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Faculdade de Universidade

Engenharia da Cabo Verde do Porto


Universidade

Licenciatura
Mestrado Integradoem
emEngenharia
Engenharia Civil

TOPOGRAFIA

AULAS TEÓRICO-PRÁTICAS

Eng.Manuel
Carlos Adélio Rodrigues
Moreno
2012/13
Topografia: Aulas Teórico-Práticas

TOPOGRAFIA

AULAS TEÓRICO-PRÁTICAS

ÍNDICE

I – Cartas topográficas ..................................................................................................2


II – Nivelamento .........................................................................................................18
III – Taqueometria ......................................................................................................28
IV – Coordenadas retangulares ...................................................................................39
V – Interseções ............................................................................................................47
VI – Poligonais ...........................................................................................................55
VII – Teoria dos erros de observação .........................................................................65
VIII – Trabalhos topográficos .....................................................................................74
Soluções ......................................................................................................................79

FEUP: Mestrado Integrado em Engenharia Civil 1


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I – CARTAS TOPOGRÁFICAS

1. Objetivo
Representação gráfica da superfície terrestre e respetiva leitura e interpretação com
vista à realização de diversos trabalhos no âmbito da Engenharia Civil.

2. Definições
Carta ou planta topográfica – representação gráfica, numa superfície plana, reduzindo
as dimensões, dos acidentes naturais e artificiais da superfície terrestre.

Escala – razão constante entre um comprimento medido na carta e o seu homólogo no


terreno. A escolha da escala a adotar deverá atender à menor dimensão a representar,
à densidade dos acidentes, ao tipo de utilização da carta e à precisão exigida.

Tipo de informação representada:

Hipsográfica – relativa ao relevo (curvas e pontos de nível, sinais de escarpa) com


a cor castanho (sépia);
Hidrográfica – referente à água (linhas de água, aquedutos, valas, fontes, poços,
etc.) com a cor azul;
Artificial – a que resulta da ação construtiva do homem (estradas, caminhos, vias
férreas, edifícios, monumentos, etc.) com a cor negra ou vermelha;
Vegetal – a que diz respeito à cobertura por vegetação, com a cor verde.

Sinais convencionais:

Representação dos pormenores planimétricos (estradas, edificações, etc.) por


símbolos, em particular, sempre que a escala adotada não possibilita o seu desenho.
Recorre-se ainda a sinais convencionais para indicar os diferentes tipos de
ocupação do solo (mato, vinha, pinhal, etc.).

Escalas mais utilizadas:

1/25 000 – Ex: Carta Militar de Portugal


1/10 000 – Ex: Planos Diretores Municipais
1/5 000 – Ex: Estudos Prévios
1/2 000; 1/1 000 – Ex: Projetos de Execução, Levantamentos Urbanos
1/500; 1/200; 1/100 – Ex: Desenhos de Pormenor

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3. Representação do relevo

3.1. Métodos de representação


a) Pontos cotados – conjunto de projeções de pontos do terreno sobre uma
superfície de referência, as quais são acompanhadas de um número
designado cota;

Ex: 98.5 98,5 

b) Curvas de nível – projeções resultantes das interseções do terreno por um


conjunto de planos horizontais equidistantes, ou seja, as curvas de nível
são isolinhas que unem pontos da superfície do terreno com a mesma cota;

c) Normais – segmentos das linhas de maior declive compreendidos entre as


curvas de nível, desenhadas com um espaçamento igual a um quarto do
seu comprimento;

d) Mapas hipsométricos – colorir as zonas compreendidas entre as diferentes


curvas de nível com diversas matizes de uma ou várias cores de modo a
que os tons mais carregados correspondam às altitudes mais elevadas;

e) Mapas em relevo – representação tridimensional do relevo em cartão,


gesso, plástico, etc.

 Curvas de nível
Equidistância natural (E) – distância, constante, entre os planos horizontais
sucessivos.

Equidistâncias usuais:
1/50.000  25 m
1/25.000 10 m
1/10.000 ou escala com denominador inferior a 10.000  a equidistância a
utilizar é igual, em metros, à milésima parte do denominador da escala.
(ex. 2.000  2m)

Equidistância gráfica – equidistância natural reduzida à escala.

Curvas mestras – curvas de nível, representadas a traço muito espesso, para melhorar
a percepção visual (geralmente uma em cada cinco curvas).

Linha de maior declive – linha do terreno que, em cada um dos seus pontos, faz o
maior ângulo com a horizontal; a linha de maior declive é normal às curvas de nível.

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Regras no traçado das curvas de nível:


i) A interseção de uma curva de nível com uma linha de água forma uma
convexidade para montante da linha de água;
ii) Uma curva de nível nunca interseta uma linha de água em mais de um
ponto;
iii) Duas curvas de nível distintas nunca se intersetam;
iv) O traçado de uma curva de nível só pode ser interrompido por sinais
convencionais como o de terreno escarpado, edifícios, etc.

Se o declive entre duas curvas de nível for superior a 1, as curvas devem ser
substituídas pelo símbolo de terreno escarpado.

3.2. Formas elementares do relevo


Tergo:
É constituído por duas superfícies – encostas ou vertentes – cuja interseção
(aresta) se faz de tal modo que a concavidade fica voltada para baixo. A aresta
dos tergos constitui uma linha de separação das águas e designa-se por linha de
cumeada ou linha de festo.

Vale:
É constituído por duas superfícies – margens ou flancos – cuja interseção
(aresta) se faz de tal modo que a concavidade fica voltada para cima. A aresta
dos vales constitui uma linha de reunião das águas e designa-se por linha de
água ou talvegue.
No tergo, as cotas crescem de fora para dentro e, no vale, em sentido contrário.

Colina – combinação de dois tergos.

Colo, portela ou garganta – combinação de dois tergos e dois vales.


Bacia hidrográfica – para a delimitação da bacia hidrográfica de um curso de água,
relativamente a uma das suas secções, traça-se, a partir desta, em ambas as margens, a
linha de separação das águas.

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4. Medição de áreas em cartas


As áreas são medidas em projeção horizontal.

A relação entre a área (s) determinada numa carta à escala 1/N e a área (S) real é dada
por:
S = s×N2

4.1. Decomposição em figuras geométricas simples


As figuras cujo contorno é poligonal podem ser decompostas em figuras geométricas
elementares cuja área pode ser calculada através de fórmulas simples, como por
exemplo:
Área de um triângulo S  p  (p  a )  (p  b)  (p  c)

sendo: a, b, c – comprimento dos lados


abc
p
2
Se a superfície for limitada por contorno curvo pode-se substituir a figura por outra de
área equivalente cujo contorno seja poligonal. Este método expedito é aplicável
quando não é exigido rigor elevado.

A decomposição em figuras elementares pode ainda ser realizada através da divisão


em triângulos radiais (ver figura seguinte).
P2

P3
h
12 23

P1 34
E
51
45

P4

P5

A área do triângulo P1,P2,E é dada por: A  1  EP1  h  1  EP1  EP2  sen12


2 2
Um polígono de n lados pode ser dividido em triângulos radiais, sendo a área total do
polígono dada por:
n 1
A    EPi  EPi 1  sen i ,i 1 com i+1 = 1 para i = n
i 1 2

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4.2. Método de Gauss


Aplicável a figuras poligonais, sabendo as coordenadas retangulares dos vértices.

2 1
y2
4 2
y3 3
y1 S 3
1 S
y4
4

x1 x2 x4 x3 x

y1  y 2 y  y3 y  y4 y  y1
S  ( x2  x1 )  2  ( x3  x 2 )  3  ( x3  x 4 )  4  ( x4  x1 )
2 2 2 2
S 1
2 x1  y4  y2   x2  y1  y3   x3  y2  y4   x4  y3  y1 

Generalizando:
n
S 1
2  x (y
i 1
i i 1  yi 1 ) com xn+1 = x1 e yn+1 = y1

Ou:
x4 x1 x2 x3 x4

y4 y1 y2 y3 y4

Produtos positivos Produtos negativos

S 1
2 x1 y4  x2 y1  x3 y2  x4 y3  x1 y2  x2 y3  x3 y4  x4 y1 

n n
S  1
2 ( x i y i  1  xy i i 1 ) com xn+1 = x1 e yn+1 = y1
i 1 i 1

As expressões anteriores são válidas se a ordenação dos vértices for a indicada na


figura (sentido retrógrado).

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4.3. Métodos de integração numérica


C

yn
y1 y2 y3 S yn-2
yn-1

A D
d d
S – área da figura ABCD
d – amplitude constante do intervalo entre as ordenadas
yi – ordenadas (marcadas perpendicularmente ao segmento AD – maior dimensão da
figura)

Os métodos de integração numérica são particularmente adequados à medição de


áreas de figuras cujo contorno seja irregular. O rigor associado ao resultado depende
sobretudo do valor adotado para a amplitude do intervalo entre as ordenadas.

 Método dos trapézios (Regra de Bezout)


A figura cuja área se pretende medir fica decomposta numa série de trapézios, com
altura constante d. Então:

 y  yn 
S  d  1  y 2  y3  ...  y n1 
 2 

A área da figura é igual ao produto da soma da média das ordenadas extremas com as
ordenadas intermédias pela amplitude constante do intervalo.

 Método de Simpson
Para a mesma figura, dividida num número par de intervalos, substitui-se o contorno
correspondente a um par de intervalos por um arco de parábola. Pode deduzir-se que:

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  y1  y n  2   y3  y5  ...  y n2   4   y 2  y 4  ...  y n 1 


d
S
3

A área da figura obtém-se multiplicando a soma das ordenadas extremas, com o dobro
das ordenadas de ordem ímpar e o quádruplo das ordenadas de ordem par por um
terço da amplitude constante do intervalo.

Esta expressão só é aplicável se o número de intervalos for par, ou seja, se o número


de ordenadas for ímpar.

4.4. Planímetro

 Planímetro polar de Amsler


Polo exterior à figura S = k . n

k – constante instrumental
n = nf - ni – diferença das leituras registadas
nf ni – leituras final e inicial, respetivamente

Leituras apresentam 4 algarismos:


A; B; C; D

A – conta voltas da roda


integradora (10 divisões)

B e C – tambor (100 divisões)

D – nónio de décimas

Determinação da constante instrumental:

- Valores tabelados em função do comprimento da haste traçadora;

- Medição de n para figura de área conhecida.

Para grandes superfícies, devem ser consideradas parcelas mais pequenas de forma
que se possa avaliar a respetiva área com o polo do planímetro exterior a cada parcela
em que a figura foi dividida.

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 Planímetro digital
Com os planímetros digitais basta percorrer o contorno da figura para se obter a área
medida na carta.

Atendendo à escala da carta


topográfica converte-se a área
medida na carta na área real.

Existem planímetros em que


esta conversão é automática,
bastando introduzir o valor do
denominador da escala.

5. Cálculo de volumes

A1 e A2 – áreas correspondentes a faces


planas e paralelas – bases
(ex. curvas de nível, perfis
transversais de estradas, etc.)
A1 A2
h – equidistância

AM – área da secção equidistante das bases

5.1. Fórmula do prismóide


A fórmula do prismóide é aplicável ao cálculo de volumes dos sólidos que possam ser
considerados prismóides. O prismóide é um sólido limitado por duas faces planas e
paralelas, designadas bases, e por uma superfície regrada, gerada pela reta (geratriz)
que se apoia constantemente em ambas as bases.

A1  4 AM  A2
V  h
6
No caso de não ser possível medir AM, considerar como estimativa o seguinte valor:

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A1  2  A1 A2  A2
AM 
4

resultando:
A1  A1 A2  A2
V  h
3

5.2. Método da média das áreas


Se as geratrizes forem paralelas a um plano, a área de uma secção qualquer, paralela
às bases, varia linearmente com a distância a estas.

Neste caso, a área da secção equidistante das bases é igual à média das áreas das
secções extremas:

A1  A2
AM 
2
resultando:

A1  A2
V  h
2

O volume total pode ser calculado considerando volumes parciais, delimitados por
faces planas e paralelas, equidistantes, resultando:

 A  A n n 1 
V   1 2 A1  A 2  ...  A n 1  1 2 A n   h   1   Ai   h
 2 i2 

Este método, por ser de aplicação simples e conduzir a precisão adequada, é utilizado
frequentemente na quantificação dos volumes de escavação e aterro necessários à
construção de uma estrada bem como na determinação de volumes de albufeiras.

Para a determinação de volumes de albufeiras, A1, A2, …, An representam as áreas


delimitadas por curvas de nível sendo h a equidistância natural.

Na determinação de volumes de escavação e aterro na construção de uma estrada, A1,


A2, …, An representam as áreas de perfis transversais sendo h a distância entre perfis.
Neste caso, é conveniente calcular separadamente os volumes de escavação e de
aterro.

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5.3. Método da área média


A expressão da média das áreas sugere o método da área média, sendo:

V = h×AM

Este método é mais trabalhoso que o método da média das áreas, já que implica a
determinação da área (AM) da secção equidistante das bases.

5.4. Método aproximado


O cálculo de volumes de sólidos com uma base plana, superfícies laterais planas e
uma “segunda” base constituída pelo terreno pode ser realizado considerando um
prisma cuja base tem de área Ab e com altura igual à média das alturas medidas nos
quatro vértices da base. Ou seja:

h1  h2  h3  h4
V  Ab 
4
Neste método o rigor será tanto maior quanto menor for a área da base, sendo
aconselhável dividir o volume total em vários volumes parciais.

Para aplicar este método em grandes áreas e determinar os volumes de escavação e


aterro deve-se dividir o terreno em quadrados ou retângulos e determinar as cotas em
cada vértice. Este método é conhecido como o método da quadrícula.

O rigor associado ao volume dependerá sobretudo do número de quadrículas


consideradas.

Fases a considerar:

a) Dividir a área num conjunto de áreas elementares (quadrícula);

b) Determinar para cada área as cotas do terreno dos vértices;

c) Determinar para cada vértice as cotas de trabalho (diferença entre as


cotas do terreno e as cotas do projeto);

d) O volume correspondente a cada área elementar será dado pela


seguinte fórmula aproximada:

V  S  hm

V – volume

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S – superfície da área elementar


hm – altura média

e) O volume total será dado pela soma algébrica dos volumes calculados
anteriormente.

Exemplo: a2 b1 a3

a1 c1 d1 b2

ESCAVAÇÃO
ATERRO

b6 b3
d3 d2

a5 b5 b4 a4
a – cotas de trabalho nos vértices das arestas côncavas da superfície considerada;
b – cotas de trabalho nos vértices das arestas laterais da superfície considerada;
c – cotas de trabalho nos vértices das arestas convexas da superfície considerada;
d – cotas de trabalho nos vértices das arestas interiores da superfície considerada;
S – área da quadrícula (suposta constante).

4

V  S   a  b  3c  d
2 4

Para calcular separadamente os volumes de escavação e de aterro determinar a
linha de separação respetiva e considerar iguais a zero as cotas de trabalho
adjacentes.

No exemplo referido e para a determinação do volume de aterro consideram-se,


por simplificação, iguais a zero as cotas de trabalho a3, b2, b3 e a4.

De igual forma, para calcular o volume de escavação deve considerar-se iguais a


zero as cotas de trabalho b1, d1, d2 e b4.

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EXERCÍCIOS:

1. Com base na planta topográfica à escala 1/2000 que se apresenta, desenhe o perfil
longitudinal resultante da interseção do terreno com um plano vertical cujo traço
é AB, sabendo que as coordenadas retangulares destes pontos são:
MA = -29649,50 m MB = -29374,80 m
PA = 184910,00 m PB = 184852,40 m

0 20 40 60 80 100 m

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2. Determine a área do terreno delimitado a tracejado, que se representa na planta à


escala 1/2000, utilizando os seguintes métodos:

 Método dos trapézios


 Método de Simpson
 Planímetro

0 20 40 60 80 100 m

3. Determine a área de uma parcela de terreno com quatro lados, sabendo que as
coordenadas dos vértices são as seguintes:
x1 = 100,00 m y1 = 180,00 m
x2 = 140,00 m y2 = 100,00 m
x3 = 180,00 m y3 = 120,00 m
x4 = 210,00 m y4 = 200,00 m

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4. Na planta seguinte representa-se a implantação de uma unidade industrial a


construir. Sabendo que se pretende construir a unidade industrial a cotas distintas,
o corpo “ABCFGA” à cota de 595,0 m e o corpo “CDEFC” à cota de 596,0 m,
calcule e caracterize o correspondente movimento de terras a executar.

5. Com base numa planta topográfica foram medidas, com o auxílio de um


planímetro, as áreas limitadas pelo paramento de uma barragem e as curvas de
nível de cota 95 a 80 m (equidistância natural de 1 m). Determine o volume da
albufeira, correspondente à cota 95, sabendo que as áreas medidas foram as
seguintes (valores em m2):

A95 = 6430 A94 = 5658 A93 = 4904 A92 = 4182


A91 = 3555 A90 = 2870 A89 = 2320 A88 = 1784
A87 = 1362 A86 = 957 A85 = 635 A84 = 364
A83 = 197 A82 = 79 A81 = 28 A80 = 8

6. Para a execução de uma plataforma para um parque de estacionamento, cuja


planta à escala 1/2000 se apresenta, foi necessário calcular o volume de terras a
movimentar. Com este objetivo, subdividiu-se a figura e determinaram-se as cotas
do terreno dos vértices 1 a 8, tendo-se obtido os seguintes valores:
H1 = 100, 00 m; H2 = 100,30 m; H3 = 100,65 m; H4 = 100,48 m;
H5 = 100,75 m; H6 = 101,33 m; H7 = 101,90 m; H8 = 101,66 m.

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Calcule as cotas de projeto nos vértices assinalados (1 a 8) e o volume de terras a


movimentar, sabendo que no vértice 1 a altura de escavação é de 0,30 m. Admita
que se pretende executar a plataforma com as inclinações representadas no
desenho junto.
-1,5%
6
3 8

-0,5% 2 7
5

Esc.: 1/2 000


1 4

7. Pretende-se instalar um coletor de saneamento num arruamento. A profundidade


da vala no ponto A é de 3,5 m e o coletor tem uma inclinação de 3,0%
descendente de A para B. A secção da vala é retangular com uma largura
constante de 0,80 m e profundidade variável.

a) Efetue o perfil longitudinal (terreno e vala), entre os pontos A e B.

b) Determine a profundidade do coletor no ponto B.

c) Determine o volume de escavação da vala entre os pontos A e B, pelo método


da média das áreas.

90 85
A B

1/1 000

8. Pretende-se construir uma plataforma com secção retangular no terreno


representado na planta seguinte (escala 1:1000).

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100 (M)
80 (P) 55

P
50

1:1000

a) Identifique na planta os vértices 1, 2, 3 e 4 considerando as coordenadas


apresentadas no quadro:

Vértice M (m) P (m)


1 130,00 70,00
2 155,00 70,00
3 130,00 20,00
4 155,00 20,00

b) Determine o volume de terras a movimentar para a construção da plataforma,


sabendo que no vértice 1 é necessário escavar 2 metros e que a plataforma
projetada corresponde a um plano com uma inclinação de 1% descendente na
direção do vértice 1 para o vértice 3.Considere para aplicação do método uma
única área composta pelos quatro vértices 1, 2, 3 e 4.

c) Desenhe o perfil longitudinal (terreno e plataforma) entre os vértices 1 e 3.


Considere a mesma escala da planta para a marcação das distâncias horizontais
e a escala 1:100 para a marcação das cotas.

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II – NIVELAMENTO

1. Objetivo
Determinação das diferenças de nível entre pontos do terreno.

2. Definições
Diferença de nível entre dois pontos – distância, medida na vertical, entre as
superfícies de nível que contêm esses pontos.

Cota de um ponto – distância, medida na vertical, entre a superfície de nível que


contém esse ponto e uma superfície de referência.

Nivelamento – conjunto de operações (trabalhos de campo e de gabinete) que permite


determinar as diferenças de nível entre pontos do terreno e/ou as cotas desses pontos.

Nível – aparelho que permite definir, em determinadas condições, linhas de visada


horizontais.

3. Métodos gerais de nivelamento

3.1. Nivelamento barométrico


Baseia-se no facto de a pressão atmosférica variar com a altitude, dependendo ainda
da temperatura e da latitude.
A precisão, neste tipo de nivelamento, é da ordem dos metros.

3.2. Nivelamento trigonométrico ou indireto


A diferença de nível entre dois pontos obtém-se através da medição do ângulo i
(inclinação) ou z (zenital) e da distância d entre esses pontos.
A precisão associada ao desnível é da ordem do centímetro.

H = d tg i
z B
H
i
H = d cotg z
A
d

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3.3. Nivelamento geométrico ou direto


As diferenças de nível resultam de leituras feitas para miras colocadas verticalmente
no terreno, correspondentes a linhas de visada horizontais, realizadas com um nível.

H = lA – lB

H – diferença de nível entre A e B

lB
B

lA – leitura na mira em A

H

lA

lB – leitura na mira em B
A

É o método mais preciso. Os desníveis podem ser obtidos com a precisão da ordem do
milímetro.

4. Nivelamento geométrico

4.1. Nível
Nível ótico:

Nível bloco – nível de luneta fixa (não basculante), com nivela tórica solidária à
luneta;

Nível automático – possui dispositivos ótico-mecânicos (compensador


automático) que tornam as linhas de visada automaticamente horizontais,
após nivelar, de forma expedita com o auxílio de nivela esférica, a base do
nível. São os mais utilizados em trabalhos de nivelamento.

Constituição de um nível ótico:


Base com parafusos nivelantes;
Luneta constituída por sistemas óticos (objetiva e ocular) e pelo retículo
(lâmina onde são gravadas linhas de referência perpendiculares – fios de
retículo; o ponto de interseção destas linhas e o centro do sistema ótico da
luneta definem a linha de visada, igualmente designada por linha de
colimação);
Nivela tórica e/ou esférica.

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Utilizando níveis óticos, com miras dotadas de escalas de ínvar e com dispositivos de
leitura especiais (micrómetros) é possível realizar leituras com a resolução de 0,01
mm. Este tipo de equipamento utiliza-se sobretudo na observação de obras.

Nível digital:
Com este nível podem ser
utilizadas miras graduadas com
escalas em código de barras,
permitindo a leitura e registo
automáticos, tornando mais
fáceis e fiáveis as operações de
campo. Com este tipo de níveis
é possível realizar leituras com
a resolução de 0,5 mm.

Nível laser:
Consiste num emissor de raios laser que varre um plano horizontal. A mira
dispõe de um alvo capaz de detetar o raio emitido, registando-se a altura ao solo
deste alvo.

4.2. Erros
Erros mais frequentes:
- linha de visada não horizontal;
- mira inclinada.

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Eliminação dos erros:


- método das visadas a igual distância;
- método das visadas recíprocas.

4.3. Classificação dos nivelamentos


Nivelamento simples – uma estação;
Nivelamento composto – várias estações;
Nivelamento fechado – quando começa e acaba em pontos de cota conhecida;
Nivelamento aberto – um só ponto de cota conhecida;
Contranivelamento – repetição do nivelamento por ordem inversa.

4.4. Nivelamento fechado


Sendo conhecidas as cotas dos pontos A e B, define-se erro de fecho (h):

Diferença, devida aos erros de observação, entre o valor do desnível exato,


obtido a partir das cotas conhecidas, e o valor do desnível calculado, obtido a
partir dos desníveis medidos (referentes à linha de nivelamento).

h = (HB – HA) -  (diferenças de nível)

Quando o erro de fecho é inferior à tolerância, calcula-se a compensação dos


desníveis, de forma que o erro de fecho seja nulo. Se o erro de fecho exceder a
tolerância, as medições são rejeitadas, sendo o trabalho de campo repetido.

Compensação:
O erro de fecho de nivelamento h deverá ser distribuído igualmente pelas
diferenças de nível que dizem respeito aos pontos que transmitem o
nivelamento, isto é, aquelas em cujo cálculo intervêm niveladas atrás.

Tolerância:
t  c L

t – tolerância, expressa em mm;


L – comprimento da linha de nivelamento, expresso em km;
c – constante que depende da precisão pretendida para o nivelamento;

Situações correntes c=12

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5. Execução de um nivelamento fechado


Esquema de nivelamento – representação em planta da posição relativa dos pontos
visados e das estações:

J2
A 3

J1
4
5
1
2
6

J3 B

Visada intermédia
Visada atrás
Visada adiante

O conjunto das visadas atrás e adiante constitui a linha de nivelamento.

J1; J2; J3 – Estações

Leituras na mira (valores registados em metros):

J1 A – 0,725 J2 4 – 0,320 J3 5 – 0,502


1 – 0,658 5 – 1,049 6 – 0,414
2 – 1,032 B – 2,333
3 – 1,251
4 – 1,856

Dados:
Cota A – 46,321 m
Cota B – 42,627 m

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Preenchimento e cálculo da caderneta de nivelamento

Ponto Visadas (m) Desniveis (m)  Cotas


Visado Atrás Interm. Adiante + - (mm) (m)

A 0,725 46,321
0,067 -1
1 0,658 46,387
0,374
2 1,032 46,013
0,219
3 1,251 45,794
0,605
4 0,320 1,856 45,189
0,729 -1
5 0,502 1,049 44,459
0,088 -1
6 0,414 44,546
1,919
B 2,333 42,627

Verificação:
 (visadas atrás) -  (visadas adiante) =  (diferenças de nível)
1,547 - 5,238 = -3,691

Erro de fecho:
h = 42,627 - 46,321 - (-3,691) = -0,003 m

Compensação:
-0,003/3 = -0,001 m

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EXERCÍCIOS:

1. Considere o seguinte esquema de nivelamento, em que se representam as leituras


(m) correspondentes às visadas realizadas:
1

2 7
2,950
1,540 1,720
2,520 A 2,030
E3
E1
1,820
4 2,200 1,760 1,650
3 1,430
6
E2 1,935 5

Sabendo que a cota do ponto A é de 102,000 m preencha a respetiva caderneta de


nivelamento e determine a cota de todos os pontos.

2. No decurso do trabalho de campo de um nivelamento registaram-se as seguintes


leituras (m) na mira:

1  2,657 4  1,076 7  2,762


E1 E3 E5 8  2,077
2  1,898 5  3,000
9  1,005

9  1,900
2  0,815 5  0,767
10  1,257
E 2 3  1,467 E 4 6  2,405 E6
11  1,999
4  0,999 7  1,543
12  0,627
a) Faça um esquema representando em planta uma possível posição relativa dos
pontos visados e das estações.

b) Calcule as cotas compensadas dos pontos visados, sendo conhecidas as cotas dos
pontos:
H1 = 82,154 m; H5 = 80,814 m; H12 = 83,065 m

3. A caderneta seguinte refere-se a um nivelamento e contranivelamento realizados


com o objetivo de determinar os desníveis entre os pontos 1/2, 2/3, 3/4, 4/5, 5/6 e
6/7. Problemas de visibilidade obrigaram à consideração de um ponto auxiliar que
não foi o mesmo no nivelamento e no contranivelamento (X e X’).

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Calcule os desníveis referidos.

Ponto Visadas (m) Desniveis (m)  Cotas


Visado Atrás Interm. Adiante + - (mm) (m)

1 1,523
2 1,043 1,634
3 2,403 1,912
4 1,473 0,915
5 2,325 2,321
X 2,678 0,376
6 1,415 1,001
7 1,104 1,010
6 0,105 1,511
X' 1,013 1,790
5 1,439 2,950
4 0,662 0,590
3 1,817 2,150
2 1,740 0,945
1 1,631

4. Pretende-se executar uma vala, com vista ao assentamento de uma conduta, cuja
inclinação longitudinal deverá ser de 1,5%. Durante a execução da obra, foram
materializados ao longo da vala cinco marcas (A, B, C, D e E) distando entre si
de 40 m. Com recurso a um nível ótico, visou-se uma mira colocada na marca C,
tendo-se registado o valor de 1,965 m.
Sabendo que a marca situada no ponto C deverá subir 0,035 m, relativamente à
sua posição inicial, determine as leituras que deveriam ser realizadas para a mira
colocada nas diferentes marcas, de forma a garantir que a conduta é assente com a
inclinação referida, descendente de A para E.

5. Para controlar os assentamentos de uma sapata experimental, durante um ensaio


de carga, fixou-se uma escala na própria sapata e outra escala, para referência,
numa estrutura situada fora da zona de influência das cargas.
No início do ensaio as duas escalas foram visadas com um nível digital de
precisão, tendo-se obtido as seguintes leituras:
Sapata – ls = 2,3721 m

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Referência – lr = 1,5282 m
Na fase final do ensaio as leituras realizadas em condições semelhantes foram:
Sapata – ls = 2,3074 m
Referência – lr = 1,4849 m
Calcule o assentamento sofrido pela sapata.

6. Utilizou-se um nível ótico automático para controlar o nivelamento dos três


apoios (A, B e C) de uma máquina industrial. De uma estação visou-se uma mira
colocada sucessivamente nos apoios A e B, a que corresponderam os valores lA =
1,582 m e lB = 1,603 m. De outra estação visaram-se os apoios B e C, tendo-se
registado os valores lB = 1,247 m e lC = 1,255 m.
Pretendendo-se que todos os apoios sejam colocados à mesma cota do apoio A,
quanto se deverá subir ou descer nos apoios B e C.

7. Durante a fase final de terraplenagens para obtenção de uma plataforma


horizontal, com uma cota igual a 52,500 m, recorreu-se à utilização de um nível
para colocar 9 estacas nos pontos indicados na figura. Pretende-se que os topos
dessas estacas fiquem ao nível projetado para a plataforma, para servirem de
referência durante os restantes trabalhos a executar.
Estacionou-se o nível num ponto que permitia visar todas as estacas e obtiveram-
se as seguintes leituras numa mira apoiada no solo e colocada sucessivamente nos
nove pontos referidos e numa marca de referência R:

A – 1,550 m D – 1,548 m G – 1,548 m


B – 1,603 m E – 1,539 m H – 1,580 m
C – 1,595 m F – 1,601 m I – 1,592 m
R – 1,028 m
R

A D G
Calcule a altura do topo de cada estaca acima
do solo nos referidos 9 pontos, sabendo que a
cota da marca de referência R é de 52,950 m.
B E H

C F I

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CADERNETAS DE NIVELAMENTO

Ponto Visadas (m) Desniveis (m)  Cotas


Visado Atrás Interm. Adiante + - (mm) (m)

Ponto Visadas (m) Desniveis (m)  Cotas


Visado Atrás Interm. Adiante + - (mm) (m)

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III – TAQUEOMETRIA

1. Objetivo
Determinação da posição planimétrica e altimétrica dos pontos do terreno em relação
a um ponto estação, sendo a posição no plano definida, regra geral, através de
coordenadas polares (ângulos e distâncias).

2. Definições
Levantamento topográfico – conjunto de operações (trabalhos de campo e de
gabinete) que visam a representação dos pormenores planimétricos e altimétricos
definidores do terreno.

Levantamento por irradiação – levantamento em que a representação dos pontos se


faz por coordenadas polares, ou seja, através de um ângulo e de uma distância.

Ângulo azimutal (horizontal) de duas direções que passam por um ponto – é o


retilíneo do diedro formado pelos planos verticais que contêm essas direções, ou seja,
é o ângulo das projeções dessas direções sobre um plano horizontal.

Ângulo de inclinação de uma direção – ângulo que essa direção faz com o plano
horizontal.

Ângulo zenital (vertical) de uma direção – ângulo que essa direção faz com a vertical
do lugar.

Teodolito – aparelho, utilizado em topografia, para a medição de ângulos azimutais e


zenitais.

Taqueómetro – teodolito de luneta estadiada (permitindo a avaliação de distâncias).

Estádia – sistema ótico que permite obter linhas de visada concorrentes num ponto de
posição conhecida, denominado centro de analatismo. A estádia é constituída por dois
ou mais fios horizontais (fios estadimétricos) gravados no retículo da luneta.

Distanciómetro eletromagnético (DEM) – aparelho que permite avaliar a distância


entre o ponto estação e os pontos visados, por processos eletromagnéticos.

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3. Aparelhos de medição de distâncias e ângulos


Taqueómetro

Constituição de um taqueómetro:

Base – está ligada ao terreno através de um suporte (tripé) e pode ser nivelada por
meio de três parafusos nivelantes. Dispõe ainda de um prumo ótico que
permite centrar o aparelho sobre um ponto materializado no terreno.

Alidade – pode girar em torno de eixo vertical e contém a luneta que possui
movimento de rotação no plano vertical. A luneta é estadiada, sendo
constituída por sistemas óticos (objetiva e ocular) e pelo retículo, lâmina
onde são gravados os fios estadimétricos.

Limbos – círculos graduados (horizontal e vertical) com os quais se quantificam os


movimentos de rotação imprimidos à alidade e à luneta.

A leitura do limbo vertical dá o ângulo zenital da direção definida pelo centro


do taqueómetro e o ponto visado; em alguns modelos de taqueómetros é
medido o ângulo de inclinação.

A leitura do limbo azimutal fornece a direção azimutal do ponto visado


relativamente à origem do limbo (a medição de um ângulo azimutal implica
visar dois pontos, ou seja, o ângulo azimutal resulta da diferença entre duas
direções azimutais).

Acessórios – dispositivos de leitura dos limbos, nivelas, parafusos de fixação, etc.

Taqueómetro digital

Dispõem de sistemas ótico-eletrónicos de


leitura dos limbos horizontal e vertical,
aparecendo os valores dos respetivos
ângulos num visor.
A luneta é estadiada, pelo que obriga à
utilização de mira para a medição de
distâncias.
Alguns modelos deste tipo de
taqueómetros dispõem de sistemas de
registo de leituras em suporte magnético.

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Distanciómetro eletromagnético (DEM)

Baseiam-se na emissão, retrorreflexão e receção de ondas eletromagnéticas,


sendo utilizados alvos refletores constituídos por prisma ou conjunto de
prismas.

A medição das distâncias, com este equipamento, baseia-se, regra geral, no


método dos impulsos (medição do intervalo de tempo gasto no percurso de ida e
volta entre um emissor-recetor e um retrorrefletor de um sinal intenso e de curta
duração) ou no método da fase (medição da diferença de fase entre uma onda
emitida e a onda refletida).

O alcance destes aparelhos é muito variável, dependendo do modelo, número de


prismas e condições atmosféricas, podendo, no entanto, atingir alguns
quilómetros. A precisão é elevada, sendo uma parte do erro fixa e a outra
variável com a distância a medir (erro da ordem de 5 mm + 5 mm/km, ou menor
para aparelhos de elevada precisão).

Estação total

Taqueómetro digital dotado de um distanciómetro eletromagnético, com partilha


de sistemas óticos, circuitos eletrónicos, sistemas de registo e baterias.

Dispõem de “cadernetas eletrónicas”, onde são registadas as leituras dos


ângulos azimutais e zenitais, distâncias, desníveis e outra informação auxiliar,
tal como um código alfanumérico para a identificação dos pontos visados,
podendo toda a informação ser transferida para um computador. Estas

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cadernetas substituem as tradicionais cadernetas de campo, permitindo a


automatização das operações de registo, a eliminação dos erros de transcrição e
a redução do tempo de operação.

4. Fórmulas taqueométricas

4.1. Princípio da estadimetria

Mira colocada a
w/2
perpendicularmente O
l L
ao eixo da estádia w/2
d b

L – segmento definido na mira pelas linhas de pontaria correspondentes aos fios de


retículo
a, b – retículo
l – distância entre os fios do retículo
O – centro de analatismo
w – ângulo paralático ou estadimétrico (ângulo definido pelo centro de analatismo
juntamente com os fios estadimétricos)
d - comprimento da estádia
D – distância entre o centro de analatismo e a mira

D=d/l*L a distância é diretamente proporcional ao comprimento


abrangido na mira pelos fios de retículo
cotg w/2 = d / (l/2)

K = d / l = ½ cotg w/2 constante estadimétrica (geralmente 100  w = 34’)

D=KL

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4.2. Determinação da distância para posição da luneta inclinada e mira vertical


(eixo da estádia não perpendicular à mira)

l’ l3
3
i
l2
l’
l1 1

z h
w/2

O i

a H

B
D

z – ângulo zenital

i – ângulo de inclinação

l1, l2, l3 – leituras do 1º, 2º e 3º fio estadimétrico

a – altura do aparelho

D – distância (horizontal) entre o ponto estação e o ponto visado

h – altura trigonométrica

H – desnível entre o ponto estação e o ponto visado

Distância inclinada D’ = K (l’3-l’1) = K l’

l’ - comprimento abrangido numa mira fictícia, colocada


perpendicularmente à linha de visada

l’  l cos i com l = l3 – l1

D’ = K l cos i

D = D’ cos i D = K l cos2i

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G = K l = 100 (l3 – l1) nº gerador

l2 = (l1 + l3) / 2 (valor a considerar, quando não for lido diretamente)

D = G cos2i D = G sen2z

h = G sen i cos i h = G sen z cos z h = D / tg z

H = a + h – l2

Nos levantamentos realizados com taqueómetro e mira obtém-se, regra geral, uma
precisão do decímetro nas distâncias e do centímetro nos desníveis.

4.3. Estação total


- Distâncias, inclinada e horizontal, obtidas diretamente.

- Desnível é obtido diretamente ou calculável através da expressão:

H = altura do aparelho + altura trigonométrica – altura do alvo

sendo a altura trigonométrica obtida diretamente

Com estação total, é possível obter para as distâncias e desníveis uma precisão da
ordem do(s) milímetro(s).

5. Cálculo de cotas

HP = HEst + H
HP – Cota do ponto visado

H – desnível entre o ponto estação e o ponto visado

HEst – Cota do ponto estação

 Erro de fecho
Sempre que os pontos estação e/ou visados constituem uma linha de nivelamento
fechada (pontos inicial I e final F de cotas conhecidas ou coincidentes), ter-se-á que
calcular o erro de fecho (resultante dos erros de observação):

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Topografia: Aulas Teórico-Práticas

h = (HF – HI) -  Hi

Hi – desníveis médios entre pontos consecutivos

Este erro de fecho será distribuído igualmente por todos os desníveis referentes aos
pontos que constituem a linha de nivelamento fechada, obtendo-se os desníveis
corrigidos.

O cálculo das cotas dos pontos visados deverá ser precedido da correção dos
desníveis.

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EXERCÍCIOS:

1. Num levantamento taqueométrico registaram-se os valores constantes na


caderneta seguinte. Admitindo que a cota de B é igual a 120,00 m determine as
cotas dos pontos visados. Faça ainda implantação à escala 1/1000 de acordo com
o esboço.

Estação Ponto Ângulos (grados) Alt. Distância Altura Desnível


Cota Esboço
(Alt. Apar.) Visado Azimutal Zenital alvo (m) (m) h (m) (m)

A 1 386,320 96,180 2,230 47,030 3


(1,540) 2 384,010 102,130 2,300 61,231
B 0,000 92,700 1,440 88,328

B A 0,000 107,250 1,480 88,332


(1,320) 3 55,180 99,470 1,380 73,495
4 7
4 48,150 93,780 1,270 53,684 5
C 116,160 98,700 1,220 44,981

C B 0,000 102,150 1,200 44,987


(1,700) 5 98,170 103,790 2,100 20,527
6 68,150 102,340 2,240 49,633 6
D 303,060 94,150 1,470 94,200

D C 0,000 105,980 1,440 94,194


(1,400) 7 10,310 98,010 2,450 90,412
1 2

2. Para a determinação das cotas dos pontos B e C realizou-se um levantamento,


com recurso a um taqueómetro e mira, tendo-se registado alguns dos valores
constantes na caderneta seguinte:
Estação Ponto Ângulos (grados) Leitura dos Fios (m) Número
(Alt. Ap.) Visado Azimutal Zenital 1º 2º 3º Gerador D h Desnível
2º fio

A B 0,000 98,570 0,500 0,940 1,380 88,0

(1,30)

B A 50,000 101,000 2,000 2,880 88,0 88,0 -1,38

(1,50) C 350,000 100,620 1,000 123,4 123,4 -1,20

C B 100,000 98,910 1,500 2,117 2,734 123,4 123,4 2,11

(1,32) D 0,000 99,000 1,000 1,368

D C 0,000 101,230 1,536 73,6 73,6 -1,42

(1,50)

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2.1. Complete o preenchimento da caderneta taqueométrica apresentada.

2.2. Determine as cotas dos pontos B e C, sabendo que:

HA = 89,53 m; HD = 91,67 m.

2.3. Faça a implantação à escala 1/1000 dos pontos visados.

2.4. Na determinação da altura de uma torre que se situa a 100,00 m da estação D,


visaram-se, a partir desta estação, umas marcas colocadas na base e no topo,
tendo-se registado os seguintes ângulos zenitais: 103,520 grados e 94,100 grados,
respetivamente.
Determine a altura da torre.

3. Num trabalho de campo, houve necessidade de determinar a cota dos pontos X e


Y a partir do ponto A (HA = 125,650 m). Problemas de visibilidade obrigaram, no
entanto, ao recurso de duas estações auxiliares, B e C intervisíveis entre si e de A,
que permitiram visar, respetivamente, os pontos X e Y.
Considerando que se utilizou uma estação total que permite obter diretamente a
distância e a altura trigonométrica, determine as cotas dos pontos X e Y.
Estação Ponto Ângulos Altura Distância Altura Desnível Cota
(Alt. Apar.) Visado Azimutal Zenital alvo D h
(grados) (m) (m) (m) (m) (m)
A C - 101,320 1,550 15,997 -0,332
1,550 B - 102,167 1,550 53,000 -1,805
B A - 98,020 1,550 53,179 1,655
1,700 C - 99,115 0,900 49,000 0,681
X - 102,500 1,480 74,942 -2,944
C B - 101,635 1,780 48,995 -1,259
1,560 A - 99,140 1,450 16,000 0,216
Y - 105,36 1,500 89,525 -7,555

4. Pretende-se avaliar a distância entre dois pontos, X e Y, bem como o respetivo


desnível, dispondo-se apenas de um taqueómetro e de um alvo de pontaria que
pode ser colocado à vertical do ponto desejado.
Para tal estacionou-se o taqueómetro no ponto X, com uma altura de 1,50 m e
visou-se o alvo colocado sobre Y, a uma altura de 2,00 m, sendo registado um
ângulo zenital de 98,730 grados.

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Em seguida, estacionou-se o taqueómetro em Y, com uma altura de 1,45 m e


visou-se o alvo, agora colocado em X, igualmente a uma altura de 2,00 m, sendo
lido um ângulo zenital de 99,600 grados.
Determine a distância horizontal e o desnível entre os pontos X e Y.

5. Com o objetivo de determinar a altura de um edifício, estacionou-se um


taqueómetro num ponto de cota igual à da soleira de entrada do referido edifício e
visaram-se duas marcas colocadas nas extremidades superior e inferior de uma
antena vertical existente no telhado, tendo-se registado os seguintes ângulos
zenitais: 74,300 e 75,161 grados. Sabendo que a antena tinha de altura 1,200 m e
que a altura do aparelho era de 1,000 m, determine a altura do edifício.

6. Para se determinar a diferença de cotas entre dois pontos A e B, que não são
visíveis entre si, estacionou-se um taqueómetro em cada um dos pontos e visou-se
uma marca que dista 120,4 m e 318,6 m de A e B, respetivamente.
A altura do aparelho e o ângulo zenital em A foram de 1,63 m e 90,150 grados,
respetivamente, e as mesmas grandezas em B foram de 1,85 m e 95,150 grados.
Calcule a diferença de cotas entre os pontos A e B.

7. A partir de uma estação (E) pretendeu-se visar um ponto P, a fim de determinar a


sua posição, usando a taqueometria. Como havia obstáculos que impedia uma
leitura normal dos três fios ou mesmo dois fios na mira, simultaneamente,
procedeu-se do modo seguinte:
Apontou-se uma mira verticalmente colocada em P, tendo-se registado o valor de
leitura correspondente ao segundo fio, que foi de 1,427 m, e o respetivo ângulo
zenital (96,500 grados). Modificou-se de seguida ligeiramente a inclinação da
visada, passando a leitura do segundo fio a ser de 1,982 m e o correspondente
ângulo zenital igual a 96,000 grados.
Sabendo que a altura do aparelho era de 1,50 m, calcule a distância horizontal
entre a estação e o ponto P, bem como o desnível entre esses pontos.

8. Para realizar o levantamento taqueométrico de um terreno, cujo contorno é


definido pelos pontos de 1 a 12, utilizou-se uma estação total tendo sido
registados os valores que constam na caderneta anexa.

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8.1. Sabendo que a estação E3 tem de cota 100,000 m, determine as cotas dos pontos 1
a 12.

8.2. Desenhe o contorno do terreno à escala 1/1000.

Estação Ponto Ângulos (grados) Altura Distância Altura


Desnível Cota
(Alt. Apar.) Visado alvo D h
Azimutal Zenital
(m) (m) (m) (m) (m)
E1 E3 0,000 101,210 1,315 62,977 -1,197
(1,550 m) E2 78,340 100,960 1,493 98,478 -1,485
1 94,050 100,340 1,153 30,599 -0,163
2 113,100 102,730 1,273 54,400 -2,334
3 233,610 96,250 1,145 28,899 1,704
4 320,740 99,210 1,152 30,395 0,377
E2 E1 21,480 99,110 1,493 98,581 1,378
(1,540 m) E3 63,120 99,720 1,489 97,698 0,430
5 109,000 99,470 1,092 18,299 0,152
6 180,620 100,020 1,231 46,100 -0,014
7 329,800 100,220 2,222 44,399 -0,153
8 369,790 99,990 1,111 22,100 0,003
E3 E2 386,010 100,370 1,488 97,597 -0,567
(1,570 m) E1 65,990 99,270 1,315 62,992 0,722
9 115,030 99,660 1,073 14,500 0,077
10 132,500 99,110 1,214 42,692 0,597
11 300,980 103,590 1,316 62,999 -3,556
12 365,000 100,400 1,194 38,798 -0,244

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Topografia: Aulas Teórico-Práticas

IV – COORDENADAS RETANGULARES

1. Objetivo
Determinação da posição dos pontos do terreno através de coordenadas retangulares
planas.

2. Definições
Sistema de eixos:
Eixo das ordenadas (P) – coincidente com o meridiano na origem; direção do
Norte;
Eixo das abcissas (M) – coincidente com a perpendicular ao meridiano na
origem; perpendicular ao eixo dos PP.

Coordenadas:

MA – distância à meridiana

PA – distância à perpendicular

Origem sistema eixos (Portugal Continental):


Vértice geodésico Melriça (Abrantes)

(BA)


PB
 (BC)
B

PC
(AB) C
PA
A

MA MB MC M

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Topografia: Aulas Teórico-Práticas

Orientação, azimute ou rumo de uma direção AB:

Ângulo que a direção AB faz com o eixo dos PP (Norte), medido no sentido
retrógrado (sentido do movimento dos ponteiros do relógio) a partir do
Norte.

Representa-se por (AB) e está compreendido entre 0 e 2 (0 e 400 grados).

0  (AB)  2 

Orientação inversa:

(BA) = (AB)   (BA) – orientação inversa

+ se (AB)  

- se (AB)  

0 grados
400 grados

4º Quadrante 1º Quadrante

300 grados 100 grados

3º Quadrante 2º Quadrante

200 grados

Através de projeções geométricas ou por fórmulas analíticas de transformação é


possível estabelecer uma correspondência biunívoca entre os pontos da Terra
referenciados pelas suas coordenadas geográficas e os pontos do plano referenciados
pelas suas coordenadas retangulares.

3. Transmissão de orientações
Dados:
(AB)
 - Ângulo das direções AB e BC

Pedido:
(BC)

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Topografia: Aulas Teórico-Práticas

Resolução:

(BC) = (AB)   +  (a menos de 2)

+  se (AB)  

-  se (AB)  

 - ângulo das direções AB e BC, medido no sentido do movimento dos


ponteiros do relógio (sentido retrógrado) e da direção anterior para a
seguinte.

4. Transporte de coordenadas
Dados:
Coordenadas do ponto A (MA; PA)
(AB)
Comprimento AB

Pedido:
Coordenadas do ponto B (MB; PB)

Resolução:

MB = MA + AB sen (AB)

PB = PA + AB cos (AB)

MB – MA = AB sen (AB) = M  Abcissa relativa

PB – PA = AB cos (AB) = P  Ordenada relativa

5. Cálculo de orientações
Dados:
Coordenadas do ponto A (MA; PA)
Coordenadas do ponto B (MB; PB)

Pedido:
(AB)

Resolução:
MB  MA M
tg(AB)  
PB  PA P

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Topografia: Aulas Teórico-Práticas

O valor obtido pela expressão anterior – orientação provisória, (AB)* – está


compreendido entre   2 e   2 .

A orientação final (AB) depende do quadrante em que se situa a orientação,


atendendo aos valores constantes no quadro seguinte:

Orientação Coordenadas Orientação


provisória Relativas Quadrante final

(AB)* M P (AB)

>0 >0 >0 1º (AB)*

<0 >0 <0 2º (AB)* + 

>0 <0 <0 3º (AB)* + 

<0 <0 >0 4º (AB)* + 2 

6. Cálculo da distância
Dados:
Coordenadas do ponto A (MA; PA)
Coordenadas do ponto B (MB; PB)

Pedido:
Comprimento AB

Resolução:

AB  (M B  M A ) 2  (PB  PA ) 2

MB  MA
AB 
sen(AB)

PB  PA
AB 
cos(AB)

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Topografia: Aulas Teórico-Práticas

7. Mudança de referencial
Conhecidas as coordenadas retangulares de um ponto A (xA; yA) definidas num
sistema de eixos x/y, determinar as coordenadas deste mesmo ponto A (rA; sA) num
sistema de eixos r/s.

7.1. Rotação do sistema de eixos


O sistema de eixos r/s obtém-se do sistema de eixos x/y por rotação, em torno da
origem, de um ângulo .

y
s

xA A
Δ2 θ

yA
r
θ
sA rA θ

O Δ1 x

rA = (xA + 1) cos 

1 = yA tg 

rA = xA cos  + yA sen 

sA = (yA - 2) cos 

2 = xA tg 

sA = - xA sen  + yA cos 

 toma o sinal positivo ou negativo, conforme a rotação se processe no sentido direto


ou retrógrado, respetivamente.

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Topografia: Aulas Teórico-Práticas

7.2. Translação do sistema de eixos


O sistema de eixos r/s obtém-se do sistema de eixos x/y por translação, isto é, há uma
mudança de origem mas com eixos paralelos.

y
s

sA

xO'
O' r
yA yO'

O xA x

rA

Se a nova origem O’ tiver coordenadas xO’ e yO’, em relação a O, as novas


coordenadas do ponto A são:

rA = xA – xO’

sA = yA – yO’

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Topografia: Aulas Teórico-Práticas

EXERCÍCIOS:

1. Considere uma linha poligonal constituída pelos vértices A, B, C, D, E, F e G.


Admita que foram medidos os ângulos seguintes (ângulos, descritos no sentido
retrógrado, formados por duas direções consecutivas da linha poligonal
considerada):
ABˆ C  94,560 grados
BCˆ D  345,980 grados
CDˆ E  68,820 grados
DEˆ F  310,350 grados
EFˆG  95,890 grados
Sabendo que a orientação do lado AB é igual a 115,840 grados, determine a
orientação do lado FG.

2. Determine as orientações de cada um dos lados de uma linha poligonal, sabendo


as coordenadas dos seus vértices extremos:

2.1. MA = 307,35 m; PA = 298,44 m


MB = 87,61 m; PB = 116,29 m

2.2. MA = 1310,05 m; PA = 298,44 m


MB = 1310,05 m; PB = 159,29 m

2.3. MA = 79,43 m; PA = 158,44 m


MB = -78,81 m; PB = 216,29 m

2.4. MA = 1207,35 m; PA = 1298,50 m


MB = 1387,61 m; PB = 1116,29 m

2.5. MA = -309,30 m; PA = -288,44 m


MB = -87,61 m; PB = -113,19 m

3. Determine as coordenadas do ponto C, sabendo que:

A (MA = -1000,45 m; PA = -800,56 m) A


B (MB = -900,56 m; PB = -750,90 m)
BC = 110,36 m  B
 = 69,560 grados
C

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Topografia: Aulas Teórico-Práticas

4. Tendo em conta a figura junto e sabendo que:

D MA = - 65,43 m PA = - 42,68 m
MB = - 12,98 m PB = + 10,15 m
MC = + 40,02 m PC = - 0,19 m
B BD  BC
C ângulo ABD = ângulo DBC

Determine as coordenadas do ponto D.

5. Considere a seguinte figura B


A
 γ


D
C

5.1. Determine as coordenadas do ponto D, sabendo que:


MA = 1000,40 m; PA = 900,55 m
MB = 1105,80 m; PB = 866,40 m
α = 65,950 grados AD = 139,47 m
5.2. Admita que, para além dos elementos constantes na alínea anterior, se conhece
igualmente as coordenadas do ponto C (MC = 984,05 m; PC = 778,23 m).
Determine o valor dos ângulos β e γ.

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Topografia: Aulas Teórico-Práticas

V – INTERSEÇÕES

1. Objetivo
Determinação das coordenadas retangulares de um ponto, com base na medição de
ângulos azimutais e/ou distâncias realizada no terreno.

2. Definições
Interseção direta – estação nos pontos de coordenadas conhecidas, visando-se o ponto
de coordenadas a determinar;

Interseção lateral – estação no ponto de coordenadas conhecidas e no ponto de


coordenadas a determinar;

Interseção inversa – estação no ponto de coordenadas a determinar, visando-se os


pontos de coordenadas conhecidas,

Interseção simples – o número de grandezas medidas no terreno é o estritamente


necessário à resolução do problema;

Interseção múltipla – o número de grandezas medidas no terreno é superabundante,


implicando o cálculo de compensações.

3. Interseção simples direta medindo ângulos


Dados: P
Coordenadas de dois pontos – A e B

Grandezas medidas:
Ângulos –  e 

Pedido:  
Coordenadas do ponto P A B

Resolução:

Determinação de (AB) e AB

Determinação de (AP)

(AP) = (AB) - 

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Topografia: Aulas Teórico-Práticas

Determinação de AP

Aplicação da lei dos senos ao triângulo ABP


sen 
AP  AB
sen(  )

Coordenadas do ponto P

MP = MA + AP sen (AP)
PP = PA + AP cos (AP)

4. Interseção simples direta medindo lados


Dados:
Coordenadas de dois pontos – A e B P

Grandezas medidas:
Distâncias – AP e BP

Pedido:

Coordenadas do ponto P
A B

Resolução:

Determinação de  (teorema de Carnot)

Determinação de (AB) e AB

2 2 2
BP  AP  AB  2  AP  AB  cos 

2 2 2
AB  AP  BP
cos  
2  AB  AP

Determinação de (AP)

(AP) = (AB) - 

Coordenadas do ponto P

MP = MA + AP sen (AP)
PP = PA + AP cos (AP)

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Topografia: Aulas Teórico-Práticas

5. Interseção simples inversa medindo ângulos


Dados:
B
Coordenadas de três pontos – A, B
eC

A C
Grandezas medidas:  

Ângulos –  e 

 
Pedido:
Coordenadas do ponto P

P
Resolução:

Determinação de (BA), (BC), AB e BC

Determinação de 

 = (BA) – (BC)

Determinação de  e 

 =  +  = 2  - ( +  + )

Aplicação da lei dos senos ao triângulo ABP


sen 
BP  AB
sen 

Aplicação da lei dos senos ao triângulo BCP


sen 
BP  BC
sen 
sen  BC sen 
 
sen  AB sen 

+=

sen 
=T
sen 
sen 
   arctg   
T  cos 

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Topografia: Aulas Teórico-Práticas

Determinação de (AP)

(AP) = (AB) + 

Determinação de AP (aplicação da lei dos senos ao triângulo ABP)

sen(  )
AP  AB
sen 

Coordenadas do ponto P

MP = MA + AP sen (AP)

PP = PA + AP cos (AP)

A posição do ponto P é indeterminada quando este se encontra sobre a circunferência


definida pelos três pontos de coordenadas conhecidas.

6. Problema de Hansen
P1
Dados:
Coordenadas de dois pontos – A e B
1 1
Grandezas medidas:

Ângulos – 1, 2, 1 e 2 


A  B

Pedido:
2
Coordenadas dos pontos P1 e/ou P2 2

P2
Resolução:

Determinação de  e 

Relação entre os comprimentos dos lados que concorrem num ponto (P1):

AP1 P1 P2 P1 B
  1
P1 P2 P1 B AP1

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Topografia: Aulas Teórico-Práticas

Aplicação da lei dos senos aos triângulos AP1P2, P1P2B e ABP1:


sen 2 sen (1  2 ) sen
  1
sen (1   2 ) sen2 sen

sen sen (1   2 )  sen 2


 T
sen sen 2  sen (1   2 )

 +  =  - (1 + 1) = 

sen 
   arctg   
T  cos 

Determinados os valores de  e  as coordenadas do ponto P1 são calculadas


considerando um caso de interseção simples direta medindo ângulos.

De forma similar podem ser obtidas as coordenadas do ponto P2, se pretendidas.

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Topografia: Aulas Teórico-Práticas

EXERCÍCIOS:

1. Estacionou-se um aparelho nos pontos A e B, de coordenadas conhecidas, e


visou-se um ponto P, tendo-se medido os comprimentos dos seguintes lados:
AP = 848,18 m e BP = 623,68 m.
A B
Determine as coordenadas do ponto P, sabendo que:

MA = -42029,89 m; PA = 67777,69 m
MB = -41912,21 m; PB = 68366,62 m
P

2. De um ponto P visaram-se os pontos A, B e C tendo-se medido os seguintes


ângulos:
P
 = 38,7217 grados  = 11,4479 grados

 
Determine as coordenadas do ponto P, sabendo
que:

MA = -42434,10 m ; PA = 68504,65 m
C
A
MB = -42027,14 m; PB = 68075,13 m
MC = -41912,21 m; PC = 68366,62 m
B

3. Para a determinação das coordenadas de um ponto C estacionou-se um


taqueómetro neste ponto e num ponto auxiliar D e visaram-se os pontos de
coordenadas conhecidas A e B, tendo-se medido os seguintes ângulos:
B
 = 67,1142 grados A

 = 35,7994 grados

 = 32,5895 grados

 = 68,0710 grados


 
1
D
C 2

Determine as coordenadas do ponto C sabendo que:


MA = 2079,32 m; PA = 15185,76 m
MB = 2081,19 m; PB = 16374,28 m

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Topografia: Aulas Teórico-Práticas

4. Para a determinação das coordenadas do ponto F estacionou-se um teodolito


sucessivamente nos pontos A, B e F, tendo-se medido os seguintes ângulos:
C
 = 68,940 grados
A 
 = 82,170 grados

 = 40,140 grados 
D F

 = 42,280 grados
B 

Calcule as coordenadas do ponto F, sabendo que as coordenadas dos pontos A, B,


C e E são:
MA = 38,29 m; MB = 52,38 m; MC = 80,76 m; ME = 104,03 m
PA = 129,93 m; PB = 71,04 m; PC = 160,47 m; PE = 59,88 m

5. Considere a figura anexa que representa a posição de quatro vértices, dos quais
são conhecidas as seguintes coordenadas:
MA = -5350,40 m MB = -5208,98 m
PA = 10490,50 m PB = 10631,82 m B


Admita ainda que foram realizadas as
seguintes medições: A  D
AC = 150,00 m
 = 50,000 grados 
 = 98,500 grados C
 = 135,400 grados
Determine as coordenadas dos vértices C e D.

6. Para a execução de uma obra em que diversos pontos foram implantados


utilizando coordenadas retangulares, houve necessidade de calcular as
coordenadas das marcas C e D a partir das marcas A e B.
Estacionando uma estação total nos vértices A e C, obtiveram-se os ângulos
azimutais e distâncias constantes no quadro seguinte:

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Topografia: Aulas Teórico-Práticas

Estação Pontos Ângulos Distâncias


Visados Azimutais
(grados) (m)
A C - 321,45
D 0,000 -
B 309,650 -
C D 380,000 -
B 90,390 239,88

Sabendo que as coordenadas dos vértices A


A e B são:

MA = 1203,06 m; MB = 1431,27 m D  B
PA = 759,97 m ; PB = 547,48 m

C
determine as coordenadas das marcas C e D.

7. Para realizar a implantação de uma obra, houve necessidade de determinar as


coordenadas dos pontos A e D, a partir dos marcos B e C.
Com recurso a um taqueómetro, registaram-se, no campo, os valores constantes
no quadro seguinte:

Estação Ponto Ângulo B


Visado Azimutal
(grados)
A B 390,000 A
C
D 114,618
B A 0,000
C 294,116
C B 100,000
D 398,355 D

Admitindo que a distância entre os pontos B e D é igual a 604,97 m, determine as


coordenadas retangulares dos pontos A e D, sabendo ainda que:

MB = 6720,60 m MC = 7000,50 m
PB = 9845,25 m PC = 9650,26 m

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VI – POLIGONAIS

1. Objetivo
Densificar a rede de pontos definidos por coordenadas retangulares, através do
transporte sequencial das coordenadas retangulares de vários pontos.

2. Generalidades
Poligonal – conjunto de alinhamentos sucessivos de que se medem os ângulos (ou
azimutes) em cada vértice e os comprimentos dos lados.

Poligonal aberta – poligonal com origem num ponto de coordenadas conhecidas e


término num ponto de coordenadas desconhecidas.

Poligonal fechada – poligonal com origem e término em pontos de coordenadas


conhecidas. Nalguns casos o vértice inicial coincide com o vértice final. Estas
poligonais permitem verificar a precisão com que foram efetuadas as observações.

Poligonal levantada em modo declinado – em cada vértice da poligonal são medidos


os azimutes dos lados e respetivos comprimentos. Este tipo de poligonal não é muito
utilizado devido à imprecisão e dificuldade em se obter os azimutes.

Poligonal levantada em modo goniométrico – em cada vértice da poligonal são


medidos os ângulos entre as direções de dois lados sucessivos e os comprimentos de
lados.

3. Levantamento de uma poligonal (modo goniométrico)

1, 2, …, n – vértices da poligonal
Uma poligonal de n vértices tem (n-1) lados

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Topografia: Aulas Teórico-Práticas

Observações:
αi – ângulos entre as direções de dois lados sucessivos, medidos no sentido
retrógrado e do vértice anterior para o seguinte;
lj – comprimentos dos lados da poligonal.

Para a medição dos ângulos e dos comprimentos dos lados estaciona-se um


taqueómetro ou estação total em cada um dos vértices da poligonal e visam-se alvos
colocados nos vértices contíguos – anterior e seguinte.

O ângulo pretendido é obtido por diferença entre os valores das duas direções
azimutais observadas.

O comprimento de cada lado é medido duas vezes, quando se estaciona no vértice i e


se visa o vértice (i-1) e quando se estaciona no vértice (i-1) e se visa o vértice i,
devendo ser considerado o valor médio para resultado final.

Nas observações é necessário ter especial cuidado na centragem do aparelho e na


pontaria aos alvos colocados nos vértices contíguos, a fim de minimizar ou mesmo
eliminar alguns dos erros de observação. Os erros de centragem ou de pontaria são
tanto maiores quanto mais curtos são os lados da poligonal.

4. Cálculo e compensação de uma poligonal fechada


Dados:
Coordenadas dos vértices extremos – 1 (M1, P1); n (Mn, Pn)
Orientação inicial – (A1)
Orientação final – (nB)

Grandezas medidas:
Ângulos em cada vértice – αi (i = 1, 2, …, n)
Comprimentos dos lados – lj (j = 1, 2, …, n-1)

Pedido:
Coordenadas dos vértices intermédios – vértices 2 a (n-1)

4.1. Compensação expedita (planimétrica)


 Erro de fecho angular
O erro de fecho angular resulta da acumulação dos erros cometidos na
observação dos ângulos em cada vértice, sendo definido pela expressão:

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Topografia: Aulas Teórico-Práticas

n
εα = (nB) – (A1) ±kπ –   i
i 1

Este erro, quando inferior ao valor de tolerância angular adotado, deve ser
distribuído uniformemente por todos os ângulos observados, dando origem aos
ângulos compensados α i' .

 Determinação das orientações compensadas (βj)


Trata-se de um problema de transmissão de orientações. Assim:
β1 = (A1) ±π + α 1'
β2 = β1 ±π + α '2
……
(nB) = βn-1 ±π + α 'n

 Determinação das coordenadas relativas (provisórias)


ΔMj = lj sen βj j = 1, 2, …, n-1
ΔPj = lj cos βj j = 1, 2, …, n-1

 Determinação dos erros de fecho linear


 LM = Mn – M1 – Σ ΔMj erro de fecho linear segundo o eixo das
abcissas
 LP = Pn – P1 – Σ ΔPj erro de fecho linear segundo o eixo das
ordenadas

 L   LM
2
  LP
2
erro de fecho linear

Se o erro de fecho linear for inferior ao valor da tolerância linear adotado, os


erros de fecho linear (  LM e  LP ) são distribuídos proporcionalmente aos
comprimentos das projeções dos lados, sendo:

M j
c jM  n 1
  LM compensação a atribuir à abcissa relativa j
 M
j 1
j

Pj
c jP  n 1
  LP compensação a atribuir à ordenada relativa j
 P
j 1
j

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Topografia: Aulas Teórico-Práticas

 Determinação das coordenadas absolutas


As coordenadas absolutas dos vértices intermédios – 2 a (n-1) – são obtidas a
partir das coordenadas relativas compensadas, utilizando as expressões de
transporte de coordenadas.

A compensação planimétrica de poligonais pode ser realizada pelo método das


equações de condição estabelecendo, em simultâneo, as respetivas equações de
condição. No entanto, adotam-se correntemente métodos aproximados, como o
método expedito apresentado, por conduzirem a resultados aceitáveis e serem de
aplicação simples.

4.2. Tolerâncias
Os erros de fecho angular e linear devem ser iguais ou inferiores a tolerâncias
previamente fixadas. No caso de serem superiores, as observações e o cálculo devem
ser repetidos. A precisão de uma poligonal depende do equipamento utilizado e dos
procedimentos adotados no seu levantamento.

Os valores das tolerâncias a adotar devem estar associados à precisão que se pretende.
Para poligonais em que não seja exigida precisão elevada, podem ser considerados os
seguintes valores:
tolerância angular – 0,002  n grados (n - número de vértices)
tolerância linear – 0,01 L  0,10 m (L - desenvolvimento total da
poligonal em km)

4.3. Cálculo de cotas


Admita-se que, no levantamento da poligonal, se observaram os desníveis entre
vértices consecutivos, registando-se dois valores com sinais contrários – quando se
estaciona no vértice i e se visa o vértice (i-1) e quando se estaciona no vértice (i-1) e
se visa o vértice i. O desnível médio entre vértices consecutivos será a médias dos
valores absolutos dos desníveis observados.

Sendo conhecidas as cotas do primeiro e último vértice, é possível determinar o erro


de fecho altimétrico:
εh = Hn – H1 – Σ ΔHj
Hn – cota do último vértice

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Topografia: Aulas Teórico-Práticas

H1 – cota do primeiro vértice

ΔHj – desníveis médios entre vértices consecutivos

O erro de fecho altimétrico deve ser distribuído uniformemente por todos os desníveis
observados, obtendo-se os desníveis médios corrigidos e, consequentemente, as cotas
dos vértices intermédios da poligonal.

5. Exemplo
Cálculo e compensação da poligonal fechada representada na figura seguinte.

Dados:

Orientação inicial – (A1) = 145,392 grados


Orientação final – (4B) = 150,200 grados

Coordenadas dos vértices inicial e final:


M1 = 30,30 m M4 = 465,70 m
P1 = 29,00 m P4 = 307,10 m

Grandezas medidas:

α1 = 99,232 grados α2 = 290,135 grados


α3 = 119,618 grados α4 = 295,820 grados
l1 = 180,00 m l2 = 109,00 m l3 = 300,00 m

Pedido:

Coordenadas dos vértices 2 e 3

Nº de vértices – 4
Nº de lados – 3

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Erro de fecho angular:


εα = 150,200 - 145,392 ±kπ - (99,232+290,135+119,618+295,820) = 0,003 grados
Tolerância angular – 0,002  4 = 0,004 grados

Erros de fecho linear:


εLM = 465,70 - 30,30 - (116,09+93,15+226,21) = -0,05 m
εLP = 307,10 - 29,00 - (137,56-56,60+197,05) = 0,09 m

Erro de fecho linear εL = 0,05 2  0,09 2 = 0,10 m


Tolerância linear – 0,01 0,589  0,10  0,11m

No quadro seguinte apresenta-se, de forma sistemática, o cálculo e compensação da


poligonal.

FOLHA DE CÁLCULO DE POLIGONAIS

Comp. C Abcissas Relativas C Ordenadas Relativas C


o o o
Vértices Lados Ângulos m Orientações + - m Abcissas Absolutas + - m Ordenadas Absolutas
p p p
(Média) . . .

A
145,392
1 99,232 0,001 30,30 29,00
180,00 44,625 116,09 -0,01 137,56 0,03
2 290,135 0 146,38 166,59
109,00 134,760 93,15 -0,01 56,60 0,01
3 119,618 0,001 239,52 110,00
300,00 54,379 226,21 -0,03 197,05 0,05
4 295,820 0,001 465,70 307,10
150,200
B

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EXERCÍCIOS:

1. Com o auxílio de um taqueómetro, mediram-se os ângulos internos de um


quadrilátero, definido pelos pontos A, B, C e D, tendo-se obtido os seguintes
valores:

Ângulo em A = 81,097 grados Ângulo em B = 115,036 grados


Ângulo em C = 95,223 grados Ângulo em D = 108,640 grados

Sabendo que a orientação do lado AB é igual a 23,148 grados, calcule as


orientações compensadas dos restantes lados do quadrilátero.

2. Calcule e compense a poligonal fechada, com base nos elementos que constam na
caderneta seguinte:

Estação Ponto Ângulos (grados) Altura


(Alt. Ap.) Visado Azimutal Zenital alvo D h Desnível Cota
(m) (m) (m) (m) (m)
X IX 0,000
(1,54 m) 1 263,802 103,132 1,500 41,799 -2,058 -2,018
1 X 0,000 98,710 0,400 41,783 0,847 2,047
(1,60 m) 2 113,610 98,305 0,500 63,755 1,698 2,798
2 1 0,000 101,330 3,000 63,772 -1,332 -2,762
(1,57 m) 3 272,648 100,225 0,400 55,299 -0,195 0,975
3 2 0,000 101,824 1,000 55,315 -1,585 -0,985
(1,60 m) 4 272,611 102,654 0,700 39,751 -1,658 -0,758
4 3 0,000 100,882 0,300 39,772 -0,551 0,749
(1,60 m) 5 154,389 106,720 3,500 43,997 -4,662 -6,562
5 4 0,000 91,536 0,900 44,009 5,886 6,536
(1,55 m) XI 269,648 103,362 2,300 46,271 -2,446 -3,196
XI 5 0,000 96,638 0,800 46,271 2,446 3,196
(1,55 m) XII 141,333

Considere os seguintes valores:

Orientações: (IX, X) = 329,185 grados


(XI, XII) = 17,222 grados

Coordenadas: MX = 43000,87 m MXI = 42991,27 m


PX = 186646,09 m PXI = 186834,84 m

Cotas: HX = 115,205 m HXI = 106,442 m

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3. Para a determinação das coordenadas dos pontos B e C, estabeleceu-se uma


poligonal de quatro vértices, tendo-se obtido, no respetivo levantamento com uma
estação total, os valores constantes no quadro seguinte:

Estações Pontos Âng. Azim. Distâncias


Visados (grados) (m) B
D A 0,000 -
C 178,090 274,51
A B 45,100 134,66 A  C
D 116,650 -
B C 300,000 401,20
A 23,890 134,60 D
C D 0,000 274,50
B 26,472 401,26

Determine as coordenadas dos pontos B e C, sabendo que:

MD = 1000,50 m MA = 1200,50 m
PD = 598,80 m PA = 598,80 m

4. Para a observação de uma obra, houve necessidade de definir em planimetria a


posição do ponto D, a partir dos marcos A e B, sendo necessário recorrer a um
ponto auxiliar C, dada a impossibilidade de visar o ponto D dos marcos referidos.

Com recurso a uma estação total, estacionou-se nos marcos A e B e no ponto


auxiliar C, tendo-se registado os valores constantes no quadro anexo. Face aos
valores obtidos, determine as coordenadas retangulares do ponto D, sabendo que:

MA = 10430,90 m MB = 10430,90 m
PA = 5960,20 m PB = 6110,60 m

Estação Ponto Ângulo Distância


Visado Azimutal horizontal
(grados) (m)

A B 0,000 -
C 87,220 207,278
B C 182,315 230,502
A 250,965 -
C A 390,000 207,276
B 34,127 230,506
D 192,299 387,380

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5. Durante a observação de uma poligonal cujo esquema se apresenta, foi obtido o


conjunto de valores que consta no quadro abaixo.

Calcule a referida poligonal sabendo que:

MA = 148,96 m MB = 253,76 m
PA = 396,74 m PB = 401,35 m

Estação Ponto Ângulo Azimutal Distância


Visado (grados) (m)
B A 37,240 -
C 378,678 116,80
C B 143,510 116,80
D 209,644 75,40
D C 246,890 75,40
A 287,121 149,20
A D 371,190 149,20
B 323,390 -

6. Com o objetivo de determinar as coordenadas dos pontos B e D estabeleceu-se


uma poligonal, tendo-se registado as distâncias e ângulos constantes no quadro
seguinte:
Estação Ponto Distância Âng. Azim.
Visado (m) (grados)
A B 119,53 331,451 B
C - 396,420
D 152,50 42,388
B A 119,51 184,230 A C
C 138,36 101,891
C D 109,05 388,420
A - 63,380
D
B 138,34 116,075
D C 109,05 241,250
A 152,48 162,180

Determine as coordenadas dos pontos B e D, sabendo que as coordenadas dos


pontos A e C são:
MA = 200,00 m MC = 320,00 m
PA = 250,00 m PC = 350,00 m

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FOLHA DE CÁLCULO DE POLIGONAIS

Comp. C Abcissas Relativas C Ordenadas Relativas C


o o o
Vértices Lados Ângulos m Orientações + - m Abcissas Absolutas + - m Ordenadas Absolutas
p p p
(Média) . . .
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64
Topografia: Aulas Teórico-Práticas

VII – TEORIA DOS ERROS DE OBSERVAÇÃO

1. Objetivo
Tratamento das medições realizadas de forma a obter-se um valor (valor mais
provável) que ofereça mais confiança que qualquer das medidas tomadas
isoladamente. A necessidade deste tratamento decorre da impossibilidade de
determinar o verdadeiro valor das grandezas medidas.

2. Definições
Erros naturais – relacionados com as condições externas à medição, devidas ao vento,
temperatura, refração, etc. (exemplo: inclinação da mira devido ao vento).

Erros instrumentais – resultam de qualquer imperfeição na construção ou retificação


do instrumento (exemplo: aferição de uma fita).

Erros pessoais – causados pelas capacidades limitadas dos sentidos humanos (visão).

Enganos – erros cometidos pelo observador resultantes de descuido ou confusão.


Podem ser facilmente detetados e eliminados através da verificação e/ou repetição dos
cálculos e das operações de campo.

Erros sistemáticos – resultam de causas conhecidas definidas por lei física ou função
matemática, repetindo-se sempre com a mesma grandeza e sinal se forem mantidas as
condições de observação; têm carácter determinista, podendo ser constantes ou
variáveis. Para evitar ou corrigir os erros sistemáticos deve-se eliminar as causas ou
aplicar as respetivas correções.

Erros acidentais – são os que restam após terem sido eliminados os erros sistemáticos
e os enganos; resultam do efeito acumulado de pequenas causas fortuitas, sendo
imprevisíveis tanto em grandeza como em sinal. Para compensar este tipo de erros é
necessário recorrer à teoria das probabilidades.

3. Estudo dos erros acidentais


O estudo dos erros acidentais só deve ser realizado após a eliminação/correção dos
erros sistemáticos e dos enganos e tem em vista a determinação do valor mais
provável de uma grandeza medida e respetiva precisão.

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Erro verdadeiro xi = X - Xi
Erro aparente, resíduo ou desvio vi = Xo - Xi

X – Verdadeiro valor da grandeza


Xi – Resultado da medição i
Xo – Valor mais provável da grandeza

O erro xi ou vi é o efeito acumulado de pequenas causas fortuitas, não se podendo


prever o resultado para cada medição. Assim, o erro acidental pode ser considerado
uma variável aleatória.

Características dos erros acidentais:

- A um erro positivo corresponde um erro negativo do mesmo valor absoluto;


- Os erros pequenos são os mais frequentes, sendo o erro nulo o mais provável.

Atendendo a estas características, pode-se concluir que a distribuição dos erros


acidentais segue a lei normal ou de Gauss.

Parâmetros de precisão

Medidas que permitem quantificar o rigor utilizado de um determinado conjunto


de observações:
Módulo de precisão – h
Erro médio aritmético – e
Erro médio quadrático (desvio padrão) – 
Erro provável – p
Erro máximo – E
Tolerância – t

Noção de peso

Índice que permite quantificar a precisão relativa de um conjunto de


observações.

Por convenção, os pesos são inversamente proporcionais aos quadrados dos


erros médios quadráticos ():

p1 12  p2 22  ...  1 2

 - erro médio quadrático da medição ou série de medições a que se


atribui o peso unitário

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i  - erro médio quadrático da medição com peso pi
pi

4. Composição dos erros acidentais


Dados:
Xi – grandezas medidas (i = 1, 2,..., n)
i – erro médio quadrático associado a Xi
X = F(X1, X2,..., Xn) – grandeza cujo valor depende das grandezas medidas Xi

Pedido:
Determinação do erro médio quadrático () associado à grandeza X

Demonstra-se que o erro médio quadrático associado à variável dependente X é


calculável pela seguinte equação de propagação dos erros acidentais:

2 2 2
 F  2  F  2   2
=    1     2  .....   F  n
   X   X 
 1
X  2   n 

Se a precisão das grandezas medidas for caracterizada pelos pesos pi, o peso p
associado à variável dependente X é calculável pela seguinte equação de propagação
dos pesos:
2 2 2
1  F  1  F  1  F  1
       .....   
p  X1  p1  X 2  p 2  X n  pn

Aplicação ao caso da soma:

X = X1 + X2 +... + Xn

Determinar o erro médio quadrático  associado a X, sendo conhecidos os erros


médios quadráticos 1, 2,..., n das variáveis independentes X1, X2,..., Xn.

Aplicando a equação de propagação dos erros acidentais resulta:

 =   12   22  .....   n2

Se 1 = 2 =... = n   =  1 n

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Aplicação ao caso do produto:

X = X1  X2

Determinar o erro médio quadrático  associado a X, sendo conhecidos os erros


médios quadráticos 1 e 2 das variáveis independentes X1 e X2.

Aplicando a equação de propagação dos erros acidentais resulta:

=  X 22 12  X 12 22

5. Compensação de observações
Para a determinação do valor mais provável de uma grandeza o critério utilizado é o
princípio dos mínimos quadrados.

Tipos de observações:

Diretas – as grandezas são obtidas por leitura direta de qualquer instrumento;


podem efetuar-se em séries de igual (observações diretas de igual precisão)
ou diferente precisão (observações diretas de desigual precisão); exemplos –
medições de ângulos, distâncias.

Indiretas – são aquelas em que se medem certas grandezas para determinar outras,
ligadas às primeiras por relações conhecidas, designadas equações de
observação; exemplo – determinação de uma distância obtida por diferença
ou soma de dois comprimentos.

Condicionadas – são aquelas em que as grandezas observadas estão ligadas entre si


por uma ou mais relações (equações de condição) que devem ser
rigorosamente satisfeitas; exemplo – medição dos três ângulos internos de
um triângulo.

5.1. Compensação de observações diretas de igual precisão


Considere-se uma grandeza que foi medida um certo número de vezes, sempre com a
mesma precisão, sendo:
Xi – resultados das medições de uma grandeza (i = 1, 2,..., n)
 - erro médio quadrático de cada medição isolada
X0 – valor mais provável
0 – erro médio quadrático associado ao valor mais provável

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Topografia: Aulas Teórico-Práticas

n
Utilizando o princípio dos mínimos quadrados, dever-se-á minimizar v
i 1
2
i

A minimização decorre de anular-se a primeira derivada em ordem à incógnita (X0),


podendo demonstrar-se que:
n

X i
Valor mais provável  X0  i 1

A determinação do valor mais provável resume-se, neste caso, ao cálculo da média


aritmética dos valores observados.

A precisão associada ao valor mais provável pode ser calculada a partir da equação de
propagação dos erros acidentais, resultando:


Erro médio quadrático associado ao valor mais provável  0 
n

Como estimativa do erro médio quadrático de uma observação isolada pode-se tomar
o seguinte valor:


v 2
i

n 1

5.2. Compensação de observações diretas de desigual precisão


Considere-se uma grandeza que foi medida um certo número de vezes, em condições
de diferente precisão, caracterizada, por exemplo, por pesos distintos, sendo:

Xi – resultados das medições de uma grandeza (i = 1, 2,..., n)


pi – pesos associados a Xi
 - erro médio quadrático da medição com peso unitário
X0 – valor mais provável
0 – erro médio quadrático associado ao valor mais provável
n
Utilizando o princípio dos mínimos quadrados, dever-se-á minimizar pv
i 1
2
i i

A minimização desta expressão decorre de anular-se a primeira derivada, resultando:

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Topografia: Aulas Teórico-Práticas

p X i i
Valor mais provável  X0  i 1
n

p i 1
i

O valor mais provável é, neste caso, a média ponderada dos valores observados.

A precisão associada ao valor mais provável pode ser calculada a partir da equação de
propagação dos erros acidentais, resultando:


Erro médio quadrático associado ao valor mais provável  0 
n

p
i 1
i

A estimativa do erro médio quadrático da unidade de peso pode ser determinada


através da seguinte expressão:


pv 2
i i

n 1

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Topografia: Aulas Teórico-Práticas

EXERCÍCIOS:

1. O desnível entre dois pontos foi obtido por três processos (A, B e C) tendo-se
registado os seguintes valores:
Processo Desnível (m) e. m. q. (m)

A 64,31 0,04

B 64,15 0,02

C 63,88 0,06

Determine o valor mais provável do desnível e o correspondente erro médio


quadrático.

2. Para a determinação de uma área de um terreno a expropriar, com a forma


triangular, utilizou-se uma fita métrica de 30 m à qual está associado um erro
médio quadrático de  0,01 m, e efetuaram-se as seguintes medições:
- duas medições da altura, tendo-se obtido 28,20 m;
- uma medição da base, tendo-se registado 54,80 m.
Calcule o valor mais provável da área e o correspondente erro médio quadrático.

3. Na medição da área de um terreno com a forma circular, mediu-se o raio com


uma fita métrica de 20 m, que tem um erro médio quadrático associado de ±0,01
m, tendo-se registado o valor de 38,90 m.
Determine o número de medições do raio que deverá fazer, se pretender que o
erro médio quadrático associado à área seja inferior a 1m2.

4. Na determinação do desenvolvimento d de uma curva circular foram medidos o


ângulo ao centro  e o raio R.
O comprimento R, cujo valor mais provável é 75,15 m, foi medido 5 vezes com
uma fita de 20 metros, que apresenta um e. m. q. associado a cada medição
isolada de 0,01 m. O ângulo, cujo valor mais provável é 52,175 grados, foi
medido com um taqueómetro a que corresponde um e. m. q. associado a cada
medição isolada de 0,002 grados.
Determine o número de medições do ângulo  de modo que o e. m. q. associado
ao valor do desenvolvimento d (d = R.rad) não ultrapasse 2 cm.

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Topografia: Aulas Teórico-Práticas

5. Durante a observação de uma estrutura sujeita a um ensaio de carga, os


assentamentos de um dado ponto foram determinados por dois processos
distintos, tendo-se obtido os seguintes valores:

Processo Assentamento e. m. q.
(cm) (cm)
A 2,5 ± 0,1
B 2,8 ± 0,2

5.1. Determine o valor mais provável do assentamento e o respetivo erro médio


quadrático.

5.2. Se os assentamentos e erros médios quadráticos indicados, em vez de


corresponderem ao mesmo assentamento, fossem acumuláveis por respeitarem a
causas diferentes, qual deveria ser o assentamento total e respetivo erro médio
quadrático, por sobreposição dessas duas causas.

6. Para determinar o valor mais provável do perímetro de um triângulo ABC


resolveu-se medir cada um dos lados 5 vezes com uma fita de 50 metros, que
apresenta um e. m. q. associado a cada medição isolada de 0,02 m. Os valores
mais prováveis para os comprimentos AB e BC foram, respetivamente, 58,15 m e
73,19 m.
Ao se medir o lado CA a fita ficou inutilizada após 2 medições, tendo-se
recorrido, para efetuar as restantes 3 medições, a uma outra fita de 20 m com um
e. m. q. associado a cada medição isolada de 0,01 m. Os valores obtidos para o
lado CA com uma e outra fita foram de 37,15 m e 37,07 m.

6.1. Determine o valor mais provável para o lado CA.

6.2. Determine o erro médio quadrático associado ao perímetro do triângulo ABC.

7. Para determinar o desnível H entre os pontos A e B foram medidos o


comprimento d (em projeção horizontal) entre esses pontos e o ângulo de
inclinação i tendo-se obtido os seguintes valores e respetivos e. m. q.:

d = 490,55 m d = ±1,0 cm
i = 10,310 grados i = ±0,001 grados

Determine o valor mais provável do desnível e o correspondente erro médio


quadrático.

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Topografia: Aulas Teórico-Práticas

8. Pretende-se substituir o pavimento danificado de um curto troço de estrada, razão


pela qual se procedeu a medições que permitem quantificar o volume de materiais
a movimentar.
O comprimento do troço em causa foi determinado duas vezes: na primeira
medição utilizou-se uma fita de 10 m, que tem um erro médio quadrático
associado a cada medição isolada de ±0,01 m tendo-se observado o valor de
45,50 m. Na segunda medição utilizou-se uma fita de 50 m, com um erro médio
quadrático associado a cada medição isolada de ±0,05 m, sendo o valor
observado igual a 45,60 m. No que respeita à largura, foram efetuadas cinco
determinações, cada uma delas com um erro médio quadrático de ±0,01 m, tendo-
se registado os seguintes valores: 7,03 m; 7,01m; 6,96 m; 6,95 m; 7,05 m. A
espessura da camada a substituir é de 8 cm, obtida com um erro médio quadrático
de ±1 cm.
Determine o volume de materiais a substituir e o respetivo erro médio quadrático.

9. Determine o erro médio quadrático associado ao comprimento de um segmento,


sabendo que o erro médio quadrático associado a cada uma das coordenadas dos
pontos extremos é de 4 cm.

10. Para obter o desnível entre os pontos A e B recorreu-se a um nível ótico que
permite obter as leituras com um erro médio quadrático de ±0,5 cm. Face à
posição dos pontos não é possível visar, de uma só estação, os pontos A e B,
havendo necessidade de estabelecer várias estações.

10.1. Determine o número máximo de estações a considerar, se pretender que o


desnível entre os pontos A e B tenha um erro médio quadrático associado inferior
a 2 cm.

10.2. Admita que, nas condições expressas anteriormente, obteve o valor de 4,581 m
para o desnível entre os pontos A e B. Considere agora que este mesmo desnível
foi determinado com uma estação total, tendo-se obtido o valor de 4,596 m, ao
qual está associado o erro médio quadrático de ±1 cm. Determine, atendendo às
duas medições efetuadas, o valor mais provável para o desnível entre os pontos A
e B e o respetivo erro médio quadrático.

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Topografia: Aulas Teórico-Práticas

VIII – TRABALHOS TOPOGRÁFICOS

1. Levantamento topográfico

Conjunto de operações (trabalhos de campo e de gabinete) que visam a representação,


em planta ou carta topográfica, dos pormenores planimétricos e altimétricos
definidores do terreno.

Métodos de levantamento topográfico:

 Método clássico – a informação topográfica é recolhida no terreno utilizando


taqueómetros, DEM, estações totais sendo tratada posteriormente com vista ao
desenho das plantas ou cartas topográficas pretendidas. Este método é utilizado
para levantamentos de zonas da superfície terrestre pouco extensas, em escalas
superiores, geralmente, à escala 1/1000.

 Método fotogramétrico – a informação topográfica é obtida por análise e medição


de fotografias aéreas da superfície terrestre, obtidas por câmaras fotográficas
aerotransportadas. Este método é particularmente adequado aos levantamentos de
zonas extensas da superfície terrestre em escalas inferiores à escala 1/1000.

 Método espacial – as coordenadas geodésicas e cartográficas de pontos da


superfície terrestre são determinadas a partir da recepção de emissões de sistemas
de satélites, como o GPS (Global Positioning System).

Modo de proceder (método clássico):

 Reconhecimento do terreno e execução de um esboço representativo do


terreno (identificação dos pontos notáveis do terreno, em planimetria e
altimetria).

 Escolha dos pontos estação – de cada estação devem ser visadas as estações
anterior e seguinte bem como o conjunto de pontos notáveis na sua vizinhança.

 Colocação do aparelho em estação. São condições de estação:

- Centragem do aparelho – eixo principal passando pelo ponto estação


(utilizar prumo laser, prumo ótico e/ou fio de prumo);

- Verticalização do eixo principal (com os parafusos nivelantes centrar


nivela(s) ou nível eletrónico).

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 Pontos a visar:

- Estação anterior e seguinte (a estação anterior deve ser visada com uma
direção azimutal de 0,000 grados);

- Pontos notáveis em planimetria (pontos que definem a planta do


terreno, edifícios, estradas, etc.);

- Pontos notáveis em altimetria (pontos definidores do relevo –


máximos, mínimos, pontos de inflexão).

 Leituras a registar (utilizando taqueómetro e mira):

- Altura do aparelho;

- Para cada ponto visado, materializado pela mira, registar:

- Ângulo azimutal;

- Ângulo zenital (em alguns taqueómetros é necessário


efetuar, em cada estação, a calagem do limbo zenital);

- Fios estadimétricos (l1, l2, l3).

 Leituras a registar (utilizando estação total):

- Em cada estação introduzir a altura do aparelho;

- Para cada ponto visado, materializado pelo alvo, introduzir a altura do


alvo e registar:

- Ângulo azimutal;

- Distância horizontal;

- Desnível.

 Cálculo da caderneta taqueométrica.

 Implantação dos pontos por coordenadas polares e execução do desenho à


escala pretendida, de acordo com o esboço.

2. Levantamento de poligonais

Conjunto de operações (medição de ângulos, distâncias e desníveis) que visam


densificar a rede de pontos da superfície terrestre definida por coordenadas
retangulares. Esta rede de pontos poderá constituir a rede de apoio topográfico, na

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qual se apoiam outros trabalhos topográficos, nomeadamente o levantamento


topográfico realizado pelo método clássico.

Poligonais levantadas em modo goniométrico – são medidos, em cada vértice, os


ângulos entre as direções de dois lados sucessivos e os comprimentos dos lados (as
poligonais levantadas em modo declinado, regra geral, não são utilizadas).

Modo de proceder:

 Escolha dos vértices da poligonal e consequente posição das estações (de cada
vértice deverá ser possível visar o anterior e o seguinte).

 Estacionar o aparelho em todos os vértices da poligonal; são condições de


estação:

- Centragem do aparelho – eixo principal passando pelo ponto estação


(utilizar prumo laser, prumo ótico e/ou fio de prumo);

- Verticalização do eixo principal (com os parafusos nivelantes centrar


nivela(s) ou nível eletrónico).

 Em cada vértice visar sempre o vértice anterior e o seguinte (a direção


observada no limbo azimutal para o vértice anterior deverá ser 0,000 grados).

 Leituras a registar (utilizando taqueómetro e mira):

- Altura do aparelho;

- Para cada vértice visado, materializado pela mira, registar:

- Ângulo azimutal;

- Ângulo zenital (em alguns taqueómetros é necessário


efetuar, em cada estação, a calagem do limbo zenital);

- Fios estadimétricos (l1, l2, l3).

 Leituras a registar (utilizando estação total):

- Em cada estação introduzir a altura do aparelho;

- Para cada vértice visado, materializado pelo alvo, introduzir a altura do


alvo e registar:

- Ângulo azimutal;
- Distância horizontal;
- Desnível.

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 Cálculo da caderneta taqueométrica.

 Cálculo e compensação da poligonal.

A fim de minimizar ou eliminar alguns dos erros de observação, deve-se ter cuidados
especiais na centragem do aparelho e na pontaria aos alvos colocados nos vértices
contíguos. A escolha do equipamento mais adequado para o levantamento de
poligonais deve ser feita consoante a precisão pretendida para as coordenadas dos
pontos.

3. Nivelamento geométrico

Conjunto de operações com vista à determinação das diferenças de nível de pontos do


terreno e/ou determinação das cotas.

Modo de proceder:

 Reconhecimento do terreno e identificação dos pontos notáveis em altimetria


(realizar esboço representativo da posição em planta dos pontos).

 Escolha da localização das estações.

 Colocação do nível em estação (verticalização do eixo principal – com os


parafusos nivelantes centrar nivela).

 Pontos a visar (pontos notáveis em altimetria):

- Primeira visada – visada atrás;

- Última visada – visada adiante;

- Restantes visadas – visadas intermédias;

- O último ponto visado de uma estação será o primeiro ponto a ser


visado da estação seguinte.

 Para cada ponto visado:

- Colocar mira na posição vertical;

- Registar leitura do fio médio do retículo;

 Cálculo e compensação da caderneta de nivelamento.

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4. Implantação de obras

Conjunto de operações que visam materializar no terreno os pontos definidores da


obra projetada. A implantação de obras através da piquetagem (materialização) de
pontos é o processo inverso do levantamento topográfico, sendo utilizado o mesmo
tipo de equipamento – taqueómetro, estação total, nível ótico, GPS.

Consoante o tipo de obra a implantar (edifícios, pontes, barragens, estradas, caminhos


de ferro, obras subterrâneas, etc.) são adotados procedimentos específicos.

5. Observação de obras

Conjunto de operações que permitem determinar, com recurso a processos


topográficos, as deformações e/ou deslocamentos em obras de engenharia, tais como,
barragens, pontes, silos, grandes chaminés, etc.
Com vista à análise do comportamento estrutural destas obras são medidos, com
recurso a equipamento topográfico de elevada precisão, os deslocamentos de uma
malha de pontos previamente definida.

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SOLUÇÕES

I – Cartas topográficas
2. A = 30680 m2.
3. A = 6100 m2.
4. VE = 1350 m3; VA = 580 m3.
5. V = 32114 m3.
6. VE = 850 m3; VA = 1680 m3.

II – Nivelamento
1. εh = 0,005 m.
2. εh1 = 0,009 m; εh2 = -0,003 m.
5. Assentamento = 0,0214 m.
6. Apoio B – 0,021 m; apoio C – 0,029 m.

III – Taqueometria
2. HB = 91,87 m; HC = 90,56 m; altura torre – 14,83 m.
3. εh = -0,004 m.

4. D = 40,02 m; ΔH = 0,30 m.
5. Altura = 32,035 m.
6. ΔH = 5,76 m.
7. D = 70,4 m; ΔH = 3,95 m
8. εh = 0,027 m.

IV – Coordenadas retangulares
1. (FG) = 31,440 grados.
3. MC = -902,41 m; PC = -861,24 m.
4. MD = -28,84 m; PD = 61,77 m.

V – Interseções
1. MP = -41306,05 m; PP = 68219,81 m.
2. MP = -42080,29 m; PP = 69075,13 m.

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3. MC = 2742,49 m; PC = 15178,10 m.
4. MD = 74,41 m; PD = 112,06 m; MF = 150,00 m; PF = 145,08 m.
5. MC = -5200,40 m; PC = 10490,45 m; MD = -5150,58 m; PD = 10570,56 m.
6. MC = 1217,39 m; PC = 438,84 m; MD = 1096,48 m; PD = 603,57 m.
7. MD = 6730,40 m; PD = 9240,36 m; MA = 6530,95 m; PA = 9620,50 m.

VI – Poligonais
1. εα = 0,004 grados.
2. εα = -0,004 grados; εLM = -0,09 m; εLP = 0,09 m.
3. εα = 0,002 grados; εLM = -0,03 m; εLP = 0,06 m
4. MD = 11016,16 m; PD = 6065,04 m.
5. εα = -0,003 grados; εLM = 0,08 m; εLP = 0,08 m.
6. MB = 182,81 m; PB = 368,33 m; MD = 352,38 m; PD = 245,83 m.

VII – Teoria dos erros de observação


1. ΔH0= 64,16 m; 0 = ±0,017 m.
2. A0 = 772,68 m2; 0 = ±0,28m2.
3. n ≥ 12.
4. n = 1.
6. Valor mais provável (lado CA) – 37,09 m; e. m. q. (perímetro) – ±0,02 m.
7. ΔH0= 80,15 m; 0 = ±0,008 m.
9. 0 = ± 4 2 cm.
10. Estações – 8; ΔH0= 4,593 m; 0 = ±0,9 cm.

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