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A questão da verdade.

A verdade pode ser entendida como conhecimento verdadeiro e desde os tempos


mais remotos o ser humano busca a verdade sobre a vida e o viver. O conhecimento sobre
a vida lhe dá um sentido para viver; a partir do viver, novas informações surgem para
aprimorar o conhecimento sobre a vida - dando um novo sentido para viver, que, por sua
vez, impulsionará para um novo viver, e assim por diante, numa relação dialética. Temos
uma tese sobre a vida que é confrontada pela antítese do viver, disso resulta uma síntese
transformada em tese a medida que o tempo passa, tese essa confrontada pela antítese do
viver constante. A busca pelo conhecimento verdadeiro, pela sabedoria, é parte constante
da nossa caminhada enquanto espécie humana. Estamos sempre produzindo narrativas
sobre a vida que entram em relação com os movimentos da trama do viver.
Podemos dizer que os diversos povos da antiguidade buscam o conhecimento
verdadeiro do mundo natural, a felicidade, a justiça. Nesses povos antigos tais sabedorias
poderiam ser encontradas na figura do Sábio, aquele que detinha em si a sabedoria. Um
exemplo interessante é o do cúbito, um dos principais instrumentos de medida dos egípcios,
que nada mais era do que um pedaço de maneira padronizado, uma representação física
da medida do 1. Tal sabedoria era guardada num templo e cópias eram distribuídas aos
trabalhadores para manejo no trabalho. O sabedoria tinha um caráter sagrado. Nas culturas
africanas a própria palavra torna-se um elemento sagrado, ou seja, o meio por onde as
narrativas sobre a vida são produzidas, as palavras, torna-se algo poderoso. Falar sobre a
vida é sagrado, é poderoso. Quem mais relacionou as palavras sobre a vida com o viver,
quem por mais tempo praticou essa relação, ganha destaque nas sociedades africanas: são
os velhos, os sábios. Conhecimento sobre a vida é diferente do conhecimento sobre o viver.
Podemos aprimorar as formas de investigar e narrar a vida, mas só vivendo é possível
aprimorar o viver - eis a potência que o passar do tempo deposita sobre os ombros velhos.
Para pensar um pouco sobre as narrativas narrativas sobre a vida, vamos recorrer à
clássica alegoria da caverna de Platão. Ela nos fala sobre uma caverna onde há pessoas
presas viradas para uma parede, nesta parede são projetadas sombras de representações
de animais, plantas, objetos, pessoas… Essas representações são carregadas atrás das
pessoas presas, onde elas não podem enxergar, e iluminadas por uma tocha. De modo os
prisioneiros tomam aquelas representações como a verdade, tomam aquilo que ele está
vendo como real, sem entender que a realidade está lá atrás, onde eles não podem
enxergar. O que temos é um teatro de sombras, uma narrativa sobre a realidade. O que
Platão diz com isso é que o real, o verdadeiramente real, não é dado para os olho que
contempla visualmente, mas para o olho do intelecto. Nós captamos a realidade pelos
dados e informações que nos são postos, depois por um salto no pensamento, por um
caminho no até então desconhecido, nós produzimos uma narrativa para contemplar o real.
A verdade sobre a vida não é dada na contemplação, mas nas narrativas produzidas sobre
ela. Eu vejo duas cadeiras diferentes, e entendo elas como cadeira a partir do minha
concepção de cadeira, do meu conceito de cadeira.
Um pouco sobre os gregos. O povo que hoje chamamos de gregos antigos floresceu
na Hélade, região onde hoje chamamos de Grécia, um Assim como vários outros povos, o
gregos interpretavam seu mundo a partir do mitos. A mitologia grega, diferente de outras
humanizou os deuses e tornou e divinizou os humanos, uma dessas divindade era Shopia,
a sabediria.

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