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ARQUITETURA
ANGOLA E MOÇAMBIQUE
ARQUITETURA MODERNA EM ÁFRICA:
MODERNA EM
ÁFRICA: ANGOLA
E MOÇAMBIQUE
“É, também, o papel que cabe a este livro – a divulgação dessas utopias
que se transformaram em realidade, em territórios impensáveis mas
que reuniram, num certo momento histórico europeu, condições para
as acolher de braços abertos. Como dizia Perret “…admiração e emoção
são reacções sem duração no tempo…””
Isabel Maria Martins
ISBN 978-989-658-239-5
9 789896 582395
008 134 232 372
Prefácio Edifício Universal Paço Episcopal Sede do Grupo Entreposto
Isabel Maria Martins Uma Unidade de Um Conventinho Feito de Sombra e Um Brutalismo Desassombrado
Júlio Carrilho e Luís Lage Habitação Tropical Brisa, Abóbadas e Claustros Ana Tostões
196 328
Ana Magalhães Ana Tostões Francisco Seabra Ferreira
Catarina Delgado
INTRODUÇÃO
Cine-Esplanada Flamingo Banco Nacional Ultramarino Fábrica “A Reguladora”
Vida Moderna nos Trópicos Infraestruturas Modernas de Indústria e Simplicidade Formal
Ana Magalhães Maputo, Chimoio e Quelimane João Vieira Caldas
O Desafio da Arquitetura
Africana e o Teste do Tempo
Liceu do Lobito
Aprender “ao ar livre”
O Conjunto Monteiro&Giro
A Cidade e a Fábrica
Escola Secundária da Polana
Um Caso de Recuperação de um
—
Modernidade em Angola Ana Magalhães Ana Tostões Edíficio Moderno em Moçambique
MOÇAMBIQUE
CRONOLOGIA Unidade de Vizinhança Prenda Edifício Tonelli Mapas
Luanda à luz da Carta de Atenas A Prateleira Habitável
Ana Tostões Ana Tostões
Edifício Cirilo&Irmão
224 Legendas Imagens
Bilioteca de Quelimane
Os Anos 50 e o “Ciclo do Café” Edifício Prometheus Um Ícone da Cultura: Cronologia
Ana Tostões “Stiloguedes”, a Bizarra Béton Brut em Versão
473
Desenhado com o Clima do Movimento Moderno Documentar
Ana Tostões em Moçambique Conservar
Ana Braga Ana Magalhães Maria Manuel Oliveira
Elisiário Miranda Jessica Bonito
Índice Onomástico
ANA TOSTÕES (ed.)
ARQUITETURA
MODERNA EM
ÁFRICA: ANGOLA
E MOÇAMBIQUE
Alberto Soeiro, Edifício TAP-Montepio, Maputo, Moçambique. EWV, Elisiário Miranda, 2010
AGRADECIMENTOS Livro publicado no âmbito do Arquitetura Moderna em África: Ana Magalhães
António Albuquerque
projeto de investigação: Angola e Moçambique
EWV_Visões Cruzadas dos Mundos: Ana Tostões (ed.), 2013 Eduardo Figueirinhas Correia
Arquitectura moderna na África Elisiário Miranda
Lusófona (1943-1974) vista através — Ireneu Miguel
da experiência brasileira iniciada a Margarida Quintã
partir dos anos 30 Editor
(Referência FCT: PTDC/AUR- Ana Tostões Nas legendas das imagens, a ordem da
AQI/103229/2008) informação é a seguinte: nome do edifício
Ana Tostões – Investigadora — ou objeto, arquivo a que pertence a
Responsável (ICIST/Técnico, Lisboa) fotografia, nome do fotógrafo, data da
Às muitas entidades que Às muitas pessoas que apoiaram Aos alunos que participaram no fotografia.
Prefácio
contribuíram Alda Costa João Cepeda Workshop Internacional “(re)Usar o Isabel Maria Martins
Arquivo da Fundação Calouste Alexandre Pomar João Francisco Moderno. Identificar | Documentar Júlio Carrilho e Luís Lage —
Gulbenkian Ana Canas João Navega |Conservar”, realizado em março Financiamento
Arquivo Fotográfico da Câmara Ana Paula Gordo João Pignatelli de 2012, na FAPF-UEM, Maputo, — ICIST, Técnico, Lisboa, 2013
Municipal de Lisboa Ana Paula Laborinho João Santos Vieira Moçambique
Arquivo Histórico da Caixa Geral de Ana Valente João Teles Grilo Abel —
Textos
Depósitos André Fontes José Augusto Duarte Ambre Ana Tostões (AT)
Arquivo Histórico de Maputo Anselmo Cani José Belmont Pessoa Ana Vincenzo Riso (VR) Desenho Gráfico
Arquivo Histórico Ultramarino Antoni Folkers José Borges Brito João Vieira Caldas (JVC) Ana Maria Braga
Câmara Municipal de Luanda António Albuquerque José Cochofel Bulande Maria Manuel Oliveira (MMO) Proporção
Centro de Documentação de Urbanismo António Matos Veloso José Forjaz Caetano Elisiário Miranda (EM) [3:4] – 20,2 x 27 cm
em Arquitectura da Faculdade de António Pinheiro José Luís Pinto da Cunha Carlos Instituição Proponente Ana Magalhães (AM) Tipos de letra
Arquitectura da Universidade do Porto António Ribeiro da Costa José Quintão Chirindza Maria João Teles Grilo (MJTG) P22 Underground
Centro de Documentação do Instituto Aurélio Nogueira Llonka Guedes Cláudio Margarida Quintã (MQ) Tramuntana
Português de Apoio ao Desenvolvimento Beatriz Madureira Luciana Rocha Dalte Jessica Bonito (JB)
Conselho de Administração dos Portos e Bernardino Ramalhete Luís Lage Djanine Zara Ferreira (ZF) —
Caminhos de Ferro de Moçambique Brito António Soca Marcelo Moreno Ferreira Edson Francisco Seabra Ferreira (FSF)
Conselho Municipal de Maputo Calunga Quissanga Margarida Alho Edy Catarina Delgado (CD) 1ª edição, Lisboa, 2013
Conselho Municipal de Quelimane Carla Canhão Maria da Glora Garizo do Carmo Elias Ana Maria Braga (AB)
DOCOMOMO Internacional Carlos Eduardo Comas Maria José Oliveira Elis
ISBN
Embaixada de Portugal em Luanda Carolina Esteves Maria José Silva Etevaldo — 978-989-658-239-5
Embaixada de Portugal em Maputo Catarina Vaz Pinto Maria Manuel Vila Nova Eurico
Instituições Participantes Depósito Legal
Faculdade de Arquitectura e Celsa Xemane Maria Manuela Fonte Gabene 366779/13
Revisão de Texto
Planeamento Físico da Universidade Cidalina Duarte Maria Manuela Portugal Gizela Sandra Vaz Costa
Eduardo Mondlane Cláudia Melo Sampaio Maria Teresa Monteiro Helena —
Faculdade de Medicina Veterinária da Cristóvão Simões Marília Gonçalves Hélio —
Universidade José Eduardo dos Santos Eduardo Figueirinhas Correia Mário Gonçalves Irénio
Capa
Fundação para a Ciência e Tecnologia Eduardo Inês Maristella Casciato Jójó Arménio Losa e Cassiano Barbosa,
Tradução
Instituto Camões Eduardo Naya Marques Mohamad Arif Jorge Sandra Vaz Costa Fábrica Monteiro&Giro, Quelimane,
Instituto da Habitação e da Reabilitação Fernando Maia Ola Uduku Kuang Lee Isabel Arez Moçambique, EWV, Ana Tostões, 2010
Urbana Fernão Simões de Carvalho Patrick Dias da Cunha Lopes
Instituto de Engenharia de Estruturas, Francesco Bandarin Paulino Pires Macandza — Contracapa
Território e Construção (ICIST) Francisco Castro Rodrigues Pedro Ramalho Macondzo Francisco Castro Rodrigues,
Instituto de Investigação Científica Francisco Ivo Pedro Sousa e Silva Malikito Cine-Esplanada Flamingo, Lobito,
Redesenho
Tropical Francisco José de Castro Pitum Keil do Amaral Manhiça Ana Maria Braga Angola, Ana Magalhães, 2008
Instituto Superior Técnico Francisco Ribeiro Telles Rosa Paula Matos Mauro Catarina Delgado
(Técnico, Lisboa) Graça Gonçalves Pereira Rui Cirne da Fonseca Mércia Francisco Seabra Ferreira —
Ministério das Obras Públicas e Ibraimo Mussagy Simonetta Luz Afonso Nélio Jessica Bonito
Habitação de Moçambique Idalio Juvane Susana Varela Nelo Paulo Silva Site
Ordem dos Arquitetos Ilídio do Amaral Tom Avermaete Nhavene ewv.ist.utl.pt
Serviços Técnicos e Infraestruturas Inês Viegas Verónica Garizo do Carmo Nurdino —
do Huambo Isabel Maria Martins Vicente Joaquim Priscila —
Universidade Agostinho Neto Isabel Ribeiro Razin
Créditos Fotográficos
Universidade do Minho Ivan Blasi Réges Arquivo EWV: Ana Tostões, As imagens selecionadas pertencem aos
Universidade Eduardo Mondlane Jane Flood Rosário Vincenzo Riso, João Vieira Caldas, arquivos indicados e não podem ser
Universidade José Eduardo dos Santos Solange Maria Manuel Oliveira, Elisiário Miranda, reproduzidas a partir desta edição.
Tecuene Ana Magalhães, Francisco Seabra Nenhuma parte deste livro pode ser
Viola Ferreira, Margarida Quintã, reproduzida sob qualquer forma sem
Yara Catarina Delgado, Ana Maria Braga. a autorização expressa do editor e dos
Zandamela Arquivo do Conselho Municipal de autores.
Com o apoio Maputo
Arquivo do Conselho Municipal de —
Quelimane
Arquivo do Ministério das Obras Públicas A editora envidou todos os
e Habitação de Moçambique esforços no sentido de obter as
Arquivo Histórico da Caixa Geral de autorizações relativas à reprodução das
Depósitos fotografias apresentadas na obra.
Arquivo Histórico de Maputo No caso de existirem ainda direitos
Arquivo Histórico Ultramarino legítimos, agradecemos que as entidades
Arquivo Fernão Simões de Carvalho visadas contactem a editora.
Arquivo Luís Lage
Centro de Documentação de —
Urbanismo em Arquitectura da
Faculdade de Arquitectura da © desta edição, ICIST/Técnico, Lisboa
Universidade do Porto: Arménio Teixeira © dos textos, os autores
Centro de Documentação do Instituto © das imagens, os autores
Português de Apoio ao Desenvolvimento
Arménio Losa • Cassiano Barbosa
O CONJUNTO
MONTEIRO&GIRO
A Cidade e a Fábrica
Quelimane, 1954-1960
O conjunto urbano do Chuabo e o núcleo fabril Monteiro&Giro foram edificados
em meados do século passado, respetivamente na cidade e nos arredores de
Quelimane, uma cidade situada no norte de Moçambique. Projetados entre as
décadas de 50 e 60 por Arménio Losa e Cassiano Barbosa, arquitetos com atelier
sediado no Porto, destaca-se a atualidade dos seus programas arquitetónico, urbano
e social e, ainda, a pesquisa formal e tecnológica que fundamentou o seu desenho.
Pretendendo-se com a expressão da modernidade defendida no Congresso de
1948 e então a despontar nos territórios coloniais, a afirmação da monumentalidade
moderna – “7. The people want the buildings that represent their social and community life
to give more than functional fulfilment. They want their aspiration for monumentality, joy,
pride, and excitement to be satisfied…” 1 – encontrava-se, naturalmente, implícita ao
projeto.
desenhado com a mestria e fluidez que se reconhece a Losa & Barbosa – dilata e Passeio na Travessa da Sra do
Livramento, ligação com a
qualifica notavelmente. Praceta e Avenida Salazar;
O hotel, com nove pisos, dispõe igualmente um esquema de sobreposição fun- escala 1:100, 1:10; janeiro de 1966,
arquivo FAUP/CDUA/AL-CB,
cional. À cota da rua, o átrio, com duplo pé-direito, é secundado por um meza- Arménio Teixeira ©, s/d
nino que serve o salão de festas. Ligando estes dois níveis, uma escada em espiral26
recorta-se contra um painel/parede escultoricamente composto que, saliente,
também se afirma na fachada do edifício. A receção liga-se ainda ao snack-bar,
espaço exuberantemente detalhado: madeiras, pedras, revestimentos cerâmicos,
napas e rebocos texturados, marcam fortemente o seu ambiente que, muito pró-
prio ao tempo em que foi desenhado, ainda hoje se mantém intacto.
Constituindo um embasamento sobre o qual se apoia a massa dos quartos, o volu-
me que corresponde ao salão de festas projeta-se no exterior sobre uma profunda pala
que percorre a avenida, marcando e protegendo as entradas do hotel, do snack-bar e
de um dos blocos laterais. Sobre os cinco andares seguintes, onde se localizam os
quartos, os últimos dois são, de novo, abertos ao público e incluem os respetivos
serviços de apoio. O edifício remata com um piso ligeiramente recuado, onde se
localizam a sala de jantar e a boîte, ligadas por uma extensa varanda que se abre
sobre o rio e a infinita paisagem que rodeia a cidade. Escadas,
EWV, Ana Tostões, 2010
Mas à aparente estratificação horizontal do edifício contrapõe-se uma vibran-
te espacialidade quando é lido em corte, facto que que deixa entender, aliás, que
este é um projeto muito baseado nas múltiplas variantes da seção vertical que
oferece, tanto longitudinal como transversalmente.
Face à relativa compacidade volumétrica que apresenta, o edifício recorta-
-se quando é lido em perfil, todo ele trabalhado de forma a estabelecer tensões e
equilíbrios percetíveis a quem habita o espaço a partir do seu interior – reconhe-
cendo-se aqui, ainda, a herança corbusiana.
Associadas à sua monumentalidade e complexidade programática, a justaposi-
ção de funções diversas ativaram a concentração e a mescla de usos, intensifican-
do a urbanidade do edifício e atribuindo-lhe, assim, um significado que até hoje
perdura na cidade de Quelimane.
Messe, EWV,
Maria Manuel Oliveira,
2010
HOTEL
PLANTA DO PISO 0
PLANTA DO PISO 1
PLANTA DA MESSE
ALÇADO LATERAL
ALÇADO NORTE
CORTE TRANSVERSAL
CORTE TRANSVERSAL