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INSTITUTO POLITÉCNICO DE COIMBRA


INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE COIMBRA

“Mecânica Estrutural”
Apontamentos de apoio às Aulas
de Análise de Estruturas - 09/10
Capítulo 4. Linhas de Influencia em
Estruturas Isostáticas
Departamento de Engenharia Civil
(Área de Mecânica Estrutural)

COIMBRA
Capítulo 4. Linhas de Influência em Est. Isostáticas 2
Sumário
 Relação estática-cinemática.
• Introdução e enquadramento
• Convenções de sinais
• Conceito de dualidade
 Conceito de Linha de Influência.
• Definição.
• Interpretação do conceito / exemplo
• Problema primal/problema dual
 Aplicação prática.
• Resolução de problemas estáticos
• Resolução de problemas cinemáticos
Capítulo 4. Linhas de Influência em Est. Isostáticas 3
Relação estática-cinemática
 Introdução e enquadramento:
• As deformadas de estruturas - surgem pela aplicação de qualquer
solicitação.
• Os diagramas de esforços em estruturas - surgem pela aplicação de
qualquer solicitação.
• A determinação da deformada é feita pelo processo:
• Cinemático - a determinação da deformada é feita pela obtenção de
deslocamentos nas libertações (descontinuidades) originadas por
extensões infinitesimais, obtida pelo
• método geométrico (traçado da deformada de forma directa)
• método de compatibilização de deslocamentos numa secção de corte
encontrando relações entre as extensões aplicadas e as
descontinuidades resultantes.
• Estática-cinemática, por recurso ao Princípio da dualidade estática-
cinemática, procurando resolver um problema
• estático, pela determinação de esforços numa dada secção por
aplicação de acções (ou biacções nas libertações introduzidas)
• Cinemático-estático - processo pode ser aplicado de forma inversa.
Capítulo 4. Linhas de Influência em Est. Isostáticas 4
Convenções de sinais (recordando pág. 13 do Capítulo 1)
 Convenções: esforços/tensões
Momentos flectores Esforço Transverso Esforço axial
M X1 σ1 V X2 σ2 N X3 σ3

 Convenções: deformações
Deformação angular Deformação transversal Deformação axial
α 
ε 1 dv  ε2 da  ε3
1 2 3

2

1 3

 Convenções: esforços/deformações em libertações (biacções/descontinuidades)


Deformação angular Deformação transversal Deformação axial
o
nov

α ε1 dv ε2 da ε3
3
1 2

s1 s2 s3

d1

d2 d3
Capítulo 4. Linhas de Influência em Est. Isostáticas 5
Conceito de Linha de Influência
 Conceito:
• Interessa estudar o efeito resultante numa secção devido a uma causa que
percorre a estrutura.

• Contrário ao estudos realizados até agora em que:


• Interessava estudar o efeito resultante em várias secções devidos a uma
causa que não percorria a estrutura.

• Assim, pretende-se determinar o efeito numa secção, quando uma causa


percorre a estrutura, ou quais as secções onde essa causa deve ser
aplicada por forma a maximizar efeitos (interesse para as combinação de
acções).
• Facilidade do recurso à dualidade estático-cinemática parta resolução do
problema de uma única vez.
 Linha de Influencia do efeito i na secção S:
Curva ou representação gráfica cuja ordenada de cada ponto representa o
valor do efeito i na secção S que, uma dada função F toma, quando a causa j
passa nesse ponto da estrutura ao percorrê-la.
Capítulo 4. Linhas de Influência em Est. Isostáticas 6
Interpretação do Conceito de Linha de Influência
 Aplicação:
• Apresenta-se a seguir um exemplo do traçado de uma linha de influência.

• Suponha-se que se pretende saber


• a evolução (ou variação) dos momentos a meio vão do primeiro tramo
(secção S),
S
• originados por uma carga λ vertical pontual que se desloca na viga da
estrutura apresentada.

S Carga λ

6m 10 m 6m

4m
5m 5m

• Existem dois processos para efectuar este cálculo:


Capítulo 4. Linhas de Influência em Est. Isostáticas 7
Interpretação do Conceito de Linha de Influência
 Aplicação:
• Estático (com as noções de equilíbrio: cálculo de reacções e de esforços)
• considera-se a carga aplicada pontualmente em várias secções
• determinam-se os esforços pretendidos na secção em causa (secção S),
10 KN 10 KN 10 KN 10 KN 10 KN

0,409 KN.m
0.818 KN.m
0.00
0.00
0.00 KN.m1.500 KN.m
KN.m
0.00 0.00
0.00
0.00
KN.m
0.00 KN.m
0.818 0.818 0.409
0.818 KN.m
KN.m
KN.m 2.182 KN.m 1.636 1.636 1.500 KN.m
1.500
1.500 KN.m
KN.m
2.182
KN.m
2.591 KN.m 2.182 KN.m
2.182
KN.m 2.591
KN.m
KN.m
3.000 KN.m
3.000
KN.m 3.000 3.000 KN.m
KN.m KN.mKN.m KN.m KN.m
4.364
KN.m KN.m
4.364
KN.m 5.500 KN.m
KN.m

S S
S
S S
0,409 KN.m
0.818 KN.m
1.500 KN.m
2.182 KN.m
2.591 KN.m

• Linha de Influencia do Momento em S, para uma carga vertical que percorre a viga
Capítulo 4. Linhas de Influência em Est. Isostáticas 8
Interpretação do Conceito de Linha de Influência
 Aplicação:
• Estática-cinemática:
• com o recurso ao Princípio da dualidade estática-cinemática,
• resolve-se o problema dual, fazendo leituras geométricas.

0,409
1.500 0.818
0.8636.1S 2.591 2.182 0.13641S

1.00.1S

4 5
3
1 2
0,409
0.818
1.500
2.182
2.591

Deformada ou Linha de Influencia do Momento em S, para uma carga vertical que


percorre a viga
Capítulo 4. Linhas de Influência em Est. Isostáticas 9
Interpretação do Conceito de Linha de Influência
 Conclusão:
• Em termos de numenclatura o problema poderia ser apresentado da
seguinte forma:
• Primal:Linha de influência de 1S (carga vviga) ou i = Sij sj

• Dual: deslocamento dvviga (1 S) ou dj =


Eji i

 Pode concluir-se que:


• na Dualidade estática-cinemática, as ordenadas da Linha de Influência (L.I).
para um determinado esforço numa secção (ou reacção de apoio), são
iguais ou proporcionais a valores da deformada da estrutura obtida pela
aplicação do movimento (unitário e positivo) correspondente nessa secção.
• Dualidade cinemática-estática: as ordenadas da L.I. para os
deslocamentos numa secção, segundo uma dada direcção e sentido, são
iguais ou proporcionais ao diagrama de esforços da estrutura, obtido pela
aplicação nessa secção de uma acção unitária correspondente, ou seja,
com a mesma direcção e sentido do deslocamento em causa.
Capítulo 4. Linhas de Influência em E.I. 10
Aplicação
 Problema prático:
Problema 4.1.
1. Represente a Linha de Influência do momento-flector em S devido a uma carga vertical unitária 1
que se desloca no tabuleiro da estruturas apresentada.
2. Represente para a mesma acção da alínea anterior, a L.I. do esforço transverso em S.
3. Represente a L.I para a descontinuidade angular da 2ª rótula devido a uma resultante unitária de
extensão 1 que percorre o tabuleiro.
4. Represente a L.I. para o deslocamento vertical em S devida a uma resultante unitária de extensão 2
que percorre o tabuleiro.

A S B C D E F
10.0 m 20.0 m 20.0 m 20.0 m 20.0 m 20.0 m
Capítulo 4. Linhas de Influência em Est. Isostáticas 11
Aplicação
 Resolução:
Capítulo 4. Linhas de Influência em Est. Isostáticas 12
Aplicação
 Resolução:
Exemplos de cálculo de deslocamentos verticais:
dvA = 0.000 1S dvS = 1 * 10.0 = 6.667 1S dvC = 2 * 20.0 = 6.667 1S dvE = 3 * 20.0 = 6.667 1S

3º passo - Interpretação de resultados utilizando a dualidade e representação da Linha de Influência:


dvA = 0.000 1S dvS = 6.667 1S dvC = - 6.667 1S dvE = 6.667 1S
1S = 0.000 vA 1S = 6.667 vS 1S = - 6.667 vC 1S = 6.667 vE

L.I. 1S devido a 1AF


0.00 1AF 6.67 1AF 0.00 1AF 6.67 1AF 0.00 1AF 6.67 1AF 0.00 1AF

Quando a carga passa pela secção C o valor do momento em S é de –6.667 1


Quando a carga passa pela secção E o valor do momento em S é de +6.667 1

Estes exemplos são apenas dois casos particulares que podem ser resolvidos, determinando, através das noções de
estática, o momento na secção S por aplicação de uma carga em duas secções diferentes.
Capítulo 4. Linhas de Influência em Est. Isostáticas 13
Aplicação
 Resolução:
1. L.I. 2S devido a 1AF
Dualidade: L. I. iS = S0ij jestrutura  S0ji = E0ij  djestrutura = E0ji iS
 2S = S011 vAF  dvAF = E011 2S
problema primal problema dual

1º passo - Aplicação de 2S e representação da deformada resultante:

1 2 S 2 d1 3 d2 4

2º passo – Determinação de deslocamentos através de relações geométricas:


1= 2 1 = 0.033 2S
1*10.0 + 2*20.0 = 2S 2 = 0.033 2S
2*20.0 = 3*20.0 2 = 3 3 = 0.033 2S
3*20.0 = 4*20.0 3 = 4 4 = 0.033 2S
Capítulo 4. Linhas de Influência em Est. Isostáticas 14
Aplicação
 Resolução:
Determinação de deslocamentos verticais na deformada da estrutura baseada nas rotações:
dvA = 0.000 2S dvS esq = 1 * 10.0 = 0.333 2S dvC = 2 * 20.0 = 0.667 2S dvE = 3 * 20.0 = 0.667 2S
dvS dir = 2 * 20.0 = 0.667 2S

3º passo - Interpretação de resultados utilizando a dualidade e representação da Linha de Influência:


dvS esq = -0.333 2S dvS dir = 0.667 2S dvC = -0.667 2S dvE = 0.667 2S
2S = -0.333 vS esq 2S = 0.667 vS dir 2S = -0.667 vC 2S = 0.667 vE
L.I. 2S devido a 1AF
0.00 1AF 0.333 1AF 0.00 1AF 0.667 1AF 0.00 1AF 0.667 1AF 0.00 1AF

0.667 1AF

Quando a carga passa pela secção C o valor do esforço transverso em S é de –0.667 1


Quando a carga passa pela secção E o valor do esforço transverso em S é de +0.667 1

Estes exemplos são apenas dois casos particulares que podem ser resolvidos, determinando, através das noções de
estática, o esforço transverso na secção S por aplicação de uma carga em duas secções diferentes.
Capítulo 4. Linhas de Influência em Est. Isostáticas 15
Aplicação
 Resolução:
1. L.I. d2E devido a 1AF
Dualidade: L. I. djE = Eji iestrutura  Eji = Sij  iestrutura = Sij sjE
 d2E = E21 1AF  1AF = S12 s2E
problema primal problema dual

1º passo - Aplicação de s2E e representação do diagrama de momentos resultante:

RA RB RC s2 = 1.0 RD

2º passo – Determinação das reacções:


M+R2 = 0  RD*20.0 = 1  RD = 1/20.0  RA = - 0.067
M-R2 = 0  RA*90.0 + RB*60.0 + RC*20.0 = 1  RB = + 0.167
M-R1 = 0  RA*50.0 + RB*20.0 = 0  RC = - 0.150
FV = 0  RA+RB +RC+RD = 0  RD = + 0.050
Capítulo 4. Linhas de Influência em Est. Isostáticas 16
Aplicação
 Resolução:
Diagrama 1AF devido a s2E
0.00 s2E 0.67 s2E 2.00 s2E 0.00 s2E 2.00 s2E 1.00 s2E 0.00 s2E

3º passo - Interpretação de resultados utilizando a dualidade e representação da Linha de Influência:


1S = -0.667 s2E 1B dir = -2.000 s2E 1D esq = +2.000 s2E 1D dir = +2.000 s2E
d2E = -0.667 1S d2E = -2.000 1B dir d2E = +2.000 1D esq d2E = +2.000 1D dir

L.I. d2E devido a 1AF

0.00 1AF 0.67 1AF 2.00 1AF 0.00 1AF 2.00 1AF 1.00 1AF 0.00 1AF

Ou seja, quando 1 passar sobre o ponto S qual será a descontinuidade em R 2?

Resposta: -0.667 que pode ser comparado com o valor 3+4 obtido na deformada da alínea 1. Portanto pode-se
afirmar que a deformada da alínea 1. é um caso particular desta L.I..
Capítulo 4. Linhas de Influência em Est. Isostáticas 17
Aplicação
 Resolução:
1. L.I. dvS devido a 2AF
Dualidade: L. I. djS = Eoji iestrutura  Eoji = Soij  iestrutura = Soij sjS
 dvS = E012 2AF  2AF = S021 vS
problema primal problema dual

1º passo - Aplicação de vS e representação do diagrama de esforço transverso resultante:


v = 1.0

RA RB RC RD

2º passo – Determinação das reacções:


M+R2 = 0  RD*20.0 = 0  RA = 0.667
M-R2 = 0  RA*90.0 + RB*60.0 + RC*20.0 = 1*80.0  RB = 0.333
M-R1 = 0  RA*50.0 + RB*20.0 = 1*40.0  RC = 0.000
FV = 0  RA+RB+RC+RD = 1.0  RD = 0.000
Capítulo 4. Linhas de Influência em Est. Isostáticas 18
Aplicação
 Resolução:
Diagrama 2AF devido a vS

0.667 vS
0.333 vS

3º passo - Interpretação de resultados utilizando a dualidade e representação da Linha de Influência:


2S esq = 0.667 vS 2S dir = -0.333 vS 2D esq = 0.000 vS 2E dir = 0.000 vS
dvS = 0.667 2S esq dvS = -0.333 2S dir dvS = 0.000 2D esq dvS = 0.000 2E dir
ou seja:
em AS: 2AS = +0.667 1S em SB: 2SB = -0.333 1S em BF: 2BF = 0.000 1S
em AS: dvS = +0.667 2AS em SB: dvS = -0.333 2SB em BF: dvS = 0.000 2BF
L.I. dvS devido a 2AF
- 0.33 2AF

+ 0.67 2AF
Capítulo 4. Linhas de Influência em Est. Isostáticas 19
Aplicação
 Problema proposto:
Problema 4.3.
Para a estrutura apresentada:
1. Trace a linha de Influência do momento em F devido à carga rolante do tipo 2.
2. Trace a linha de Influência da reacção horizontal em A devido à carga rolante do tipo 1.
3. Trace a linha de Influência da descontinuidade em D devido à resultante unitária de extensões do tipo
1 que percorre o tabuleiro.
1BG 2BG

B C D E F G

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