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ET720 – Sistemas de Energia Elétrica I

Capı́tulo 3 – Cálculo de curto-circuito

Carlos A. Castro

DSE/FEEC/UNICAMP

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 1 / 180


1. Introdução

Um sistema de potência está constantemente sujeito a ocorrências


que causam distúrbios no seu estado normal

Estas perturbações alteram as grandezas elétricas (corrente, tensão,


frequência), muitas vezes provocando violações nas restrições
operativas

Nestes casos são necessárias ações preventivas e/ou corretivas para


sanar ou limitar as suas consequências

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1. Introdução

As perturbações mais comuns e mais severas são os curtos-circuitos


ou faltas

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1. Introdução

Um curto-circuito corresponde à perda de isolamento entre fases ou


entre fase(s) e terra

Essa perda de isolamento faz com que haja conexão entre dois pontos
por uma impedância relativamente baixa

A existência dessa impedância pequena resulta na passagem de uma


elevada corrente e, consequentemente, de afundamentos de tensão no
sistema elétrico

Durante a falta ocorre a liberação localizada de uma considerável


quantidade de energia que pode provocar grandes danos nas
instalações elétricas, particularmente nos enrolamentos dos geradores
e transformadores

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1. Introdução

Quando ocorre um curto-circuito, a tensão da fonte (que modela o


equivalente do sistema e/ou os geradores sı́ncronos) é curto-circuitada
através de uma impedância relativamente baixa (impedâncias da fonte
+ transformador + trecho da linha), resultando em correntes elevadas

Portanto, um curto-circuito é caracterizado por uma elevação abrupta


das correntes, acompanhada de quedas consideráveis das tensões

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1. Introdução

Causas de curtos-circuitos:

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1. Introdução

Causas de curtos-circuitos
Ao projetar um sistema, o objetivo básico é sempre fazê-lo com o
lay-out otimizado, materiais de qualidade comprovada, e prevendo a
execução da obra e a instalação de melhor qualidade

No entanto, o sistema estará exposto às condições mais diversas e


imprevisı́veis, e falhas poderão ocorrer em pontos aleatórios da rede

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1. Introdução

Causas de curtos-circuitos
Problemas de isolação – as tensões entre os condutores do sistema
são elevadas, e rupturas para a terra ou entre os cabos poderão
ocorrer por diversos motivos
Projeto inadequado da isolação dos equipamentos, estruturas ou
isoladores
Material empregado (inadequado ou de má qualidade) na fabricação
Problemas de fabricação
Envelhecimento do próprio material

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1. Introdução

Causas de curtos-circuitos
Problemas mecânicos – oriundos da natureza e que provocam ação
mecânica
Ação do vento
Neve
Contaminação
Árvores

Problemas elétricos – intrı́nsecos da natureza ou devidos à operação


do sistema
Descargas atmosféricas diretas ou indiretas
Surtos de chaveamento (manobras)
Sobretensões

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1. Introdução

Causas de curtos-circuitos
Problemas de natureza térmica – aquecimento nos cabos e demais
equipamentos, que além de diminuir a vida útil, prejudica a isolação
Sobrecorrentes em consequência de sobrecargas
Sobretensões

Problemas de manutenção
Substituição inadequada de peças e equipamentos
Pessoal não treinado e qualificado
Peças de reposição inadequadas
Falta de controle de qualidade na compra do material
Inspeção inadequada na rede
Podas de árvores

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1. Introdução

Causas de curtos-circuitos
Problemas de outras naturezas
Atos de vandalismo
Atos de terrorismo
Queimadas
Inundações
Desmoronamentos

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1. Introdução

A magnitude da corrente de falta depende de fatores como:


Tipo de curto-circuito (monofásico, trifásico, bifásico, franco, alta
impedância)
Capacidade do sistema de geração
Topologia da rede elétrica
Tipo de aterramento do neutro dos equipamentos, etc.

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1. Introdução

A análise de curto-circuito é imprescindı́vel tanto no planejamento


como na operação e na manutenção de sistema de potência

Os resultados dessa análise possibilitam tomadas de várias decisões


técnicas e/ou econômicas
O conhecimento prévio dos valores de curtos-circuitos numa rede
elétrica é necessário para estudos e análises envolvendo:
Determinação da capacidade de interrupção dos equipamentos de
chaveamento (disjuntores e fusı́veis)
Cálculos de ajustes dos relés de proteção
Seleção de reatores limitadores de corrente
Cálculo de esforço mecânico nas estruturas dos equipamentos
Cálculos da malha de aterramento

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1. Introdução

Operação normal

Fonte Carga

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1. Introdução

Curto-circuito trifásico ou simétrico

Fonte Carga

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1. Introdução

Curto-circuito bifásico (fase-fase)

Fonte Carga

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1. Introdução

Curto-circuito monofásico (fase-terra)

Fonte Carga

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1. Introdução

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1. Introdução

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1. Introdução

Setor do SEP Curto-circuito


Geração 6%
Subestação 5%
Linhas de transmissão 89%

Tipos de curtos-circuitos Ocorrências


Trifásico 6%
Fase-fase 15%
Fase-fase-terra 16%
Fase-terra 63%

Curto-circuito fase-terra Ocorrências


Permanente 4%
Temporário 96%

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1. Introdução

Consequências de um curto-circuito
A corrente de curto-circuito Icc provoca a dissipação de potência na
parte resistiva do circuito, e o aquecimento pode ser quantificado por
2 ·r ·t
k · Icc

No ponto da falta, este aquecimento e o formato do arco podem


provocar graves danos nas instalações elétricas, dependendo de Icc e
de t

Portanto, para uma dada corrente de curto-circuito, o tempo t deve


ser menor possı́vel para reduzir os danos

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1. Introdução

Consequências de um curto-circuito
A queda de tensão no momento de um curto-circuito provoca graves
transtornos aos consumidores

O torque dos motores é proporcional ao quadrado da tensão,


portanto, no momento de um curto-circuito o funcionamento dos
motores pode ser comprometido

Além disso, cargas como sistemas de iluminação, sistemas


computacionais e sistemas de controle em geral são particularmente
sensı́veis às quedas de tensão

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1. Introdução

Consequências de um curto-circuito
Uma queda abrupta da tensão provoca ainda a instabilidade na
operação paralela de geradores, podendo causar a desagregação do
sistema e a interrupção de serviço aos consumidores, pois:
Na condição de operação normal, o torque mecânico da turbina é
equilibrada pelo torque elétrico frenante produzido pela carga elétrica
do gerador, como resultado, a velocidade de rotação de todos os
geradores é constante e igual a uma velocidade sı́ncrona
Quando um curto-circuito ocorre na proximidade de uma barra de
geração, a sua tensão atingirá valor próximo de zero e, portanto, a
carga elétrica e o torque frenante do gerador se anularão
No mesmo instante, a quantidade da água (ou vapor) admitida na
turbina continua sendo a mesma e seu torque continua invariante. Isso
provocará o aumento da velocidade do turbogerador, pois a resposta
do regulador de velocidade da turbina é lenta e pode ser incapaz de
evitar a sua aceleração nos instantes iniciais
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1. Introdução

Consequências de um curto-circuito
Mudanças rápidas na configuração do sistema elétrico, provocadas
pelo desequilı́brio entre a geração e a carga, após a retirada do
circuito sob falta, podem causar sub ou sobretensões, sub ou
sobrefrequências, ou ainda sobrecargas, podendo provocar condições
anormais de operação, como:

Sobrecarga em equipamentos, devido à passagem de uma corrente


acima do valor nominal. A sobrecarga frequente em equipamentos
acelera a deterioração da isolação
Subfrequência e sobrefrequência, causada pelo súbito desequilı́brio
entre a geração e a carga
Sobretensão, provocada pela súbita retirada da carga e pelo efeito
capacitivo das linhas de transmissão

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1. Introdução

Transformador
de potência

Curva de sobrecarga Curva de sobreexcitação

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1. Introdução

Diagrama de suportabilidade de variação de frequência de turbinas a vapor


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2. Transitórios após curtos-circuitos

Os sistemas de potência são circuitos elétricos dinâmicos, ou seja,


experimentam perı́odos transitórios após sofrerem alterações, sejam
elas topológicas ou de seus parâmetros

Dentre essas alterações está o curto-circuito

A seleção de um disjuntor para a proteção de um sistema de potência


depende:

da corrente que circula por ele em condições normais de operação


da máxima corrente que poderá circular por ele momentaneamente
após uma falta
da corrente a qual ele é projetado para interromper

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2. Transitórios após curtos-circuitos

Considere o circuito RL a seguir

R L disjuntor

curto-circuito (t = 0) v (t) = Vmax · sen (ωt + α)


∼ v (t)

i (t)

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2. Transitórios após curtos-circuitos

A corrente de curto-circuito é dada por:

Vmax Vmax
i (t) = · sen (ωt + α − θ) − · sen (α − θ) · exp (−Rt/L)
|Z | |Z |

em que
q
|Z | = R 2 + (ωL)2
θ = tg −1 (ωL/R)

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2. Transitórios após curtos-circuitos

componente de regime permanente

(a) α − θ = 0

corrente total

(b) α − θ = −π/2

componente transitória (dc offset)

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2. Transitórios após curtos-circuitos

Componente de regime permanente


Parcela calculada pelos programas de cálculo de curto-circuito
Utilizada no projeto do sistema de proteção

Componente transitória
Parcela não calculada pelos programas de cálculo de curto-circuito

Corrente total
Valor máximo utilizado para especificação dos diversos componentes do
sistema

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2. Transitórios após curtos-circuitos

Os programas de cálculo de curto-circuito tipicamente calculam


somente a solução de corrente em regime permanente sob falta, ou
seja, utilizam a seguinte formulação matricial/fasorial:

I = Ybus · V ou Zbus · I = V

Isto reduz consideravelmente os cálculos envolvidos em redes de


grande porte, pois utiliza-se uma formulação algébrica

Entretanto, visto que o curto-circuito é um fenômeno dinâmico, os


valores máximo de corrente ou o valor de corrente após um
determinado tempo da ocorrência da falta são calculados empregando
fórmulas aproximadas das normas (ANSI/IEEE ou IEC, por exemplo)

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2. Transitórios após curtos-circuitos

O valor da corrente assimétrica em qualquer instante é calculado por:

 √

 F = 2 · [1 + exp (−t/τ )]

τ = X /ωR · 1000 [ms]
Iass = Ief ·F

 X /R = X+ /R+ para curto-circuito 3φ

X /R = (2X+ + X0 ) / (2R+ + R0 ) para curto-circuito 1φ

em que:
Ief – valor eficaz da corrente obtida pelo programa de curto-circuito
t – tempo contado a partir do inı́cio da falta
τ – constante de tempo do circuito visto dos terminais do disjuntor

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2. Transitórios após curtos-circuitos

Exemplo
O valor do primeiro pico da√corrente assimétrica para uma rede em 60 Hz,
com X /R = 17 e Ief = 11/ 2 kA é:
11 √
Iass = √ · 2 · [1 + exp (−8,33/45)] = 20,1 kA
2 | {z }
F

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2. Transitórios após curtos-circuitos

Considere agora um gerador sı́ncrono, cujo modelo por fase simples


pode ser dado por:

E ∼ Vt

Gerador

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2. Transitórios após curtos-circuitos

Suponha que seja realizado o ensaio de curto-circuito da máquina:

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2. Transitórios após curtos-circuitos

A corrente de curto-circuito na armadura será:

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2. Transitórios após curtos-circuitos

Eliminando a componente dc da corrente de curto-circuito tem-se:

I II III

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2. Transitórios após curtos-circuitos

Observa-se três regiões, com taxas de decaimento diferentes, em


função de mudanças no fluxo magnético devido à ação combinada do
campo, armadura e do enrolamento amortecedor ou do ferro do rotor:

Xd′′ Xd′ Xd

Xd′′ < Xd′ < Xd


Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 39 / 180
2. Transitórios após curtos-circuitos

Considerando que a força eletromotriz interna do gerador permaneça


constante:

Região I – corrente subtransitória de curto-circuito

E
I ′′ =
jXd′′
Região II – corrente transitória de curto-circuito

E
I′ =
jXd′
Região III – corrente de curto-circuito em regime permanente

E
I =
jXd

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2. Transitórios após curtos-circuitos

Exercı́cios propostos

2 , 8(a)-8(c)

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3. Curto-circuito trifásico (simétrico)

Considere a parte de um sistema de transmissão mostrada a seguir

1 2
Icc1 Icc2

L1 L2
ao resto ao resto
da rede CB1 CB2 da rede
3

curto-circuito

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3. Curto-circuito trifásico (simétrico)

Ao ocorrer um curto-circuito trifásico (simétrico) na


barra 3:

a tensão na barra 3 cairá instantaneamente a zero


o restante da rede (à direita e à esquerda) irá
imediatamente começar a alimentar a falta com as
1
Icc1 Icc2
2
correntes de falta Icc1 e Icc2 através das barras 1 e 2
ao resto
da rede
L1
CB1 CB2
L2
ao resto
da rede
os valores dessas correntes serão determinadas pelas
3 “forças” das barras 1 e 2 e pelas impedâncias das
curto-circuito
linhas L1 e L2
em geral essas correntes atingirão valores muitas vezes
superiores às correntes normais das linhas, e os
disjuntores CB1 e CB2 serão comandados para abrir,
por intermédio dos sensores (relés), a fim de isolar a
barra com falta

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3.1. Capacidade de curto-circuito (SCC) trifásico

Considere novamente a parte de um sistema de transmissão mostrada


a seguir

1 2
ı̂cc1 ı̂cc2

L1 L2
ao resto ao resto
da rede CB1 CB2 da rede
3

curto-circuito

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 44 / 180


3.1. Capacidade de curto-circuito (SCC) trifásico

Na ocorrência do curto-circuito, as tensões nas barras 1 e 2 e em


todas as barras da rede cairão

O valor dessa queda de tensão é uma indicação da “força” da rede

É necessário medir essa “força”, bem como a severidade da influência


dos curtos-circuitos

Define-se então a capacidade de curto-circuito (também chamada de


nı́vel de falta) – SCC – da barra em questão

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3.1. Capacidade de curto-circuito (SCC) trifásico

Considere a rede a seguir, em que a barra A está inicialmente em


vazio, e sua tensão de linha é V̂A .

Rede

V̂A

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3.1. Capacidade de curto-circuito (SCC) trifásico

Suponha que a barra A seja submetida a um curto-circuito trifásico.

Rede

Iˆ3φ

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3.1. Capacidade de curto-circuito (SCC) trifásico

A capacidade de curto-circuito trifásico é definida em termos da


tensão pré-falta e da corrente de curto-circuito:

SCC3φ = 3 V̂A Iˆ3φ∗
[VA]

Adotando uma potência de base trifásica Sb,3φ , tem-se:



Sb,3φ = 3 Vb Ib [VA]
SCC3φ = v̂A ı̂∗3φ [pu]

Como normalmente vA ≈ 1:

SCC3φ = ı̂∗3φ [pu]


e
SCC3φ = ı̂∗3φ · Sb,3φ [VA]

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3.1. Capacidade de curto-circuito (SCC) trifásico

A rede pode ser representada por seu circuito equivalente de


Thévenin, visto da barra A.

Rede

êTh A
zTh
ı̂3φ

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3.1. Capacidade de curto-circuito (SCC) trifásico

Então:

êTh 1
ı̂3φ = ≈
zTh zTh

1 1
zTh = =
ı̂3φ SCC∗

ou

1
SCC =
zTh

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3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Embora a ocorrência de um curto-circuito seja um fenômeno


dinâmico (equações diferenciais), pode-se empregar uma modelagem
estática para análise do problema (equações algébricas – fasoriais)

Nas simulações de curtos-circuitos são adotadas algumas


simplificações que facilitam bastante os cálculos

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3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Estas simplificações não introduzem erros consideráveis nos valores


calculados e são válidas em virtude das correntes de curtos-circuitos
serem muito maiores que as correntes de carga:

Todas as máquinas sı́ncronas do sistema operam com tensão igual a


1,0 ∠0◦ pu
Os parâmetros shunt das linhas são ignorados
As cargas são ignoradas
Todos os transformadores operam com tap na posição nominal
As redes de sequência negativa e positiva são consideradas iguais

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3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Considere a rede a seguir

Deseja-se simular a ocorrência de um curto-circuito simétrico na barra


5 e a respectiva corrente de curto-circuito
Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 53 / 180
3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Aplicando as hipóteses simplificadoras 2, 3 e 4:

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 54 / 180


3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Aplicando a hipótese simplificadora 1:

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 55 / 180


3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Curto-circuito trifásico na barra 5:

ı̂cc5

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3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Para calcular a corrente de curto-circuito ı̂cc5


na barra 5 é necessário que se obtenha a
impedância equivalente na barra 5:

Isto é conseguido por meio de técnicas de redução de circuitos


Pode-se notar que, mesmo no caso de um sistema de pequenas
dimensões, a tarefa é bastante trabalhosa
Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 57 / 180
3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Assim, o curto-circuito trifásico pode ser calculado por:

1 ∠0◦
ı̂cc5 =
Zeq

A determinação do valor de curto-circuito total numa barra é apenas


uma das necessidades

Considerando-se que, por exemplo, para cálculos dos ajustes dos relés
de proteção, são necessários fluxos de correntes nas linhas e tensões
nas demais barras da rede, o método manual é incompleto

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 58 / 180


3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Retomando o circuito reduzido, nota-se


que, do ponto de vista da barra 5, tem-se a
seguinte relação entre as grandezas
mostradas e o circuito equivalente de
ı̂cc5
Thévenin:

ÊTh = 1,0 ∠0◦


ZTh = Zeq

Logo:

1,0 ∠0◦ 1
ZTh = Zeq = ≈
ı̂cc5 SCC∗

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3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

É possı́vel efetuar a análise de curto-circuito através de simulações em


computador digital → método digital

A ideia é modelar a rede através de:

Ybarra · v̂ = ı̂

ou

Zbarra ·ı̂ = v̂

em que a impedância Zeq para o cálculo da corrente de curto-circuito


possa ser obtida de Zbarra

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 60 / 180


3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

A matriz de impedância Zbarra , também conhecida como matriz de


curto-circuito, contém:

a impedância equivalente de todas as barras em relação à barra de


referência – elementos da diagonal principal da matriz
a impedância de transferência entre cada barra do sistema e todas as
outras barras em relação à barra de referência – elementos fora da
diagonal principal

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3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Voltando à rede exemplo e à simulação de curto-circuito na barra 5:

ı̂cc5

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3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

   
1 ∠0◦ ı̂cc5

 v̂1  
  0 

 v̂2   0 
Ybarra ·  = 

 v̂3  
  0 

 v̂4   0 
0 −ı̂cc5
ou
   
ı̂cc5 1 ∠0◦

 0  
  v̂1 

 0   v̂2 
Zbarra ·  = 

 0  
  v̂3 

 0   v̂4 
−ı̂cc5 0

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3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Como a barra 5 tem tensão nula, pode-se utilizar a técnica de inserir


um número muito grande na diagonal correspondente à barra 5 de
Ybarra como forma de eliminar uma incógnita do problema –
Y5,5 → ∞

Consequentemente, todos os elementos da linha 5 e coluna 5


(referentes à barra 5) de Zbarra tenderão a zero

Finalmente:
1 ∠0◦
ı̂cc5 =
Z0,0

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3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Problema: para o cálculo da corrente de curto-circuito em outra


barra, por exemplo, barra 4, há uma mudança na barra de referência,
logo, a matriz Zbarra será diferente

Isto implica em grande esforço de cálculo computacional para a


simulação das correntes de curto-circuito

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3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Este problema é sanado com a troca da referência para a barra 0 da


rede:

ı̂cc5

Neste novo modelo os sentidos dos fluxos de corrente são mantidos e


as tensões nas barras devem ser corrigidas para:
v̂ir = 1 + v̂i
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3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Além disso, tem-se:


   
ı̂cc5 0

 0  
  v̂1 

 0   v̂2 
Zbarra ·  = 

 0  
  v̂3 

 0   v̂4 
−ı̂cc5 −1 ∠0◦

Como agora a barra de referência é a 0, os elementos da primeira


linha e primeira coluna de Zbarra são nulos, portanto:

1 ∠0◦
ı̂cc5 =
Z5,5

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 67 / 180


3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

A matriz Zbarra pode ser obtida:

através da inversão direta da matriz de admitância Ybarra , sendo que


para uma matriz de dimensão N, o número de operações é proporcional
a N 3 , o que torna o processo computacionalmente caro para sistemas
de grande porte
diretamente, simulando a própria construção da rede a partir da barra
de referência, acrescentando-se um ramo por vez
através de técnicas de fatoração de matrizes esparsas

Para mais informações, ver por exemplo: “F. Sato, W. Freitas, Análise
de curto-circuito e princı́pios de proteção em sistemas de energia
elétrica – fundamentos e prática, Elsevier, 2015”, seções 3.5.1 e 3.5.2

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 68 / 180


3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Nos cálculos de curtos-circuitos através de um programa


computacional, geralmente, são determinadas as seguintes grandezas:

Correntes de curtos-circuitos nas barras


Tensões nas barras vizinhas
Fluxos de correntes nas linhas vizinhas

No caso do curto-circuito simétrico na barra 5, já foi visto que:

1 ∠0◦
ı̂cc5 =
Z5,5

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 69 / 180


3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Voltando à expressão matricial:

  
ı̂cc5 0
 0   v̂1 
   
 0   v̂2 
Zbarra · 

=
  
 0   v̂3 

 0   v̂4 
−ı̂cc5 −1 ∠0◦
     
0 0 0 0 0 0 ı̂cc5 0
 0 Z1,1 Z1,2 Z1,3 Z1,4 Z1,5   0   v̂1 
     
 0 Z2,1 Z2,2 Z2,3 Z2,4 Z2,5   0   v̂2 
 · = 
 0 Z3,1 Z3,2 Z3,3 Z3,4 Z3,5   0   v̂3 
     
 0 Z4,1 Z4,2 Z4,3 Z4,4 Z4,5   0   v̂4 
0 Z5,1 Z5,2 Z5,3 Z5,4 Z5,5 −ı̂cc5 −1 ∠0◦

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 70 / 180


3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Da segunda linha da expressão matricial anterior:

−Z1,5 ·ı̂cc5 = v̂1


Z1,5
v̂1 = −
Z5,5
Z1,5
v̂1r = 1 −
Z5,5

que é a tensão na barra 1

Procedimento semelhante leva às tensões nas outras barras da rede

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 71 / 180


3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

A corrente que flui pelo ramo 2-4 é dada por:

v̂2 − v̂4
ı̂2,4 =
z2,4
   
1 Z2,5 Z4,5
= · 1− −1+
z2,4 Z5,5 Z5,5
   
1 Z4,5 − Z2,5
= ·
z2,4 Z5,5

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 72 / 180


3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Equações gerais para curto-circuito na barra k:

Corrente de curto-circuito na barra k:

1 ∠0◦
ı̂cck =
Zk,k
Tensões nas barras vizinhas:

Zi ,k
v̂ir = 1 −
Zk,k
Fluxos de correntes nas linhas vizinhas:
   
1 Zq,k − Zp,k
ı̂p,q = ·
zp,q Zk,k

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 73 / 180


3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Sistemas radiais os cálculos manuais podem ser suficientes

As simplificações adotadas permitem considerar o sistema de potência


operando em vazio

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 74 / 180


3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Exemplo
Considere o diagrama unifilar da seguinte rede radial de distribuição:

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 75 / 180


3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Equivalente do restante do sistema (à esquerda da barra A)


representado por seu equivalente de Thévenin – lembrando do
conceito de capacidade de curto-circuito:
1 100
zs ≈ ∗ =
SCC 4808 ∠ − 80◦
= 0,0208 ∠80◦ = 0,0036 + j 0,0205 pu
= 0,36 + j 2,05 %

Linha de transmissão LT:


100
zLT = (0,1902 + j 0,4808) · 10 ·
(138)2
= 0,01 + j 0,025 pu
= 1 + j 2,5 %

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 76 / 180


3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Transformador T1:

8,68 (138)2 100


zT 1 = j · ·
100 15 (138)2
= j 0,5787 pu = j 57,87 %

Trecho C#3:
100
zC 3 = (0,1903 + j 0,3922) · 0,8 ·
(11,95)2
= 0,1066 + j 0,2197 pu = 10,66 + j 21,97 %

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 77 / 180


3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Transformador T2:

5,0 (11,95)2 100


zT 2 = j · ·
100 0,5 (11,95)2
= j 10 pu = j 1000 %

Diagrama (de sequência positiva):

S LT T1 C#3 T2

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 78 / 180


3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Curto-circuito na barra C:
1,0
S LT T1 C#3 T2
ı̂cc =
zs + zLT + zT 1
F
1,0
=
G
0,0136 + j 0,6242
= 0,0349 − j 1,6013
= 1,6017 ∠ − 88,75◦ pu

100
Iˆcc = 1,6017 ∠ − 88,75◦ · √ · 103
3 · 11,95
= 7738,2836 ∠ − 88,75◦ A

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 79 / 180


3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Procedimento alternativo:
Montar a matriz Y6×6 – nós F, A, B, C, D e E
Y (1, 1) = 1020 (número muito grande na diagonal após aterramento)
Inverter Y → Z
Tomar o elemento Z (4, 4) (correspondente ao nó C, onde ocorreu o
curto-circuito):

Z (4, 4) = 0,0136 + j 0,6242


Calcular a corrente de curto-circuito:

1,0
ı̂cc =
Z (4, 4)

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 80 / 180


3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Exemplo

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 81 / 180


3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 82 / 180


3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

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3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

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3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 85 / 180


3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 86 / 180


3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 87 / 180


3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 88 / 180


3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 89 / 180


3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Exercı́cio
Obtenha a matriz Z da rede do exemplo anterior e recalcule as correntes
de falta nos nós 1 a 4 através de:
1,0
ı̂cc,k =
Zk,k

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 90 / 180


3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Exercı́cio
Considere a rede de transmissão de oito barras e doze linhas mostrada a
seguir.

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 91 / 180


3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

A partir das impedâncias em % mostradas no diagrama unifilar:

Verifique que a matriz Zbarra é:

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 92 / 180


3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Calcule a corrente de curto-circuito trifásico na barra 7 em Ampères

Calcule as tensões de fase nas barras 1, 4 e 5 em kV

Calcule os fluxo de corrente nas linhas 1-6 e 8-7, em Ampères

Resp.: 5590,5 A ; 76,74 kV ; 37 kV ; 64,27 kV ; 1370,6 A ; 1906,8 A

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 93 / 180


3.2. Cálculo de curto-circuito simétrico

Exercı́cios propostos

8(d)

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 94 / 180


4. Curto-circuito assimétrico

Revisão de
Componentes simétricas

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 95 / 180


4. Curto-circuito assimétrico

Exercı́cios propostos

1, 7

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 96 / 180


4.1. Equações para elementos passivos

Elementos passivos, como linhas de transmissão e transformadores,


operando sob condições desequilibradas, podem ser descritos de
maneira geral por:
IˆA
A a
V̂A IˆB
B b
IˆC
VP = ZC · I P Fonte V̂B Carga
C c
V̂C
N n

em que:

VP – tensões de fase (3×1)


IP – correntes de linha (3×1)
ZC – matriz de impedâncias (3×3)

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 97 / 180


4.1. Equações para elementos passivos

Transformando em grandezas de sequência:

V P = ZC · I P
T · V S = ZC · T · I S
T · T · V S = T−1 · ZC · T · I S
−1

VS = T|
−1
· ZC · T ·I S
{z }
ZS

A caracterı́stica relevante de ZS é que ela é diagonal para os


elementos passivos utilizados em sistemas de potência, levando a um
desacoplamento dos elementos de sequência positiva, negativa e zero

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 98 / 180


4.1. Equações para elementos passivos

Considere a seguinte linha de transmissão trifásica:

Sob condição de operação equilibrada, tem-se:


In = 0
Vn1 = Vn2 = 0
Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 99 / 180
4.1. Equações para elementos passivos

Sob condição de operação desequilibrada, nem as tensões, nem as


correntes possuem simetria trifásica e a soma das correntes será
diferente de zero:

In = Ia + Ib + Ic 6= 0

resultando em uma queda de tensão sobre a impedância de neutro Zn

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 100 / 180


4.1. Equações para elementos passivos

Logo:

Va1 − Va2 = ZL Ia + Zn (Ia + Ib + Ic )


Vb1 − Vb2 = ZL Ib + Zn (Ia + Ib + Ic )
Vc1 − Vc2 = ZL Ic + Zn (Ia + Ib + Ic )

     
Va1 − Va2 ZL + Zn Zn Zn Ia
 Vb1 − Vb2  =  Zn ZL + Zn Zn  ·  Ib 
Vc1 − Vc2 Zn Zn ZL + Zn Ic

∆V P = ZC · I P

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 101 / 180


4.1. Equações para elementos passivos

A matriz de impedâncias de sequência é:

ZS = T−1 · ZC · T
 
ZL 0 0
Z S =  0 ZL 0 
0 0 ZL + 3Zn

em que:
 
1 1 1
T =  α2 α 1 
α α2 1

e α = 1 ∠120◦
Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 102 / 180
4.1. Equações para elementos passivos

A matriz ZS fornece as impedâncias das sequências:

Z+ = ZL – impedância de sequência positiva


Z− = ZL – impedância de sequência negativa
Z0 = ZL + 3Zn – impedância de sequência zero

Para linhas de transmissão:

As impedâncias de sequências positiva e negativa são iguais


A impedância de sequência zero é função do caminho de retorno da
corrente

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 103 / 180


4.1. Equações para elementos passivos

Com relação aos transformadores:

Conforme já visto, a impedância de sequência positiva por fase do


transformador trifásico é simplesmente um parâmetro série, obtido por
meio do ensaio de rotina do fabricante
A impedância de sequência negativa é igual a de sequência positiva,
pois não há diferença se o transformador for energizado por tensões de
sequência negativa ou de sequência positiva
A impedância de sequência zero do transformador depende de dois
fatores: esquema de ligação e tipo de núcleo do transformador

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 104 / 180


4.1. Equações para elementos passivos

Quanto aos tipos de núcleo, existem:

núcleo envolvido núcleo envolvente


(core) (shell)

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 105 / 180


4.1. Equações para elementos passivos

O transformador de núcleo envolvido é de fabricação mais fácil e


econômica, no entanto, é menos eficiente

O transformador de núcleo envolvente requer tecnologia mais


avançada na sua fabricação e, em virtude de possuir uma
concatenação maior entre as bobinas, ele apresenta a reatância de
dispersão menor

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 106 / 180


4.1. Equações para elementos passivos

Transformadores trifásicos:

núcleo envolvido núcleo envolvente


(core) (shell)

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 107 / 180


4.1. Equações para elementos passivos

Transformador trifásico de núcleo envolvente, ou banco monofásico


ligado em Y-Y com os neutros aterrados – esquema de ensaio de
curto-circuito para determinação da impedância de sequência zero:

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 108 / 180


4.1. Equações para elementos passivos

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 109 / 180


4.1. Equações para elementos passivos

Lado de baixa tensão:

EL = IL (ZL + 3ZnL )
   
NL NH
EH = IH (ZL + 3ZnL )
NH NL
 
NH 2
EH = IH (ZL + 3ZnL )
NL

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 110 / 180


4.1. Equações para elementos passivos

Lado de alta tensão:

E0 = EH + IH (ZH + 3ZnH )

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 111 / 180


4.1. Equações para elementos passivos

Então:

E0 = EH + IH (ZH + 3ZnH )
 
NH 2
E0 = IH (ZL + 3ZnL ) + IH (ZH + 3ZnH )
NL
"     #
NH 2 NH 2
E0 = IH 3ZnH + ZH + ZL + 3ZnL
NL NL
| {z }
Z0

z0 = 3znH + ztr + 3znL em por unidade

Alimentando o transformador com tensão de sequência zero pelo lado


L a impedância de sequência zero z0 vista pelo lado L é a mesma

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 112 / 180


4.1. Equações para elementos passivos

H 3znH ztr 3znL L

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 113 / 180


4.1. Equações para elementos passivos

P z0 S

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 114 / 180


4.1. Equações para elementos passivos

Transformador trifásico de núcleo envolvente, ou banco monofásico


ligado em Y-∆ com o neutro aterrado – esquema de ensaio de
curto-circuito para determinação da impedância de sequência zero:

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 115 / 180


4.1. Equações para elementos passivos

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 116 / 180


4.1. Equações para elementos passivos

Lado de baixa tensão:

EL = IL ZL
   
NL NH
EH = IH ZL
NH NL
 
NH 2
EH = IH ZL
NL

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 117 / 180


4.1. Equações para elementos passivos

Lado de alta tensão:

E0 = EH + IH (ZH + 3ZnH )
 
NH 2
E0 = IH ZL + IH (ZH + 3ZnH )
N
" L   #
NH 2
E0 = IH 3ZnH + ZH + ZL
NL
| {z }
Z0

z0 = ztr + 3znH em por unidade

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 118 / 180


4.1. Equações para elementos passivos

Por outro lado, alimentando o transformador com tensão de


sequência zero pelo lado L (ligação ∆), não circulará corrente, pois os
terminais L1, L2 e L3 estão no mesmo potencial

Portanto, a impedância de sequência zero vista pelo lado L, é infinita

H ztr L

3znH

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 119 / 180


4.1. Equações para elementos passivos

P z0 S

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 120 / 180


4.2. Equações para elementos ativos

Considere inicialmente um gerador sı́ncrono operando em condições


normais (equilibradas):

Gerador ÊA jXd IˆA

A
ÊB jXd IˆB

B V̂A
ÊC jXd IˆC
V̂B
C
V̂C

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 121 / 180


4.2. Equações para elementos ativos

Como a máquina é equilibrada, assume-se que as fem internas são


sempre dadas por:
     
ÊA ÊA 1
EP =  ÊB  =  α2 ÊA  =  α2  · ÊA
ÊC αÊA α
E:
V̂A = ÊA − jXd IˆA
V̂B = ÊB − jXd IˆB
V̂C = ÊC − jXd IˆC
      ˆ 
V̂A ÊA jXd 0 0 IA
 V̂B  =  ÊB  −  0 jXd 0  ·  IˆB  → VP = E P − ZC · I P
V̂C ÊC 0 0 jXd IˆC
Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 122 / 180
4.2. Equações para elementos ativos

Considere agora gerador sı́ncrono operando sob condição genérica de


desequilı́brio:

Gerador ÊA jXd IˆA

A
ÊB jXd IˆB Carga
B
desequilibrada
ÊC jXd IˆC

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 123 / 180


4.2. Equações para elementos ativos

A matriz ZC toma a seguinte forma:


 
Z1 Z2 Z3
Z C =  Z3 Z1 Z2 
Z2 Z3 Z1

E:

VP = E P − ZC · I P
TV S = E P − ZC · TI S

·T−1
VS = T−1 E P − T−1 ZC · T I S
| {z }
ZS
VS = E S − ZS · I S

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 124 / 180


4.2. Equações para elementos ativos

VS = E S − ZS · I S
    " #  Iˆ 
V̂+ ÊA Z1 + α2 Z2 + αZ3 0 0 +
 V̂−  =  0  − 0 Z1 + αZ2 + α2 Z3 0 ·  Iˆ− 
V̂0 0 0 0 Z1 + Z2 + Z3 Iˆ0

      ˆ 
V̂+ ÊA Z+ 0 0 I+
 V̂−  =  0  −  0 Z− 0  ·  Iˆ− 
V̂0 0 0 0 Z0 Iˆ0

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 125 / 180


4.2. Equações para elementos ativos

Z+ Z−

+ + +
PSfrag Iˆ+ Iˆ−
Ê+ V̂+ V̂−
− − −

Iˆ+
      
V̂+ ÊA Z+ 0 0
 V̂−  =  0 − 0 Z− 0 · ˆ
I− 
Z0
V̂0 0 0 0 Z0 Iˆ0

+
Iˆ0
V̂0

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 126 / 180


4.2. Equações para elementos ativos

Exemplo
Considere que o gerador trifásico a seguir está sujeito a um curto-circuito
monofásico (fase-terra), com impedância de curto-circuito Zf . Calcule a
corrente de curto-circuito.

curto-circuito
IˆA

IˆB A
Gerador
Zf
IˆC B

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 127 / 180


4.2. Equações para elementos ativos

Exemplo
Inspecionado o circuito tem-se:

V̂A = Zf IˆA IˆB = IˆC

Logo:

IP
 T
= IˆA 0 0
    ˆ 
1 α α2 IˆA I
1 1  ˆA 
IS = T−1 I P = 2
1α α · 0 =
   I
3 3 ˆA
1 1 1 0 IA

1
Iˆ+ = Iˆ− = Iˆ0 = IˆA
3

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 128 / 180


4.2. Equações para elementos ativos

Exemplo
Lembrando das equações do slide 126:
 
V̂+ = ÊA − Z+ · IˆA /3
 
V̂− = 0 − Z− · IˆA /3
 
V̂0 = 0 − Z0 · IˆA /3

As tensões de fase são:


     
V̂A 1 1 1 V̂+
V P =  V̂B  = T · V S =  1 α2 α  ·  V̂− 
V̂C 1 α α2 V̂0

V̂A = V̂+ + V̂− + V̂0


Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 129 / 180
4.2. Equações para elementos ativos

Exemplo
Logo:
V̂A = V̂+ + V̂− + V̂0
h  i h  i h  i
= ÊA − Z+ · IˆA /3 + 0 − Z− · IˆA /3 + 0 − Z0 · IˆA /3 = Zf IˆA

ÊA 3ÊA
IˆA = 1
= corrente de c.c.
3
(Z+ + Z− + Z0 ) + Zf (Z+ + Z− + Z0 ) + 3Zf

IˆA ÊA
Iˆ+ = Iˆ− = Iˆ0 = =
3 (Z+ + Z− + Z0 ) + 3Zf

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 130 / 180


4.2. Equações para elementos ativos

Exemplo

Z0

Iˆ0

seq. 0
Note que:
Z−
IˆA ÊA
Iˆ+ = Iˆ− = Iˆ0 =

seq. −
= Iˆ−
3 (Z+ + Z− + Z0 ) + 3Zf
3Zf

leva ao circuito: Z+

seq. + +
Iˆ+
ÊA

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 131 / 180


4.2. Equações para elementos ativos

Exercı́cios propostos

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 132 / 180


4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

Inicialmente, será útil relembrar os passos para o cálculo de


curto-circuito trifásico, mostrado na seção 3.2

Considere o seguinte sistema de


potência operando em condições
normais:

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 133 / 180


4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

Considere agora um curto-circuito na barra k:

k
Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 134 / 180
4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)


+

k
Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 135 / 180
4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)


+

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 136 / 180


4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

k

+

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 137 / 180


4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

k

+

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 138 / 180


4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

Zk,k

k

+

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 139 / 180


4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

Similar ao gerador
Zk,k em curto-circuito:

VP = E P − ZC · I P

k

+
Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 140 / 180
4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

Considere agora um sistema de potência de n barras, e que o


curto-circuito na barra k seja monofásico (entre a fase A e terra):

barra k
A B C
Por inspeção:
ı̂Ak ı̂Bk ı̂Ck
ı̂Bk = ı̂Ck = 0
v̂Ak rf
v̂Ak = rf ·ı̂Ak

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 141 / 180


4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

Correntes:

ıS = T−1 · ıP
     
ı̂+k 1 α α2 ı̂Ak
 ı̂−k  = 1  1 α2 α  ·  0 
3
ı̂0k 1 1 1 0

ı̂+k = ı̂Ak /3
ı̂−k = ı̂Ak /3
ı̂0k = ı̂Ak /3

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 142 / 180


4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

Tensões:

     +   
v̂+k êA Zk,k 0 0 ı̂Ak /3

 v̂−k  =  0  −  0 Zk,k 0  ·  ı̂Ak /3 
v̂0k 0 0 0
0 Zk,k ı̂Ak /3

+
v̂+k = êA − Zk,k ı̂Ak /3

v̂−k = −Zk,k ı̂Ak /3
0
v̂0k = −Zk,k ı̂Ak /3

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 143 / 180


4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

v̂Ak = v̂+k + v̂−k + v̂0k = rf ı̂Ak


 
+ − 0
rf ·ı̂Ak = êA − Zk,k + Zk,k + Zk,k ı̂Ak /3

3êA
ı̂Ak =  
+ − 0 + 3r
Zk,k + Zk,k + Zk,k f

êA
ı̂+k = ı̂−k = ı̂0k =  
+ − 0 + 3r
Zk,k + Zk,k + Zk,k f

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 144 / 180


4.2. Equações para elementos ativos

+
Zk,k

Note que:
êA
ı̂+k = ı̂−k = ı̂0k =  
+ − 0 + 3r
Zk,k + Zk,k + Zk,k f −
Zk,k

leva ao circuito:

0
Zk,k

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 145 / 180


4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

Considerando:

êA = −1,0 pu
− +
Zk,k = Zk,k
rf = 0

tem-se:

−1,0
ı̂+k = ı̂−k = ı̂0k =  
+ 0
2Zk,k + Zk,k

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 146 / 180


4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

Resumo do equacionamento para um curto-circuito monofásico na


barra k:

Correntes:
−3,0
ı̂Ak = 3ı̂+k = 3ı̂−k = 3ı̂0k =  
+ 0
2Zk,k + Zk,k
ı̂Bk = ı̂Ck = 0,0

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 147 / 180


4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

Tensões de sequência positiva:

Z+ ı+ = v +

r
Zi+,k
v+i = 1 + v+i = 1 − + 0
2Zk,k + Zk,k

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 148 / 180


4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

Tensões de sequência negativa:

Z+ ı− = v −

r
Zi+,k
v−i = 0 + v−i = − + 0
2Zk,k + Zk,k

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 149 / 180


4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

Tensões de sequência zero:

Z0 ı0 = v 0

Zi0,k
v0ir = 0 + v0i = − + 0
2Zk,k + Zk,k

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 150 / 180


4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

Tensões de fase nas barras:


r r
v̂Ai = v̂+i + v̂−i + v̂0ir
v̂Bi = α2 v̂+i
r r
+ αv̂−i + v̂0ir
r
v̂Ci = αv̂+i + α2 v̂−i
r
+ v̂0ir

2Zi+,k + Zi0,k
v̂Ai = 1,0 − + 0
2Zk,k + Zk,k
Zi0,k − Zi+,k
v̂Bi = α2 − + 0
2Zk,k + Zk,k
Zi0,k − Zi+,k
v̂Ci = α − + 0
2Zk,k + Zk,k

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 151 / 180


4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

Fluxos de corrente de sequência positiva nas linhas:


r r
v̂+p − v̂+q
ı̂+p−q = +
zp−q
+ +
!
Zq,k − Zp,k 1,0
= + 0 +
2Zk,k + Zk,k zp−q

Fluxos de corrente de sequência negativa nas linhas:


r r
v̂−p − v̂−q
ı̂−p−q = +
zp−q
+ +
!
Zq,k − Zp,k 1,0
= + 0 +
2Zk,k + Zk,k zp−q

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 152 / 180


4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

Fluxos de corrente de sequência zero nas linhas:


r r
v̂0p − v̂0q
ı̂0p−q = 0
zp−q
!
0 0
Zq,k − Zp,k 1,0
= + 0 0
2Zk,k + Zk,k zp−q

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 153 / 180


4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

Fluxos de corrente de fase nas linhas:

ı̂Ap−q = ı̂+p−q + ı̂−p−q + ı̂0p−q


ı̂Bp−q = α2 ı̂+p−q + αı̂−p−q + ı̂0p−q
ı̂Cp−q = αı̂+p−q + α2 ı̂−p−q + ı̂0p−q
" + +
#
Zq,k − Zp,k 0 0
1 Zq,k − Zp,k
ı̂Ap−q = + 0
2 + + 0
2Zk,k + Zk,k zp−q zp−q
" + +
#
Zq,k − Zp,k 0 0
1 Zq,k − Zp,k
ı̂Bp−q = + 0 + + 0
2Zk,k + Zk,k zp−q zp−q
ı̂Cp−q = ı̂Bp−q

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 154 / 180


4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

Capacidade de curto-circuito (SCC) monofásico


Considere novamente a rede a seguir, agora sujeita a um
curto-circuito monofásico na barra A.

Rede

Iˆ1φ

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 155 / 180


4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

Capacidade de curto-circuito (SCC) monofásico


A capacidade de curto-circuito monofásica é definida como:

SCC1φ = V̂f Iˆ1φ



[VA]

Adotando a potência de base monofásica Sb,1φ = Vb Ib :

SCC1φ = v̂f ı̂∗1φ [pu]


≈ ı̂∗1φ [pu]

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 156 / 180


4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

Capacidade de curto-circuito (SCC) monofásico


A partir de desenvolvimentos anteriores:

 ∗
3
SCC1φ = ı̂∗1φ =
2 z + z0
+

3
z0 = − 2 z+
SCC∗1φ
3 2
== ∗ − [pu]
SCC1φ SCC∗3φ

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 157 / 180


4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

Exemplo
Considere o seguinte sistema radial:

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 158 / 180


4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

Exemplo
Antes do cálculo de curto-circuito, é necessário obter todos os parâmetros
da rede:

Fonte (equivalente do restante da rede):

Sb 100
z+s = ∗ =
SCC3φ 4808 ∠ − 80◦
= 0,0208 ∠80◦ → 2,08 ∠80◦ %

3Sb 2Sb 3 · 100 2 · 100


z0s = ∗ − ∗ = −
SCC1φ SCC3φ 4109 ∠ − 80◦ 4808 ∠ − 80◦
= 0,0314 ∠80◦ → 3,14 ∠ − 80◦ %

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 159 / 180


4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

Exemplo
Linha de transmissão:
100
z+LT = (0,1902 + j 0,4808) · 10 ·
1382
= 0,0272 ∠68,42 → 2,72 ∠68,42◦ %

100
z0LT = (0,4414 + j 1,7452) · 10 ·
1382
= 0,0945 ∠75,81◦ → 9,45 ∠75,81◦ %

Transformador 1:
8,68 1382 100
z+T 1 = j · ·
100 15 1382
= j 0,5787 → j 57,87 %
Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 160 / 180
4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

Exemplo
Linha de distribuição:
100
z+LD = (0,1903 + j 0,3922) · 0,8 ·
11,952
= 0,2442 ∠64,12 → 24,42 ∠64,12◦ %

100
z0LD = (0,4359 + j 1,8540) · 0,8 ·
11,952
= 1,0670 ∠76,77◦ → 106,70 ∠76,77◦ %

Transformador 2:
5 11,952 100
z+T 2 = j · ·
100 0,5 11,952
= j 10 → j 1000 %
Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 161 / 180
4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

Exemplo
Circuito de sequência positiva:

Circuito de sequência zero:

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 162 / 180


4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

Exemplo
Considerando um curto-circuito monofásico na barra D, tem-se:

ı̂cc1φ 1
ı̂+ = ı̂− = ı̂0 = =
3 z+eq + z−eq + z0eq

3
ı̂cc1φ =
z+eq + z−eq + z0eq
 
1000 · Sb
Iˆcc1φ = ı̂cc1φ · √
3 · Vb

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 163 / 180


4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

Exemplo

seq. +

seq. −

seq. 0

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 164 / 180


4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

Exemplo
As impedâncias equivalentes de sequência positiva (soma das impedâncias,
desde a fonte até a barra D) e zero (soma das impedâncias até a barra D)
são, respectivamente:
z+eq = 12,02 + j 84,41 % = z−eq
z0eq = 24,42 + j 161,73 %

Logo:
100 100
ı̂+ = ı̂− = ı̂0 = = = 0,2996 ∠ − 81,66◦ pu
z+eq + z−eq + z0eq 334,086 ∠81,66◦

300
ı̂cc1φ = = 0,898 ∠ − 81,66◦ pu
334,086 ∠81,66◦

 
1000 · 100
Iˆcc1φ = 0,898 ∠ − 81,66◦ · √ = 4338,5 ∠ − 81,66◦ A
3 · 11,95

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 165 / 180


4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

Exercı́cios propostos

4, 6

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 166 / 180


4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

Exemplo
Considere agora o sistema malhado de 500 kV, assim como seus dados:

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 167 / 180


4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

Exemplo
As matrizes impedância desta rede são:

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 168 / 180


4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

Exemplo
Corrente de curto-circuito monofásico na barra 5:

100 100
ı̂+5 = ı̂−5 = ı̂05 = + 0
= = −j 6,81 pu
2Z5,5 + Z5,5 2 · j 3,4166 + j 7,8556

ı̂cc1φA5 = 3 (−j 6,81) = −j 20,424 pu


 
1000 · 100
Iˆcc1φA5 = −j 20,424 · √ = −j 2358,3 A
3 · 500

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 169 / 180


4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

Exemplo
Tensão na barra 4:
+ 0
2Z4,5 + Z4,5
v̂A4 = 1,0 − + 0
= 0,5346 ∠0◦ pu
2Z5,5 + Z5,5
0 − Z+
Z4,5 4,5
v̂B4 = α2 − + 0
= 1,027 ∠237,5◦ pu
2Z5,5 + Z5,5
0 − Z+
Z4,5 4,5
v̂C 4 = α − + 0
= 1,027 ∠122,5◦ pu
2Z5,5 + Z5,5

 
500
V̂A4 = 0,5346 ∠0◦ · √ = 154,26 ∠0◦ kV
3
 
500
V̂B4 = 1,027 ∠237,5◦ · √ = 296,56 ∠237,5◦ kV
3
 
500
V̂C 4 = 1,027 ∠122,5◦ · √ = 296,56 ∠122,5◦ kV
3

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 170 / 180


4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

Exemplo
Fluxo de corrente na linha 2-4:
+ + 0 − Z0
" #
100 2Z4,5 − Z2,5 Z4,5 2,5
ı̂A2−4 = + 0 + + 0
= −j 2,657 pu
2Z5,5 + Z5,5 z2−4 z2−4
+ + 0 − Z0
" #
100 Z2,5 − Z4,5 Z4,5 2,5
ı̂B2−4 = + 0 + + 0
= −j 0,143 pu
2Z5,5+ Z5,5 z2−4 z2−4
ı̂C 2−4 = ı̂B2−4

 
100000
IˆA2−4 = −j 2,657 √ = −j 306,8 A
3 · 500
 
100000
IˆB2−4 = −j 0,143 √ = −j 16,5 A
3 · 500
 
100000
IˆC 2−4 = −j 0,143 √ = −j 16,5 A
3 · 500

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 171 / 180


4.3. Cálculo de curto-circuito monofásico (fase-terra)

Exercı́cios propostos

5 , 8(e)-8(g)

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 172 / 180


4.4. Curto-circuito bifásico

barra k
A B C
ı̂Ak = 0
ı̂Ak ı̂Bk ı̂Ck
ı̂Bk = −ı̂Ck
v̂Bk v̂Bk = v̂Ck

..
.

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 173 / 180


5. Apêndice

Situação pré-falta (operação normal)

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 174 / 180


5. Apêndice

Curto-circuito fase-terra

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 175 / 180


5. Apêndice

Curto-circuito fase-fase

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 176 / 180


5. Apêndice

Curto-circuito fase-fase-terra

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 177 / 180


5. Apêndice

Curto-circuito trifásico

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 178 / 180


6. Referências

Walmir Freitas, Notas de aula de ET720, FEEC/UNICAMP, 2018.

J.J. Grainger, W.D. Stevenson, Power system analysis, McGraw-Hill,


1994.

L.C. Zanetta, Fundamentos de sistemas elétricos de potência, Livraria


da Fı́sica, 2005.

O.I. Elgerd, Introdução à teoria de sistemas de energia elétrica,


McGraw-Hill, 1981.

F. Sato, W. Freitas, Análise de curto-circuito e princı́pios de proteção


em sistemas de energia elétrica – fundamentos e prática, Elsevier,
2015.

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 179 / 180


6. Referências

G. Kindermann, Curto-circuito, UFSC, 2007.

F.V. Gomes, Análise de Sistemas Elétricos de Potência 1, Notas de


aula, UFJF.

Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) ET720 – Introdução 180 / 180

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