sobre as áreas básicas para a 8ª, 9ª, 10ª e 11ª classes, ele retrucou:
“Podemos fazer isso muito bem. O senhor acha realmente que a variedade de
coisas na ‘Melancolia’ são atributos em Dürer? Eu creio que a diferença entre
Dürer e Rembrandt é que, Rembrandt toma o problema claro-escuro
123
“Seria bom que se levasse o ensino de arte com o ensino de historia e de historia
da literatura. Se o senhor tentasse vir da Mitologia Germânica, porém detendo-se
nela e talvez mostrando como mais tarde os mitos germânicos surgem como
estética, em uma ou outra forma, no desenvolvimento artístico. Pode-se juntar
inteiramente, por exemplo, o surgimento precisamente de Dürer como artista
com a maneira pela qual as formas o são na Mitologia Germânica. Pois elas são
crianças de 15 anos. Poderíamos tomar o pretexto para demonstrar que no
passado os velhos germanos haviam pintado os Deuses da mesma maneira como
Dürer as suas figuras.” (24 de abril de 1923)
“Então o senhor passaria para a 10ª classe – o currículo fora dado pelo estágio inicial da
9ª – portanto, 10ª classe: Lírica de Goethe e estilo; isto poderia permanecer 11ª classe:
resumo do musical e poético.” (24 de abril de 1923)
Com isto o objetivo para a 10ª classe expresso pela primeira vez. Pouco depois Erich
Schwebsch voltou a indagar sobre o ensino de arte na 10ª classe e, em verdade, sobre
lírica de Goethe e sobre ensino de arte na 10ª classe e, em verdade, sobre lírica de
Goethe e sobre ensino de tropos de que ele, aparentemente, desejava tratar. Era o dia 31
de julho de 1923. Rudolf Steiner respondeu a isto:
À pergunta do professor acerca do ensino de arte na 11ª classe Rudolf Steiner fez as
seguintes indicações em 10 de maio de 1922, quando a primeira 11ª classe iria ser
aberta:
“Seria absolutamente uma possibilidade que se tomasse com eles algo como
arte em relação com todo o desenvolvimento da cultura, que aí se chegasse a
uma boa compreensão. Se chamarmos a atenção deles para: por que a musica, tal
126
Poucas semanas mais tarde Rudolf Steiner deu ainda as seguintes indicações para o
ensino de arte em ligação com aquelas dadas para o ensino de historia da literatura:
Patentemente quer dizer: é para remeter-se àquilo. Através da modificação por mim
proposta para a ultima frase resulta que a estética, que deve ser tratada nesta classe, tem
que ser tratada no âmbito do ensino de arte, e não como o foi até agora, a partir de
métrica e poética no ensino de alemão.
A indicação para isto, que ele ontem denominou com a “estética no ensino de arte”,
refere-se efetivamente à primeira das duas palestras que Rudolf Steiner proferiu para
aos professores no ano de 1922: “Educação e Ensino a partir do Conhecimento do
Homem”. Queira o leitor estudar esta palestra por completo.
“Então, para esta classe, em estética e ensino de arte, deverão ser tratados
poética, métrica, observação do estilo, em que não precisamos permanecer
127
Uma indicação adicional para o currículo da 11ª classe está contido na curta compilação
feita em 24 de abril de 1923, já reproduzida na 10º ano escolar, que é a seguinte:
Finalmente, na conferencia de 19 de abril de 1924, foi dada uma curta compilação das
metas do ensino de arte para todas as classes:
128
“Na 9ª, áreas individuais da pintura e plástica; 10ª classe, algo da poesia clássica
alemã; 11ª classe, a confluência do poético e do musical. Aí foi dado como
tema: mostrar seguido, como desde Goethe o poético e o musical prosseguem
sob a mesma superfície.” (29 de abril de 1924)
A respeito do ensino de arte na 12ª classe Rudolf Steiner externou-se pela primeira vez
em 25 de abril de 1923, no decurso dos aconselhamentos plenos de preocupações para o
primeiro exame de conclusão, que os estudantes de então deveriam prestar diretamente
a partir da 12ª classe. Havia sido falado a respeito do ensino de arte na 9ª e na 10ª classe
e Erich Schwebscsh, sob a impressão das preocupações, tinha feito a proposição de
“percorrer artisticamente o que vai ser tratado em alemão, a literatura a partir de 1740.”
Rudolf Steiner havia concordado com a proposta e disse depois, a partir de si – o que
também já foi trazido no capítulo sobre alemão- :
“Mas, para não fecharmos o compromisso de modo tal que não cheguemos
também ao nosso direito, eu acredito que seria bom que fizéssemos isto aqui: há
um grande numero de obras literárias de Goethe a serem reduzidas a
impressões pictóricas. Em contrapartida há um grande número de obras de
arte românticas a serem reduzidas a impressões musicais. Dar destaque a este
contato das artes entre si.” (24 de abril de 1923)
No dia seguinte o currículo para esta 12ª-exame foi discutido em detalhe e Rudolf
Steiner dissera introdutoriamente:
Aqui esboça-se algo que talvez pudéssemos denominar como o currículo ideal para
uma Escola Waldorf do futuro, uma Escola Waldorf em que pudéssemos construir o
currículo somente a partir de pontos de vista pedagógicos, o que hoje ainda não é
possível.
Por volta do fim da conferencia, quando um professor solicitara uma hora adicional para
inglês e francês, Rudolf Steiner disse, como num suspiro de desabafo:
“Eu gostaria de fazer o que ainda fosse possível. É um escândalo que os alunos
na 12ª classe não possam receber os princípios básicos da arquitetura.”
e, virando-se para o professor que desejava mais horas para o ensino de línguas, disse-
lhe de maneira conformada:
No mesmo dia disse Rudolf Steiner a respeito de arte o que segue, e que pode ser
encarado como diretriz para o tratamento dos estilos arquitetônicos:
Após um curto resumo das metas por classes, o qual já foi reproduzido com as
indicações para o 11º ano escolar, disse Rudolf Steiner ainda:
131
“Na 12ª, trabalhar no sentido daquilo que eu falei. No mais, é muito bom o que
foi feito até agora.”
No dia seguinte, após haver ficado estabelecido com os alunos e alunas da nova 12ª
classe, que eles estavam de acordo em fazer o exame de conclusão somente depois de
um ano especial de preparação, foi estabelecido o currículo da 12ª classe “pura” que,
para o ensino de arte, era o seguinte:
No mesmo dia, algo mais tarde, quando da recopilação do que havia sido discutido,
disse Rudolf Steiner:
Erich Schwebsch fez, a partir destas indicações de Rudolf Steiner, uma compilação das
metas de ensino, a qual é aqui reproduzida como conclusão do capítulo de ensino de
arte:
“O ensino de arte deve visar como sua meta: fazer o homem em crescimento
compreender, por meio de exemplos reais, o conceito do belo, o conceito da arte.
Com esse propósito são feitos esforços por introduzir o desenvolvimento das
artes bem resolutamente na relação com o desenvolvimento total da cultura e,
com isso, seguir a metamorfose do belo através de todos os períodos de estilo.”
Estas palavras do curso Ilkley, que também foram colocadas no inicio deste capítulo
sobre o ensino de arte, Schwebsch igualmente fez preceder a sua compilação do
currículo. A seguir ele traz as metas para os anos escolares individuais, tal como ele as
via através de sua longa experiência. Após a dissolução da Escola Waldorf no ano de
1938, atendendo ao meu desejo, ele as colocou à minha disposição:
133
O ensino de arte trata agora de fatores estético-artísticos a partir do domínio dos poetas.
– O aluno, falando, deve compreender linguagem poética. Para isto são feitos exercícios
práticos preparatórios de aperfeiçoamento da fala. Assim pode surgir um sentir para os
elementos da poética. Subsequentemente, através da vivencia de ritmos tratada por meio
da euritmia, são trazidos à consciência dos fatos básicos da métrica e, também, tomados
em consideração os ensinos de figuras e de tropos. Neste contexto são tratados
especialmente a lírica e o estilo de Goethe por meio de exemplos adequados.
faz ressaltar a estruturação das artes e também sua evolução em etapas “simbólica”,
“clássica”, “romântica”.
135
3 – ENSINO DE LÍNGUAS
As primeiras coisas que Rudolf Steiner expôs a respeito do ensino de línguas, para a
Escola Waldorf a ser fundada, estão na 2º palestra do Curso Metódico Didático de
agosto a setembro de 1919. Ali ele apresentou a língua como a cooperação viva de
simpatia e antipatia no sentir, e como uma acompanhante desse processo através do
pensamento representativo, e segue com isto até nos elementos da língua, até a
cooperação das vogais e consoantes. Com isto ele desenvolve, em poucas frases, a
essência de uma nova linguística do significado, a qual encara a língua como um
acontecimento no qual o homem revela e configura a sua relação com o Cosmo. Essa
linguística do significado Rudolf Steiner já havia esboçado em poucos traços em 25 de
abril de 1919, naquela “conversa em circulo intimo” que já mencionei no capitulo
”Etapas do Desenvolvimento do Currículo da Escola Waldorf”, e naquela oportunidade
ele a designara Ensino da Origem da Palavra. No assim chamado Curso de Línguas
de dezembro de 1919 / janeiro de 1920 esse novo enfoque científico espiritual da língua
foi ampliado. Ele representa o fundamento da educação em línguas no sentido da Escola
Waldorf.
surgir. Por certo nenhuma outra área do ensino foi tão abundantemente discutida como
precisamente a de línguas.
Nas palestras sobre currículo não foram feitas, para o ensino de línguas, indicações
especificas para os anos escolares individuais. Como já foi dito, muito se encontram nas
conferências, muito também nos cursos pedagógicos estrangeiros.
Para iniciar deveria, propriamente, ser colocada por inteiro a 9ª palestra do Curso
Metódico Didático, pois ela contem tudo o que é essencial na forma de apresentação de
princípios, mas, ele certamente encontra-se em mãos de cada professor em uma Escola
Waldorf. Quero apenas citar nominalmente um curto trecho dela porque o seu conteúdo
ainda é sentido como a exigência mais difícil da metodologia de Rudolf Steiner na área
do ensino de línguas:
“Os senhores irão alcançar muito se refletirem sobre o fato de que,para todo o
assim chamado ensino de línguas estrangeiras, aquilo que causa o maior atraso
é o traduzir a partir da língua estrangeira e o traduzir da própria língua
para a estrangeira. Deveria haver muito mais leitura e dever-se-ia muito mais
trazer os próprios pensamentos à expressão na língua estrangeira.” (Metódica e
Didática 9ª palestra)
Logo em uma das primeiras conferências que Rudolf Steiner deu para o primeiro
colegiado de professores, surgiu uma pergunta a partir das indicações feitas por ele no
recém concluído curso: se é certo que no ensino de línguas, mesmo em uma classe em
que as crianças já sabem escrever, se guarde um intervalo antes de apresentar a forma
escrita de modo a que as crianças primeiramente se acostumem só a pronunciar.
137
“Sim, nas línguas estrangeiras passar para a escrita o mais tarde possível, isto é o
mais importante.” (25 de setembro de 1919)
“Línguas são tanto mais facilmente aprendida e a pronuncia tanto melhor e mais
pura, quanto mais cedo for começado. O talento para línguas decresce com o
crescimento da idade a partir dos 7 anos. - Falar em coro é muito bom, pois a
língua é um elemento social. “Em coro é sempre mais fácil de falar do que
sozinho.” (12 de junho de 1920)
“No ensino de línguas há esta realmente grandiosa diferença entre falar em coro
e falar individualmente. Em coro todas as crianças falam juntas sem rodeios,
mais não conseguem individualmente. Tratar-se-ia de aproveitarmo-nos disso.
Vamos tratar desse assunto nas questões metódico-didático..., de modo que
tentaremos com as crianças, depois que falar em coro, repetidamente fazê-lo
individualmente. Temos de fazê-lo com base do aprendizado. Isso é
indubitavelmente assim.” (24 de julho de 1920)
Após uma observação acerca da atitude dos alunos em relação ao ensino de línguas:
“... para mim esta totalmente claro que, puramente dentro do limite das horas
normais de aulas, e com atividade racional. Podemos chegar ao ideal de poupar
as crianças de cansativas lições de casa. Mas ainda não está se tornando tão
interessante em todas as partes. Em determinadas coisas, a pratica ainda não
existe. Por isso eu creio de fato que teremos de chegar a uma espécie de lição de
casa modificada.” (21 de junho de 1922)
Esta resolução de introduzir uma espécie de lição de casa modificada, que originalmente
foi aconselhada através das carências no ensino de línguas, Rudolf Steiner a estendeu
depois a todas as matérias em que algo assim fosse aplicável. Os pormenores a respeito
podem ser consultados no trecho citado. Todavia, não pode ficar esquecido que a
concessão feita aqui, para serem dadas lições de casa modificadas, deve de fato ser
atribuída a incapacidade: ”para mim está totalmente claro que puramente dentro do
limite das horas normais de aulas e com uma atividade racional, podemos chegar ao
ideal de poupar as crianças de cansativas lições de casa. Mais ainda não está se tornando
tão interessante em todas as partes.” Por isso não deveríamos encarar essa ”introdução
de lições de casa modificadas” como algo com que nós, como professores, pudéssemos
conformar-nos, senão como algo que após cada aula não tenha sido concluída sem lição
de casa, exprime uma advertência de que ainda não alcançamos aquilo que a criança
141
Depois são citados alguns exemplos a partir do húngaro e Rudolf Steiner encerra a
observação com as palavras:
“Nenhuma aula deveria passar sem que a criança vivencie algo em imagem.”
No mesmo dia Rudolf Steiner fez a segunda e ultima palestra do curso tão “Questão de
ensino na puberdade” de 1922 para os professores, e voltou a tomar o problema das
imagens no ensino de línguas. Entretanto, o trecho está tão fortemente entretecido na
palestra que não se consegue destacá-lo sem prejudicá-lo. Por isso tenho de limitar-me
aqui a fazer ao leitor a recomendação especial de que estude essa palestra. (Stuttgart
1922, 2ª palestra)
A necessidade de colocar, nas classes mais elevadas, grego ou inglês á escolha dos
alunos veio a provocar a seguinte consideração.
desnatural; este não deveria ser o caso. Mas, não temos outra maneira de fazê-lo.
Não podemos ter inglês e as línguas antigas . Mas, precisamente na etapa atual
do seu desenvolvimento, ambas as línguas inglês e francês são tão incrivelmente
compensadoras entre si. Assim, por exemplo, se os senhores tomarem hoje a
aula de francês do senhor Boy, ele desenvolveu, para ouvintes silenciosos, algo
extraordinariamente importante: a língua francesa está prestes a fazer emudecer
os S. Não se pensava de modo algum em pronunciar aisne (én), mas sim ouvia –
se. Em inglês há muitas sílabas finais a caminho de dar destaque a um S
envergonhado como este. A compensação completa existe especialmente entre o
9º e o 10º ano de vida, quando se empregam os mesmos métodos. Antes disso é
bom que se maneje gramaticalmente o francês menos possível. Contrariamente,
em inglês é bom quando, no 11º e no 12º anos, deveras se chame repetidamente
a atenção para algo teórico na língua, para o gramatical-sintático.” (5 de
dezembro de 1922)
alemão Rudolf Steiner havia indicado, nas palestras sobre currículo de 1919, etapas do
ensino de gramática; estas estão no capitulo do ensino de alemão, nas indicações para
cada classe e, ao fim do capitulo, novamente compiladas. A essas etapas está ligada a
pergunta de um professor, sobre se nas línguas estrangeiras também haveria etapas
idênticas. A isso Rudolf Steiner respondeu:
Mais uma vez, de maneira diferente, Rudolf Steiner aborda o problema do ensino de
línguas no curso de Torquay de 1924. Recomenda-se o estudo do curso todo. Algumas
frases do mesmo vão aqui reproduzidas:
Seguem-se então, no trecho citado, algo a cerca da origem da língua a partir da vivencia
do sentir, acerca da língua humana primordial acerca da comparação de línguas a sua
limitada, porem, a seu tempo, importante tarefa educacional, acerca do significado do
ensino de gramática .
No mesmo curso Rudolf Steiner deu a seguinte resposta sobre as línguas estrangeiras
que as crianças deveriam aprender em uma Escola Waldorf na Alemanha:
Assim quando percorrer os olhos em sua primeira leitura até este ponto queira o leitor a
aceitar o conselho, exatamente aqui, de levar os trechos copiados de volta a sua
província original, na sequência de datas que foi dada, para assim fazê-los
configurarem-se em seu panorama.
Segue agora as indicações especiais para as classes individuais, ao fim aqueles de 2 de
junho de 1924, que representam o currículo definitivo para as línguas modernas.
Francês e inglês
Isto evidentemente não quer dizer que o ensino de línguas nas duas primeiras classes
não deve ser feito, mais seja retirado quando se mostra nas crianças um cansaço especial
“De um modo geral temos a dizer que a criança já recebe ensino de línguas na
primeira classe e que até o fim da 3ª classe desenvolvemos o ensino de línguas
de tal maneira que a criança aprenda a falar falando e para qualquer palavra ou
versão que a criança tenha de aprender, deveríamos evitar ter em vista a
correspondente tradução alemã da palavra, deveríamos, isto sim ter em vista que
a criança ligue diretamente à coisa a palavra ou a versão. Portanto deveríamos,
não é verdade? não reconduzir a palavra estrangeira ao alemão; mas sim ao
objeto; e permanecer na língua estrangeira. Deveríamos levar isto a efeito
especialmente até o 3º ano escolar completo. Nesse período não deveria de
modo algum ser perceptível que existe gramática. No tratamento de peças mais
extensas temos de avançar de tal modo que não se dê importância a que a criança
aprenda ou uma cena, mesmo que entenda o assunto apenas precariamente,
puramente pelos sons. Em extremo pode dar-se o próprio caso de que a criança
aprenda quatro, seis oito linhas, as quais ela só retém como sons.
Circunstancialmente poderia contribuir muito para o domínio da língua que a
criança aprendesse a entender só a partir da memória, aquilo que ela aprendeu
apenas pelos sons. Nos primeiros 3 anos a poesia deve ser muito determinante
preferida à prosa. “O assunto mostra claramente que os três primeiros anos
podem ser tratados de maneira totalmente igual.” (2 de junho de 1924)
“Aqui seria muito bom que não mais fosse evitado começar com a gramática;
não pelo estudo de regras, mais sim pelo torná-la visível no repertório de texto já
existente na criança. Com isto deve-se começar, de maneira indutiva, a formar
149
À pergunta sobre o que deveria ser lido em francês na 7ª classe, ler uma coisa qualquer
a partir de um livro, respondeu Rudolf Steiner:
O professor, para o qual havia sido recomendado “Christmas Carol” na 7ª classe achou-
o muito difícil para essa classe e perguntou se não deveria ser introduzido um livro
escolar. A isso respondeu Rudolf Steiner:
“Isso seria bom para crianças de 13-14 anos. Mas isso também queria dizer,
quando disse Mignet. Em inglês e em francês temos de buscar peças
características e ler.” (14 de janeiro de 1922)
“O senhor pode estar certo de que deveria poder ler Dickens com as crianças que
quase nada sabem. O que nada sabem. O que elas devem aprender o senhor
pode, de maneira mais fácil, começar nele. O senhor faça a narração de como
continua. - O problema poderia ser solucionado assim: primeiramente
familiarizado as crianças com o conteúdo e, depois, extraem-se os trechos,
aqueles que são especialmente bons para manejar, em que essas dificuldades
não são tão intensas. Essas dificuldades temos pois, de saber vencer.
Precisamente para as que não sabem nada, esta leitura é a melhor coisa.” ( 24
de abril de 1923)
153
“Eu tentaria, nesta idade, colocar muito valor no elemento recitativo. Através do
recitar, aprender ainda alguma coisa do comando da língua. O sentido de versão
que elas adquirem no recitar, e o emprego em outras coisas.” (22 de setembro de
1920)
“Mais história da literatura do que, dentro do assunto, falar algo de passagem
sobre Shakespeare, e, quando porventura os senhores tratarem de uma coisa ou
de outra, torná-la conhecida das crianças, - mais história da literatura não e de
fato necessário para essas crianças.” ( 15 de novembro de 1920)
“Não tenho nada contra Julio Verne se os senhores o tratarem de tal maneira que
as crianças não fiquem fantasiosas por meio dele.” (14 de janeiro de 1922)
Ante a observação do professor de francês de que na 10ª classe algumas crianças tinham
o desejo de ter em francês, a sua própria separação: ele desejava saber se deveria fazer
uma leitura voltada para um só tema, disse Rudolf Steiner:
“Outra leitura poderia sim, ser feita. Dever-se-ia, sim, levar a cabo uma leitura,
mesmo que elas saibam ler apenas pouco. O senhor pensou em algo por si? Eu
considero deveras que o senhor escolha algo curto, algo que pudesse ser acabado
nos 2,1/2 meses. - Não sei se não seria melhor, numa classe dessas, ler algo
biográfico. Há um bonito livrinho: ”La vie de Moliére”. ( 17 de janeiro de 1923)
“Eu antes preferia ler algo completo. A escolha em inglês não e fácil. Tão logo
se saia de Shakespeare a coisa se torna mais difícil. - Vai muito bem, na 10ª
classe, ler Macauley. Isto depende totalmente da maneira de tratar. Pois esta é a
idade em que as crianças devem acostumar-se à maneira ampla e cômoda de
caracterizar. Em contraposição, desejo dizer que iria muito bem ler também
Carlyle e Emerson na 11ª e na 12ª classe. Deveríamos recomendar Walter Scott
para leitura privada. Emerson e Carlyle são leituras de classe. As características
biográficas, a biografia de Lutero, por exemplo, tudo isso é muito proveitoso
para o 15º ano de vida. Emerson tem frases bem curtas.” ( 15 de janeiro de 1923)
A uma pergunta por leitura francesa para a 10ª classe, sobre se poderia ser lida
Poincaré, disse Rudolf Steiner:
156
“Ao lado da prosa deveria ser lida lírica inglesa, por exemplo a Escola Naval.
Depois, um capítulo de Emerson com o estilo aforístico saltitante, eventualmente
os capítulos sobre Shakespeare e Goethe. Deveríamos mostrar o aforístico. Isso
deveríamos discutir. Sua maneira de escrever consistia em que ele tomava toda
157
uma biblioteca e a espalhava ao redor de si. Ele então passeava pelo aposento e
lia aqui e acolá uma frase, escrevia uma frase e tornava a andar ao redor. Ele
fazia estimular-se pela biblioteca. Nisto notaremos os saltos. Em sua leitura de
Emerson, Nietzsche o fez assinalando determinadas coisas. E depois ele as
numerou. - Portanto, lírica e Emerson.” (18 de dezembro de 1923)
À pergunta por leitura inglesa para a 12ª classe após “Veneração de Heróis” e após
“Athenasum”,
“O Athenasum, é algo que praticamente foi redigido. Não se deveria colocar nas
mãos do dos alunos, mas sim extrair artigos avulsos. Isso entraria em
consideração também para a 11ª classe. Não temos mais na Alemanha uma
revista tão bem redigida como essa”. ( 25 de abril de 1923)
“Na 10ª classe segue a métrica da língua com a leitura, de preferência poética.
Na classe há que se começar com leitura dramática. Ao lado disso segue leitura
de prosa que e algo de estética da língua. Especialmente na leitura dramática
deve ser desenvolvida poética, e esta a prosseguirá para a poesia lírica e épica na
158
12ª classe. E ai tem de ser lidas especialmente coisas que se relacionam com a
época atual e sua correspondência no terreno das línguas estrangeiras.
Acrescente-se a isso conhecimento da moderna literatura estrangeira.” (2 de
junho de 1924)
“Este pode ser o currículo flexível, do qual queremos manter no futuro. - Não ler
uma coisa sem que familiarizemos as crianças com os conteúdos do todo. Na 5ª,
4ª classe podemos conversar com os elementos da gramática. O mais que
possível passar para o fazer as crianças cultivarem conversação. Com respeito ao
dramático na 7ª e 8ª classe ainda teria de ser dito o seguinte: procurar-se, por
exemplo, uma passagem mais longa qualquer de uma comédia de Moliére que
se queira ler. Precisam-se familiarizar as crianças, até que aquele tico possível, e
depois ler o trecho.
No decurso do ano fizemos pequenas suplementações para aquilo que
anteriormente havia dito. Em princípio deve pois, ficar assim. - Trabalhos
escritos somente a partir daquele estágio que foram mencionados nos cursos.”
(2 de junho de 1924)
4 - LÍNGUAS MORTAIS
Latim e Grego
(NT.: o capítulo não foi traduzido por tratar de matéria que não integra o currículo
atualmente adotado )
160
5. ESTENOGRAFIA
(N.T: o capítulo não foi traduzido por tratar de matéria que não integra o currículo
atualmente
161
6. CÁLCULOS – MATEMÁTICA
Além disso, a partir da 6ª classe haverá 1 aula semanal de recapitulação e exercício para
cada classe, inserida na aula principal, que somente será dada quando, na aula principal,
estiver sendo desenvolvida outra matéria que não seja matemática.
Na 1ª palestra do Curso Metódico-Didático Rudolf Steiner insere o ensino de cálculos e
matemática na estrutura global do ensino e desenvolve, então, a primeira introdução das
quatro operações. Na quarta tarde do seminário essas indicações foram dadas algo mais
detalhada. Em ambas as oportunidades ele apontou, então, muito significativamente,
para a sua “Erkenntnistheorie” - “Grundlinien” no fim do 2º capítulo “Verstand und
Vernunft”. - Para ele era importante que o professor da classe escolar mais baixa
trouxesse às crianças, a partir de uma consciência filosófica formada, algo como a
adição desde a soma, ou coisas correspondentes para as outras operações. Ele desejava
que esses pontos de partida do pensar aritmético soubesse ser avaliados desde o inicio
por uma compreensão do seu significado para o correto desenvolvimento da criança no
mundo. Isto não significa levar Teoria do Conhecimento a criança, mas deve, isto sim,
indicar que o sentido dessas instruções não é o de adocicar a aritmética mas, antes,
lembrar o professor do compromisso que ele assume em relação ao espírito desde os
primeiros passos da educação. - Dado o seu extraordinário significado, reproduzo por
inteiro o trecho da Obra Filosófica de Rudolf Steiner relativo ao assunto:
“Kant acha que as teses da matemática e da ciência natural pura são juízos
sintéticos validos a priori”. - Este havia sido o assunto do parágrafo precedente
das “Grudlinien”. - ”Ele toma, por exemplo, a formulação 7+5=12. No 7 e no 5,
a soma 12 não está contida de modo algum, conclui Kant. Eu tenho de ir além do
7 e do 5 e apelar para a minha concepção, e então encontro o conceito 12. Minha
concepção torna necessário que 7+5=12 seja representado. Os meus objetos de
experiência tem de chegar a mim através do médium da minha concepção
sujeitando-se, por conseguinte, às suas leis. Se experiência deve ser possível,
162
Isto, portanto, o professor tem de carregar em si quando quiser acercar-se dos cálculos
com as crianças, quando apresentar a adição a partir da noção da soma, etc. Ele sabe,
então, que fará as crianças vivenciarem a noção da soma quando dividir o número
concreto em diferentes grupos de somados. - Para maiores detalhes queira o leitor
consultar os trechos indicados, onde estão situados em contexto maior. Entretanto, há
que se ter atenção para o fato de que, praticamente a apresentação no seminário, está
prejudicada devido a erros de expressão ou erros de captação pelo estenógrafo. Devido a
isso é preciso que se adicione, ao fim capitulo sobre a primeira classe, uma tentativa de
interpretação.
Primeiramente devem seguir declarações de Rudolf Steiner que lançam luz sobre o todo
do ensino da matemática.
Nas palestras sobre Volkspadagogik de 1919 encontra–se um trecho que conduz ao
âmago da problemática do ensino de matemática:
Pode-se ter a impressão que isso seja arriscado. Mas pode-se também sentir-se
convocado a provar com todo o cuidado, o que da estrutura da geometria elementar é
realmente importante para se chegar ao Teorema de Pitágoras. Então, repousa nas
palavras das palestras da Volkspadagogik o início de uma total reestruturação da
geometria.
Na 6ª palestra do Curso para professores de Basel de 1920, o ensino de geometria é
elucidado desde um anglo totalmente diverso. As considerações ali feitas devem
conduzir á vivência do espaço concreto pela criança com todo o seu corpo. Rudolf
Steiner disse então:
“Entre nós – na Escola Waldorf – os professores não devem se dar por satisfeitos
quando as crianças sabem desenhar um círculo, mas sim, é preciso que nossas
crianças aprendam a sentir o círculo, o triângulo, o quadrado. Elas têm de
desenhar o círculo de tal modo que tenham o redondo em seu sentir. Elas
precisam aprender a desenhar o triângulo de tal modo que tenham os três
ângulos no sentir, de maneira que, ao insinuar o primeiro ângulo tenham o sentir
de que: aqui serão três ângulos. Igualmente, elas devem desenhar o quadrado de
modo a sentirem a formação dos cantos, de modo que desde o inicio o sentir
permeia todo o traçado das linhas. Entre nós, uma criança tem de aprender o que
é um arco, o que é uma horizontal, o que é uma reta vertical, mas não
simplesmente para o observar, e sim para o acompanhamento interior com o
braço, com a mão. Isto deve ser feito também como base para o ensino da
escrita. Entre nós, nenhuma criança deverá aprender a escrever um P sem que
primeiramente tenha uma vivência de uma vertical e de um arco. Não
simplesmente que a criança tenha uma observação abstrata, dirigida para fora, da
vertical e do arco, mas sim uma observação plena do sentir, uma vivência das
coisas plenas do sentir.” (Basel 1920, 6ª palestra)
164
Para a primeira introdução no cálculo Rudolf Steiner exprimiu um ponto de vista muito
significativo nesse mesmo Curso de Basel de 1920, o qual deve ser anteposto ás
considerações sobre a introdução no cálculo:
“Há sempre um impulso localizado na alma, para passar de uma unidade para
um parcelamento. Precisamente porque se torna isso tão pouco em consideração,
também pouco se percebeu daquilo que propriamente representa a liberdade
humana da alma. Se a atividade anímica humana fosse exclusivamente
sistemática, ou, melhor dito, se o homem estivesse em relação tal com o mundo
exterior, que só pudesse sistematizar, formar conceitos de espécies, termos
genéricos, e, também organizasse sua vida de tal modo que procurasse o mais
que possível classificar por conceitos, o que de fato é uma atividade principal do
homem ,então o homem de fato mal poderia falar de liberdade. Pois, como
prosseguimos aí, isso nos prescreve em verdade a natureza exterior usualmente.
Em contraposição, o nosso atuar se baseia animicamente em uma atividade
analítica e a atividade analítica faz com que ,já na pura vida representativa,
possamos desenvolver liberdade.” (Basel 1920, 10ª palestra)
Nas mesmas palestras do Curso de Basel de 1920, Rudolf Steiner detalha a resposta à
questão sobre como poderia levar a geometria de sua forma estática a uma forma viva:
“A geometria poderá ser verdadeira sentida por aquele que pessoalmente tiver
feito determinadas experiências com a geometria, de tal forma que, pouco a
pouco poderia ser trazida da condição estática para a viva. Propriamente dito,
estamos falando de algo muito corriqueiro, quando dizemos: a soma dos ângulos
de um triangulo é 180º. Esse é o caso para cada triângulo, não é verdade?
Entretanto, sabemos imaginar cada triângulo? ...seria, porém muito bom que
levássemos às nossas crianças uma noção dinâmica do triangulo, não uma noção
morta, não meramente fazer desenhar um triângulo que depois sendo um
triangulo especifico, individual, mas sim dizer-lhes: aqui tenho uma linha. E
desenvolvo o assunto até o ponto em que, de alguma maneira divido para as
crianças o ângulo 180º em três partes. Eu posso dividir o ângulo em três partes
de infindáveis maneiras .E posso então, a cada vez, após haver dividido esse
165
ângulo em três partes, passar daí para o triângulo, de modo a mostrar a criança
como o ângulo que esta aqui – surge aqui.”
Evidentemente falta aqui uma observação sobre a necessidade de se traçar uma linha em
paralelo com a linha original g, a qual contas ambas as retas a e b que dividem o
ângulo.
Poucas páginas adiante Rudolf Steiner debate a relação entre o sentido de espaço e os
jogos de movimentos:
166
“E assim, após o 14º, 15º anos, temos de procurar agarrar cada oportunidade,
coisa relacionadas com aquilo que anteriormente foi apresentado mais em forma
de imagens. Dizemos por exemplo, na matemática: esforçamo-nos por alcançar
aquilo que ontem caracterizamos na trigonometria, pelo conhecimento do
Teorema de Carnot. Agora é de utilidade extraordinariamente grande não deixar
passar as oportunidades, repassando com as crianças, em todos os pormenores,
cada relação que possa dar-se entre o Teorema de Carnot e o costumeiro
Teorema de Pitágoras, de modo que o julgamento seja diretamente estimulado
constatar como uma metamorfose de Teorema de Pitágoras está exposta no
Teorema de Carnot.
Portanto, esse retorno do passado aquilo que anteriormente foi tratado pela
observação, o que se pode considerar fazer na matemática tão bem como no
ensino de religião, em ultima análise em todas as áreas. Naturalmente tem
sempre de vir em nossa ajuda aquilo que anteriormente tratemos em imagens.
Esse retomar do passado é o que estimula o julgamento.” (Stuttgart 1922,1º
palestra)
167
isso exerce uma influência extraordinariamente forte sobre toda a vida anímica
da criança. Quando a criança está acostumada a acrescentar, surge então aquela
aptidão moral que forma preferivelmente aquilo que se orienta para a cobiça.
Quando se passa do todo para as partes, e, quando se forma de maneira
correspondente também a multiplicação, a criança ganha o pendor, não para
desenvolver a cobiça tão fortemente, mas sim para desenvolver aquilo que, no
sentido Cosmovisão Platônica e no senso mais nobre da palavra, se pode chamar
de discernimento, temperança. E, há uma intima ligação entre aquilo que a
alguém no aspecto moral, agrada ou desagrada, e o método pela qual essa pessoa
aprendeu a lidar com os números. Entre o lidar com os números e as
ideias/impulsos morais parece, de pronto, não haver nenhuma relação lógica, ou
tão pouca, que aquele que só quiser pensar intelectualisticamente pode fazer
chacota ao falarmos a respeito. Pode parecer-lhe ridículo.” (Oxford 1922, 5ª
palestra)
em que ainda tem muito de inconsciente, de meio sonhador. Mais tarde isso é
traduzido para cima e apresentar-se de maneira abstrata. Então com a troca dos
dentes é fortalecido exatamente aquilo que dá firmeza ao homem firmeza
interior. A partir daquele momento da vida em que se põe em pé até o momento
da vida em que passa por esse endurecimento interior, que tem lugar na troca de
dentes, criança no inconsciente experimenta em seu próprio corpo a geometria, o
desenho. Agora se torna anímico. Precisamente com a troca dos dentes isso se
torna anímico e temos de tornar fisiológico, temos de certa maneira-como se dá
em uma solução que quando a esfriamos pode formar uma sedimentação, e a
outra parte, em consequência fica um pouco mais clara - o amadurecimento
formado em nós, o nosso próprio sistema ósseo reforçado, como a sedimentação,
do outro lado permanecem anímico, e se tornou geometria, desenho etc. Vemos
jorrar do homem as qualidades anímicas. E pensem só senhores, quanto interesse
isso dá ao homem.” (Dornach 1923, 1ª palestra)
“Então vejam senhores, dever-se-ia começar com os cálculos algo mais tarde.
Posto que não nos é dado um ponto exato no desenvolvimento da vida poder-se-
á organizar isso de conformidade com outras coisas que necessariamente tenham
de ser levadas em contas. Deveríamos, portanto, começar com os cálculos algo
mais tarde.” (Metódico Didático, 1ª palestra)
Nas palestras sobre currículos de 1919, a tarefa do 1º ano escolar não está
expressamente separada daquela do 2º ano. Há, porém um trecho da 4º tarde no
Seminário que, também por sua importância geral, deve ser colocada aqui no início. Ele
pode agudar a desmembrar corretamente as áreas dessas duas tarefas:
170
Evidentemente também faz parte do 1º ano escolar o cantar - o que aqui não está
mencionado. A respeito vamos ler trecho do Curso de Natal de Dornach para professor
(1921/22):
“A criança está de fato apta para as contas entrar em idade escolar. Trata-se
então apenas de termos de entrar também com as contas nas necessidades
interiores. Da organização infantil. - Nesse sentido a criança tem predisposição
para o ritmo, para o compasso, para aprender algo harmonioso através da
percepção. Naturalmente a criança tem que aprender a contar. No discurso da
civilização chegamos gradativamente ao ponto em que o trabalho com os
números é feito de certa maneira sistemática: temos uma unidade, uma segunda
unidade, uma terceira unidade e, ao contar esforçamo-nos por juntar uma coisa à
outra no elemento aditivo, de maneira que colocamos uma coisa junto à outra
enquanto contamos. Assim, como podermos nos convencer a criança não terá ao
nosso encontro uma compreensão interior. Dessa maneira, mais uma vez não se
desenvolveu o elementar humano no sentido do contar. O contar, de fato, partiu
da unidade; o dois, porém, não era uma repetição exterior da unidade, mas sim,
172
Depois, é mostrado ali como desde um repartir elementar se obtém os números. Isso
pode ser consultado no trecho indicado. O aprendizado é extraordinariamente rico
quando se chega às modalidades do caminho mostrado em Stuttgart, as quais mostram
quanto espaço de atuação o método indicado por Rudolf Steiner oferece ao professor.
Acerca de desenho, como etapa procedente à geometria, queira consultar a seção
dedicada ao 4º ano escolar.
Segue agora um resumo interpretado sobre os cálculos no 1º ano escolar:
Pelo repartir de um todo visível qualquer em duas, três, quatro, ou mais partes iguais,
conduz-se as crianças á primeira compreensão da essência do número e, a partir daí, faz-
se com que elas contem – nos dedos. E, imediatamente após, introduzidas - o mais
possível simultaneamente - todas as quatro operações, logo depois exercitadas em um
pequeno espaço numérico; parte - se da quantidade real de coisas quaisquer – soma - e
se reparte, diante das crianças, em quantidades menores igualmente reais somados. Pela
compreensão da identidade quantitativa de ambas as condições, a criança compreende a
adição.
Parte-se de uma quantidade palpável real como minuendo e de uma quantidade de
coisas totalmente idênticas como resto, o qual permaneceu situado diante das crianças
depois de retirada uma parte. A pergunta sobre o que foi retirado para que ficasse
sobrando exatamente esse resto, leva as crianças a compreenderem o mais transitório, o
subtraendo, e, com isso, o subtrair.
Parte-se do realmente simples - multiplicando – e do também realmente múltiplo-
produto – e faz-se a criança encontrar o mais transitório, o multiplicador, dado por um
número puro. Assim ela conhece a multiplicação.
Parte-se de uma porção real a ser repartida - dividendo – e da parte igualmente real-
quociente, e faz-se a criança encontrar o número divisor.
Parte-se da porção real a ser medida - dividendo – e do número – medida – quociente –
apresentando, e faz-se a criança encontrar a medida. Por meio dessas duas tarefas faz-se
173
a criança vivenciar o dividir em suas duas formas, repartir e medir. Somente depois de
exercícios iniciais assim construídos, com os quais se parte o mais que possível do
existente, do palpável, e se faz procurar-se e encontrar o mais transitório, o mais
abstrato, passa- se para as formas usuais de cálculos, com os assim chamados números
concretos.
Para dar ao professor uma visão geral, foi preparada a compilação abaixo:
1) Adição: soma= adicionador + adendo?
Quantos (adendo) devem ser acrescentados ao adicionador
Para que resulte exatamente esta soma?
“No 3º ano escolar tudo isso será continuado para números mais complexos, e já
na utilização em determinadas coisas simples da vida prática, as quatro
operações, como haviam sido tratadas no 2º ano escolar.” (Currículo, 2ª palestra)
“No 4º ano escolar dá-se a continuação daquilo que foi tratado nos primeiros
anos escolares. - Mas agora temos de passar ao ensino de fração e,
expressamente, para o ensino de frações decimais.” (Currículo, 2ª palestra)
Ao fim da cima citada 10ª palestra do Curso Metódico-Didático, ele passa a dizer:
visual também com a criança após o 9º ano, ao fazerem a coisa de tal maneira
que tenham em vista, para si próprios, montar o Teorema de Pitágoras assim
diretamente do pano do quadrado da hipotenusa; e se os senhores, como
professor, tiverem consciência antecipada daquilo que vão fazer nas aulas de
geometria, e o que quiserem atingir, então os senhores conseguirão levar à
criança, em 7 ou 8 aulas no mínimo, tudo aquilo que é necessário em geometria
para chegar ao ensino do Teorema de Pitágoras, a conhecida ponte do asno. - Os
senhores vão proceder de maneira monstruosamente econômica se configurarem
dessa maneira visual os primeiros fundamentos iniciais da geometria. Os
senhores vão poupar muito tempo. Alem disso vão poupar as criança de algo
muito importante, algo que atua de maneira destrutiva no ensino quando não
evitado, que é o seguinte: os senhores não fazem a criança efetuar pensamentos
abstratos para compreender o Teorema de Pitágoras , mas sim, fazem-na efetuar
pensamentos concretos e passarem do simples para o complexo.” (Metódico
Didático, 10ª palestra)
“Agora peço as senhores que levem em consideração que, até no 6º ano escolar -
ele quer significar: até o 6º ano escolar. Esta observação resulta de uma
comparação com indicações das mesmas palestras sobre currículo para desenho
e pintura. Porque aí está colocada bem expressamente, para o 6º ano escolar,
outro objetivo.”
Parece existir uma contradição entre o trecho anterior, tomado do Curso Metódico
Didático, no qual o assunto era o associar a geometria com desenho “em torno da 9ª
classe”, e o trecho que acabamos de citar, das palestras sobre currículo, onde foi falado
em acercar-se do conceito geométrico, a partir do que foi aprendido em desenho, “no 6º
ano escolar”.
As coisas ficam claras quando se recorre a outro trecho. Primeiramente aquele da 13ª
palestra do Curso para professor em Basel - 1920, após um debate acerca da
necessidade de conceito mais vivo, o seguinte:
Em seguida é exposto, o que ali pode ser consultado, como se pode utilizar a tese da
soma dos ângulos no triângulo para “suscitar uma representação do triângulo, que
propriamente dito, está em movimentação interior”e depois prossegue assim:
“Isso poderíamos também utilizar muito bem como apoio, quando então quis
quisermos desenvolver na criança uma correta percepção de espaço, uma
percepção concreta, uma verdadeira percepção de espaço. Assim também é
necessário, quando se quer julgar a relação no espaço dos seres entre si, penetrar
178
no interior dos seres. E isso, compreendido de maneira correta e viva, nos leva
ao ponto de desenvolvermos o sentido de espaço nas crianças por meio da
utilização efetiva do próprio jogo dos de movimentos para desenvolver o sentido
de espaço, ao fazê-las percorrerem figuras. Depois, porém é de importância
muito especial, de fato a partir daquilo que desta maneira é observado, passar
para a fixação do que foi observado. Expressamente para o desenvolvimento do
sentido de espaço, é de grande significado quando, sobre superfícies
diferentemente onduladas se faz projetar sombras de corpos diferentemente
recurvados e, então, se tenta estimular uma compreensão para as configurações
especiais das sombras. Pode-se francamente, quando uma criança está em
condições de compreender por que uma esfera, sob certas circunstâncias, lança
uma sobra em elipse – isto é algo que a criança, já no 9º ano, é capaz de captar -
então esse transpor-se para dentro das formações de superfície no espaço atua
portentosamente sobre toda a mobilidade interior das faculdades do sentir e do
representar da criança. Dever-se-ia, por isso, encarar o desenvolvimento do
sentido de espaço como algo necessário na escola.” (Basel 1920, 13ª palestra)
Seguem, então, algumas frases acerca de outras matérias que devem ser tratadas nessa
época, depois, as considerações retornam á membração do ensino pelo figurativo e
descritivo:
“Quando se vai em direção ao 12º ano, somente então é que pode entrar o
esclarecimento no figurativo e no descritivo, o tomar em consideração causa e
efeito, aquilo em que a inteligência é submetida a esforço. A criança se
desenvolve nesse assunto só entre o 11º e o 12º anos. - Entretanto, sobre toda
essa época tem de derramar-se algo, e isso é tratamento de matemática em seus
mais diferentes domínios, naturalmente de maneira ajustada à idade infantil. A
matemática, o levar a criança aritmética e geometria, isto é algo que significa
dificuldades muito especiais para a educação. Pois a realidade é que, as coisas
matemáticas, que ensinamos em sua maneira mais simples antes do 9º ano de
vida – pois, a esse respeito a criança pode compreender muita coisa quando se
prossegue de maneira correta – e, depois,de maneira mais complicada, durante
toda a idade escolar, as temos que fazer antes de tudo de maneira também
totalmente artística, através do manejar todas as abordagens possíveis se leve,
antes de tudo, de maneira artísticas, os cálculos e a geometria à criança de modo
que, também aí, entre o 9º e o 10º ano de vida, se passe para a descrição de –
configurações. A criança deve aprender a observar o ângulo, o triângulo, o
quadriculado etc., totalmente de maneira descritiva, e, sobretudo somente em
torno do 12º ano deve-se passar para o demonstrativo.” (Dornach 1921/22, 12ª
palestra.
“Aquelas coisas que eu trouxe ontem como botânica, com aquilo que conduz ao
escrever e ao ler, tudo isso fala ao corpo físico e ao corpo etérico. Ainda vamos
ter de falar sobre ensino de história, já falamos sobre o ensino de zoologia e o
de antropologia. Ele fala para aquilo que sei para fora do corpo físico e do corpo
etérico durante o dormir. - Cálculos, geometria, falam para ambos. Isto é o que
merece atenção. E por isso dir-se-ia, cálculos, bem como geometria, realmente
são em relação ao ensino e à educação, como um camaleão: eles se adaptam,
através da sua própria essência, ao homem todo. Enquanto em botânica,
zoologia, tem-se de tomar em consideração que, com uma determinada
configuração, tal como caracterizei ontem, caem em uma idade bem definida,
em cálculos e geometria há que atentar-se para o fato de que são desenvolvidos
durante toda a vida infantil, porém, modificados correspondentemente em suas
qualidades características conforme cada idade.”
E após explicações sobre o que acontece durante o dormir com que aquilo que foi
trabalhado e aprendido no ensino continua assim:
“Não estamos de modo algum dentro de nosso corpo físico e etérico enquanto
dormimos, mas eles continuam a calcular, eles continuam, de maneira supra-
sensível, a desenhar suas figuras geométricas, as aperfeiçoam. E quando
sabemos disso e estruturemos todo o ensino sobre isso conseguimos, assim por
meio de um ensino corretamente concebido, uma portentosa vivacidade em todo
o tecer do homem. Para isso é necessário que, por exemplo, em geometria não
comecemos com aquelas abstrações, com aquelas configurações
intelectualísticas com que habitualmente se pensa que a geometria deva
começar, porém é necessário que não se comece com uma concepção de
natureza exterior, mas sim que se comece com uma concepção de natureza
interior, que se desperte na criança, por exemplo, um forte sentido para simetria.
Relativamente a isso pode - se começar já com as crianças menores.”
Seguem, então, explicações sobre as tarefas de desenho adequadas para isso as quais
lembram também aquelas da tarde do Seminário; continuam a ser falado sobre a ação
prossecutiva de trabalhos desse tipo no dormir,e finalmente:
181
No último curso pedagógico que Rudolf Steiner manteve, aquele de Torquay do ano de
1924, na 5ª palestra, lê-se acerca da estruturação do ensino de geometria sobre
exercícios de simetria e, a isso, segue o seguinte acerca do Teorema de Pitágoras:
A partir do todo dessas indicações pode-se extrair os seguintes objetivos para o ensino
elementar de geometria:
183
6º até 8º anos escolares: aquilo tratado por desenho e descrição precisa agora ser
captado de maneira geométrica “demonstrada” (ao mesmo tempo, o agora novamente
autônomo ensino de desenho assume o ensino simples de projeções e sombras).
Resultam propriamente ditos, três caminhos de ensino- além do desenhar para o ensino
da escrita, cada um dos quais representa um todo em si:
3º caminho de ensino: somente este, que começa no 11º ano ou 12º ano de vida, deve
levar ao procedimento rigoroso da formação do conhecimento matemático e precisa,
por isso, retrabalhar, a partir dos elementos, aquilo até agora já conhecido pela
observação.
184
Rudolf Steiner considerava também o processo “visual” como genuína geometria. Isso
mostra sua defesa da demonstração visual para o Teorema de Pitágoras já na época entre
o 9º e o 11º/ 12º anos de vida. Desenvolver geometria dessa maneira é visivelmente o
assunto no Curso Metódico Didático, o qual permite começar a geometria propriamente
dita já o 9º ano de vida. As palestras sobre currículo, entretanto, refere-se á geometria
rigorosamente demonstrativa quando falam que se deve acercar daquilo que as crianças
aprenderam a partir do desenhar, com a compreensão geométrica, no 6º ano escolar. –
Com isso fica resolvida a aparente contradição entre estas duas fontes, o Curso
Metódico Didático e as palestras sobre Currículo, entretanto, refere-se à geometria
rigorosamente demonstrativa quando falam que se deve acercar daquilo que as crianças
aprenderam a partir do desenhar, com a compreensão geométrica, no 6º ano escolar. -
Com isso fica então resolvida a aparente contradição entre estas duas fontes, o Curso
Metódico Didático e as palestras sobre currículo, e o caminho está novamente livre
para o tratamento de outros objetivos das classes.
Ainda quarto ano escolar:
Geometria - Tentativa para uma formulação
Uma vez que nos três primeiros anos escolares foram desenvolvidos primeiramente os
exercícios de desenho a serviço do aprender a escrever, e o desenho e moldar puramente
pelas formas em si e sem apoio em sujeito/objeto, principiam-se, o mais tardar no 4º ano
escolar, com o desenhar formas geométricas elementares e ensina-se a encontrar suas
relações pela pura observação.
A respeito do cálculo comercial, que precisa ser iniciado no 6º ano escolar, lemos o
seguinte na 14ª palestra do curso metódico-didático:
Ainda sexto ano escolar:
“Nisso não vem ao caso que se façam as coisas tal como se as precisa mais tarde,
mas sim que se exercitem determinadas formas do pensar. As formas do pensar
que exercitemos no elevar do cubo, no elevar ao quadrado e no extrair a raiz,
essa peculiaridade de, em certa medida, abstraímos da natureza concreta dos
números e juntaremos os números – novamente – agrupando-os de outra
188
maneira, isso leva tão fundo na organização dos números, é tão formativo para o
pensar, que deveríamos fazer. - Depois serão necessários cálculos práticos, eu,
por exemplo, teria como certo que se calculasse com os alunos. Coisas tais como
cálculos práticos de volume, quero dizer: se uma jarra tem a forma cilíndrico-
cômico, ela contém uma determinada quantidade de água. Quão grande será a
quantidade de água se o fundo tiver um diâmetro que é a metade do diâmetro da
outra? – Então eu acrescentaria a isso cálculos de aproximação para que as
crianças recebam esses conceitos. Eu partiria do tratamento – isso pode
absolutamente acontecer aqui – da alidade de nível e do procurar o valor médio
por meio de manuseios práticos quaisquer, como por exemplo, pelo pesar com a
balança da farmácia. - Depois, também aquilo que se acrescenta em outros
cálculos ainda em câmbio. - Depois entra em consideração a geometria: os
senhores precisam fazer preceder os cálculos de volumes de corpos e, depois, eu
aconselharia tomar os primeiros elementos de descritiva.” (22 de setembro 1920)
Quando do estabelecimento do currículo da 10ª classe, um ano mais tarde, também foi
dito algo que é importante para a 9ª classe. O professor discorrera sobre como ele havia
tratado o que tinha sido delineado para a 9ª classe, Rudolf Steiner disse a respeito:
Ainda 9º ano escolar:
Quando então o professor, à pergunta sobre quais linhas as crianças conhecem como
lugares geométricos, respondeu elipse, hipérbole, as quais ele havia tratado no 8º ano
escolar, Rudolf Steiner esclareceu:
Até aí, o que foi exposto refere-se evidentemente a 9ª classe, cuja tarefa no campo da
geometria descritiva está, com isso, esboçada de maneira um tanto mais pormenorizada
do que no ano interior, 1920, mas também mais fácil do que como o professor havia
configurado o seu ensino na 9ª classe.
Imediatamente após as palavras citadas por último, Rudolf Steiner disse, e o que ele
disse refere-se evidentemente á 10ª classe:
“Deveria então ser acrescentado”- ao tratamento do plano como plano -“o ensino
dos planos e secções de dois planos. E depois, não é mesmo, acrescentar a isso
os primeiros anos da geometria de posição. Antes de tudo, ensinem às crianças
conceitos de qualidade. Os senhores precisam ensinar só as coisas mais
preliminares.“
Quando o professor então apontou para o fato de que para a trigonometria precisa-se
também dos logaritmos, Rudolf Steiner disse – estava-se precisamente antes da abertura
da primeira 10ª classe – manifestamente em consideração retrospectivamente sobre a 9ª
classe:
“Elas ainda não têm o conceito de logaritmo? Naturalmente isso deve ser levado,
propriamente dito, junto com a matemática. Elas vão - certamente quer dizer:
“precisam”- “aprender só os conceitos básicos; seno, coseno, tangente.
Umas poucas relações, isso pode ser tomado por si, para que elas comecem a
aprender sen²a+ cos²a=1, e o aprendam o mais que possível de maneira
observativa.”
190
O professor deduziu dessas palavras que Rudolf Steiner desejava ter aos logaritmos já
na 9ª classe, e perguntou a respeito. A isto Rudolf Steiner disse:
“Basta que elas cheguem com logaritmos ao ponto em que saibam realizar
contas logarítmicas simples.” (17 de junho de 1921)
Quando a primeira constituição de uma 11ª classe, no ano de 1922, foi dada o seguinte
objetivo para o ensino de matemática:
Décimo primeiro ano escolar (1922):
Esta indicação teve, um ano mais tarde, uma variação singular quando, em 31 de junho
de 1923, Rudolf Steiner respondeu à uma pergunta do professor de matemática pelo
currículo de álgebra para a 11ª classe:
191
“Eu indiquei o assunto de modo tal que, eu dissera, a matéria deveria ser tratada
até o ponto em que se chega à compreensão do Teorema de Carnot e seus
empregos. Com isso o currículo inteiro está caracterizado. Aí há muita álgebra
contida, aí se necessita de muita álgebra, ensino de sequências, funções, etc. -
Pode-se permanecer nesse currículo, de modo que se pode dar a elas tarefas para
cujas soluções elas tenham que dominar o Teorema de Carnot em todos os
sentidos.” (31 de junho de 1923)
Uma terceira formulação do currículo da 11ª classe foi dada em 30 de abril de 1924:
Ainda décimo primeiro ano escolar (1924):
A última frase parece algo infundada. Ela foi dita porque, imediatamente antes, Rudolf
Steiner havia expressado os objetivos de ensino para a 12ª classe e, nisso, havia
recusado o começar o cálculo diferencial por meio de considerações geométricas. Por
isso ele ressalta aqui, no tratamento da trigonometria, o começar por considerações
geométricas de maneira tão expressa.
Para a 12ª classe Rudolf Steiner deu o currículo de matemática também por duas vezes:
no ano de 1923, para a única classe que após 12 anos já ia para o exame de conclusão e,
em 1924, para as futuras classes que primeiramente ainda passariam por uma classe
preparatória. Em nenhuma outra matéria a diferença entre estes dois currículos estampa-
se tão fortemente quanto na matemática. Nisso, não vem agora ao caso para o nosso
objetivo, quais indicações do ano de 1923 foram estabelecidas com base nos currículos
oficiais, mas sim, como Rudolf Steiner deixou transparecer, de certa maneira
lateralmente, o objetivo ideal para uma pura 12ª classe Waldorf:
192
“Seria pois, desejável que, exatamente nesta idade – eles têm aproximadamente
18 anos - os alunos ganhassem uma compreensão conclusiva para o histórico -
artístico e já assimilassem o espiritual, sem que lhes ensine dogmática
antroposófica, em literatura, história da arte e historia.” (25 de abril de 1923)
E são então mostrados para diferentes matérias, como se fossem exemplos, objetivos
essenciais que, de maneira tão concreta espiritual, não foram novamente expressos na
segunda vez em que foi tratado o currículo da 12ª classe, no ano de 1924. - A respeito
da matemática em especial, é exposto o seguinte:
Ainda décimo segundo ano escolar (1923):
“Portanto é possível até mesmo que até mesmo, por exemplo, desenvolver o
ensino do espaço como eu o dei no novo curso de professores em Dornach - 1ª
palestra, Dornach 1923, - as três dimensões em cima - em baixo, direita-
esquerda, frente atrás. Com isso causou-se a miséria para a ampliação das
verdades antroposóficas sobretudo. Vejam senhores, para coisas desse tipo não
há hoje absolutamente público nenhum quando, para elas, no mais amplo
sentido, deveria haver um público. Que se levante a questão: tudo o que diz
respeito à vontade atua no interior da esfera terrestre de maneira tridimensional.
Tudo o que quer diz a respeito ao sentimento não atua tridimensionalmente, mas
sim bidimensionalmente, de maneira que ter-se-ia sempre necessário, quando no
anímico se passa da vontade para o sentimento então não projetar a terceira
dimensão sobre um plano, mas sim sobre uma direção plana,que portanto
corresponda ao frente-atrás . Nisso deve-se levar em consideração que não se
pode algo simplesmente – pode–se reduzir para a intersecção – (simetria) plana
dos homens, mas não se deixar restrita a isso. Esse plano é bidimensional em
toda parte. O pensar leva para a unidimensionalidade, o eu à dimensão nula. -
Assim o assunto iria ficar muito transparente. E agora eu lhes pergunto, como é
que poderíamos trazer o assunto hoje para a palestra, embora sejam coisas
elementares ? Não há hoje possibilidade nenhuma de fazer-se isso plausível a
um publico. Não há público para isso.”
193
“O ensino justamente como foi feito no ano passado na 12º classe mostrou que,
propriamente, não se pode fazer assim. Para a alma humana é algo monstruoso
que se faça alguma coisa assim.”
Isto dá uma asteroide, de modo que possível, formação geral. Antes de tudo
fazer transparentes também equações a fim de que se ganhe o sentir para como
nas equações, propriamente, as coisas estão continuadas. – De maneira contrária,
deveríamos tratar especialmente também o seguinte: eu desenho uma curva
sobre ou dentro do espaço, ou um corpo dentro do espaço para que, então, sem
que a equação precise ajustar-se sobre o pontinho - i, reconheça-se a partir das
formas, que se tenha sentido para a equação.
Não considero útil, para a formação geral matemática, que cálculos diferencial e
integral seja ligado a geometria, mas sim, que seja ligado aos quocientes. Eu
partiria do cálculo diferencial, portanto de ∆y ∕ ∆x consideraria isso como
quociente e passaria, só por meio do constante decrescer do dividendo e divisor,
puramente a partir do número para o desenvolvimento do quociente diferencial.
– Eu não partiria dessa relação de continuidade; com isso não se ganha nenhum
conceito de quociente diferenciais; não partir do diferencial, mas sim de
quocientes diferenciais. Se os senhores partirem de series, estão, por fim,
somente passar para geometria pelo problema da tangente, portanto passar da
secante para a tangente. E quando todo o quociente diferencial estiver
compreendido, puramente por meio de números, cálculos, e só a partir daí passar
para a geometria, de modo que o aluno ganhe a compreensão de que a geometria
é ao fim só uma ilustração do numérico. Aí os senhores ganham o cálculo
integral como reverso. Aí os senhores ganham a possibilidade de não partir do
ponto de que cálculo é uma fixação da geometria, mas sim, de que a geometria é
uma ilustração para cálculos. De um modo geral dever-se-ia levar mais em
consideração, por exemplo, não encarar os números positivos e negativos como
algo em si; dever-se-ia tomar a sequencia numérica assim 5-1, 5-2, 5-3, 5-4, 5-5,
5-6, agora não tenho o suficiente porque me falta um isso eu escrevo como -1.
Enfatizar o faltante sem o eixo de números. Então os senhores permanecem no
numérico. O número negativo é a quantidade não existente, a carência do
minuendo. Muito mais atividade interior! Por esse meio tem-se a possibilidade
de estimular no aluno capacidades que são muito mais reais do que quando se
faz tudo só a partir geometria.”
A pergunta do professor sobre com quem deveria ser começado, Rudolf Steiner
conduziu adiante:
195
“Uma vez que a classe chegou até a trigonometria esférica, tem-se de passar da
trigonometria para o desenvolvimento de conceito da esfera qualitativamente,
sem partir imediatamente para cálculos. Em lugar de desenhar sobre o plano
triângulo esférico, o conceito do triângulo estendido sobre a esfera. Tem-se de
fazer isso para as crianças de maneira observativa. Depois, que aí a soma dos
ângulos é diferente de 180º, que ela é maior. Precisamos realmente ensinar a elas
esse conceito, o triângulo sobre a esfera com limites curvos. Somente em
continuação a isso, o cálculo. Na trigonometria está a interpretação da esfera
pelo cálculo. Eu desejo que os senhores não considerem a esfera a partir do
centro da esfera, mas sim a partir da curvatura do plano, de maneira que os
senhores também possam passar imediatamente, em uma discussão de caráter
geral, Poe exemplo, para a curvatura e, com isso, como parceria sobre uma
elipsoide a figura correspondente à que, sobre a esfera, é um triângulo esférico,
com ela pereceria sobre uma paraboloide de rotação, onde para ambos os lados
não é fechada, mas sim aberta. Não partam do ponto central, mas sim da
curvatura do plano, senão os senhores não conseguem resolver com outros
corpos. Os senhores precisam supor-se a si próprios na superfície, precisam de
certo modo, formar para si a seguinte ideia: o que eu vivencio quando “percorro”
um triângulo esférico; o que eu vivencio quando “percorro” um triângulo que
corresponde a um triângulo esférico sobre a elipsoide? – Então, nesse contexto,
fazer os alunos atentarem para o que se apresenta quando se emprega o Pitágoras
usual no triângulo esférico. Naturalmente não se podem tomar quadrados. Estas
coisas contribuem para a formação geral, enquanto que de outra maneira os
senhores só desenvolvem o raciocínio. Permutações, combinações - isso já foi
dito.”
“Por isso temos de ter o sentido artístico em nós, quando temos uma criança
nessa idade para educar, para verdadeiramente vivenciar tudo. O professor tem
de verificar: o professor tem de fazer as plantas falarem, fazer os animais
procederem normalmente; o professor tem de estar em posição de transformar
tudo em conto de fadas, em fábulas, em lenda. Eis aí algo que é especialmente
importante que seja levado em consideração”
“O ideal é que quando o professor está muito bem preparado, pois para isso tem-
se que estar muito especialmente bem preparado, que nasça dele próprio como
sendo de sua mais individual configuração, aquilo que seja conversa desta planta
com, que o conto entre o lírio e a rosa seja idealizado pelo próprio professor e
levando às crianças, que a conversa do sol com a lua seja idealizada de maneira
bem individual pelo professor e apresentada às crianças. Por que tem de ser
assim? Sim, aí eu quero expressar-me em imagem: ao relatar–se a criança aquilo
que se aprendeu a partir de livros, estar-se-á falando como um homem
ressecado, mesmo que se faça de maneira bem viva, fala-se porém de uma
maneira imponderável, como um homem ressecado; mais ou menos como se não
tivesse uma pele viva, mas fosse recoberto de pergaminho...
Em contraposição, aquilo que idealizamos por nós próprios ainda tem em si
força de crescimento, força nova da vida; isso atua sobre a criança. Por isso deve
existir no próprio professor a pressão para transpô-lo de maneira viva para
contos todo o mundo das plantas, dos animais, do sol e das estrelas, se ele quiser
198
Seguem agora as indicações para cada classe. Elas foram extraídas das assim chamadas
palestras sobre Currículo, onde o ensino da relação anímica e prática com o mundo
estão colocados diretamente após as indicações para escrever e ler:
“Agora vamos acrescentar ao que acabou de ser dito, aquilo que pode incitar a
criança a refletir, ao esclarecermos coisas que estão próximas daquilo que mais
tarde deverá surgir, de maneira mais ordenada, na geografia, em ciências
naturais. Esclarecemos isso, levamos à sua compreensão, ao ligarmos a coisas
conhecidas, e animais conhecidos, plantas conhecidas, configurações conhecidas
da terra, a montanha, rio, campo. A escola chama a isso conhecimento pátrio.
Trata-se, porém, de que exatamente no primeiro dos anos escolares, levamos à
criança certo despertar em relação ao seu ambiente, um despertar do anímico, de
modo a que ela aprenda a realmente ligar-se própria com o ambiente”.
Com a passagem para o 4º ano escolar o ensino da relação anímica e prática com o
mundo se articulam em história, geografia, ciências naturais, aos quais mais tarde se
juntam física química.
200
8 - HISTÓRIA
“Passarei para história, contanto que não sejam só ‘estórias’, somente após haver
sido alcançado o 12º ano de vida. Aí a criança começa a ter participação interior
nas grandes relações históricas. Isto será muito especialmente importante para o
futuro, pois mais se evidenciará a necessidade de já educar os homens para a
compreensão das relações históricas, enquanto até agora os homens não
chegarem de modo algum a uma compreensão propriamente dita da história.
Pois eles foram membros mais da vida econômica e da vida do estado, foram
encadeados na vida da econômica e do estado, e também satisfizeram as
exigências, os interesses da vida econômica e do estado, quando conheciam
mediocremente estórias sobre soberanos e guerras - o que de fato não é história –
e, quando sabiam números, diziam respeito a quando os soberanos ou, no
máximo ainda algumas personalidades famosas, viveram, e quando tiveram
lugar as guerras. A maneira pela qual a cultura da humanidade se desenvolveu
terá que ser, no futuro, especialmente matéria do ensino. Aí, porém, o ensino
terá de acolher em si os impulsos históricos, e vamos ter que introduzir esses
impulsos históricos no currículo corretamente, no momento adequado.”
“Devemos ter claro que o essencial é primeiramente aquilo que nós, homens,
que estamos presente imediato, ainda vivenciamos como ‘história’ propriamente
dita”. – Se simplesmente levarmos as crianças para traz, de maneira abstrata,
para a história grega, mesmo que as crianças já estejam no “Gymnasium”, isso
será de fato um retroceder abstrato para um período antigo. Não se entenderá
concretamente por que razão, a partir da atualidade, de algum modo se tem a
necessidade de compreender a época grega. Entretanto, entender-se-á
prontamente se partiremos do fato de que ainda temos sim, dentro do presente,
forças vivas e imediatas provenientes da época grega. Primeiramente temos de
fazer uma apresentação acerca disso às crianças. “Podemos fazê-la sobre
diferentes campos. Podemos também tê-la preparada de antemão, mas, no ensino
de história temos de partir daquilo que, advindo de uma determinada época de
histórica, ainda temos dentro do presente.”
Então Rudolf Steiner considerou a época grega nesse sentido e, a respeito, disse
introdutoriamente:
Depois ele torna isso claro nos conceitos básicos de nossa vida de reconhecimento e
nossas ações e vivências artísticas, e mostra também que em tudo aquilo com que os
gregos contribuíram para o “tesouro da vida humana” ainda não havia nada de cristão.
Queira o leitor consultar essa reveladora apresentação no trecho indicado.
No assim chamado Curso Complementar de 1921 é mostrado de modo especialmente
claro como se deveria apresentar configurações históricas na primeira etapa de ensino
de história, antes da mudança no 11º, 12º ano de vida das crianças:
“Se não nos limitássemos a meramente narrar á criança o que Cesar fez, e em
lugar disso ministrássemos à criança, ao mesmo tempo, um conceito em imagem
de Cesar e, em certa medida, pintássemos uma situação histórica de modo que a
202
Ao fim da 2ª palestra desse mesmo curso, junto a uma consideração acerca do efeito
corpóreo da vivência anímico-espiritual, encontram-se as seguintes frases que
pretendem mostrar uma vez mais o tratamento em imagem de figuras e acontecimentos
históricos:
Após isso seguem, nesse trecho, algumas palavras acerca dos efeitos no interior do
homem causados por um ensino de história conduzido erradamente, as quais podem ser
ali consultadas.
No mesmo Curso Suplementar Rudolf Steiner fala também na 3ª palestra, um tanto mais
cedo, acerca da metodologia da aula individual de história:
204
“Só agora estamos naquele ponto em que o próprio homem se coloca dentro do
mundo como um ente físico com dinâmica, mecânica, e com tal o vivencia. Só
agora é oferecida a possibilidade de acercar-nos do homem com o que seja física
química também em seu elemento mais simples, o que como terra está sujeito à
química, a dinâmica, o que seja mineralogia, conhecimento do mineral. Quando
se leva mais cedo ao homem o que seja mineral, dinâmica, física, química,
intervém-se – inconscientemente – de maneira prejudicial na natureza humana.
Por outro lado, aquilo que seja compreensão das assim chamadas relações
históricas, visão geral da história, aquilo que seja compreensão dos impulsos que
se desenvolvem na história, no vir a ser social, é somente uma polaridade para a
compreensão do físico, do mineral. Para tanto as crianças somente estarão
maduras quando se acercam do 12º ano de vida. Aquilo que são as ideias
históricas, os impulsos que preparam a vida histórica e que intervém nas
configurações sociais são, embora por sua vez sejam coisas totalmente
diferentes, no terreno da história como que o esqueleto da história, enquanto que
a carne, enquanto que os músculos são os homens viventes com suas biografias e
os acontecimentos diretamente concretos na história. Por isso, no tratamento da
história que temos de introduzir também já entre o 10º ano e o 12º anos de vida,
precisamos proceder de tal maneira que narremos imagens concluídas, nas quais
o sentir possa se aquecer para as quais o sentir possa olhar biografias,
acontecimentos características concluídos, e não impulsos abstratos em
andamento. - Estes chegam à criança quando o 12º ano se acercar, quando surge
aquilo de que depende o postar-se o homem no mundo exterior. Ele sai
totalmente de dentro para fora; agora ele pode também aprender a captar aquilo
que, como impulsos históricos advindos de fora, intervêm nos homens
individuais.” (Dornach 1921/22, 11ª palestra)
“se não dermos nenhuma atenção a isso podem emergir as maiores inaceitações
pelas crianças. É preciso ter-se verdadeiramente claro que para se lhe dermos
algo diferente ela reage de uma maneira que lhe é desfavorável. Expressamente
ela reage de uma maneira que lhe é desfavorável quando não se faz reinar
207
Seguem depois, neste trecho, mais explicações acerca da importante transição da 9ª para
a 10ª classe, das quais será reproduzida aqui apenas uma frase a fim de indicar a direção
em que apontam as considerações:
“No todo vale o seguinte: é importante que, quando a criança chega à puberdade
lhe seja despertado um, até certo grau, interesse extraordinariamente grande pelo
mundo exterior.”
O que então segue tem tanto valor nessa época, e não só para o ensino de história, que
parece mais correto trazê-lo em um capítulo que trate de questões mais gerais. O leitor
pode consultar o assunto no capítulo “O currículo ordenado por etapas de idade”, na
transição da 9ª para a 10ª classe.
De maneira especialmente insistente é descrito, no curso de Páscoa de 1923 - Dornach,
o que importa no ensino de história. Ali, após uma explicação acerca do surgimento da
necessidade por casualidade no 12º ano de vida, lê-se o seguinte acerca da construção
do ensino de história:
“que surge mais fortemente então, após o 14º ano. Portanto, ao cercar-se do 12º
ano a criança entra nesse refluxo e pode-se então começar a apelar ao conceito
da casualidade também em história. Antes disso, em última análise estaremos
causando a criança algo de muito mau para a vida se dirigimos a atenção para o
conceito de casualidade e ao julgamento racional que lhe esta ligado.”
(Dornach 1923,5ª palestra)
“Então, no 4º ano escolar, vamos encontrar a passagem a partir desse ensino - refere-se
ao ensino de Relação Anímica e prática com o mundo dos três primeiros anos escolares
– Para ainda de maneira livre - falar acerca daquilo que de mais próximo pertence à
história. Pode-se, por exemplo, narrar às crianças como, digamos se porventura esse for
o fato, como a viticultura chegou à sua própria terra natal, como chegou à fruticultura,
como surgiu estas ou aquela indústria, e coisas semelhantes.”
“No quinto ano escolar vamos envidar todos os esforços para poder começar
com verdadeiros conceitos históricos para a criança. E não devemos de modo
algum intimidar-nos, nesta época em que a criança está no 5º ano escolar, em
ensinar à criança conceitos sobre a cultura dos povos orientais e dos gregos. A
timidez em retornar aos tempos antigos só foi gerada pelos homens de nossa
época, que não tem capacidade alguma de suscitar conceitos correspondentes
quando se retrocede a esses tempos antigos. Uma criança de 10 a 11 anos pode
muito bem, em especial quando se apela constantemente ao seu sentir, ser levada
a ouvir com atenção tudo aquilo que uma compreensão puder lhe ensinar acerca
dos povos orientais os gregos.”
histórico-cultural. Até chegar ao nosso tempo presente elas tornam-se cada vez
mais desagradáveis. Pode-se, sim, considerar as guerras persas como um sintoma
das correntes histórico-culturais.”
E, ao ser dito que a essência da constituição dos romanos está apresentada de maneira
tão ampla nos livros escolares, Rudolf Steiner retrucou:
“No 7º ano escolar tratar-se-á de que teremos bem compreensível para a criança,
que vida veio a surgir para a moderna humanidade com o século 15, e que então
se descreva o contexto europeu etc. até eventualmente o inicio do século 17. Esta
é entre todo o mais importante período e nele temos que empregar muito
211
desvelo. Ele é mais importante até mesmo do que o que lhe segue.” (Currículo,
1ª palestra)
“No 8º ano escolar procure-se conduzir a história adiante até atingir o presente e,
ao fazê-lo, tem-se realmente que tomar em consideração a história da cultura de
ponta a ponta. A maior parte daquilo que constituiu o conteúdo da história que
ainda hoje está em uso, menciona-se somente de passagem. É muito mais
importante que a criança perceba como a máquina a vapor, como o tear
mecânico etc., transformaram a Terra, do que perceba cedo demais curiosidade
com a retificação do telegrama de Ems (NT:telegrama histórico cuja publicação
originou uma declaração de guerra pela França) ou coisas semelhantes. Aquelas
coisas que estão em nossos livros de história são as que têm menor importância
para a educação da criança. O próprio Carlos Magno e grandezas históricas
semelhantes deveriam, em última análise, ser tratadas de maneira bem
passageira. Aquilo que eu lhes disse ontem - no 14º Exercício do Seminário –
com relação à maneira de saber fazer sempre a passagem da representação
abstrata do tempo para o concreto, com isso faz-se muito, muito mesmo. Pois é
importante que aí se faça muito, muito mesmo.” (Currículo, 1ª palestra)
Ali estão contidas muitas imagens. Ali estão muitas coisas que chegam até o
presente.”
Neste ponto, a título de conclusão das indicações para as assim chamadas classes do
primeiro grau, seja ainda reproduzido um conselho de Rudolf Steiner, o qual, em
verdade dizia respeito primeiramente à situação do momento da abertura da Escola no
outono de 1919, mas que pode ser renovadamente orientador em momentos
semelhantes:
“Os senhores terão, quase que em cada classe, de começar com a história pelo
início. Restrinjam o ensino ao necessário. Quando, por exemplo, na 8ª classe,
forem obrigados a começar pelo início, pois tomem então pouco, porém tentem
deveras dar uma imagem total acerca de todo o desenvolvimento da
humanidade, apenas mais breve. Portanto, no 8º ano escolar deveríamos deveras
tratar, no nosso sentido, de toda a história do mundo.” (25 de setembro de 1919)
A maneira como isso deve ser entendido, torna-se clara pelas indicações de Rudolf
Steiner de 15 de novembro desse mesmo ano, as quais se relacionar expressamente à 9º
classe:
213
Em 24 de abril de 1923 Rudolf Steiner indagado acerca do que, em especial, deveria ser
valorizado, uma vez que as crianças na 8ª classe haviam recebido a história em imagens
e biografias:
Ainda nono ano escolar:
compilações dadas pelo Treitschke, bem curtas, são muito boas. No primeiro
capitulo de sua história alemã encontramos todos os fios delineados.” (24 de
abril de 1923)
Segue agora o 10º ano escolar, cujo estabelecimento de metas também foi dado em duas
oportunidades, a 17 de junho de 1921 e a 24 de abril de 1923:
“Agora a história chega à 10ª classe. Aí se trata de prepara-se muito bem para o
ensino econômico. Aí retornaríamos até a mais antiga época histórica e
conduziríamos a história, assim dividida, até á queda da liberdade da Grécia;
portanto a época indiana mais antiga, época persa, época egípciocaldaica, época
grega até a queda da liberdade grega, até à batalha de Chaeronea em 338.” (17
de junho de 1921)
Isto foi estabelecido no início do ano escolar 1921/22. Dois anos mais tarde, ao início
do ano escolar 1923/24, disse Rudolf Steiner o seguinte, em relação ao relato do
professor de história, em aditamento a que fossem tratadas história oriental e literatura
erudita alemã:
“Isso teria que ser feito sintonizadamente, em conjunto. Ainda que o senhor
odeio os documentos“
Como o fizera pouco antes a respeito dos documentos históricos, Rudolf Steiner, em
continuação, aludiu ao fato de que o professor, a quem ele estava dando as indicações,
havia se demorado demais nas considerações geológicas do subsolo dos cenários
históricos e disse:
Ainda décimo ano escolar:
Ante a pergunta renovada pelo professor, de onde ele deveria partir nesse ensino,
Rudolf Steiner disse ainda no mesmo dia o que segue, e que também complementa as
últimas indicações:
aqui são reproduzidos. Ao ensino literário-histórico ele atribui como tarefa principal
“Parsifal” e “Pobre Henrique”.A estética ligada ao assunto, ele a remete ao ensino
artístico; á história ele dá a tarefa de delinear o fundo histórico, cuja apresentação deve
ser naturalmente precedida do tratamento literário do período histórico. Quando da
primeira abertura de uma 11ª classe, em 21 de junho de 1922, disse Rudolf Steiner em
ligação direta com a discussão do ensino de alemão para essa classe, e que ele disse
deve ser encarado como indicação para o currículo:
Esta definição de meta literária- histórica não foi imediatamente entendida pelos
professores e, um ano mais tarde, Rudolf Steiner respondeu com as seguintes palavras á
pergunta acerca de alemão e história para a nova 11ª classe:
Ainda décimo ano escolar:
“Agora houve uma espécie de visão geral da literatura. O senhor não pode,
entretanto, deixar tudo para a 12ª classe. Por que o senhor não prossegue
adiante? Ainda podem ser feitos alguns trechos que podem ser tratados
literariamente. Mas, no ensino de história, está de fato previsto que se torne a
ligar. Para o período em que não há história espiritual de que lançar mão, temos
que...tentar conduzir espiritualmente. A 10ª classe é encerrada com a batalha de
Chaerones ; na 11ª classe temos de desenvolver história da idade media. O
senhor não vai conseguir que os jovens absorvam uma compreensão do Parsifal
se o senhor não der nenhuma visão histórica... Propriamente dito, o quadro
histórico deveria preceder. O senhor falou hoje sobre Frederico Barbarossa. O
217
“Há também temas literários que apontam para a história, por exemplo,
‘Alexanderlied des Pfaffen Lamprecht’ ou a ‘Guerra de Tróia´. Há muitas
matérias históricas tratadas no período.” (3 de junho de 1923)
“Eu lhes disse isso para que os senhores saibam como se deveria pensar no
sentido do princípio da Escola Waldorf quando se tem que lidar com jovens de
18 anos deveriam ser levados ao ponto de já compreenderem as épocas de
históricas com o ‘tornar-se mais jovem’ da humanidade; isso exercia uma
significativa influência sobre a humanidade. Nas épocas mais antigas os homens
sentiam o desenvolvimento anímico até o 60º ano de vida.
Quando o Mistério de Golgota veio, a ‘Idade da Humanidade’ caiu exatamente
dentro do 33º ano, enquanto que hoje, propriamente dito, chegamos só até o 27º
ano. E isto é uma tendência em progressão. Ela teria de tornar-se compreensível
antes que um estudo especializado fosse desenvolvido em uma escola superior.
Isso deveria tornar-se formação geral. Isso “teria uma influência
gigantescamente benéfica sobre a condição anímica”. (25 de abril de 1923)
218
Isto fora dito face à tarefa então presente de preparar uma 12ª classe no discurso do ano
para o exame de conclusão. Daí a forma irreal: “Isso deveria tornar-se formação geral.”
A respeito das tarefas factuais dessa 12ª classe única, de 1923/24, Rudolf Steiner falou
um mês depois, respondendo a uma indagação sobre um livro de história. O que foi
então dito a respeito de metodologia tem, porém, significado muito mais abrangente e
poderia ser igualmente bem referido na parte geral deste livro. Faz parte ainda hoje das
metas de trabalho da Escola Waldorf :
essas 50 a 60 paginas deveriam estruturar a matéria; face à situação especial, não foi
falado a respeito naquela ocasião. Teria permanecido, ou no “deveríamos fazer”, ou
teria sido uma enumeração daquilo que os examinadores dão importância.
Um ano mais tarde, por ocasião da primeira constituição de uma verdadeira 12ª classe, o
assunto foi retomado quando aquela classe recebia o seu currículo:
- todas as épocas de história já haviam sido tratadas uma vez em biografias e imagens, e
uma vez segundo os temas históricos –
“Agora tratar-se-ia, na 12ª classe, de dar uma visão geral relação à história toda.
Os senhores sabem que, em minha pedagogia, eu expresso que na idade de 12
anos são captados causais. Agora o ensino causal teria prosseguido.”
- Isso aponta para o fato de que, neste resumo da matéria na 12ª classe, o tratamento tem
que ser elevado a um 3º grau. Como isto deve ser feito é o que deveria vir agora –
“Na 12ª classe trata-se de que o ensino desça algo abaixo da superfície, que se
tente esclarecer o interior da história. Mostra-se, num esboço através de toda a
imagem da história, como – digamos – no Helenismo existem, em certa medida,
antiguidade, idade média e época moderna, de modo que à época mais antiga é a
época de Homero da antiguidade, a época dos grandes trágicos a idade média, e
a época do Platonismo e do Aristotelismo seria a época moderna. Assim também
para o Império Romano. Tratar a história de tal maneira que agora mostremos
em povos individuais ou círculos culturais, como as coisas confluem. O que é
uma antiguidade como tal, uma idade média, uma época moderna. Portanto
mostrar, em cada cultura, antiguidade, idade média, época moderna. Aquilo com
que começamos a Idade Média é uma antiguidade tal como na história grega,
como quando a começamos com a antiga mitologia grega. Depois viriam
220
culturas quebradas, culturas incompletas, como a cultura americana que não tem
começo, a chinesa que não tem fim, que passa para o enrijecimento mas é só
antiguidade. Spengler apercebeu-se de algo a respeito. - Deve-se partir de um
ponto de vista que em verdade não apresenta um esboço de acontecimento
histórico, mas sim círculos que se interpenetram, que têm começo meio e fim.”
(29 de abril de 1924)
Um dia após essa explicação acerca dos três períodos de cada desenvolvimento cultural
voltou a ser falado acerca da estruturação do ensino de história na 12ª classe. Todos os
alunos, com exceção de uma aluna, haviam renunciado a fazer o exame de conclusão ao
fim do 12º ano escolar que então iniciava. Podia portanto ser aberta uma 12º classe pura.
Rudolf Steiner fez então as indicações para isso e, a respeito de história diz o seguinte:
“Então entraria história. Aí, igualmente uma visão geral sobre toda a vida
histórica, de maneira que se faça a história oriental preceder, se passe sobre a
Grécia antiga e para o moderno desenvolvimento cristão. Aí se pode introduzir
inteiramente coisas – não é verdade?, sem que se ensine ‘dogmática
antroposófica’ - ...que realmente tenha espiritualidade interior. Por exemplo:
uma vez fiz um desenvolvimento na escola de formação para trabalhadores sobre
como sete reis romanos eram constituídos totalmente conforme os sete
princípios de homem, pois eles de fato o eram. Naturalmente que não se pode
dizer de maneira exteriorizada: Rômulo é o corpo físico, etc., mas a organização
interior da história do rei Lívio é tal que se tem isso na estrutura, que em
Tarquinius Priscus, o quinto, o qual é um homem pronunciadamente intelectual,
este corresponde ao eu, ao princípio do eu - ...um novo impacto chega como que
pelo próprio espírito, a saber, através do elemento etrusco: e o último,
Tarquinius Superbus, deve ser tratado de tal maneira que o máximo que deve
ser alcançado soçobre na maior profundidade, como é natural para o povo
romano que afunde na terra.
Igualmente, constroem de uma maneira muito bonita o desenvolvimento da
história oriental: a história indiana, onde temos a configuração do corpo físico;
na história persa o corpo etérico; na egípcio–caldaica o corpo astral. - Mas, não
podemos naturalmente dar nessa forma, e sim mostrar como os homens vivendo
no astral têm sabedoria sobre estrelas, - como os judeus têm o princípio do eu no
221
princípio do Jahve e como os gregos têm pela primeira vez uma verdadeira
contemplação da natureza. Os anteriores estão dentro do homem. Podemos dar
uma visão geral, a qual pode verdadeiramente ser mostrada. – Agora, os
acontecimentos históricos alinham-se completamente a isso. ”(30 de abril de
1924)
Uma complementação das indicações para as culturas pré-gregas é dada ainda na última
conferência que Rudolf Steiner manteve com os professores a 3 de setembro de 1924.
Entretanto, ela ultrapassa os limites dados aqui para a estrutura do currículo no conteúdo
dos acontecimentos históricos, de modo que tivemos de abdicar de sua reprodução
textual aqui.
Para encerar, damos uma visão geral dos objetivos por classe do ensino de história em
forma abreviada.
222
9º - GEOGRAFIA
Nas “Três Palestras sobre Pedagogia Popular”, após fazer exposições acerca da
educação da vontade, Rudolf Steiner diz o seguinte:
A geografia ganha com isso sua colocação especial no currículo; ela acompanha, de
maneira semelhante à da matemática e, como esta, em contínua transformação e
incrementarão, as demais matérias, carregada e iluminada por todas, ela própria levando
adiante tudo os demais.
A 11ª palestra do Curso Metódico Didática traz uma exposição pormenorizada da
metodologia e sistemática da geografia; recomenda-se a cada leitor que, antes de entrar
em pormenores de um ensino de geografia, estude essa palestra cuidadosamente. Ela
contém, de maneira bem concisa, a construção desse ensino até a conclusão do primeiro
grau: ali é mostrado como se realiza a passagem do assim chamado ensino de relação
anímica e prática com o Mundo, dos primeiros anos escolares, para a geografia no 4º
ano escolar da “transformação da região conhecida em mapa”. Isso é esclarecido de
maneira muito concreta, sóbria e objetiva até o tratamento de sinalização cartográfica
para, ao fim, tratar no mapa as relações entre a “configuração natural” e as “condições
de vida humana”. Com a consideração dos meios de transportes é encerrada a
representação da vida dos arredores imediatos.
225
No 5º ano escolar essa relação, que abrange o espaço da vida pátria naquilo que Rudolf
Steiner ensinou a chamar de vida econômica, é estendida para uma região maior da
Terra e, finalmente, no 6º ano escolar para a Terra toda. Os 7º e 8º anos escolares,
porem, ensinam a ligar com a história o tratamento geográfico das regiões da Terra e a
incluir as “condições espirituais”, as condições de caráter dos homens no âmbito da
observação, e a prosseguir dessa maneira com a observação das regiões da Terra até a
sala do 1º grau. O que é concretamente referido por “condições espirituais dos homens”
torna-se claro quando na palestra é dito que se deve, por exemplo, no tratamento do
Japão, fazer as crianças realmente tentarem desenhar como os japoneses o fazem, etc.
através das próximas frases, que foram proferidas próximo ao fim dessa palestra, torna-
se muito especialmente claro o ensino da geografia deveria ser edificado até o fim do
primeiro grau:
Aqui, portanto, Rudolf Steiner coloca para o ensino de geografia nos anos de
cumprimento do primeiro grau, a meta de observar as condições humanas nas regiões da
Terra – principalmente por uma visão pátria e terminando com a imagem da Terra toda
– na membração segundo vida econômica, vida espiritual e por fim, contudo apenas
discretamente mencionada, vida de direito, por conseguinte, na membração que ele deu
à vida social por meio de seu livro “Die Kernpunkte der Sozialen Frage”.
Com isto é alcançado um importante ponto de vista a partir do qual se torna claro o que
é considerado com os três pontos meta indicados para o ensino de geografia.
Deveria ser desnecessário ressaltar que porventura não se quer dizer que as deva levar
às crianças a “(Trimembração do Organismo Social)”, mas preciso mencioná-lo pelo
menos de passagem para ter a segurança de eliminar os mal-entendidos. A verdadeira
tarefa, para a qual o professor deveria capacitar-se através do estudo dos “Kernpunkte”
(“Pontos Cerne”) é muito mais aquela de abrir os olhos das crianças de maneira
adequada para o fato de que existem sobre a Terra essas áreas do convívio humano, que
elas têm conformidade com leis próprias e desenvolvimento próprio. Isso o professor de
geografia deveria esforçar-se por conseguir. Então, para ele e seus alunos a Terra
poderia tornar-se numa imagem que irradia a multiplicidade de maneira em que os
homens podem viver conjuntamente.
É digno de nota que Rudolf Steiner, em ambos os trechos em que fala do desenho de
mapas geográficos, indica a mesma sequência para as marcações: na 8ª tarde do
Seminário – conforme reproduzido acima – ele faz desenhar: “rios, cordilheiras,
distribuição da vegetação, de matas e de campos”, na 11ª palestra do Curso Metódico
Didática ele diz:
Pode-se perguntar por que é mantida exatamente essa sequência: no segundo dos
trechos citados essa sequência é bem intencionalmente inserida; no primeiro trecho ela
poderia ser fortuita; existe ainda um trecho onde é observada a sequência invertida –
também sem ênfase especial -, mas o trecho da 11ª palestra do Curso Metódico
Didática não pode ter sido abandonado por acaso. – Sistema fluvial e sistema
montanhoso não são, em verdade, para serem separados um do outro; nisso pode-se
considerar a estrutura montanhosa em grande escala como a causa e em pequena escala,
como o efeito do sistema fluvial. Na formação do mapa pode-se colocar a pergunta
sobre si não se deveriam desenhar em primeiro lugar as montanhas como as causadoras
iniciais em grande escala e só depois os rios. Ter-se-ia assim uma observação que se
associa ao acontecimento verdadeiro. Porém, dever-se-ia partir de algo completamente
indefinido, de uma montanha original totalmente intangível, apenas hipotética; teríamos
de fazer, antes disso, os movimentos da crosta terrestre que a deveriam ter feito surgir e
que necessariamente teriam que permanecer como teoria – teríamos que colocar para as
crianças de início tudo aquilo que a geografia como ciência enfoca como seu objetivo
distante. – Se, contrariamente, colocarmos o sistema de rios e córregos no início do
desenhar, levaremos a criança à apreensão do imediatamente presente, vivenciável e
receberemos uma estruturação da Terra em paisagens individuais concretas com sua
plástica – as elevações, os vales, os cumes, as linhas d’água divisórias, os espigões;
todas as formas são identificáveis quando a rede de cursos d’água está presente. Passo a
passo, a partir desta, as particularidades geográficas deixam-se identificar e os conceitos
geográficos deixam-se transmitir. A cordilheira já está quase acabada e presente quando
se tem os cursos d’água. Todas as singularidades se tornam também perceptíveis, como
bifurcações, nascentes, infiltrações. E a sequência rio-montanha corresponde também ao
método que Rudolf Steiner dá para o tratamento das camadas geológicas, em que ele
propõe que se inicie pelas camadas superiores. (25 de setembro de 1919)
Essa consideração, feita no curso Metódica Didática, recebe uma significativa
complementação pelas frases seguintes; extraídas da 3ª palestra do assim chamado
Curso de Complementação, cujas 8 palestras foram mantidas por Rudolf Steiner no
verão de 1921, quando da primeira abertura de uma 10ª classe:
“Agora, senhores, reflitam sobre aquilo que desenhei para os senhores na lousa:
quando vemos como o homem que raciocina, o homem que, portanto atua,
quando vemos como ele está postado dentro do mundo todo e não se desprende
228
do mundo pela cabeça, se tivermos presente na mente esse homem ele não é,
propriamente dito, de modo algum concebível sem o espaço. O espaço pertence
a esse homem. Ele é um membro do mundo espacial posto que a um homem
com pernas e pés. E se considerarmos isso espacialmente, então, de certo modo,
para o nosso corpo astral será sempre um colocar-se sobre as pernas quando
desenvolvemos geografia com a criança. O corpo astral tornar-se-á efetivamente
mais poderoso e mais denso na parte inferior. Desenvolvemos o espacial e por
isso adensamos o espiritual-anímico do homem em direção ao solo. Em outras
palavras: levamos o homem a uma determinada firmeza em si mesmo
precisamente por meio do desenvolver a geografia visualmente, mas
desenvolvendo-a de modo a sempre chamar à consciência para quanto espaço se
encontra entre o Elba e o Niágara.” (Stuttgart, 3ª palestra)
Cabe aqui também uma explicação extraída das conferências do ano de 1921, ligada à
queixa de um dos professores acerca da má memória das crianças:
Acrescente-se a esta consideração sobre a relação entre geografia e historia o que não
pode faltar quando se trata da construção de uma consciência concreta do espaço, o
desenvolvimento da representação do espaço cósmico:
Cabe também uma observação acerca do ensino de astronomia na 8ª classe, extraída das
“Conferências”:
“Na geografia desenvolve-se adiante aquilo que se tratou no 5º ano escolar por
meio de tornar-se consideração outras partes da Terra e tenta-se encontrar a
passagem das condições climáticas para as condições celestes, cujo respeito
apresentou ontem aqui alguns exemplos*.” (Currículo, 1ª palestra)
“... passa-se ao tratamento dos minerais. Porém, o tratamento dos minerais deve
ocorrer inteiramente em relação com a geografia.” (Currículo, 2ª palestra)
Com isto termina o que as Palestras sobre Currículo contêm expressamente sobre o
ensino de geografia como matéria separada. Entretanto, encontra-se ainda uma
observação na segunda dessas, palestras, a qual é pertinente ao 7º ano escolar.
Após fazer uma observação sobre o ensino de ciências naturais, o qual se deve oferecer
a mecânica dos ossos e dos músculos assim como a constituição interior dos órgãos dos
sentidos:
Seguem exposições adicionais sobre geologia que podem ser lidas nesse trecho.
Apenas uma breve observação metódica, extraída desse mesmo trecho, vai reproduzida
aqui:
“Sim, as camadas geológicas devem ser indicadas o mais que possível. Pode-se
fazê-lo por meio de um mapa estratigráfico, mas nunca sem que as crianças
saibam algo a respeito dos tipos de rochas. As crianças têm de receber uma visão
acerca dos tipos de rochas de que se trata. Quando se dá a explicação, principia-
se de cima para baixo, pois assim se pode comunicar mais facilmente o que aí
irrompe. (25 de setembro de 1919)
As duas últimas citações não podem ser encaradas como dadas expressamente para o 8º
ano escolar, pois nas primeiras indicações para o currículo – as Palestras sobre
Currículo – não aparece nada de geologia, e na 11ª palestra do Curso Metódico
Didático, que estabelece a base da geografia, ela está limitada a algo como o exemplo
dado de diferenciar calcário da rocha original nos Alpes. A pergunta com que estão
relacionadas às duas últimas citações surgiu colocada como sendo de interesse humano
em geral, talvez também do pensamento de se poder transmitir, às crianças que temos de
ensinar, a informação recebida tão rápido quanto possível. – De qualquer modo, Rudolf
Steiner deu a resposta e o professor relatou, após o encerramento do ano escolar a 22 de
236
setembro de 1920 os que haviam ensinado – portanto no 8º ano escolar: “Foi ensinado
preferencialmente e era glacial, mudança de terra e água, sobretudo muita geologia
dessa era.” E Rudolf Steiner fez então – portanto para o 9º ano escolar – as seguintes
indicações:
Portanto, aqui foi dado para a 9ª classe o mesmo tema – cruz montanhosa da Terra – que
em 23 de setembro de 1919 já haviam sido dadas para a 8ª classe, então ainda em
ligação com a Atlântida e a Era Glacial bem como com o subir e descer das massas
terrestres tratadas na mesma classe – e fora dito ao professor que ele não precisaria fazer
todo o tema geográfico de uma só vez. Voltaremos ainda a tratar deste assunto.
As Palestras sobre Currículo mencionam as condições celestes na 6ª e 7ª classes, porém,
não mais na 8ª classe. Entretanto, como esta última somente estende e conclui a tarefa
237
da 7ª classe, não lhe pode ser excluída também a astronomia. Todavia, este ensino havia
então sido dado no primeiro ano da Escola Waldorf de Stuttgart por outro professor que
não o acima referido. Por essa razão encontram-se as indicações a respeito para a 9ª
classe em outro trecho das “Conferências”, posto que outras matérias de ciências
naturais estavam sendo tratadas naquele momento, em especial a física.
Ainda nono ano escolar:
“Aí o senhor pode introduzir a ótica de que necessita para esclarecer o princípio
de Dopper. Discutir conjuntamente também algumas digressões a partir da
acústica.” (22 de setembro de 1920)
Um ano mais tarde, em 17 de junho de 1921, Rudolf Steiner deu o currículo para a 10ª
classe e disse, a respeito da geografia, o seguinte:
Tal como para outras matérias, também para geografia o currículo para 12º ano escolar
foi proposto duas vezes: em 25 de abril de 1923 Rudolf Steiner disse o que deveria ser
239
Essa observação acerca da flutuação dos continentes foi ainda complementada por
Rudolf Steiner após uma pergunta. O leitor pode consultar no trecho indicado. A 30 de
Abril de 1924 foi dado o currículo definitivo para 12ª classe:
Décimo segundo ano escolar (1924):
Para a visão geral aqui exigida como tarefa para a geografia no 12º ano escolar,
entretanto, foi dado um conteúdo bem definido nas conferências de 12 de julho de 1924.
Em 12 de Julho de 1923 foi dito o seguinte, em relação com a perspectiva do primeiro
exame de conclusão:
Ainda décimo segundo ano escolar (1923):
Rudolf Steiner chamou então a atenção para duas palestras que ele havia feito para os
trabalhadores no Goetheanum sobre geologia – Trabalhadores 1923 – e prosseguiu:
A visão geral sobre a geografia deve, de um lado, tratar a paleontologia das plantas e
dos animais em ligação com botânica e zoologia; e do outro lado – em ligação com a
antropologia das épocas mais antigas – etnografia.
Tomando-se o conjunto das diferentes indicações, resulta o quadro seguinte:
242
sob efeito estelar; na 10ª classe está oculto no surgimento das cordilheiras; na 12ª classe
aparece novamente como flutuação das Ilhas Britânicas. Este é o “tema geográfico
todo” das indicações para a 9ª classe (22 de setembro de 1920), o qual “não deve ser
feito de uma só vez”. O mesmo foi patentemente cogitado como o pensamento condutor
para todo o segundo grau, para o qual cada ano deve contribuir com algo:
A 9ª classe traz a geologia de um lado, o princípio de Doppler de outro – o embrenhar-
se nas profundezas da Terra e nas profundezas do espaço celeste, a ampliação da
consciência de espaço para baixo e para cima – e a consciência de tempo em geologia e
no curso das estrelas;
A 10ª classe traz a Terra como um todo pela configuração e como campo dos
acontecimentos físicos em âmbito mais amplo;
A 11ª classe traz, na metrologia, os elementos de reconhecimento da configuração da
Terra e conduz à arte de sua representação no mapa;
A 12ª classe traz a visão geral e com ela uma incorporação sistemática do tema
geográfico todo no quadro de geografia como base para paleontologia e etnografia.
244
10 - AGRIMENSURA
O ensino, de início realizado no terreno da primeira Escola Waldorf, foi logo transferido
para uma hospedaria de jovens. Os alunos e alunas são apresentados e familiarizados
com os instrumentos mais importantes e métodos de medicação através do próprio
trabalho e depois conduzidos à confecção de uma pequena planta do terreno estruturada
por todos os participantes a partir das medidas conseguidas por eles mesmos. É
atribuído grande valor à colaboração e ajuda mútua. Após o relato do professor acerca
do ensino de agrimensura que havia dado na 10ª classe:
245
11 - CIÊNCIAS NATURAIS
As ciências naturais ocupam uma posição especial na Escola Waldorf. Mas fortemente
do que nas demais áreas de ensino ela implica, afora a mudança da metodologia, não um
novo ensino, mas sim novos pontos de vista e novas maneiras de ver. Muito mais
fortemente do que nas demais matérias, somos repetidamente movidos a recorres ao
“Estudo do Homem, uma Base da Pedagogia” de 1919 e ao Seminário de 1919. Muito
das exigências de Rudolf Steiner por meio de coleta de grão em suas palestras e de
reuni-los para uma visão de conjunto.
Em lugar disso será indicada aqui, a título de introdução, uma serie de palestras,
sobretudo dos grandes Cursos Pedagógicos de Stuttgart, nas quais a problemática deste
ensino se evidencia de maneira mais nítida. Supõe-se que essas palestras estejam
geralmente acessíveis aos professores. Eles serão aqui ordenados na sequência temporal
em que se sucederam umas às outras. Além do estudo pormenorizado de todo o material
dos Cursos de Stuttgart, em que naturalmente nunca se consegue insistir demais, o
professor de ciências naturais fará bem trabalhar na sequência os trechos e palestras
citados a seguir para obter uma visão geral da tendência básica que é perseguida por
Rudolf Steiner:
Por esse “recheio” é designado o ente anímico do Homem que, no momento de acordar,
se liga com o ser corpóreo, tal como no reino vegetal a essência vegetal plasmadora da
forma se liga na Terra.
A 10ª palestra de “O Estudo do Homem, uma Base da Pedagogia” trata da configuração
corpórea do Homem trimembradamente e dos acontecimentos do desenvolvimento dos
animais e do Homem.
O “Estudo do Homem, uma Base da Pedagogia” em sua 12ª palestra, trata da relação da
função da cabeça do Homem com a configuração dos animais, da relação da função do
tronco com o mundo vegetal, da relação da função dos membros com o mundo
mineral:
“O corpo do Homem não é explicável de nenhum outro modo que não seja o de
primeiramente conhecermos as suas ocorrências, os seus processos, em que
sabemos que Homem tem de dissolver em si o mineral, tem de inverter em si o
reino vegetal, tem de espiritualizar o reino animal.”
O que segue a isso pode ser consultado no trecho indicado. Ali é feita uma consideração
especial, tal que insinua apenas tenuemente os membros da entidade humana e os
conceitua de maneira igualmente tênue; entretanto, ainda assim, leva ao conhecimento
da criança o essencial de Dornach da Páscoa de 1923 e leiamos o que ali está na 5ª
palestra, depois de haver sido tratado do reino vegetal e imediatamente após haver sido
dito que a criança, antes do 9º ano de vida, iria repelir terrivelmente se lhe quiséssemos
descrever o Homem:
Existe outra diferença entre os Cursos de Stuttgart de 1919 e os demais, que poderíamos
chamar de estrangeiros.
Na 10ª palestra do Curso Metódico Didático é dada uma instrução acerca da ordenação
da zoologia e da botânica:
E, ao final desse Curso, em sua 14ª palestra, após uma renovada menção recordatória ao
polvo, rato e Homem, lê-se ainda o seguinte:
252
Aqui a zoologia é colocada no início para colhes ainda tanto quanto possível o
“sentimento instintivo de parentesco” para a zoologia. A botânica segue mais tarde o
253
Visão Geral da Ordenação das Áreas que fazem parte das Ciências Naturais nos
Cursos Pedagógicos da Rudolf Steiner.
Nesta compilação mostra-se uma mudança passo a passo da ordenação, dos Cursos de
1919 da Escola Waldorf de Stuttgart para o do Curso de Basel, que conserva a
ordenação de Stuttgart, mas a abrevia, para o primeiro Curso de Dornach de 1921/22,
que pela primeira vez coloca a botânica no início, para o segundo Curso de Dornach de
1923 que a essa sequência acrescenta a antropologia bem no fim – o grande momento -,
para o Curso de Ilkley que conserva a nova posição da botânica, mas que coloca, antes
da zoologia, a antropologia com a indicação expressa de como se pode tornar clara às
crianças a trimembração do ser humano. – Esta ordenação, nos cursos posteriores,
retrocede no aspecto de que a antropologia não mais surge especialmente como tal,
separada da zoologia. Todavia, isso poderia ser atribuído – tal como também no 1º
Curso de Dornach – à falta de tempo na palestra. E assim permanece de imediato como
o mais importante, a contradição entre os cursos de Stuttgart e as palestra de Dornach -
255
ensino de ciências naturais, isso é para ser encarado como aquilo a que Rudolf Steiner
idealmente aspirava. Isto confirma também o primeiro e maior dos cursos mantidos na
Inglaterra, aquele de Ilkley, o qual também pretende apresentar à criança já cedo a
concepção do Homem trimembrado se o professor tiver o necessário sentido artístico,
mas que pretende fazer preceder a botânica ao tratamento do Homem, de maneira tal
que a antropologia por si se adiante algo para uma época em que a criança lhe ofereça
mais compreensão. O Curso de Dornach de 1923 fala de uma “descrição” do Homem e
descarta o assunto. Obviamente, isto também tem que ser reconhecido.
Se o professor tiver o necessário sentido artístico, ele principiará com a
antropologia, a qual permanecerá então como tema de ciências naturais da 7ª até a
10º classes. Entretanto, se o professor não esposar essa sequência ideal por não se sentir
seguro na condução artística do seu ensino, poderá situar a botânica no início, passar em
seguida à antropologia, que então recebe crianças com algo mais de compreensão,
depois fará seguir a zoologia e, ao fim, retornará à antropologia.
Também a ordenação de Ilkley pressupõe naturalmente que o professor desenvolva
todos os esforços por configurar seu ensino em legítimo sentido artístico – o que não
deve ser interpretado como sinônimo de “estilo de pintura”.
O fato de que aquele que deve levar à criança uma “descrição do Homem” deva esperar,
para tanto, até que o 12º ano de vida esteja completado, não interessa aqui porque isso
fora pressuposto de uma Escola Waldorf. – Colocar a primeira antropologia configurada
artisticamente mais tarde do que após a botânica e antes da zoologia, também não pode
entrar em cogitação. - Porém, o que agora deve ser considerado como “o necessário
sentido artístico” revela-se certamente se exercitarmos o encarar o “Estudo do Homem,
uma Base da Pedagogia” como a obra de um Homem animado por um espírito artístico,
e se renovarmos continuamente esse exercício.
Pode-se ter a impressão de que sobre o manejo artístico, tal como Rudolf Steiner o
exigiu para a Escola toda, ainda reina grande incerteza; e pode-se infelizmente
presenciar que o curso fundamental, o “Estudo do Homem, uma Base da Pedagogia”
não é estudado tão planejada e frequentemente como seria necessário para a satisfação
das exigências do currículo.
Após tudo o que foi trazido até agora, parece absolutamente adequado, no ensino de
ciências naturais, observar também futuramente a sequência original de Stuttgart, tal
como ocorreu nas indicações de Rudolf Steiner para as classes, dadas a seguir.
257
“Eu dediquei realmente muito esforço para estudar o efeito sobre as crianças, de
considerações prematuras de história natural. Considerações prematuras de
história natural fazem, pela ação, com que a criança mais tarde fique seca, seca
até o ponto em que um bom observador, diga-se, pode constatar na tendência ao
amarelecimento da pele humana, quando conceitos de história natural são
levados à criança cedo demais.
No 9º ano de vida é dado o momento em que podemos começar a levar à criança
conceitos de história natural, porém, primeiramente só conceito vivo; devemos
evitar ainda, o tanto quanto possível, levar à criança, nessa época, minerais e
coisas mortas. Levar coisas vivas, a vida exterior ao Homem, que está em dois
âmbitos, em esferas diante de nós, no âmbito animal e no âmbito vegetal.
Entretanto, se tentarmos trabalhar para as crianças aquilo que os homens
trouxeram para a descrição dos animais, para as características científicas dos
animais, para a descrição e características científicas das plantas, se tentarmos
trabalhar isso para as crianças nos concisos livros populares, se tentarmos
discutir isso de maneira fingidamente popular, não nos acercamos, dessa
maneira, de criança. Pode-se constatar em quase todos os nossos manuais de
história natural que, propriamente dito, nada mais são do que erudição algo
filtrada de ciências naturais, e isso é terrível. Por um lado, sem dúvida, tentou-se
construir sobre ensino visual de ciências naturais...
Existem, por outro lado, livros metódicos. Mas estes sofrem do defeito oposto.
Aí se procura, o tanto quanto possível, não discutir com a criança nada que ela
própria já não saiba e busca-se, como se diz de maneira bem intuitiva, criar
somente a partir da natureza da criança. Por esse meio cai-se na trivialidade. E
alguns desses manuais metódicos que existem por aí, algumas dessas orientações
metódicas são de despertar por serem tão terrivelmente triviais. Sente-se: se algo
assim fosse ativado na Escola, seria implantada no Homem toda nocividade da
trivialidade. E a trivialidade a que se dá abrigo na idade infantil se expressa mais
258
tarde, do mesmo modo como algo que já mencionei, em uma devastação da vida
humana, no mínimo em uma configuração tal da vida, que torna impossível ao
Homem olhar retrospectivamente com alegria para a sua idade infantil. Mas isto
é, propriamente dito, algo de que o Homem necessita. È necessário que, no
decorrer da vida inteira, estejamos em posição de voltar os olhos para a nossa
idade infantil como para algo paradisíaco. Não porque aí tenhamos
eventualmente de que aí tenhamos vividos sós coisas alegres...” (Basel 1920, 8ª
palestra)
“Spencer acha que o ensino visual deva ser desenvolvido de maneira tal que
passe para as pesquisas do naturalista e para aquelas do cientista. O que deveria
aí ser feito na escola? De acordo com isso deveríamos, na escola, ensinar as
crianças de modo tal que eles, quando crescessem e tivessem a oportunidade de
continuar desenvolvendo aquilo que receberam de nós na escola acerca dos
minerais, das plantas, dos animais, etc., pudessem tornar-se então autênticos
naturalistas ou filósofos. Seguramente, hoje contestamos algo assim muitas
vezes, mas na prática comportamo-nos inteiramente como agora foi exposto.
Comportamo-nos assim pela razão de que nossos livros escolares estão redigidos
correspondentemente e porque ninguém pensa em modificar os livros escolares
ou em aboli-los... Eis que se apresenta a singularidade de que hoje dever-se-ia
desejar exatamente o oposto daquilo que Spencer coloca como uma verdadeira
máxima pedagógica. Mal podemos pensar em um erro maior, no ensino
elementar, que o de educar as crianças como se requerêssemos, da maneira de
tratar um tema, por exemplo, com relação às plantas e aos minerais, que pudesse
continuar a ser desenvolvido de modo tal que a criança viesse mais tarde a
tornar-se um botânico ou um zoólogo. Ao contrário, se pudéssemos orientar o
ensino no sentido de expor as coisas acerca de animais e plantas de modo tal a
evitar que as crianças venham a ser botânicas ou zoólogos, teríamos alcançado
mais o correto do que axioma spenceriano. Porque ninguém deveria tornar-se
259
“Agora chega aquela idade em que, propriamente dito, só então pode a criança
considerar aquilo que acorre no mundo exterior sem que tenha algo a ver com o
Homem. Por isso, só entre o 11º e 12º anos tem início a possibilidade de se
ensinar em aula o mineral, as pedras. Aquele que levar, antes dessa época, o que
diz respeito a pedras, ao mineral, às crianças de outra maneira, conquanto se
apoie no vegetal, que nasce da Terra e portanto das pedras, arruinará
completamente a mobilidade interior da vida anímica da criança. O que não tem
relação alguma com o Homem é o mineral. Com este devemos começar só
depois que a própria criança já se entrosou convenientemente com o mundo,
quando já acolheu aquilo que lhe está mais próximo, o vegetal e o animal, em
sua representação e sobretudo em seu sentir, e, por meio da zoologia, em seu
querer.” (Ilkley 1923, 11ª palestra)
260
Aquilo que é indicado nas frases acima citadas do Curso de Ilkley acerca do significado
da compreensão artística para a apreensão de planta, animal e Homem encontra uma
nova elucidação e significado através das considerações feitas nas 3ª e 4ª palestra do
Curso de Stuttgart de 1924 “Die Methodik dês Lehrens und die Lebensbedingungen des
Erziehens”. Por essa razão é especialmente recomendado o estudo também dessas duas
palestras pelo professor de ciências naturais.
Extraímos do Curso de Torquay de 1924, para o nosso tema, as seguintes acerca do
significado do ensino de ciências naturais para a vida anímica da criança:
Também este trecho deveria ser lido em sua totalidade pelo leitor.
Seguem agora as indicações do currículo para cada ano escolar; primeiramente a
indicação das assim chamadas Palestra sobre o Currículo para o primeiro grau:
“Aqui devemos ter bem claro que, próximo ao 9º ano, portanto no 3º ano escolar,
começamos a tratar os animais escolhidos correspondentemente e a trazê-los em
relação com o Homem daquela maneira que experimentalmente expus.”
(Currículo, 2ª palestra)
A discussão acerca do ensino de botânica, para a qual é chamada a atenção aqui, pode
ser encontrada nos 9º, 10º e 11º exercícios do seminário pedagógico.
O que essa observação quer significar surge adiante, no decorrer da mesma palestra,
quando Rudolf Steiner trata da edificação do ensino de geografia e,no exemplo dos
Alpes, passa às rochas:
O que essa observação quer significar surge adiante, no decorrer da mesma palestra,
quando Rudolf Steiner trata da edificação do ensino de geografia e, no exemplo dos
Alpes, passa às rochas:
cordilheira interior consiste de uma pedra como esta, que é pedra primordial. E a
criança logo se interessará imensamente por esse maciço alpino...”
Portanto, neste ano escolar o ensino deve retornar ao tratamento do Homem. Teremos
em mente que no Curso de Dornach de 1923 havia sido falado acerca do “grande
momento” que a criança deve vivenciar quando ”lhe resumimos como tudo aquilo que
está estendido no mundo animal está concentrado no Homem”.
Aqui é indicada, como meta concreta de ensino para a antropologia, a qual tem de
retornar, as “condições de alimentação e de saúde”. Nelas, por conseguinte, o professor
encaixará aquilo que poderá proporcionar às crianças o “grande momento” da vivência
da síntese do mundo animal no Homem.
A respeito do conteúdo do ensino de alimentação e saúde, deve o professor aconselhar-
se na 14ª palestra do Curso Metódico Didático.
Na conferência de 6 de fevereiro de 1923 Rudolf Steiner fez a exposição mais longas
sobre questões de higiene escolar, as quais, entretanto, dizem respeito muito mais às
medidas de higiene do professor e do médico escolar, àquilo que em termos de saúde
pode ser aconselhado aos pais, e não devem ser encaradas como tema de ensino.
Frente às indicações acima reproduzidas a respeito do currículo para a 7ª classe, do
mesmo modo que para aquelas que são dadas a seguir para a 8ª classe, pode-se levantar-
se a questão sobre a qual matéria precisamente deve ser agregada o tema “condições de
trabalho e subsistência, industriais e de comércio”, se às ciências naturais ou à
geografia. Aquilo que é desejado, fazer da geografia o reservatório de muitas coisas que
possam contribuir para ilustrar ao jovem o espaço terrestre nos mais variados sentidos a
partir da fantasia fazendo-o intuitivo, representável e meditável, será em qualquer caso
alcançado quando todas essas considerações se juntarem ao trabalho de geografia que,
estão, na 7ª classe, deveria partir do tratamento de regiões individuais escolhidas pelas
condições de trabalho e subsistência, industriais e de comércio. A representação desses
267
países torna-se depois concreta além da pura apresentação de mapas, quando tudo o que
entra em consideração de condições celestes, de clima, geologia, biologia, condições de
vida, condições espirituais culturais, economia, comércio confluí, a partir das outras
diferentes áreas do ensino, para que, em todas as considerações individuais de países
como tais, bem como de determinados acontecimentos sobre a Terra, nunca se perca a
visão sobre a Terra como um todo.
A partir da 7ª classe até acima, na 10º classe, está fixado para cada classe um
determinado alvo individual da antropologia. Temos de dizer a nós mesmos que, aquilo
que está dito nas palestras dos cursos acerca do Homem como síntese do mundo animal
demandaria que, cada uma dessas classes que ora seguem com o seu objetivo parcela,
deveria contribuir com algo para o objetivo principal, o reconhecimento dessa síntese.
E, como aí poderia estar claro que Rudolf Steiner deseja alcançar, como objetivo final
para as crianças, a compreensão da trimembração do ser humano, então os objetivos de
cada classe deveriam orientar-se precisamente para isso. Este é efetivamente o caso, tal
como se mostra a partir da visão geral dos objetivos de ciências naturais, que foi
acrescentada ainda ao fim deste capítulo.
“Em história natural seria o caso de tratar do ensino da citologia nessa idade. E
então, não é mesmo? Não logo de maneira tão detalhada, mas sim se tomando
plantas características das mais primitivas até as monocotiledôneas, partindo de
baixo para cima. Entretanto, já se referindo às dicotiledôneas, traçando, paralelos
entre flores e cogumelos. Levar sempre em consideração o micélio, a formação
de esporos. Quando se retrata a formação de caules tem-se de tomar em
consideração também o micélio. Teleologia, a relação entre cada membro da
organização deve de fato ser: dos organismos trazerem a uma medida sensata:
condições de causas recíprocas, e não puramente condições causais. Tratar o
ensino da citologia de modo tal que o tratamos cosmologicamente.” (21 de junho
de 1922)
“Ocorre que para o professor pedante é uma coisa naturalmente lógica que ele
exponha a citologia com o emprego de microscópio. Assim é feito nas
universidades e nas escolas de graus mais baixos imita-se. Com isso faz-se algo
terrivelmente errado. Nunca deveríamos expor, ao aluno da idade de que agora
falamos a citologia sem alinhá-la à cosmologia; também considerar
270
“Na 5ª, 4ª classe dá-se zoologia, mais tarde 7ª classe o Homem, depois,
novamente zoologia. Se não fosse esse exame de conclusão a partir da 12ª classe
eu acharia esplendidamente possível levar às crianças, em três semanas,
magnífica zoologia; são 18 manhãs, 12 classes de animais. Toda a osteologia é
conhecida... O essencial é que elas recebem uma espécie de visão geral acerca da
classificação dos animais. Principia-se pelos menores, passa-se pelos zoófitos,
surgem 12 quando se considera os vertebrados certamente quer dizer: mamíferos
como uma única classe.”
“Desejo dar nesta oportunidade, ainda que com reservas, a divisão que poderia
servir como tema... Propriamente dito deveríamos tratar a zoologia em seu todo
de modo a tomarmos três grupos para cada quadro subdivisões, o que produz
doze divisões ao todo, e as conduzir como classe de animais.
Nesse caso, teríamos:
271
I - Grupo Principal
1. Protistas, infusórios totalmente indiferenciados, protozoários;
2. Esponjas, corais, anêmonas; depois;
3. Equinodermos, desde as estrelas do mar até os ouriços do mar; depois;
4. Tunicados, portanto, que não mais dispõe de uma formação de casca exterior tão
regular, nos quais a formação de casca regride.
II - Grupo Principal
5. Moluscos;
6. Vermes;
7. Anelídeos;
8. Peixes.
A essas indicações segue uma associação dos tipos de animais com o zodíaco e, depois,
uma associação aos três membros do corpo humano; são também feitas relações com a
geologia e a zoo-geografia. O leitor poderá consultar esses aspectos no trecho indicado.
Ainda décimo segundo ano escolar (1924):
A expressão “a zoologia já foi discutida” só pode referir-se ao que fora indicado acerca
de zoologia em 12 de julho de 1923. Isso é, portanto, tema da 12ª classe. Deve-se,
todavia, daí passar para a paleontologia. E da botânica, que deve ter como meta
272
A título de conclusão
Generalidades
A respeito das indicações especiais para o ensino de física e química, cujo início é dado
exatamente na época da mudança do 11º, 12º anos de vida, devem ser adiantadas aqui,
primeiramente, palavras de Rudolf Steiner extraídas da 2ª palestra do assim chamado
Curso Complementar de 1921, palavras que integra uma consideração muito insistente
sobre a necessidade de que, tudo o que seja intelectual e que se queira levar às crianças
nessa época, seja levado de maneira tal que, por seu intermédio, sejam despertados
forças vigorosas na alma da criança:
A seguir, outras palavras de Rudolf Steiner que dão o grande objetivo precisamente para
este ensino que, no todo, tem a ver com coisas sem vida:
275
Essa palavra provém da conferência que pela primeira vez se ocupara do currículo da
12ª classe. Mesmo que com elas seja dito algo de cuja realização esteja ainda distante,
me parece, contudo, que fazem parte das coisas de que o professor que quiser preparar-
se neste ensino que estar consciente. Podemos sentir-nos conduzidos ao caminho da
compreensão da frase acima citada através dos dois cursos de ciências naturais, aquele
sobre “Lichtlehre - 1919/20” (NT ótica) e aquele sobre “Warmelehre - 1920” (NT
termologia). O estudo cuidadoso de ambos é intensamente recomendado a cada
professor de física e de química.
A técnica advinda da física e da química construiu um novo mundo que pode ser
encarado também como natureza, na medida em que nele não valem leis outras, não
atuam forças outras que aquelas que são encontradas no mundo sem vida à nossa volta;
elas são acrescentadas pelo próprio homem aos velhos reinos da natureza, o mineral, o
vegetal, o animal e o humano como um quinto reino que hoje, na medida mais elevada,
determina a vida do homem e a muda continuamente.
Sobre o que isso significa para o Homem, Rudolf Steiner disse o que segue na 12ª
palestra do Curso de Metodologia e Didática, o que, entretanto está ali encaixado dentro
de uma explicação muito densa acerca do recente desenvolvimento da vida social e das
exigências daí decorrentes para a educação – este último aspecto pode ser consultado no
trecho indicado:
“Por que existem dificuldades aí? O que se deveria desejar seria conduzir
gradativamente essas coisas para o que Goethe denomina o fenômeno original,
portanto, tratar só fenômenos. A tese da conservação da energia não deveria ser
tratada como o foi agora. Ela é um postulado, não uma tese. E, em segundo
lugar, há aí algo bem diferente: pode-se tratar o espectro; isso é o fenômeno.
Mas, a tese da conservação da energia será tratada como tese filosófica.”
“Como algo diferente deve ser tratado o equivalente térmico na mecânica: isso é
fenômeno. Por que não permanecer rigorosamente dentro do âmbito da
fenomenologia? Hoje em dia elaboram-se essas leis que propriamente dito, são
fenômenos. É um desatino que se denomine por lei algo como, por exemplo, a
lei da gravidade. Isso são fenômenos, não são leis. E vamos ver que podemos
manter a física toda livre das assim chamadas leis, transformá-las em fenômenos
e agrupá-los em fenômenos secundários e primordiais. Quando, no ensino da
277
“Hoje em dia o senhor pode falar inteiramente sobre eletricidade sem falar de
forças. O senhor pode permanecer rigorosamente dentro do âmbito de
fenômenos. O senhor pode descer até à teoria dos íons e dos elétrons sem falar
de outra coisa que não sejam fenômenos. Do ponto de vista pedagógico seria
tremendamente importante fazer isso.”
O professor ainda fazia ponderações sobre como poderia sair-se sem o conceito de
força, em virtude do sistema de medidas físicas:
“O que tem as forças a ver com isso? Quando o senhor tiver contas a fazer, em
que puder trocar uma coisa por outra, o senhor poderá ter”
“Logo que o discípulo tenha claro para si que força nada mais é do que o produto
de massa e aceleração, logo que ele não ligue nenhum conceito metafísico com
ela, e que, portanto a maneje sempre fenomenologicamente pode-se, sim, falar de
força.” (25 de setembro de 1919)
Uma análise intensa, particularmente dessas duas obras, porém, depois, igualmente das
seguintes:
É para ser encarado francamente como importante estudo preparatório para professor de
física e química; sobretudo tendo em vista que esses conhecimentos nos são
apresentados em uma literatura que está tão longe quanto possível do tipo de cosmo
visão que Rudolf Steiner erigiu e que emprega em sua arte de educar, de modo que esse
professor defrontar-se-á com a necessidade em alto grau de dar configuração e valor
totalmente novos aos conhecimentos apresentados nessa literatura antes de levá-la às
crianças. Para tanto, precisamente as obras de Rudolf Steiner supracitadas proporcionam
a ajuda fundamental.
Uma indicação metodológica importante e decisiva para o ensino de física encontra-se
na 3ª palestra do assim chamado Curso Complementar de Stuttgart - 1921. Ela vale
patentemente para cada ensino que faz uso de experiências em larga escala, portanto
também para o ensino de química e semelhante; é aqui reproduzida em sua íntegra:
279
que foi diretamente vivenciado, repasso tudo uma vez mais. Quando se passa por
algo assim, quando se faz como em recapitulação, uma revisão sem a presença
do visual, então é vivificado especificamente o sistema rítmico do Homem.
Depois de haver solicitado o Homem todo, solicito o seu sistema rítmico e o da
cabeça, pois que, obviamente coloco em atividade também o sistema da cabeça
quando faço essa recapitulação. Assim posso fazer a aula chegar ao fim.
Primeiramente coloquei em atividade o Homem todo, depois, preferencialmente
o seu sistema rítmico e, então, deixo-o ir para casa. Agora ele dorme. E,
enquanto dorme, aquilo que eu ativei primeiramente no Homem todo e depois no
sistema rítmico continua vivendo nos membros, quando o corpo astral e o eu
estão fora. Queremos agora dirigir nossa atenção para aquilo que permanece na
cama, que faz continuar a soar o que tratei com a criança. Então, tudo o que se
formou no Homem todo e aquilo que as formou no sistema rítmico corre, em
certa medida, para o homem-cabeça. A partir de isso formar-se imagem no
homem-cabeça. Estas, o Homem as encontra então, quando desperta na manhã
seguinte.
Portanto, é efetivamente assim: quando vem a escola no dia seguinte, as crianças
têm na cabeça, sem que o saibam, as imagens das experiências que fiz na
véspera e daquilo que eu recapitulei depois, de modo que tudo está na cabeça
como imagem. Recebo a crianças na manhã seguinte com fotografias na cabeça,
das experiências que fiz na véspera; é assim que as crianças vêm.
Agora, na manhã seguinte posso repassar de maneira mais refletida as
experiências que haviam sido feito no dia anterior e que eu recapitulara de modo
puramente narrativo, que eu recapitulara mais para a fantasia. Agora passo sobre
isso tecendo considerações. Aí vou ao encontro da conscientização das imagens,
que querem tornar-se consciente. Portanto, dou uma aula de física: faço
experiências, recapitulo para as crianças aquilo que aconteceu. No dia seguinte o
coloco em consideração que conduzem a criança a conhecer as regras daquilo
que aconteceu diante delas. Eu levo mais para pensá-lo, para a representação do
assunto, e não forço as crianças, para que as imagens, essas fotografias que elas
me trazem não portar uma existência sem essência. Pensem só se eu
primeiramente recebesse as crianças, com as fotografias na cabeça, das quais
elas nada sabem, e me empenhasse novamente em fazer experiências sem
proporcionar-lhes nutrição por meio de uma consideração preparada por mim, eu
281
O Curso de Oxford de 1922 traz uma consideração muito conclusiva acerca da vivência
das coisas mecânicas e dinâmicas na idade infantil:
“Entre o 11º e o 12º anos de vida ocorre interiormente no Homem uma grande
transformação. O sistema rítmico, sistema respiratório, sistema circulatório, é o
reinante, o dominante entre a troca de dentes e a puberdade. Quando a criança se
acerca do 10º ano de vida desenvolve-se então aquilo que reina dentro do
sistema respiratório e circulatório, a cadência, o ritmo que aí está contido: ela se
desenvolve para dentro do sistema muscular. O músculo aprovisionado pelo
sangue vibra dentro dos músculos da maneira como o Homem é interiormente,
de modo que entre o 9º e o 11º anos de vida o Homem forma o seu sistema
muscular na medida direta de suas disposições rítmicas interiores. Quando se
acerca o 11º e 12º ano de vida, aquilo que está no sistema rítmico e no sistema
muscular esforça-se por penetrar no sistema ósseo, no esqueleto todo. Até o 11º
ano o esqueleto está completamente encaixado no sistema muscular. Acompanha
o sistema muscular. Entre os 11º e 12º anos o esqueleto torna-se tal que se
adéqua ao mundo exterior. Mecânica, dinâmica, que são independentes do
Homem, penetra no esqueleto. Temos que nos dispor a tratar do esqueleto de
maneira tal como se ele force objetivo, como se não estivesse de modo algum no
Homem. Se os senhores observarem crianças abaixo dos 11 anos, verão que
todos os movimentos ainda provêm do interior para fora. Se os senhores
observarem crianças após 12º ano de vida notará que eles caminham sobre seus
pés de modo tal que procuram sempre encontrar o equilíbrio, que sentem
interiormente o equilíbrio alavancar, o maquinismo do sistema do esqueleto. Isto
significa que, entre os 11º e 12º anos, o espiritual-anímico expande-se até para
dentro do sistema ósseo. Anteriormente o espiritual-anímico estava muito mais
282
Essas indicações de Rudolf Steiner para o ensino de física e química como um todo
pode encontrar sua conclusão nas palavras que ele lhes acrescentou no Curso de
283
Segue em explicação sobre o cansaço das crianças nas aulas e também nas pausas, a
qual o leitor poderá ler no trecho indicado; e, depois, algo sobre o significado da
fantasia no ensino dos últimos anos da escola elementar que, como último assunto,
deveria ainda citado aqui:
“Temos que chegar ao ponto de, para a criança da escola elementar, exigirmos
somente o sistema rítmico. E, para esse sistema rítmico, que nunca se cansa, que
não é submetido a esforço de modo algum quando o atarefamos de maneira
correspondente precisamos, não do intelectualidade, mas sim de imagens,
284
daquilo que provém da fantasia. Por isso os senhores devem fazer reinar
incondicionalmente a fantasia na escola, inclusive ainda nos últimos anos, dos
11, 2/3 até aos 14 anos de vida, e ainda aí, também através da fantasia, fazer das
coisas mortas coisas vivas, ligá-las à vida. Para tanto é necessário justamente
que tenhamos fantasia. Isto é necessário.”(Torquay 1924, 8ª palestra)
13 - ENSINO DE FÍSICA
Com isso, o momento correto para o início do ensino de física está inequivocamente
estabelecido. – A leitura da palestra citada é especialmente indicada. Ela contém, logo
para o ensino elementar de física, muitas indicações valiosas. Seguem agora as
indicações das Palestras sobre Currículo para as classes do 1º grau:
parte do conceito, como pressão lateral na água, empuxo: tudo o que faz parte do
Princípio de Arquimedes que, portanto, faz parte da hidráulica. – Seria lindo
manter palestras sobre pedagogia aqui durante três anos e tratar de tudo aquilo
que os senhores têm de configurar por si, a partir de seu próprio achado, dando
também exemplo padrões. Mas, isso não é possível; por ora temos de nos
contentar com aquilo que expusemos aqui. – Depois os senhores encerram o
ensino de física em certa medida pela aero mecânica, ou seja, pela mecânica do
ar, por meio da qual há de vir à baila tudo o que se relaciona com a climatologia,
pressão atmosférica e meteorologia.” (Currículo, 2ª palestra)
Deve chamar a atenção o fato de ser exigido aqui que, no curto espaço de quatro ou até
mesmo três semanas, portanto, na melhor das hipóteses, de 48 até 56 horas de aula,
sejam tratadas todas as áreas da física, além das mecânicas e dos processos físicos nos
órgão sensoriais. Por isso tem sido sempre tentado tratar, no 6º ano escolar, só uma ou
outra dessas áreas, fazendo-se seguir as demais no 7º e 8º anos escolares. Porém, não
pode substituir nenhuma dúvida de que Rudolf Steiner desejou precisamente essa
ordenação posto que, por duas vezes ele voltou a abordar expressamente aquilo que
deveria ser tratado na 6ª classe. – A intenção é evidentemente a de, já na 6ª classe, dar
uma visão daquilo que Homem, ao olhar para o mundo das coisas mortas, pode
vivenciar – pois aí, antes da mudança dos 11, 12 anos de vida, ele olha mais para o
exterior e conquista esse mundo para sua vivência. Nessa época ele se entrega
completamente a essa vivência, quando lhe apresentamos, e, de imediato, nada mais
quer do que esse entregar-se. É no sentido de que ele possa fazê-lo na maneira mais
abrangente que Rudolf Steiner se preocupou ao estabelecer essas metas. – O 7º ano
escolar encontra uma situação totalmente modificada porque a mencionada mudança já
ocorreu. Os jovens já conquistaram para si mesmos a transição anímica para o mundo
exterior e seu próprio organismo tornou-se objeto; eles podem agora relacioná-lo
também dentro do âmbito de outros acontecimentos exteriores e, assim, tornar-se
consequência lógica que então considerem o mundo físico a partir desse novo ponto de
vista. Isto não será uma recapitulação maçante, pois existe bastante matéria disponível
e, ainda que quiséssemos tratar até dos mesmos acontecimentos, o novo ponto de vista
por aí já mudaria tudo. A mecânica só deve ser começada no 7º ano escolar. A esse
respeito Rudolf Steiner pronunciou, no Curso de Oxford, as palavras que estão
reproduzidas no capítulo de generalidade sobre física e química. – O 8º ano escolar
288
eleva novamente de um grau o tratamento dos fenômenos físicos. Trata-se agora, como,
sobretudo também em outras matérias nessa época, de fazer uma colocação de cada
acontecimento dentro de relações mais amplas.
A mudança que o ensino tem que ter com o início da 9ª classe podem ser
particularmente bem compreendidas, logo para o ensino de física, se partimos das
palavras que Rudolf Steiner pronunciou no Curso de Berna para Professores, na
primavera de 1924, ainda que elas não tenham de modo algum sido talhadas para o
ensino de física em especial:
Seguem agora as indicações de currículo para as classes superiores – 9ª até 12ª classe.
Aqui, para Rudolf Steiner, tratava-se patentemente de que fosse feito algo decisivo:
proporcionar às crianças um conhecimento suficiente sobre a construção e a operação
daqueles dispositivos técnicos que hoje todos utilizam sem entender como operam. Por
essa razão está dentro desse sentido que se pondere, nos dias que correm, sobre os tipos
de dispositivos que cada um utiliza na movimentação quotidiana e que a maioria não
entende que deveriam ser colocados ao lado da locomotiva e do telefone, ou que talvez
devessem até mesmo entrar em lugar desses dois dispositivos. – Na Escola Waldorf de
Stuttgart começou-se logo a tratar, nesse sentido, além da locomotiva, também dos
motores à explosão.
Os dispositivos baseados nas ondas eletromagnéticas e de uso geral, contrariamente,
deveremos melhor reservar para a 11ª classe.
Acerca do manejo geral da aula no ensino de eletricidade há ainda um pronunciamento
originado, em seu tempo, por uma visita de Rudolf Steiner à aula do professor a quem
se dirige – na conferência:
Ainda nono ano escolar:
Acerca da passagem do jovem do 9º para o 10º ano escolar Rudolf Steiner disse o que
segue, na primeira das duas palestras pedagógicas de Stuttgart 1920 e, o que ele disse,
deve ser reproduzido aqui nesta consideração da passagem da 9ª para a 10ª classe
porque essas palavras resumem o que fora dito no decurso dessa palestra acerca dos
jovens após a puberdade:
“Vejam, senhores, todas essas coisas têm de permear o professor com uma
consciência plena, na passagem da 9ª para a 10ª classe. Pois a total modificação
do curso é precisamente o que cabe à pedagogia neste caso. Quando os senhores
recebem as crianças, no 6º, 7º ano de vida, a cisão já se deu pelo fato de as
crianças entrarem na escola e, então, os senhores não precisarão transpô-las para
uma nova situação de vida. Entretanto, quando os senhores conduzem as
crianças da 9ª para 10ª classe, neste caso os senhores terão de transpô-las para
uma nova disposição de vida e aí a criança tem de notar: diabos, o que aconteceu
com o professor? Até aqui sempre o consideramos como uma luz
extraordinariamente brilhante, como um Homem que tem muito a dizer; mas
agora ele começa a falar muito mais como Homem; o mundo todo começa a
falar a partir dele. – E, se sentirmos em nós o mais intenso interesse para cada
questão universal e depois nos transladarmos para a feliz posição de participá-la
a outros jovens, então o mundo estará falando a partir de nós. Então será
efetivamente tal como se espíritos falassem a partir de nós. E, a partir de algo
assim, tem de chegar vibração. O professor tem de levar vibração ao encontro
das crianças entre os 14 e 15, e os 20 e 21 anos. Vibração que, antes de tudo, vá
à fantasia.” (Stuttgart 1922, 2ª palestra)
291
“Na física – isto é algo que experimentei a fundo nesse ensino, que eu mesmo
tive que dar – na física é extraordinariamente bom quando, nessa idade, levamos
a elas as novas conquistas da física, a telegrafia sem fio, os fatos Röntgen e,
absolutamente, já com coisas do tipo raios alfa, beta e Y. Isto é algo que pode ser
efetivamente usado de modo tal que desperta amplo interesse junto às crianças.”
(21 de junho de 1922)
Na passagem para o 12º ano gostaria de reproduzir uma vez mais as palavras que já
foram citadas no início deste capítulo, agora acrescida de mais algumas que só aqui
ganharam relevância:
Essas palavras foram proferidas no ano de 1923, quando a primeira 12ª classe como tal
deveria ser preparada para o exame de conclusão. Elas estão, como tudo naquele ano,
carregadas por um “se pudermos”, significando o que deveríamos desejar se não
estivéssemos forçados a fazer outra coisa. Elas parecem até especialmente ampliadas,
quando comparadas com aquilo que depois, no ano de 1924, foi estabelecido como meta
da classe liberada do exame de conclusão prematuro. Na época não foram feitas
indicações concretas para a física.
293
As “palestras sobre ótica” são aquelas do assim chamado Curso de Ótica do Natal de
1919, “Lichtkurs”.
295
14 - ENSINO DE QUÍMICA
Essa frase, mesmo que proferida quando do tratamento do ensino de química para a 11ª
classe, tem significado para a edificação do ensino de química todo. A sua tendência
manifesta-se – menos ou mais nitidamente – no estabelecimento de objetivos para todas
as classes. Por isso ela é mencionada logo aqui, nesta posição.
Seguem agora as indicações do currículo para cada classe:
Aqui Rudolf Steiner dá ao professor de química uma tarefa difícil: ao mesmo tempo em
que permanece totalmente no qualitativo, formar representações adequadas sobre os
processos químicos que ocorrem nesses corpos orgânicos e proporcioná-los às crianças.
- Após o professor haver comunicado que no ano precedente havia tratado da diferença
entre ácido e base:
Aqui fica bem claro por que importa a Rudolf Steiner fazer o complexo de conceitos
ácidos, base, sal dentro dos organismos, que apenas se desenrola em graus diferentes no
mineral, planta, animal e Homem. A própria experiência com o suco alimentar e a base
que, nas ocorrências sem vida, tem de se compensar em todos os casos, no animal são
introduzidos em uma legismetria mais elevada, à qual tem de se ordenar.
Esses conceitos básicos da química são levados adiante, também na 11ª classe, tratados
como sendo os princípios de edificação do mundo das matérias.
299
O processo típico aqui referido por Rudolf Steiner é visivelmente aquele da formação de
sal e sua inversão em todas as suas modificações.
Para a primeira 12ª classe (1923/4) não se apresenta uma indicação para sua meta
propriamente dito. Mas, há uma importante resposta de Rudolf Steiner a uma pergunta
sobre o emprego de fórmulas químicas no ensino (24 de abril de 1923). Até este ponto
os professores encarregados do ensino de química ainda não havia sentido a necessidade
de empregar a linguagem de fórmulas químicas. Rudolf Steiner respondeu:
totalmente sem sentido. É triste que tenhamos de entrar nessas fórmulas mas
temos de levá-lo em consideração.” (24.de abril de 1923)
Algo mais tarde, em 12 de julho de 1923 Rudolf Steiner manifestou-se mais uma vez
sobre o ensino de química na 12ª classe. Ele havia vindo diretamente de sua visita ao
ministério da educação, onde havia se informado sobre as condições para a permissão
para um exame de conclusão extraordinário:
Para a 12ª classe seguinte (1924/25), o currículo de química foi indicado em 30 de abril
de 1924:
Deve parecer estranho que depois de, nas indicações do currículo para 11ª classe, a
diferenciação entre química orgânica e inorgânica haver sido rejeitada, agora, na 12ª
classe, devam ser diferenciadas até mesmo quatro química diferentes. Mas, nisso
manifesta-se a relação: a envelhecida diferenciação “tradicional” de química orgânica
lembra ainda, com efeito, a diferença entre os processos em seres vivos e aqueles que
ocorrem no âmbito do morto do mineral, porém, está a muito reduzida à separação
puramente resultante da especialização das ciências, da química da matéria carbônica
dos demais elementos. Só ao rejeitar a utilização tornada sem sentido, da palavra
302
“orgânica”, Rudolf Steiner criou novamente espaço para voltar a dar um verdadeiro
sentido a essa palavra ao lado de “mineral”, “animal” e “humano”, de modo que para
ele “orgânica” é a química dos processos especificamente vitais que transcorrem no
organismo. A diferenciação antiga partiu das matérias, daquelas que são encontradas
fora do organismo e daqueles que só se encontram no organismo. Ela não envolve
nenhuma diferenciação pela observação. A nova diferenciação parte do ponto de que os
processos que transcorrem de uma determinada maneira no mundo mineral são
modificados de maneira específica nos organismos vegetais, animais e humanos.
O Currículo de química se apresenta como um desafio sumamente difícil. Ele demanda
nada menor que uma completa reconstrução do sistema até agora vigente para a
química, até na apreensão conceitual dos fatos. Isto se torna ainda mais claro quando
acrescentamos as palavras que Rudolf Steiner pronunciou imediatamente após as
últimas indicações para currículo, quando um professor perguntará se deveriam ser
discutidos também os aspectos quantitativos dos processos químicos:
15 - HORTICULTURA
O que Rudolf Steiner desejava com o ensino de horticultura ao se decidir pelo mesmo, o
que originalmente não estava previsto, mas que simplesmente se ofereceu através das
amplas e belas terras que formavam as cercanias imediatas da Escola, está expresso da
maneira mais nítida nas palavras extraídas da 10ª palestra do Curso de Natal de Dornach
de 1921/22, que vão aqui reproduzidas:
“Pode parecer grotesco, mas temos sempre de voltar a afirmar: um homem que
não aprendeu a distinguir o centeio do trigo não é um homem completo. E
podemos ainda ir além: um homem, que só na cidade aprendeu a distinguir
centeio do trigo a partir da qualidade das espigas ou dos grãos, ainda não atingiu
o ideal. Só aquele que pisou o solo em que nasce centeio e trigo e ali aprendeu a
distinguir centeio de trigo, só ele vivenciou propriamente dito o correto. Como
professor deveria evitar proceder botanicamente, entrar na classe com
recipientes de dissecação botânica e distinguir as plantas. Deveríamos, muito
mais, levar as crianças para fora e, onde quer que seja possível, levá-las
realmente à compreensão do vegetal dentro de uma relação real com a terra, com
os raios solares, com a vida. Assim, de maneira bem simples e natural, podemos
encontrar a passagem para outra coisa, que é extraordinariamente importante.”
O que segue mostra como se pode tomar, de maneira sensata, a passagem da botânica
para a geografia e poderia ser consultado no trecho indicado. Aqui, as frases citadas
devem apontar para o fato de que, logo para a população urbana, um ensino sadio de
horticultura pode criar as condições sob as quais as crianças urbanas possam “vivenciar
o correto” em relação às plantas. Por isso devem ser adicionadas aqui as palavras que
precederem imediatamente as frases acima mencionadas:
em tais condições – pode-se perceber isso nas pessoas educadas na cidade – que
não mais sabem distinguir o centeio do trigo.” (Dornach, 1921/22)
Talvez devamos considerar isto como uma indicação de até onde o ensino de
horticultura deva ser conduzido e do que Rudolf Steiner gostaria de ver atingido em
termos de uma verdadeira em uma tarefa de tratamento pelas crianças no 6º ano de vida.
E devemos lembrar-nos de que ele deu uma tarefa bem semelhante às crianças de
mesma idade na prestação de primeiros socorros.
Na primavera de 1924, na primeira conferência na Escola Waldorf Rudolf Steiner dada
por Rudolf Steiner após o Curso de Natal de Dornach, foi mais uma vez falado a
respeito do jardim da escola e sobre como se poderia explorá-lo para o ensino de
botânica. Naquela ocasião, o Curso Agronômico de Koberwitz ainda não tinha tido
lugar. Deveria ser considerado sob esse ponto de vista o que Rudolf Steiner disse então:
Também Hans Strauss, como seguidor de Gertrud Michels, deixou um projeto para um
currículo que amistosamente colocou à minha disposição. Ele deu importância também
à época do ano em que não pode ser exigido das crianças trabalhar ao ar livre, por meio
de trabalho prático em sala de aula e através de complementação por consideração sobre
as experiências adquiridas no trabalho externo que fora feito. A partir de um trabalho
conjunto com o mesmo resultou, em 1938, um ano após a dissolução da primeira Escola
Waldorf de Stuttgart, o currículo que reproduzimos abaixo:
“Sexto até oitavo anos escolares: as crianças são introduzidas de maneira simples na
horticultura prática e se exercitam trabalhando o solo e nos trabalhos de cultivo, de
tratamento e de colheita. A repetição dos trabalhos durante três anos proporcionam uma
visão direta da essência da frutificação resultante.
Quando os trabalhos ao ar livre se tornam impossível, nos meses de inverno, as
realizações de jardinagem empreendidas no verão são discutidas com as crianças de
modo tal que elas aprendem a ver as relações e aprendem como, através do desvelo de
seu trabalho, podem contribuir para a realização de um crescimento sadio e de uma boa
colheita. Além disso, são traçadas esteiras e feitos outros trabalhos auxiliares leves.
Nono ano escolar: os alunos são conduzidos à construção intensiva de horta, ajudam na
cultura de plantas e no tratamento do composto. A isso se acrescenta o tratamento das
flores, dos arbustos frutíferos e das árvores frutíferas. No inverno são tratadas as
relações do crescimento das plantas com o subsolo e como as condições celestes e de
clima. Acrescenta-se ainda a origem das mais importantes plantas da cultura, suas
condições de cultivo assim como seus métodos de multiplicação.
Décimo ano escolar: os trabalhos feitos no nono ano escolar continuam sendo
exercitados. A isso se acrescenta a poda das árvores e arbustos. No inverno são feitos
trabalhos manuais como o conserto de utensílios danificados e construção de caminhos.
A isso se acrescenta uma introdução esmerada no ensino sobre adubos, a qual dá
oportunidade a variadas perspectivas de questões da agronomia e da pecuária.”
307
A respeito desse ensino, só tenho conhecimento do que Rudolf Steiner falou por ocasião
da inauguração da primeira 10ª classe, no verão de 1921:
“No ensino sobre saúde, as ataduras simples, mais ou menos aquilo a que se
denominam primeiros socorros em casos de acidentes. Manter a presença dos
meninos. Será resultado de um trabalho discreto e sutil. Não se tratará de que
eles achem que sabem fazer pronto socorro; é suficiente que recebam uma noção
disso. Uma aula por semana durante meio ano. – Temos de atentar para que as
meninas observem o que é mais característico dos meninos e que os meninos
observem aquilo que é mais característico das meninas. Os meninos não
deveriam fazê-lo, eles deveriam acostumar-se – e logo isso é muito bom – a
participar. Conversar um pouco sobre o assunto, qual a menina que sabe fazer
melhor.” (17 de junho de 1921)
Na incorporação concreta das matérias de ensino ao horário de aulas vê-se que resultou,
para o ensino de primeiros socorros, um número de aulas por ano diferente daquele do
primeiro projeto, de 17 de junho de 1921, que estabelece uma exigência ideal a respeito.
308
Na primeira das três palestras sobre Pedagogia Popular Rudolf Steiner disse o que
segue, após haver colocado para si mesmo a pergunta “O que deve ser feito com o
Homem depois que ele... venceu a escola unificada elementar e ascendente para a vida
adiante:
que, mesmo sendo uma escola especializada, ainda assim é uma escola
unificada; só que essa escola unificada conterá tudo aquilo que para a vida deve
conter – e, se não contivesse, ainda mais profundidade na calamidade social do
que já estamos. Ciência da vida, todo ensino deve dar. Para o ensino na faixa de
idade e 15 a 20 anos entrará tudo aquilo que diz respeito à agricultura, às
profissões, à indústria, ao comércio, porém de maneira sensata e econômica.
Nenhum Homem poderá atravessar essa faixa de idade sem que receba uma
noção a respeito do que ocorre na agricultura, no comércio, na indústria, em
profissões. Essas coisas terão de ser conformadas como disciplinas que são
infinitamente mais importantes do que muito material que, atualmente, preenche
o ensino nessa faixa de idades. – Nessa idade, então, terão de entrar todas
aquelas coisas que agora desejo chamar de assunto de cosmovisão. A isto
pertencerão, antes de tudo, história e geografia, tudo aquilo que se relaciona com
conhecimento da natureza – mas sempre em relação ao Homem, de maneira que
Homem venha a aprender a conhecer o Homem a partir do universo.”
Sem qualquer referência à Escola Waldorf, cuja preparação estava então sendo
concebida, é desenhado aqui um quadro da mesma – desculpem o pleonasmo - ideal
porque o quadro é desenhado de maneira tal como se cumprido estivesse o que deveria
ter suas bases assentadas: uma escola unificada até o amadurecimento para o ingresso
em escola superior, que em seu segundo grau realmente reunisse o aprendiz e o futuro,
enquanto que hoje sentam-se na Escola Waldorf certamente futuros estudantes, mas
quase nenhum aprendiz. Por isso, em continuação ao trecho, foi dito o seguinte:
Portanto, aqui está descrita a escola unificada social para a população toda; a escola, a
partir da qual os caminhos conduzem a todas as profissões; em particular sua estrutura
superior, em que estão fixadas duas metas, ciências da vida e assuntos da cosmovisão:
assuntos de cosmovisão, como representante de tudo aquilo que pode conduzir o
Homem para a edificação de sua cosmovisão individual quando ele sentir-se inclinada a
310
“Em lugar de ter o Homem sua atenção desviada para as épocas culturais mais
remotas, que assimilaram suas estruturas sob condições sociais totalmente
diferentes, deveria, logo na idade em que a alma da sensação chega à existência
vibrando delicadamente, do 14º, 15º ano em diante, o Homem ser introduzido
diretamente na vida atual a mais próxima possível, - ele teria que conhecer o que
ocorre na lavoura, ele teria que conhecer o que ocorre na indústria, ele teria que
conhecer as diferentes ligações comerciais. O Homem deveria assimilar tudo
isso. Imaginamos como ele então partiria para a vida de modo bem diferente,
como ele seria um Homem autônomo e como não permitiria que lhe
impingissem aquilo que hoje é enaltecido como a mais elevada conquista da
cultura e que nada mais é do que a mais devastadora manifestação de
decadência.” (Pedagogia Popular, 3ª palestra)
“Não tenho dúvida em sustentar que, aquele nunca trabalhou com as mãos, não
pode ver verdade nenhuma de modo correto, nunca está verdadeiramente dentro
da vida espiritual.”
E prossegue dizendo:
Por meio dessa comparação, geografia e ciência da vida recebem tarefas totalmente
paralelas; ambas devem configurar a representação restante do Homem de uma maneira
abrangente do todo: a geografia, no sentido de uma imagem especial e a ciência da vida,
no sentido de uma imagem tal que teça nos conceitos sociais. Rudolf Steiner
recomendou então:
“Não poderíamos deixar de, a partir dos conceitos que ganhamos da física e das
ciências naturais, introduzirem a criança no funcionamento, pelo menos, dos
sistemas industriais mais próximos. De um modo geral a criança deveria receber,
com o 15º e 16º anos (de vida), um conceito daquilo que ocorre em uma fabrica
de sabão ou em uma fiação.” e, depois, dirigindo-se ao Sr. Emil Molt, haver dito:
“Creio que o Sr. Emil Molt me dará razão se eu afirmar que, se precedêssemos
economicamente, poderíamos levar à criança todo o processo da fabrica de
cigarros, até mesmo do princípio ao fim, resumindo em algumas frases curtas
que deveríamos tornar o assunto compreensível apenas a partir da matéria
normal de ensino.”
Ele recomendou:
“Se nesses anos o Homem compilasse uma espécie de caderno dentro do qual
constasse: fabricação de sabão, fabricação de cigarros, fiação, tecelagem, etc.,
isso, já seria muito bom.” (Metodologia e Didática, 12ª palestra)
Ele dá ainda algum desenvolvimento a esse assunto. Isto, porém, poderá ser consultado
no trecho indicado.
No que até aqui foi abordado está desenvolvida a tarefa da ciência da vida, no sentido
das exposições contidas nas palestras sobre Pedagogia Popular, em verdade para as
últimas classes da escola primaria e daí para diante; falava-se de ciência fabril. Isto vai
exatamente ao encontro do que, nas palestras sobre Currículo , havia sido indicado para
ciências naturais na 7ª classe:
E, para a 8ª classe:
Ambos esses trechos foram incluídos no texto desta obra como textos de currículo para
geografia e isso a mim também parece ser o correto. Porém, parece-me muito mais
importante notar que as diferentes linhas de desenvolvimento aqui se encontram de
maneira surpreendente e tal que se produzem uma imagem do mundo espacial exterior e
uma imagem do desdobramento das forças sociais na configuração da vida, naquele
ponto da carreira escolar da criança que, por transição, é marcado na vida exterior. Essa
linha é também conduzida adiante. O currículo da física da classe 9ª classe é colocado
inteiramente no tema da ciência da vida; em outras matérias a mesma coisa entra mais
ou menos no pano de fundo, mas, uma tendência para considerar o mundo como o
espaço vital do Homem pode ser observado nesses anos em todas as matérias.
Nos 7º e 8º anos escolares as metas de ciência da vida estão introduzidas na geografia;
no 9º ano escolar, principalmente na física; no 10º ano escolar, entretanto, elas surgem
como matérias próprias. Por ocasião do assim chamado “Curso Complementar” Rudolf
Steiner disse o seguinte, na palestra, após exposições sobre o desenvolvimento
diferenciado dos meninos e meninas na idade que se acerca da puberdade:
“Devemos incluir no currículo, logo nessa idade, aquilo que leva o menino à
apreensão também das coisas práticas, aquilo que o leva à relação com o mundo
exterior. Por isso vamos fazer o seguinte em nosso currículo para a 10ª classe,
vamos dizer a nós mesmos: já nessa idade teremos de ter meninos e meninas
misturados para levar o social em conta de maneira correta; entretanto, teremos
de introduzir uma diferenciação nas atividades. Não devemos, porém, separar os
meninos das meninas. Os meninos devem ver se o que as meninas executam,
mesmo que eles não tomem parte, e as meninas devem ver o que os meninos
executam: ambos têm de se manter em comunicação socialmente. Mas, temos de
incluir também aquilo que o pensamento conduz para fora da cabeça, que recorre
à agilidade interior da mão, mesmo que seja algo simplesmente ensinado,
mesmo que seja só algo teórico. Deve-se haver, de fato, uma teoria sobre a
prática. Por isso é necessário, para que os meninos logo nessa idade absorvam
algo que lhes seja conveniente, que tratemos com eles algo da mecânica, não
simplesmente da mecânica teórica como a que desenvolvemos na física, mas da
mecânica prática, que leva à construção de máquinas. Os primeiros elementos da
mecânica técnica precisam ser incluídos em nosso currículo.
Com a menina temos de tomar algo por cujo meio ela ganhe representações e
habilidades claras para fiar e tecer. A menina tem de aprender a entender fiação
e tecelagem, tem de aprender como surgem o fio e o tecido, tem de saber o que
significa: algo é um tecido; tornou-se tecido de modo mecânico. A menina
precisa ser introduzida na técnica de como surgiu, precisa ganhar uma relação
com isso. Isso faz parte dessa idade.
O menino, por outro lado, nessa idade precisa – mesmo que apenas os
elementos, tanto quanto seja necessário para entender o assunto – receber
ensinamentos das bases preliminares da agrimensura e do desenho de plantas.
E a menina precisa receber os primeiros elementos de cuidados com a saúde e de
higiene, da mesma maneira como se liga esta àquela. Ambos os sexos precisam
participar em ambos os assuntos. Temos de levar, portanto, fiação, tecelagem e
cuidados com a saúde à menina; para o menino, a época de apresentação dessas
coisas vem mais tarde. E as meninas, por seu lado, têm de ver como os meninos
sabem lidar com os instrumentos de nivelamento. Isso só se pode fazer na Escola
Waldorf: focalizar uma diferença de nível e transpor um pequeno plano para
outro local. Resumindo: deve ser despertado tudo que faça o Homem
315
E, após uma observação intermediária em que ele falou novamente sobre essa questão
no sentido em que o havia feito nas palestras sobre “Pedagogia Popular”, ele disse:
Essas palavras foram proferidas em 16 de junho de 1921. No dia seguinte teve lugar a
conferência em que foi estabelecido o currículo para a primeira 10ª classe. Ali se
concretizou a colocação de metas que havia sido feita no Curso Complementar:
“Ai teríamos de partir tratando dos utensílios como roca, tear, etc. e,
primeiramente o fiar e tecer primitivos. Os senhores não terão, como resultado,
mais do que o conhecimento das coisas mais simples através do conceito. Os
senhores não precisam mais do que chegar ao ponto de como se obter o tecido. E
sintam-se felizes se conseguirem obter uma habilidade em três anos. – É preciso
que faça parte o conhecimento dos materiais. E, em segundo lugar, o
desenvolvimento histórico-cultural em forma de histórias. Com Isso pode-se
tornar o assunto mais atraente. Elas precisam, naturalmente conhecer as formas
complicadas, uma vez que as elementares não são mais usadas.” (17 de junho de
1921)
A seguir foram abordados primeiros socorros que formam uma matéria própria, uma
vez que também, como a agrimensura faz parte do âmbito da ciência da vida.
E depois, novamente sobre mecânica técnica:
317
Com isso está delineado o âmbito das matérias de ciências da vida até o ponto em que
se referem ao 10º ano escolar. E a imagem da escola unificada social, que realmente
abrange todas as crianças de duas áreas da população, está colocada. Estão unificados
dois caminhos de formação que conduziriam a metas diferentes, porém, as metas
permanecem pois que são exigidas pela vida e sua necessária configuração, e dela ficam
dependentes. E a essência da Escola Waldorf também precisa orientar-se nesse sentido.
Rudolf Steiner ocupa-se desse assunto especialmente no assim chamado Curso de Natal
de Dornach para professores, na passagem do ano 1921/22:
Isso está na 12ª palestra. Na 14ª palestra Rudolf Steiner torna a ocupar-se desse tão
importante e parte de uma significativa observação sobre Agostinho, sobre sua posição
no curso de desenvolvimento da consciência humana:
Após haver se pronunciado acerca do que, a esse respeito, falta na atualidade, Rudolf
Steiner voltou a falar da edificação da Escola Waldorf com suas matérias de ciência da
vida:
de levar todas essas coisas o mais que possível em formulações simples; aí,
poderemos levar inteiramente essas coisas, na idade correspondente, de maneira
sensata, aos alunos e alunas. É isso que devemos almejar, que alunos e alunas
tomem inteiro conhecimento do sentido de nossa vida cultural. – Temos apenas
de, no ensino de química e de física, já preparar tudo de maneira que, por outro
lado, se possa construir sobre isso, da maneira mais econômica possível, os
aspectos bem práticos da vida quando tiver chegado à puberdade.”
Só se poderá conduzir frutiferamente esse ensino de ciência da vida depois, também nas
classes mais adiantadas, se já houver sido trabalhado nesse sentido nas classes do
primário. A ciência da vida – podemos dizer - , em sentido mais amplo, abrange a
escola inteira.
Depois é apontado o fato de que alunos chegam também à idade em que precisam ser
diferençados conforme as profissões a que aspiram, primeiramente conforme o desejo
de alcançar “mais mental” ou “mais manual”. E continua, dizendo:
“Aqueles alunos e alunas que, por seu especial talento, se prestam mais para
profissões mais mentais, precisaremos naturalmente educá-los e ensiná-los nesse
sentido. Mas, aquilo que em idades mais adiantadas também será desenvolvido
unilateralmente no Homem precisa, em certo sentido por meio de outro
desenvolvimento, ser elevado para uma espécie de totalidade. Se, por um lado,
levamos ao aluno e a aluna impulsos da vontade, que vão para um o corpo astral
demanda, quando forma seus impulsos da vontade no sentido de um lado
determinado, que os impulsos de reconhecimento, que também repousam nele,
sejam também formados em direção ao outro lado da vida – temos então que
formar os impulsos de reconhecimento de maneira tal que o homem tenha pelo
menos visão observativa em áreas da vida prática que lhe traga um sentido para
a totalidade da vida prática.”
Com isso, é bem significativamente apontada uma importante relação que pode ser
claramente vista no tratamento do ensino de arte e da estética.
A título de encerramento das indicações para as matérias de ciências da vida na 10ª
classe deve ser ainda reproduzida a resposta que Rudolf Steiner deu, dois anos após a
introdução desse ensino, quando lhe fora dito que as crianças haviam indagado sobre o
sentido mais profundo do aprendizado de fiação:
“Isso se encaixa de maneira primorosa em sua vida anímica e elas aprendem, por
esse meio, a conhecer verdadeiramente a vida prática quando meramente se olha
um objeto, mas sim quando se o faz tal como realmente é feito. As crianças
devem simplesmente observar: aprender a fazer um par de chinelos, pode-se
também em oito dias, mas aprendiz de sapateiro se seria durante três anos.” (14
de fevereiro de 1923)
No verão de 1922 a tecnologia teve sua estruturação ampliada para a nova 11ª classe,
então mais elevada:
“Agora tem que ficar claro para nós que nessa classe é preciso entrar
encadernação e cartonagem e algo do ensino sobre rodas d’água e turbinas, e,
depois, fabricação de papel. Isso deveria ser levado a efeito na tecnologia. Trata-
se de que, com o tema rodas d’água, turbinas e fabricações de papel se têm
muito que fazer” (20 de junho de 1922)
322
Com isso estava fixado o novo tema. Encadernação e cartonagem foram anexadas ao
ensino de trabalhos manuais.
No dia subsequente foi novamente falado a respeito e o currículo para 11ª classe foi
estabelecido:
“Rodas d’água, turbinas e fabricação de papel. Devo dizer: não posso imaginar
que aí também não se consiga que os meninos tomem parte em tudo. Não deve
degenerar, para que não surja resistência.” (21 de junho de 1922)
“Em princípio as crianças podem. Mas é bom que introduzamos turbinas d’água,
fabricação de papel. Quanto à tecelagem, podemos voltar a ela mais tarde. Eu
disse há algum tempo atrás: isso deve-se conhecer pouco a pouco. As crianças
vão receber muito se lhes ensinarmos a fabricação de papel e as rodas d’água e
turbinas. Podemos ganhar perspectivas geográficas, significado dos cursos
d’água. Podemos ir além, até uma economia nacional elementar.” (22 de junho
de 1922)
Para o 12º ano escolar, o currículo foi novamente tratado por duas vezes:
“Só podemos introduzir, como tema novo, uma aula de tecnologia química.” (25
de abril de 1923)
323
“Tivemos tecnologia a partir da 10ª classe. Na 10ª classe tivemos tecelagem que
efetivamente não foi dada. Deveríamos fazer tecidos pela maneira mais simples.
Basta fazê-lo no “Modell”. Na 11ª classe, turbinas a vapor.” - quer dizer:
turbinas.
Com isso está concluída a última indicação de Rudolf Steiner para tecnologia e, assim,
para a ciência da vida em geral. A palavra tecelagem mostra que ele realmente se referia
ao tecer e não à atividade que produz o tecido acabado. A expressão “turbina a vapor”
deve ser encarada como um engano, mesmo que fosse inteiramente imaginável na
construção e funcionamento da turbina d’água de uma exposição esboçada da turbina a
vapor. O tema para a 12ª classe não foi então indicado. Talvez falte apenas em
estenografia.
324
2º
4º
Trabalhos Manuais
5º
6º
Ensino de Artes Aplicadas
Terra toda
Geometria descritiva
8º
geografia: medições
11º
Tecnologia química ensino em arte, técnica de
construção
12º
325
18 – MÚSICA
Em ligação com isso, Rudolf Steiner exige que assim chamadas crianças não musicais
também participem no ensino de música:
Nas quatro enigmáticas palestras de Stuttgart - 1920, que foram publicadas sob o título
um tanto inadequado “Meditativ erarbeitete Menschenkunde”, é retomado o tema que já
foi significativamente tocado no trecho extraído da 3ª palestra do Curso de Metodologia
e Didática. Tal como ali o assunto tratava da harmonização do dionísico através do
apolônico, agora é dito o seguinte:
“Aquelas forças que são de natureza musical, são obsorvidas mais do mundo
exterior, do mundo exterior ao Homem, a partir da observação da natureza, a
partir da observação dos processos na natureza, sobretudo a partir da observação
de suas regularidades e irregularidades. Através de tudo aquilo que ocorre na
natureza passa uma música misteriosa: a projeção terrestre da música das
esferas. Em cada planta, em cada animal está, em verdade, incorporado um tom
da música das esferas. Este é também o caso com respeito ao corpo humano,
porém, não mais vive naquilo que é fala humana, ou seja: não nas
exteriorizações anímicas, mas certamente no corpo, em suas formas, etc. Tudo
isso a criança assimila inconscientemente; e isto faz com que as crianças sejam
musicais em grau tão elevado. Elas assimilam tudo isso no organismo. Aquilo
que elas vivenciam em formas de movimentos, em linhas, em elementos
plásticos provém de dentro da cabeça. Contrariamente, tudo aquilo que é
assimilado pela criança em estruturas de tons, em conteúdo da fala, vem do
exterior. E esse elemento que vem do exterior volta a atuar, porém algo mais
tarde,
Nessas sentenças vai reproduzindo algo que, por si, é apenas um dos pontos de carne de
curso de pensamento de uma palestra inteira, da 2ª das quatro palestras mantidas no
outono de 1920 em Stuttgart. É recomendado ao leitor ler essa palestra inteira e
considerá-la como um todo, mesmo que o curso do pensamento ultrapasse o âmbito da
música. A esse todo pertence também à consideração extraída da 3ª palestra do Curso de
Metodologia e Didática, reproduzida linhas acima. O assim chamado Curso
Complementar de 1921 retoma o mesmo problema desde o principio, ampliando-se por
sobre a música: volta a ser falado de uma luta, de “defender-se”, de “inculcar”, de
“adaptar-se”:
Para tudo o que é observado animicamente podemos também ver, com o olhar,
os coadjuvantes efeitos corporais-físicos exteriores. Há pouco falei do fato de
que a criança quer desenvolver os músculos, os ossos de conformidade com
aquilo que existe interiormente nela. Agora, à aproximação do 12º ano de vida, a
criança começa e não mais querer viver meramente em ritmo e cadência, mas
fazer os sentidos de ritmo e cadência se acabarem no pensamento abstrato, do
mesmo modo como nessa época a parte do músculo, que se acaba no simples
tendão, se fortalece gradualmente sempre mais e mais. Antes, todos os
movimentos são dirigidos mais ao músculo como tal; depois para aquilo que se
acaba no simples tendão. Tudo que ocorre no espiritual-anímico tornamos a
encontrar no corpóreo-físico. E essa abrangência da vida do tendão de ligação de
osso e músculo é a expressão física exterior da franca penetração de elementos e
de cadência, a partir do mero elemento do sentir, naquilo que agora é lógico, que
agora não mais é ritmo e cadência. Tudo que ganhamos por meio do
reconhecimento humano temos que levar inteiramente ao encontro da arte de
educar e ensinar.” (Dornach 1921/22, 9ª palestra)
Nas duas palestras de 1923 sobre música, depois de importantes explicações sobre o
desenvolvimento humano-histórico da música, Rudolf Steiner entra nas tarefas do
professor de musica na Escola:
“Todas as forças da criança, uma vez passada a troca de dentes, ansiam por uma
imagem plástica interior. E estaremos apoiando essa imagem se nos acercarmos
da criança, por meio de imagens, em tudo aquilo que lhe transmitirmos. Depois,
entre o 9º e o 10º anos de vida, surge algo digno de nota. Aí a criança deseja
muito mais que antes, ser colhida pela música, ser colhida por ritmo. Se
observarmos a criança em relação à assimilação da música até esse momento da
vida, entre o 9º e o 10º anos, e como também a música vive em verdade
plasticamente na criança, como a música se torna naturalmente em plástica
interior do corpo, como a música na criança também se transpõe facilmente para
uma espécie de dança, para a movimentação, então teremos de reconhecer como
verdade apreensão interior da música só surge precisamente entre o 9º e o 10º
ano. Isto será muito nitidamente perceptível. Obviamente as coisas não são tão
fortemente diferençadas umas das outras, e, quem observar atentamente essas
coisas cuidará da música antes do 9º ano, porém, de maneira correta – tendendo
mais para aquele lado que eu caracterizei. Se não, entre o 9º e o 10º ano a criança
receberia um choque quando o elemento musical repentinamente dela se
acercasse e ela fosse então colhida inteiramente na condição de estar totalmente
desabituada, sobretudo, de ser colhida interiormente de modo tão intenso.”
(Dornach 1923, 3ª palestra).
O curso de Ilkley de 1923, em sua 12ª palestra, considera o ensino de música em seu
significado como meio educativo para a vontade da criança:
música, mas também que seu elemento humano possa ser favorecido de maneira
especial logo no sentido da vontade e da índole, por meio desse ensino de
música. – Para tanto é certamente necessário que se parta do canto, mas que se
passe logo que possível para a apreensão da música instrumental, de modo que a
criança aprenda a separar a pura música, ritmo, compasso, melodia de todo o
restante, das imitações da música e coisas semelhantes, de tudo que é pictórico
na música, e chegue sempre mais e mais ao ponto de aprender a pura
musicalidade na música. Precisamente por levarmos dessa maneira a criança
correspondentemente para a arte, de criarmos por meio da arte a passagem do
brincar para a vida, estaremos também em posição, quando depois for
necessário, ou seja, particularmente entre o 11º e 12º anos, de poder desenvolver
junto à criança, de maneira correta o ensino para a compreensão da arte. E isto é
de uma importância muito especial para aqueles princípios de educação que
devem ser realizados pela Escola Waldorf, para que a criança também entre na
correspondente compreensão da arte na idade certa...”
Seguem então frases acerca da tarefa que cabe ao ensino artístico na época em que o
ensino técnico de ciências naturais, com sua estrutura lógica e causal, precise ser levado
à criança:
“E, assim como o Homem vivencia a música, assim ele próprio é conformado
em suas formas a partir da música. Por conseguinte, se o professor quiser ser um
bom professor de música, se quiser, sobretudo como já deve ser o caso desde o
início da época escolar no primeiro grau ensinar canto à criança, o que deve ser
feito, ele precisa então efetivamente compreender que o canto se emancipa; pois
o corpo astral ‘cantou’ anteriormente e efetuou as formas do Homem. Agora o
corpo astral emancipa-se entre a troca de dentes e a puberdade, e, aquilo que
extravasa da música é o que autonomamente configura o Homem. Não admira
que isso, que é tão penetrado pelo Homem, seja introduzido como algo óbvio no
ensino de canto por um professor de música que entende tão bem as coisas – e
depois, novamente introduzido na música instrumental. Por isso tentamos, tão
cedo quanto possível e tanto quanto as crianças tenham talento para tal, cevar a
criança desde cedo não só ao canto, mas também direto ao manejo de um
instrumento musical qualquer, para que ela tenha a possibilidade de realmente
também entender que vive em sua forma, quando se emancipa.” (Arnheim 1924,
8ª palestra)
o bem estar do soar, pois o soar é efetuado por meio de uma circulação especial
da respiração. Isto é música interior. E por isso precisamos, enquanto a criança
no começo, nos sete primeiros anos de vida, aprende tudo só por imitação,
precisamos agora tentar que a criança aprenda o canto pelo bem estar interior
que ela ganha ao formar melodias, ao formar ritmos. Quando os senhores estão
diante da classe e ministram ensino de canto, precisamos ter uma ideia para a
qual desejo servir-me de uma comparação que é um tanto grosseira, mas que
lhes tornará claro aquilo que quero dizer.”
“... mas desejo dizer que algo, em grau superior, deve realmente existir na
criança, esse bem estar da progressão interior de um soar. Pensem só, senhores,
se um violino sentisse o que ocorre nele! Nós apenas ouvimos o violino, ele está
fora, somos estranhos à geração de som toda, ouvimos apenas brilho exterior do
seu sentido. Se o violino pudesse sentir como cada corda vibra com a outra,
vivenciaria muita felicidade, - pressupondo-se que a peça musical seja boa. –
Assim os senhores precisam fazer a criança vivenciar essas pequenas felicidades,
suscitar verdadeiro sentimento para música em todo o organismo, os senhores
próprios precisam ter alegria nisso. – Naturalmente é preciso que se entenda algo
de música. Mas, faz parte do ensino esse elemento artístico que acabei de
explicar. Por isso é necessário – porque o verdadeiro decurso dos professores na
essência humana entre a troca de dentes e a puberdade o exige – logo, desde o
início, desenvolver o ensino de música para a criança e, tanto quanto possível,
primeiramente acostumar a criança a cantar, bem empiricamente, sem teoria,
pequenas canções. Sim, fazer cantar nada mais que pequenas canções, estas
porém bem cantadas! E pouco a pouco passar, primeiro para as coisas mais
simples para que a criança só gradualmente assimile o que seja melodia, ritmo,
compasso, etc. Primeiramente, a partir do todo, acostumar as crianças a cantar
cançõezinhas simples, também a tocar de modo simples, tão bem quanto
possível. – Se a disposição não for totalmente contrária, começaremos na Escola
Waldorf, tão logo as crianças entrem na Escola, a fazê-las tocarem um
instrumento qualquer, a ensiná-las logo a manejar um instrumento – como foi
337
“Para tanto, viria em ajuda daquilo que será discutido mais adiante: aquela
elasticidade e docilidade que a criança assimilará, a partir do ensino de canto,
para seus órgãos da fala. E, sem que o intentemos, produzir-se-á um sentimento
mais refinado para sons alongados, aguçado etc. Não é absolutamente necessário
que isso seja objetivado na música, se a criança for introduzida na compreensão
aditivada daquilo que o instrumento produz na música, primeiramente de modo
mais simples e, para o ouvido, - se me permitirem agora a formar a palavra,
porque aqui não se pode falar de uma ‘visão geral’ – ao modo de uma ‘audição
geral’. É possível entender o que quero dizer: de ‘audição geral’ é aquilo que é
vivenciado interiormente de fato como uma dentre muitas coisas, de modo que
as coisas não se atropelem ao serem assimiladas interiormente.” (Palestras sobre
Currículo, 1ª palestra)
“Aí, antes de mais nada, terá que se atentar para como também a música, no
primeiro ano escolar, é buscada tanto quanto possível no simples-elementar, e
como, depois, é feita a passagem para o complicado, mais ou menos a partir do
terceiro ano escolar, de modo que a criança pouco a pouco assimile, tanto no
instrumento, e, sobretudo no instrumento, como também no canto aquilo que,
logo plasticamente, é formativo das aptidões da criança. È na música e também
nas demais artes que a ginástica e a euritmia devem ser buscadas.” (Palestras
sobre Currículo, 2ª palestra)
As verdadeiras indicações para currículo dos primeiros oito anos escolares encontram-se
logo no início da 3ª das Palestras sobre Currículo. Elas são precedidas de uma
observação sobre a maneira como essas indicações devem ser compreendidas, e essa
observação deve também aqui entrar em primeiro lugar:
339
“Da mesma maneira que só podem indicar linhas gerais para atividades plásticas
artísticas, também para a música só se podem indicar linhas gerais. As
particularidades devem, evidentemente, ser deixadas à liberdade pedagógica.
Desejaria pedir agora que essas linhas gerais sejam consideradas de modo tal
que, no fundo, permitam incorporar ao ensino pedagógico de música tudo que
se considere como sensato.” (Palestras sobre Currículo, 3ª palestra)
“E nos dois últimos anos escolares; no sétimo e oitavo anos escolares, peço que
levem em consideração que a criança não tem mais, de modo algum, o
sentimento de que esteja sendo “adestrada” para alguma coisa, mas sim, que a
criança já tem o sentimento de que a música é cultivada porque lhe dá prazer,
porque quer fruí-la como algo bom para si. É nesse sentido que o assim chamado
340
ensino de música precisa atuar. Por isso pode ser tomado, nesses dois anos, o
julgamento musical. Já pode ser chamado à atenção para qual o caráter desta
obra musical e qual o daquela, que caráter tem uma obra de Beethoven e que
caráter tem uma obra de Brahms. Portanto, deveríamos levar a criança ao
julgamento musical de uma maneira simples. Anteriormente, tínhamos de
impedir o julgamento musical, mas agora temos de cultivá-lo. - Agora é de
importância muito especial que entre certo entendimento: os senhores sabem que
indiquei para o período da manhã exatamente a mesma coisa para uma obra de
arte plástica – na 2ª conferência. Eu dissera: primeiramente utilizamos o desenho
de tal modo que a escrita nasça dele. Depois, o desenho é utilizado pelo fim em
si. Portanto, a arte forma aquilo que vem ao caso. Naquele momento em que a
criança passa das formas utilitárias para o desenvolvimento de formas artísticas
livres em desenho e pintura, naquele momento - portanto entre o 3º e o 4ª anos
escolares – deve passar também na música, da maneira como descrevi:
primeiramente trabalhar de modo tal que interesse ao fisiológico da criança;
depois, trabalhar de maneira que a criança tenha de se adaptar á arte musical.
Portanto, essas passagens no desenho-pintura e na música deveriam
propriamente dito, corresponder-se mutuamente.” (Palestras sobre Currículos, 3ª
palestra)
“O ensino de música não andará como deveria até que tenhamos a sala grande.
Duas coisas valem: temos de configurar o ensino de música tão perfeitamente
quanto seja possível. Logo quando queremos treinar as crianças, não podemos
fazê-lo suficientemente bem devido à qualidade do instrumento. A audição tonal
delas será completamente arruinada se ouvirem instrumentos de má qualidade.
Esses são os grandes pontos de vista. Poderíamos continuar muito bem com os
velhos cânticos de igreja.” (22 de setembro de 1920)
As “duas coisas” que “valem”: com isso são patentemente referidas as duas condições,
sala adequada para o ensino e excelentes instrumentos. O professor de música disse a
seguir: “Eu desejava mostrar o tom maior e o tem menor na totalidade, de maneira
puramente tonal.” Rudolf Steiner disse a respeito:
343
O professor de música prosseguiu: “Na aula de boas maneiras - que ele havia assumido
como incumbência especial – eu tratarei desse tema em relação com o masculino e o
feminino. Parece que as crianças o aceitaram bem.”
Rudolf Steiner respondeu:
“Acho que seria simpático ligá-lo precisamente com o conta, tratar esse assunto
como sendo vozes masculinas e femininas. Pouco foi tentado nesse sentido e é
com toda certeza positivo que um ensino desse tipo, colocado nessa idade,
relacionado à observação da posição da voz masculina e feminina no canto, iria
contrariar extraordinariamente as falsas sensações sexuais que hoje surgem
fortemente. Isso atuaria beneficamente. - Para mim é um desgosto que não
possamos progredir para o manejo do instrumento. Manejar instrumentos é algo
insubstituível. Não é verdade?, aulas particulares são aulas particulares! - Aqui
iríamos atentar para que, tal como o concebemos, interferisse em toda a
educação. Uma aula particular não contribui em nada para isso. É mesmo uma
pena que não o possamos fazer. Temo que por muito tempo não venhamos a
chegar a isso.” (27 de setembro de 1920)
“Isto é algo que, de resto, também entra em consideração: quero dizer, temos
que ter muita atenção para não fazermos as crianças cantarem simplesmente em
coro, para não descuidaremos do solo em razão do coro. O senhor verá que,
particularmente para as coisas faladas em coro se faz sentir a alma grupal.
Algumas atuam muito bem no coro; o senhor as chama individualmente e não
obtém nada delas. – Precisamos atentar para que as crianças também saibam
fazer individualmente aquilo que sabem fazer em coro, especialmente no ensino
de línguas. O que acontece na classe, no ensino de canto, depende de até que
ponto o senhor considera como certo.”
O professor de música expôs ainda sua intenção de organizar uma pequena orquestra
com os alunos da 10ª classe que tocam um instrumento, “a maioria está incluída”.
Rudolf Steiner disse a respeito:
Em 20 de junho de 1922 foi estabelecido o currículo para a 11ª classe, então instituída
pela primeira vez. Rudolf Steiner disse o que segue, com respeito ao ensino de música:
“Na décima primeira classe, o canto solo. Conduzir para a formação do gosto e
para o julgamento musical.” (20 de junho de 1922)
Para a 12ª classe o currículo foi dado em 25 de abril de 1922 com as seguintes palavras:
“Um órgão para os estilos como tais, um conscientizar-se, por que Bach se
deferência dos demais, esse é o tema principal para a 12ª classe.”
O enceramento do currículo de música deve ser feito pela reprodução de uma conversa
de 18 de setembro de 1923. O professor de música perguntara pela apresentação de
ritmos, que na música é diferente da euritmia. Ele emprega os tipos normais de ritmos
de 2,3 e 4 pulsações são importantes, ou se deveria ir adiante, até aos ritmos de 5 e 7
pulsações. Rudolf Steiner respondeu:
“No que diz respeito aos ritmos de 5 e 7 pulsações, só com as mais velhas, em
todo o caso não com as crianças abaixo de 15,16 anos. Creio que se o fizéssemos
com as crianças abaixo de 15 anos o sentimento musical se degradaria. Penso
comigo mesmo se aquele que tem talento, que viria a ser músico, não aprenderia
por si. É suficiente até 4 pulsações. Deveríamos preocupar-nos com o sentimento
musical permaneça transparente sensorialmente por tempo tão longo quanto
possível, de modo que elas vivenciem diferenciações. Isso – o permanecer
transparente – não permanece quando se tem ritmos de 7 pulsações. Que as
crianças tenham participação ativa através de regência, participação ativa através
de uma espécie de dinâmica, isto é sem dúvida preferível do ponto de vista
pedagógico, mas todas têm de fazê-lo.”
Ao que o professor de música disse: “Até agora só fiz com que todas o fizessem em
conjunto.” Ele havia tratado como marcação conjunta de compasso o que Rudolf Steiner
havia entendido como exercício de regência; assim, o professor de música chegou a
pergunta seguinte: “se não poderia fazer essa regência individual também com crianças
menores.” Rudolf Steiner respondeu:
“Creio que a partir de um momento entre o 9º e o 10º anos de vida pode-se
começar também com isso. Muito daquilo que se decide nesse momento é de tal
espécie que, essa relação especial, quando indivíduo entre uma relação com um
347
grupo, muita coisa dessas relações desempenha um papel aí. Não é inútil que se
estenda isso a outras matérias, como por exemplo, empregar sempre na
aritmética, que um conduza os demais para determinados assuntos. Aí acontece
por si, mas na música irá tornar-se uma parte da própria arte.” (18 de setembro
de 1923)
1º ano escolar
Formação da voz – formação da audição – canto a uma voz
2º ano escolar
3º ano escolar
4º ano escolar Notação musical, explicação dos sinais - escala musical, tonalidades -
maior e menor
5º ano escolar
6º ano escolar Canto a mais vozes
Coro instrumental
7º ano escolar
Julgamento musical
8º ano escolar
9º ano escolar Maior e menor como conteúdo da sensação: música instrumental
10º ano escolar O mais tardar, ensino de harmonia
11º ano escolar Orquestra Coro
Canto solo – formação de gosto,
escolar misto
12º ano escolar julgamento musical, estilos musicais
348
19 - EURITMIA E GINÁSTICA
Aspectos comuns
Na ocasião que essas palavras foram pronunciadas ainda não havia euritmia.
Esta só foi inaugurada em 1912.
349
Quando a Escola Waldorf foi aberta no outono de 1919, primeiramente só pôde ser
organizado – por razões externas – o ensino de euritmia; a ginástica só foi acrescentada
anos mais tarde. Os contatos próximos que têm entre si ambas as formas de ensino de
movimentos Rudolf Steiner a aborda repetidamente suas mútuas relações e diferenças.
Primeiramente ele falou a respeito na 1º palestra do Curso de metodologia e Didática.
Lá se encontram importantes fases acerca dos significados da euritmia para a criança
antes da troca dos dentes:
“O Homem nasce no mundo de modo tal que deseja trazer sua própria
corporalidade em ritmo musical em relação musical com o mundo; na maioria
das vezes essa aptidão musical interior existe na criança entre o 3º e o 4º anos de
vida. Os pais poderiam fazer um bem colossal se percebessem isso e então
ligassem menos a determinações musicais exteriores e sim a determinações do
próprio corpo, à dança. E, precisamente nessa idade, poder-se-ia resultados
infinitamente bons por meio de permear o corpo infantil com euritmia elementar.
Se os pais aprendessem a se atarefar euritmicamente com a criança, resultaria
nas crianças algo bem diferente do que costuma ser o acaso. Elas venceriam um
certo peso que vive nos membros...” (Metódica Didática 1919,1ª palestra)
Na 10ª palestra do Curso “O Estudo Geral do Homem, uma base para a Pedagogia”, no
contexto da consideração do Homem como ser trimembrado e após a uma observação
da aparente calma do Homem que está sentado em um vagão de trem em movimento,
lê-se o seguinte:
“Assim a cabeça tranquiliza nos senhores aquilo que os membros podem realizar
no mundo como movimento. E o peito está de permeio nisso. Ele intermédia o
movimento do mundo exterior com aquilo que a cabeça leva ao repouso.
Imaginem agora, senhores, que nossa intenção como Homem seja precisamente
a de imitar, assimilar o movimento do mundo com nossos membros. O que
fazemos então? Dançamos. Eles dançam realmente. O outro dançar é apenas um
dançar fragmentário. Tudo o que é dançar deriva-se de levar á imitação nos
351
Neste texto está dito “para o exterior” e “para o interior”. Assim o sentido da sentença
fica totalmente confuso. Trata-se de que o dançar exterior se transpõe para o interior,
para o cantar e fazer músicas anímicas. Isto decorre das frases abaixo, situadas meia
página adiante, e que dizem o seguinte:
Na 13ª palestra do “Estudo Geral do Homem, uma Base para a Pedagogia” encontram-
se uma importante observação sobre o significado dos movimentos do Homem, aqueles
sem sentido e os sensatos:
“Portanto, não depende de que o Homem seja ativo, pois isto também o é o
preguiçoso; depende, isto sim, de que até que ponto ele é sensatamente ativo. -
352
“A euritmia diferencia-se... pelo fato de que cada movimento que a criança faz é
permeado de alma..., cada movimento é igualmente a expressão de algo anímico,
tal como o som da fala é a expressão de algo anímico.”
353
Na oportunidade Rudolf Steiner ainda abordou com algumas palavras a euritmia como
tal e a contrapôs aos sonhos:
“No sonho, o Homem está meio adormecido; na euritmia, está mais fortemente
vígio do que na vida normal.”
A consideração, que não pode ser aqui reproduzida em seu todo, prossegue então com
as seguintes frases:
“Além disso, está entendido que, tão logo tenhamos uma possibilidade,
acrescentamos também algo de ginástica. Podemos adicionar ginástica sem mais,
de modo que possamos dizer – no formulário do boletim e no plano de aula:
‘Ginástica e Euritmia’. Isto seria muito bom. Só é preciso que outra entre sob
outra, para que trataremos também a ginástica fisiológica junto á euritmia
psicológica. Tão logo seja perguntado, diremos: não a eliminamos, ela será
incluída.”
ter’..., deveríamos ter ginástica. Seria muito bom se fosse possível encadeá-la à
euritmia, de modo que as crianças primeiramente desenvolvessem euritmia e
depois fizessem algo de ginástica... Seria suficiente: uma hora de euritmia e
depois, em adição a ela, uma meia hora de ginástica ...” (24 de julho de 1920)
Em 1920 fora falado de ginástica apenas como uma necessidade que não deveria
envolver muita atenção.
Na conferência de 23 de março de 1921 Rudolf Steiner fez uma importante observação
a respeito da utilização da euritmia nas organizações escolares:
“Na 5ª classe há muitos meninos que poderiam receber aula de ginástica. Seria
nosso programa escolar que houvesse uma aula. Vamos também espiritualizá-
la logo que possamos fazê-lo.”
porque pais – a partir da educação da época - e alunos desejavam; mas, não podia ser
incluída se permanecesse tal como era. Rudolf Steiner tomou então a decisão de
remodelá-la de modo que o ginasta acompanhe cada movimento com sua vivência
coerente. Em continuação a isso , o que ele que ele diz a respeito de ginástica mostra
como a nova meta estabelecida assume, passo a passo, uma configuração mais concreta.
No Curso Complementar de 1921 vamos ainda a condenação da ginástica de até então,
mas também a nítida demarcação da nova meta.
Na primeira palestra do Curso Complementar Rudolf Steiner fala dos processos
fisiológicos que ocorrem na organização infantil em decorrência, de um lado, dos
ensinos que transcorrem meditativamente e, de outro, daqueles que transcorrem em
atividades:
Aqui a ginástica é pela primeira vez alinhada na série das “áreas de ensino que
transcorrem em afazeres ativos.”
Na 2ª palestra desse mesmo Curso volta a ser falado sobre euritmia e também ginástica,
mas pela primeira vez, após muitas características negativas da ginástica usual, soa
novamente a exigência que já havia sido feita na palestra “Die Erziehung des Kindes”-
1906 (NT ‘A Educação da Criança”), de que ao fazer ginástica, o individuo deve
participar animicamente naquilo que faz corporalmente. Só pela retomada desse
impulso na “Erziehung des Kindes” torna-se possível incluir a ginástica como um
instrumento realmente educativo na educação da Escola Waldorf. Segue agora o teor
desse trecho decisivamente importante:
então sempre observar o seguinte: a criança passa a exigir uma certa atitude
corpórea para inspirar, por meio de vivência interior ela forma a correta atitude
corpórea o inspirar. Então podemos fazê-la efetuar o exercício. Da mesma
maneira precisamos levar a criança ao ponto de vivenciar uma sensação
correspondente ao expirar. No momento em que, ao expirar, disser: ‘Aqui dentro
sou de fato um sujeito inteligente’; quando ela sentir a expiração tal como se lhe
parecesse ser uma pessoa inteligente, como se sentisse suas forças, como se
quisesse,pela expiração, dar notícia de suas forças ao mundo: quando ela tiver
essa sensação, também vivenciará de maneira correta, como algo que lhe é
inteiramente adequado, o movimento correspondente ao abdômen , dos demais
membros, a atitude da cabeça, dos braços. Se apenas uma vez, tiver o pleno
sentimento da expiração, a criança vivenciará então o movimento correto...
Buscamos o movimento corporal, de dentro da criança para fora, pela vivência
anímica. Deveríamos igualmente, também em outras coisas que a criança possa
sentir, digamos, em movimentos quaisquer dos braços, das pernas, no correr,
etc., na simples atitude – deveríamos desenvolver em tudo esse vivenciar
anímico que o seu ser corpóreo - físico demanda por si. Depois é trazida a
ginástica propriamente dita, em ligação direta, a euritmia, e isto também deve ser
feito. A euritmia traz diretamente à luz a um elemento espiritual-anímico,
impregna de alma e de espírito a total movimentação do Homem. Ela leva ao
ponto de partida aquilo que o Homem elabora em si espiritual e animicamente,
no decurso da evolução da Humanidade. Mas também o físico-corpóreo pode ser
vivenciado a espiritualmente. Podemos vivenciar a respiração o metabolismo,
quando levarmos o assunto suficientemente longe nesse sentido. Então, o
Homem poderá levar-se a si próprio o suficientemente longe, poderá sentir-se a
si próprio, sentir o seu elemento corpóreo. E, então – digamos – aquilo que, no
âmbito mais elevado se acerca da criança como euritmia. Pode escoar na
ginástica. Podemos, de todo modo lançar uma ponte entre euritmia e ginástica.
Mas, essa ginástica não deve ser feita de outra maneira que não seja aquela em
que buscamos, na vivência do corpóreo-físico, na vivência espiritual-anímica,
aquilo que a criança realiza em ginástica, e a criança faz adequar-se o corpóreo-
físico aquilo que ela vivencia.” (Stuttgart 1921, 2ª palestra)
358
Tão importante quanto a citação anterior, para a compreensão do efeito recíproco entre
dormir e acordar e suas relações com o ensino meditativo e – digamos – o ensino de
“atividades” igualmente importante é um outro trecho da 3ª palestra do Curso
Complementar que já está reproduzido no capítulo sobre ensino de música, ainda que só
em sua parte central. Ali é mostrado como a escola, ao configurar o trabalho escolar,
deveria levar também em consideração o dormir da criança como um acontecimento
ativo. Infelizmente temos de abdicar de sua repetição neste ponto. Com as frases
seguintes, da 4ª palestra do mesmo Curso Complementar de 1921, é dada uma
importante aplicação advinda da antropologia, diretamente atuante na prática do ensino,
em particular no ensino que decorre em atividade física:
Após uma consideração sobre a passagem da criança da imitação para a “boa cópia” na
época da troca dos dentes, encontra-se, na última palestra da Curso Complementar, o
seguinte:
359
“Quando a criança faz euritmia, quando a criança canta, o que está fazendo de
fato? De maneira enquanto liberta de si a imitação, está dando continuação á
imitação. Ela se movimenta. O cantar e o ouvir, no caso da música, são, no
fundo, movimentação interior, tal como ela é ativada na ação de copiar. E,
quando levamos a criança a fazer euritmia, o que estamos fazendo? Em lugar de
colocar-lhe na mão o lápis ou a caneta e levá-la a fazer essas coisas que são o A
e o E, e para as quais ela deve ter uma pura relação de reconhecimento, nós a
fazemos escrever dentro do mundo, por meio de sua própria figura humana,
aquilo que o conteúdo da fala. Não abstraímos no sentido de um sinal abstrato,
mas fazemos o próprio Homem escrever dentro do mundo aquilo que, por meio
de seu organismo, ele sabe escrever. Portanto, de certa maneira o fazemos
continuar a atividade que ele tivera em vida pré-existente. E, se então, no
aprendizado do escrever e do ler, não formos para o sinal abstrato e sim para a
imagem, não estaremos nos afastando da sua essência pelo fato de que ele
precisa ativar sua essência; não o deixaremos afastar-se totalmente daquilo que é
sua essência. Pelos exercícios e pelo esforço ensinamos isso ao Homem todo.”
(Stuttgart 1921, 8ª palestra)
“A religião perdeu força interior para fortalecer o físico do Homem. Por isso
nasceu o instinto de trazer a si essa força de maneira exterior. E, como tudo na
vida atua em polaridade, temos assim agora o fato de que aquilo que perdeu no
âmbito da religião, o Homem quer instintivamente trazer a si de maneira
exterior. Bem, com toda certeza não quero manter nenhum filípica contra a
essência do esporte, não quero de modo algum dizer o mínimo contra o direito
da essência do esporte, e, também estou convencido que o mesmo continuará
deveras a se desenvolver de maneira sadia. Mas, ele ocupará no futuro outra
posição na vida humana, enquanto que hoje é um substituto da religião. Essas
coisas parecem um paradoxo quando proferidos hoje. Mas, precisamente a
360
Na 15ª palestra do mesmo Curso Rudolf Steiner torna a falar acerca do livre brincar da
criança, e da ginástica:
362
Nesse Curso, portanto, o ensino de movimento é considerado por três vezes de ângulos
totalmente diferentes: como esporte em sua relação com a religião, depois como
363
“Esse curso” refere-se ao Curso de Dornach do Natal, citado por último, no quintal, no
qual, em verdade, é referida só a ginástica em sentido mais amplo, mas não a euritmia; é
ele que “vai dar informação sobre essas coisas”. Através desse Curso a ginástica tem
nova configuração, novo estilo, e é acolhida no âmbito do trabalho positivo da
educação.
Por volta do verão de 1922 chegou Graf Frits Von Bothmer como o primeiro professor
de ginástica. Ele estava pronto a incumbir-se da difícil tarefa de transpor para o ensino
concreto as exigências básicas de Rudolf Steiner. Conservaram-se, dessa época ainda,
algumas curtas observações de Rudolf Steiner nas conferências:
“Fiquei contente com a aula de ginástica. Aquela aula de ginástica deve ser bem
decisivamente favorecida, já que colocamos mais um professor de ginástica. Os
meninos ficaram realmente frouxos.” (15 de outubro de 1922)
“a aula de ginástica tanto quanto possível à tarde. A aula de ginástica não é algo
como uma restauração. Incluir a aula de ginástica entre as demais aulas de
ensino não é bom. Podem-se ter duas classes ao mesmo tempo. Preciso em
algum momento discutir o método com os professores de ginástica. Dei apenas
indicações. Mas, na ginástica estamos sempre em posição de organizar os
exercícios no sentido de que também possamos fazer duas grandes turmas. No
outro dia a ginástica ao ar livre estava muito boa. Mostrou-se muito bem como
os meninos não tem controle efetivo de seus corpos, como fazem movimentos
indolentes em todos os sentidos. Os meninos carecem muito de controle sobre
seus corpos por não terem tido ginástica durante três anos. Isto não se pode
negar.” (28 de outubro de 1922)
Certa vez, quando as crianças manifestaram o desejo de ter a aula de ginástica das
07h30min às 08h30min horas da manhã, Rudolf Steiner disse:
“As crianças chegarão cansadas à aula principal. Elas não ficarão mais cansadas,
mas ficarão tão cansadas quanto tivessem tido antes uma aula regular.” (9 de
dezembro de 1922)
“No que diz respeito às duas primeiras classes, não podemos fazer muito por ora,
mas, no futuro vamos controlar o assunto da seguinte maneira: uma ginástica
propriamente dita para as duas primeiras classes é prematura; em contrapartida
deveriam ser desenvolvidas brincadeiras sistemáticas. Logo que tenhamos fôlego
precisaremos introduzir esse brincar sistemático de modo que, na terceira classe,
possa ser feita a passagem do brincar sistemático para o ensino de ginástica. As
crianças precisam ter movimentação, verdadeiras movimentação.” (17 de janeiro
de 1923)
Através do novo caráter que Rudolf Steiner deu à ginástica, especialmente no Curso de
Dornach do Natal de 1921/22 e, através da separação entre o brincar infantil nas
primeiras classes e a ginástica propriamente dita, resultaram novas exigências para o
estilo do ensino de ginástica. Rudolf Steiner as estabeleceu nas frases seguintes, de jan.
1923:
para nós mesmos a imagem de como o braço ou a perna se colocam dentro dos
rumos do espaço ou das condições da gravidade.
Que aqui não é provocada nenhuma colisão com a euritmia ficará mais
compreensível se também for levado em consideração na euritmia o ‘caráter’ o
que aconteceu muito pouco por entrar menos em consideração na apresentação
artística e, contrariamente, entraria muito especialmente em consideração na
pedagogia. Quando os senhores virem às formas de euritmia, perceberão que
diferençamos entre movimento, sentimento e caráter. No que diz respeito a
movimento e sentimento vai muito bem, mas, contrariamente, o que é caráter no
movimento euritmico ainda não penetrou. Também é natural que ainda não
tenha penetrado, pois, no efeito artístico da euritmia, que é observado por
terceiros, não tem tanta importância.
Contrariamente, o caráter de um movimento deve formar um elemento essencial
na didática. Neste caso o praticante de euritmia precisa sentir o refluxo de
qualquer movimento ou atitude em seu próprio sentimento. Ou seja, o praticante
de euritmia precisa sentir nos movimentos, por exemplo, a pressão de um
membro sobre o outro e o refluxo da pressão no centro do corpo. Eu fiz uma
aplicação de cores nas formas para que isso fique claro. Os senhores vêm
aplicações de 3 cores em todas as formas de euritmia, uma é para movimento,
outra para o sentimento esta vai para os véus de euritmia precisa tencionar
particularmente o músculo em um determinado lugar de seu corpo e precisa ter o
sentimento dessa tensão do músculo conforme a direção. Isto faz parte da vida
da euritmia na plástica corpórea interior.
...Por ser também importante para uma psicologia mais psicológica, os
professores Waldorf deveriam ocupar-se especialmente com essas formas. Os
professores Waldorf deveriam ocupar-se com elas para o reconhecimento do
organismo humano. O que se pode aprender nessas formas é, ao mesmo tempo,
uma base para sentimento artístico em geral e para um reconhecimento do
organismo humano interior. De modo que se diga: o professor de ginástica
precisa ser em essência aquele que tem presente em seu espírito a ideia da
estática e da dinâmica do organismo humano, que tem uma imagem nítida do
que significa erguer a perna, baixar o braço, erguer, tudo em relação à força da
gravidade; já o professor de euritmia precisa ter um forte sentimento para: assim
o corpo quer conformar plasticamente seus membros. Não é certo que se diga
368
Continuando, após menção ao ato de trepar em árvore nas quermesses de igrejas nas
aldeias:
“Isto é algo que se relaciona muito fortemente com a atuação da vontade sobre a
natureza do corpo. Isto é algo que pode ser exercitado artisticamente nos mastros
de cocanha. Seguramente há certa vantagem se as crianças tiverem de trepar na
corda. O mastro de cocanha gostaria de dizer, é um aparelho de ginástica de
importância limitada. Mas, não quero eliminar totalmente o mastro de cocanha.
370
Neste ponto desejo reproduzir uma lembrança que presumivelmente diz respeito a essas
exteriorizações de Rudolf Steiner e que talvez possa esclarecer suas explicações acerca
da ginástica na barra fixa: certa vez, portanto presumivelmente nesta oportunidade, ele
deu a sugestão para que exercícios de braço não fossem feitos com o braço esticado,
mas sim com o mesmo dobrado no cotovelo, de certo modo com o braço encurtado. Eu
poderia imaginar que ele estivesse pensando nisto ou pelo menos também nisto no
trabalho esboçado para barra fixa. Mas, é também possível que ele talvez também
estivesse pensando nos exercícios livres. Seria recomendável, por conseguinte, também
371
ler as exposições no Curso de Ilkley de agosto de 1923, que serão reproduzidas adiante,
para pode refletir sobre esse dobrar o antebraço. Nisto pode-se também refletir sobre o
fato de que a atividade que, no braço esticado se exerce sem reserva em irradiação,
nesse dobrar volte a vivenciar-se a si própria, e, que o dobrar reconduz o Homem a si
mesmo. Escuta-se aqui, em outro plano, o mesmo que se execute também na vivência
dos sentidos e ainda na passagem para a representação no “refletir” dobrar.
Primeiramente, porém, o Curso de Ilkley surpreende, na 6ª palestra de 6 de agosto de
1923, pela significativa consideração acerca dos ideais de educação da antiga Grécia e
sobre o que aconteceu nos locais de educação daquela época. Ali se lê o seguinte:
As explicações que seguem são muito longas para serem aqui reproduzidas no todo,
ainda que sendo de fato tão importante para o professor de ginástica e para o professor
de euritmia. Foi necessário adotar o procedimento, sobretudo na escolha dos
pronunciamentos de Rudolf Steiner reproduzidos, de que fossem reproduzidos tanto
quanto possível aqueles trechos que abranjam em poucas frases uma verdade
considerável e, quando possível, esclareçam significativamente suas relações com
outros assuntos. Não se pode, certamente, esperar encontrar a edificação gradual de um
conhecimento nesses trechos e, por isso, também se presume que o leitor não se
contenta com a leitura das citações, mas que remonte aos trabalhos, palestras,
conferências mencionadas para vivenciar as curtas frases reproduzidas dentro do
contexto a partir do qual foram proferidas ou escritas por Rudolf Steiner.
Um último pronunciamento de Rudolf Steiner, extraído do Curso de Ilkley, da palestra
da manhã de 17 de agosto de 1923 torna a caracterizar a relação entre ginástica e
euritmia, quando, porém a ginástica é tomada pela maneira como fora inaugurada por
Rudolf Steiner na Escola Waldorf:
“Antes que a criança tenha aprendido o gesto correspondente não pode ligar o
gesto à forma. Ela precisa reconhecer a relação, e, com efeito, de modo tal que
entenderá o movimento, não o caráter e o sentimento. O sentimento expressa-se
no véu. ‘Ainda és muito pequena para teres um véu’. O que seja caráter podemos
também ensinar pouco a pouco a partir do momento em que as crianças
aprendem a vivenciar-se interiormente. Quando as crianças aprenderem qual é o
principio na feitura das formas, isto retroagirá favoravelmente no ensino de
euritmia. Com o ocorrer do tempo desenvolve-se o sentimento artístico. Se
soubermos desenvolve-lo, devemos fazê-lo.” (18 de setembro de 1923)
No último curso que Rudolf Steiner manteve exclusivamente para o colegiado da Escola
Waldorf, nas três conferências de outubro de 1923, ele acrescentou às exposições que lá
fez sobre os ideais históricos de educação do ginasta, do retórico e do doutor, o
seguinte:
isso não queremos dizer nada contra a ginástica, mas ela é hoje supervalorizada.
Por isso hoje, para a educação, a euritmia precisa andar ao lado da ginástica.”
(Arnheim 1924, 4ª palestra)
Queira o leitor dar-se ao trabalho de ler as três primeiras frases do trecho acima, que
começam por “e” por mim sublinhados, e constatar como nelas pode ser vista uma
repetição bem abreviada da concatenação de pensamentos do inicio do assim chamado
Curso Complementar, o qual trata das três lutas que surgem no desenvolvimento da
criança.
Uma última consideração abrangente sobre euritmia e a ginástica, recém exigida por
Rudolf Steiner, encontra-se no Curso de Torquay de 1924:
20 - EURITMIA
Segue agora o que Steiner deu como currículo a euritmia na Conferência de 21 de junho
de 1922.
Para os 1º a 8º anos escolares, 3ª das Palestras sobre Currículo;
9º ano escolar: começa-se agora com a introdução sistemática nas leis das
formas e movimentos eurítmicos.
10º até 10º anos escolares: na euritmia da fala são exercitados grupos coerentes
em ligação com poesias maiores. Na euritmia musical toma-se agora por base os
exercícios em grupo sobre peças musicais com mais vozes. Nisto atentar-se-á
para um trabalho conjunto muito estreito com os professores de outras matérias,
em especial com aquele do ensino de arte.
380
21 - GINÁSTICA
“Por isso vamos prosseguir de modo que façamos cada tratar algo de desenho e
pintura. Começamos, portanto com desenho e desenho-pintura pela maneira
mais simples. Mas começamos também com música de modo que desde o início
a criança logo se habitue a manejar um instrumento qualquer...”
também música devem servir desde o início. Com isto observaremos que
justamente nos primeiros tempos de segunda fase da vida, a criança é o mais
receptiva possível à instrução com autoridade através do elemento artístico e
que, nessa época, podemos com autoridades através do elemento artístico e que,
nessa época, podemos alcançar o máximo com ela. A criança como que crescerá
por si dentro daquilo que lhe queremos transmitir e terá a maior alegria
imaginável quando colocar no papel uma coisa ou outra, em desenho ou até
mesmo em pintura em que precisaremos apenas obstruir de tudo que seja
meramente imitação exterior. Também aqui é necessário lembrar-nos, no ensino
de que precisaremos, em certa medida, de transpor a criança para época cultural
mais antiga, mas que não poderemos como nessas épocas culturais mais antigas.
Pois lá os homens eram diferentes. Agora os senhores irão retrogradar a criança
a épocas culturais mais antigas com determinação anímica e espirituais bem
diferentes. Por isso não partiremos em desenho de: você deve copiar isto ou
aquilo, mas vamos ensinar-lhes formas primordiais, vamos ensinar-lhe a fazer
um ângulo assim, e outro assim. Tentaremos ensinar-lhe o círculo, a espiral.
Tentaremos, por conseguinte, partir das formas fechadas em si; não partir do fato
de que a forma imita isto ou aquilo, mas sim, tentaremos suscitar seu interesse
pela forma em si.”
Segue então uma menção à lenda da origem do ornamento da folha de acanto, pela qual
a origem ornamento é apresentada da maneira totalmente falsa... E continua assim:
“E então cessará essa coisa horrível que devasta as índoles dos homens: quando
estão frente à frente com algo feito pelo Homem, dizem: isto é natural, isto não é
natural. Não se trata sequer de emitir o julgamento: isto é corretamente copiado,
etc. Essa semelhança com o mundo externo só deve brilhar como algo
secundário.
O que deve viver no Homem deve ser a união com as formas em si: devemos,
portanto, mesmo quando desenhado um nariz, ter uma união interior com a
forma do nariz e só depois produzir-se-á a semelhança com o nariz. O
sentimento para o sistema de leis interiores, na época dos 7 aos 14 anos, nunca
será despertado pela imitação. Precisamos ter em mente o seguinte: aquilo que
384
De fato o assunto aqui não é desenho, pintura ou modelagem, mas isto se torna diferente
se passarmos ao trecho correspondente na 2ª palestra do Curso de 1920. Após uma
alusão esclarecedora sobre o sentido do ensino de cores de Goethe, Rudolf Steiner diz o
seguinte, na 3ª palestra do Curso de Metodologia e Didática:
“Comece-se o mais cedo possível a aproximar a criança das cores, e nisso seria
bom também colocar outras cores sobre superfícies coloridas, e não meramente
386
Após uma caracterização dessa concepção, que poderá ser consultada no trecho
indicado, continua:
E após algumas frases acerca da linha do horizonte, que podem ser lidas no trecho
indicado:
eventualmente não ser preciso desenhar a linha contínua de contorno. Por isso é bom
saber que precisamente no mesmo dia em que pronunciou as frases acerca de desenho
acima reproduzidas, ou seja, em 23 de agosto de 1919, e no dia seguinte, no Seminário
– 3ª e 4ª palestra ao seminário, Rudolf Steiner tratou muito positivamente do desenho
elementar, com ênfase e especial consideração para os temperamentos das crianças e
que ainda desenvolveu correspondentemente o assunto em 3 cursos pedagógicos feitos
no estrangeiro. Trata-se aí de despertar nas crianças, por meio de tarefas de desenho
correspondente a concreta consciência de espaço e tornar claras as relações especiais
entre formas e configurações que fazem parte da vivência do espaço, como simetria,
diâmetros, movimentos e movimento contrario, repetição e ampliação etc.
O que com isto é referido, e, como aí é dado um germe para edificação de um ensino
elementar de desenho e geometria artisticamente conduzidos, tudo isso pode ser
verificado nos trechos considerados a seguir: além das mencionadas 3ª e 4ª Palestras ao
Seminário, o curso de Dornach do Natal de 1921/22, aquela de Ilkley de 1923 e o Curso
de Torquay de 1924. No trecho inicialmente mencionado o Curso de Dornach é
mostrado como se podem configurar exercícios capazes de levar as crianças à formação
de um sentimento vivo de beleza. Neste caso, o que precisa desde logo ser observado é
que a reprodução impressa do exemplo desenhado, simetria de uma folha de carvalho
em estilização de traço deve ser atribuída a uma compreensão totalmente equivocada
das intenções artísticas de Rudolf Steiner. A estilização de traço só pode ser
razoavelmente empregada em superfícies mas não em linhas. Dornach 1921/22, 14ª
palestra. O segundo trecho, de Ilkley, mostra tarefas de desenho bem semelhantes que
devem, por exemplo, despertar o sentido de simetria e, com isso, a vivência concreta no
próprio corpo. Lá, no início das exposições acerca dessas tarefas, após ter sido falado
sobre o fato de que, durante o dormir, o corpo etérico dá continuação à geometria
tratada durante o dia, é dito o seguinte:
“Para isso é necessário que, por exemplo, em geometria não comecemos com
aquelas abstrações, com aquelas configurações intelectualísticas com que
habitualmente se pensa que a geometria deva começar, porém, é necessário que
não se comece com uma concepção de natureza exterior, mas sim que se comece
com uma concepção de natureza interior, que se desperte na criança, por
exemplo, um forte sentido para simetria. Relativamente a isto, pode-se começar
já com as crianças menores.” (Ilkley 1923, 10ª palestra)
388
Acerca de como começar e como continuar a edificar esses exercícios, queira o leitor
consultar o trecho indicado no trecho citado por último, no Curso de Torquay, é
indicado tarefas semelhantes àquelas de Ilkley. Lá se pode ler o seguinte:
“Eis que podemos fazer muito bem, já com crianças em torno de oito anos,
exercícios do tipo seguinte, mesmo que elas de início sejam desajeitadas.”
(Torquay 1924, 4ª palestra)
“Depois de havermos falado com a criança durante algum tempo sobre as mãos e
sobre o trabalho com as mãos, passa-se a fazer com que a criança execute uma
coisa qualquer de habilidade manual. Isto pode ocorrer circunstancialmente já na
primeira aula. Podemos dizer-lhe: agora eu faço isto um risco reto e agora pegue
a sua mão e faça-o também. Podemos então fazer as crianças executarem a
mesma coisa, tanto quanto possível devagar, pois isso se processará devagar se
chamarmos as crianças individualmente as deixaram fazê-lo na lousa e as
fizermos retornar ao seu lugar. A correta digestão do ensino tem o maior
significado.” (Metodologia e Didática, 1919, 4ª palestra)
Queira o leitor consultar esse trecho pessoalmente e verificar como Rudolf Steiner
depois faz as crianças executarem um risco curvo pela mesma maneira, o que ele depois
389
propõe nesse contexto e como ele então mostra como podemos ensinar às crianças os
primeiros rudimentos da pintura:
“Depois de haverem fixado uma superfície branca com taxinhas sobre a lousa, os
senhores fazem sobre a mesma uma pequena superfície amarela. Após haverem
feito essa pequena superfície amarela, mais uma vez os senhores fazem cada
criança executar uma superfície amarela como aquela.”
Depois ele organiza o assunto de modo tal que, entre as superfícies amarelas trazidas
lado a lado, são colocadas superfícies semelhantes de cor azul e bem divididas de cor
verde, de modo a poder conduzir as crianças à vivência, de um lado, do amarelo-azul e,
de outro lado, do amarelo-verde. Esse exercício elementar está situado, portanto, no
primeiro início da vida escolar: o desenho de formas primordiais, a pintura de
harmonias primordiais de cores. Sobre a circunstância de que isso tenha de vir a ser
correspondentemente realizado na música é apenas brevemente aludido. Isto tanto pode
ocorrer assim, como pela maneira descrita na palestra seguinte, a 5ª palestra, que
esclarece mais uma vez esses primeiros passos da criança escolar. Ali se lê logo na
primeira página, o seguinte:
Segue depois uma exposição alongada sobre o ensino da escrita, que pode ser
consultado no trecho indicado. Neste caso é digno de nota que o ensino de escrita é
expressamente ligado ao desenho, ao desenho-linear. Ainda na 4ª tarde do Seminário
390
“Por que o senhor tem o desejo - disse ele a esse professor - de iniciar com a
criança pelo corpo e a partir daí para a superfície? Veja o espaço, de um modo
geral, é de difícil visão, de muito difícil, sobretudo para a criança. Não podemos
ensinar facilmente à criança outra representação do espaço que não seja uma
muito difusa. Até a fantasia sofrerá se exigirmos da criança que represente logo
corpos. O senhor parte do ponto de que o corpo é o concreto e a linha o abstrato.
Não é esse o caso. Se a criança deve empregar sua fantasia para representar
corpos, então precisará já ter de antemão os elementos para essa representação
da fantasia; por exemplo, no caso de um tetraedro precisa, em verdade, já saber
representar o triângulo. É melhor que a criança já tenha uma verdadeira
representação do triângulo. O triângulo é um sujeito por si, não é meramente
uma abstração do corpo. Eu acredito que não se deva ensinar geometria
inicialmente como estereometria mas sim como planimetria, como ensino de
formas e de superfícies intercaladas, o que é muito desejável porque isto pode
levar apoio àquilo sobre o que a criança deseja erigir seu poder de concepção,
também por meio de ligação da geometria com o ensino de desenho. Um
triângulo, a criança o desenhará relativamente cedo e não deveríamos esperar
demais com o desenhar daquilo que a criança vê geometricamente.” (Seminário,
4ª palestra)
Essa consideração, em sua maior parte, tem a ver com as questões do ensino de desenho
somente pelo fato de mostrar o quão limitado é a consciência de espaço das crianças
pelo menos quando do seu ingresso na escola. A última frase da citação, entretanto,
chama a atenção para o fato de que as crianças, também nessa idade, deveriam ser
conduzidas a aprender e a copiar desenhando, a partir do que lhes demonstramos como
fazer, aquilo “que a criança justamente vê”. Aqui não se trata do copiar desenhando o
objeto físico-grosseiro, que Rudolf Steiner rejeita para essa idade, mas o qual ele exige,
nas faixas de idade mais elevadas, a vigorosa observância de “pontos de vista da
pintura”, aqui se trata de copiar aquilo que o professor, como autoridade, demonstra,
não porque a criança quisesse reconfigurar o que está situado exteriormente, mas sim
391
porque deseja copiar o demonstrado e assim ligá-lo com sua própria essência. Trata-se
de tarefas de desenho como aquelas que haviam acabado de ser tratadas na mesma aula.
Seguem agora algumas breves observações extraídas das conferências, as quais dão uma
imagem de como era difícil incorporar coerentemente a pintura e o desenho da tarefa
pedagógica:
Em 22 de dezembro de 1919, após um relato sobre o trabalho na classe:
“Devemos preferir pintar com aquarela a fazê-lo com lápis. O lápis de cera é
utilizável”.
“Quanto ao ‘x’, deveríamos fazê-lo executar desenhos manhosos, uma linha que
se entrelaça e torna a encontrar-se. Ele poderia também desenhar formas
eurítmicas.” (01. 01. 1920)
“Os senhores têm uma atuação conjunta bem geral de alma e corpo quando, no
7º ano (NT de vida) a alma se emancipa do corpo e atua, não mais no corpo, mas
por ai. aí, com o 7º ano, começam a tornar-se atuantes aquelas forças que agora
surgem como novas no próprio corpo, na qualidade de forças anímicas – e elas
atuam depois até dentro da encarnação seguinte. E então é rechaçado de volta
aquilo que irradia para cima a partir do corpo e, por modo que nesta época, em
que se dá a troca dos dentes, se desenrola a luta mais interna entre as forças que
se esforçam de cima para baixo e aquelas que são as forças que se lançam de
baixo para cima. A troca dos dentes é a expressão física dessa luta de ambos os
tipos de forças; aquelas forças que se manifestam mais tarde na criança como
sendo as forças da razão e intelectuais, e aquelas forças que precisam ser
empregadas no desenhar, pintar e escrever. Todas as forças que aí se lançar para
cima, nós as utilizamos quando desenvolvemos a escrita a partir do desenho.”
(Stuttgart, 2ª palestra)
O que aqui é dito acerca das forças atuantes no “desenhar, pintar, escrever”, as mesmas
que Rudolf Steiner de outra forma chama de forças plásticas, tem um contraste naquilo
que, em ligação estreita com o assunto, é dito a respeito das forças musicais. Em 15 de
novembro de 1920, Rudolf Steiner respondeu muito expressivamente à queixa de um
professor, de que com aquarela as crianças estavam tendo grande dificuldade de chegar
a formas:
“Não deveríamos cultivar lápis de cor. Tratar-se-ia de que – só que ainda não
chegamos lá – pudéssemos delimitar o que deve ser feito em cada classe.
Primeiramente haveria um currículo ordenado para as classes mais baixas. As
demais – mais velhas – precisam naturalmente executar quase a mesma coisa –
porque elas não aprenderam, elas só vieram para nós agora – apenas com a nossa
consideração para com a idade dos alunos. O mais importante agora está em que
seja despertado nas crianças um sentimento interior para a constituição das core,
uma vivência do mundo das cores, que as crianças ganhem um sentimento da
vida do mundo das cores na vivência dos contos de fadas.”
Isto foi, para o professor, ainda muito indefinido e ele era de opinião que se deveria de
fato dar às crianças, determinados sujeitos, ao que Rudolf Steiner deu a resposta
393
Rudolf Steiner deseja que, nesta primeira etapa da pintura, pela qual – modificada de
acordo com a idade dos alunos – também devem passar inicialmente os alunos maiores,
não sejam colocados motivos materiais, mas sim motivos anímicos como aquele do
“vermelhinho atrevido”, e exige que as crianças, já no primeiro inicio da pintura, sejam
conduzidas para o elemento criador do espaço na vivência das cores, para o afastamento
do azul e aproximação do vermelho etc. Elas vivenciam, até mesmo pela observação do
trabalho dos colegas vizinhos, como de fato existe um motivo – anímico – mas
configurações “infinitamente variadas” do mesmo. Isto é então “objeto”, como aqui é
mencionado, “objeto” na medida em que o acreditássemos ver configurado
espacialmente diante de nós. Rudolf Steiner continua então:
Com isso está exposta a primeira etapa da pintura. O que deveria segui-la seria a
verdadeira resposta que teria sido dada à pergunta sobre os motivos, trazida acima, se
394
Inesperadamente, após haver sido falado acerca do ensino de física na 10ª classe, Rudolf
Steiner disse o que segue a 11 de setembro de 1921:
vermelha, faça uma azul e faça todo o restante de maneira correspondente, como
você faria se no meio não fosse vermelho, mas azul.
Em primeiro lugar, a criança é muito estimulada com um exercício assim; em
segundo, talvez com algum ensino de parte dos professor e educador, a criança
muito certamente elaborará essa transposição em outra base de tonalidades
coloridas, de modo que ganhará uma enormidade nas relações interiores com o
mundo se a fizermos executar algo assim. E, por mais desconfortável que possa
ser, precisamos fazer com que a criança faça pequenos objetos plásticos... De
uma material qualquer que os senhores encontrem em qualquer lugar. É bem
verdade que temos a necessidade de evitar que as crianças ganham com isso é
enormemente mais valioso do que o fato de por algum modo de sujarem isso.”
(Dornach 1921/1922, 12ª palestra)
No curso de Oxford de agosto de 1922, Rudolf Steiner fala sobre a pintura junto as
crianças com representações represadas e vazantes. Lemos ali o seguinte:
“Os senhores ainda podem ver aqui – no mapa geográfico – como depois pode
ser introduzido na vida plena quando, justamente plenos de vida, já partimos do
primeiro principio. Isto os senhores podem ver aqui, neste mapa, temos
inicialmente a vivência das cores e, depois, vivenciamos de modo totalmente
anímico; por termos primeiro a vivência das cores, vivenciamos animicamente.
Os senhores veem aqui a Grécia vivenciada animicamente. A criança cresce,
enquanto primeiramente se encontra dentro das vivências das cores, para aquilo
que recebe a partir do ensino de geografia; cresce para dentro do assunto ao
dizer a si mesma: a ilha de Creta preciso pintá-la de uma determinada cor e a
costa da Ásia Menor assim, o Peloponeso assim. A criança aprende a falar
artisticamente através da cor e destarte um mapa geográfico tornando-se
efetivamente num produto anímico interior. – Pensem só como as crianças
vivenciarão a Terra se, como esta aqui pintou Creta ou Peloponeso ou o norte da
Grécia, primeiramente tiveram a partir do interior, para cada uma dessas cores, o
sentimento correspondente; nesse caso tornar-se-á vivo em sua alma também
aquilo que é Grécia e, de certa maneira, recriará a partir de si mesma a Grécia.
Deste modo o Homem assimila o mundo de maneira realmente viva. E as coisas
viverão nas crianças de modo totalmente diferente se as fizermos vivenciar dessa
maneira a realidade, a realidade bem trivial e seca do dia, após haverem
aprendido, primeiramente, a vivenciar artisticamente nas pinturas, mais simples,
398
O que aqui foi designado por principio é patentemente a máxima de faze as crianças
primeiramente vivenciarem as cores e a sua junção, de modo que as formas sejam
apenas a consequência da vivência das cores.
A uma pergunta acerca do tratamento das cores no ensino artístico, aparentemente na 9ª
classe, disse Rudolf Steiner o que segue, em uma conferencia:
“O senhor não poderia executar aquilo que eu ontem disse aos meninos e
meninas? Aquilo que eu disse diretamente sobre o manejo de cores deveria
tornar-se tema de muitas aulas. Talvez se pudesse tratar de obter em Dornach
aquilo que eu lá indiquei. O que quero dizer é que o que se deveria fazer com
essa classe é passar diretamente ao manejo pratico de cores para que eles se
conscientizem daquilo que fazem nas classes mais baixas. Eles precisam
conscientizar-se disso. Depois, naturalmente, deveria ser muito desenvolvido,
justamente em relação instrutiva com variadas coisas, o que o senhor já começou
em suas correspondências, fazendo com que também sejam desenhadas. Quero
dizer, não meramente curvas; o senhor também pode fazê-lo para cores. O
senhor pode, por exemplo, da mesma maneira que o fez nas curvas, contrastar
uma mancha azul limitada e uma mancha amarela curva. – Depois, pode-se
passar daí para anatomia comparativa. Pode-se contrastar as extremidades
anterior e posterior. Pode-se contrastar a capacidade de percepção e de sentir de
determinados animais com o abanar da cauda do cachorro. Aí dentro está
fincado o mesmo problema; ai penetra-se na vida, em realidade. Essas coisas
deveriam ser introduzidas em todos os ramos do ensino.” (15 de outubro de
1922)
Não me foi possível descobrir se essas palavras, sobretudo aquelas acerca do manejo
pratico das cores, havia sido dirigidas ao professor de ensino artístico propriamente dito
ou se aquele de artes aplicadas. A segunda metade do pronunciamento é
indubitavelmente dirigida a todos os professores das classes mais elevadas. Ela mostra
quais enigmas da vida anímica são tocados em todas as correspondências reflexivas.
Somos remetidos de volta ao enigma do curso de 1920. O curso de Dornach de 1923
399
traz uma explicação muito conclusiva acerca de perspectiva das cores e da perspectiva
linear:
“Uma vez que nos tivermos habituado a um sentido para essas considerações da
vida, chegaremos depois também a outras coisas. Vejam, senhores, cada uma das
coisas que levamos à criança precisam absolutamente estar relacionada. Há
pouco eu disse aos senhores: fazemos a criança de algum modo pintar a partir de
suas próprias forças plasmadoras. Naturalmente não com lápis, mas com cores
verdadeiras. Depois, observei: a criança vive com as cores. Pouco a pouco, para
a criança, - precisamos apenas ter, em nós próprios, um sentimento de que é
assim – o azul torna-se algo que de afasta, vai para longe, o amarelo e o
vermelho, algo que se aproxima. Isto é algo que se evidencia fortemente na
criança, também já no 7º - 8º anos, quando não a atormentamos, nessa idade,
com desenhos e pinturas de algum modo amestrados. Se fizermos a criança
pintar casas e arvores como estas são em realidade, então não será possível.
Porem, se fizermos a criança seguir de maneira que ela tenha o sentimento de
que: para onde eu mover a mão irá a cor – o material da cor é indiferente, - neste
casa a cor reviva sob os dados, ela que prosseguir para uma direção qualquer, -
quando a alcançarmos isto teremos conseguido algo de muito sentido a alma da
criança: a perspectiva das cores! A criança ganha o sentimento de que o amarelo
avermelhado se aproxima, de que o azul-violeta vai para mais e mais longe.
Neste caso estaremos trabalhando de modo intensivo aquilo que, mais tarde,
precisaremos também elaborar com a criança: a perspectiva, que então
executaremos em traços. É algo tremendamente danoso para a vida futura,
ensinar perspectiva a uma criança à qual não tenhamos ensinado uma espécie de
perspectiva intensiva das cores. O Homem tornar-se-á terrivelmente superficial
se habituar-se a assimilar a perspectiva quantitativa sem haver assimilado
previamente a perspectiva intensiva, qualitativa, que está contida na perspectiva
de cores.
E nessa relação estão contidas as demais: se os senhores impedirem a criança de
viver intensamente na perspectiva das cores ela nunca aprenderá com a
velocidade certa a ler, sempre com limitação de que falei ontem: não se trata de
modo nenhum de ensinarmos a leitura à criança tão rápido quanto possível no
inicio. Mas a criança ganha representações flexíveis, sensações flexíveis e ações
400
da vontade flexíveis a partir dessas sensações das cores. Todo o anímico torna-se
flexível. possivelmente por tudo o que aqui é exigido, de desenvolver a leitura a
partir do desenhar pintando, do pintar desenhando, os senhores precisarão de
mais tempo para levar a leitura à criança. Mas, na idade em que depois ela terá
lugar, é de fato possível levar a leitura à criança de maneira correta, sem que a
mesma se assente no corpo, no Homem todo, de modo muito fugaz – como
também pode ser o caso – e sem que a mesma se assente profundamente demais
no Homem e lhe produza formalmente, cada letra, um arranhão na essência do
Homem.” (Dornach 1923, s. 151ff)
“Dei uma espiada. Gostaria de dizer que é necessário que não façamos as
crianças pintarem às cores se não dispuserem de papel de desenho esticado. De
outro modo o relaxamento será favorecido. Elas precisam aprender a esticar.
Somente trabalhar com cores sobre papel esticado! Mesmo que os preparativos
para isto também demandem tempo, não faz mal. Pois as crianças ganham muito
quando as coisas são feitas ordeiramente. As crianças da 8ª classe fazem as
coisas depressa demais. Também pintam depressa demais. Os cadernos têm tal
aspecto que é impossível que produzam pensamentos nas crianças.” (3 de julho
de 1923)
A 4ª palestra do Curso de Ilkley apresenta algo muito diferente, mas que também
deveria ser visto quando o problema central diante de nós é o desenho e a pintura:
“E assim deitamos a vida sobre o Homem. Vemos sua cabeça; na cabeça, a força
de crescimento dos dentes emancipa-se como força do pensar; depois, precisam,
tratar diretamente porque agora é o corpo etérico que tem de tratar, impelido
para baixo, na fala, de modo que os dentes se tornam ajudantes na fala. Neste
contexto mostra-se ainda seu parentesco com o pensar. Se entendermos como os
sons dos dentes se colocam dentro de todo o pensar do Homem, como os dentes
são aí tomados para ajudar, justamente quando o Homem, pelo ‘d’, ‘f’ coloca na
fala certos pensamentos, o pensamento definitivo, veremos então essa tarefa
especial dos dentes nos sons dentais.” (Ilkley, 1923, 4ª palestra)
402
“Não faz mal que o ensino de pintura seja interrompido por um par de anos e
substituído pela modelagem. Está claro que o ensino de pintura continua atuando
no subconsciente e que, depois, um retorno a um ensino de pintura interrompido
é feito com vivacidade e grande habilidade – das crianças. Em tudo que depende
de saber fazer é de fato sempre assim: quando algo é impedido, apresenta logo
um grande progresso justamente quando foi interrompido. – Creio que nas
classes inferiores ainda há necessidade de melhorar no que diz respeito ao ensino
pintura. Alguns professores não se esforçaram o suficiente para acabá-lo
tecnicamente. O emprego do material não é feito corretamente. Em verdade não
se deveria fazer pintar a cores em folhas que se dobram continuamente, mas
precisaríamos conseguir que as crianças de todas as classes pintassem a cores
sobre folhas de papel esticadas e depois deveríamos conduzir o assunto todo do
principio até o fim, de modo que essas folhas ficassem realmente prontas. A
maioria das folhas está apenas começada.
Este é, certamente, o trecho mais importante sobre o ensino de pintura. Em verdade não
é feita referência à pintura nas classes inferiores, mas, a esse respeito já foi falado
suficientemente, sobretudo na Conferência de 15 de novembro de 1920, acerca de
iniciar-se pela especifica sensação das cores, pela tendência para a movimentação
interior das cores vivenciadas, pela configuração de espaço sem apoio em objeto físico,
através da colocação das diferentes cores lado a lado – tudo isto como introdução para o
lidar com a cor na primeira aula de pintura, como pressuposto indispensável para cada
pintura de um motivo não apoiado em sujeito físico, também da maneira mais
elementar: a isto pode-se relacionar também a repreensão àqueles professores que ainda
“não se deram ao trabalho” – e naturalmente também a pintura feita sobre papel não
corretamente esticado. – Junto a essas crianças menores, a “criação a partir da alma”
permanece correta, portanto certamente também algum motivo eventualmente criado a
partir da alma – isto então está também no espaço anímico contemplado – se a vivência
elementar das cores tiver realmente sido tratada. Entretanto, junto a criança de mais
405
idade já precisaremos partir de “pontos de vista de pintura”. - O que significa isto? isto
é esclarecido pelo exemplo da árvore iluminada pelo sol, em que só se pintam
“superfícies de luz e superfícies escuras”, mas não o “objeto” árvore. Este chega por si.
Estes são os pontos de vista da pintura. – E “já a partir do 10º ano não se deveria de
modo nenhum fazer pintar objetos físicos”, ou seja, quando se tem um motivo, a árvore,
não se pinta o tronco, as folhas etc., mas sim as luzes e sombras. Estes são, portanto, os
dois graus: junto as crianças pequenas, antes do 10º ano: lidar com as cores ,
vivência anímica das cores, criar a partir da alma, se necessário também motivos a partir
da alma; junto às crianças maiores, a partir do 10º ano: retornar ao eventualmente
interrompido ensino de pintura, partir de pontos de vista da pintura, “não fazer pintar
motivos” mas sim luz e sombra, claro e escuro, vivência exterior das cores. Portanto, há
um caminho a percorrer da vivência interior da cor, que precisamos despertar entre as
crianças pequenas, para vivência exterior da cor nos objetos físicos iluminados. E, de
permeio, caso seja necessário introduzir crianças de 13 e 14 anos de idade que não
tenham a correspondente formação na pintura, partir da ‘Melancolia’ de Dürer. Nesta
idade não cabe mais ligar ao interiro a vivência criadora de espaço da cor, como
também ainda ao cabe fazer um percurso sistemático de exercícios de observação do
jogo de luz do mundo iluminado. Neste caso a “Melancolia” deve ser um modelo
interior, em cujo domínio podem produzir-se as mais variadas questões até o âmbito da
perspectiva.
Em relação com palavras sobre o cultivo da fantasia das crianças, Rudolf Steiner disse o
seguinte, no Curso de Arnheim, sobre o pintar desenhando, desenhar pintando e,
sobretudo, sobre a modelagem:
O exercício elementar de harmonia de cores aqui proposto pode mostrar o que Rudolf
Steiner queria dizer quando deu a sugestão para empregar, em cores e tonalidades, a
espécie de consideração das formas geométricas no sentido da dissertação de Baravalle.
No mesmo Curso de Torquay Rudolf Steiner mostra por que a criança escolar sente esse
forte impulso para formar formas plásticas:
Por fim, o Curso de Torquay trata ainda do desenho e aponta para a supervalorização
que hoje lhe é atribuída a partir de uma ótica erradamente orientada:
Assim, o Curso de Torquay traz ainda importantes pontos de vista sobre o modo de ver
e o manejo, tanto para pintura, quando para modelagem e desenho.
Seguem agora indicações de Rudolf Steiner para o currículo, inicialmente aquelas das
Palestras sobre Currículo das oito primeiras classes:
“Agora peço atentarem para que até o sexto ano escolar as formas geométricas
do circulo, do triângulo tenham sido buscadas do desenho; depois de,
primeiramente, havermos desenvolvido o desenho nos primeiros anos para o
ensino da escrita.
Depois passamos gradativamente, do desenho que desenvolvemos para o ensino
da escrita, a desenvolver com a criança formas mais complexas, que são
desenvolvidas pelas formas em si, pelo desenho em si; e a desenvolvê-las
também na pintura, pela pintura em si. Conduziremos nesse âmbito o ensino de
pintura e desenho.
No quarto ano escolar, em desenho, ensinamos o que seja um círculo, uma
elipse etc. Ensinamos isto a partir do desenho. Damos ainda prosseguimento a
isso, sempre conduzindo ainda inteiramente no sentido de formas plásticas, em
que nos servimos de massa de modelagem... para irmos também a busca da
observação de formas, do sentimento de formas.
Agora desenvolvemos o ensino de desenho com vimos, nos primeiros anos
escolares, de modo que tal que inicialmente ensinemos à criança certo sentir para
as formas redondas, angulares etc. Desenvolvemos a partir da forma, aquilo que
depois precisaremos para o ensino da escrita. Evitaremos totalmente, no inicio
desse ensino elementar de desenho, copiar qualquer coisa. Os senhores precisam
evitar, tanto quanto possível, deixar a criança copiar uma cadeira ou uma flor, ou
o que quer que seja, mas sim, levam-na tanto quanto possível a produzir por si
formas lineares: redondas, pontiagudas, semicirculares, elípticas, formas
retilíneas etc. Provoquem na criança o sentir para o que seja a diferença entre a
curvatura do circulo e a curvatura da elipse. Em suma, despertem o sentimento
para a forma antes que o impulso para copiar desperte. Somente mais tarde os
409
senhores deixarão que seja empregado no copiar aquilo que foi tratado nas
formas. Façam a criança primeiramente desenhar um ângulo, de modo que
aprenda o ângulo pela forma. Depois, mostrem-lhe a cadeira e digam: veja, isto é
um ângulo, aqui está novamente um ângulo e assim por diante. Não façam a
criança copiar nada antes de haver tratado nela, a partir do sentimento interior,
em sua atividade própria, a forma que só depois, mais tarde, poderá ser também
copiada. E os senhores precisam manter o assunto assim, também quando
passarem para um manejo mais independente – portanto independente da escrita
– do desenho, da pintura e também da plástica.”
sobre uma superfície desse tipo, para que tenham uma visão interior a respeito.”
(16 de janeiro de 1921)
Uma nova pergunta foi feita em ligação com essas frases: “Devemos empregar
impressões do tipo como raios de luz, raios de sombra?” E Rudolf Steiner respondeu:
“Esta é uma questão de caráter geral. Não é bom na geometria projetiva coisas
que não existem. Não existem raios de luz e menos ainda raios de sombra. Não é
necessário que se trabalhe com esse conceito no ensino de projeções.
Deveríamos trabalhar com conteúdos espaciais formais. Não existem raios de luz
e raios de sombra. Existem cilindro e cone. Existe um corpo que surge quando
tenho um cone inclinado que é iluminado de um ponto e faz cair uma sobra
sobre um plano inclinado. Tenho então um corpo de sobra que existe. A criança
deveria entender também esse corpo de sombra como tal. O limite curvo do
corpo de sombra, isto sim, a criança deveria aprender. Da mesma forma como
mais tarde, na geometria projetiva, precisa entender quando um cilindro
intersecciona outro com diâmetro menor. É singularmente útil ensinar essas
coisas às crianças. Isto não desvia da arte. Isto deixa as crianças na arte. Isso
torna a representação flexível. Sabemos formar representações com flexibilidade
quando sabemos de antemão que tipo de curva de corte resulta quando cilindros
se interseccinam. É muito importante trazermos coisas desse tipo, mas não
abstrações.” (16 de janeiro de 1921)
“Depois, no sétimo ano escolar, deveria ser tratado tudo o que se refere a
intersecções. Digamos, como um exemplo simples: temos aqui um cilindro que
será atravessado por um pilar. O cilindro tem de ser transpassado pelo pilar. Os
senhores precisam mostrar que tipo de superfície de corte resulta na parte de
entrada no cilindro e na parte de saída. Isto precisa ser estudado com a criança.
Ela precisa aprender o que resulta quando corpos ou superfícies se atravessam
mutuamente, de modo a saber qual é a diferença: se uma chaminé de fogão
atravessar verticalmente o teto, lá em cima, a intersecção será circular, ou se
atravessar de modo linear, a intersecção será uma elipse. Depois, a criança nesse
ano precisa receber uma boa apresentação instrutiva de perspectiva, portanto,
desenho simples de perspectiva, encurtamento no afastamento, alongamento na
411
Até aqui este ensino repousa inteiramente nas mãos do professor de classe. Com o 9º
ano escolar, tudo que diz respeito à pintura, modelagem e desenho é incorporado no
ensino de artes aplicadas. Ali é feita modelagem, são produzidos objetos artesanais, bem
como exercícios em preto-e-branco, além de trabalhos simples de marcenaria e,
finalmente, a pintura à aquarela é exercida. Isto pode ser consultado no capítulo de artes
aplicadas.
412
10 Desenho de
mapas no
ensino de
agrimensura.
11 Retomada da pintura no Projeção de mapas
ensino de artes aplicadas. no ensino de
“Recomeçar pelas coisas matemática.
12 mais simples, mas partir de
pontos de vista da pintura”,
portanto, perspectiva de
cores e qualidades espaciais a
partir de manchas de cores
da força formadora de espaço anímico da cor como tal, o brilho das superfícies
iluminadas no espaço exterior. Com isso a pintura extravasa o espaço anímico,
porventura a imagem dos contos de fadas, para o espaço exterior dos corpos e do estado
vígil. – A vivência de uma pintura assenta-se sobre estes dois elementos em conjunto:
primeiramente sobre o espaço exterior, que deriva da percepção pensante inconsciente
das superfícies iluminadas e não iluminadas e, em segundo lugar, da movimentação de
cores puramente sentida. –
Se isto for buscado de maneira consequente nas classes de 1º grau, de modo a que as
crianças ganham algum domínio, então muito terá sido alcançado. Após uma
interrupção de dois anos, aquilo que já foi aprendido será elevado à clara consciência
então, na 11ª classe, e aprendido novamente. Compare-se a isto o capítulo sobre artes
aplicadas.
A respeito de modelagem conservaram-se excepcionalmente poucas indicações. Que a
criança deve iniciar com a modelagem aos 9 e 10 anos – que depois deve ser conduzida
a seguir com a palma da mão as formas plásticas, - que para esta conformação deveriam
ser também empregadas formas em si, - que só posteriormente deve descobrir a
semelhança com materiais exteriores, que a ocupação com as formas dos órgãos
humanos despertam o impulso pela configuração plástica que, entretanto, não deve de
modo algum desembocar no copiar.
O desenho dá repetidamente seus impulsos em outras matérias. Principalmente, pelo
exercício de formas bem simples, serve ao aprendizado da escrita – 1ª classe - . Depois,
desdobra-se em exercícios de simetria e configurações semelhantes que devem tratar e
formar a consciência de espaço. Com isto prepara a geometria que, a partir da 4ª classe,
se desdobra em desenhos exatos de figuras geométricas. A partir da 6ª classe o desenho
geométrico passa para a verdadeira geometria demonstrativa, e o desenho subsiste como
ensino simples de projeções até o fim do período da escola elementar. A 9ª classe eleva
esse ramo do desenho às alturas do trabalho matemático mais rigoroso que é tratado até
o encerramento escolar. Dele derivam-se ainda: na 10ª classe, o desenho de mapas no
ensino de topografia e, na 11ª classe, a projeção de mapas no âmbito da geografia.
415
“Olhe uma vez para você mesmo! Você tem duas mãos, uma esquerda e uma
direita. Essas mãos, você as tem para trabalhar, com essas mão você pode fazer
várias coisas.” Portanto, tentamos elevar à consciência também aquilo que esta
no Homem. A criança precisa, não somente saber que tem mãos, mas também
ser conscientizada de que tem mãos. Existe, porém, uma diferença entre saber
que tem mãos para trabalhar e a condição de que esse pensamento nunca lhe
tenha passado pela alma. Depois de havermos falado com a criança durante
algum tempo sobre as mãos e sobre o trabalho com as mãos, passamos a fazer
com que a criança execute uma coisa qualquer de habilidade manual. Isto pode
ocorrer, circunstancialmente, já na primeira aula. (Metodologia e Didática, 4ª
palestra)
Em seguida Rudolf Steiner mostrou, em ligação direta com isso, como se pode levar as
crianças para os primeiros exercícios de desenho que, mais adiante, devem conduzir
para o primeiro aprendizado da escrita.
A primeira manifestação transmitida por Rudolf Steiner, com respeito ao ensino de
trabalhos manuais propriamente dito, só teve lugar a 30 de julho de 1920:
416
“Eu pouco participei, mas, naquela vez, tive de dizer para mim mesmo: por que
a criança não tem dedal? Eu sempre disse que precisamos acostumar as crianças
a costurar com dedal. Uma criança não pode costurar sem dedal.”
O “dedal” certamente está colocado aqui, em lugar da ordem e perfeição técnicas, tal
como se espera que estejam presentes em todos os trabalhos de costura. Era no sentido
de ambas que Rudolf Steiner desejava fossem as crianças educadas no ensino de
trabalhos manuais.
Em 16 de janeiro de 1921, portanto somente no 3º ano de atividades da Escola Waldorf,
Rudolf Steiner deu as primeiras diretrizes mais interiores para o ensino de trabalhos
manuais:
Quando do estabelecimento do currículo para a primeira 10ª classe, Rudolf Steiner disse
com respeito ao ensino de trabalhos manuais, apenas estas poucas palavras:
Mais uma vez, um pronunciamento que torna um dever, para os professores, elevar os
trabalhos das crianças a um nível artístico. Em 17 de junho de 1921 é recomendado, as
professoras de trabalhos manuais, que, aos alunos novos, que entravam em classes mais
elevadas, fossem ensinado primeiramente o tricô, para depois fazê-los executarem o
mesmo que a classe estivesse fazendo.
417
“... a beleza precisa ser considerada como fazendo parte da vida. É preciso
desenvolver, em tudo, o sentido de que a beleza não é nada fechado em si, mas
algo situado dentro da vida. É, com respeito a isto, a nossa civilização de hoje
precisa aprender muito, justamente para finalidades de ensino e educação.”
(Dornach 1921/22, 14ª palestra)
Segue, depois, uma longa explicação sobre a maneira pela qual roupas e objetos de uso
deveriam ser ornamentados e embelezados. Queria o própria leitor consultar o assunto
no trecho indicado.
419
Quando do estabelecido do currículo da 11ª classe, em 28. Abr. 1922, Rudolf Steiner
disse o seguinte, respeito de trabalhos manuais:
Em 20. Junho desse mesmo ano, Rudolf Steiner ainda acrescentou a isso:
“Depois surge a pergunta: como vamos tratar a classe de modo a introduzir, nela,
o ensino de trabalhos manuais? Este precisaria poder desempenhar um papel
nesta classe... Agora precisamos ter claro que, nesta classe, devem entrar
encadernação de livros e cartonagem...” (20 de junho de 1922)
No verão de 1922, teve lugar o importante Curso Pedagógico em Oxford. Ali, Rudolf
Steiner mostrou, de maneiro particularmente insistente, como um ensino sensato de
pintura atua nos trabalhos da aula de trabalhos manuais:
ao ponto de buscar a forma a partir da cor... Neste caso, não é pintado algo, mas,
aí é vivido a partir da cor. O pintar ‘alguma coisa’ perde-se, então, o sentido para
o vivo e emerge o sentido para o morto. - Se procedermos dessa maneira, a
passagem para um motivo físico qualquer no mundo será muito mais viva do que
se não criarmos essa base...
Desse modo, o Homem o mundo de maneira realmente viva. E as coisas viverão,
nas crianças, de modo totalmente diferente se as fizermos vivenciarem, dessa
maneira, a realidade, a realidade bem trivial e seca do dia, após haverem
aprendido, primeiramente, a vivenciarem artisticamente nas pinturas simples, os
elementos através dos quais elas se exprimem, quero dizer: as sílabas e palavras
das cores.” (Oxford 1922, 7ª palestra)
“No futuro faremos também... com que, nas primeiras quatro classes, sejam
atribuídas, a esse ensino, duas aulas consecutivas por semana e, para todas as
demais classes, uma aula por semana.” (28 de outubro de 1922)
Nas classes mais elevadas, as meninas sentiam-se perturbadas pelos meninos, no ensino
de trabalhos manuais, e a professora fizera a proposta de tornar facultativa, para estes a
aula de trabalhos manuais:
“Como é que podemos fazer isto? Incluímos esse ensino de trabalho manuais,
em nosso currículo, de maneira conveniente e isto não poderia fundamentar que
os alteremos. Isto não pode ocorrer não o poderemos fazer facultativo. Aí,
deveríamos seguir o princípio de que as crianças só cheguem a fazer o que lhes é
adequado.
Podemos fazer alterações dentro do ensino. Podemos dar às crianças os mais
variados trabalhos, não são necessários que todos façam a mesma coisa. Por
mim, a partir da 8ª e 9ª classe, os meninos podem ocupar-se de maneira diferente
das meninas. “Se o fizermos facultativo, romperemos o nosso currículo.” (9 de
dezembro de 1922)
421
“Sim, isto é correto. Após o 12º ano seria muito tolo. Eu jamais desejaria
introduzir na escola, para trabalhar, coisas que nunca se apresentem na vida. Não
é possível resultar nenhuma relação de vida a partir de algo que não contenha
vida. As coisas de Fröbel são inventadas para a escola. Somente coisas da
cultura externa, da vida verdadeira, deveriam ser trazidas, de maneira
correspondente, para dentro da escola.” (18 de setembro de 1923)
423
1º ano escolar:
As crianças aprendem a tricotar, com duas agulhas, na confecção de
esfregões de cozinha. Cada aula dupla é encerrada com pequenos
trabalhos artísticos paralelos como, por exemplo, também desenhar e
pintar na lousa.
2º ano escolar:
Os trabalhos iniciados no 1º ano escolar são concluídos. Depois, as
crianças aprendem a fazer crochê confeccionando pequenos artigos.
Paralelamente, elas fazem pequenos trabalhos artísticos laterais, segundo
esboços próprios.
424
3º ano escolar:
As crianças confeccionam, em crochê, peças de uso de dimensões
maiores como gorros, blusas, abafadores para cafeteira etc. Dão
prosseguimento aos trabalhos paralelos do 2º ano.
4º ano escolar:
As crianças aprendem a costurar com exatidão, por exemplo, na
execução de pequenas bolsas para trabalhos manuais, que também são
coerentemente ornamentadas conforme desenho delas próprias.
5º ano escolar:
A partir deste ano escolar, as crianças aprendem a fazer as peças
individuais que compõem o seu vestuário. No 5º ano escolar começa-se
com a tricotagem de meia ou de luvas. Alem disto, são feitos brinquedos
como animais, bonecos, casas de bonecas. Também para isto, as crianças
desenham ou pintam por si os respectivos esboços.
6º ano escolar:
Agora são costurados chinelos e sapatilhas para ginástica, que são
coerentemente ornamentados. É dada continuação à produção de
brinquedos.
7º ano escolar:
As crianças costuram, à mão, uma camisa ou outra peça do vestuário e
aprendem a ornamentá-la segundo esboços próprios. Os meninos
aprendem a produzir, por si, seus calções de ginástica ou camisas.
8º ano escolar:
O trabalho iniciado no 7º ano escolar é levado adiante. É acrescentada a
costura à máquina. Além disto, é proporcionado o conhecimento de
tecidos. Por fim, são exercitados cerzir e remendar, passar a ferro e
calandrar (NT roupa).
425
Com isto, foi colocada uma primeira meta para o ensino de habilidades manuais, mas,
não a única. Logo esta meta, porém, não foi realizada ainda em lugar algum. Por
427
ocasião de uma visão geral sobre o primeiro ano de trabalho da Escola Waldorf, Rudolf
Steiner disse o seguinte:
No outono de 1920, ao início do segundo ano de trabalho da Escola Waldorf, quando foi
tratado do currículo para a primeira 9ª classe, foram feitas as seguintes indicações para o
ensino de habilidades manuais:
“No ensino de habilidades manuais, eu queria dizer que, em tudo, precisaria ser
cultivado o artístico, o sentimento artístico e coisas assim, não de maneira
explícita, mas em segundo plano. Isto depende de que façamos as crianças
executarem, alternadamente, uma coisa ou outras sempre coisas que venham a
ser concluídas. Eu não as faria executarem somente objetos úteis, mas, também
brinquedos, brinquedos sensatos. Eu acharia muito simpático se, no ensino de
habilidades manuais, fizéssemos as crianças confeccionarem aqueles ferreiros
que se movem um frente ao outro. As crianças tornam-se habilidosas. Também
poderíamos fazer as crianças produzirem presentes. Eu trabalharia nesse sentido.
E, se chegarmos ao ponto e, isto é algo que traz o elemento festivo à vida da
criança de fazê-las colherem musgo para utilizarem na confecção de pequenos
presépios no Natal, de modo que elas próprias formem e pintem os carneirinhos,
428
isto pode dar origem a muita coisa. Não descuidar de execução de objetos úteis.
Elas têm uma alegria especial, quando chegam a fazer algo como um ‘reco-
reco’, que também é algo como uma travessura.” (22 de setembro de 1922)
Estas indicações, feitas para o novo professor de habilidades manuais, Max Wolffhügel,
que estava então justamente ingressando na escola, são primeiras orientações gerais sem
alusão a classes determinadas. As colocações especiais de tarefas advieram depois, em
conversas entre Rudolf Steiner e Max Wolffhügel. Em 16 de janeiro de 1921, ao
discutir o trabalho, Rudolf Steiner disse o seguinte, ao professor de habilidades
manuais:
“Absolutamente nada pode objetar que as crianças façam colheres de pau. Não
precisam fazer coisas que estejam muito distantes delas e, tanto quanto possível,
luxo nenhum.”
os olhos. A cadeira quer senti-la, queremos sentir sua beleza quando nela
sentamos. Exatamente da mesma maneira como eu disse ontem, no ensino de
trabalhos manuais, que as crianças devem sentir: que , quando algo é aberto para
um lado, isto seja percebido também no bordado. Creio de todo modo, que as
coisas agora vão unir-se um tanto: ensino de trabalho manual, ensino de
habilidades manuais, percepção artística e música. Naturalmente, isto precisa ser
feito de maneira ordenada, para que dominemos as coisas. Nos “Gymnasium”,
isto ocorreu, ou ainda ocorre, de modo terrível. Hermann Grimm queixava-se
sempre, quando mostrava quadros às pessoas, de que elas não conseguiam
extrair dos quadros, se uma pessoa estava postada à frente ou atrás, elas não
tinham ideia alguma do que seja uma contemplação. Os alunos de “Gymnasium”
não sabiam se alguém estava à frente ou atrás.” (17 de junho de 1921)
“Podemos fazê-lo já, a partir da 9ª classe, com respeito ao ensino de língua, por
14 dias a cada vez. Poderíamos fazê-lo, talvez, a cada 6 semanas. Pode-se
distribuir pelo ano.” (22 de junho de 1922)
“E, sobre isto, pode ser levado em consideração que, tudo que é instruído e
ensinado chega ao Homem todo, se o ensino, tal como descrevi, for um todo a
partir do coração das conferências de professores. Nota-se isto, em particular,
quando se faz o ensino fluir do mais anímico para o mais plenamente físico-
prático da vida. E, sobre essa passagem para o plenamente físico-prático, sobre
isto o ensino Waldorf está construindo em primeiro lugar. E assim, será
trabalhado no sentido de que as crianças aprendem, sempre mais, a fazer uso de
suas mãos; e, nisto, precisará ser trabalhado a partir daquilo que, primeiramente,
era o emprego das mãos pela criança pequena no brincar, passando de permeio a
certo elemento artístico que, contudo, precisa ser buscado de dentro da própria
criança. Alcançaremos isto por meio da fazermos as crianças executarem toda
sorte de trabalhos práticos. Estamos, agora, em condições de fazê-lo a partir da
6ª classe. Algumas dessas coisas cabem em uma idade menor, contudo eu já o
mencionei, precisaríamos assumir compromissos. Só mais tarde alcançaremos o
ideal então, aquilo que agora, uma criança de 11 ou 12 anos faz, com respeito a
trabalhos práticos, poderá ser feito também por uma criança de 9 anos. Mas,
esses trabalhos práticos levam o caráter de trabalho livre e de trazer para dentro
do artístico. A criança precisa trabalho a partir da vontade, e não a partir de algo
que lhe é mandado fazer. Assim, em uma espécie de ensino de trabalho, de
ensino de habilidades manuais, introduzidos a criança no entalhar toda sorte de
objetos, no confeccionar toda espécie de objetos que ela faz a partir de suas
ideias...”
Seguem mais exposições sobre trabalhos das crianças em entalhe, em especial sobre
brinquedos móveis, e, vem a frase seguinte:
“Isto fazem, portanto, crianças de 11, 12, 13, 14, e 15 anos; por enquanto, ainda
as mais velhas, mas, depois, precisaremos retroceder, aos poucos, para as classes
mais baixas, em que as formas serão, então, mais simples.” (Oxford 1922, 7ª
palestra)
“Então, aquilo que, agora, uma criança de 11 ou 12 anos faz, com respeito a trabalhos
práticos,” sentenças como esta precisam ser objeto de renovada reflexão.
Em 28 de outubro de 1922 foi falado novamente sobre a concentração do ensino de
habilidades manuais nos períodos da tarde. Isto pode ser consultado no trecho indicado.
Quando um aluno solicitou para ser liberado do ensino de habilidades manuais por
causa de suas aulas de música, Rudolf Steiner disse o seguinte, na conferência:
É recomendado ao leitor, ler também estas frases no contexto da palestra toda. Aqui está
expressa uma diretriz muito essencial: conduzir, pouco a pouco, o brincar da criança
para a configuração artística, e esta, novamente, para a configuração prática.
As indicações fornecidas por Rudolf Steiner para este ensino, certamente dão linhas
diretrizes para o objetivo geral, mas, quase nenhumas metas de classes. Algumas
indicações deste tipo, porém, foram dadas pessoalmente ao professor daquela época,
Max Wolffhügel. A partir delas, em conjunto com o Sr. Wolffhügel, surgiu o currículo
para o ensino de artes aplicadas, dado a seguir:
Sexto ano escolar – as crianças são introduzidas no trabalho com madeira, como
trabalho manual, e produzem objetos simples e práticos.
Sétimo e oitavo anos escolares – aquilo que foi aprendido é empregado na produção de
brinquedos. Em seguida, são produzidos objetos artesanais simples, em formas
regulares.
Décimo primeiro ano escolar – é dada continuação ao que foi feito até agora.
Acrescenta-se a isso, exercícios preliminares em marcenaria para produção de móveis.
Décimo segundo ano escolar – os exercícios em preto e branco têm continuação e são
conduzidos para cores, no ensino de pintura. Os trabalhos de marcenaria são levados
adiante.
433
25 - ENSINO DE RELIGIÃO
Com respeito à colocação, na escola, de ensino de religião por confissão, Rudolf Steiner
disse o seguinte, na 12ª palestra do Curso de Metodologia e Didática, a 3 de setembro de
1919:
Nas duas semanas seguintes, Rudolf Steiner esteve em Berlim e em Dresden, de onde só
retornou a Stuttgart em 24. Setembro. Nessa época, os membros da Sociedade
Antroposófica, na qualidade de pais que havia confiado seus filhos, um ensino de
religião mantido no sentido da Antroposofia. Em consequência disto, ele fundou o livre
ensino de religião e o introduziu formalmente, no organismo escolar, exatamente da
mesma maneira como já havia introduzido as aulas por confissão, ou seja: o livre ensino
de religião não deveria ser, como que, assunto da própria escola, mas, deveria ser dado,
em salas da escola, por incumbência dos antropósofos, isto é, de sua sociedade, tal
como o ensino por confissões devia ser dado por incumbência da respectiva igreja.
Ligam-se, então, a esse novo ensino de religião, numerosos filhos de trabalhadores da
Fábrica de Cigarros Waldorf-Astoria que, de outra forma, certamente não teriam
436
“Portanto, com absoluta certeza, não queiramos criar uma escola de cosmovisão,
como facilmente se poderia crer... mas sim, tratava-se de levar antroposofia para
dentro da prática pedagógica.
Por conseguinte, era–me também relativamente indiferente, simplesmente deixar
o ponto culminante da vida ideológica, a cosmovisão religiosa, a cargo dos
representantes respectivos das confissões religiosas tradicionais. E, assim, o
ensino de religião católica foi colocada tranquilamente à disposição do padre
católico, o ensino de religião evangélica ao padre evangélico... Mas nisto,
resultou que, quando o nosso amigo Emil Molt fundou a Escola Waldorf em
Stuttgart, o maior contingente de crianças era formado por crianças proletárias
de sua fábrica. Eram, em grande parte, crianças desistentes, crianças que, se
tivessem ido para outra escola não teriam participado de nenhum ensino de
religião, porque haviam crescido sem religião. Para estas, sobreveio à
necessidade, tanto para as próprias crianças, pela maneira como isto pode
manifestar-se em crianças, como para os pais das crianças, de ter algo assim, e,
então, tivemos de organizar nosso livre ensino de religião para as crianças.
Exatamente da mesma maneira que o ensino evangélico é dado pelo pastor
evangélico, o ensino católico por um padre católico, ele será dado por nossos
professores que, então, também se consideram, perante o restante do currículo,
como professores aprovados de religião. Assim será, pois, dado ensino
antroposófico de religião. E o levamos ao ponto que, já hoje, esse livre ensino
antroposófico de religião significa algo de muito promissor – também para
muitas outras crianças -, justamente para as crianças proletárias.
Ai surge, agora, uma dificuldade especial: pois, temos uma Antroposofia para
adultos e professores, quando proporciona seu ensino antroposófico de religião
tem, hoje, de lutar para criar conteúdos para aquilo que ele precisa tratar com as
crianças. E, primeiramente, fundir aquilo que é cosmovisão antroposófica, na
forma em que possa ser levado á criança. E, nesta elaboração de uma
cosmovisão moderna para a criança, de acordo com o espírito humano,
trabalhamos de variadas maneiras. Aí é, de fato, necessário entrar
profundamente, por exemplo, até que ponto símbolo que precisamos usar, atuam
437
Esta situação, que já se havia formado no outono de 1919, Rudolf Steiner a abordou na
conferência de 25 de setembro de 1919, a primeira que manteve com o novo colegiado
após o início do trabalho e após o seu retorno de Dresden:
“Precisamos dizer às crianças: quem quiser ter o livre ensino de religião, precisa
escolhê-lo como tal e, este livre ensino de religião deveria simplesmente estar
como terceiro, ao lado dos outros dois. Não pode haver absolutamente, uma
mistura pouco clara de uns com os outros. Para evitar isto, os senhores podem
fazê-lo de modo que, aqueles que devem ter livre ensino de religião, sejam
agrupados por classe, digamos: as quatros classes e as quatro classes maiores em
conjunto. Qualquer um de nós pode dar esse ensino ...”
“Pode ser um de nós, que o assuma. Não é preciso que seja o respectivo
professor de classe. Não é desejável que alguém desconhecido, que se aproxime
de nós, seja contratado. Precisaríamos permanecer dentro do círculo de nossos
professores. Com 60 crianças, reuniríamos dois grupos de aproximada mente 30
cada, talvez as quatro classes maiores e as quatro classes em conjunto. Ainda lhe
438
darei um currículo para esse fim. Precisaríamos fazer esse ensino muito
cuidadosamente.”
Ainda mesmo nesse dia, Rudolf Steiner esboçou as primeiras indicações para esses dois
grupos, os da 1ª a 4ª classe e o das 5ª a 8ª classes.
“No primeiro grupo, deve permanecer fora de tudo que se relacione com
reencarnação e carma. Isto só será discutido no 2º grupo. Mas, aí isto precisa
surgir. A partir do 10º ano, as coisas precisam ser ensinadas. Justamente neste
ensino é extraordinariamente necessário que, desde o início,voltaremos nossa
atenção para a espontaneidade dos alunos. Não se deve falar de reencarnação e
carma logo de maneira teórica, mas prática.”
“Ao se aproximarem dos 7 anos de idade, as crianças ainda têm uma espécie de
visão retrospectiva sobre toda sorte de situações que existiram antes do
nascimento. Algumas vezes, elas narram coisas as mais curiosas, que são
imagens dessas situações anteriores como, por exemplo, - isto não é um caso
isolado, mas algo típico – que as crianças cheguem e digam: eu cheguei a esse
mundo por um funil que se expandia cada vez mais. Elas descrevem como
chegarem ao mundo. Essas coisas, as deixaremos descreverem, as deixaremos
contribuírem e as cultivamos de modo que sejam trazidas para cima, para a
consciência. Isto é muito bom, apenas deve-se evitar que sejam insinuadas
coisas às crianças. Deveríamos buscar para fora aquilo que elas próprias dizem.
Isto sim, deveríamos fazer. Isto faz parte do currículo.
que temos no curso. Peço que, aquilo que estará no jornal Waldorf, seja
considerado como ideal. – Grundlage 1919/20. Para cada grupo bastam 1,½horas
de ensino de religião por semana, duas vezes ¾ de horas. Seria particularmente
bom se pudesse ser aos domingos, mas, isto, certamente não daria certo. Neste
ensino, poderíamos também habituar as crianças aos ‘versos semanais’”
“Nunca pode haver algo que seja difícil demais para crianças. Não se trata aí da
assimilação do pensamento, mas, de como os pensamentos seguem uns aos
outros etc. Eu gostaria de saber o que poderia ser mais difícil, para as crianças, o
que o Padre nosso. Apenas supomos que isto seja mais fácil que os versos
semanais do ‘Seelenkalender’ (NT - ‘calendário da alma’). E o ‘Credo’. O fato
das pessoas colocarem-se contra o ‘Credo’ deriva de que ninguém o
compreende: senão, as pessoas não se colocariam contra ele. E ele só contem
aquilo que, no fundo, é óbvio, mas, as pessoas chegam até aos 27 anos sem
lograr poder entendê-lo e, depois, não aprendem mais nada da vida. As
discussões a respeito do ‘Credo’ são infantis. Ele contém nada que possamos,
por nós mesmos, decidir. - Os versos semanais podemos falá-los com as crianças
também antes da aula.” (25 de setembro de 1919)
No dia seguinte, a 26 de setembro de 1919, Rudolf Steiner deu o currículo, com todos
os pormenores, para os dois níveis em que, no início, o ensino deveria ser dado:
dadas, portanto, como prova de que reina espírito no físico. Isto é para ser
conversado com a criança.
Deve ser completamente evitado qualquer ensino superficial utilitário. Portanto,
o ensino antroposófico de religião não pode ser orientado pelo modelo daquele
ensino unitário que diz: ’Para que encontremos cortiça na árvore? – Para que se
possa fazer rolhas de champanha. O bom Deus criou a cortiça, com sabedoria,
para que as possamos fazer rolhas. ‘Esta abordagem, de algo existe para um
‘para que’, que reina como intenção humana e vive na natureza , Isto é veneno;
isto não pode ser desenvolvido. Portanto, não levar representações banais de
utilidade para dentro da natureza.
Da mesma maneira, não se pode desenvolver a representação, tão ao gosto das
pessoas, de que o desconhecido é uma comprovação de espírito. Não é verdade?
As pessoas dizem ‘Ah, isto não podemos saber, aí se revela o espírito.’ Em lugar
de ganharem a sensação de que: ‘Pode-se saber do espírito, o espírito revela-se
na matéria’, as pessoas são tão orientadas para a condição de, onde não se
consegue esclarecer algo, tem-se uma prova do divino. Portanto, estas duas
coisas devem ser rigorosamente evitadas: ensino superficial utilitário e tais
ideias milagrosas, que procuram o milagre justamente como uma prova da
atuação divina.
Em compensação, dependerá sobretudo de que formemos representações, pelas
quais aludimos ao suprassensível a partir da natureza. Como exemplo, já
mencionei frequentemente a seguinte: conversamos com as crianças acerca do
casulo da borboleta, como uma borboleta sai do casulo e, nisto, tornamos claro
para elas o conceito da alma imortal, enquanto lhes dizemos: o homem morre e,
então, sai dele a alma imortal como uma borboleta invisível, tal como a
borboleta sai do casulo. Contudo, uma representação deste tipo só será atuante se
os senhores próprios acreditarem nela, se, para os senhores mesmos, a
representação da borboleta libertando-se do casulo for um símbolo da
imortalidade implantando na natureza por poderes divinos. Temos de acreditar
nisto, nós mesmos, senão as crianças não acreditarão em nós.
Precisamos estimular coisas deste tipo nas crianças, e elas serão particularmente
atuantes nas crianças se pudermos mostrar como um ser, uma configuração
primordial, pode viver em muitas configurações. Mas, no ensino de religião,
depende de que tratemos os temas por meio da sensação e, não, por meio da
442
tratados, os salmos de David, o Cântico dos Cânticos etc. Isto seria, portanto,
para o primeiro nível.
No segundo nível que, portanto, abrange as quatro classes maiores, tratar-se-ia
de conversarmos muito, com as crianças, sobre os conceitos de destino, destino
do Homem. Seria, pois, ensinar à criança uma representação daquilo que é
destino, de modo que a criança realmente sinta que o Homem tem um destino; o
importante é ensinar, a criança, a diferença entre aquilo que atinja um indivíduo
fortuitamente e aquilo que é destino. Ou seja, precisamos tratar do conceito de
destino com a criança. A questão sobre quando alguém é atingido por alguma
coisa por destino, ou, quando algo atinge alguém fortuitamente, não se permite
ser esclarecida por meio de definição. Mas, talvez possamos esclarecê-la por
meio de exemplo. Digamos: quando me encontro em um acontecimento que me
atinge de modo como se eu tivesse procurado o acontecimento, trata-se, então,
de destino. Quando eu não puder sentir que o tenha procurado, mas puder sentir,
de modo especialmente intenso, que fui surpreendido e que, do acontecimento,
possa aprender muito para o futuro, trata-se de casualidade e, só então, se torna
destino. É preciso ser ensinada à criança, pouco a pouco, nisto que só pode ser
vivenciado por meio da sensação, a diferença entre ‘carma cumprido’ e ‘carma
desabrochando, vindo a ser’. Precisamos, realmente, tratar pouco a pouco, com a
criança, da questão do destino no sentido da questão do carma.
A respeito da existência de diferenças na sensação, os senhores encontrarão
informações mais precisas na última edição da minha ‘Teosofia’ (NT - Editora
Antroposófica). Aí tratei desta questão no capítulo ‘Reencarnação e Carma’, o
qual foi totalmente reelaborado. Ai tentei salientar como se sente a diferença. Ai
os senhores podem esclarecer-se completamente sobre o fato de que existem
dois tipos de acontecimentos. Em um, sente-se mais que se o procurou; por
exemplo, quando conhecemos uma pessoa, na maioria das vezes sentíamos que a
havíamos procurado. Quando nos encontramos em um acontecimento da
natureza, em que somos envolvidos sentimos então que nele podemos aprender
muito para o futuro. Quando alguém é atingido por algo através de pessoas, na
maioria das vezes é um carma cumprido. Até mesmo numa condição como esta,
os senhores aqui se encontrem juntos, por exemplo, em um colegiado de
professores na Escola Waldorf, é um carma cumprido. Encontramo-nos assim,
juntos, porque nos procuramos. Contudo, isto não se pode esclarecer por meio de
444
definição, mas, somente, por meio da sensação. Precisamos falar muito, com a
criança, sobre toda sorte de destino especial, talvez em narrativas em que
intervêm questões de destino. Podemos recordar algo. Até mesmo, dos contos de
fadas, por meio de retornar aqueles contos de fadas em que intervêm questões de
destino. Sobretudo podemos procura também na história, aqueles exemplos em
que vemos, em uma pessoa isolada, como um destino se cumpre. Portanto, a
questão do destino deve ser discutida para, desta maneira, chamarmos a atenção
para a seriedade da vida.
E, agora, desejo esclarecer aos senhores o que é propriamente religioso, no
sentido antroposófico. O religioso, no sentido da antroposofia, é o sentimento
que assimilamos, a partir da cosmovisão, em termos de sentimentos para mundo,
espírito e vida. A cosmovisão em si é um assunto da cabeça, mas, o religioso
sempre provém do Homem todo. Por isto, uma religião, a religião por confissão
não é, em verdade, realmente religiosa. O que vem ao caso é que, na religião,
vive o Homem todo e, de fato, principalmente sentimento e vontade. Aquilo que,
em termos de conteúdo de cosmovisão, vive na religião, é em verdade, apenas
para exemplificar, para apoiar, para aprofundamento do sentimento e para o
fortalecimento da vontade. È isto, o que deve fluir da religião: que o Homem
cresça além daquilo que as coisas transitórias terrenas possam dar, a um
indivíduo, em aprofundamento anímico e fortalecimento da vontade.
Depois da questão do carma, dever-se-ia passar para a diferença entre aquilo que
herdamos dos pais frente aquilo que, de uma vida terrestre anterior, trouxemos
conosco. No segundo nível serão tratadas as vidas terrestres anteriores e tudo
deverá contribuir para que seja bem compreendido, pela razão e pelo sentimento,
que o Homem vive em vidas terrestres repetidas.
E, depois, deveria ser inteiramente levado à consideração que o Homem se eleva
ao divino em três níveis. Portanto, depois de haverem ensinado o conceito de
destino, lentamente, por meio de narrativas, e os conceitos de hereditariedade e
de vidas terrestres repetidas, passamos para os três níveis do divino:
Primeiro: para o divino que leva ao anjo, o qual existe para cada pessoa
individualmente. E ai, conversa-se sobre como cada indivíduo é
conduzido, de outra vida para a outra, pelo seu gênio pessoal.
445
por meio de dizer: assim como uma árvore precisa ser fotografada de quatro
lados diferentes, para ser realmente vista, os quatros Evangelhos são como
quatros pontos de vista. Tomamos uma vez o Evangelho segundo Mateus, outra
vez o Evangelho segundo Marcos, outra vez o Evangelho segundo Lucas, outra
vez o Evangelho segundo João, e atribuímos peso especial à condição de que
isto seja sempre sentido. Coloca-se ênfase especial á diferença no sentir.
Este é, pois, o segundo nível com seu conteúdo de ensino. O teor do primeiro
nível é o de que deveria ser ensinado, ao Homem em formação, tudo o que possa
tornar-se conhecido mediante o divino na natureza através da sabedoria.
“No segundo nível, é a transformação: o Homem reconhece o divino não pela
sabedoria só, mas sim pelo amor atuante.”(26. Setembro. 1919).
Após essa exposição detalhada do currículo para as classes do 1º grau, Rudolf Steiner
ainda respondeu a perguntas a respeito. À pergunta sobre se se deveria fazer estudarem
versículos:
“Os dez mandamentos estão contidos no Velho Testamento, mas é preciso que a
seriedade do assunto seja sempre esclarecida. Eu sempre sublinhei, e está
também ali contido, que não se deve pronunciar o nome de Deus de maneira vã.
Isto é transgredido por quase todos os oradores de púlpito, por pronunciarem
continuamente o nome de Cristo de maneira vã. Tudo isto precisa, naturalmente,
ser aprofundada por meio do sentimento. O ensino de religião não pode, de
modo algum, ser dado em
Forma de conhecimento, mas sim por meio do aprofundamento do sentimento. O
Credo, como tal, não é o assunto principal, mas sim, aquilo que é sentimento no
Credo; não a crença no Deus-Pai, no Deus-Filho e no Deus-Espírito, mas que
447
“E, somente depois de havermos ensinado esses conceitos, passamos, por volta
do 12º ano, para um terceiro nível do ensino.”
O parágrafo todo parece, então, ter sentido, como uma inserção; antes dele e, depois
dele, é falado da consideração dos três níveis do divino, até á frase:
E a frase:
Deveria ter dado início a um novo parágrafo que, novamente, se ocuparia do “não
concretizado” terceiro nível do ensino.
Mas, o que foi tratado nestes dois parágrafos a respeito de Cristologia e Evangelhos
fora, em realidade, de conformidade com este primeiro currículo, levando às crianças já
na 5ª classe, em lugar de sê-lo na 7ª classes.
Somente às vésperas do Natal, em 22 e 23 de dezembro de 1919, Rudolf Steiner
retornou às conferências na escola. Destas, muito pouco se conservou em anotações. Ao
relato de um professor acerca das experiências que até então tivera com o livre ensino
de religião, Rudolf Steiner uma resposta, da qual só se tem o registro das frases
seguintes:
Nessa época também fora organizado o ato dominical para as crianças participantes no
livre ensino de religioso, seus pais e professores. A este respeito, só restou uma
anotação extraída de apontamentos incompletos de conferências:
“Os atos dominicais são somente para as crianças que participam no livre ensino
de religião. Eles oferecem um sucedâneo para aqueles que não têm rito, para as
crianças e seus pais. O ato dominical deve ser encerrado com música, com algo
instrumental especial.” (6 de março de 1920)
Ao relato de que um aluno, que havia participado no livre ensino de religião, retornara
para o ensino católico, seguiu a seguinte resposta:
Um professor de classe relata ter permanecido nas aulas de religião de sua classe, para
assegurar a ordem; e diz que sentiu-se como um cão de guarda:
E então a partir de si, sem ser perguntado, Rudolf Steiner disse o que segue, a respeito
do livre ensino de religião, a ser seguramente relacionado à 10ª classe, que fora
inaugurada pela primeira vez no inicio do verão de 1921, ou, melhor dito, às 8ª, 9ª e 10ª
classes, na qualidade de terceiro nível:
“No livre ensino de religião ainda não chegamos ao ponto de haver feito os
salmos com as crianças. As crianças da 10ª classe deveriam entender o salmo.
Discutir toda a matéria contida no salmo;fazer uma espécie de consideração
interior, da quilo que esta contido no salmo, de modo que possamos coroá-lo por
meio de salmo.”
E, a pergunta de um professor de religião, sobre o que deveria fazer agora “que acabava
de sair dos contos de fadas”:
“Não devemos crer que se possa deixar Cristo da lado, isto não pode acontecer.”
452
A seguir, o professor de outro grupo declarou: “Eu dei histórias do Velho Testamento.”
E Rudolf Steiner respondeu:
Em seguida, o mesmo professor desejava saber com o que deve começar. Rudolf Steiner
responde, dando uma visão geral sobre os temas dos dois níveis iniciais:
A isto, Rudolf Steiner ligou uma observação sobre uma aula de religião que ele havia
vivenciado em Haubinda. (17 de junho de 1921)
Em 16 de novembro do mesmo ano, foi relatado, na conferencia, que alguns professores
haviam organizado um ‘encontro’ com alunos, em que foram conversado sobre
cosmovisão. Rudolf Steiner disse, a respeito:
deveria ser colocado neste ponto. Por isto, desejo lembrá-lo mais uma vez, como um
trecho de um curso tão significativo para a edificação da arte de educar de Rudolf
Steiner, que presenciou ser renovadamente citado, também nos capítulos sobre outras
áreas de ensino. Ele contém, em sua 16ª e última palestra, uma caracterização geral do
ensino de religião, tal como este deveria ser, e apresenta, com isto, uma antítese para as
metas concretas das demais indicações feitas para as diferentes faixas de idade.
(Dornach, 1921/22)
11ª classe: A uma queixa de um professor de religião, de que três quartos de hora lhe
parecia muito escassos para o ensino de religião:
A uma observação sobre o ensino de arte na 11ª classe, para o qual também havia sido
mencionada a tarefa de que fosse tratada a relação da arte com a religião:
“O ensino de religião deveria ter outra nota. O ensino de arte deve ter a nota de
que, tudo é sintonizado no artístico para a compreensão do artístico. No ensino
de religião, sou de opinião que devemos trabalhar para que reine atmosfera
realmente religiosa. Ele deve ser uma espécie de educação religiosa.
Anteriormente, havia um intenso trabalho sobre os elementos intelectuais na
religião.” (10 de maio de 1922)
Em 21 de junho de 1922 foi dado o currículo para a 11ª classe. Com respeito ao ensino
de religião, foi dito o seguinte:
“Passar para uma concepção tal do assunto, que vá para a força do julgamento e
que, aí, se chegue à discussão. Anteriormente, tratava-se de uma exposição em
imagens; agora, deveria chegar ao ponto de, no ensino de religião, ao trabalhar-
se no sentido dos conceitos. Tratamos a questão do destino de forma religiosa.
454
E, depois, continua:
“Não é necessário que tratemos do todo. Sou de opinião que poderia ser assim: o
senhor tratou de partes do Evangelho segundo João. É tremendamente difícil
tratar da história da criação com as crianças, se não nos tivermos ocupado
intensamente do assunto. Não é necessário tomar outro capitulo do Velho
Testamento. Sou da opinião que seria bom tomar, com as crianças que conhecem
o Novo Testamento, aos Atos dos Apóstolos. Nisto, pode-se retomar o
Evangelho segundo Lucas.” (21 de junho de 1922)
12ª classe. Em 25 de abril de 1923 foi estabelecido o currículo para a primeira 12ª
classe:
“Para a 9ª classe, os atos dos Apóstolos por Lucas, descida do Espírito Santo.”
Após uma visita á escola, por pessoas estranhas, disse Rudolf Steiner o seguinte, na
palestra de 12 de julho de 1923:
À pergunta de um professor sobre o que deveria ser dado como exemplo de religião de
um povo:
Em agosto de 1923 teve lugar o assim chamado Curso de Ilkley. Ele tratou, na palestra
de 15 de agosto, em um longo trecho, das palestras do ensino de religião. Somente uma
pequena parte desse trecho vai aqui reproduzida:
Por conter algo importante para as metas concretas do ensino de religião nos diferentes
graus de desenvolvimento da criança, foi aqui reproduzido este trecho, cujo estudo
recomendamos que o leitor faça em seu contexto original.
Em 5 de fevereiro de 1924 – após a “Assembleia de Natal” - Rudolf Steiner especificou
a relação do livre ensino de religião para com a Sociedade Antroposófica. Queira o
leitor consultar o assunto no trecho indicado. - A solicitação feita pelo colegiado de
professores, por um currículo pormenorizado para o 2º grau, foi adiada para o dia
seguinte. Depois, Rudolf Steiner ainda respondeu à pergunta sobre se não se poderia ter
algo, a título de complemento, para os atos cúlticos, para acompanhar o decorrer do ano.
Rudolf Steiner rejeita a possibilidade:
458
Ele não quer fazer disso um “assunto de calendário”. – Isto deveria também ser
compreendido em seu contexto original. – A pergunta pela matéria para o ensino de
religião na 9ª classe foi respondida, ainda no mesmo dia, com a menção de “Agostinho,
Tomás”. O currículo que havia sido solicitado para o 2º grau, porém, não mais foi dado.
(5 de fevereiro de 1924)
Ao encerramento do Curso de Berna para professores, na época da Páscoa de 1924, a
uma pergunta vinda do auditório, Rudolf Steiner deu uma breve visão sobre a
administração do livre ensino de religião na Escola Waldorf, junto ao ensino por
confissão, para aquelas crianças cujos pais desejavam expressamente o livre ensino de
religião:
Dentro do âmbito do estabelecimento do currículo para a nova 12ª classe, a qual deveria
fazer exame de conclusão somente após um ano de preparação, foi estipulado o
seguinte, para o ensino de religião:
“Em geral, pelo caráter, já demos o currículo para o ensino de religião. Não é
verdade? Naquilo que os senhores deram, não há nada de especial a ser mudado.
Trata-se das classes do 2º grau. Isto deveria culminar, na 12ª classe, com que
pudéssemos ali tratar de uma visão geral sobre as religiões do mundo, porém,
não de maneira a suscitar, a partir dessa visão geral, a ideia de que todas sejam
ilegítimas, mas, precisamente mostrando a sua relativa legitimidade através de
cada uma das formas. Isto seria para o 9º nível. No 8º nível, o cristianismo
deveria ser trabalhado de modo que se mostre, no 9º nível, com a síntese das
religiões. O cristianismo em si, deveria ser trabalhado no 8º nível. No 9º nível,
uma visão geral sobre as religiões do mundo, de modo que elas, por sua vez
culminem novamente no sentido do cristianismo. No 7º nível deveria ser dada
uma espécie de harmonia dos Evangelhos. O cristianismo em si, apresentado em
sua essência, em sua forma de surgimento. Até este ponto, alias, elas já
conhecem os Evangelhos. Portanto: 7º nível, religiões do mundo.” (30 de abril
de 1924)
À pergunta por uma história bíblica para a 3ª classe, Rudolf Steiner recomendou a
Bíblia de Schuster e, a isto, acrescentou o seguinte:
460
“É melhor que não tratamos pelo texto, mas, que a levamos de maneira livre.
Deveríamos levar o assunto ás crianças somente de maneira livre. O livro é
apenas um auxílio á memória.” (2 de junho de 1924)
A pergunta sobre a diferença entre dar história bíblica na aula de religião e na aula
principal:
“Temos uma escola de métodos. Nós não nos misturamos naquilo que é a vida
social contemporânea, mas mostramos, por meio da Antroposofia, o melhor
método para ensinar e temos, portanto, uma pura escola de métodos. Por isto
461
organizei as coisas de modo tal que o ensino de religião, desde o início, não foi
incluído em nosso currículo escolar, senão que, o ensino católico de religião foi
entregue a um padre católico, o ensino evangélico a um pastor evangélico e
assim por diante. Nos primeiros anos, a maioria das crianças vinha de uma
fábrica do Sr. Molt; e vieram muitas crianças dissidentes, crianças de pais sem
religião. Porém, isto naturalmente demandava, de nosso escrúpulo pedagógico,
que déssemos, também a elas, certo ensino de religião. Para estas crianças,
organizamos um livre ensino de religião de modo que, primeiramente, temos um
método para esse livre ensino de religião.
Nesse livre ensino de religião ensinamos, primeiramente, gratidão por meio de
consideração a todas as coisas da natureza. Enquanto se narra simplesmente
lendas, mitos, o que as coisas fazem, pedras, plantas etc.,trata-se de dirigir o
olhar infantil para todas as direções, para o sentir o divino em todas as coisas.
Começamos, portanto, de certa maneira, com uma espécie de – digamos -
naturalismo religioso em forma infantil. A criança não entende nada dos
Evangelhos antes do momento entre o nono e o décimo anos, ao qual já me
referi. Somente então, pode-se passar aos Evangelhos e, mais tarde, para o Velho
Testamento. Portanto, só pode tratar-se de primeiramente ensinar-se, às crianças,
em geral, uma espécie de religião da natureza. Para esta, temos nossos métodos.
Uma religião prescrita também teria, naturalmente, de progredir de maneira
semelhante. Ela teria de utilizar aquilo que esta religião prescrita tem de positivo
para ensinar inicialmente à criança, de uma maneira mais geral, ainda sem
apoiar-se na história bíblica.
Depois somente entre o 9º e o 10º anos, deveríamos passar para os Evangelhos e,
só muito mais tarde, para o Velho Testamento, só a partir do 12º ou 13º ano.
Assim, estaríamos pensando no livre ensino de religião. Relativamente aos
ensinos católico e evangélico, não nos preocupamos com os mesmos.
Para o livre ensino de religião temos, também, a cada domingo, uma de culto.
Existe um culto especial para todos e existe um culto especial para aqueles que,
depois, deixam a escola aos 14 anos. Aquilo que é feito no culto, decorreu de
maneira realmente prática, no curso dos anos;ele extraordinariamente bem para o
aprofundamento do sentimento religioso, é sentido, pelas crianças, como sendo
extraordinariamente sagrado.Deixamos, também, os assistirem a esse culto e
evidenciou-se que, esse ensino voluntário de religião, serve de uma maneira
462
“Até a puberdade, o jovem deve se apropriar, por meio da memória, dos tesouros
sobre os quais a Humanidade pensou ; depois é a época de permear com
conceitos o que ele, anteriormente, gravou bem na memória.Portanto, o homem
não deve como que simplesmente lembrar o que ele compreendeu, mas sim,
deve compreender as coisas que ele sabe, isto é, das quais, por meio da memória,
ele se apossou, tal como a criança se apossou da fala. Isto vale para um âmbito
muito amplo.” (Erziehung des Kindes, Einzelausgabe,1969)
“Se atentarmos para como a criança, em essência, é um ser imitador, para como
a criança, em certa medida, é um órgão sensorial anímico que, de uma maneira
corpórea-religiosa, está entregue ao ambiente que a circunda, teremos então de
atentar essencialmente para que, nesta fase da vida portanto, até à troca de
dentes, tudo atue verdadeiramente, no ambiente que a circunda, de modo que a
464
criança possa assimilar sensorialmente e elaborar em si. Por isso, terá também de
se atentar sobretudo para que a criança, junto com aquilo de que se apossa
sensorialmente a partir do seu meio ambiente, sempre se aposse, anímica e
espiritualmente, da moral; de modo a já termos como que preparado, na criança
que se acerca da fase da troca de dentes, em verdade tudo que se relaciona com
os mais importantes impulsos da vida.
Quando, portanto, introduzimos a criança na escola, mais ou menos na época da
troca dos dentes, teremos diante de nós, não uma folha em branco, mas uma
folha plena de escrita. Agora teremos de atentar, justamente nesta consideração
mais pedagógico-didática que deveremos empregar, para como não se pode levar
à criança algo de primitivo no período entre a troca de dentes e a puberdade, mas
sim, teremos de reconhecer, em tudo, os impulsos que foram introduzidos na
criança em seus primeiros sete anos e como temos de dar, a estes, aquela
orientação que, na vida futura, é exigida do Homem. Por isto é tão intensamente
importante que logo o professor e educador, sejam capazes de olhar de maneira
sensível para todas as emoções de vida das crianças. Pois, quando ele recebe as
crianças na escola, muito já está contido nessas emoções de vida. E ele precisará,
então dirigir e conduzir essas emoções de vida; ele não poderá simplesmente
propor-se a dizer: isto está certo, aquilo está errado, você pode fazer isto, você
pode fazer aquilo; mas sim, ele estará incumbido de reconhecer as crianças e de
levar adiante suas emoções de vida.” (Dornach 1923, 4ª palestra)
“Nesta fase da vida não depende que se leve à criança, de grau em grau, estes ou
aqueles conhecimentos, mas depende, isto sim, de que a façamos realmente
vivenciar, em momentos decisivos da vida – se me permitem dizê-lo assim, de
que a façamos realmente escalar e ultrapassar determinadas montanhas da vida
humana que se localizam na idade infantil. Isto repercute sobre toda a vida
futura.” (Dornach 1923, 5ª palestra)
Para a visão geral do currículo por faixas de idade deve-se recorrer, em cada um dos
capítulos sobre matérias, os assuntos que aqui não estão mais referidos em detalhe.
Francês e Inglês:
De conformidade com o currículo de 2. de junho de 1924, desenvolver o ensino de
línguas, até a terceira classe, de maneira que a criança aprenda a falar falando. Não
retroceder com a palavra estrangeira para a língua materna, mas permanecer no assunto
e na língua estrangeira; conduzir isto, em especial, até a conclusão da terceira classe.
Neste período, não deixar tornar-se perceptível que existe gramática. No tratamento de
textos maiores, não chocar-se com o que a criança assimile uma estrofe ou algo
466
semelhante, que ela conserva só como sons e que, aquilo que assimilou só pelos sons,
ela só aprenda a entender a partir da memória.
Cálculos- matemática:
Algo mais tarde, após o inicio do ensino de escrita e leitura, começar com os cálculos;
desenvolver as quatro operações – a adição a partir da soma, a subtração a partir do
resto, a multiplicação a partir do produto, a divisão a partir do quociente – tanto quanto
possível sem tomar muito tempo na sequência das operações e, depois, exercitar de
modo que, por meio do exercício, essas quatro operações sejam assimiladas quase que
simultaneamente. E, tão logo estejamos em posição de ensinar à criança o conceito da
multiplicação, transmitimo-lhes também o dever de aprender, memorizando, as
tabuadas. Acrescentar a isso, o contar. Colocar o desenho totalmente a serviço do
aprender a escrever.
Música:
Apresentar o ensino de música de maneira a torná-lo apropriado a convocar o Homem
para formar corretamente a voz, o som, e a ouvir corretamente.
Euritmia:
Cuidar da euritmia de maneira adequada à geometria e à música.
Ginástica:
A necessidade por movimentação corporal oriunda do trabalho no ensino restante deve
ser assumida pela ginástica. Particularmente junto às crianças menores, dependerá de
que o professor saiba estimulá-las para um verdadeiro livre brincar.
Trabalhos manuais:
Aprendizado de tricô, com duas agulhas, na confecção de esfregões de cozinha. Fazer
encerrar a aula dupla com pequenos trabalhos artísticos paralelos.
467
Francês e inglês:
Como no primeiro ano escolar.
Cálculos matemática:
Conduzir as quatro operações adiante, para um espaço numérico maior. Resolver tarefas
fáceis com os alunos, também sem escrita, de cabeça. Desenvolver números abstratos,
primeiramente em coisas. Também os cálculos em relação com números concretos, não
se pode perder de vista. – Geometria: fazer exercitar formas mais simples e mais
complicadas, pelas formas e sem apoio em sujeitos/objetos, para o cultivo da
consciência de espaço como configuração.
Música:
Como no primeiro ano escolar.
Euritmia
Principiar com a formação de letras.
Ginástica:
Como no primeiro ano escolar.
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Trabalhos manuais:
Levar ao término os trabalhos do primeiro ano escolar; aprender a fazer crochê;
trabalhos artísticos paralelos segundo esboços próprios.
Francês e Inglês:
Como nos primeiros e segundos anos escolares.
Cálculos matemática:
Fazer as quatro operações com números mais complexos e já na utilização em coisas da
vida prática, tal como haviam sido tratadas no segundo ano escolar. Geometria como no
segundo ano escolar.
Ciências naturais:
Começar a tratar os animais escolhidos correspondentemente e a trazê-los em relação
com o Homem.
Música:
Como nos primeiros e segundos anos escolares:
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Euritmia:
Tornar a fazer ligação com a música, geometria e desenho.
Ginástica:
Como nos primeiros e segundos anos escolares.
Trabalhos manuais:
Confecção, em crochê, de peças de uso de dimensões maiores. Trabalhos paralelos nas
classes anteriores.
“Somente a partir do 9º ano (NT - de vida), na 2ª classe, até por volta do 12º ano
(NT de vida), começamos a desenvolver mais a autoconsciência. E fazemos isto
na gramática. Aí o Homem já está em posição, pela transformação por que
passou e que caracterizei para os senhores, a assimilar em sua autoconsciência
aquilo que a gramática pode fazer por ele. Aí tratamos principalmente da
morfologia. Porém depois, começamos com a história natural do reino animal,
tal como mostrei aos senhores, pelo polvo, rato e Homem. E depois fazemos
seguir, somente mais tarde, o reino vegetal, tal como os senhores desejam
mostrar-me hoje à tarde.” (Metodologia e Didática, 10ª palestra)
“Quando a criança tiver chegado entre o 9º e o 10º anos de vida ele pode, então,
pela primeira vez diferenciar-se do seu meio ambiente. Em verdade somente
nesse momento surge, realmente, a diferença entre sujeito e objeto – sujeito – o
próprio, objeto – o outro, e podemos então começar a falar de coisas anteriores
enquanto que, anteriormente, tínhamos de tratar as coisas exteriores como se elas
fossem, em verdade, unidas com o corpo da criança. (Torquay 1924, 3ª palestra)
“Justamente nesta idade, entre o 9º e o 12º anos, a criança é receptiva a tudo que
lhe for trazido de fora, como imagem. Até aproximadamente o 9º ano ela quer
participar da imagem e não permite que as imagens se acerquem dela. Neste
caso precisamos trabalhar junto à criança sempre de maneira tão viva que,
propriamente dito, o que o professor faz e o que a criança faz já seja em
conjunto, uma imagem. O próprio trabalhar já deve ser uma imagem. Não vem
ao caso que elaboremos imagens ou outras coisas, mas, o próprio trabalho, o
ensino deve ser uma imagem. Assim, entre o 9º e o 10º ano surge então condição
de que a criança tem um sentido especial para a imagem exterior. Podemos
agora trazer esta ao encontro da criança e isto proporciona a possibilidade de
levar á criança, de maneira correta, o mundo vegetal e o animal, contanto que
vivam imagens dentro dos mesmos. Precisamos levar imagens justamente no
mundo vegetal e no animal. E, quanto mais estivermos em condições de
descrever em imagens aquilo que em nossos livros de ensino de botânica é
apresentado em “anti-imagem” à terceira potência tanto melhor professor
seremos justamente para as crianças entre o 9º e 12º anos. Introduzir tudo em
imagens; isto também é afinal, o que pode dar infinita satisfação interior. Pois,
quando introduzimos o mundo vegetal em suas formas, em imagens, temos de
ser ‘co-criativos’” (Dornach 1923, 5ª palestra)
471
Francês e Inglês:
Começar com gramática por meio de torná-la visível no repertório de textos – poéticos –
já existente na criança. Começar, de maneira bem intuitiva, a formar regras gramaticais
e insistir para a criança também as fixe. – Passar para a prosa, da qual nos ocupamos
para, nela, tratar imediatamente da gramática. Passar gradualmente para uma espécie de
tradução.
Cálculos matemática:
Levar adiante o que foi tratado nos anos escolares anteriores. Passar para o ensino de
frações, tratar especialmente de frações decimais. Tratar conhecimento com as formas
geométricas pelo desenho, aprender conhecer visualmente suas relações mútuas.
Teorema de Pitágoras.
História:
Procurar a passagem do ensino de Relação Prática e Anímica com o mundo, dos
primeiros anos escolares, para aquilo que de mais próximo pertence á história; narrar,
Por exemplo, como a viticultura ou a fruticultura chegou à própria pátria, como surge
esta ou aquela indústria.
Geografia:
Principiar por aquilo que, de mais próximo, pertence à geografia.
472
Ciências naturais:
Em continuação ao terceiro ano escolar, submeter à consideração o mundo animal em
relação ao Homem.
Música:
Aí já estaremos dentro do esclarecimento dos sinais, das notas. Fazer exercícios
abrangentes na escala musical. Adaptar a criança aos requisitos da música, ou seja,
desenvolver o ensino mais para o lado estético.
Euritmia:
As “formas”, ou seja, concreto, abstrato etc.
Ginástica:
Mais ou menos a partir do quarto ano escolar, estimular as crianças para atividades dos
tipos que levam em consideração o ânimo, a força da resolução e a perseverança.
Correr, pular, deslocar-se na barra fixa dependurada pelas mãos, introdução à luta
olímpica, arremesso etc.,e brincadeiras correspondentes.
Trabalhos manuais:
Aprender a costurar com exatidão, Por exemplo, pequenas bolsas que são ornamentadas
conforme esboços próprios.
Latim e grego:
(NT - não traduzido por tratar-se matérias que não integram o currículo atualmente
adota)
Cálculos matemática:
Como no quarto ano escolar. Levar adiante o ensino de frações até à capacidade de se
movimentar calculando livremente dentro de números inteiros, fracionados e números
expressos por frações decimais.
História:
Começar com verdadeiros conceitos históricos; por meio de narrativa levar à criança
conceitos sobre a cultura dos povos orientais e dos gregos.
Geografia:
Começar a ensinar à criança configurações do solo e o que isso se relaciona com
respeito à economia, para uma região da terra que esteja situada mais próxima.
Ciências Naturais:
Acrescentar formas animais desconhecidas. Começar com a botânica e, sobretudo,
desenvolvê-la pela maneira como foi discutida na parte didática do seminário.
474
Música:
Como no quarto ano escolar. Em adição a isso, entrar nas tonalidades; conduzir as
crianças aos requisitos da vivência da música.
Euritmia:
Como no quarto ano escolar.
Ginástica:
Como no quarto ano escolar
Trabalhos manuais:
A partir de agora, aprender a fazer as peças do vestuário; primeiramente, tricotar meias
e luvas. Além disto, brinquedos segundo esboços próprios.
Francês e inglês:
Conforme o indicado para o quinto ano escolar.
Latim e grego:
(NT - não traduzido por tratar-se de matérias que não integram o currículo atualmente
adotado)
475
Cálculos matemática:
Passar para cálculos de juros, porcentagem, desconto e cálculos de câmbio
fundamentando-se, com isto, o cálculo com letras. Aquilo que foi tratado até agora em
desenho e de forma descritiva, deve passar a ser compreendido em geometria
demonstrativa mais ou menos até a compreensão, da congruência dos triângulos e de
seus empregos, e do lugar geométrico.
História:
Considerações históricas acerca dos gregos e dos romanos, e sobre os efeitos posteriores
da história grega e romana até o início do século 15.
Geografia:
Levar adiante o que foi tratado no quinto ano escolar por meio de tomar em
consideração outras partes da Terra e procurar, depois, encontrar a passagem das
considerações climáticas para as condições celestes. Tratar dos minerais em relação com
a geografia.
Ciências naturais:
Levar adiante o ensino de botânica e passar para os minerais, isto, porém, inteiramente
em relação com a geografia – compare-se com o parágrafo acima – em constante
relação com a física que também aplicamos ao Homem.
Física:
Começar pela acústica em ligação com o ensino de tonalidades musicais e, depois,
passar para a discussão das condições físico-fisiológicas da laringe humana. Depois
introduzir, neste sexto ano escolar, as coisas mais importantes da ótica e da termologia,
as noções básicas da eletricidade e do magnetismo.
Horticultura:
Introdução na horticultura prática por meio de trabalhar o solo.
Música:
Como no quinto ano escolar.
476
Euritmia:
Como nos quartos e quintos anos escolares.
Ginástica:
Como nos quartos e quintos anos escolares.
Trabalhos manuais:
Fazer costurarem sapatilhas para ginástica e chinelos, e ornamentá-los coerentemente.
Dar continuação à produção de brinquedos.
Artes aplicadas:
Introduzir no trabalho manual em madeira por meio da produção de objetos simples e
práticos.
“Até próximo ao 12º ano (NT vida), a criança não tem, de modo algum, o
conceito de casualidade. Ele vê aquilo que é móvel, que são representações
móveis. O que existe como imagem, como música, ele vê, percebe, mas para o
conceito casual, ele não tem sentido algum até próximo ao 12º ano. Por
conseguinte, precisa estar isento do conceito de casualidade o que ensinarmos à
criança até próximo ao 12° ano. Só aí poderemos contar com que a criança
consiga compreender as relações usuais entre causas e efeitos. Só a partir daí a
criança começa, em verdade, a formar pensamentos ; até então tinha
representações em imagens. Aí já se pronuncia, em verdade o que depois, com a
puberdade, segure por completo; a vida de pensamento, a vida de julgarem que,
em sentido mais estreito, está ligado ao pensar, - enquanto que a vida entre a
troca de dentes e a puberdade está ligada ao sentir, e a vida antes da troca de
dentes está ligada ao querer, o qual está em processo interior de
desenvolvimento mas, sim, sob a imitação daquilo que se acerca da criança.Mas,
com a corporalidade que se acerca da criança estabelece-se a moral, o espiritual,
na corporalidade da criança. Por isto é também impossível ensinar a criança, do
10º ao 11º anos de vida. Muitas vezes até mesmo do 11º ao 12º anos de vida,
algo em que se tenha de levar em conta a casualidade.
(Dornach 1923, 5ª palestra)
477
Latim e grego:
(NT - traduzido por tratar-se de matérias que não integram o currículo atualmente
adotado)
Cálculos matemática:
Introduzir potenciação e radiciação, bem como cálculos com números positivos e
negativos. Introduzir o ensino de equações em relação com a livre utilização na vida
pratica. Levar geometria adiante.
478
História:
Tornar compreensível, à criança, quê vida veio a surgir com o século 15 e, depois,
descrever o contexto europeu mais ou menos até o início do século 17.
Geografia:
Prosseguir com o tratamento das condições celestes e começar com as condições
culturais espirituais dos habitantes da Terra, sempre em relação com as condições
materiais, particularmente as econômicas, tratadas em geografia nos dois primeiros
anos. Com os conceitos de física e química já ganhos, suscitar uma concepção
conclusiva sobre condições de trabalho e subsistência, e condições industriais, a partir
da história natural.
Ciências naturais:
Retornar ao Homem e ensinar à criança o necessário acerca de condições de
alimentação e de saúde. Com os conceitos já ganhos em física, química e geografia,
suscitar uma concepção conclusiva sobre condições de trabalho e subsistência, e
condições industriais. Comparar com as indicações dadas na geografia.
Física:
Passar à representação do ensino da acústica termologia, da ótica, da eletricidade e do
magnetismo; e, só então, ligar a isso os princípios básicos mais importantes de
mecânica.
Química:
De um processo como o da combustão, mostrar a passagem para representações
químicas simples.
Horticultura:
Como no sexto ano escolar.
Música:
Tratar a música de modo que às crianças tenham a impressão de que cultivam música só
porque lhes traz prazer. A partir daí, formar o julgamento musical nos anos que seguem.
479
Euritmia:
Formas mais complicadas, tal como no sexto ano escolar.
Ginástica:
Como nos quartos, quintos e sextos anos escolares.
Trabalhos manuais:
Fazer costurar á mão e ornamentar uma peça do vestuário, por exemplo, uma camisa ou
calção de ginástica.
Artes aplicadas:
Empregar na produção de brinquedos móveis, o que foi aprendido; e depois, em objetos
artesanais com formas regulares.
Francês ou inglês:
Como iniciado no sétimo ano escolar.
Latim e grego:
(NT - não traduzido por tratar-se de matérias que não integram o currículo atualmente
adotado)
480
Cálculos-matemática:
Continuar a exercitar potenciação e radiciação. Levar adiante o ensino de equações
também com mais incógnitas, e introduzir os cálculos de formas e superfícies. Empregar
o ensino de lugares geométricos sobre a secção cônica e curvas semelhantes.
História:
Levar a história adiante, narrativamente, até atingir a atualidade e, nisto, levar em conta
constantemente a história da cultura. Ler com os alunos os primeiros capítulos da
história da Guerra dos 30 Anos de Schiller.
Geografia:
Apresentação resumida das condições da indústria e do comércio em relação com física
e química.
Ciências naturais:
Construir o Homem de meio a apresentar aquilo que, de fora, é construído para dentro
dele: a mecânica dos ossos, mecânica dos músculos, a construção interior do olho etc.
Acrescentar a isso uma apresentação resumida das condições da indústria e do
comércio.
Física:
Ampliar recordatoriamente o que foi tratado no sexto ano escolar e passar para a
hidráulica. Depois, encerrar o ensino de física pela as remecânica, por meio do que vêm
à baila a climatologia e a meteorologia.
Química:
Conduzir adiante os conceitos químicos simples e mostrar como processos industriais se
relacionam com a química. Em relação com isso, tratar as matérias do corpo orgânico.
Horticultura:
Como nos sextos e sétimos anos escolares.
Música:
Como no sétimo ano escolar.
481
Euritmia:
Como no sétimo ano escolar.
Ginástica:
A ginástica, com ou sem aparelhos, torna-se um tratamento higiênico do corpo todo,
executando conscientemente.
Trabalhos manuais:
Levar adiante os trabalhos do sétimo ano escolar. É acrescentada a costura a maquina e,
além disso, o conhecimento de tecidos e, por fim, cerzir e remendar, passar a ferro e
calandrar (NT - roupa).
Artes aplicadas:
Como no sétimo ano escolar.
condição que igualdade conosco. Ele olha, então retrospectivamente para nossa
autoridade e nos conservará afetuosamente, se tivermos sido professores e
educadores corretos; mas, ele possa ao seu próprio julgamento. Não teremos
aprisionado isto, se houvermos atuado simplesmente sobre o sentimento. E
assim, damos liberdade ao anímico-espiritual com o décimo quarto, décimo
quinto ano, e contamos com isto também nas assim chamadas classes superiores;
a partir daí contamos com os alunos e alunas de modo tal, que apelamos à sua
própria força de julgamento e ao seu insight. Esse libertar para a vida, nunca o
poderemos alcançar se quisermos ensinar moral e religião de maneira dogmática,
mandatória, mas sim, se na idade respectiva, entra a troca de dentes e a
puberdade, atuamos simplesmente sobre o sentimento e a sensação. Esta é a
única maneira de colocarmos o Homem no mundo de modo que ele possa
confiar em sua força de julgamento.
E depois se consegue que o Homem, por ter sido assim educado totalmente no
sentido humano, aprenda a sentir-se e a perceber-se também como um Homem
por inteiro...
As crianças que forem educadas pela maneira descrita começam a considerar-se
com mutiladas, a partir do décimo quinto ano, se não estiverem impregnadas por
julgamento moral e sentimento religioso. Elas sentem, neste caso, que lhes falta
algo como Homens, se os educarmos para que considerem a moral e a religião
tão integrantes da sua condição humana, que não se sentirão como Homens
completos se não estiverem permeados pela moral e aquecidos pela religião.
(Ilkley 1923, 13ª palestra)
Francês e inglês:
Segundo o currículo de 2 de junho.de 1924:
Uma recapitulação da gramática tratada com humor oferece continuamente exemplos
plenos de humor, passar por toda a gramática por meio de exemplos. Acessoriamente,
juntamente nessa classe, leitura estimulante.
Latim e grego:
(NT, não traduzido por tratar-se de matérias que não integram o currículo atualmente
adotado.
Estenografia:
(NT, não traduzido por tratar-se de matéria que não integra o currículo atualmente
adotado)
Matemática:
Introduzir cálculos de câmbio cálculo de aproximação, valor médio, em geometria, em
ligação às superfícies e aos cálculos de volume do oitavo ano escolar, introduzir o
conceito do ∏. Acrescentar a isso os primeiros elementos da trigonometria plana e dos
logaritmos e, por fim, princípios da descritiva.
História:
A história dos séculos 16, 17, 18 e 19, para que as crianças ganhem compreensão para o
presente. Expor as ideias fundamentais.
484
Geografia:
Partindo da membração dos Alpes, desenvolverem a estrutura das cordilheiras da Terra,
de modo que possa surgir a representação de que a Terra é um corpo interiormente
organizado. A seguir, tratar da movimentação das estrelas na direção visual (princípio
de Doppler).
Ciências naturais:
Levar adiante a antropologia de modo a transmitir uma correta antropologia. Isso
deveria acender em círculos concêntricos de uma classe para outra, e o restante das
ciências naturais acrescentados a isso.
Física:
Ensino de acústica e eletricidade, e o magnetismo como parte disso, para que os alunos
entendam bem exatamente o telefone. Termologia e mecânica para que os alunos
possam entender bem exatamente a locomotiva.
Química:
Levar adiante o tratamento dos primeiros elementos da química “orgânica”.
Horticultura:
Construção intensiva da horta, cultura de plantas e tratamento no composto, tratamento
de flores, arbustos e árvores frutíferos. No inverno, plantas e meio ambiente.
Música:
Maior e menor como conteúdo de sensação; música instrumental. Coro e canto solo.
Euritmia:
Levar adiante a gramática.
Ginástica:
Como no oitavo ano escolar.
Trabalhos Manuais:
Projetar e executar trabalhos artesanais; também pintar cartazes e capas de livros.
485
Artes aplicadas:
Exercícios de modelagem de própria invenção, objetos artesanais em formas livres,
exercícios em preto e branco.
Ensino de arte:
Segundo a concepção de Erich Scwebsch:
O ensino de arte trata agora de fatos estético-artísticos a partir do domínio dos poemas.
O aluno, falando, deve compreender linguagem poética. Para isto serão feitos exercícios
práticos de aperfeiçoamento da fala. Assim pode surgir um sentir para os elementos da
poética. Subsequentemente, através da vivência de ritmos tratada por meio da euritmia,
são trazidos à consciência os fatos básicos da métrica e, também, tomados em
consideração os ensinos de figuras e de tropos. Nesse contexto são tratados
especialmente a lírica e o estilo de Goethe por meio de exemplos adequados.
Francês e inglês:
Para os décimo, décimo primeiro e décimo segundo anos escolares segundo o currículo
de 2 de junho de 1924: Na décima classe segue a métrica da língua com leitura, de
preferência poética. Na décima primeira classe há que se começar com leitura
dramática. Ao lado disso segue leitura de prosa e alo de estética da língua.
Especialmente na leitura dramática deve ser desenvolvida poética, e esta prosseguirá
para a poesia lírica e épica da décima segunda classe. E aí, têm de serem lidas
especialmente coisas que se relacionem com a época atual e sua correspondência no
terreno das línguas estrangeiras. Acrescenta-se a isso conhecimento da moderna
literatura estrangeira.
486
Latim e grego:
(NT, não traduzido por tratar-se de matérias que não integram o currículo atualmente
adotado.
Estenografia:
(NT, não traduzido por tratar-se de matérias que não integram o currículo atualmente
adotado.
Matemática:
Na descritiva, o ensino dos planos e das secções de dois planos; depois, o ensino dos
primeiros elementos da geometria de posição e, antes de tudo, ensinar conceitos de
dualidade.
História:
Retornar até a época histórica mais antiga e conduzir a história até a queda da liberdade
da Grécia: a época indiana mais antiga, a época persa, a época egípciocaldaíca, a época
grega até a batalha de Chaeronea em 338.
Geografia:
Descrição da Terra como um todo morfológico e físico. Estrutura das cordilheiras.
Aspectos físicos: condições de calor, magnetismo, correntes marítimas, correntes
aéreas, o interior da Terra etc., o que abrange a Terra como um todo.
Agrimensura:
Introdução dos procedimentos elementares de medição no campo, exercícios no
estabelecimento de planos de orientação.
Ciências naturais:
Antes de tudo é agora necessária certa consideração dos minerais. Além disso, é preciso
tomar o Homem compreensível como um ser individual para que se possa, mais tarde,
passar à etnografia. O Homem físico em seus órgãos e funções orgânicas em relação
com anímico e o espiritual.
487
Física:
Começar com a mecânica desde o início, na melhor hipótese, após o tratamento da
matemática e só até o ponto em que as crianças entendam máquinas simples; e, com
trigonometria, até a coincidência da trajetória de arremesso e a equação da parábola.
Química:
Observar metódica e criativamente bases, ácidos, sais; falar de reações de alcalinos com
ácidos e ligar a isto a reação polarizada entre suco alimentar de abelha e segue.
Horticultura:
Levar adiante os trabalhos do nono ano escolar e, além disso, a poda das arvores e
arbustos. No inverno, trabalhos manuais para o jardim, ensino sobre adubos e questões
de agricultura e pecuária.
Euritmia:
Trabalhar no sentido do conjunto coerente. Fazer executarem formas acabadas em
conjunto.
Ginástica:
Como nos oitavos e nonos anos escolares.
Trabalhos Manuais:
Como no nono ano escolar.
Artes Aplicadas:
Como no nono ano escolar.
488
Ensino de Arte:
Segundo a concepção de Erich Schwebsch: O ensino de arte retoma os motivos de
ambas as classes precedentes, de uma nova maneira. Ele tem como meta a seguir: como
na moderna vida espiritual alemã a corrente plástica-pintura e a corrente musical-
poetica têm uma aspiração comum. Neste contexto, o curso de desenvolvimento interior
da música é caracterizado por meio de exemplos, como influência determinante na vida
espiritual moderna.
Francês e inglês:
Como indicado no décimo ano escolar.
Latim e grego:
(NT, não traduzido por tratar-se de matérias que não integram o currículo atualmente
adotado).
Matemática:
Levar adiante, para o tratamento mais amplo possível, a trigonometria e a geometria
analítica: na descritiva: secção e intersecções, construções de sombras, além de
equações diofantinas.
História:
Na época em que são tratados, no ensino de literatura, os grandes poemas da Idade
Média, Parsifal e Pobre Henrique, tratar simultaneamente a história da mesma época e
tirar conclusões para a atualidade.
489
Geografia:
Estabelecer a ligação entre o ensino de medidas e a geografia para que seja
desenvolvida uma representação do que seja o mapa- mundi mercador. Da arte, pela
qual o bastão métrico foi realizado.
Agrimensura:
Ver geografia, acima.
Ciências Naturais:
Nesta faixa de idade o ensino de citologia deve ser tratado cosmologicamente. Além
disso, as plantas, desde as inferiores até as monocotiledôneas; as dicotiledôneas, apenas
lembrá-las, em lugar de teleologia ou de puras condições causais: condições de causas
recíprocas.
Físicas:
Para esta faixa de idade é extraordinariamente bom que levemos as modernas
conquistas, como a telegrafia sem fio, os fatos Röntgen, raios...
Química:
Desenvolver, tão completamente quanto possível, os conceitos fundamentais de ácido,
sal e base; inserir uma visão geral sobre as matérias. Ao mesmo tempo mostrar que as
matérias devem ser compreendidas como processos estancados.
Música:
Canto solo. Conduzir para a formação de gosto e do julgamento musical.
Euritmia:
Estabelecer uma consonância com o professor de estética sobre as poesias a serem
tratadas.
490
Ginástica:
Como nos oitavo, nono e décimo anos escolares.
Trabalhos Manuais:
Trabalhos de cartonagem e encadernação de livros.
Artes Aplicadas:
Dar continuação ao que foi até agora. Acrescenta-se a isso exercícios em mercenária
para produção de móveis.
Ensino de Arte:
Segundo a versão de Erich Schwebsch: O ensino de arte deve despertar, a partir da
arquitetura e de sua evolução, compreensão para os elementos da arquitetura em suas
grandes formas e estilos culturais históricos. A isto se acrescenta uma visão geral sobre
o todo da criação artística, a qual, por exemplo, faz ressaltar a estruturação das artes e
também sua evolução em etapas “simbólicas”, “clássica”,” romântica”.
Latim e grego:
(NT, não traduzido por tratar-se de matérias que não integram o currículo atualmente
adotado).
491
Matemática:
Tratar, da maneira mais transparente possível, trigonometria esférica e, também, os
elementos da geometria analítica do espaço; na descritiva, a perspectiva cavaleira; por
fim, os mais preliminares fundamentos iniciais do cálculo diferencial e do cálculo
integral.
História:
Dar uma visão geral coerente sobre toda a história. Os jovens deveriam ser levados ao
ponto de já compreenderem as épocas históricas de maneira viva por meio de tentarmos,
com o ensino, descer algo abaixo da superfície e mostrar que, por exemplo, no
Helenismo existem antiguidade, idade média e época moderna; e como, por outro lado,
as épocas históricas são acompanhadas do “juvenescimento” da Humanidade.
Geografia:
A Terra como imagem refletida do cosmo, a configuração dos continentes pelas forças
cósmicas, seu desenvolvimento através das épocas geológicas: paleontologia e
etnografia.
Ciências naturais:
Para o ensino de geologia e de paleontologia, partir da zoologia. Dos botânicos
fanerógamos passa-se, também, para a geologia.
Física:
No 12º ano escolar encontrar, como em tudo, uma espécie de encerramento.
Acrescentar, a isto, as imagens óticas em lugar de raios.
Química:
Apresentar a transformação dos processos químicos conforme ocorram em meios sem
vida, em organismos vivos, organismos animais e organismos humanos, da maneira
abrangente possível.
Música:
Cultivar um órgão para estilos musicais.
Euritmia:
Consultar o capítulo sobre euritmia.
Ginástica:
Como nos oitavos, nonos, décimos e décimos primeiro anos escolares.
Trabalhos manuais:
Como no décimo primeiro ano escolar.
Artes Aplicadas:
Levar adiante exercícios em preto e branco e passar para a pintura a partir da cor. Levar
adiante os trabalhos de marcenaria.
“E assim, esse olhar para o Homem livre, o Homem que sabe dar, a si próprio,
sua direção na vida, é aquilo que nós, na Escola Waldorf, aspiramos acima de
tudo.” Rudolf Steiner. (Ilkley 1923, 13ª palestra)
493
“Oh, que lástima, caros amigos, que nossas crianças sejam levadas para salas
escolares que são verdadeiros ambientes bárbaros para as índoles jovens! Não
estamos imaginando que cada sala escolar seja ornamentada pela maneira de
decorar como a que hoje frequentemente se imagina. Mas, a imaginarmos
ornamentada por um artista de maneira tal que, esse artista, tenha levado cada
forma à harmonia com aquilo a que o olhar deve ser dirigido quando se estuda a
tabuada. Os pensamentos que devem atuar socialmente não podem atuar
socialmente se, enquanto tais pensamentos se formam, não for aspirado pela
alma, em uma corrente paralela da vida espiritual, aquilo que provém de uma
ambientes realmente pleno de vida. Para isso falta também ao elemento artístico,
digamos, um curso evolutivo totalmente diferente daquele que hoje lhe é dado
ter durante a fase de crescimento... Como lhes descrevi hoje que, de um lado a
entidade escolar sensata, que se preocupa com concentração e não com o
impiedoso plano de aulas (n. t. horário), levaria para dentro das pessoas força
autônoma de inteligência e sensatez, assim, um real envolvimento da nossa
sociedade, já a partir da educação, com arte social, realizaria uma verdadeira
cultura da vontade. Pois ninguém consegue querer, se não tiver educado a
vontade por meio de genuína educação artística.” (Pedagogia Popular, edição
avulsa,” Neuorientierunh” )
494
Índice Bibliográfico
Chamada
Conferências 1919/1924: Rudolf Steiners Konferenzen mit den Lehrern der
Freien Waldorfschule in Stuttgart 1919-1924. Ausgabe –
nur mit dem Datum bezeichnet – (Stuttgart,1962-1964:
Heft 1-8).
(Conferências de Rudolf Steiner com os professores da
Livre Escola Waldorf em Stuttgart 1919-1924. Edição –
indicada apenas pela data – Stuttgart 1962-1964:
fascículo 1-8)
Gesamtaugabe Band I III, neu Durchgesehen und
erganzt-Ga 300 a.c - 1975.
(Edição completa, volumes I-III, revisada e
complementada - Ga. 300 a-c-1975).
Livros
Palestras
Pedagogia popular 1919: Três palestras sobre pedagogia popular, Stuttgart, 11,18
de maio e 1 de junho de 1919. Edição em separata:
Neuorientirung des Erziehungsvesens in Sinne eins
freien Geisteslebens (Nova orientação da essência do
500
Tarefas da escola 1919: “Die Aufgaben der Schulen und der dreigliedrige soziale
Organismus (As tarefas das escolas e do organismo
social trimembrado) , palestra mantida a 19 de junho de
1919, incluída in Neugestaltung des Sozialen
Organismus (reconfiguração do organismo social), 14ª
palestras públicas mantidas para trabalhadores da
Daimler-Benz, Fábricas Bosch, Fábrica de Cigarros
Waldorf-Astoria e outras indústrias em Stuttgart, de 22/4
a 30/7 1919. 1ª edição – GA330/31 - 1963.
1920 (Stuttgart): “Die Erziehung und der Unterricht vor der Weltlage der
gegenwart” ( A educação e o ensino perante a situação
do mundo de hoje). Palestra em Stuttgart, em 10/6/1920,
incluída na série: Geisteswissenschaft und die
Forderungen der Gegenwart. Heft VI: (Ciência espiritual
e as exigências da atualidade. Fascículos VI:) o caminho
para o pensar sadio e a situação do homem da
atualidade. A educação e o ensino perante a situação do
mundo de hoje. 1950.
“Die Völker der Erde” (Os povos da terra). Palestra em
Stuttgart a 10/3/1920, anteriormente incluída no
fascículo da mesma série. A publicação de ambas as
palestras está prevista na “Edição completa” Bibl. Nº
335:17 palestras públicas em Stuttgart, 1920/21.
503
Curso para jovens 1922: Causas espirituais do conflito entre gerações. São Paulo,
Editora Antroposófica. Curso pedagógico para jovens.
13 palestras em Stuttgart, de 3 a 15 de outubro de 1922.
Arte 1923 Moral 1923: “Pädagogik und Moral” (Pedagogia e Moral). Palestra
em Stuttgart a 26 de março de 1923. Na ”Edição
completa”: auto-exposições de ambas as palestras in Der
Goetheanumgedanke inmitten der Külturkrise der
Gegenwart. Gesammelte Aufsätze aus der
Wochenschrift “Das Goetheanum” 1921-1925 (O
pensamento do Goetheanum em meio à crise cultural do
presente. Coletânea de Ensaios do Seminário “Das
Goetheanum” 1921-1925).1ª edição – GA 36 - 1961.
Trabalhadores 1924: Die Schöpfung der Welt des Menschen. Erdenleben und
Sternenwirkung (A criação do mundo e do Homem.
Vida terrena e ação das estrelas). 14 palestras em
Dornach de 30. de junho até 24 de setembro de 1924 -
Palestra para os trabalhadores na obra do Goetheanum. 8
volumes. 1ª edição – GA 354 - 1969.
Antropologia e Educação
Vol. 1: Gabert, Die Strafe in der Selbsterziehung und der Erziehung des
Kindes (A punição na auto-educação e na educação da criança)
Vol.23: Julius, Das Tier zwischen Mensch und Kosmos (O animal entre o
Homem e o cosmo), novos caminhos para uma caracterização dos
animais.
Vol. 33: Kranich, Die Formensprache der Pflanze (A linguagem das formas
das plantas), linhas básicas de uma botânica cosmológica.
Duplicação de manuscritos
Vol.4: Die zwülf sinne des Menschen (Os doze sentidos do Homem) –
reimpressão em preparação.
Vol.9: Herbert Hahn, Leben mit kleinen Kindern (Vivendo com crianças
pequenas) contribuições para a orientação nas questões da época:
Vol.2: Parte A – Das Mädchen Johana, ein Spiel (A menina Joana, uma
peça teatral)
512
SUMÁRIO