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2022
1ª edição
02
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RIO GRANDE DO SUL
SECRETARIA ESTADUAL DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ATENÇÃO PRIMÁRIA E POLÍTICAS DE SAÚDE
DIVISÃO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
DIVISÃO DA PRIMEIRA INFÂNCIA
PRIMEIRA INFÂNCIA MELHOR
N. 2
AUTORIA E ORGANIZAÇÃO:
Carla Daiane Silva Rodrigues
Gabriela Dutra Cristiano
Janilce Dorneles de Quadros
Luiza Campos Menezes
Tainá Nicola
Porto Alegre
1ª edição
2022
3
2022 Autoria e organização
Secretaria de Estado da Saúde do Rio Grande do Sul Carla Daiane Silva Rodrigues
Gabriela Dutra Cristiano
Copyright © 2022 Secretaria de Estado da Saúde do Janilce Dorneles de Quadros
Rio Grande do Sul. Esta obra está licenciada sob uma Luiza Campos Menezes
licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial Tainá Nicola
4.0 Internacional (CC BY-NC 4.0 - https://creativecom-
mons.org/licenses/by-nc/4.0/deed.pt_BR) e pode ser Colaboração
reproduzida com atribuição à SES e para qualquer Aline Viana
finalidade não comercial. Alneura Provenzi
Anna Solka
Bruno Moraes
Carolina Drugg
Gisele Silva
Secretaria de Estado da Saúde do Rio Grande Janine Serafim
do Sul Jéssica Rosa
Arita Bergmann - Secretária Laura Ferraz
Mariana Silva
Departamento de Atenção Primária e Políticas Marília Bianchini
em Saúde Raissa Barbieri
Péricles Nunes - Diretor Rosana Nobre
Sandra Silva
Divisão da Primeira Infância Sarah Sandri Zalewski Vargas
Primeira Infância Melhor
Carolina de Vasconcellos Drügg - Coordenadora Capa e diagramação
Marília Pinto Bianchini - Coordenadora adjunta Márlio Esmeraldo Ribeiro
Ilustrações
flaticon.com
______________________________________________________________________________________
R585c Rio Grande do Sul. Secretaria da Saúde. Departamento de Atenção Primária e Políticas
de Saúde. Divisão da Atenção Primária à Saúde. Divisão da Primeira Infância. Primeira
Infância Melhor.
Cadernos do Primeira Infância Melhor [recurso eletrônico]: o PIM como estratégia
intersetorial da Atenção Primária à Saúde: integrando práticas para o fortalecimento do
cuidado à primeira infância nos territórios / elaborado por Carla Daiane Silva Rodrigues... [et
al.]. - Porto Alegre: ESP/SES/RS, 2022.
52 p. : il. , color. - (Cadernos do Primeira Infância Melhor; 2)
ISBN 978-65-89000-22-8
NLM WA 320
______________________________________________________________________________________
Catalogação na fonte – Centro de Informação e Documentação em Saúde/ESP/SES/RS
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CADERNOS DO PIM
2022
1ª edição
02
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Sumári
APRESENTAÇÃO 8
CONSIDERAÇÕES FINAIS | 48
REFERÊNCIAS | 49
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APRESENTAÇÃO
O PIM, desde sua origem, é uma política inter- Entre os objetivos da política está o reforço aos
setorial. Atua no âmbito da gestão e da assis- cuidados relativos ao pré-natal, puerpério e
tência nos territórios, de forma articulada com puericultura e na promoção de ambientes sau-
as políticas de Saúde, Assistência Social e Edu- dáveis ao crescimento e desenvolvimento das
cação, a fim de promover a atenção integral às crianças. Além disso, também são ações de
crianças na primeira infância. grande relevância do PIM aquelas relativas à
promoção da parentalidade positiva, da vigi-
Desde 2003, é protagonista nas discussões lância e promoção do desenvolvimento integral
em âmbito estadual e nacional nas ações re- infantil e o trabalho em rede.
lativas à promoção do desenvolvimento inte-
gral infantil na primeira infância. Além disso, A Atenção Primária à Saúde (APS) é responsá-
sua atuação coordenada, em parceria com vel pelo cuidado longitudinal das famílias nos
outras entidades e organizações, alavancou territórios. Principal porta de entrada, configu-
movimentos importantes que destacaram a ra-se como coordenadora, ordenadora do cui-
primeira infância como um período privilegiado dado e centro de comunicação das Redes de
para o desenvolvimento biopsicossocial e com Atenção à Saúde (RAS). Desde sua concepção
desdobramentos ao longo de toda a vida. Um o PIM tem seu financiamento atrelado a APS e,
exemplo disso, foram as importantes contribui- mais recentemente, a política pública passou a
ções da política na construção da Rede Cego- integrar o Programa Estadual de Incentivos da
nha e na Política Nacional de Atenção Integral Atenção Primária à Saúde (PIAPS). Esse movi-
à Saúde da Criança (PNAISC). mento reforça o papel da política na APS e a
fortalece enquanto estratégia inovadora de tra-
No âmbito da saúde, os modos de cuidar e pro- balho intersetorial.
mover saúde na primeira infância passaram
por grandes mudanças ao longo dos últimos Nesse escopo, o presente caderno tem como
anos. As contribuições do PIM na construção objetivo subsidiar gestores(as) e equipes muni-
dessas políticas nacionais se deu em virtude do cipais da APS e do PIM para realizar atuação
seu olhar ampliado, ao propor cuidados para integrada, qualificada e humanizada no cuida-
além das questões de sobrevivência e garantir do às famílias com gestantes e crianças meno-
uma integralidade na promoção para o cres- res de seis anos de idade. Somada à educação
cimento e desenvolvimento saudáveis na pri- permanente e ao compromisso dos gesto-
meira infância, se constituindo como uma das res(as) e equipes técnicas em organizar seus
primeiras políticas de Estado com esse intuito, processos de trabalho de forma articulada,
antes seccionado em pastas. pretende contribuir para: respostas mais reso-
lutivas no âmbito da saúde materno infantil; o
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diálogo e a construção conjunta de planos de primeira infância e de como este deve ser de-
cuidado; qualificar o acesso das famílias à redesenvolvido e fortalecido no âmbito da APS. Na
de serviços; e na continuidade e integralidade segunda, descreve aspectos relevantes a serem
da atenção às famílias. Além disso, busca for- considerados no âmbito da gestão, do trabalho
talecer as ações de promoção e prevenção de cotidiano das equipes nos territórios, bem como
saúde no âmbito da APS. no desenvolvimento de processos conjuntos
entre o PIM e a APS. Por fim, é apresentado um
Para tanto, está estruturado em três partes. Na quadro síntese com as temáticas importantes a
primeira, aborda a importância do olhar para a serem trabalhadas pelas equipes.
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Capítulo 1
A IMPORTÂNCIA
DA PRIMEIRA
INFÂNCIA
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A primeira infância, período compreendido do gal da Primeira Infância (Lei nº 13.257, de 8 de
zero aos seis anos de vida, é considerado de- março de 2016).
cisivo para o desenvolvimento saudável, sendo
um momento de elevada plasticidade cerebral, Esses avanços nas normativas passam pelo
no qual habilidades desenvolvidas são fun- reconhecimento do valor intrínseco da criança
damentais para a construção de outras mais como sujeito, como pessoa em desenvolvimen-
complexas em fases posteriores da vida (Mus- to e a necessidade de proteção integral destas.
tard, 2010; Núcleo Ciência pela Infância, 2016). Esses movimentos também expõem a deman-
da, cada vez mais latente, de políticas espe-
Nesse período, devem ser observadas ques- cíficas e prioritárias de promoção e defesa de
tões relacionadas aos cuidados pré-natais, ao seus direitos e interesses, e que reconheçam
crescimento e desenvolvimento da criança, as- as desigualdades e iniquidades sociais a que
sim como a construção de vínculos responsivos encontram-se expostos.
dos cuidadores com ela e ao estabelecimento
de redes de apoio à família. Por estes fatores O Marco Legal da Primeira Infância assegura
serem intimamente relacionados, o cuidado como dever do Estado o estabelecimento de
integral precisa refletir um olhar que englobe políticas, planos, programas e serviços para
aspectos contextuais, ambientais e relacionais. a primeira infância que atendam às especifi-
cidades desta faixa etária, visando garantir o
Na primeira infância, construímos o alicer- crescimento e desenvolvimento integral. Prevê,
ce, as bases de nossas primeiras emoções, ainda, que sejam desenvolvidas políticas go-
que funcionarão como uma matriz para as vernamentais de apoio às famílias para seu
demais etapas da vida. É nesse período que fortalecimento no cuidado e educação das
vivenciamos as primeiras experiências de crianças na primeira infância.
como somos cuidados e amados - experi-
ências que vão deixando marcas, como re- Os avanços nos cuidados tanto no âmbito
gistros que irão estruturar o nosso psiquis- da saúde materna, quanto na saúde infantil,
mo, nossos valores e concepções de mundo além de ações intersetoriais para ampliação
e, aos poucos, construir nossa identidade da cobertura de educação infantil e o desen-
como sujeitos (Rio Grande do Sul, 2022). volvimento de programas de transferência de
renda, como o Bolsa Família, têm demonstrado
Devido a essa importância, o Brasil tem avan- a relevância que a agenda da primeira infân-
çado na construção de legislações e políticas cia tem tido nos últimos anos no país. No que
públicas que buscam a efetivação de cuidados, diz respeito à saúde, cabe destacar a busca
proteção e promoção de um desenvolvimento pela qualificação do parto, nascimento e foco
integral neste período da vida. No âmbito nor- no desenvolvimento infantil nas crianças de 0
mativo, assegurar direitos às crianças é priori- a 2 anos, a partir da Rede Cegonha (BRASIL,
dade absoluta, e encontra-se resguardada na 2017b) e a construção da Política Nacional de
Constituição Federal de 1988; reforçada pelo Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC)
Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº (BRASIL, 2018).
8.069, de 13 de julho de 1990); e no Marco Le-
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No Estado do Rio Grande do Sul, lançado em Considerada uma política de referência na
2003, e tornado Lei estadual em 2006, o PIM, América Latina, com baixo custo e alto impacto
uma política inovadora e intersetorial de pro- social, suas ações visam a melhoria das con-
moção do desenvolvimento integral da pri- dições de saúde, educação e desenvolvimento
meira infância, é implantado juntamente com social. Desde sua criação, o PIM vem partici-
outras ações como resposta às latentes de- pando ativamente da agenda da primeira in-
mandas por atenção a esse público. O princi- fância no país, tendo influenciado a construção
pal objetivo do PIM é apoiar as famílias, a partir de outros programas, como o programa nacio-
de sua cultura e experiências, na promoção do nal Criança Feliz, e vem fortalecendo sua inte-
desenvolvimento integral das crianças, desde a gração com a Atenção Primária à Saúde (APS),
gestação até os seis anos de idade. buscando ampliar e qualificar seu alcance.
Foto da visitadora Cleoniria Madril dos Santos de Selbach/RS vencedora do IX Prêmio Salvador Celia pela Macrorregião Missioneira.
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Capítulo 2
FORTALECENDO
A ATENÇÃO
À PRIMEIRA
INFÂNCIA
NA APS
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Segundo o Art. 2º da Portaria nº 2.436, de 21 de novas tecnologias à ESF e ao aprimoramento
setembro de 2017, a APS é: de políticas públicas para as crianças e suas
famílias (NCPI, 2019).
o conjunto de ações de saúde individuais,
familiares e coletivas que envolvem promo- Na Política Nacional de Saúde Integral da Crian-
ção, prevenção, proteção, diagnóstico, tra- ça (PNAISC) (BRASIL, 2015), a primeira infância
tamento, reabilitação, redução de danos, tem destaque no Eixo III: Promoção e Acompa-
cuidados paliativos e vigilância em saúde, nhamento do Desenvolvimento Integral.
desenvolvida por meio de práticas de cui-
dado integrado e gestão qualificada, reali- Consiste na vigilância e estímulo do pleno
zada com equipe multiprofissional e dirigida crescimento e desenvolvimento da criança,
à população em território definido, sobre as em especial do Desenvolvimento na Primei-
quais as equipes assumem responsabilida- ra Infância (DPI), pela Atenção Primária à
de sanitária (BRASIL, 2017a). Saúde, conforme as orientações da Cader-
neta de Saúde da Criança, incluindo ações
A APS objetiva ser o ponto de contato mais pró- de apoio às famílias para o fortalecimento
ximo e frequente com as pessoas, atuando nos de vínculos familiares (BRASIL, 2015, art. 6º,
territórios, prestando atenção integral a todos item III)
os ciclos de vida. Por meio da Estratégia Saúde
da Família (ESF), a APS influenciou positivamen- Dentre as ações estratégicas para esse Eixo da
te o desenvolvimento das crianças, contribuin- PNAISC, a APS ganha destaque no processo de
do para a redução da mortalidade infantil. O qualificação do acompanhamento do cresci-
impacto se deu principalmente na melhora da mento e desenvolvimento na primeira infância.
nutrição infantil; no aumento da cobertura vaci- Além disso, a partir de inspirações de progra-
nal; na melhora da saúde durante a gestação e mas como o PIM, a PNAISC destaca estratégias
no incremento de comportamentos individuais de visitação domiciliar para suporte das famí-
saudáveis, como manuseio de alimentos, hi- lias em situação de vulnerabilidade, com foco
giene pessoal e de ambientes (Núcleo Ciência no fortalecimento de vínculos e habilidades
Pela Infância, 2019). parentais, como potenciais para a qualificação
da promoção do desenvolvimento na primeira
Muitos foram os avanços alcançados pela ESF infância na Atenção Primária à Saúde (BRASIL,
no âmbito da redução da mortalidade mater- 2018).
na e infantil. Ao identificar problemas comuns,
situações de risco da população atendida e ao Além deste olhar específico, há outras ações já
realizar vigilância epidemiológica e de saúde, realizadas na APS, como o planejamento sexu-
tem um grande potencial no apoio ao desen- al e reprodutivo ao longo da gestação e após o
volvimento infantil. No entanto, ainda se tem nascimento da criança, que podem contribuir
como um dos desafios medir os impactos da para o fortalecimento do exercício da paren-
ESF no desenvolvimento infantil, uma vez que talidade. As ações da APS são fundamentais
há lacuna no monitoramento destes indicado- para apoiar as famílias no exercício do papel
res. Para isso, é necessária a incorporação de de cuidado e proteção das crianças pequenas
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(Chiesa et al., 2015).
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Capítulo 3
ESTRUTURA E
FUNCIONAMENTO
DAS EQUIPES
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Compreender a estrutura e o funcionamento das equipes pode ofertar no território e o que
das diferentes configurações da APS e do PIM podem realizar de forma conjunta e coordena-
nos possibilita reconhecer as responsabilida- da.
des e estabelecer estratégias que cada uma
As equipes da APS estão organizadas, priorita- mente especialista em saúde da família). Para
riamente, em dois formatos: equipes de Estra- o funcionamento de ambas as equipes, a Polí-
tégia Saúde da Família (eSF) e equipes de Aten- tica Nacional de Atenção Básica (PNAB) (BRASIL,
ção Primária (eAP). 2017) indica que elas também podem contar
com profissionais de nível médio como técni-
As eSF são a composição prioritária para aten- co(a) ou auxiliar de enfermagem, dentre outros,
ção à saúde na APS, compreendidas como conforme necessidade local e definição do(a)
aquelas com o maior potencial de ampliar a gestor(a). As equipes de saúde bucal (cirur-
resolutividade e impactar na situação de saú- gião(ã)-dentista, preferencialmente especialista
de das pessoas e coletividades. Deverão ser em saúde da família; e auxiliar e/ou técnico(a)
compostas, minimamente, por médico(a) (pre- em saúde bucal) vinculam-se a essas equipes,
ferencialmente da especialidade medicina de sendo essenciais para a integralidade do cui-
família e comunidade), enfermeiro(a) (prefe- dado.
rencialmente especialista em saúde da famí-
lia), auxiliar e/ou técnico(a) de enfermagem e ACS são profissionais fundamentais para a
Agente Comunitário de Saúde (ACS). composição das equipes de APS, em especial
para a integração com as equipes do PIM em
Além do formato das eSF, visando atender às razão da característica territorial de seu traba-
características e necessidades de cada muni- lho. Os municípios podem solicitar o creden-
cípio, as equipes também podem se configurar ciamento de ACS ao Ministério da Saúde no
como eAP. As eAP diferem-se das eSF em sua escopo das ações estratégicas, solicitação dis-
constituição, sendo compostas, minimamen- ponível no portal e-Gestor-AB.
te, por médico(a) e enfermeiro(a) (preferencial-
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3.2 Equipes Multidisciplinares de
Saúde Indígena
As equipes multidisciplinares de saúde indíge- cada etnia. Além disso, muitos(as) desses (as)
na (EMSI) são compostas por agentes indígenas profissionais são indígenas e possuem vínculos
de saúde, agentes indígenas de saneamento, com a comunidade, sendo um elo importante
médicos(as), enfermeiros(as), técnicos(as) de tanto para o aprofundamento das relações en-
enfermagem, odontólogos(as) e técnicos(as) de tre visitadores(as) do PIM nas áreas indígenas,
saúde bucal. Essas equipes atuam em contexto como para discussão dos casos existentes nes-
intercultural, dentro de aldeias e acampamen- ses territórios.
tos, respeitando as especificidades culturais de
As equipes de Atenção Primária Prisional (eAPP) das ações do PIM dentro dos estabelecimentos
são equipes de saúde que visam atender à po- prisionais (EPs). O PIM, dentro dos EPs, são dire-
pulação privada de liberdade (PPL), contando cionados para gestantes, familiares e os filhos
com médicos(as), enfermeiros(as), técnico(a) e filhas da PPL, realizando o acompanhamento
ou auxiliar de enfermagem, podendo ter ou- do pré-natal, puerpério, oficinas com foco no
tros(as) profissionais inseridos(as) na eAPP de estabelecimento do vínculo mãe-filho(a), acom-
acordo com o tipo de equipe habilitada. As eA- panhamento à gestante e atividades de acolhi-
PPs são o modo de inserção para a pactuação mento à PPL.
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3.4 Equipes multiprofissionais
A equipe mínima do PIM é composta por um bém podem compor este grupo. O GTM é o
Grupo Técnico Municipal (GTM), monitores(as)/ gestor do programa no município, com funções
supervisores(as) e visitadores(as). A constituição de implantar e implementar a política, monito-
do GTM é intersetorial e deve ser formada por rar e avaliar sua execução e promover a articu-
representantes técnicos de nível superior das lação em rede.
secretarias municipais da Saúde, Assistência
Social e da Educação. Outras Secretarias tam- O(a) monitor(a)/supervisor(a) do PIM é um pro-
1. No RS os Núcleos de Apoio à Atenção Básica (NAAB) são destinados a apoiar a inserção de ações de Saúde Mental na APS, a partir
do apoio matricial e trabalho em conjunto com as equipes, nos municípios com população inferior a 16.000 habitantes.
2. Para maiores informações sobre a RBC acessar https://saude.rs.gov.br/rbcrs.
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fissional de nível superior completo ou em curso ção dos(as) visitadores(as) junto às equipes.
nas áreas afins ao programa (Saúde, Educação,
Serviço Social e Ciências Sociais). É responsá- O(a) visitador(a) é o membro da equipe munici-
vel pela supervisão e acompanhamento das pal responsável pelo atendimento domiciliar e
ações realizadas pelos(as) visitadores(as) junto comunitário às famílias. Para atuação no pro-
às famílias, bem como pela sua interlocução grama, todos(as) os(as) profissionais passam
com o GTM e demais serviços da rede. Tem por uma formação inicial, sendo que represen-
como papel fundamental apoiar os(as) visita- tantes do GTM e monitores(as)/supervisores(as)
dores(as) na construção e desenvolvimento de recebem a formação do Grupo Técnico da Se-
suas intervenções, bem como na análise e en- cretaria Estadual de Saúde e, posteriormente,
caminhamento das demandas familiares junto ofertam a formação para os(as) visitadores(as)
à rede. Na atuação em articulação com a APS, em articulação com profissionais da rede mu-
o(a) monitor(a)/supervisor(a) facilita a integra- nicipal.
Princípios da APS:
Diretrizes da APS:
• Regionalização e hierarquização;
Universa Equi Integra • Territorialização;
lidade dade lidade • População adscrita;
• Cuidado centrado na pessoa;
• Longitudinalidade do cuidado;
• Coordenação do cuidado;
• Ordenação da rede e
(BRASIL, 2017a).
• Participação da comunidade.
(BRASIL, 2017a).
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Neste contexto, as equipes da APS atuam para saúde bucal, das condicionalidades de progra-
a coordenação do cuidado em todos os ciclos mas sociais e a identificação de situações de
de vida de uma população adscrita, com inte- risco ou sofrimento psíquico (BRASIL, 2018).
gralidade, construção de vínculo e responsabi-
lização entre profissionais e usuários ao longo O trabalho dos ACS é regulado pela Lei Nº
do tempo e de modo permanente. Ou seja, as 11.350, de 5 de outubro de 2006 (BRASIL, 2006)
equipes são responsáveis pelo acompanha- e pelas diretrizes da PNAB, devendo estar co-
mento de todas as condições de saúde e ciclos ordenado com as demais ações da equipe.
de vida, operacionalizando o cuidado a partir Quanto ao número de pessoas a serem acom-
de consultas individuais ou familiares, atendi- panhadas, recomenda-se o máximo de 750
mentos em grupo, visitas domiciliares, ativida- pessoas por agente em áreas de vulnerabilida-
des de saúde em espaços comunitários, dentre de, com cobertura de 100% da população. A Lei
outros. Nº 11.350/2006 prevê que ACS não devem atu-
ar fora da área da comunidade onde residem
Nesse sentido, os ACS desempenham um im- e, havendo necessidade de reterritorialização
portante papel, tendo as famílias e o território da área das equipes, esta determinação deve
como pontos de partida para o seu trabalho, ser considerada3.
e atuando na integração dos serviços de saú-
de da APS com a comunidade. O acompa- Contudo, para que o cuidado se efetive, os(as)
nhamento de crianças, gestantes e puérperas profissionais precisam trabalhar de maneira
é uma parte fundamental e prioritária da sua articulada e interdisciplinar, considerando a
rotina, a partir do acompanhamento na sua intersetorialidade, os equipamentos comunitá-
área de atuação, desenvolvendo ações de rios e o controle social para definição de prio-
promoção à saúde e prevenção de doenças e ridades. Neste contexto, o PIM é uma das
agravos (BRASIL, 2009). Dentre outras ações da estratégias intersetoriais com a qual as
APS voltadas a este público, foco do trabalho equipes da APS contam para ampliar sua
dos(as) ACS em conjunto com os(as) demais capacidade de resposta no cuidado ma-
profissionais, estão o acompanhamento da si- terno-infantil.
tuação vacinal, das condições nutricionais e de
3. Para maiores esclarecimentos, consultar a Nota de orientações quanto à organização das áreas de atuação dos Agentes Comu-
nitários de Saúde no contexto das equipes de Atenção Primária à Saúde (RIO GRANDE DO SUL; CONSELHO DAS SECRETARIAS MUNI-
CIPAIS DE SAÚDE DO RIO GRANDE DO SUL; 2021).
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3.7 Funcionamento do PIM
O PIM é uma política pública estadual, imple- definidos no edital e ao Teto Orçamentário
mentada pelos municípios a partir de adesão. Anual do Programa. O público-alvo são famí-
Os municípios podem solicitar a adesão em lias com gestantes e crianças menores de seis
períodos divulgados pela Secretaria Estadual anos, prioritariamente famílias com gestantes,
de Saúde através de edital de chamamento crianças menores de três anos e aquelas em
público, sendo esta condicionada a critérios situação de vulnerabilidade.
Conheça o Caderno do
PIM nº 1 para saber
mais informações sobre
o processo de adesão
e funcionamento da
estratégia.
Um(a) visitador(a) do PIM pode ser referência para um ou mais territórios, ou ainda
desenvolver suas ações de modo itinerante. A decisão sobre os territórios de atuação do
PIM é realizada pelo GTM em diálogo com os serviços da rede, a partir do Diagnóstico
Situacional da Primeira Infância do município, em especial as equipes de APS.
Os atendimentos do PIM ocorrem por meio de associando visitas e grupos presenciais e re-
visitas domiciliares e atividades em grupo, reali- motos. O número de gestantes e/ou crianças a
zadas periodicamente. Em casos excepcionais, serem acompanhadas pelos(as) visitadores(as)
o atendimento pode ser feito de forma híbrida, varia de acordo com sua carga horária.
25
Nesses atendimentos, o(a) visitador(a) realiza e propõe ações para serem desenvolvidas ao
um momento inicial de escuta e acolhimento longo da semana, que fortalecerão aspectos
às necessidades da família, da gestante e da trabalhados. Periodicamente, a atenção junto
criança. Posteriormente, atua como media- às famílias é monitorada através de instrumen-
dor(a) em atividades a serem desenvolvidas tos que contribuem para a vigilância do desen-
pela família sobre aspectos da gestação e do volvimento infantil e da gestação, buscando en-
desenvolvimento integral infantil. Ao final, o(a) globar os diversos aspectos biopsicossociais.
visitador(a) avalia o atendimento junto à família
Como acontece
uma visita do PIM?
Veja a experiência
do município de
Dezesseis de
Novembro.
26
O trabalho nos territórios de atendimento são potencializados pelas ações integradas
entre Agentes Comunitários de Saúde e visitadores(as) do PIM. Cada um destes atores
tem papel distinto no acompanhamento das famílias, mas que se fortalecem quando
atuam de forma articulada. Os(As) ACS apoiam na identificação de famílias que podem
ser atendidas pelo PIM, além de poderem realizar visitas compartilhadas com os(as)
visitadores(as), tanto para vinculação das famílias ao programa, quanto para partilharem
orientações em saúde. Ambos utilizam a estratégia das visitas domiciliares e, a partir de
seus conhecimentos específicos, contribuem para o olhar integral às famílias.
27
28
Capítulo
EFETIVAÇÃO
DO PIM COMO
ESTRATÉGIA
INTERSETORIAL
DA APS
29
Para que o PIM se efetive como estratégia da ações desde o âmbito da gestão até a atenção
APS, é necessário que as ações desenvolvidas junto às famílias, que configuram eixos funda-
pelo programa se dêem de forma integrada mentais para esta integração.
aos serviços da APS. A seguir, serão descritas
4.1 Na gestão
No âmbito da gestão municipal, o GTM e a co- nal da Primeira Infância (DSPI). Esse diagnós-
ordenação da APS têm importante papel na tico é uma ferramenta que reúne indicadores
efetivação do PIM como estratégia intersetorial populacionais, socioeconômicos, de saúde,
da APS. A ação conjunta se desenvolve desde educação, assistência social e cultura, além de
a definição dos territórios de atendimento do dados e informações sobre a rede de serviços
PIM, tendo como base o Diagnóstico Situacio- disponíveis no município. Possibilita o reconhe-
30
cimento da oferta de serviços, da demanda de Neste processo, deve-se atentar ao cadastro
atendimentos para o PIM, apoia a identificação dos(as) visitadores(as) do PIM junto ao Cadastro
de territórios prioritários para execução do pro- Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES)
grama e, ainda, embasa o planejamento das vinculados às Unidades Básicas de Saúde da
ações do PIM em conjunto com a APS. APS dos territórios de sua atuação, conforme
a Nota Técnica DAPPS/SES/RS. O cadastro de
Também é papel da gestão municipal pro- visitadores(as) no CNES permite que a gestão
mover o reconhecimento entre as equipes de municipal reconheça os territórios de atuação
um mesmo território de referência, visando à do programa, além de vincular a equipe do PIM
construção de estratégias conjuntas, o vínculo às equipes da APS. Este cadastro irá subsidiar,
entre trabalhadores(as) e o desenvolvimento futuramente, o registro das visitas e atendimen-
do trabalho compartilhado. Ao elaborar o Pla- tos grupais realizados pelos(as) visitadores(as)
no Municipal de Saúde e outros planejamentos nos prontuários eletrônicos da APS.
de âmbito municipal, é necessário prever que
as ações do PIM se deem de modo articulado Ainda, é possível que os(as) gestores(as) façam
à APS, inclusive com previsão de recursos ne- análises de como as intervenções do PIM po-
cessários. Ademais, cabe aos(às) gestores(as) dem contribuir no cuidado na rede materno
estimular a realização de ações de educação infantil e estimulem o trabalho integrado para
permanente das equipes, a construção e o de- o alcance dos indicadores do Programa Pre-
senvolvimento do cuidado e das ações de pro- vine Brasil (BRASIL, 2019)4, principalmente dos
moção e prevenção junto às famílias de forma relacionados à rede materno-infantil, conforme
compartilhada. destaque do quadro a seguir.
4. O Previne Brasil (BRASIL, 2019) é o novo programa de financiamento federal da APS (Portaria MS/GM 2.979/2019).
31
Além dos indicadores do financiamento fede- para a APS (PIAPS) (RIO GRANDE DO SUL, 2021),
ral, o município pode direcionar as ações do como por exemplo, o indicador relacionado ao
PIM para o alcance dos indicadores de de- tratamento de sífilis em gestantes.
sempenho do Programa Estadual de Incentivos
No que diz respeito ao monitoramento das município, devem compartilhar os dados mo-
ações e indicadores sobre a atenção à primei- nitorados a partir do SisPIM. Neste é possível
ra infância na APS, as equipes e gestores(as) identificar o número de famílias, crianças e
municipais apoiam-se em dados do Sistema gestantes acompanhadas e avaliações sobre
de Informação em Saúde para a Atenção Bá- o desenvolvimento integral infantil e acompa-
sica (SISAB) e do Sistema de Informação do PIM nhamento das gestantes.
(SisPIM). O SISAB emite relatórios essenciais ao
cuidado materno-infantil, permitindo diversos Os dados compartilhados podem ser indicati-
cruzamentos de informações (equipes, profis- vos importantes para a qualificação do cuida-
sionais, atendimentos, procedimentos, ativida- do às famílias e pode oportunizar avaliações
des coletivas, diagnósticos, faixa etária, entre sobre as contribuições do PIM para seus ter-
outros), além da avaliação quadrimestral dos ritórios de atuação. O(a) gestor(a) municipal e/
indicadores do Previne Brasil. ou o(a) gerente da Unidade de Saúde também
pode ter acesso ao SisPIM para consultar o de-
Representantes do GTM do PIM e monitores(as)/ senvolvimento da política e informações sobre
supervisores(as), em diálogo com a coordena- as famílias acompanhadas, para tanto, basta
ção e/ou gerente e equipes das unidades da cadastrá-lo ao sistema.
APS de referência e coordenação da APS do
32
4.2 Na articulação entre as
equipes da APS e PIM nos
territórios de atuação
4.2.1 Territorialização
A territorialização na APS permite o planeja- servada. A presença de comunidades indíge-
mento, a programação descentralizada e o nas, comunidades e famílias remanescentes
desenvolvimento de ações setoriais e interse- de quilombos, população em situação de rua,
toriais com foco em um territó- populações do campo, florestas
rio específico, com impacto na e águas, povos e comunidades
situação, nos condicionantes e Você sabe se no tradicionais, povos ciganos,
determinantes da saúde das seu território de migrantes, refugiados e apátri-
pessoas e coletividades que atuação há alguma das, dentre outras, sinalizam a
constituem aquele espaço e dessas populações necessidade de estratégias di-
estão, portanto, adstritos a ele específicas? ferenciadas de atenção à saú-
(BRASIL, 2017). Neste sentido, a de, que considerem aspectos
identificação de situações de culturais e modos de vida espe-
risco e vulnerabilidade, assim como a mobili- cíficos. Esses aspectos também produzem di-
zação e a ação para mudanças são feitas em ferentes configurações e dinâmicas familiares.
conjunto pelas Equipes da APS e do PIM. Compreender essa diversidade é fundamental
para que os(as) profissionais busquem realizar
A diversidade das populações e famílias exis- o cuidado em saúde centrado nos usuários.
tentes em cada território também deve ser ob-
33
Que tal?
As equipes podem criar estratégias que facilitem a identificação de quais são as
famílias acompanhadas pelo PIM em prontuário eletrônico ou, até mesmo, em outras
formas de registros.
Também podem ser colocados marcadores (símbolos, fitas coloridas, entre outros) nas
cadernetas da gestante e da criança!
34
Para priorização da oferta de acompanhamento às famílias pelo PIM, sugere-se considerar
as seguintes situações:
35
4.2.3 Acompanhamento das famílias
O acompanhamento, quando realizado de for- brepor, divergir ou sobrecarregar as famílias.
ma articulada entre profissionais de diferentes Nesta seção, apresentamos algumas possibili-
serviços, contribui para a integralidade do cui- dades para que isso ocorra.
dado, evitando intervenções que possam so-
Que tal?
• Investir no diálogo próximo entre as equipes, desenvolvendo processos de trabalho
de forma compartilhada?
• Criar fluxos e processos de trabalho que possibilitem a integração entre as equipes
para fortalecer a comunicação e o cuidado compartilhado dos usuários?
• Você, da equipe do PIM, conhece a Unidade de Saúde da APS da área das famílias
que você acompanha?
• E você, profissional da APS, buscou conhecer quem são os(as) visitadores(as),
monitores(as)/supervisores(as) e GTM do PIM que atendem no território da
Unidade?
36
4.2.3.1 Plano Singular de Atendimento e Gestão de Caso
O Plano Singular de Atendimento é uma ferra- Este se estrutura a partir das necessidades e
menta de planejamento das equipes do PIM, expectativas da família, considerando suas di-
realizado com as famílias e demais atores da ferenças e particularidades, em diálogo com os
rede de serviços envolvidos no atendimento objetivos do PIM. Deve ser construído a partir
da família, construído com base em princípios da escuta ativa e sem julgamento, observan-
do Plano Terapêutico Singular (PTS), formulado do fatores de risco e proteção, dificuldades e
pela Política Nacional de Humanização do SUS potencialidades, em uma construção conjunta
(BRASIL, 2007) e do plano individual de atendi- e dialógica com as famílias e com a rede de
mento (PIA), formulado pelo Sistema Único de serviços do município.
Assistência Social (BRASIL, 2008).
37
Além disso, o plano tem como base instrumen- gestão de caso envolve as etapas: seleção do
tos da metodologia do PIM como os formulá- caso, identificação do problema, elaboração e
rios de Caracterização das famílias, gestantes implantação do plano de cuidado e monitora-
e crianças e a análise realizada a partir dos mento do plano de cuidado (MENDES, 2015).
indicadores do Monitoramento do Desenvolvi-
mento Integral Infantil e Acom- Nos casos em que o atendi-
panhamento Trimestral da mento é compartilhado entre
Estamos
Gestante. PIM e equipes da APS, o pro-
conseguindo
cesso de gestão de caso, bem
discutir casos das
A gestão de caso é uma es- como a elaboração do Plano
famílias atendidas
tratégia indicada para o acom- Singular de Atendimento, deve
entre as equipes do
panhamento aos(às) usuários ser construído de forma con-
PIM e da APS?
(as) com condições complexas. junta, envolvendo os diferentes
Trata-se de um processo co- atores da rede intersetorial. A
operativo, coordenado pelo gestor do caso5, construção do PSA deve prever a definição da
que se desenvolve entre os(as) profissionais forma de atendimento que as equipes irão re-
que os acompanham, o(a) usuário(a), sua famí- alizar e o papel de cada um dos atores no pro-
lia e a rede de suporte social. O processo da cesso de cuidado.
A construção conjunta do Plano Singular de fissional ao qual a família tem vínculo, ACS e/
Atendimento também viabiliza que as equipes ou outros(as) profissionais, tanto no domicílio
do PIM e da APS realizem ações de forma co- da família como na UBS.
ordenada, evitando sobreposições ou ações
concorrentes. Além disso, a comunicação entre Ao longo do acompanhamento das famílias,
as equipes favorece o alcance dos objetivos do os(as) visitadores(as), ACS, profissionais da eSF,
plano e ainda evita a sobrecarga de ações jun- da eAP ou das equipes multiprofissionais po-
to à família, como por exemplo, a realização de dem considerar pertinentes a realização de
mais de uma visita com objetivos semelhantes. visitas ou atendimentos na UBS de forma con-
junta. Esses momentos possibilitam tanto a re-
Os(As) profissionais das equipes podem con- alização de intervenções necessárias junto às
siderar pertinente, a partir do diálogo com a famílias, quanto oportunidades de aprendiza-
família, realizar visitas de modo conjunto ou do para os(as) diferentes profissionais, a partir
ações conjuntas na UBS. No momento de cap- deste olhar interdisciplinar.
tação das famílias para o PIM, é fundamental
que esta parceria seja estabelecida. Para isso, Como uma ação de prevenção e promoção da
o(a) visitador(a) poderá realizar o primeiro aten- saúde, o PIM pode realizar as seguintes estra-
dimento de acolhida em conjunto com o(a) pro- tégias:
5. O(A) gestor(a) de caso é o(a) profissional de referência para o usuário e sua família.
38
1. Campanhas de vacinação para gestantes e crianças na primeira infância, em
especial, na busca ativa nas famílias acompanhadas pelo programa;
2. Ações do Programa Saúde na Escola voltados à prevenção de gestação na
adolescência e temáticas afins a primeira infância, prevenção da violência e direitos
humanos
3. Grupos de promoção de saúde junto às gestantes, puérperas e crianças
na primeira infância que contemplem dentre seus participantes famílias
acompanhadas pelo programa;
4. Ações voltadas para o público-alvo do PIM e famílias acompanhadas relacionadas
ao Programa Auxílio Brasil;
5. Ações de vigilância em saúde voltadas ao enfrentamento do Aedes aegypti e
doenças relacionadas (conforme Resolução CIB/RS nº 012/16)
6. Estratégias para prevenção de agravos e promoção em saúde em relação a
COVID-19 ao longo do atendimento às famílias. Com atenção especial para a
gestante e puérpera.
39
processos de educação permanente: discus- que sejam realizadas capacitações e/ou for-
são de casos complexos, supervisão comparti- mações continuadas.
lhada, mapa falante e outras ferramentas para
territorialização, construção compartilhada do Além disso, a educação permanente é uma
Plano Singular de Atendimento (PSA), dentre importante ferramenta de promoção da equi-
outras. O diálogo e a problematização, a partir dade à medida que pode desmistificar nomen-
de situações do cotidiano de trabalho, permi- claturas, concepções e estabelecer espaços
tem que se amplie o olhar e o repertório sobre de debate sobre modos de vida e cultura que
possibilidades de atuação, retroalimentando o diferente daqueles em que os(as) próprios(as)
constante pensar-agir necessário no fazer em profissionais têm conhecimento. Para esses es-
saúde. Além disso, ao serem levantados “nós” paços também é possível prever a participação
ou necessidades de formação sobre temáticas de atores e lideranças comunitárias aumentan-
afetas ao trabalho em conjunto, as equipes do a proximidade e relação das equipes com a
podem identificar profissionais ou realizar par- comunidade.
cerias (com a universidade, por exemplo), para
40
A figura abaixo mostra caminhos para o cuidado de forma integrada pelas equipes da APS e do PIM.
41
No quadro a seguir, destacamos alguns pontos ressaltar que, a partir das especificidades dos
essenciais para serem trabalhados de modo territórios de atuação e das necessidades iden-
conjunto pelas equipes no acompanhamen- tificadas junto às famílias, outras ações podem
to das famílias de modo compartilhado. Cabe ser desenvolvidas.
42
ASPECTOS FUNDAMENTAIS DO CUIDADO À PRIMEIRA INFÂNCIA NA APS:
COMO A EQUIPE DO PIM PODE INTEGRAR E FORTALECER AS AÇÕES?
Planejamento sexual • Fornecer orientações sobre a disponibilidade • CAB 26 - Saúde Sexual e Repro-
de métodos contraceptivos disponíveis na rede dutiva
e reprodutivo
de serviços;
• Caderneta da Gestante
• Orientar a procura pela equipe de saúde para
• Política Estadual de Atenção Inte-
dialogar sobre o desejo em realizar métodos
gral à Saúde do Adolescente
definitivos (laqueadura ou vasectomia);
• Discutir caso com a equipe da Unidade de
Saúde;
• Planejar e executar, em conjunto com a APS e
outros atores, ações de prevenção da Gravi-
dez na Adolescência;
• Realizar ações no PSE de educação sexual e
reprodutiva, respeitando os direitos sexuais e
os direitos reprodutivos.
43
ASPECTOS FUNDAMENTAIS DO CUIDADO À PRIMEIRA INFÂNCIA NA APS:
COMO A EQUIPE DO PIM PODE INTEGRAR E FORTALECER AS AÇÕES?
Puericultura • Realizar busca ativa das crianças acompanha- • Nota técnica assistência à Saúde
das pelo PIM que estão faltosas na puericultu- da Criança de 0 a 2 anos na
ra ou com vacinas atrasadas; Atenção Primária à Saúde
• Orientar sobre importância de manter atuali- • CAB 33 - Saúde da Criança:
zado o calendário vacinal da criança na UBS, crescimento e desenvolvimento
a partir de interlocução prévia com a APS e
planejamento conjunto;
• Incentivar o aleitamento materno e acolher
dificuldades buscando soluções e alternati-
vas em conjunto, caso a puérpera não tenha
nenhuma contra-indicação;
• Apoiar nas orientações sobre as consultas de
rotina, realizadas na APS, conforme calendá-
rio de puericultura previsto na Caderneta da
Criança
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ASPECTOS FUNDAMENTAIS DO CUIDADO À PRIMEIRA INFÂNCIA NA APS:
COMO A EQUIPE DO PIM PODE INTEGRAR E FORTALECER AS AÇÕES?
Promoção da • Apoiar a família na compreensão como sua • Chiesa, Mello, Fracolli & Veríssi-
participação e interação com a criança são mo (2015) Ações da equipe de
Interação Parental
fundamentais para o desenvolvimento integral Saúde da Família no fortaleci-
Positiva infantil; mento dos cuidados familiares
que promovem o desenvol-
• Potencializar práticas de cuidado e experiên-
vimento integral da criança
cias que a família tem cotidianamente com a
pequena.
criança que são oportunidades para estimula-
ção do desenvolvimento; • XIV Seminário Internacional da
Primeira Infância - Elisa Altafim-
• Construir ações educativas voltadas à promo-
Parentalidade Positiva e o apoio
ção e fortalecimento de vínculos entre cuida-
às famílias e profissionais (a
dores e crianças desde a gestação;
partir de 1h10 min do vídeo)
• Realizar práticas que partam de uma uma
• PIM Debate - Parentalidade
visão de que o exercício da maternidade e da
paternidade não é uma competência “natural” • CAB 26 - Saúde Sexual e Repro-
dos indivíduos, e sim habilidades que são dutiva
construídas. A partir deste olhar, permite-se a
manifestação de dúvidas, inseguranças e sen-
timentos ambivalentes dos cuidadores sobre
seu papel junto às crianças;
• Identificadas maiores dificuldades da família,
deve ser oportunizado atendimento na rede;
• Contribuir para a desmistificação de estereóti-
pos de gênero e crenças que tenham influên-
cia discriminatória.
• Estimular práticas educativas pautadas no
diálogo e não-violentas
45
ASPECTOS FUNDAMENTAIS DO CUIDADO À PRIMEIRA INFÂNCIA NA APS:
COMO A EQUIPE DO PIM PODE INTEGRAR E FORTALECER AS AÇÕES?
Gestantes e crianças • Apoiar na identificação de gestantes e crian- • Nota APS Pessoa com deficiência
ças com deficiência ou atraso no desenvolvi-
com deficiência
mento neuropsicomotor, bem como discutir
em equipe a necessidade de acompanha-
mento em outros dispositivos da rede, para
promoção de intervenções adequadas e
efetivas;
• Construir PSA em conjunto com profissionais
da APS e serviços especializados definindo
o papel do PIM e da APS para um cuidado
coordenado.
46
ASPECTOS FUNDAMENTAIS DO CUIDADO À PRIMEIRA INFÂNCIA NA APS:
COMO A EQUIPE DO PIM PODE INTEGRAR E FORTALECER AS AÇÕES?
47
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nas demais seções, foram descritos importantes aspectos da interlocução entre as equipes no âm-
bito da gestão e no cotidiano de trabalho nos territórios. Por fim, foi apresentado um quadro, com
temáticas importantes de serem trabalhadas de modo conjunto com referências de materiais de
apoio.
Esperamos que este caderno possa apoiá-los em uma atuação integrada nos municípios, centrada
nas famílias e que possibilite o fortalecimento da atenção à primeira infância no seu território.
48
REFERÊNCIAS
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cente e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16
jul. 1990.
BRASIL. Lei nº 13.257 de 8 de março de 2016. Dispõe sobre as políticas públicas para a primeira
infância e altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o De-
creto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), a Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, a Lei nº 11.770, de 9 de
setembro de 2008, e a Lei nº 12.662, de 5 de junho de 2012. 2016.
BRASIL. Lei Nº 13.595, de 5 de janeiro de 2018. Altera a Lei nº 11.350, de 5 de outubro de 2006,
para dispor sobre a reformulação das atribuições, a jornada e as condições de trabalho, o grau de
formação profissional, os cursos de formação técnica e continuada e a indenização de transporte
dos profissionais Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de Combate às Endemias. Brasília, DF,
2018.
BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Humanização (PNH): documento base para
gestores e trabalhadores do SUS. 4.ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2007.
49
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BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017a. Aprova a Política Na-
cional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da
Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Disponível em: http://bvsms.
saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prt2436_22_09_2017.html
BRASIL. Portaria de Consolidação nº2 - Anexo X - Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da
Criança. 2017c
CHIESA, A. M., MELLO, D. F., FRACOLLI, L. A., VERÍSSIMO, M. D.L. R. Ações da equipe de saúde da famí-
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NÚCLEO CIÊNCIA PELA INFÂNCIA. Estudo impactos da estratégia saúde da família e desafios para
o desenvolvimento infantil : estudo 5 / Comitê Científico Núcleo Ciência pela Infância. — São Paulo
50
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fios-para-o-desenvolvimento-infantil/
NÚCLEO CIÊNCIA PELA INFÂNCIA. Funções executivas e desenvolvimento infantil : habilidades neces-
sárias para a autonomia : estudo III / organização Comitê Científico do Núcleo Ciência pela al.]. -- 1.
ed. -- São Paulo : Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal - FMCSV, 2016.
RIO GRANDE DO SUL. Secretaria Estadual da Saúde. Departamento de Atenção Primária e Políticas
de Saúde. Divisão da Primeira Infância. Primeira Infância Melhor. Cadernos do Primeira Infância
Melhor: adesão, implantação e implementação / organizado por Carolina de Vasconcellos Drugg...
[et al.] – Porto Alegre: ESP/RS, 2021.
51
+55 (51) 3288.5921 | pim@saude.rs.gov.br | www.pim.saude.rs.gov.br
Centro Administrativo Fernando Ferrari (CAFF) - Av. Borges de Medeiros, 1501, 4º Andar - Praia de Belas - CEP 90110-150 Porto Alegre/RS
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